O CONHECIMENTO CIENTÍFICO

E a Pesquisa Científica

Tópico 1
Conhecimento Científico

Tópico 2
07 Teses Equivocadas

01
 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
E a Pesquisa Científica
EPISTEMOLOGIA:
A Epistemologia (Teoria do Conhecimento) é a área que estuda o conhecimento. Diferentes paradigmas epistemológicos
orientam as pesquisas acadêmicas na área da administração. O entendimento de tal tema é importante para a visão de mundo
de uma pessoa. Possuí três tipos: global, particular e específica; Quatro elementos: sujeito, método, verdade e objeto.

PARADGIMA POSITIVISTA: PARADIGMA RELATIVISTA:

Medição, quantificação, previsão dos fenômenos e
generalização.
Íntima relação com a pesquisa quantitativa,
Neutralidade científica, verdade absoluta e criação de leis
gerais.
Teorias são limitadas a épocas e contextos.
Subjetividade é um aspecto inerente à ciência, construção
da ciência como um processo social produzida por seres
humanos.

PARADIGMA INTERPRETATIVISTA:
PARADIGMA FUNCIONALISTA: Realidade social não existe em termos concretos, é produto
Dominante nas ciências sociais das experiências intersubjetivas dos seres humanos.
Abordagem que se preocupa em prover soluções práticas Íntima relação com a pesquisa qualitativa.
aos problemas da sociedade. Visa o detalhamento de uma situação específica.

02
 AS 07 TESES EQUIVOCADAS
Do Conhecimento Científico
1. CONHECIMENTO CIENTÍFICO ÚNICO, VÁLIDO 3. PROVADO E REPRODUZIDO EM 6. PREOCUPAÇÃO COM A FORMA E
E CONFIÁVEL: LABORATÓRIO DESVINCULAÇÃO POLÍTICA
Outros conhecimentos: religioso, filosófico, Observação atenta da natureza e Aspectos formais são importantes, mas
senso comum. reprodução destes fenômenos em ficar preso a eles é se tornar refém dos
Métodos da ciência não são infalíveis e laboratório. métodos científicos.
não são capazes de explicar toda Nem todo conhecimento científico pode Todo conhecimento científico é uma ação
complexidade do fenômeno. ser provado e reproduzido em laboratório. política.
Recorte da realidade, contextualizado Todo movimento da busca necessária do
historicamente, culturalmente, reconhecimento é uma ação política.
socialmente e economicamente. 4. LIVRE DO SENSO COMUM
Existência do sujeito-pesquisador, recorte
a partir da sua própria subjetividade. 7. CONHECIMENTO CIENTÍFICO É INDISTÍVEL,
2. PENSAMENTO MÁGICO Cabe ao pesquisador reconhecer o EXPRESSÃO DA VERDADE
Formas de interpretar a realidade: religião, quanto de ideologia e senso comum tem Discutibilidade é um critério de
senso comum, filosofia. no trabalho, para retirar ou manter e cientificidade.
Importância do progresso científico e declarar. Para ser ciência é necessário estar aberto
tecnológico em detrimento do para refutação, alteração e até
conhecimento mágico e religioso. substituição.
Conhecimento mágico e mítico foram 5. DOGMA X LIBERTAÇÃO O conhecimento científico é mutável e
responsáveis por explicar boa parte da Dogmas são verdades indiscutíveis dentro discutível.
realidade. das religiões.
Conhecimento científico veio pela busca Teses científicas precisam ser discutíveis
de explicações rigorosas da realidade. para desenvolver conhecimento.
Verdades científicas como dogmas, não
permitindo discussão.

03
 O PROJETO
De Pesquisa
Tópico 1 Tópico 4
Formulação da Pesquisa Científica Referencial Teórico

Tópico 2 Tópico 5
Administração, ciência ou arte?
Metodologias

Tópico 3
Aspectos de uma Pesquisa Científica Tópico 6
Citação

04
 FORMULAÇÃO
Pesquisa Científica
PROJETO - FASE RELATÓRIO - FASE TIPOS DE TRABALHOS
ANTECEDENTE CONSOLIDADORA CIENTÍFICOS
É "uma carta de intenções" e
Resultados da pesquisa Graduação: TCC ou
terá a introdução e a
científica. monografia; Relatório de
metodologia redigidas com o
Projeto; Resultados - Análise ou estágio.
verbo futuro.
Interpretação; Conclusões - Pós-Graduação: Lato Senso
Introdução - problema,
limitações do estudo e - Especialização,
objetivo hipóteses,
sugestões para futuras Monografia. Strictu Senso -
delimitação do estudo,
pesquisas. Mestrado (Projeto de
justificativa, definição de
Forma Escrita: artigo científico, Qualificação), Dissertação,
termos; Referencial Teórico;
TCC, especialização, mestrado e Doutorado (Projeto de
Metodologia; Referências,
doutorado. Qualificação), Tese, Pós-
Anexos e Apêndices.
Forma Oral: defesa monografia, Doutorado (Tese).
dissertação e tese, congresso
científico, entrevista.

05
 ADMINISTRAÇÃO
Ciência ou Arte?
POR QUE A IDEIA DE CIÊNCIA
RACIONAL (OBJETIVISTA)
POR QUE ALGUÉM POR QUE HÁ ARTE CONTRIBUI PARA ALGUÉM
FARIA A PERGUNTA NA CIÊNCIA? FORMULAR A PERGUNTA?
A identificação do Um misto de qualquer coisa intuitiva e Nossa sociedade possui um
desempenho do guiada pela estatística. mito, difundido pelo senso
administrador não é clara "que arte é mais poderosa do que o comum que na ciência
nem imediata para atestar a conhecimento, porque aquela deseja a possuiria uma realidade
natureza de seu saber. vida, ao passo que este os seus única, independente,
Ensino teórico nas escolas X próprios fins." NIETSCHE, 2000 [1888], P. replicável, testada em
aprendizagem prática no 45-46). laboratório.
trabalho. A dimensão artesanal da ciência é O papel do sujeito é
Administração significa, no claramente atestada por sua prática. aprender a realidade como
caso, o saber administrativo, Cada peça científica é única e original. ela se apresenta, sendo ele
não a prática em sim, pois trabalhada de forma específica em mesmo parte concreta
este é o entendimento em ambiente (laboratórios, etc.) desta realidade.
que ciência e arte podem radicalmente diverso de uma linha de Pode-se dizer que até hoje
estar sob o mesmo montagem industrial. A iniciação à a ciência é o conhecimento
predicado. vida de pesquisador, em mestrados e decisivo na área
doutorados, repete a relação mestre- adminsitrativa, tem ideia
discípulo, artesão-aprendiz: a nas leis gerais, expectativa
orientação é individualizada, e tal de verdade absoluta, mas
padrão jamais foi quebrado. Assim, a na prática pode não ser
cienência é arte no sentido de Craft. efetiva, necessitando então

06 usar a arte.
 ASPECTOS DE UMA
Pesquisa Cinentífica
TEMA DE PESQUISA:
Primeiro passo no planejamento da pesquisa.
O tema precede o problema a ser investigado e pode suscitar
vários problemas.
O tema tem caráter mais geral, mais abrangente do que o
problema.
Do tema procede o problema a ser investigado.
Um tema pode suscitar vários problemas.
PROBLEMA DE PESQUISA:
Problema é uma lacuna no conhecimento, uma questão não
resolvida, é algo para o qual se vai buscar resposta, via pesquisa.
Uma questão não resolvida pode estar referida a alguma lacuna
epistemológica ou metodológica percebida, há vontade de
compreender e explicar uma situação do cotidiano ou outras
situações [...] quase sempre problemas apresentam relações entre
variáveis.
OBJETIVOS DE PESQUISA
Objetivo é um resultado a alcançar.
Objetivo final - geral: dará resposta do problema.
Objetivos intermediários - específicos: são metas se alcançadas
propiciarão o alcance do objetivo final.
Os objetivos devem ser redigidos com o verbo infinitivo (analisar,
descrever...).
07
HIPÓTESES/JUSTIFICATIVA:
São diretrizes que orientarão todo o processo de investigação, pois
definem até onde a pesquisa quer chegar.
Fontes: observação. resultados de outras pesquisas, teorias, intuição.
Hipóteses estão associadas às investigações positivistas ou
neopositivistas, usa-se procedimentos estatísticos para testá-las. Há
dois tipos de hipóteses: constitutiva - define palavras com outras
palavras, como dicionário; operacional - especifica operações
necessárias para medir ou manipular um conceito (ou constructo).
As suposições estão mais associadas a pesquisas qualitativas. Não
implicam testes; apenas confirmaçõa, ou não, via mecanismos não
estatísticos.
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO:
Moldura que o autor coloca ao seu estudo.
É o momento que explicitam ao leitor o que fica dentro do estudo e
o que fica fora.
Trata de fronteiras concernentes a variáveis, pontos que serão
abordados, corte (transversal ou longitudinal), período de tempo.
JUSTIFICATIVA/RELEVÂNCIA:
É a argumentação do autor do projeto sobre a importância do
estudo indicando as contribuições práticas e teóricas: para sua
área de atuação (ou em que busca formação acadêmica); para a
sociedade em geral.
 REFERENCIAL TEÓRICO
Escolha da Metodologia
REFERENCIAL TEÓRICO COMPARATIVO ENTRE
MÉTODO
PESQUISAS QUALI E QUANTI
Tem objetivo de apresentar os
Quanto aos fins: exploratória, Qualitativa: voltada para dados
estudos sobre o tema já
descritiva, explicativa, não-qualificáveis, mergulha na
realizado por outros autores.
metodológica, aplicada, profundidade do fenômeno, leva
Dá sustentação ao projeto e
intervencionista. em conta sua complexidade e
auxilia o pesquisador em
Quanto aos meios de particularidade. Não busca
decisões que fazem parte da
investigação: de campo, de generalização, mas o
introdução e do método, pois
laboratório, documental, entendimento de singularidades;
pode contribuir para
bibliográfica, experimental, está associada com o
formulação do problema de
expost facto, participante, paradigma subjetivista.
pesquisa, hipóteses e
pesquisa-ação, estudo de caso. Quantitativa: destinada a
suposições, escolha do
O pesquisador deverá optar por análise de dados mensuráveis,
método e suas partes. um método que seja capaz de através da utilização de recursos
Servirá de interpretação dos responder seu problema de e técnicas estatísticas, para
resultados, quando da pesquisa, poderá ser única posterior generalização dos
elaboração do relatório. metodologia ou mista. resultados; está associada ao
paradigma objetivista.

08
 SIGNIFICADOS
Metodologia
PESQUISA DE CAMPO: PESQUISA EXPO FACTO:
É a investigação empírica no local onde ocorre(u) Refere-se a um fato já ocorrido. Aplica-se quando
um fenômeno ou que dispõe de elementos para não é possível controlar ou manipular variáveis, seja
explica-lo. porque suas manifestações já ocorreram, seja
porque as variáveis não são controláveis. A
impossibilidade de manipulação e controle das
PESQUISA DE LABORATÓRIO: variáveis diferencia a pesquisa experimental da ex
É a experiência realizada em local circunscrito post facto.
(como uma simulação em computador), já que no
campo seria praticamente impossível realizá-la.
PESQUISA EXPERIMENTAL:
É a investigação empírica na qual o pesquisador
INVESTIGAÇÃO DOCUMENTAL: manipula e controla variáveis independentes e
É realizada em documentos conservados no interior observa as variações que essas produzem em
de instituições ou com pessoas (tais como: registros, variáveis dependentes. A pesquisa experimental
anais, regulamentos, circulares, ofícios, pode ser feita no campo e no laboratório.
memorandos, balancetes, comunicações informais,
filmes, microfilmes, fotografias, vídeos, cd-rom,
diários, cartas pessoais). PESQUISA BIBLIOGRAFICA:
É o estudo sistematizado desenvolvido com base em
material publicado em livros, revistas, jornais, redes
eletrônicas (fornece instrumental analítico para
qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode
esgotar-se em si mesma).
09
 TIPOS DE CITAÇÃO
E Formatação
CITAÇÃO DIRETA:
Quando há transcrição literal de um trecho de obra é
obrigatória a indicação da página de onde foi retirada
EXEMPLOS DE CITAÇÃO
citação.
CITAÇÃO DIRETA:
Texto da citação literal <- (SILVA, 2000, p.23)
CITAÇÃO DIRETA ATÉ 3 LINHAS: Silva (2000, p.23) -> texto da citação literal
Inserida no parágrafo normal do trabalho, fonte em tamanho
12 e espaço entre linhas 1,5 e deve ser colocado entre aspas.

CITAÇÃO LIVRE, INDIRETA OU PARÁFRASE:

CITAÇÃO DIRETA MAIS 3 LINHAS: Silva (2000) -> texto da citação
Constitui-se um parágrafo independente, com recuo de 4cm, Texto a citação <- (SILVA,2000)
fonte 10 e espaço entre linhas simples, sem aspas.

CITAÇÃO DA CITAÇÃO:
CITAÇÃO LIVRE, INDIRETA OU PARÁFRASE: Silva (2000 apud Ferreira, 2010) -> texto da citação
É usado quando é reproduzida a ideia de um autor, mas não
da forma literal.

CITAÇÃO DA CITAÇÃO:
É usada quando há impossibilidade de consultar o
documento original, reproduz-se a iddeia de um autor, mas
citado na obra de outro autor. No texto deve ser mencionado
o autor do documento não consultado, seguido da expressão
10 apud (citado por).
 PESQUISA
Qualitativa
Tópico 1 Tópico 4
Características Variáveis, Técnicas e Instrumentos para
Coleta de Dados

Tópico 2 Tópico 5
Tipos de Estudos Trabalho de Campo, Análise e
Interpretação da Dados

Tópico 3
Definição do alvo e seleção

11
 PESQUISA
Qualitativa
CARACTERÍSTICAS DA
PESQUISA QUALITATIVA
Ocorre em um cenário natural.
Usa métodos múltiplos de coleta que
são interativos e humanísticos.
É emergente em vez de estritamente
pré-configurada.
É fundamentalmente interpretativista.
12
CARACTERÍSTICAS DO
PESQUISADOR QUALITATIVO
Vê fenômenos sociais holisticamente
(por inteiro).
Reflete sistematicamente sobre quem
é ele na investigação e é sensível a
sua biografia pessoal e à maneira
como ela molda o estudo.
Usa um raciocínio complexo
multifacetado, interativo e simultâneo.
Adota e usa uma ou mais estratégias
de investigação como um guia para
procedimentos no estudo qualitativo.
 TIPOS DE ESTUDO
Qualitativo
ETNOGRÁFICA PESQUISA DOCUMENTAL
ESTUDO DE CASO
Investiga em profundidade um O método etnográfico consiste no Vale-se de materiais que não
fenômeno contemporâneo em levantamento de todos os dados receberam ainda um
seu contexto da vida real, possíveis sobre uma determinada tratamento analítico, ou que
especialmente quando os comunidade com a finalidade de melhor ainda podem ser reelaborados
limites entre o fenômeno e o conhecer o estilo de vida ou a cultura de acordo com os objetivos da
contexto não estão claramente específica da mesma. pesquisa.
definidos. A etnografia não é o "trabalho de Um documento pode ser um
Visa comparar, enriquecer, mas campo", mas sim o "que se escreve sobre instrumento complementar ou
sem quantificar. o trabalho de campo". ser a forma principal de
Utiliza múltiplas técnicas de A dificuldade de replicação configura a concretizar um estudo.
coleta de dados: entrevistas, principal limitação desta metodologia. Um documento pode ser antigo
observação direta, observação O pesquisador: deve refletir sobre a ou contemporâneo; a fonte pode
participante, documentos, forma como se insere no trabalho de ser público ou privada; o
artefatos físicos. campo, técnicas de coleta de dados - material pode ser primário
Pode utilizar dados observação participante, conversas (obtida diretamente) ou
quantitativos como fonte informais e entrevistas; utiliza diário de secundário (segunda mão ou
adicional. campo para narrar, anotar e registrar; terceiros).
participa por um longo período, mas não Vantagem: permite recorte
pertence ao grupo; realiza recortes de longitudinal. Desvantagem: Os
seu trabalho de campo, gerando um dados não são produzidos pelo
certo etnocentrismo. pesquisador.
13
DEFINIÇÃO DO ALVO DA PESQUISA
E Sua Seleção na Pesquisa Quali
PROCEDIMENTO, COMPLEXIDADE E
ALVO DE PESQUISA QUANTIDADE DE ENTREVISTADOS
Podem ser pessoas (atores), locais Procedimento para seleção de entrevistados: utiliza o termo
(residências, organizações, setores de "seleção"; a finalidade real da pesquisa qualitativa é explorar o
organização), documentos (filmes, revistas, espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o assunto
propagandas, desenhos, redes sociais). em questão.
Selecionar propositalmente participantes ou A seleção pode envolver situações menos e mais complexas:
locais, evitando a amostragem aleatória ou tema/assunto envolvendo um meio social específico - é preciso
seleção de grande número de participantes e descobrir e explorar a variedade de pontos de vista no assunto em
locais. questão, a seleção deve maximizar a oportunidade de compreender
Aspectos da decisão do alvo: cenário - onde a as diferentes posições tomadas pelos membros do meio social;
pesquisa vai ocorrer; atores - quem serão os tema/assunto relevante para mais de um meio social - a seleção
observados ou entrevistados; eventos - o que dos entrevistados pode ser tradicional (utilizando variáveis padrão
os atores estarão fazendo enquanto sociodemográficas) ou alternativa (baseando a seleção em grupos
observados ou como serão entrevistados; naturais, pessoas com algo em comum).
processo - natureza evolutiva dos eventos Quantidade de entrevistados: o número de entrevistados é
vividos pelos atores dentro do cenário. necessariamente pequeno, assim a imaginação social científica
deve ser usada para montar a seleção. Há um número limitado de
interpelações, ou versões, da realidade; há questão do tamanho do
corpus a ser analisado.
Limites normalmente usados: entrevistas individuais de 15 a 25;
discussões em grupos focais de 6 a 8.

14
VARIÁVEIS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS
De Coleta de Dados
VARIÁVEIS (TEMAS, CATEGORIAS):
Serão definidas com o suporte do referencial teórico para obter dados que
possibilitem a resposta do problema de pesquisa e o alcance do objetivo
do projeto.
OBSERVAÇÃO:
É destinada a obter notas de campo sobre comportamento e atividades
das pessoas no local de pesquisa e pode ser realizada de forma não-
estruturada ou semiestruturada; e o pesquisador pode se envolver em
papéis que variam de não-participante até participante integral. Essa
técnica tem como instrumento de coleta o protocolo (formulário)
observacional que servirá para registrar as notas descritivas, as notas
reflexivas e as informações descritivas.
ENTREVISTA:
O pesquisador realiza perguntas para que entrevistado fala longamente
sobre elas, pode ser individual ou em grupo; não estruturadas e
semiestruturadas; em profundidade, projetivas, narrativa, etnográfica. Essa
técnica tem como instrumentos de coleta o roteiro (protocolo) de
entrevista (ou tópico guia) não estruturados ou semiestruturados, e o
registro de informações das entrevistas usando bloco de notas e gravação.
GRUPOS DE FOCO:
Dependem da presença de um moderador e de observadores para coletar
informações de um pequeno grupo de participantes. O
moderador/pesquisador fará perguntas aos participantes e a interação
entre eles conduzirá à geração de ideias e/ou descobertas que podem não
emergir quando na presença de única pessoa. A técnica também adota
como instrumentos de coleta roteiro de entrevista e o registro de
15 informações usando bloco de notas e, necessariamente, a gravação.
CONVERSAS DE COTIDIANO:
Surgem de interações sociais informais e permitem que um participante
utilize repertórios interpretativos que não utilizaria em uma entrevista. Essa
técnica tem como instrumentos de coleta as notas manuscritas.
FONTES DE DOCUMENTOS:
Documentos públicos ou privados. Os documentos podem ser uma técnica
de coleta de dados, assim como podem ser um tipo de pesquisa quali. O
documento como técnica será um procedimento complementar de coleta
de dados, como tipo de estudo será a forma principal de concretizar um
estudo quali. Como instrumentos podem ser usados: os registros via
notas, transcrição, tradução; e as cópias via microfilmagem e a
digitalização, fotocopia.
IMAGENS E ÁUDIOS:
Sobre as imagens, essas podem ser oportunas, chamam a atenção
visualmente, podem ser mais eloquentes do que as palavras, podem
revelar a realidade de participantes; já, com os sons podem revelar
momentos importantes, situações diárias vividas no presente ou no
passado. Registro de material visual e de áudio constitui a forma pela
qual o pesquisador poderá trabalhar com as imagens e sons.
TÉCNICA DE COLETA DE DADOS:
É comum e recomendável a adoção de múltiplas técnicas de coleta de
dados, que podem ou não ser adotados concomitantemente. Isso se
justifica pela necessidade de detalhamento e aprofundamento, que são
inerentes aos estudos de natureza qualitativa.
 TRABALHO DE CAMPO, ANÁLISE
E Interpretação dos Dados
CUIDADOS NO TRABALHO DE CAMPO
Indicar os passos dados para proteger direitos dos
participantes: estudos podem necessitar de termos (cartas,
declarações) de consentimento para a realização da
pesquisa. Por ex.: a Resolução CNS 196/96, dispõe sobre
Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas
Envolvendo Seres Humanos.
Comentar sobre questões éticas delicadas que possam
surgir: discutir como serão abordadas as questões do estudo.
Por ex.: a necessidade de mascarar nomes de pessoas, locais
e atividades.
Estar preparado para aspectos que podem surgir durante
um estudo qualitativo, pois a pesquisa qualitativa é
emergente em vez de estritamente pré-configurada, assim:
questões de pesquisa podem mudar e ser refinadas à
medida que o pesquisador descobre o que perguntar e para
quem fazer as perguntas; o processo de coleta de dados pode
mudar à medida que as portas se abrem ou se fecham para
a coleta de dados, e o pesquisador descobre os melhores
locais para entender o fenômeno central de interesse.
Indicar o período de tempo que pretende permanecer
coletando dados: em um estudo qualitativo o pesquisador
gasta um tempo considerável no ambiente natural reunindo
16 informações.
ANÁLISE DOS DADOS X INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
O processo de análise de dados consiste em extrair sentido dos
dados, sejam esses em forma de texto e/ou imagem. Envolve:
preparar os dados para análise; conduzir análises diferentes;
aprofundar-se cada vez mais no entendimento dos dados; fazer
representação dos dados; e fazer uma interpretação do
significado mais amplo dos dados.
A análise poderá ter diversos processos genéricos para obter
um sentido das atividades gerais de análise. Como os
seguintes: realizar um processo constante de análise, que
envolve refletir continuamente sobre os dados, fazer
questionamentos sobre eles e redigir textos durante toda a
análise; adaptar a análise para o objetivo do estudo e tipo de
método escolhido .
A interpretação dos dados é o passo final na análise de dados.
Sabendo que pesquisa qualitativa é fundamentalmente
interpretativa, o pesquisador fará uma interpretação dos dados,
que pode ser: o desenvolvimento da descrição de uma pessoa
ou de um cenário; a investigação de dados para identificar
temas ou categorias; e, finalmente, fazer uma interpretação ou
tirar conclusões sobre seu significado, pessoal e teórico,
mencionando as lições aprendidas e oferecendo mais
perguntas a serem feitas.
 TRABALHO DE CAMPO, ANÁLISE
E Interpretação dos Dados
PASSOS GENÉRICOS PARA ANÁLISE DE DADOS SEQUÊNCIA GENÉRICA DE DECISÕES DO MÉTODO DO PROJETO
Tipo de pesquisa: qualitativa mediante estudo de caso
1. Organizar e preparar os dados para análise.
Definição e seleção do local de pesquisa e dos atores: definição do
2. Ler todos os dados.
local de pesquisa e dos atores; passos para acesso aos locais de
3. Começar a análise detalhada com um processo
pesquisa (as conexões entre pesquisador e local de
de codificação.
pesquisa/participantes, aprovação dos “guardiães do acesso” para
4. Usar o processo de codificação para gerar uma
entrar no ambiente; questões éticas e legais); seleção proposital do(s)
descrição do cenário e/ou das pessoas além das
local(is) de pesquisa e dos atores, baseada na “imaginação social
categorias ou dos temas para análise.
científica” do pesquisador; quantidade de entrevistados visando
5. Prever como a descrição e os temas serão
explorar o espectro de opiniões sobre o assunto em questão.
representados na narrativa qualitativa.
Múltiplas técnicas de coleta de dados e instrumentos de coleta de
6. Fazer uma interpretação ou extrair significado
dados: as variáveis a serem coletados; técnicas de coleta e seus
dos dados.
respectivos instrumentos de coleta de dados: entrevista–roteiro e
A análise qualitativa não deve recorrer aos
gravação em áudio; observação–protocolo observacional; conversas
pressupostos lineares da análise quantitativa. Na
do cotidiano –notas manuscritas; documentos–registro de
análise qualitativa, é o desafio, o paradoxo e o
documentos; fotografia –registro de imagens.
dilema contínuos que devem, constantemente,
Trabalho de campo (coleta de dados): onde, quem, quando os dados
em um processo de ir e vir entre o fenômeno e
(ou material empírico) serão coletados;
nossas abstrações sobre ele.
Análise e interpretação dos dados: extrair sentido dos dados via
análise de discurso e realizar uma interpretação do significado mais
amplo dos dados.

17
 PESQUISA
Quantitativa
Tópico 6
Tópico 1 Instrumentos de Coleta de Dados
Possibilidades de estudo quantitativo

Tópico 2 Tópico 7
Fases Exploratória/Qualitativa e Aspectos da Elaboração de um
Quantitativa/Descritiva - MBPSC Questionário

Tópico 3 Tópico 8
População e Métodos de Amostragem Trabalho de Campo - Coleta de Dados

Tópico 4 Tópico 9
Técnicas de Amostragem Processo de Trabalho de Campo -
Entrevistadores

Tópico 10
Tópico 5 Análise e Interpretação de Dados
Formas de Contato para
Levantamento de Dados
18
 POSSIBILIDADES DE ESTUDOS
Quantitativo
LEVANTAMENTO (SURVEY)
É um estudo quantitativo e descritivo; de natureza descritiva e realizado por meio de interrogatório (busca obter
informações sobre comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações, características demográficas e
estilo de vida dos participantes do estudo). Mediante análise quantitativa, obtém as conclusões correspondentes dos
dados coletados. Vantagens: conhecimento direto da realidade (elimina interpretações), economia e rapidez
(grande quantidade de dados em curto espaço de tempo e a custos baixos), quantificação (dados tabelados,
permitindo análise estatística). Limitações: ênfase nos aspectos perspectivos (diferença entre o que as pessoas
fazem/sentem e o que dizem a respeito); pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais;
limitada percepção do processo de mudança (fotografia do problema, não indica variação e possíveis mudanças
estruturais).

EXPERIMENTO
OBSERVAÇÃO
De natureza experimental e usado para compreender
Também de natureza descritiva e usado para o registro
relações de causa e efeito em um fenômeno, mediante
de comportamentos, fatos e ações relacionados com
a manipulação de variáveis independentes e o
pessoas, objetos e eventos, sem que exista a resposta
resultado dessa nas variáveis dependentes.
dos participantes

19
 MÉTODO BRASILEIRO DE PESQUISA DE SATISFAÇÃO DE CLIENTES (MBPSC)
Fases Exploratória/Qualitativa e Descritiva/Quantitativa
EXPLORATÓRIA/QUALITATIVA
Objetivo: conduzida com o propósito de gerar os
indicadores de satisfação, que fornecerão a base para
a elaboração do instrumento de coleta de dados da
segunda fase. Será determinado o grau de satisfação
dos clientes com relação aos indicadores gerados na
primeira fase, justificando uma pesquisa de natureza
quantitativa e descritiva.
Fases:
a. Amostra: escolha dos elementos e número de
entrevistados;
b. Coleta de dados: entrevistas em profundidade -
individuais; group discussion - em grupo.
c. Análise dos dados: geração dos indicadores de
satisfação.
d. Envolvimento dos executivos: auxiliam na escolha das
empresas-clientes, na análise dos resultados,
decodificação de expressões ou jargões, julgamento da
adequação ou pertinência dos indicadores de satisfação
gerados.
20
DESCRITIVA/QUANTITATIVA
Objetivo: destinada a medir o grau de satisfação dos clientes. Será determinado o grau de
satisfação dos clientes com relação aos indicadores gerados na primeira fase, justificando
uma pesquisa de natureza quantitativa e descritiva.
Fases:
a. População e Amostra: deve constituir-se de clientes com experiência recente nas relações
com a empresa; é necessário que a população seja estratificada segundo o volume de
negócios; o passo seguinte consiste em se extrair amostras em cada quartil da população de
clientes de cada unidade de negócio da empresa.
b. Coleta de dados: entrevistas pessoal e remessa do questionário pelo correio (auto
administrada).
c. Identificação de respondentes: empresas não respondem à pesquisa, mas sim as pessoas
que as representam. Sendo assim, é importante que se identifique quem melhor possa
expressar a satisfação, ou insatisfação, com a empresa ofertante avaliada.
d. Pré-notificação: A pré-notificação refere-se à um contato prévio com a pessoa que vai
responder à pesquisa. Este contato pode ser feito via correspondência personalizada ou via
telefone.
e. Coleta via questionários enviado pelo correio: o questionário deverá ser acompanhado de
uma correspondência de encaminhamento; não incorrer despesas ao respondente; follow-up
- novo contato com a pessoa para a qual o material de pesquisa foi encaminhado e objetiva
ratificar a importância da colaboração do respondente para que a pesquisa tenha êxito.
f. Escala para mensuração da satisfação de clientes: escala intervalar de cinco pontos; as
cinco categorias oferecem alternativas para que o cliente expresse total ou parcial satisfação,
estado indefinido entre satisfação e insatisfação, e total ou parcial insatisfação.
g. Tratamento dos dados: análise descritiva, baseada em valores absolutos e percentuais,
procedimentos estatísticos baseados principalmente em análise fatorial e regressão múltipla.
A primeira com vistas a agrupar indicadores de satisfação estatisticamente correlacionados e
a segunda com vistas a avaliar a capacidade de explicação de cada indicador de satisfação
sobre a avaliação de satisfação geral com a empresa.
 POPULAÇÃO &
Métodos de Amostragem
SIGNIFICADOS
População: é a soma de todos os elementos que
compartilham determinado conjunto de características
comuns, conformando o universo para o propósito do
problema de pesquisa.
Censo: envolve a enumeração completa dos elementos da
população. Desvantagens: custos de um censo, dificuldades
para administra-lo, tempo exigido e as possibilidades de
obter amostras representativas do todo
21
POPULAÇÃO ALVO
Há várias populações-alvo que são de interesse de um
levamento. Nesse contexto estão as pessoas que trabalham em
empresas, como: diretores, gerentes, força de vendas,
promotores de vendas, pessoal de atendimento, trabalhadores
em geral. Também fazem parte de tal interesse os consumidores:
recém-chegados, leais, com compras em declínio e ex-clientes
de uma empresa; além dos consumidores de outras empresas
e/ou consumidores em potencial. Por fim, são alvo também as
organizações: sem fins lucrativos e com fins lucrativos (indústrias,
intermediários - representantes, atacadistas, varejistas -
fornecedores e concorrentes). É evidente que um levantamento
que tenha como população-alvo uma organização terá que
definir um (ou mais) elemento que possui a informação
desejada pelo pesquisador, pois organizações não respondem
perguntas.
 TÉCNICAS
De Amostragem
PROBABILÍSTICAS
A obtenção de uma amostra probabilística é baseada em procedimentos aleatórios e
não pela vontade (julgamento) do pesquisador. São amostras que buscam
representatividade da população. As conclusões obtidas a partir desta amostra são
projetadas para a totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro,
que é obtida mediante cálculos estatísticos.
Aleatória simples: os elementos da população têm probabilidade conhecida,
diferente de zero, idêntica à dos outros elementos, de ser sorteado para compor a
amostra. A partir da listagem dos elementos da população (N) a amostra de n
elementos é extraída mediante a utilização de tabelas com números aleatórios, ou
pela geração de números aleatórios, ou mesmo através de sorteios (com bolas
numeradas).
Estratificada: consiste em dividir uma população heterogênea em estratos
(subgrupos) homogêneos. Sobre os diversos estratos da população são realizadas as
seleções aleatórias, com base na listagem de elementos de uma população. A
amostragem estratificada pode ser: proporcional – a proporcionalidade (tamanho)
de cada estrato da população deverá ser mantida na amostra; não proporcional –
não será mantida a proporcionalidade de cada estrato da população. Tal opção será
feita quando já se possui um conhecimento prévio da população que permita decidir
se determinados estratos devem ter pesos maiores ou menores em função de maior
variabilidade das variáveis intra-estrato e da maior ou menor representatividade
extra estrato, em relação à população.
Sistemática: o pesquisador baseado na divisão do total de elementos da população
(N) sobre o tamanho da amostra (n) calcula o intervalo (i). A seguir, escolhe
aleatoriamente o primeiro elemento da amostra e, logo após, retira os demais a cada
valor de “i”. É tida como amostragem por conglomerado de um estágio. Uma restrição
em relação a seu uso é a necessidade da disposição dos elementos da população
em uma listagem.
Conglomerado (grupo, área ou clúster): conglomerado é um agrupamento de
elementos da população. A população deve estar dividida em grupos mutuamente
exclusivos e coletivamente exaustivos. Os conglomerados (grupos) de elementos da
população são simultaneamente sorteados de forma aleatória. A seleção da amostra
é feita a partir desses grupos. Dependendo da situação, poderá ser necessária a
adoção de amostragem de “um estágio”, “dois estágios”, “n estágios”.
22
NÃO PROBABILÍSTICAS
Razões para o uso de amostragens não probabilísticas:
I. O fato de não existir outra alternativa viável, em razão de que elementos da população não aceitam
participar do estudo, e assim, não estão disponíveis para ser sorteados.
II. A probabilística é tecnicamente superior na teoria, mas, na prática, ocorrem problemas na sua aplicação
que enfraquecem tal superioridade. Em função de dificuldades como: obter listas com os elementos da
população, os entrevistadores não seguirem corretamente as instruções para selecionar os respondentes, a
recusa de elementos selecionados em participar da pesquisa, selecionados podem não ser encontrados.
III. A obtenção de uma amostra representativa da população pode não ser o propósito principal da pesquisa.
IV. Impossibilidades de tempo e de recursos financeiros, materiais e humanos necessários para a realização
de uma pesquisa com amostragem probabilística.
Por conveniência (ou acidental): a amostra é obtida por alguma conveniência do pesquisador. O
entrevistado pode ser auto selecionado ou ser escolhido por estar disponível no local e no momento em
que a pesquisa estiver sendo realizada. É a amostragem menos confiável, porém é barata e simples. É
recomendada para pesquisas exploratórias.
Por julgamento (intencional): o pesquisador usa seu “bom” julgamento e uma estratégia adequada para
selecionar os membros da população para, assim, chegar a uma amostra satisfatória para as
necessidades da pesquisa. Uma estratégia possível de utilização é a escolha de casos julgados como
típicos da população-alvo, supondo-se que os erros de julgamento nessa seleção tenderão a
contrabalancear-se. Se o julgamento for correto a amostra poderá propiciar melhores resultados para a
pesquisa, comparativamente a uma por conveniência.
Por Quota: tipo especial de amostra não-probabilística; em que o pesquisador deseja uma amostra que
apresente características semelhantes a determinados grupos que formam uma população heterogênea.
Há necessidade de se saber, a priori, a distribuição na população heterogênea de características
necessárias controláveis e relevantes para a composição da amostra, ou seja, as proporções dos estratos
em tal população. O projeto fica simplificado quando, além de dispor informações sobre a população, o
pesquisador trabalhar apenas com poucas características sob controle e com poucas categorias em
cada uma. O pesquisador pode optar por uma amostragem por quotas proporcional – mantendo a
proporcionalidade (tamanho) de cada estrato da população; ou não proporcional – não mantendo tal
proporcionalidade.
Por tráfego: as pessoas trafegam ou estão em determinado local (loja, rua, clube) vão sendo escolhidas
pelo pessoal de campo. Para a obtenção de amostras mais precisas é preciso realizar o trabalho de
campo em diferentes horários, dias da semana e do mês. Para isso, é necessário um conhecimento prévio
das características e volumes de tráfego no tempo.
Autogerada (“bola de neve”): o pesquisador pode desconhecer o tamanho e a localização dos
elementos da população. A partir do momento que se localizam alguns elementos, pede-se a eles que
indiquem outros, e assim a amostra vai sendo construída.
 FORMAS DE CONTATO
Para Levantamentos
CARACTERÍSTICAS
Com contato:
Entrevista telefônica: tradicional, assistida por
computador (Computer Assisted Telephone Interviews –
CATI);
Entrevista pessoal: em casa, em via pública,
abordagem em shopping center, assistida por
computador (Computer Assisted Telephone Interviews –
CATI).
Sem contato (formas autoadministradas):
Meios eletrônicos: correio eletrônico – email, online –
sites, redes sociais;
Instrumentos deixados a disposição: em empresa, sala
de espera/aula e outras.
Obs.: esses métodos não devem ser considerados
mutuamente exclusivos.
ASPECTOS PARA ESCOLHA
Do tema da pesquisa: complexidade, amplitude,
polemicidade.
Da população analisada: características
socioeconômicas, demográficas, tempo disponível,
horários que permanece em casa, disponibilidade e
atualização de endereços e linha telefônica.
Da capacidade de administração do pesquisador:
domínio da forma, capacidade de gerenciar equipe.
Dos recursos financeiros existentes: entrevistas
tendem a ser mais caras em comparação com as
técnicas autoadministradas.
Do tempo disponível para execução do estudo: a
coleta de dados envolve trabalho/participação de
respondentes e/ou entrevistadores e supervisores.

23
 INSTRUMENTOS
De Coleta de Dados
QUESTIONÁRIO
Consiste em uma série de perguntas (escritas ou verbais)
que um respondente/entrevistado deve responder. O
processo de elaboração é mais simples, em comparação
com o processo de elaboração de uma escala multiitens, e
envolve inúmeras etapas, dentre elas: determinar o
conteúdo das questões individuais, elaborar as questões
de modo a superar a incapacidade/relutância para
responder, decidir sobre a estrutura das questões,
determinar o texto das questões, organizar as questões de
modo adequado, escolher o aspecto visual, reproduzir o
questionário.
ESCALA MULTIITENS
É um instrumento que requer considerável conhecimento
técnico e é usada para medir um construto. Sua
elaboração começa com uma teoria subjacente ao
construto que o pesquisador busca medir e depende de
longo processo de desenvolvimento (que prevê retomadas
e feedback para aperfeiçoamentos) até que sua
confiabilidade e sua validade sejam avaliadas e um
conjunto final de itens da escala seja, definitivamente,
selecionado.

DIFERENÇA ENTRE QUESTIONÁRIO E ESCALA MULTIITENS

Cabe destacar que, além das diferenças entre os processos de elaboração; (1) o questionário é elaborado com intuito de
atender as necessidades de único projeto de pesquisa (sendo possível sua reutilização/replicação em outro projeto, mas isso
não constitui prioridade ou intenção de quem o elaborou), já a escala multiitens é elaborada com clara intenção de servir
como instrumento de referência, ser padrão de medição de dado construto, ou seja ter utilização generalizada; (2)
questionários admitem todos os tipos de estruturas de questões: (a) abertas e (b) fechadas (dicotômicas, escalas e múltipla
escolha); mas as escalas multiitens contêm apenas questões do tipo escala (como, por exemplo: diferencial semântico,
escala de avaliação, escala de satisfação, entre outras).

24
 ASPECTOS DA ELABORAÇÃO
De Um Questionário
Superar a relutância em responder:
Esforço exigido dos respondentes: Uma pergunta espontânea x apresentar uma
lista de opções?
Contexto: Perguntas podem ser apropriadas em alguns contextos e em outros não.
Legitimidade de propósitos: O respondente pode entender que algumas perguntas
não têm um propósito legítimo.
Informação indiscreta: Algumas questões podem ser indiscretas, causar
embaraço, ameaçar a imagem ou o prestígio do respondente.
Aumentando a disposição dos respondentes: colocar tópicos indiscretos no final
do questionário; antes de fazer a pergunta assegurar que ela interessa
principalmente ao respondente; formular a pergunta utilizando a técnica de
terceira pessoa; disfarçar a pergunta, incluindo-a em um grupo de outras
perguntas que o respondente esteja propenso a responder; indicar categorias de
resposta ao invés de pedir cifras específicas; utilizar cartões com as opções
numeradas para que os pesquisados respondam o número em que se encontra a
sua opção de resposta; apresentar duas versões de pergunta uma neutra e outra
de caráter indiscreto.
Escolher o fraseado (enunciado) da questão (diretrizes):
Definir claramente o problema que está sendo abordado: para a definição podem
ser usadas perguntas contendo os 6 Ws - De Quem? O que? Quando? Onde? Por
que? Como?
Utilizar palavras comuns;
Usar palavras sem ambiguidade (ex.: usualmente, habitualmente);
Evitar perguntas tendenciosas (ou de liderança) – exs.: você acredita que...; você
não acha que...
Evitar alternativas implícitas - uma alternativa implícita é aquela que não é
explicitamente expressa nas opções. Ex.: você prefere comprar em lojas online (ou
prefere comprar em lojas física)?
Evitar suposições implícitas - perguntas não devem ser redigidas de modo que a
resposta dependa de suposições implícitas sobre o que acontecerá como
consequência.
Evitar generalizações e estimativas;
Usar afirmações duais: positivo e negativo (inversão da opção de resposta).
25
Escolher a estrutura da pergunta:
Pergunta não-estruturada (aberta): Ex.: Quais são os três principais problemas que
você enfrenta na realização de suas atividades profissionais?
Pergunta estruturada (fechada):
Dicotômica: questão com duas alternativas de escolha e uma opção de
resposta.
Múltipla escolha: questão com três ou mais alternativas de escolha e uma ou
mais opções de resposta:
Escalas: Exs.: de Likert, de Osgood, de satisfação, de avaliação.
Determinar a ordem das questões: Classificação do tipo de informação necessária
em um questionário:
1. Informação básica: relacionada diretamente com o problema de pesquisa. É da
máxima importância para o projeto de pesquisa e deve ser obtida em primeiro
lugar, antes de corrermos o risco de perder os entrevistados formulando uma série
de perguntas pessoais.
2. Informação de classificação: consiste de características socioeconômicas e
demográficas, serve para classificar os entrevistados e entender os resultados.
Essas informações não devem aparecer no começo. Exceção será feita quando tais
informações servirem de filtro ou quando uma amostragem por quota for adotada
em uma pesquisa.
3. Informação de identificação: dos entrevistados, entrevistadores e sobre o trabalho
de campo:
Entrevistados – nome (ou nº do código, havendo promessa de anonimato),
endereço e telefone do entrevistado;
Nome do entrevistador;
Trabalho de campo - data, hora, tempo total de entrevista, local da entrevista);
Com exceção do nome do entrevistado, essas informações não devem ser obtidas
no início da entrevista, embora possam estar no cabeçalho (começo) do
questionário como forma de facilitar o processo de supervisão e controle de
campo.
 TRABALHO DE CAMPO
Coleta de Dados
CUIDADOS NO TRABALHO DE CAMPO
Considerando que os métodos quantitativos são rígidos e estruturados, não é possível
considerar possível mudança no questionário (ou na escala multiitens) durante o trabalho de
campo. Isso seria sinônimo de fracasso do estudo. Problemas com a seleção dos
entrevistados também podem determinar o fracasso da pesquisa. Mas, dependendo do
estudo, pode ser possível agregar nova forma de contato para complementar o número de
questionários respondidos. Em questionários respondidos de forma autoadministrada é
possível e recomendável prever um novo prazo para obter a resposta do respondente. O
follow-up consiste em um novo contato com a pessoa selecionada, para encaminhar
novamente o questionário, ratificar a importância da colaboração do respondente para o
êxito da pesquisa.

26
 PROCESSO DE TRABALHO
De Campo - Entrevistadores
Recrutamento e Seleção de entrevistadores Outros aspectos que devem ser lembrados durante o
Para a seleção dos entrevistadores é preciso: treinamento:
Definir os requisitos das funções de trabalho para o projeto, levando em consideração a Aspectos que devem ser omitidos do entrevistado;
forma de coleta de dados; A necessidade do contato prévio com o entrevistado;
Definir as características dos entrevistadores; Cuidado para o horário de realização das entrevistas;
Escolher as fontes de recrutamento; O período determinado para a coleta de dados;
Recrutar os indivíduos. Os locais onde devem ser realizadas as entrevistas;
Algumas qualificações para entrevistadores: saúde; sociabilidade; comunicabilidade; Os requisitos para seleção dos entrevistados;
educação; experiência. A existência da supervisão de campo.

Treinamento Supervisão dos entrevistadores:

Aspectos que devem ser abordados no treinamento Controle de tempo e de gastos;
1. Informar sobre a realização do contato inicial com o entrevistado: saudação inicial; Controle do preenchimento dos questionários;
entrevistado deve dizer seu nome ao entrevistado; informar a quem está representando; explicar Controle do plano de amostragem;
o que é a pesquisa; informar como a pessoa foi selecionada; valorizar a participação do Controle de fraudes.
entrevistado; solicitar a cooperação do entrevistado.
2. Explicar ao entrevistador que o mesmo ao formular as perguntas do instrumento deve: Validação do trabalho de campo (ou Supervisão
familiarizar-se com o questionário/a escala multiitens; fazer as perguntas na ordem em que externa ou de campo):
estão no questionário/na escala multiitens; utilizar precisamente o enunciado que está no Supervisão 10% a 25%
questionário/na escala multiitens; ler pausadamente cada questão; repetir as perguntas que Indagar sobre a qualidade e duração da entrevista;
não foram entendidas; fazer todas as perguntas; seguir as instruções, sondar cuidadosamente.. Conferir as respostas de determinadas perguntas e
3. Sobre a sondagem durante a aplicação do instrumento, instruir o entrevistador a: os dados sociodemográficos do entrevistado.
repetir a pergunta; repetir a resposta do entrevistado; fazer uma pausa ou sondagem silenciosa;
dar um incentivo ao entrevistado; prestar esclarecimentos a partir de perguntas dos Avaliação dos entrevistadores:
entrevistados; utilizar perguntas ou comentários objetivos/neutros: algo mais? O que quer dizer? Custo e tempo;
Poderia dizer o que tem em mente? Porcentagem de respostas;
4. Em relação ao registro das respostas, pedir para: registrar as repostas durante a entrevista; Qualidade da entrevista;
utilizar as próprias palavras do entrevistado; não resumir nem parafrasear as respostas do Qualidade dos dados.
entrevistado; incluir tudo o que diga respeito aos objetivos da pergunta; repetir a resposta ao
escrever.

27 5. O término da entrevista
 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
CODIFICAÇÃO
É o processo no qual dados brutos
são transformados em símbolos
que possam ser tabulados.
Em questões fechadas a percebidas respostas faltantes
codificação, até, pode ser feita
anteriormente à coleta dos
dados.
Em questões abertas a Introduzir valor neutro na
codificação deve ser feita
posteriormente à coleta dos
dados.
Questões com resposta em
branco (p. ex. ‘0’), sem opinião
(p. ex. ’99’) devem receber um
código fixo
A criação de um livro de
códigos pode ser necessária
para a codificação de
questionários muito complexos
28
Dos Dados
DIGITAÇÃO TABULAÇÃO
É o processo de transferência dos Deve, preferencialmente, ser eletrônica, ou
dados para o computador. Se na seja com uso de programas estatísticos,
fase da digitação forem pois é dessa forma que serão realizadas A
tabulação é o processo de agrupar e contar
os casos que estão nas várias categorias
(não detectadas na etapa de
de análise.
edição) o pesquisador poderá
A tabulação simples (ou marginal)
optar por:
consiste na simples contagem de
frequências das categorias de cada
resposta;
questão.
Atribuir um valor baseado no A tabulação cruzada consiste na
padrão de respostas dado pelo contagem das frequências que ocorrem
pesquisado; juntamente nas categorias de duas ou
Desprezar na análise as mais questões.
respostas faltantes; A tabulação manual – mediante a
Desprezar na análise os casos utilização de lápis e papel, o pesquisador
(variáveis) faltantes ou os registra o número dos valores que
pesquisados faltantes. aparecem em cada questão.
A tabulação eletrônica – envolve a
utilização de computador e permite o
uso de técnicas estatísticas mais
sofisticadas.
 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
Dos Dados
MÉTODOS INTERPRETAÇÃO
Métodos descritivos têm por objetivo Tendo em vista que interpretação dos dados visa
proporcionar informações sumarizadas dos a obtenção de um sentido mais amplo para os
dados contidos no total de elementos da dados, o pesquisador deve ir além da leitura dos
amostra estudada. dados, mediante:
Métodos inferenciais compreendem um Investigação nos fundamentos teóricos
conjunto grande de testes que servem para (bases) da pesquisa;
julgar a validade de hipóteses estatísticas Análise dos conhecimentos já acumulados em
sobre uma população ou para estimar os seus torno do tema abordado.
parâmetros, a partir dos dados de uma
amostra.

DECISÕES
A descrição dessa sequência feita de forma inversa evidencia essa necessidade: (6) a análise e a
interpretação dos dados só poderá ser realizada se (5) os dados foram coletados, mas a coleta só ocorrerá
se (4) tiver instrumento de coleta de dados, no entanto, antes é preciso definir (3) a forma (procedimento)
de coleta de dados; (2) entretanto, tal escolha deve ser baseada no público-alvo da pesquisa; contudo, (1)
primeiro é preciso pensar no tipo de metodologia que será usado para que os objetivos da pesquisa sejam
alcançados.

29