Elabore um exemplo concreto para demonstrar a diferença dos institutos
citados abaixo pela doutrina:
“Fundamental distinção entre as teorias subjetiva e objetiva da posse reside na exata conceituação da detenção. Enquanto Savigny concebia-a na hipótese de ausência de animus domini por parte daquele que detém o poder físico sobre a coisa, Ihering abstraiu sua noção de qualquer elemento psíquico, diferenciando o detentor do possuidor pela regulamentação do direito objetivo. Vale dizer, o detentor seria aquele perdeu a proteção possessória em decorrência de um óbice legal. Em síntese, observando que o poder de fato é a sujeição da coisa à pessoa conclui-se que posse e detenção se aproximam bastante por terem características assemelhadas” (ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.p 128. (2,0) A posse é possibilidade de apreensão física do bem e exerce ingerência econômica sobre a coisa; a detenção é aquela situação em que alguém conserva a posse em nome de outro e em cumprimento às suas ordens e instruções. Como exemplo concreto o caseiro que cuida do imóvel, sendo assim se fosse proposta uma ação possessória contra o caseiro, esta ação estaria errada, sendo certo ser dirigida ao possuidor, o que tem apreensão física do bem. (correta) O Município de Alegrete ajuizou ação de reintegração de posse pelo procedimento especial em face de um grupo, composto por setenta pessoas, que ocuparam área de propriedade do Município, cuja liminar foi deferida inaudita altera parte. Os réus interpuseram agravo de instrumento junto ao Tribunal arguindo falhas na petição inicial, como a ausência de qualificação dos réus, violando as novas alterações trazidas pelo Código de Processo Civil em vigor, que exige citação pessoal, o que só poderá ser cumprido com a individualização dos réus na inicial. Ainda, alegam ser nulo o processo por ausência de intervenção do Ministério Público, exigível pela presença de interesse público na solução da lide e de menores protegidos pelo ECA no local. Sustenta que não é atribuída ao imóvel função social, estando abandonado há anos, inexistindo posse anterior. Nas contrarrazões ao Agravo, o Município arguiu que a citação pessoal somente deverá ser aplicada na ação possessória de rito comum. Diante do narrado, com base nas regras constantes no CPC sobre as possessórias, responda se as alegações do agravante e agravado merecem prosperar (2,0) As alegações dos réus não devem prosperar já que no Art 554 §1º, consta que se na ação possessória que figure como polo passivo grande numero de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais. Ademais merece prosperar a nulidade do processo, sendo que o ministério publico deve ser intimado seguindo o mesmo dispositivo. E sobre a função social também devera prosperar Já o agravo apresentado pelo município, não devera prosperar sendo que a citação pessoal deverá ser aplicada no rito comum e no rito especial de acordo com o Art. 566. (ficou faltando sobre a função social )
Ao lado da casa de Odair, havia um terreno, coberto de vegetação e inço há
vários anos. Como não aparecia ninguém para limpar o terreno, Odair mandou efetuar a concluída a obra, passou a residir no imóvel. Alguns meses mais tarde, apareceu, no local, Renato Gê, exibindo uma certidão do Registro de Imóveis, dizendo que o terreno era seu e que Odair não poderia lá residir, tampouco construir ali. Na ocasião, Renato Gê enviou notificação extrajudicial à Odair, requerendo a desocupação do terreno. Odair ignorou a notificação e continuou no local, contratando o caseiro Paolo para permanecer no imóvel em questão, visto que irá permanecer uma temporada em Curitiba, no Paraná. Renato Gê, pretendendo ingressar na Justiça, procurou um advogado para saber como recuperar a posse do imóvel. Considerando o caso narrado, e o disposto no Código Civil sobre o direito de posse, responda justificadamente as questões abaixo: a) Quem é o legítimo possuidor do imóvel em questão? Que características podem ser atribuídas a essa posse? (2,0) O legitimo possuidor do imóvel em questão é o Odair, tendo em vista que ele atribuiu função social ao terreno desocupado, efetuando uma limpeza e construindo uma casa no terreno que antes estava desocupado, sendo previsto no Art. 1.196. “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” As características atribuídas a essa posse têm-se a posse de boa-fé, posse justa, posse jus possessionis.
b) Sua aquisição é originária ou derivada? (1,0)
A aquisição é originária, sendo que não relação de continuidade com o possuidor anterior, não tem participação de um ato de vontade de outro possuidor antecedente.
c)E os demais personagens, como seriam classificados? Justifique sua
resposta. (1,0) O caseiro Paulo é classificado como mero detentor (servidor da posse),pois ele foi contratado por Odair como caseiro. Já Renato Gê é proprietário, tendo em vista possuir título de certidão do registro de imóveis além de ser possuidor indireto.
Leia a ementa a seguir: “APELAÇÃO CÍVEL. PROPRIEDADE E DIREITOS
REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS. AÇÃO REIVINDICATÓRIA DE BEM IMÓVEL. REQUISITOS PREENCHIDOS. EXCEÇÃO DE USUCAPIÃO DESACOLHIDA. JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA MANTIDO. I. A ação reivindicatória encontra-se prevista no caput do artigo 1.228 do Código Civil. É demanda típica do proprietário sem posse contra o possuidor desprovido de domínio. Para a procedência, faz-se necessário o preenchimento de três requisitos: domínio sobre o bem, posse injusta do réu e perfeita caracterização do imóvel. II. No caso em exame, os réus alegam posse ‘ad usucapionem’ sobre a área objeto da lide, contudo, não se verifica preenchido o requisito do tempo de posse. E isso porque, atinente ao termo inicial da posse do réu, com a colocação de uma pequena oficina/marcenaria no local, não há prova documental e, quanto à prova testemunhal, mostrou-se contraditória, tendo havido a citação de diversas datas. Inviabilidade de eleição de uma das datas, mormente porque as mais longínquas foram ditas por testemunhas contraditadas, considerando que litigam com a parte autora em outras ações. III. Estando os requisitos da petitória devidamente preenchidos, conforme exame detalhado realizado no julgamento de procedência recorrido, deve este ser mantido na íntegra. IV. Não reconhecimento do direito de indenização ou retenção por benfeitorias. Quanto à oficina já existente por ocasião da compra da área pela autora, é pequena, de madeira e pode ser levantada pela parte ré quando do cumprimento do mandado de imissão. Atinente à casa de madeira que foi construída na frente da oficina, tal construção ocorreu após notificação do réu para deixar o local, não se constatando boa-fé quanto a sua construção. De qualquer forma, considerando o material utilizado para que fosse soerguida, poderá ser levantada pelos réus quando deixarem o local. RECURSO DESPROVIDO À UNANIMIDADE.(Apelação Cível, Nº 70081298127, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em: 22-08-2019)”. Partindo da caso narrado e das disposições constantes no Código Civil sobre o direito de posse, responda justificadamente as questões abaixo: a) Supondo que a casa de madeira, localizada na parte da frente da oficina, fosse construída antes da notificação do réu, a solução para o caso em relação às benfeitorias seria a mesma? Justifique sua resposta. (1,0) A solução não seria a mesma sendo que o Art. 1219 CC, dispõe sobre o direito a indenização das benfeitorias necessárias e uteis quando o possuidor dor de boa-fé. b) A ação reivindicatória proposta pelo proprietário teve por objeto a retomada do direito de usar e fruir do bem imóvel em questão. Partindo dessa afirmação responda: a ação reivindicatória decorre de quais principios dos direitos reais? Justifique sua resposta. (1,0)
A ação reivindicatória está prevista no Art. 1228, CC “O proprietário tem
a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. Sendo assim a ação reivindicatória é de natureza real e tem como fundamento do pedido a propriedade e o direito de sequela inerente a ela, sendo conferido ao titular do direito de perseguir o bem.