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Instituto de Estudos e Desenvolvimento Humano Superah

INSTITUTO SUPERAH

Curso de Psicanálise Clínica

Trabalho de conclusão de Curso

TRANSTORNO DE ANSIEDADE E A
VISÃO PSICANALITICA

GLEIDES COSTA MACHADO

MATUPA MT

2023
2

TRANSTORNO DE ANSIEDADE NA VISÃO PSICANÁLITICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Instituto Superah como requisito para a
obtenção do título de Psicanalista.

Gleides Costa Machado

MATUPÁ- MT

2023
3

TRANSTORNO DE ANSIEDADE NA VISÃO PSICANALÍTICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Psicanálise do Instituto


Superah, como requisito para obtenção do título em Psicanalise.

BANCA EXAMINADORA

.......................................................... ......................................................................

......................................................... .....................................................................

Conceito Final_________
4

Dedico esse trabalho à minha digníssima esposa Sônia


Cristina Alves, que é minha parceira e apoiadora. Á minhas
queridas filhas: Lavínia, Mariana e Gleyce.
5

Primeiramente a Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai


das misericórdias e Deus de toda consolação. Agradeço á
minha esposa Sônia Machado pelo apoio e suporte, as minhas
filhas Lavínia, Mariana e Gleyce. Essas quatro mulheres,
agregaram muitos desafios, batalhas e vitórias que me moldou
no homem que sou hoje. Gratidão mulheres maravilhosas.

SUMÁRIO
6

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................07

2. DEFINIÇÃO: TRANSTORNO DE
ANSIEDADE.....................................................09

3. ANSIEDADE NA VISÃO DE FREUD.....................................................................11

4. MECANISMOS DE
DEFESA..................................................................................16

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................30
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1. INTRODUÇÃO

O termo ansiedade tem origem no latim na forma de anxietas.atis. com


definição em nossa língua como um substantivo feminino que designa
desconforto físico e psíquico; angústia; aflição; agonia.

A ansiedade é uma resposta de longa duração aos indícios de perigo que


podem ser sinalizados através de circunstância imediatas, apresentando sinais
bem definidos de perigo, como também por vagas indicações de eventos mal
definidos, nos quais possa haver consequências que prejudique o indivíduo.

Com a nova explosão do mundo moderno e digital, vem agregado o excesso


de informações e atividades cada vez mais rápidas, provocando o estresse e
aumentando o nível de estresse e da ansiedade afetando assim o convívio
social.

Para Freud, do resultado de um conflito mental surge a ansiedade. Acrescenta


que ela provém de uma base biológica natural que ajuda o ser humano a se
manter vivo atuando como um mecanismo de defesa e ativando a reação aos
perigos que colocariam a vida em risco.

Porém, a ansiedade excessiva pode vir a se transformar em distúrbio de


ansiedade que é vista como doença, hoje nomeada de Transtorno de
Ansiedade Generalizada. Quando Freud trouxe à luz da sociedade os seus
estudos, ele caracterizou a ansiedade em três tipos que foram: Neurótica,
Moralista e Realista.

A ansiedade é algo complexo que afeta o psicológico o comportamento e


cognitivo dos seres humanos, ocorrendo mediante a um estimulo de ameaça.
Engloba também uma resposta de adaptação a uma ameaça real e transitória.

Estado de humor desconfortável, apreensão negativa relacionada ao futuro,


inquietações internas são as causas da ansiedade. Sigmund Freud fala que o
Ego cria mecanismo de proteção de si mesmo e instala defesas que são
materializados em anormalidade em favor da preservação do Ego, consistindo
8

em distorções da realidade e negações inconscientes. O que o indivíduo


reprime podem leva-lo a doenças psicológicas. Pode também ser vista como
um transtorno psiquiátrico ou como reação emocional não patológica associada
a contextos diversos da vida. Podendo ser uma manifestação primaria ou
principal dentro doa quadros chamados de transtornos de ansiedade. De forma
secundária podem ocorrer em situações de abstinências a substancias, uso de
drogas ou em associação com outras comorbidades clinicas, ou transtornos
mentais.

O manual diagnostico e estatístico de transtornos mentais- 5º edição Revisada


(DSM5) classifica os transtornos de ansiedade em: Transtorno de Pânico,
Agorafobia, Fobias Especificas, Transtornos de Ansiedade generalizada
Transtorno de ansiedade de separação e Transtorno de Pânico.

A presente pesquisa traz uma discussão a respeito do Transtorno de


Ansiedade (TA) a partir da perspectiva da psicanálise, tendo como objetivo
geral: compreender os fatores e as consequências da ansiedade na saúde do
paciente. A metodologia utilizada para a elaboração desta pesquisa foi a
análise bibliográfica de abordagem qualitativa. Este estudo evidenciou que,
segundo a psicanálise, a ansiedade tem uma relação direta com a
expectativa e a necessidade de pertencimento de algo que atuam como
gatilhos para acionar os sintomas. Os sintomas da ansiedade não são um
desfecho do processo intrapsíquico, mas uma decorrência do esforço do
sujeito de evitar situações conflitantes e que geram problemas.

Portanto, a pesquisa se faz necessária, pois como psicanalista, encontramos e


recebemos muitas demandas referentes ao tema abordado. A discussão traz
uma perspectiva psicanalítica sobre o TA (Transtornos de Ansiedade), bem
como as características dos distúrbios correlacionados, fatores que
desencadeiam e mecanismos de defesa.
9

2. Definição: Transtorno de ansiedade

Segundo a Organização mundial de saúde (OMS), a ansiedade é uma emoção


normal, funcionando como alarme ao perigou ameaça imaginária,
representando um fator de proteção. No entanto, quando exacerbada e
desproporcional, constitui sérios problemas de saúde. No geral a experiência
de ansiedade é caracterizada por problemas físicos, pensamentos de dúvidas
na maior parte das vezes, pensamentos catastróficos, desencadeando assim
modificações no comportamento do indivíduo como evitações de situações já
temidas. Pode também ser vista como um transtorno psiquiátrico ou como
reação emocional não patológica associada a contextos diversos da vida.
Podendo ser uma manifestação primaria ou principal dentro doa quadros
chamados de transtornos de ansiedade. De forma secundária podem ocorrer
em situações de abstinências a substancias, uso de drogas ou em associação
com outras comorbidades clinicas, ou transtornos mentais.

O manual diagnostico e estatístico de transtornos mentais- 5º edição


Revisada (DSM5) classifica os transtornos de ansiedade em: Transtorno de
Pânico, Agorafobia, Fobias Especificas, Transtornos de Ansiedade
generalizada Transtorno de ansiedade de separação e Transtorno de Pânico.

Transtorno de é caracterizado por crises de ansiedade repentina e


pânico: intensa com forte sensação de medo ou mal-estar,
acompanhadas de sintomas físicos. As crises podem
ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento,
durando em média de 15 a 30 minutos.
Agorafobia: é o medo e a ansiedade de ficar em situações ou
locais sem uma maneira de escapar facilmente ou
em que a ajuda pode não estar disponível no caso de
a ansiedade intensa se desenvolver
10

são os transtornos de ansiedade mais comuns: medo


de animais (zoofobia), de altura (acrofobia) e de
tempestades (astrofobia ou brontofobia). As fobias
Fobias especificas específicas afetam cerca de 13% das mulheres e 4%
dos homens em qualquer período de 12 meses.

O TAG, é um distúrbio caracterizado pela


“preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”,
Transtorno de persistente e de difícil controle, que perdura por seis
ansiedade meses no mínimo e vem acompanhado por três ou
generalizada mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga,
irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão
muscular e perturbação do sono.
envolve ansiedade persistente e intensa sobre se
Transtorno de estar longe de casa ou separado de pessoas com as
ansiedade de quais a criança tem apego, em geral a mãe. A
separação maioria das crianças sente alguma ansiedade de
separação, mas ela em geral desaparece com a
idade.
Doença mental crônica em que as interações sociais
causam uma ansiedade irracional.
Para as pessoas com transtorno de ansiedade social,
as interações sociais cotidianas causam ansiedade
Transtorno de irracional, medo, autoconsciência e constrangimento.
ansiedade social ou Os sintomas são medo excessivo de situações em
fobia social: que a pessoa possa ser julgada, preocupação com
constrangimento ou humilhação ou receio de estar
ofendendo alguém.
11

3. A ANSIEDADE NA VISÃO DE FREUD

O pai da psicanálise neurologista e psiquiatra Sigmund Freud,


desenvolveu suas teorias baseada no seu cotidiano com elemento que fazia
parte da sua vida e o que estava a sua volta. Desenvolveu teorias sobre a
mente e o comportamento humano com o objetivo de compreender o início da
histeria e da psicose.

De acordo com Silva (2020), Freud percebeu que a ansiedade é uma


condição que afeta excessivamente o ser humano, pois seus distúrbios estão
associados às reações do organismo diante de situações estimulantes,
sendo um estado altamente desgastante e que tira as pessoas do controle de
suas próprias vidas.

Portanto, discutir a o Transtorno de Ansiedade a partir da visão psicanalítica


“é um retorno à subjetividade, ao questionamento, à complexidade. O que
caracteriza a psicanálise é a investigação da subjetividade, e o seu rigor é
dado pela fidelidade aos seus pressupostos […]” (PERES, 2018, p 13). Para
a psicanálise, a subjetividade é dividida em duas ordens de funcionamento,
relativas ao consciente e ao inconsciente, sendo essencialmente constituída
pela sintaxe inconsciente.

Segundo Silva (2020) a ansiedade sempre desafiou a compreensão


teórica pois se trata de um fenômeno bastante comum dentro da atividade
clínica, sendo necessário encontrar ideias abstratas corretas para que sejam
aplicadas ao objeto de observação com clareza.

Portanto Lent (2010) apud Silva (2020, p. 08) afirma que:

[…] o termo ansiedade é usado para se referir a um es tado de tensão ou apreensão


devido a uma expectativa. Esta manifestação é uma rea ção normal. Contudo,
quando provoca sofrimento, passa a ser considerada patológica, pois chega a

provocar distúrbios orgânicos .


12

Percebe-se que o nível de intensidade do fenômeno é um fator de risco que


pode alterar o bem-estar da pessoa, provocando sintomas que podem
desencadear sofrimento psíquico e prejudicar o convívio do sujeito.

Neste sentido, “indivíduos ansiosos são capazes de selecionar certos objetos


em seu ambiente e ignorar outros, na tentativa de provar que estão certo ao
considerar a situação, muitas vezes inofensiva, amedrontadora […]” (PERES,
2018, p. 11).

Desse modo, podemos dizer que se trata de um estado de tensão


diante de alguma expectativa. O que pode ser considerado normal se não
houve sofrimento. Porém, esta manifestação se torna patológica quando
provoca algum tipo de distúrbio no sujeito. A antecipação de um evento
futuro gera instabilidade psíquica, sendo essa a principal característica da
ansiedade.

Segundo Maia 2021, Freud dividiu a ansiedade em três categoria:

Realista: A ansiedade de realística é a ansiedade gerada por um perigo


conhecido dessa espécie. Isso é quando a pessoa tem medo de ser punida
por algo que fez de errado. O medo reprimido está ligado a segunda infância
do sujeito e percorre por toda a vida adulta do indivíduo. Refere ao medo de
algo existente no mundo exterior.

Moral: A ansiedade neurótica é uma ansiedade inconsciente que está ligada


a um objeto desconhecido. Na visão psicanalítica este objeto foi recalcado, e
só pode ser consciente através do processo de análise. Essa angústia que
gera a ansiedade é uma angústia inconsciente, ela só é manifesta quando o
sujeito se sente seguro em falar, este processo se dá através de análise. se
trata de um medo se ser punido pelo sentimento de culpa. A ansiedade moral
se dá no período da castração. A ansiedade de castração se desenvolve em
ansiedade moral e ansiedade social. Na estrutura neurótica o indivíduo sente
uma diminuição do seu prazer. Ele se torna menos capaz de realizar uma
tarefa que lhe é dada, e seu comportamento se manifesta com certas
reações que podem ser a fadiga, o calafrio, a tontura e o enjoo.
13

Neurótica: A ansiedade neurótica é uma ansiedade inconsciente que está


ligada a um objeto desconhecido. Na visão psicanalítica este objeto foi
recalcado, e só pode ser consciente através do processo de análise.

O indivíduo por não conhecer o objeto causador da angústia sofre de uma


ansiedade neurótica. Segundo Freud:

“o perigo neurótico é assim um perigo que tem ainda de ser descoberto” . A análise
tem revelado que se trata de um perigo instintual. Levando esse perigo que não é
conhecido do ego até a consciência. Está relacionada ao medo sem objeto
reconhecido, ou seja, um temor de algo que pode ou não existir. Já na ansiedade
neurótica: [...] Pessoas que sofrem desse tipo de angústia preveem sempre a
concretização da possibilidade mais terrível, interpretam todo acaso como sinal de
alguma desgraça, exploram toda incerteza no pior sentido. Essa tendência a esperar
desgraças é um traço de caráter de muitas pessoas que, em geral, não poderíamos
caracterizar como doentes; são chamadas de muito angustiadas ou pessimistas [...]”
(FREUD, 1916/2014, p. 526).

A ansiedade pode ser considerada como um sinal indicador para o


organismo de necessidade de levantar defesas psicológicas. Dessa maneira,
“a ansiedade representa um papel central no funcionamento do aparelho
psíquico” (SILVA, 2020, p. 09). Neste sentido:

Sigmund Freud salienta que a ansiedade é consequência de traumas


da infância que foram rechaçados pelo Ego como um mecanismo de defesa
para a evitação da dor. O autor também salienta a relação entre desamparo
e a angústia de castração, onde a privação ou perda do objeto equivale à
separação da mãe, fazendo com que o indivíduo vivencie a sensação do
desamparo devido à sua necessidade pulsional, como no nascimento.
(OLIVEIRA; SANTOS, 2019, p. 34)

Portanto segundo Freud, a ansiedade também pode ser um resultado de


libido contida, seja pelos desejos não realizados, ou pelas experiências
traumáticas ocorridas na infância e que se manifestam na fase adulta em
forma de sintomas.

Na primeira teoria, a da angústia automática, Freud postulou que existe uma


transformação automática da libido reprimida em angústia para a
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manutenção de um nível mínimo, ou ótimo de tensão, como uma tentativa de


aplicar o princípio da homeostase ao sistema nervoso. Consequentemente, a
angústia é entendida como uma reação fisiológica diante do excesso de
excitação nervosa não descarregada. Simonetti (2011)

Já a segunda teoria, a da angústia sinal, afirma que a angústia se refere a


um sinal deflagrado em situações de perigo, funcionando como um
dispositivo do Eu para o enfrentamento antecipado das emergências
pulsionais, oriundas do Isso, por meio da produção de uma dose moderada
de desprazer, que prepara o sujeito para a tarefa do recalque a partir do
princípio do prazer. Nesse sentido, a discussão freudiana sobre a ansiedade
aconteceu em dois momentos de sua obra: na primeira e na segunda tópicas
(SIMONETTI, 2011; FREUD, 1916/2014).

Segundo Goldgrub (2010) a segunda formulação freudiana da ansiedade, que


aconteceu na segunda tópica, inverte a ordem dos fatores: enquanto que na
primeira a repressão e não o recalque é quem estaria na gênese da ansiedade,
agora a ansiedade é concebida como a causadora do recalque (p. 96).

Consequentemente: “O determinante fundamental da ansiedade automática é a


ocorrência de uma situação traumática; e a essência disto é uma experiência de
desamparo por parte do ego face de um acúmulo de excitação, quer de origem externa
quer interna, com que não se pode lidar [...]” (FREUD, 1926/2014, p. 85).

Posteriormente, no seu texto “Novas Conferências Introdutórias à


Psicanálise” (FREUD, 1933/2010), afirma que quando a ansiedade ultrapassa
um certo limite, acaba dando lugar ao sintoma. Além disso, caso a estabilidade
do sintoma seja ameaçada - e isso acontece quando o sujeito decide enfrentá-
lo, por exemplo, através de um processo analítico ou de uma psicoterapia- a
ansiedade voltará a se manifestar (GOLDGRUB, 2014).

“[...] parece, com efeito, que a geração da ansiedade é o que surgiu primeiro, e a
formação dos sintomas, o que veio depois, como se os sintomas fossem criados a fim
de evitar a irrupção do estado de ansiedade” (FREUD, 1933/2010, p. 106).

Goldgrub (2010) afirma que a segunda teoria freudiana da ansiedade vai


trazer a neurose de defesa, uma categoria clínica distinta da neurose atual.
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Ocorrendo uma repressão em decorrência da intolerância da civilização com a


sexualidade. Já a neurose de defesa era originada na infância do sujeito,
decorrente da divisão do psiquismo. Dessa forma, Freud reinterpreta a sua
compreensão da ansiedade a partir da sua compreensão sobre o processo de
constituição do sujeito (desenvolvimento psicossexual) e das instâncias
psíquicas da sua segunda tópica (Isso, Eu e Supereu).

Theisen (2015) ressalta que não podemos perder de vista que a


segunda teoria da ansiedade elaborada por Freud não substitui a primeira. Ao
contrário disso, as duas concepções de ansiedade marcam uma distinção dos
momentos da elaboração psicanalítica deste conceito. Dessa forma, Freud
(1916/2014, p. 521) afirma que: “Seja como for, é certo que o problema da
angústia configura um ponto nodal para o qual convergem questões as mais
diversas e importantes, um enigma cuja solução haverá de lançar luz
abundante sobre o conjunto de nossa vida psíquica”.

Conclui-se então, que as causas da ansiedade envolvem uma


combinação de fatores genéticos, ambientais, psicológicos e do
desenvolvimento cerebral. Como a maioria dos problemas de saúde mental, os
transtornos de ansiedade podem ser causados por fatores psicológicos e
desafiantes experiências de vida, incluindo: Evento de vida estressante ou
traumático; Histórico familiar de transtornos de ansiedade; Questões de
desenvolvimento infantil; Abuso de álcool, medicamentos ou substâncias
ilegais; outros problemas médicos ou psiquiátricos.
16

4. MECANISMOS DE DEFESA

Um mecanismo de defesa é uma manipulação da percepção que tem


como intuito proteger o indivíduo da ansiedade. A percepção pode ser de
episódios internos, tais como os sentimentos e impulsos, ou de episódios
exteriores, tais como os sentimentos dos outros ou as realidades do mundo
(SILVA, 2020, p. 10).

Dessa maneira, Lent (2010) apud Silva (2020, p. 08) afirma que:

[…] o termo ansiedade é usado para se referir a um es tado de tensão ou apreensão


devido a uma expectativa. Esta manifestação é uma rea ção normal. Contudo,
quando provoca sofrimento, passa a ser considerada patológica, pois chega a
provocar distúrbios orgânicos. O nível de intensidade do fenômeno é um fator de
risco que pode alterar o bem-estar da pessoa, provocando sintomas que podem
desencadear sofrimento psíquico e prejudicar o convívio do sujeito.

Neste sentido Peres afirma que, “indivíduos ansiosos são capazes de


selecionar certos objetos em seu ambiente e ignorar outros, na tentativa de
provar que estão certo ao considerar a situação, muitas vezes inofensiva,
amedrontadora […]” (PERES, 2018, p. 11).

Desse modo, podemos dizer que se trata de um estado de tensão


diante de alguma expectativa. O que pode ser considerado normal se não
houve sofrimento. Porém, esta manifestação se torna patológica quando
provoca algum tipo de distúrbio no sujeito.

A ansiedade pode ser considerada como um sinal indicador para o


organismo de necessidade de levantar defesas psicológicas. Dessa maneira,
“a ansiedade representa um papel central no funcionamento do aparelho
psíquico” (SILVA, 2020, p. 09).

Peres (2018) afirma que, a ansiedade é definida pela psicanálise como


uma tentativa do sujeito de encontrar solução para seus conflitos psíquicos,
por isso, as pessoas com esse tipo de transtorno evita situações temidas ou
as suportam com muito medo e insegurança.
17

Os distúrbios de ansiedade “estão relacionados a um grupo de respostas


emitido pelo organismo diante de estímulos ou situações” (MONTIEL, 2014,
172

Os distúrbios de ansiedade são definidos em função de diferentes


características, de acordo com o tipo de suas manifestações episódica ou
persistentes, sobre os fatores desencadeantes, problemas físicos ou
psicológico e se estão ou não associados a outros transtornos mentais ou
comportamentais. (MONTIEL, 2014, p. 173)

Portanto, os pensamentos catastróficos precedem o comportamento,


mas são inadequados à realidade, levando o sujeito a alterar sua percepção
sobre a intensidade do estímulo e a natureza da situação vivenciada

Segundo Silva (2020), são os mecanismos de defesas psíquicas:


Regressão, Recalque, Isolamento, Formação Reativa, Identificação, Projeção
e Sublimação.

A regressão “dá-se esse termo, ao processo que conduz a atividade psí-


quica, a uma forma de atuação já superada, evolutiva e cronologicamente
mais primitiva do que a atual” (SILVA, 2020, p. 10).

O recalque, de acordo com Silva (2020), é a intervenção pela qual o sujeito


procura afastar ou manter no inconsciente as representações associadas a
uma pulsão, como, imagens, pensamentos e recordações.

O isolamento “faz com que se considera separado aquilo que a realidade


permanece unido, exemplo, quando da relação entre a cena traumática, o
conflito ou o desejo recalcado e o sintoma que foi reprimido” (SILVA, 2020, p.
10).

A formação reativa. Segundo Silva (2020), trata-se de uma proteção da


ansiedade a partir da manipulação da percepção interna, fazendo com que, o
sujeito perceba de forma equivocada um sentimento exatamente oposto ao
seu.
18

A projeção: é uma “operação na qual o sujeito expulsa de si e localiza no


outro tudo aquilo que é seu: qualidades, sentimentos, desejos que ele
desconhece ou recusa. Trata-se de uma defesa de origem arcaica” (SILVA,
2020, p. 11).

Vale destacar que a projeção é um mecanismo em que o sujeito passa a


atribuir suas próprias qualidades negativas a um objeto externo, como se
fosse realmente uma característica do objeto. De acordo com o estudo
analisado, as formas de projeção mais comuns são: depositada, fantasias
projetivas, generalização projetiva, pensamento reverberante e transferência
de culpa.

A sublimação: na adaptação lógica e ativa as normas do meio ambiente,


com proveito para nós mesmos e para a sociedade, dos impulsos de id, re-
chaçados como tais pelo eu/self, numa função harmoniosa com o superego.
Isto se constitui uma forma de satisfação, visando o social.

A partir das informações, podemos perceber que, os mecanismos de


defesas psíquicas estão relacionados a tentativa do ego de manter o sujeito
afastado do perigo com o mínimo de estímulo possível e impedir que este
seja dominado pelas três variedades de ansiedade descritas anteriormente:
realista, moral e neurótica.

Já os mecanismos de defesas sensoriais estão relacionados aos


ajustes fisiológicos que extrapolam os limites do Sistema Nervoso Autônomo
e atingem o sistema imunitário e endócrino.

Silva (2020) diz que, a glândula supra renal (localizada numa região do corpo
próxima aos rins), tem ligação direta com o Sistema Nervoso Autônomo
(hipotálamo, hipófise e medula espinhal) e por isso, o comando dessa
glândula é um mecanismo de defesa sensorial da ansiedade.

A autora ressalta que: “devido a ativação do eixo simpático, a adrenalina


produzida pela medula das glândulas suprarrenais, entra na circulação
sanguínea e provoca taquicardia e constrição dos vasos sanguíneos
periféricos” (SILVA, 2020, p. 12).
19

De acordo com Silva (2020), é importante destacar que, enquanto a medula


das glândulas suprarrenais produz adrenalina, o córtex dessas glândulas
libera cortisol, mais conhecido como o hormônio do estresse, que, quando
produzido em quantidades adequadas contribui na adaptação de situações
estressantes, porém, quando em excesso, pode provocar o aumento da
pressão arterial, baixa imunidade e déficit de memória.

Portanto, tanto os mecanismos de defesas psíquicas quanto sensoriais,


agem no organismo como reações de proteção diante dos estímulos, o que
leva o sujeito a agir de forma defensiva, afetando, sobretudo, o
comportamento e o convívio com o meio social.
20

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a pesquisa conclui-se que a ansiedade leva o sujeito a generalizar de


forma excessiva certas situações provocando a capacidade de julgar e
discriminar, excluindo objetos ao seu redor com o objetivo de provar que a
situação é realmente perigosa

Contudo os distúrbios de ansiedade estão relacionados às respostas


emitidas pelo organismo diante de situações que geram temor o risco a vida
do sujeito e são definidos a partir de suas características e do tipo de
manifestação diante dos fatores desencadeantes podendo provocar
preocupações excessivas diante de determinadas situações corriqueiras,
comprometendo, de maneira significativa, a qualidade de vida do sujeito e
seu convívio social.

Portanto a psicanalise trouxe a valorização da subjetividade do sujeito.

REFERÊNCIAS
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