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MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA

MANUAL
PROCEDIMENTO PADRÃO PARA
DESENVOLVIMENTO DO
PROGRAMA DE HISTÓRIA ORAL

Gunter Axt

JULHO 2010

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1) APRESENTAÇÃO

Este manual apresenta os procedimentos padrão para


implantação do programa de história oral ligado ao projeto de memória
institucional do Ministério Público do Estado de Santa Catarina. Como
todo manual, não pretende esgotar a matéria, funcionando, portanto,
como um guia de orientação para o PHO, fixando o seu marco
metodológico. Ao final do texto, compilou-se uma relação bibliográfica
de apoio para aqueles que desejarem aprofundar a matéria do ponto de
vista teórico e metodológico. As leituras mais recomendadas estão
grifadas em vermelho.

2) DEFININDO O MARCO METODOLÓGICO

O ponto de partida para a instalação de um PHO passa pela


resposta às seguintes questões: a) como o PHO pode contribuir para o
sucesso do projeto de memória institucional? b) quais os objetivos
gerais e específicos a serem alcançados pelo PHO? c) quais os
procedimentos-padrão que serão utilizados em cada etapa do PHO?

Não é recomendável que o programa de história oral seja


encarado como um fim em si mesmo. Ele funciona melhor quando é um
instrumento para possibilitar a construção do conhecimento histórico,
e, portanto, para produzir reflexão historiográfica, tanto no que se
refere aos fatos e aos eventos como no que diz respeito à elaboração
interpretativa. O PHO pode ser entendido como parte de um projeto
mais amplo, o projeto de memória institucional, que possui seus
objetivos gerais e específicos, bem como sua política própria de ação
cultural, devendo, portanto, respeitá-los.

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A primeira coisa a se saber sobre a história oral é que se trata de
uma metodologia complexa, praticada entre historiadores há várias
décadas e cuja experiência já se encontra razoavelmente sistematizada
em inúmeras publicações e associações profissionais distribuídas pelo
mundo. O documento oral é o único documento que o historiador
constrói. Ele em geral freqüenta arquivos os mais diversos, que abrigam
corpos documentais produzidos e reunidos por outras pessoas, em
outros tempos. A história oral, pelo contrário, é uma intervenção direta
do historiador na produção documental. Por isto, uma série de
cuidados precisam ser tomados, pois são eles que garantirão a
qualidade e a credibilidade do documento produzido.

Não obstante toda a reflexão conduzida pelos historiadores, a


História Oral também é alvo de interesse de arquivistas, jornalistas,
governantes e agentes comunitários. No mundo existem hoje em curso
diversos PHOs desenvolvidos tanto nas academias, como fora delas,
neste caso, promovidas por instituições governamentais ou não. O
importante, contudo, é que o conhecimento científico da metodologia
elaborado no âmbito das academias possa chegar a todos os agentes
que dela se ocupam.

A História Oral desenvolveu-se inicialmente como uma estratégia


para dar voz a personagens sociais com baixo índice de participação na
construção da memória coletiva. Foi assim que, no pós-Guerra, os
historiadores começaram cada vez mais a entrevistar pessoas simples,
pessoas do povo, pessoas que não eram lembradas pelos livros e pelos
espaços públicos de memória, mas que tinham algo a dizer sobre sua
visão de mundo, suas experiências de vida, sua percepção da realidade.
Este algo a dizer falava-nos sobre usos e costumes, sobre experiências
não registradas em páginas e documentos, sobre afetos e sentimentos
que, de alguma forma, adquiriam universalidade e passavam a ter

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importância não mais apenas para aquele indivíduo isolado, mas para
segmentos expressivos da sociedade.

O documento produzido no âmbito da História Oral obedece a


uma série de critérios técnicos, mas o conteúdo do depoimento jamais
pode ser confundido como verdade definitiva. O que interessa num
depoimento oral não é a precisão dos fatos ou a narrativa verídica dos
eventos, mas a representação que o indivíduo fez desses eventos, a
afetividade do indivíduo na sua relação com o entorno social, suas
opiniões, suas impressões, suas vivências. Estas sim podem ser
consideradas verdades. Pois justamente entende-se que ao contar sua
história pessoal, o indivíduo possa estar contribuindo para contar a
história de uma instituição, de uma comunidade, de uma época. Uma
história dos sentires, das afetividades, das representações, das
memórias.

Com o tempo, surgiram programas de pesquisa em História Oral


que produziram bancos e arquivos de depoimentos. Avançou, além
disso, o interesse pelos testemunhos das pessoas cujas trajetórias
públicas revestiam-se de algum destaque. Isto porque se percebeu
também que muito do que haviam vivido não estava registrado nos
documentos escritos. No Brasil, um dos mais antigos e melhor
estruturados centros que seguem esta concepção é o CPDOC, da FGV,
no Rio de Janeiro. Ali o consulente poderá localizar diversos
depoimentos acervados colhidos a importantes políticos brasileiros. Mas
o foco em tela é menos a excepcionalidade do indivíduo e mais o estudo
das redes interpessoais de poder que em torno da vida desse indivíduo
se desenham.

Especificamente na área jurídica, ganhou destaque o trabalho


realizado entre fins dos anos 1990 e início dos anos 2000 no Rio
Grande do Sul. Neste estado, os acervos dos programas de história oral

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do Memorial do Judiciário estadual, do Memorial do Ministério Público
estadual, do Memorial da Justiça Militar do Estado e do projeto
Memória da Associação de Juízes – Ajuris – reúnem cerca de 250
depoimentos de pessoas que ajudaram a construir a história jurídica
brasileira. Este acervo já tem se mostrado valioso, pois vem sendo
utilizado como importante ferramenta por historiadores na produção de
pesquisas acadêmicas ou obras que narram a história das instituições.

Para as instituições ligadas ao campo jurídico, algumas


indagações teóricas centrais podem estar contempladas, tais como: a)
quais as relações de poder subjacentes à ação jurisdicional? b) como se
dão as relações entre os vários operadores do Direito e entre esses e as
demais instâncias de poder na sociedade? c) como se deu o processo de
construção institucional em uma perspectiva histórica? d) quais os
processos judiciais que marcaram a carreira profissional de um
indivíduo e quais deles impactaram o imaginário coletivo ou produziram
jurisprudência digna de nota?

O PHO costuma ser estratégico para a implantação de um projeto


de memória institucional pelos seguintes motivos: a) quando a equipe
de execução do projeto de memória institucional ainda não possui
intimidade com o modus operandi da instituição, entrevistas de
prospecção, ou exploratórias, podem auxiliar a mapear a rede de
depoentes e a delinear as questões e indagações teóricas balizadoras da
reflexão historiográfica; b) como a pesquisa documental, pela sua
natureza, costuma ser mais lenta, o PHO oferece um instrumento ágil
de produção documental, o que pode ser fundamental para um projeto
de memória institucional que precisa apresentar resultados práticos
com agilidade para continuar justificando o investimento realizado; c) o
PHO opera como um instrumento de relações públicas a serviço do
projeto de memória institucional, pois visita membros da instituição e
valoriza a atuação pessoal de cada um; d) o PHO é um instrumento de

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captação de acervo documental e imagético para o arquivo do projeto de
memória institucional, o que é fundamental para embasar pesquisas
futuras e consolidar o setor; e) os depoimentos coletados podem
abordar temas e eventos sob uma perspectiva que não se encontra
traduzida na documentação impressa ou imagética; f) os depoimentos
podem se prestar a utilizações futuras que viabilizem produtos
historiográficos – tais como exposições históricas, catálogos, coletâneas,
artigos, etc – que são fundamentais para garantir a continuidade do
projeto de memória institucional; g) os depoimentos ajudam na
identificação não apenas dos fatos, mas também dos documentos que
marcaram uma instituição; h) uma vez publicados, sensibilizam as
instâncias individual e corporativa, o que, se conduzido tecnicamente,
constituiu componente importante para garantir a continuidade de um
projeto de memória institucional.

Um equívoco relativamente freqüente em PHOs nascentes é a


valorização excessiva da sistemática de história de vida em detrimento
da abordagem temática. Na história de vida, os entrevistadores
retomam todos os aspectos possíveis da trajetória biográfica do
depoente, mesmo os que não possuem relação aparente com a
instituição pesquisada. Tratam-se, em geral, de entrevistas longas, com
várias horas de duração. A abordagem temática produz entrevistas com
foco em temas de interesse do projeto de memória institucional em
curso; retira ênfase dos elementos biográficos e personalistas em
beneficio da possibilidade de uma reflexão historiográfica mais ampla.
O ideal é buscar um equilíbrio entre esses dois termos.

Todos os integrantes da equipe do PHO e do projeto de memória


institucional devem ter acesso aos procedimentos e métodos adotados
em cada etapa. Mesmo que se definam competências e atribuições
específicas aos membros participantes do programa, cada um deve
estar apto para executar as tarefas próprias de cada etapa, pois, à luz

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dos conceitos modernos de gestão, é pouco conveniente que se
constituam feudos de conhecimento, já que eles tendem a ser
contraproducentes. Além disso, na eventualidade de falta de um dos
membros da equipe, os colegas devem estar aptos a substituí-lo em
situações de emergência. Outrossim, os coordenadores institucionais do
projeto de memória devem estar bem conscientes dos métodos
adotados, para que possam ser evitados mal entendidos de percurso.
Finalmente, em casos de contratação de equipes de consultores
externos à instituição para implantação e execução do projeto de
memória institucional, os integrantes dessas equipes têm a
responsabilidade ética de compartilhar os procedimentos padrão, para
que, na eventualidade de desligarem-se do projeto, outros possam dar
continuidade às tarefas encetadas e possam garantir a correta
conservação do acervo.

A divulgação dos procedimentos padrão também é relevante para


construir a credibilidade do projeto de memória institucional. É
recomendável, por exemplo, a publicização dos critérios empregados
para a formatação da rede de depoentes. É preciso evitar que o PHO
seja eventualmente associado a uma determinada corrente interna, o
que poderia ser prejudicial para o sucesso do empreendimento.

Recomenda-se ser a rede de depoentes formada, inicialmente, a


partir dos critérios de antigüidade e saúde. É conveniente iniciarem-se
as entrevistas pelos membros mais idosos ou com saúde mais frágil.
Outro critério e a ser observado é o dos dirigentes máximos de uma
data instituição, como, no caso do Ministério Público, os Procuradores-
Gerais de Justiça. Recomenda-se privilegiar os inativos e obedecer o
critério de antigüidade. Somente então devem ser escolhidos depoentes
que contribuíram estrategicamente para campos ou temas específicos
da atividade institucional.

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Pode haver desinteresse da equipe de execução pelos servidores
da instituição ou, até, por membros de primeiro grau. Esta orientação
configura uma rede de depoentes elitista, devendo, portanto, ser
evitada. No caso de algumas instituições especificas, dado a alta
transitoriedade dos membros, como a Justiça Eleitoral, por exemplo,
são justamente os funcionários que podem oferecer uma visão mais
orgânica e de longo curso.

3) PREPARAÇÃO DA ENTREVISTA

Uma entrevista precisa ser preparada. A preparação constituiu-se


na consulta aos dados funcionais do depoente e a todas as fontes que
possam ilustrar a sua trajetória, junto às quais serão buscados dados
biográficos que ajudarão a balizar o roteiro. Também é conveniente
estudar-se a produção doutrinária e jurisprudencial do entrevistado. O
roteiro ajudará a formulação das perguntas, sem funcionar como um
esquema rígido, pois a entrevista quase sempre apresenta surpresas, de
forma a suscitar perguntas e indagações não programadas. Nos casos
em que o tempo para a entrevista é limitado, os entrevistadores podem
operar opções estratégicas, elencando os assuntos mais pertinentes
para a abordagem.

Não é recomendável dar ciência prévia do roteiro ao depoente,


pois se trata de um instrumento interno de trabalho dos coletores.
Quando os depoentes pedem acesso ao roteiro, recomenda-se resistir
gentilmente a esta demanda, pois o roteiro tende estruturar uma
narrativa para o depoimento, podendo comprometer a espontaneidade
desejada.

O roteiro da entrevista deve ser acompanhado de uma ficha da


entrevista. Esta ficha é a base do trabalho de catalogação do

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documento e acompanha o depoimento desde a sua preparação, a fim
de que informações importantes não sejam perdidas.

4) AGENDAMENTO

O agendamento das entrevistas costuma ser tarefa delicada, pois


consome tempo considerável e exige bom trato social, bem como
conhecimento das diretrizes conceituais gerais do PHO. Muitas vezes
são necessários vários contatos para se chegar a um depoente, sendo
que alguns desses contatos são telefonemas retornados pelo próprio
depoente.

Alguns depoentes podem dificultar o agendamento, sob


argumentos variados, em geral relacionados à insegurança quanto ao
mérito e ao eventual interesse de suas vivências pessoais para a
coletividade ou quanto aos usos possíveis de seu depoimento por parte
do PHO. Cabe, portanto, nesses casos, ao profissional responsável pela
agenda explicar em linhas gerais as diretrizes programáticas da
atividade, bem como valorizar a experiência pessoal do depoente.
Algumas resistências encontram explicação nas relações políticas
internas da instituição, exigindo, para serem diluídas, em alguns casos,
intervenções da coordenação institucional do projeto ou, mesmo, da
chefia institucional.

Parte significativa da credibilidade que o PHO granjeará reside na


capacidade de efetivamente ouvir depoentes das mais variadas
correntes internas. A firmeza e a transparência das opções
metodológicas do programa também costumam contribuir para
conferir-lhe credibilidade. Muitos depoentes têm receio do uso que seu
depoimento poderá ter. Por isso, o profissional responsável pelo
agendamento deve poder explicar os cuidados técnicos e metodológicos
que o programa assume, especialmente no atinente ao termo de cessão.

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O profissional responsável pelo agendamento deve passar a idéia
de que o depoimento a ser coletado tem um caráter de conversa
informal e que poderá, depois, inclusive, ser revisto pelo próprio
depoente, mesmo porque o que mais interessa ao PHO é a percepção
subjetiva de um determinado processo histórico e não a precisão do fato
em si.

5) ENTREVISTA

Recomenda-se que a entrevista desenvolva-se em local destinado


exclusivamente para este fim, ou seja, protegido de eventuais
interferências externas, tais como telefone ou trânsito de outras
pessoas. Recomenda-se que seja utilizado sempre o mesmo local, sala
ou estúdio para a gravação. O local deve estar devidamente climatizado
e deve ser designado um assento confortável para o depoente, pois um
problema de coluna ou de postura criado por uma cadeira
desconfortável pode abreviar o tempo de duração do depoimento. Os
assentos podem estar pré-determinados antes do início da entrevista. A
entrevista pode preferencialmente ser colhida em uma mesa de
reuniões, sendo o depoente sentado à cabeceira. O espaço deve estar
igualmente equipado com serviço de café e água mineral.

Os equipamentos utilizados na entrevista, tais como Câmeras de


filmagem, gravadores auxiliares e microfones, devem ser testados com
antecedência e devem estar a espera do início da entrevista. Todos os
detalhes técnicos devem ser ajustados com antecedência, tais como
distância da câmera, bateria, etc... Recomenda-se a utilização de um
gravador auxiliar, de forma a produzir uma gravação reserva, muito útil
em caso de falha técnica no equipamento.

Recomenda-se também a utilização de microfones de lapela, tanto


para o entrevistado, quanto para o entrevistador. Sugere-se, ainda,

1
cuidado para se evitar enquadramentos mal formados, com gravação
contra a luz ou com fundo desfavorável.

Em alguns casos, a câmara de vídeo pode ter o inconveniente de


inibir o depoente. Este risco diminui em casos de entrevistas com
personagens públicos acostumados com televisão e câmaras, mas pode
aumentar nos casos de funcionários, membros mais discretos ou
pessoas mais humildes. É preciso ter atenção para que os cuidados
técnicos com a filmagem, tais como qualidade da iluminação, ruído do
ambiente, melhor enquadramento, sejam providenciados sem interferir
no andamento da entrevista e, sobretudo, sem se sobrepor à produção
de conteúdo na entrevista, que é sempre o foco primacial.

Em alguns casos, o depoente pode preferir que a equipe do


programa faça uma visita a sua residência ou escritório, para neste
local tomar o depoimento. Deve-se então procurar, na medida do
possível, local reservado para a coleta do depoimento. Nesses casos, o
emprego da câmara de vídeo torna-se mais complexo, pois exige
transporte de material volumoso e montagem de equipamento em
espaço geralmente desconhecido.

A entrevista pode ser conduzida por dois entrevistadores


tecnicamente preparados: o condutor e o assistente. O primeiro tem a
função de conduzir a entrevista, realizando a maior parte das
perguntas. Deve manter contato permanente com o depoente pelos
olhos, para que aquele se sinta seguro e valorizado. O assistente deve
assumir o controle do equipamento e/ou o preenchimento do caderno
de campo com anotações pertinentes, tais como indicações de eventuais
interrupções, momentos em que o depoente se emocionou, reprodução
escrita dos nomes próprios citados pelo depoente (a fim de auxiliar o
trabalho posterior de degravação), etc. Assistentes mais experimentados
podem também fazer algumas perguntas ao final do depoimento,

1
quando o condutor passar-lhe a palavra. Condutor e assistente não
devem disputar espaço para formular perguntas, pois uma pergunta
inserida pelo assistente sem conhecimento do condutor pode mudar o
rumo da entrevista e, muitas vezes, o condutor organiza um
encadeamento de perguntas com vistas a chegar a um certo assunto
mais delicado, ou seja, pode ir ganhando a confiança do depoente com
perguntas “simpáticas” para no final apresentar temas mais polêmicos.

Deve-se procurar evitar um número de entrevistadores maior do


que dois, pois, caso contrário, corre-se o risco de inibir o depoente com
um grupo muito grande, ou constituir uma platéia, diante da qual ele
venha a exagerar certas passagens ou entonações. Em alguns casos,
pode ser importante a presença do coordenador do projeto de memória
institucional, especialmente para que depoentes resistentes ou
inseguros sintam-se mais confortáveis diante de colegas da mesma
corporação. Nesses casos, recomenda-se que eventuais intervenções do
coordenador institucional sejam deixadas para o final da entrevista,
quando o condutor tiver encerrado o seu roteiro. Nos casos em que não
se podem evitar equipes de entrevistadores com número máximo de
dois, devem-se tomar cuidados para que os membros extras não façam
movimentos paralelos que venham a dispersar a atenção do depoente
ou dos colegas, tais como atender telefonemas, movimentar-se pela
sala, sussurrar, manter diálogos laterais, etc.

Tanto quanto possível, recomenda-se que o condutor não seja


colega do entrevistado e consiga operar um deslocamento em relação à
estrutura hierárquica na qual se insere o entrevistado. É importante
escapar sutilmente da cadeia hierárquica no momento da coleta do
depoimento, pois uma boa entrevista também depende em grande
medida da cumplicidade que se estabelece entre entrevistador e
entrevistado.

1
As entrevistas devem ser individuais. A experiência tem indicado
que entrevistas com casais podem ser problemáticas, pois pode haver
competição entre marido e mulher ou, então, um deles pode evitar
mencionar certos temas na presença do outro. Há casos, contudo, em
que esta presença pode ser até recomendável, como naqueles em que o
depoente tem uma saúde muito frágil e não pode ser expostos a abalos
emocionais, quando o familiar pode alertar o condutor para não entrar
em certos temas mais delicados.

As entrevistas costumam mexer com as emoções dos depoentes.


Mesmo pessoas altamente intelectualizadas ou familiarizadas com o
espaço público podem se emocionar durante uma entrevista, chegando
às lágrimas, ou, até, apresentando algum mal-estar. A memória aciona
mecanismos poderosos no campo emocional. Os entrevistadores
precisam estar preparados para enfrentar situações delicadas. Em
alguns casos, podem superar o estado de externalização da emoção
formulando nova pergunta, sobre tema diverso. Em outros, precisarão
interromper momentaneamente a entrevista. Recomenda-se que
depoentes com saúde mais fragilizada sejam assistidos por
acompanhamento médico ou por enfermeiros. É indispensável que o
entrevistador não se constranja diante de momentos de forte emoção,
pois poderia agravar a situação e prejudicar irremediavelmente a
continuidade da entrevista.

O condutor da entrevista deve sempre procurar mostrar um meio


termo entre o conhecimento geral da matéria, operando perguntas
inteligentes, mas desconhecimento específico sobre os assuntos
abordados pelo depoente. O condutor jamais pode exibir seus
conhecimentos técnicos para o depoente, pois, fazendo-o, poderá inibi-
lo. Também não deve polemizar com o depoente, pois interessa menos a
precisão dos fatos e datas, do que a representação que o depoente tem
desses fatos. O entrevistador também deve evitar o hábito de completar

1
frases do depoente com palavras, pois muitas vezes a fala do depoente
apresenta reticências ocasionais para que a sua memória tenha o
tempo necessário de se organizar e as palavras sugeridas pelos
entrevistadores podem dirigir a memória e a fala de forma pouco
desejável.

Se houver lapsos de tempo relativamente grandes, o entrevistador


precisa entrar com nova pergunta, mas não é recomendável, salvo
casos muito particulares, que o entrevistador interrompa o depoente
com outra pergunta, pois História Oral não é jornalismo: o objetivo do
historiador não é constranger o depoente a falar sobre um determinado
tema ou arrancar declarações de efeito, mas sim captar um registro da
representação que a memória operou sobre um determinado tema.

Entrevistas de sucesso costumam ser aquelas nas quais, com


poucas perguntas, o entrevistador consegue que o entrevistado fale por
horas ininterruptamente. O tempo médio de uma entrevista é de
1h30min. Mas é preciso levar em conta sempre o cansaço da
testemunha ou sua disposição em continuar. Devem-se evitar
perguntas excessivamente meticulosas do ponto de vista cronológico, as
quais tendem a provocar estresse.

As perguntas devem ser curtas e objetivas, pois intervenções


longas podem inibir os depoentes ou desvirtuar o documento que está
sendo construído, na medida que o que interessa é a experiência do
depoente e não a opinião dos entrevistadores. Em hipótese alguma, os
entrevistadores podem mencionar ao depoente opiniões de outros
depoentes, cujas entrevistas ainda não tenham sido publicadas e
amplamente divulgadas. Esta falha costuma ser recorrente com
entrevistadores iniciantes e tem conseqüências ruins para o andamento
da entrevista, pois o depoente tende a evitar emitir qualquer opinião

1
sobre algo que um colega tenha eventualmente mencionado, sobretudo
quando o conteúdo exato lhe é desconhecido.

Os entrevistadores devem ainda tomar todos os cuidados para


não deixar transparecer qualquer opção ideológica pessoal dos
membros da equipe. Por exemplo, deve-se evitar denominar os eventos
de 1964 de “golpe” ou “revolução”, pois qualquer uma das expressões
sinaliza para uma determinada opção político-ideológica, o que poderia
inibir, constranger ou irritar um depoente. Por outro lado, o
entrevistador pode, ao invés de se mostrar completamente neutro,
ganhar discretamente a confiança de um depoente mais arredio. Por
exemplo, referir-se aos Generais Costa e Silva, Médice ou Geisel como
“Presidentes” pode inspirar mais confiança a um depoente
politicamente identificado ao regime militar.

Como registra Chantal de Tourtier-Bonazzi, em regra, os


entrevistadores precisam saber ouvir, saber guardar silêncio, mostrar
interesse pelo que a sua testemunha tem a dizer. O entrevistador deve
adaptar-se à psicologia da testemunha, respeitá-la, propor um
questionamento discreto, orientá-la sem precipitação, caso a
testemunha seja pouco loquaz. O entrevistador não deve insistir
quando a testemunha evita recordação dolorosa, não deve insistir na
mesma pergunta, mas pode fazê-la por vias indiretas, de diferentes
maneiras, a fim de quebrar sutilmente resistências.

Muito da eficácia e da dinâmica da entrevista depende da


sensibilidade e do domínio técnico do entrevistador condutor. Para que
se alcance o melhor resultado possível o entrevistador condutor deve ter
domínio das técnicas da História Oral, experiência com realização de
entrevistas e conhecimento sobre o tema a ser abordado pelo
entrevistado, mas qualquer pessoa, em princípio, pode se tornar um
ótimo entrevistador. Basta começar e estar disposto a aprender.

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Também deve ser pessoa com bom trato social e com boa
apresentação. É indispensável que entre o entrevistador e o
entrevistado estabeleça-se relação de cumplicidade e de confiança. Esta
relação muitas vezes prossegue após a entrevista, podendo até surgir
relações de amizade entre entrevistador e entrevistado. Em muitos
casos, a entrevista representa uma injeção de auto-estima para o
entrevistado, pois este se sente valorizado pelo interesse alheio por sua
vida e memórias. Em alguns casos, oportunizam-se ou fazem-se
necessárias novas visitas ou entrevistas. Este é o caso quando se deseja
aprofundar algum aspecto específico, complementar alguma passagem
da vida da pessoa ou trabalhar-se na identificação de fotografias
eventualmente doadas pela testemunha.

6) TRANSCRIÇÃO DA GRAVAÇÃO OU DEGRAVAÇÃO

Concluída a coleta do depoimento, tem início uma nova fase do


PHO. Chama-se genericamente de “processamento da entrevista” todo o
processo de passagem do depoimento oral para a forma escrita. Esta
etapa, sem dúvida, vale apenas para aqueles PHOs empenhados na
formação de acervos e na disponibilização do documento oral a um
público externo de pesquisadores e interessados. A primeira parte do
processamento é a transcrição, ou degravação.

Tão logo um depoimento seja coletado, os arquivos, ou fitas,


devem ser protegidos com lacres ou comandos a prova de alteração e
enviados para a degravação, atividade que, no âmbito de um PHO, deve
ser permanente e sistemática, pois o trabalho consome muito tempo.
Estima-se que a cada hora de gravação correspondem cinco horas de
trabalho para degravação. Recomenda-se que o profissional destacado
para esta tarefa tenha domínio da gramática e agilidade de digitação.

1
Os serviços de taquigrafia dos tribunais estão em geral preparados com
excelência para esta tarefa.

As fitas, ou arquivos digitais, devem chegar às mãos do


degravador acompanhadas da ficha da entrevista elaborada pelo coletor
auxiliar (aquele que acompanha e auxilia o coletor condutor durante a
entrevista). Nesta ficha constam dados do depoente, da entrevista, dos
coletores, bem como observações gerais, tais como nomes próprios
citados pelo depoente durante a entrevista, informações, estas, que
auxiliam o degravador em seu trabalho.

Durante a fase de transcrição, devem ser tomados alguns


cuidados importantes. Pode ser recomendável que o transcritor ouça a
totalidade da entrevista antes de iniciar o trabalho.

A apresentação do material transcrito deve obedecer a um


padrão, definido pela coordenação do programa de história oral, que
contemple, por exemplo, forma do cabeçalho (tipo de letra, informações
técnicas da entrevista, Nº da catalogação, data do depoimento,
coletores, local da entrevista, etc.). Tais informações técnicas podem
aparecer no cabeçalho ou na folha de rosto da entrevista, mas é
importante que acompanhem o documento. Deve-se estabelecer a forma
pela qual cada fala da entrevista será graficamente introduzida (pode-se
usar, por exemplo, somente as iniciais dos nomes de entrevistado e
entrevistadores).

O transcritor deve reproduzir tudo o que foi dito na entrevista,


sem fazer cortes ou acréscimos. As palavras não compreendidas devem
ficar em branco, com espaço correspondente entre parênteses. As
palavras devem ser escritas de acordo com a norma ortográfica, mesmo
que sejam articuladas conforme linguagem oral, de forma abreviada. O
mesmo procedimento vale para as contrações, como por exemplo: ao
invés de “né?”, “não é?”, ao invés de “pra”, “para” ou “para a”, ao invés

1
de “ta”, “está”, ao invés de “to”, “estou”, etc... Palavras que tiveram
destaque na fala do depoente podem ser sublinhadas na transcrição.
Quando há um silêncio prolongado a ocorrência deve ser indicada por
meio da palavra “silêncio” entre colchetes, ex: [silêncio]. O mesmo
procedimento é válido para: [riso], [emoção], [interrupção externa (como
por exemplo, telefone, pessoa que chegou à sala e interrompeu
depoimento com intervenção oral ou gesto, etc.)]. Quando houver um
trecho lido pelo depoente, a narração deve constar entre aspas e em
itálico. O mesmo padrão deve ser utilizado pela reprodução de falas e
conversas pelo depoente, ex: - Então eu disse: “Fulano, o que você acha
disso?”. Os enunciados incompletos podem ser marcados com
reticências.

Em alguns casos, quando o degravador tiver muita prática e


treinamento, pode-se avançar ainda nesta fase no processo de limpeza
da entrevista, escoimando o texto original dos vícios de linguagem oral e
operando uma correção gramatical no texto, tarefas que já dizem
respeito à etapa seguinte, qual seja, a textualização.

Quando a transcrição estiver completa, o transcritor, ou o revisor,


devem operar uma conferência de fidelidade, quando será confirmada a
fidedignidade do conteúdo do documento transcrito com a gravação.
Pode ser recomendável que esta conferência de fidedignidade seja
operada por um dos coletores.

A transcrição dos depoimentos é fundamental para facilitar a


consulta e a utilização futura dos mesmos. A disponibilização dos
depoimentos em bancos orais on-line, por exemplo, costuma ser pouco
eficaz, pois a tendência é de que o consulente se canse da audição após
alguns minutos de gravação. O texto escrito, ao contrário, pode ser lido
e apreciado com mais vagar. Dele podem ser retiradas passagens que
vão, no futuro, enriquecer trabalhos acadêmicos ou jornalísticos. Além

1
disso, costumam haver diferenças entre o documento gravado e o
documento final, aprovado pelo depoente. Muitas vezes, o depoente fala
nas entrevistas coisas que não gostaria mais tarde de ver veiculadas,
motivo pelo qual a transcrição pode ser fundamental para dar garantias
ao depoente. Assim, embora consumindo tempo e recursos, a
transcrição é recomendável, pois ela possibilita o melhor
aproveitamento do acervo.

7) TEXTUALIZAÇÃO OU EDIÇÃO

Um dos temas mais debatidos em PHOs é o atinente à


textualização. Há muita dúvida em torno da adoção ou não desse
procedimento, bem como em torno dos limites para a intervenção dos
pesquisadores no texto degravado.

Para que tais questionamentos possam ser encaminhados, é


fundamental que se tenham bem claros os objetivos perseguidos pelo
PHO, isto é, qual é o público consulente do documento a ser produzido,
qual a destinação que o documento poderá ter e quais as características
da rede de depoentes. Via de regra, em caso de publicação do
depoimento, na íntegra ou parcialmente, a textualização é
recomendável, pois não há porque expor um depoente com eventuais
incorreções gramaticais ou vícios de linguagem oral, pouco importando,
neste caso, o seu grau de instrução. Nos casos específicos em que o
pretendido com o depoimento é o estudo de hábitos lingüísticos ou
culturais que se expressam pela oralidade, então a textualização não
deve ser feita, mas, nestes casos, na eventualidade de publicação,
recomenda-se a omissão dos nomes dos depoentes, especialmente
quando os erros gramaticais forem muito evidentes.

Recomenda-se que a textualização seja executada por profissional


com função especializada na cadeia de produção do documento oral,

1
ou, então, pelo coletor auxiliar, pois, por ter participado da entrevista,
pode lembrar-se com mais facilidade das características da fala do
depoente, o que pode facilitar a intimidade com o texto e contribuir na
revisão do trabalho do degravador.

A adaptação da linguagem falada para a linguagem escrita é


altamente recomendável em casos nos quais os entrevistadores lidam
com depoentes sofisticados intelectualmente e que costumam ser
exigentes em relação ao formato de um texto. Nesse processo, a
degravação original deve ser escoimada de todos os vícios de linguagem
(Ex: né, então, entendeu, compreendeu, ahã, etc.).

Devem ser operadas também supressões, tais como as


titubeações de fala (Ex. “pois é...”, “ééé...”, etc.), vocábulos repetidos em
excesso e desnecessariamente (Ex. “Eu”, “que”), intervenções dos
entrevistadores para reforçar a segurança do depoente no momento da
entrevista (Ex. “pois não”, “sim”, “correto”, “entendo”), perguntas
inaudíveis ou que não tiveram conseqüências sobre a fala do depoente
(Ex: “Então eu entrei na Câmara em 1968. Entrevistador: - O Sr.
acompanhou então o debate em torno da Emenda Constitucional nº 1
de 1969? Depoente: Não, não foi em 68, mas em 78 que eu entrei na
Câmara. Perdão.” Segue depoimento do ponto onde havia parado).

A estrutura e o formato das frases podem também ser corrigidos,


tanto na gramática (quando necessário) quanto no estilo, sem jamais,
entretanto, interferir no conteúdo. Nesse trabalho, por exemplo,
palavras que se repetem em demasia no texto podem ser substituídas
por sinônimos, a fim de torná-lo mais enxuto e de leitura mais
agradável. Da mesma forma, pode-se suprimir trechos repetitivos do
depoimento, que não estão agregando novas informações. A construção
frasal pode ser refeita, pois, em linguagem falada, por exemplo, utiliza-
se muito construções como “Eu lembro que...”, “Eu etc...”, que podem

2
ser suprimidas sem prejuízo ao conteúdo do depoimento e facilitando a
compreensão e entendimento por parte do futuro leitor.

Esta operação precisa ser conduzida por profissional qualificado,


com domínio da gramática portuguesa e com sensibilidade para a
redação. Este profissional também precisa ter responsabilidade ética
para não manipular o conteúdo da entrevista.

Em alguns casos, a equipe responsável pelo PHO pode, e deve,


interferir também sobre o conteúdo da entrevista. Por exemplo, quando
se trata de um depoente portador de isquemia cerebral, o depoimento
pode ser confuso do ponto de vista das datas, dos fatos e nomes das
pessoas citadas. Nesses casos, quando a entrevista será publicada na
íntegra, é preferível reparar a incorreção, mediante a comprovação da
informação com base em fontes fidedignas, de modo a evitar a
exposição desnecessária do depoente. A equipe do PHO deve zelar pela
boa imagem dos depoentes e da instituição, o que não significa,
naturalmente, executar uma historiografia laudatória. Entretanto, há
limites para a não interferência no conteúdo e estes limites são
evidenciados quando há excessos de inconsistências.

Por exemplo. Um depoente com mais de 90 anos de idade com


histórico de isquemia tinha perfeita lembrança dos eventos, mas
dificuldade em recordar os nomes dos personagens. A cada personagem
nova de sua fala interrompia a narração e perguntava ao entrevistador:
“Aquele de Santa Maria, que foi Governador mais tarde?”; e o
entrevistador precisava responder, para não truncar a entrevista: “O
Walter Jobim”; “Esse”, confirmava o depoente, continuando a narrativa;
ou então: “Aquele de Cachoeira do Sul que falava muito bem”; “João
Neves da Fontoura”; “Sim, esse”, e a entrevista podia ter seqüência.

Em outro caso, um depoente confundia eventos que haviam se


dado durante o Estado Novo com outros que haviam se dado após a

2
edição do AI-5. Como a entrevista tinha muito valor pelas cenas
descritas e pela representação dos momentos vividos, os técnicos do
PHO alvitraram ajustar as inconsistências de datas, pois a isquemia
desse depoente justamente embaralhava a referência correta às datas,
muito embora os eventos estivessem perfeitamente descritos.

Em um outro caso, um depoente com isquemia repetia várias


vezes a mesma vivência, sempre da mesma maneira. Os textualizadores
alvitraram suprimir as repetições.

Em um outro caso, o depoente indicava, em momentos diversos


da entrevista, várias datas diferentes para o mesmo fato. Como o fato
estava documentado por fontes e certidões oficiais, optou-se pela
padronização das referências com base na indicação correta.

Quando o depoente não sofre de nenhuma isquemia, mas ainda


assim a memória o traiu com algum erro factual, de nome ou de data, o
bom senso da equipe responsável pelo programa de história oral deve
ajudar a decidir se é preferível negociar uma correção ou se é melhor
inserir uma nota de rodapé com observação do textualizador.

O primeiro expediente pode ser conduzido com uma indicação de


dúvida e pedido discreto de esclarecimentos ao depoente no momento
da revisão da entrevista pelo mesmo. Não é recomendável –
especialmente naqueles casos em que o depoente será visitado apenas
uma vez pela equipe de coletores – que o textualizador liste grande
número de dúvidas, pois nossa experiência indica que, ao receber
muitas perguntas, o depoente pode tender a não devolver o depoimento,
por não encontrar tempo em sua rotina para respondê-las ou por
sentir-se constrangido diante do volume de perguntas. Portanto,
sugere-se que o textualizador formule no máximo dois ou três pedidos
de esclarecimentos e, de preferência, cuja resposta não implique em
redação muito complexa, mesmo porque a finalidade do PHO é, antes

2
do que sistematizar com perfeição datas e nomes, captar a
representação subjetiva que o depoente elaborou a propósito de uma
instituição ou processo histórico.

O segundo expediente geralmente é utilizado para completar uma


informação ou para explicar melhor algum tema abordado pelo
depoente. Por exemplo, quando ele cita apenas o prenome de um
personagem, o textualizador pode completar o sobrenome em nota de
rodapé ou, no próprio texto, entre colchetes. Este expediente facilita a
consulta futura do depoimento.

Existem casos, ainda, de depoentes mais entusiasmados que


podem se valer de expressões menos elegantes ou, até, aproveitar-se do
espaço para agredir desafetos. Nesses casos, o textualizador pode se
guiar pelo bom senso. Não lhe cabe censurar o depoente, mas algumas
críticas mais violentas podem ter sua forma mais agressiva suavizada,
sem prejuízo do conteúdo crítico, o qual, em geral, é altamente
relevante para os historiadores. Na maior parte dos casos, uma
conversa com o depoente pode resolver problemas pontuais nesse
sentido. Expressões como “fulano é autoritário, covarde, corrupto, mau
caráter, etc.” podem ser substituídas por expressões menos agressivas,
que diluam o ataque pessoal sem comprometer a avaliação crítica. O
depoente sempre se responsabiliza, no termo de cessão de direitos, pelo
conteúdo da entrevista, mas ofensas e ataques pessoais podem trazer
constrangimentos institucionais desnecessários. Essa interferência,
entretanto, jamais pode chegar a ponto de operar uma censura nas
idéias ou críticas do depoente à instituição, sob pena de todo o projeto
memória perder credibilidade.

Ao interferir sobre o conteúdo, o textualizador deve ter muito


cuidado, para distinguir entre um erro gratuito e involuntário de data,
ou nome próprio, e um capricho da memória do depoente, que pode vir

2
a ser fundamental para a compreensão da representação que o
depoente opera ao nível do seu imaginário a propósito de algum fato ou
processo histórico. Por exemplo, a omissão ou menção de nomes pode
muitas vezes ser intencional, pois o depoente pode estar visando a uma
significação de esquecimento para os seus leitores e ouvintes ou, ao
contrário, a uma significação de registro. Existem casos, também, em
que omissões ou registros inconsistentes podem ser incorretos do ponto
de vista factual e documental, mas para o depoente são corretos, pois é
desse modo que ele se lembra de um certo evento e, num depoimento
oral, reitera-se, o que interessa mais é a representação que o depoente
tem de um evento, fato ou processo e não propriamente o fato em si.
Por isso, todo o cuidado é pouco no momento do textualizador operar
qualquer intervenção no conteúdo da entrevista.

No caso de depoentes muito zelosos ou exigentes, as alterações


feitas pelo textualizador podem ser grifadas em cores diferentes pelo
controlador automático de alterações e correções do editor de texto
Word, a fim de que o depoente possa ter consciência de todas as
modificações propostas pelos textualizadores no momento em que
receber a entrevista para aprovação e cessão dos direitos. Este
expediente torna-se, contudo, problemático de ser utilizado quando há
a necessidade de se alterar profundamente o estilo e a gramática do
depoimento. Nesses casos extremos, pode ser preferível não mostrar as
alterações, pois o depoente poderia sentir-se constrangido diante do
volume sugerido.

Lembramos que no banco de história oral, é recomendável


arquivar todas as versões da entrevista, para que consulentes futuros,
especialmente os da equipe interna do PHO, possam acompanhar as
variações do texto e tenham um registro das intervenções na forma e no
conteúdo.

2
Se o depoente, no instante da revisão da entrevista, for acometido
de uma autocensura e desejar cortar uma parte interessante da
entrevista, devemos sempre lembrá-lo que há a possibilidade de deixar
trechos da entrevista fechados para a consulta externa e para a
publicação por diversos anos. Apenas a parte aprovada por ele será
divulgada. Os depoentes apenas darão depoimentos polêmicos que
precisam ficar fechados quando confiarem na instituição que coordena
o banco de história oral. Por isso, o PHO deve estar bem estruturado,
com regras claras, fichas de entrevista, termos de cessão, etc. Um PHO
funciona melhor quando abrigado em um centro de memória
organizado de forma institucionalizada e com um projeto de longo
prazo. Normalmente, as instituições do campo jurídico têm um capital
simbólico intrínseco que facilita o alcance dessa credibilidade.

Quando se pretende a publicação da entrevista, a textualização


costuma operar, contrariamente ao que se imagina à primeira vista,
como uma garantia de preservação da espontaneidade oral do
depoimento, pois, como todo o depoimento carece de aprovação do
depoente, ao lê-lo, este costuma mexer menos no texto textualizado. Ou
seja, geralmente, quanto mais cru encontra-se o depoimento do ponto
de vista da linguagem escrita, mais aumentam as chances do depoente
alterar não apenas o formato e o estilo, mas também o conteúdo,
porque, ao mexer no texto, costuma filtrar a memória espontânea, seja
com autocensura, seja com a necessidade de completar elementos que
entendeu serem faltantes. Sobre a conferência do depoimento pelo
depoente, ver item seguinte deste manual.

Alguns depoentes costumam mexer mais no texto, outros menos.


Por isso, a textualização prévia por parte da equipe de história oral
costuma oferecer mais garantias de padronização das entrevistas, o que
facilita a organização de uma eventual publicação de coletânea,
evitando descontinuidades constrangedoras entre entrevistas, algumas

2
reproduzidas com alto nível de elaboração em contraponto a outras que
mantiveram a oralidade quase na íntegra. Alguns depoentes, inclusive,
podem irritar-se ao receber uma entrevista não textualizada, pois a
tarefa de textualização pode se lhes afigurar um desafio entorpecedor
da rotina do dia-a-dia. Em outros casos, a tarefa de textualização pode
ser repassada pelo depoente a um secretário ou assistente. Em ambas
as situações, a equipe de história oral perde o controle sobre as
técnicas de textualização. Por isso, é sempre recomendável textualizar a
entrevista antes de enviá-la ao depoente para aprovação e revisão.

Em nossa experiência, constatamos que nunca houve recusa, por


parte do depoente, do trabalho de textualização. Ou seja, esta
intervenção, quando conduzida com qualidade técnica, foi sempre
muito bem acolhida. Ao contrário, PHOs que não se valeram das
técnicas de textualização amargaram dissabores: desde depoentes que
se negam a autorizar a cessão dos direitos da entrevista até publicações
que revoltam segmentos de classe porque algumas entrevistas
apresentam dados incorretos ou doestos dirigidos a pessoas e a
instituições. Outro prejuízo freqüente, em caso de publicação das
entrevistas, é a descontinuidade estilística entre os textos de uma
mesma coletânea, o que dificulta a leitura e expõe as pessoas,
prejudicando futuramente a credibilidade do PHO.

Ao nosso ver, o único inconveniente da textualização é o tempo e


o esforço que ela consome dos profissionais dedicados à tarefa, o que
diminui a intensidade do ritmo de trabalho da equipe de história oral.

8) REVISÃO

O processo de revisão ocorre em três etapas. Depois da


textualização, a entrevista passa por uma revisão de digitação, de
gramática e de pontuação, de preferência conduzida por outro

2
profissional que não aquele envolvido na textualização, pois tende a
ficar “viciado” nas incorreções do texto.

De posse do depoimento textualizado e revisado, o depoente


poderá solicitar o fechamento de trechos da entrevista (ou seja, a não
divulgação de algumas passagens), operar cortes, ajustes ou
acréscimos. Esta opção metodológica é requisito para a publicação do
depoimento e deve estar devidamente explicitada na apresentação
técnica da obra onde será reproduzido. Juntamente com o texto do
depoimento, deve seguir para o depoente um termo de cessão de
direitos para o projeto de memória institucional, autorizando a
publicação na íntegra ou em parte, o qual será permanentemente
arquivado pela secretaria do projeto. Esta revisão em geral exige
acompanhamento por parte da equipe do PHO, pois alguns depoentes
precisam ser lembrados da necessidade de autorizar a publicação,
enquanto outros encaminham demandas diretamente aos membros da
equipe. Este é o momento também em que algumas dúvidas suscitadas
durante o depoimento podem ser retomadas e esclarecidas.

Quando o depoimento retorna do depoente, precisa ser submetido


a uma nova revisão de digitação, para somente então ser encaminhado
ao banco de história oral e para a publicação.

9) ARQUIVAMENTO NO BANCO DE HISTÓRIA ORAL

O banco de história oral, o programa de história oral e os usos


historiográficos do depoimento não podem ser confundidos. Nem todo
depoimento colhido será publicado – na íntegra ou parcialmente –, mas
todo o depoimento deverá ser convenientemente arquivado. No processo
de arquivamento recomenda-se apensar as várias versões do
depoimento, a ficha da entrevista e uma ficha de catalogação, na qual
estarão indicados o local do arquivo em que se encontram as gravações

2
originais e as de segurança. A ficha de arquivamento e catalogação
também pode remeter o futuro consulente a dados biográficos do
depoente que constem em outros bancos de dados.

Nem todas as entrevistas catalogadas estarão disponíveis para a


consulta externa, pois alguns depoentes podem determinar o
fechamento da entrevista por certo período de tempo. Por isso,
recomenda-se a identificação das entrevistas por cores: verde para
entrevista liberada, amarelo para entrevista com restrições de
divulgação e vermelho para entrevista fechada. Apenas a versão final da
entrevista pode ser disponibilizada para consulentes externos ao projeto
de memória institucional. As versões iniciais permanecem como
material de consulta interna.

Não se recomenda que os consulentes externos tenham acesso


direto ao banco. Eles podem consultar um fichário e um funcionário
devidamente treinado e autorizado pode fazer o encaminhamento da
solicitação.

Uma atividade recomendável vinculada ao processo de


arquivamento é a indexação do documento. Para tanto, a equipe
desenvolve uma relação de palavras-chave que dêem conta da
diversidade de temas abordados pelos entrevistados, as quais servirão
para guiar os consulentes quando da consulta ao banco. Esta
indexação, portanto, é um instrumento para potencializar a pesquisa
posterior sobre o documento.

10) APROVEITAMENTO HISTORIOGRÁFICO

As entrevistas reunidas no banco de memória oral enriquecem as


atividades de pesquisa do projeto de memória institucional, pois um
projeto sem pesquisa não explora convenientemente as suas

2
possibilidades. Portanto, as entrevistas podem ser utilizadas como
contribuição para artigos, teses ou livros.

Além disso, os depoimentos podem ser publicados na íntegra, sob


o formato de coletâneas, ou parcialmente, na condição de catálogos que
serão estruturados com base na indexação temática das entrevistas.
Trechos de entrevistas também podem ser utilizados para ilustrar
exposições históricas ou institucionais.

Especialmente nas coletâneas, torna-se imprescindível uma


apresentação técnica que não apenas explicite e discuta as opções
metodológicas do PHO, como ainda introduza o conteúdo das
entrevistas, com base no trabalho de indexação, a fim de orientar o
leitor. Esta apresentação também tem a função de relacionar a
indexação com as pesquisas desenvolvidas pelo projeto de memória
institucional, propondo reflexões historiográficas.

A estratégia de divulgação das publicações também deve ser


cuidadosamente pensada, pois as entrevistas publicadas influenciarão
as entrevistas ainda por fazer, na medida em que os futuros depoentes
tenderão a se pautar por aquilo que foi dito pelos colegas. Destarte, a
menos que se queira intencionalmente suscitar um debate institucional
e avaliar as conseqüências do mesmo sobre o intertexto, pode ser
preferível coletar todas as entrevistas programadas para somente então
iniciar o trabalho de divulgação e publicação. Esta solução, certamente,
é difícil em se tratando de projetos de memória institucional que
precisam apresentar resultados em espaço de tempo relativamente
curto para garantir a sua continuidade. Trata-se, portanto, de um
dilema metodológico e político que deve ser avaliado conjuntamente
com a coordenação institucional do projeto.

11) ESTRATÉGIA ESPECÍFICA

2
Todo PHO demanda uma estratégia específica de execução,
adaptada à instituição que o promove.

Esse é um projeto de gestão do conhecimento. A idéia é


transformar conhecimentos tácitos em explícitos e criar uma base de
dados úteis para a instituição. A produção de conhecimento neste caso
não será voltada para a coleta genérica de histórias de vida. O objetivo é
a construção de uma narrativa histórica MP-SC por meio da conversão
de conhecimentos pessoais em conhecimento institucional. As histórias
de vida fazem parte da trajetória profissional, mas serão panos de
fundo.

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