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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...

José Alves, nacionalidade, estado civil, profissão, nascido em ..., RG..., CPF...,
residente e domiciliado no endereço ..., através de seu advogado infra-assinado,
com procuração em anexo, vem, à presença de Vossa Excelência, requerer o
RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no art. 5º, LXV, da Constituição
Federal de 1988 e art. 310, inciso I, do Código de Processo Penal, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I- DOS FATOS

No dia 10.03.2011, José Alves estava dirigindo o seu carro após beber 01 litro de
vinho. Na ocasião, policiais militares que estavam a procura de um indivíduo
foragido, abordaram o requerente, sendo que este saiu de seu carro com forte odor
de álcool e trôpego, oportunidade que os policiais lhe compeliram a realizar o
exame de alcoolemia, onde constatou-se a concentração de álcool de um miligrama por
litro de ar expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à
Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela
prática do crime previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso
II, do Decreto 6.488/2008.

No entanto, no Auto de Prisão em Flagrante, foi negado ao requerente o direito de


entrevistar-se com seus advogados ou com seus familiares. A sua prisão não fora
comunicada ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública, além de que os seus
familiares não conseguiam lhe ver, mesmo após ter passado dois dias da lavratura do
Auto.

II- DO DIREITO

a) Do princípio da não autoincriminação

Os policiais compeliram o requerente a realizar o teste de alcoolemia. No entanto,


ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. O ato policial de compelir o
requerente a realizar o teste de alcoolemia viola o princípio da não
autoincriminação compulsória, previsto no art. 5º, inciso LXIII, da Constituição
Federal de 1988.

Além de previsão constitucional, o princípio da não autoincriminação está previsto


no Pacto de São José da Costa Rica. Forçar o indivíduo a produzir prova contra si,
viola o decreto 678/92, em seu art. 8, 2, 'g'.

Logo, o auto de prisão em flagrante é nulo e a prisão deve ser relaxada.

b) Da prova ilícita

O exame de alcoolemia produzido foi obtido através de uma colheita forçada, o que
torna prova ilícita, significando violação ao preceito constitucional contido no
art. 5º, inciso LVI, que aduz que são inadmissíveis provas obtidas por meios
ilícitos, além de violação ao art. 157, do Código de Processo Penal.

Logo, tratando-se de prova que foi obtida por meio ilícito, o teste de alcoolemia
não pode servir de fundamento para a prisão do requerente, o que torna a prisão
ilegal.

c) Da comunicação da prisão
A autoridade policial não comunicou imediatamente a prisão do requerente ao juízo
competente e nem a sua família, o que viola os termos do art. 5º, LXII, da
Constituição Federal/88 e os termos do art. 306, caput, do Código de Processo
Penal.

Além disso, o delegado não encaminhou os autos à Defensoria Pública, violando a


determinação do art. 306, §1º, do Código de Processo Penal, que exige o
encaminhamento dos autos em até 24 horas após a realização da prisão, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado.

Logo, o auto de prisão em flagrante é nulo, devendo a prisão ser relaxada.

d) Do direito do preso de entrevistar-se com seu advogado e da assistência da


família

O delegado negou ao requerente o direito de entrevistar-se com seu advogado, além


de negar também o contato com seus familiares, sendo que é assegurado pela
Constituição Federal/88, em seu art. 5º, LXIII, o direito do preso de ter
assistência familiar e de entrevistar-se com seu advogado.

Negar ao preso comunicação com seu defensor, além de violar preceitos


constitucionais, viola também aquilo previsto no art. 8, 2, 'd', do Decreto 678/92,
que garante o direito do indivíduo de comunicar-se livremente com seu defensor.

Logo, o auto de prisão em flagrante é nulo, impondo-se o relaxamento da prisão em


flagrante.

III- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, tendo em vista que a prisão é ilegal por violar normas
constitucionais e infraconstitucionais, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM
FLAGRANTE, com a consequente expedição do alvará de soltura, por medida de
Justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento
Local..., data...
Advogado. OAB n....

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