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G.O.

| ANATOMIA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA NA MULHER 1

ANATOMIA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA


NA MULHER
ANATOMIA DO APARELHO UROGENITAL FEMININO
 Parede abdominal;
○ No contexto ginecológico e obstétrico, a incisão cirúrgica mais realizada é
a Pfannenstiel;
§ É realizada abaixo da chamada “linha arqueada”.
○ A imagem abaixo demonstra as camadas da parede abdominal;
§ A porção superior da imagem representa as camadas acima da “Linha
arqueada”;
§ Enquanto que os componentes da porção inferior da imagem,
representam as camadas abaixo da “linha arqueada”.
○ Estrutura e camadas da parede abdominal;
§ Pele;
§ Tecido subcutâneo;
§ Tecido gorduroso;
● Fáscia de Camper;
● Fáscia de Scarpa.
§ Aponeurose;
● Formada pela junção de 3 grandes músculos: m. oblíquo externo, m.
oblíquo interno e m. transverso do abdome;
● Acima da linha arqueada, a aponeurose do m. oblíquo interno se
divide, formando uma porção anterior e uma porção posterior;
1. Anteriormente, há a aponeurose do m. oblíquo externo e a lâmina
anterior da aponeurose do m. oblíquo interno;
2. Posteriormente, há a aponeurose do m. transverso do abdome e a
lâmina posterior da aponeurose do m. oblíquo interno.
● Abaixo da linha arqueada, a aponeurose desses 3 grandes músculos
se fundem e se direcionam anteriormente ao músculo reto
abdominal;
§ Fáscia transversal (transversalis);
§ Tecido extraperitoneal (gordura pré-peritoneal);

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§ Peritônio;
§ Cavidade abdominal;
○ Especialmente em algumas cirurgias ginecológicas, é comum o uso da via
laparoscópica;
§ Marcos anatômicos importantes na via laparoscópica;
● Vasos epigástricos inferiores esquerdos  risco de lesão na punção
dos trocateres laterais.
● Vasos ilíacos  risco de lesão na punção umbilical.
 Genitália externa;
○ Principais pontos para avaliar no exame físico:
§ Monte pubiano;
● Tecido gorduroso no qual se localizam os pelos diante o
desenvolvimento puberal feminino.
§ Região da glande do clitóris;
● É coberta pelo prepúcio.
§ Meato uretral;
● Glândulas de Skene: localizam-se próximas ao meato uretral.
§ Glândulas de Bartholin;
● São responsáveis, em conjunto com as glândulas de Skene, pela
principal quantidade de fluido para lubrificação vaginal.
OBS.: A obstrução dos ductos das glândulas gera acúmulo de muco, formando
o cisto da glândula de Bartholin. O crescimento desses cistos pode cursar com
quadros de dor e incômodo na região vaginal. A infecção (formação de abscesso)
gera quadro de bartolinite.
§ Fúrcula vaginal;
§ Lábios maiores (externos) e menores (internos);
§ Corpo perineal;
● Se estende da fúrcula vaginal até ânus.
§ Região anal.
 Genitália interna;
○ Principais órgãos encontrados na região pélvica;
§ Útero;
§ Ligamento redondo;
● Se liga à região anterior do útero até a região dos lábios externos;

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● Atua promovendo o movimento de anteversão uterino.


§ Tubas uterinas;
§ Ovários;
§ Ligamento suspensor do ovário;
§ Ureteres – se inserem anteriormente, na bexiga;
§ Bexiga – localizada na região anterior;
§ Reto – localizado na região posterior
○ Observe a imagem, em corte sagital;
§ Ureteres;
§ Fundo do útero;
§ Corpo do útero;
§ Colo do útero;
§ Bexiga e uretra;
§ Recesso vesicouterino: é o espaço localizado entre o útero e a bexiga 
Fundo de saco anterior (bolsa vesicouterina);
§ Fundo de saco posterior;
§ Artéria ilíaca externa.
○ Analisando a sustentação e suspensão dos órgãos internos;
§ Sustentação: músculos do diafragma pélvico;
§ Suspensão: dada pelos ligamentos;
● Paramétrio: formado pelos ligamentos cardinais e uterossacros.
§ Outros ligamentos;
● Ligamento largo;
● Ligamento útero-ovárico;
○ Em vias da vascularização, tem-se:
§ Irrigação, especialmente, através da artéria Aorta abdominal;
§ Ao nível da 4° vértebra lombar, a artéria Aorta bifurca-se nas artérias
ilíacas comuns;
● A cerca de 3 cm acima da bifurcação da Aorta, surge um ramo –
artéria mesentérica inferior;
● A bifurcação das artérias ilíacas comuns, bilateralmente, dá origem às
artérias ilíacas externas e internas.
§ Ainda, como outro ramo direto da Aorta, abaixo dos vasos renais, surge
a artéria ovariana;

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OBS.: A veia ovariana esquerda drena na veia renal esquerda; ao passo que a veia
ovariana direita drena diretamente na veia cava inferior.
§ Em relação à artéria ilíaca interna, há uma divisão anterior e posterior;
● Ramos da divisão posterior: artéria íleo-lombar, artéria sacral lateral e
a artéria glútea superior;
● Ramos da divisão anterior: são 9 ramos. Os principais:
1. Artéria de Sampson: é formada pela anastomose das artérias
uterinas e ovarianas; que promovem a irrigação do ligamento
redondo;
2. Artéria uterina;
3. Artéria obturatória;
4. Artéria sacral mediana – é ramo direto da artéria Aorta;
5. Artéria pudenda interna – é um ramo terminal da artéria ilíaca
interna.
○ Relações anatômicas importantes:
§ Ureter e artéria uterina: o ureter passa abaixo da artéria uterina;
● Pontos de risco para lesão do ureter:
1. Ligadura da artéria uterina;
2. Ligadura da artéria ovariana;
3. Ao fechamento da cúpula vaginal – risco de acotovelamento do
ureter;
4. À ressecção dos ligamentos uterossacros.

FISIOLOGIA
 Ovários:
○ São glândulas endócrinas com funções de:
§ Sustentação do desenvolvimento e maturação das células germinativas;
§ Síntese e secreção dos hormônios esteróides.
 Ovogênese;
○ Ainda no período intra uterino da mulher, há o aparecimento das
ovogônias;
§ Tais, iniciam o processo de divisão meiótica, contudo estacionam na
fase de ovócito primário;

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§ Somente durante a puberdade, o ovócito primário retoma o processo


para a conclusão do ciclo;
§ Retomada e concluída a fase de meiose I, o ovócito (agora, secundário)
estaciona na fase de metáfase II, aguardando a ovulação;
§ Ao encontro com o gameta masculino, é finalizada a divisão meiótica,
com origem do zigoto.

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 O folículo ovariano é a unidade funcional dos ovários;


○ Com função de:
§ Nutrir o oócito em desenvolvimento;
§ Preparar o aparelho reprodutor para a fertilização;
§ Liberar o oócito no momento adequado para a ovulação;
§ Gerir a produção hormonal, no intuito de favorecer a manutenção da
gravidez.
 Ciclo menstrual;
○ Características do ciclo menstrual (FIGO):
§ Frequência: 24-38 dias;
§ Duração: 5-8 dias;
§ Volume: 5-80 mL.
○ Didaticamente, é dividido em 2 porções;

○ Regulação neuroendócrina;
§ É mediada através do funcionamento dos núcleos hipotalâmicos;
§ A estimulação do núcleo arqueado - formado por um aglomerado de
neurônios localizados na região mediobasal do hipotálamo - favorece a
produção de GnRH;
● O GnRH através da circulação porta-hipotalâmica-hipofisária alcança
a adeno-hipófise (hipófise anterior);
1. Estimula a produção das gonadotrofinas – FSH e LH – para
atuarem nas gônadas.
● A secreção do GnRH não é contínua;

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1. Ou seja, é de liberação pulsátil – a frequência e a amplitude são


variáveis;
2. A pulsatilidade favorece a liberação do LH e do FSH.
○ Teoria das Duas Células-Duas Gonadotrofinas;
§ Células da Teca (externa);
● Possuem receptores de LH;
● A ligação do LH aos seus receptores estimula a síntese dos
androgênios derivados do colesterol;
1. Androstenediona  estrona;
2. Testosterona  estradiol.
TE-LHA
§ Células da Granulosa (interna);
● Os androgênios produzidos pelas células da Teca são interiorizados,
alcançando as células da Granulosa;
● Sob ativação do FSH, há conversão dos androgênios  estrogênios;
● Tal processo ocorre mediante ação da aromatase.
○ Regulação do Ciclo Menstrual;
§ Pontos importantes:
● Início da fase folicular  aumento do FSH;
● Término da fase folicular  aumento do estradiol;
● Pico de LH  induz a ovulação;
● Corpo lúteo  induz a produção de progesterona.
§ Resumindo,
● O início do ciclo menstrual é dado a partir do primeiro dia da
menstruação;
● Ao começo da fase folicular, há um aumento dos níveis do FSH;
● Juntamente com o aumento do FSH, ocorre a elevação dos níveis de
estradiol;
● À medida que o nível do estradiol cresce, ao final da fase folicular,
deixa de ocorrer feedback negativo (por mecanismos ainda pouco
compreendidos) e passa a ocorrer um feedback positivo sob a
liberação de LH;
§ O valor de corte para a mudança de feedback é de aproximadamente
200 pg/mL;

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Nesse momento, observa-se o pico de LH – dura em média 36 - 40h;



§ A ovulação ocorre em torno de 48h após o surgimento do pico de LH.
● Ocorrida a ovulação e liberado o óvulo, as células remanescentes do
folículo dão origem ao corpo lúteo;
1. O principal hormônio produzido pelo corpo lúteo é a
progesterona.
● Ao endométrio, é observado o surgimento de glândulas volumosas,
evidenciando a passagem pela fase secretória.
○ Gravidez;
§ Na ocorrência de fecundação do óvulo pelo gameta masculino;
● Dia 1: fertilização;
● Dias 2 - 4: ocorre a divisão celular;
● Dias 4 – 5: o blastocisto chega ao útero;
● Dias 5 - 9: o blastocisto se implanta.

§ No período inicial de implantação, o corpo lúteo sustenta a gravidez


(observe a imagem acima), sendo um dos principais produtores de
progesterona e estrogênio;

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§ A partir da implantação do blastocisto, as células do sinciciotrofoblasto


produzem níveis elevados do hCG;
● A formação da placenta ocorre, em média, a partir de 12 semanas de
idade gestacional.

EMBRIOLOGIA DO APARELHO UROGENITAL FEMININO


 Formação das gônadas;
○ Ocorre mediante a junção dos seguintes tecidos: mesotélio, mesênquima
e células germinativas primordiais;
○ Estas células migram para a crista gonadal, formando a gônada primitiva
(composta por medula e córtex);
○ A diferenciação sexual, portanto, depende do sexo genético (seja XX ou
XY).
 Diferenciação gonadal;
○ Anteriormente às 7 semanas do desenvolvimento embrionário, existe
uma gônada indistinta. Isto é, não é possível diferenciar entre indivíduos
masculinos ou femininos;
○ Nesse sentido, as estruturas do desenvolvimento incluem:
§ Gônadas não binárias, bipotentes, indiferenciadas;
§ Ductos de Wolff e de Muller – ambos presentes em ambos os sexos,
inicialmente;
§ Seio urogenital;
§ Tubérculo genital, tumefações genitais e pregas genitais.
○ O sexo fetal depende tanto da presença como da ausência de alguns genes
determinantes das gônadas;
§ Aos testículos;
● Somente ocorre o desenvolvimento na presença da região
determinante do sexo do cromossomo Y (gene SRY);
● Secretam testosterona e hormônio anti-Mulleriano (HAM).
§ Aos ovários;
● Desenvolvem-se quando o cromossomo X está presente e o SRY
está ausente.
§ Às estruturas de Wolff;

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Diferenciam-se nos ductos de Wolff (mesonéfricos) na presença de



testosterona;
● Originam:
1. Epidídimo;
2. Canais deferentes;
3. Vesículas seminais;
4. Ductos ejaculatórios
§ Às estruturas de Muller;
● Diferenciam-se nos ductos de Muller (paramesonéfricos), quando o
HAM está ausente;
● Originam:
1. Útero;
2. Tubas uterinas;
3. Terço superior da vagina.
 Recapitulando o processo de diferenciação gonadal...
○ Para fixar o conhecimento, analise as informações contidas na tabela a
seguir;

 Desenvolvimento típico: masculino e feminino;


○ Masculino;
§ Gene SRY  produz a proteína SRY (conhecida como o fator
determinante dos testículos);
● Estimula a diferenciação da gônada bipotente em testículos;
● Estimula o desenvolvimento de:
1. Túbulos seminíferos;

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2. Células de Leydig;
3. Células de Sertoli.
● Suprime a diferenciação dos ovários.
§ Os testículos secretam:
● HAM – Hormônio anti-mulleriano;
● Testosterona;
● DHT.
○ Feminino;
§ O desenvolvimento do ovário, a partir da gônada bipotente, requer:
● Ausência do SRY – impedindo, assim, o surgimento dos testículos;
● Presença de vários genes encontrados no cromossomo 1, incluindo o
WNT4, Respondina 1 (Rspo1);
● Início ocorre por volta das 10 semanas de desenvolvimento.
§ A diferenciação e o desenvolvimento dos ductos de Muller e da
genitália externa somente ocorrem quando os andrógenos testiculares e
o HAM estão ausentes.

TAKE HOME MESSAGE


 A artéria ovariana é um ramo direto da artéria Aorta;
 Paramétrio: ligamentos cardinais + uterossacros;
 Teoria das “2 células-2 gonadotrofinas”;
○ Nas células da Teca, há produção de androgênios sob ação do LH;
○ Nas células da granulosa, os androgênios são convertidos em estrogênio
sob estímulo do FSH.
 Na embriologia, o desenvolvimento dos ovários requer a ausência do gene
SRY.

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QUESTÕES

1) (IGESP SP - 2021) Os ligamentos que promovem a maior parte da


sustentação do colo e do útero são:
A) Cardinais.
B) Redondos.
C) Largos.
D) Infundibulares.

2) (SCMM AL – 2022) A veia ovariana esquerda normalmente drena na:


A) Veia cava inferior.
B) Veia ilíaca comum.
C) Veia renal esquerda.
D) Veia ilíaca interna.

3) (PSU MG – 2022) O ciclo reprodutivo feminino é controlado pelo eixo


hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO). Sobre esse eixo é CORRETO
afirmar:
A) A progesterona é o principal esteróide sexual responsável pelo feedback
positivo no eixo gonadal, estimulando o pico do hormônio luteinizante
(LH).
B) Níveis circulantes altos e contínuos de estradiol, que ocorrem no final da
fase folicular, são importantes para o controle do eixo HHO e inibem
(feedback negativo) a secreção do hormônio luteinizante (LH).
C) O aumento inicial do estradiol que ocorre no início da fase folicular,
exerce feedback negativo no eixo hipotálamo-hipofisário, inibindo a
secreção de hormônio folículo estimulante (FSH).
D) O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) é produzido,
principalmente, por neurônios localizados no hipotálamo mediobasal e
secretado no sistema porta-hipofisário, de maneira contínua, modulando
a liberação das gonadotrofinas.

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4) (UFRJ – 2021) Para a boa compreensão da fisiologia do ciclo menstrual


é fundamental o conhecimento da teoria das duas células, duas
gonadotrofinas. De acordo com essa teoria, o local onde ocorre a formação
do estradiol e a enzima responsável pela conversão dos androgênios em
estradiol são, respectivamente, as células da:
A) Teca/aromatase.
B) Granulosa/aromatase.
C) Granulosa/redutase.
D) Teca/redutase.

5) (HSL SP – 2021) Os ovários originam-se embriologicamente:


A) Da mesoderme do seio urogenital.
B) Dos ductos paramesonéfricos.
C) Dos ductos mesonéfricos.
D) Dos três folhetos embrionários: ectoderme, endoderme e mesoderme.
E) Do ectoderma do sistema urogenital.

GABARITO

1) A
2) C
3) C
4) B
5) D

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