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Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial Ano letivo 2023 /2024

N.º Projeto: N.º Curso: Ano: 10º Turma: C


Disciplina: Comunidade e Intervenção Social UFCD 10369 Intervenção e Desenvolvimento Comunitário

FICHA DE ATIVIDADES #03.23/24 Tema: Empowerment e Comunidade

- Textos -
Nesta ficha são apresentados três textos dedicados à temática do «Empowerment e Comunidade» que depois de lidos
atentamente, devem ser alvo de análise ediscussão no seio da turma (em contexto de aula).
Depois da análise, investiga sobre grupos de auto-ajuda/ajuda mútua em Portugal e completa a lista que te é proposta.

Texto 1 – Empowerment das comunidades


No que respeita aos mecanismos de participação cidadã democrática emancipatória, torna-se relevante
aprofundar a importância do empowerment.
O conceito de empowerment foi abordado pela primeira vez nos anos de 1970 por Barbara Solomon no livro
Black empowerment: social work in oppressed communities
O facto de ser um conceito “atrativo, intuitivo e positivo” é usado com muita frequência na prática da intervenção
social, através de “técnicas de auto-ajuda, assistência mútua e participação no planeamento e gestão de serviços,
bem como a participação dos clientes e dos seus cuidadores na tomada de decisões que os afetam”.
Este é um processo que pretende promover a participação […] de maneira que as próprias pessoas construam
as soluções para os seus problemas e sejam capazes de tomar decisões de forma esclarecida.
Carla Pinto (1998) define o conceito de empowerment como: “Um processo de reconhecimento, criação e
utilização de recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos e comunidades, em si mesmos e no meio
envolvente, que se traduz num acréscimo de poder – psicológico, sociocultural, político e económico – que permite
a estes sujeitos aumentar a eficácia do exercício da sua cidadania”.
Adaptado de: Barata, Ana Catarina. (2021), «A participação da comunidade nas políticas sociais locais – um projeto de intervenção social».

Texto 2 – O que sao grupos de auto-ajuda


Os grupos de auto-ajuda são, segundo Richadson e Goodman (1983), “grupos de pessoas que pensam ter um
problema em comum e que se reúnem para fazer algo a respeito”.
Para ajudar a definir «grupos de auto-ajuda» os critérios mais utilizados são os seguintes:
• autogestão – os próprios integrantes encarregam-se de todos os procedimentos necessários para a
manutenção do grupo;
• independência de instituições e profissionais de saúde – GAA são leigos e autónomos;
• participação voluntária – a frequência ao grupo é totalmente livre;
• nenhum interesse financeiro – GAA não visam lucro; sustentam-se com doações espontâneas dos
integrantes;
• dirigidos para um único problema – os grupos têm um foco: alcoolismo, adição (por exemplo, de drodas),
problemas emocionais, compulsão alimentar;
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• experiências pessoais como principal fonte de ajuda – GAA não utilizam conhecimento científico ou
literatura especializada; o conhecimento partilhado é experiencial.
Os GAA proliferaram nos EUA depois da experiência pioneira e positiva dos Alcoólicos Anónimos (A/A -
grupo criado em 1935 nos EUA).
As mudanças no contexto social (desde a perspetiva norte-americana), ao longo deste século, também
contribuíram para a disseminação dos GAA. Verificou-se, por exemplo, a transição do modelo da família
extensa para o atual modelo familiar nuclear, reduzindo o apoio social primário e, em decorrência, os
referenciais normativos e afetivos básicos.
A mutualidade é o mecanismo fundamental dos GAA. É resultante de relações simétricas, nas quais se dá
e se recebe o mesmo, informação ou apoio emocional, ao contrário de relações assimétricas (típicas dos
serviços profissionais), nas quais uma parte tem um problema e a outra tem conhecimentos para solucionar
o problema. Observa-se que, nos GAA, a recuperação é uma ação coletiva. O integrante ajuda a si mesmo
ajudando os demais. Quem mais se beneficia em tais grupos está, primeiramente, disposto a dar e não a
receber.
Adaptado de: Roehe, Marcelo Vial - «O que são grupos de auto-ajuda» (2005).

Texto 3 – Grupos de ajuda mutua


A ajuda mútua constitui um dos mais significativos movimentos sociais e contemporâneos e, simultaneamente,
um processo de ajuda interpessoal em grande expansão (no final do século XX).
Nos Grupos de Ajuda Mútua (GAM) cada pessoa tem um processo de empowerment, começando a pensar em si
próprio como um indivíduo competente, na medida em que se apresenta de uma forma ao mundo. Nessa
perspetiva, cada membro tem voz nos assuntos da saúde mental, rejeitando o papel de recetores de ajuda passivos.
Estes grupos refletem uma tendência para uma maior participação, controlo e autonomia das pessoas na resolução
dos seus próprios problemas.
Os GAM são estruturas relativamente pequenas (6 a 15 elementos) constituídas por pessoas que partilham um
problema ou situação e se reúnem para a resolução de uma dificuldade ou satisfação de uma necessidade. Assim,
os GAM constituem um poderoso e construtivo meio para as pessoas se ajudarem a si mesmas e aos outros.
Trata-se de grupos autodirigidos, associações voluntárias de pessoas que partilham problemas comuns (doença
ou outra condição) e que se baseiam nos conhecimentos da própria experiência para, em conjunto ou mutuamente,
resolverem ou aprenderem a lidar com as suas preocupações comuns. Assim, estes grupos utilizam a partilha como
metodologia e a experiência como estratégia de intervenção.
Outra característica que os diferencia de outros grupos é o facto de serem liderados pelos seus próprios
membros, terem como pressuposto básico a autonomia face a qualquer sistema interventor exterior e como
estratégia comum a ajuda-mútua que é considerada como principal recurso.
Os GAM constituem ainda espaços de convívio que reduzem o sentimento de isolamento das pessoas que se
defrontam com problemas inesperados ou crónicos.
Adaptado de: Nunes, Ana Clara - «Promovendo a ajuda mútua em saúde mental» (2009).

 Anota neste espaço alguns exemplos de «grupos de auto-ajuda» ou «grupos de ajuda mútua» portugueses:

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