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A escola e a formação do cidadão virtual: a importância da construção de uma base

sólida pautada na ética e nos valores morais

Solange Duarte Palma de Sá Barros 1


Ubirajara Carnevale de Moraes 2
Cátia Cilene Lima Rodrigues 3

Resumo

Este trabalho apresenta os resultados obtidos na execução do projeto “Uma análise das
questões ético-computacionais e suas consequências: como formar cidadãos conscientes e
engajados na Sociedade do Conhecimento”, realizado no Laboratório de Estudos em Ética nos
Meios Eletrônicos da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo) nos anos de 2008 e
2009 1 . Foi feito um levantamento quanto ao tipo de uso que jovens estudantes do Ensino
Fundamental e Médio de escolas particulares faziam da Internet. Para isto, mais de 1.200
alunos responderam a um questionário que abrangia desde a frequência e intensidade de uso
da Internet até os principais locais de acesso, liberdade e as questões relacionadas aos perigos
e problemas associados ao uso indiscriminado da Internet. A partir dos resultados obtidos e
baseando-se no papel que a Internet exerce na vida dos jovens, este estudo objetiva apresentar
as possíveis interferências e alterações que o uso da Internet impõe ao processo educacional e
à vida social, identificando os problemas associados às questões éticas que envolvem o uso
dessa tecnologia.

Abstract

This work presents the results obtained during the execution of the project “An analysis of
computer ethics issues and their consequences: how can we form conscious and committed
citizens within the Knowledge Society”. This project was undertaken in the laboratory of

1
Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada pelos autores citados e também pelos seguintes
pesquisadores: Raquel Cymrot, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira, Thiago Barnabé e Edson Takashi
Okuyama.
Ethics in Electronic Media Studies of Universidade Presbiteriana Mackenzie in São Paulo,
during the years of 2008 and 2009. More than 1200 Primary and High School students
answered a survey about frequency and intensity of Internet use as well as most visited sites,
freedom and issues concerning danger and problems related to the indiscriminate use of
Internet. Having obtained the results and based on the role that Internet has for the youth, this
research aims at presenting the possibility of interference and alteration that the use of
Internet imposes to educational process and social life, identifying problems related to ethical
issues and involve the use of this technology.

Palavras-chave: educação, Internet, ética, valores, computador e sociedade, cibercultura.

Introdução

O crescente uso da Internet, associado às transformações sociais, econômicas e culturais que


passa o mundo contemporâneo têm ampliado as discussões sobre os impactos, benefícios e
problemáticas ocasionadas pelo uso da tecnologia no cotidiano da pós-modernidade. Os
avanços acontecem ao mesmo tempo em que os valores e padrões éticos entram em
decadência. A sociedade tem se deparado com problemas e situações inesperadas, onde
crianças e adolescentes usam a tecnologia com a naturalidade de quem nasceu na era digital

De acordo com Rask (2000), é responsabilidade da Escola, acrescentar à formação


fundamental de um indivíduo, o debate sobre democracia, política e cidadania neste novo
contexto educacional. O autor considera a discussão mais relevante que o oferecimento de
condutas padrão aos jovens, uma vez que ainda não há consenso sobre o que é certo ou
apropriado nas relações virtuais. Portanto, passa pela Escola a formação da consciência do
“ser ético” nos jovens que vivem cada vez mais conectados e integrados ao universo virtual.
O espaço virtual é uma extensão natural da vida dos jovens, que muitas vezes não sabem
como agir e realizar certas tarefas, se não forem feitas através do computador e da Internet.
Em termos educacionais, é preciso que os gestores, os educadores e os pais dos jovens alunos
formem um elo sólido na busca da construção de indivíduo consciente, crítico e ativamente
engajado na atual sociedade do conhecimento.

Algumas escolas passaram a ensinar a ética no uso da Internet na busca de tentar


disciplinar a pesquisa científica e frear as agressões entre as pessoas no espaço virtual. O
trabalho destas instituições empenha-se, em geral, em conscientizar os jovens sobre as
implicações dos atos realizados no espaço virtual, a influência que podem causar na vida
alheia e a que podem submeter-se sem perceber, a agir adequadamente com o ser humano do
outro lado.

A ponderação no uso e o aproveitamento do uso do computador, sem que crianças e


jovens incidam no risco problemas reais – como a pedofilia na rede, a violência digital, a
dependência do uso do computador, entre outros – é o grande desafio destas iniciativas
(Tancara et all, 2004). Diante da insegurança de pais e educadores no desafio de educar no
novo contexto, há a necessidade de compreender a nova geração sem perspectivas
apocalípticas, com a possibilidade de construção de valores necessários ao uso adequado para
a prosperidade do indivíduo e do coletivo, com a contribuição de ambas as partes: enquanto
os jovens são rápidos em assimilar o dinamismo das inovações tecnológicas, os adultos
contribuem com a reflexão da aplicabilidade prática dos instrumentos e ferramentas (Tapscott,
1999).

O Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos (LEEME) da Universidade


Mackenzie realizou em 2008 e 2009, uma pesquisa que teve como principal objetivo a
identificação das principais problemáticas relacionadas com o uso indiscriminado e não ético
da Internet pelas crianças e adolescentes. A partir de um levantamento teórico e um estudo
empírico com 1217 estudantes em uma escola particular da região central da cidade de São
Paulo (Brasil) que determinou o perfil de uso da Internet desses jovens, o que se pôde
observar, é que existe uma escassez de material didático e científico, principalmente na língua
portuguesa, que aborde de forma clara e séria toda a problemática da ética e os meios
eletrônicos, em especial, a Internet. Os estudos mostram que pais e professores nem sempre
estão preparados para conscientizar crianças e adolescentes acerca das problemáticas e
perigos referentes ao uso da Internet, necessitando igualmente de atenção das instituições
educacionais para o fortalecimento – quando não a construção – de uma cultura cibernética
cidadã e responsável.

A partir dos resultados obtidos e baseando-se no papel que a Internet exerce na vida
dos jovens, este estudo objetiva apresentar as possíveis interferências e alterações que a
tecnologia computacional, em especial a Internet, impõe ao processo educacional,
identificando os problemas associados às questões éticas que envolvem o uso desta
tecnologia.

A Internet e sua penetração na sociedade


A penetração da digitalização na vida das pessoas é tão rápida que sequer existe a
possibilidade de reflexão. Não existe um período de transição ou de adaptação: um novo
aparato tecnológico é lançado no mercado e o mesmo passa a ser um objeto de consumo em
um curto espaço de tempo. Tudo aquilo que existe de parecido com um novo lançamento,
passa a ser “velho” e “fora de moda”, e faz com que as pessoas queiram trocar equipamentos
ainda novos e funcionais por um novo equipamento lançado. Este é um primeiro exemplo de
uma consequência na mudança dos hábitos da sociedade digital, que consome tecnologia de
forma desenfreada, sem reflexão e muitas vezes, sem necessidade.

Bauman (2000, p 97), muito bem descreve este consumismo (que diferentemente de
épocas passadas visava suprir as reais necessidades dos indivíduos) como uma simples
liberação dos desejos pessoais, que mudam a toda hora e que é muitas vezes guiado pela vida
do outro, que passa a ser vista como “uma obra de arte”.

A convergência digital e a Internet trouxeram uma série de mudanças para a vida das
pessoas, já que a compreensão acerca do espaço e do tempo mudou significativamente. Muito
mais do que compartilhar informações, quem se conectada à grande rede pode realizar uma
série de atividades: desde as atividades cotidianas mais simples, como conversar com amigos
ou ouvir músicas, até realizar transações bancárias e gerar conteúdos próprios para publicação
na Internet. Estatísticas mostram que a cada dia, mais e mais pessoas se conectam a Internet,
passando grande parte do tempo na frente de um computador, navegando pelo chamado
ciberespaço. De acordo com o site Internet Usage World Stats, o número de usuários da
Internet em todo o mundo no ano de 2010, ultrapassará 1.650 milhões de usuários.

Este espaço plural e infinito permite o registro informações e idéias no formato


multimídia. O conceito de “teia”, gerado a partir do uso do termo Web, transmite exatamente
a noção da grandeza e do crescimento irreversível da Internet. A imagem do crescimento
desta “teia” é inerente ao seu próprio conceito. Primo (2007) atribui à primeira geração da
Web, a característica de isolamento, já que as interações entre usuários e os próprios sites não
era frequente. Sem se conseguir traçar um “divisor de águas”, a primeira geração da Web foi
sendo gradativamente substituída pela Web 2.0, que Primo (2007, p 1), define como “a
segunda geração de serviços online que se caracteriza por potencializar as formas de
publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para
a interação entre os participantes do processo”.
Mais importante do que o conceito de Web 2.0, é a consequência social de seu uso: “A
Web 2.0 tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos de trabalho
coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção social de
conhecimento apoiada pela informática” (Primo, 2007, p 1).

O’Reilly (2005) apresenta em seu texto “What is Web 2.0?” o conjunto de princípios e
práticas associadas ao uso da Web 2.0. Essas práticas mostram bem a passagem de uma
cultura de uso da Internet de forma mais individualizada, para uma cultura de uso massivo e
coletivo. Sejam escritas coletivas, compartilhamento de imagens ou músicas, existe toda uma
gama de relações e interações sociais muito intensas por trás do uso da Web 2.0. E a próxima
onda tecnológica (Web 3.0) promete unir os recursos da Web 2.0 com a chamada Web
semântica, que passará a dar maior precisão às buscas, já que será possível atribuir um sentido
aos conteúdos publicados.

De fato, a tecnologia tem permitido a escolha de algumas possibilidades que antes


eram inimagináveis e que hoje, trazem benefícios que podem ser percebidos a todo instante.
Porém, estes benefícios não podem cegar a sociedade, a ponto de que não sejam reconhecidos
os problemas que dizem respeito às consequências de seu uso desenfreado. Muitos falam em
mudanças: no comportamento das pessoas, nas práticas cotidianas, no ensinar e no aprender.
O simples fato de existir mudança, não significa necessariamente que se muda para melhor.
Leal (1996), em seus estudos sobre dilemas éticos da sociedade da informação, apresenta
algumas perdas decorrentes da incorporação da tecnologia na vida das pessoas: desemprego
(perdas associadas à automação); diminuição na capacidade de comunicação (perda
decorrente das novas formas de interação); diminuição dos espaços individuais (perdas
associadas ao excesso de controle e consequente invasão de privacidade).

Werthein (2000) apresenta outra questão, que diz respeito às diferenças sociais que são
potencializadas pelos avanços tecnológicos. Existe certamente uma estreita ligação entre o
nível de educação de uma nação e seu crescimento social, econômico, cultural e tecnológico.
Nem todos os cidadãos têm acesso a uma educação efetiva, uma educação inclusiva, que dê
oportunidades e que gere igualdade no acesso ao patamar tecnológico em que o mundo está
inserido. Essas e outras questões merecem ser discutidas pela sociedade já que a tecnologia,
principalmente, a tecnologia digital, veio para ficar.

A melhoria da infraestrutura de telecomunicações e o aumento da velocidade de


transmissão dos dados (banda larga) têm permitido que toda interatividade trazida pela Web
2.0 seja plenamente usufruída. As páginas da Internet podem usar recursos mais sofisticados e
serviços diferenciados podem ser prestados. Neste cenário, um usuário da Internet tem, ao
clique do mouse, janelas que abrigam o mundo no formato digital. Músicas, filmes e imagens
de todos os tipos circulam em alta velocidade e passam a configurar verdadeiros objetos de
consumo. As informações são propagadas de forma inexplicável e ficam disponíveis para
qualquer um que tenha interesse, ou seja, a Internet permite conexões permanentes com o
mundo todo. A pessoa que carrega um celular ou um laptop, querendo ou não, é parte de uma
conexão global. Esta conexão gigante, formada por milhões de elos, elimina os limites físicos,
ignora diferenças (sociais, raciais, idiomáticas, etc,) e abriga dentro dela todo tipo de
informação que se possa imaginar.

Percebe-se, então, que o atual estágio da tecnologia impõe regras e coloca a


humanidade em uma relação de dependência frente a obrigatoriedade de seu uso. A
subordinação na relação homem-máquina parece estar invertida e as pessoas são literalmente
conduzidas e mobilizadas pela tecnologia. Não se pretende adotar aqui, uma postura
reacionária que vá contra ao desenvolvimento tecnológico, o que se pretende, é provocar
reflexões sobre as profundas mudanças ocorridas na sociedade e suas consequências diretas e
indiretas de seu mau uso, como por exemplo, no mau uso da Internet. O valor que a Internet
tem para o mundo e para cada pessoa que a utiliza, está diretamente relacionada ao tipo de uso
que é feito dela.

Racismo, briga entre torcidas, apologia a crimes, neonazismo, incentivo ao suicídio,


pedofilia, cyberbulling, isolamento social e dependência são apenas alguns temas que têm
sido noticiados nos últimos tempos e que estão relacionados ao mau uso dos meios
eletrônicos. As principais problemáticas associadas ao uso indiscriminado da Internet
beneficiam-se da questão do anonimato dos usuários e também pelo fato da Internet ser um
meio de comunicação em massa, que atinge uma grande quantidade de pessoas ao mesmo
tempo. A Internet é uma ferramenta de comunicação, que facilita as discussões humanas, mas
não determina o caráter destas discussões. A proliferação da anorexia, da pedofilia, do
suicídio, racismo, ódio entre diferentes torcidas organizadas, manuais para crime, intolerância,
pornografia, e diversas outras problemáticas sociais não são em si um problema da Internet,
mas uma questão humana sobre ética que a Internet apenas evidenciou. A virtualidade é parte
da realidade.
Fazendo-se um levantamento mais detalhado sobre as questões éticas relacionadas
com a Internet, pode se perceber que em algumas delas, o usuário pode ser considerado como
vítima e em outras, ele é o próprio autor de uma ação antiética. A intenção de se conscientizar
alguém sobre as problemáticas inerentes ao uso da Internet não é só evitar que esta pessoa
seja uma vítima em potencial, mas também que padrões éticos e morais sejam adotados por
ela, e assim, não se tornar um autor da problemática.

O jovem e o fascínio pela Internet

Os jovens da era digital têm um perfil comum e característico de quem nasceu inserido no
universo tecnológico. Eles ouvem música e trocam mensagens pela Internet ao mesmo tempo
em que fazem o download de um vídeo e pesquisam alguns conteúdos para trabalhos
escolares. Em meio a tudo isso, falam ao celular, enviam mensagens de texto e transferem as
fotografias que tiraram com seus celulares para o computador.

Os jovens não querem apenas ser ouvintes ou expectadores, querem, além disso,
perguntar, discutir, investigar, fantasiar e criar. O lugar "ideal" para esta geração não poderia
ser outro que não fosse a Internet, visto o conjunto de ações possíveis e o prazer que sentem
"ao navegar na grande rede", sendo este espaço o palco para os chamados webstars 2 .

Não se pode ignorar mais a presença do computador na vida cotidiana em nossa


geração. Embora o computador não eduque, oferece meios sofisticados de acesso ao
conhecimento, constituindo-se um caro elemento para o desenvolvimento em nossa
sociedade: a tecnologia pode estimular o aprendizado, abrindo uma nova dimensão de acesso
á informação; a Internet é ferramenta de troca de idéias, compartilhamento de pesquisas e uma
forte rede social – e quanto mais ligada a outras pessoas, maior o poder pessoal de cada
indivíduo; as comunidades virtuais abrem nova dimensão ao exercício intelectual, com
desenvolvimento da rapidez de raciocínio e trabalho em equipe.

Os estudos pioneiros de Tapscott (1999) mostram que a geração digital é um

2
Nome atribuído às pessoas que usam a Internet para se promover e se tornarem figuras públicas, as chamadas
“celebridades”
imperativo irreversível à nossa cultura, e não nos cabe concordar ou não com ela. A nós, pais
e educadores, cabe aceitar a realidade e torná-la o melhor possível. A Figura 1 ilustra de
forma clara, o tempo que os chamados “nativos digitais” passaram conectados à Internet ao
longo de suas vidas:

De acordo com de Kerckhove (2008), da mesma forma que existiu a geração do rádio
e da televisão, existe a geração da Internet, que de certa forma, apresenta a característica da
ubiquidade, já que é uma geração que está sempre conectada à Internet. Os efeitos desta
conexão “em tempo integral”, de acordo com as pesquisas de de Kerckhove (2008), podem
ser percebidos através do tempo que esta geração irá despender com algumas atividades:

Tempo da vida de um nativo digital


Mais de 10.000 horas de videogame
MaisFigura 1 – Influência da Internet sobre as diferentes gerações
de 250.000 horas de emails e SMS
Fonte: de Kerckhove (2008)
Mais de 10.000 horas no telefone celular
Mais de 20.000 horas de televisão
Mais de 500.000 horas de contato com chamadas publicitárias
Menos de 5.000 horas lendo livros

Figura 2 – Atividades realizadas ao longo da vida de um “nativo digital”


Fonte: adaptado de de Kerckhove (2008)

Não se pode negar que estes dados trazem algumas preocupações, já que algumas das
atividades acima se referem ao lazer, como jogar videogame e assistir televisão. Ainda, o forte
apelo ao consumo pelo qual esta geração irá passar ao longo de suas vidas, é motivo de
preocupação, visto que as consequências que estes dados podem trazer para a sociedade
podem não ser percebidas em curto prazo de tempo. Esta é uma geração que pouco lê e
basicamente passa os olhos pelos textos. A busca pela informação é feita através das
“chamadas”, como em anúncios publicitários, assim, livros são deixados para trás e os
“buscadores” da Internet passaram a ser os grandes aliados desta geração, que prefere o
trabalho coletivo ao individualizado.

Um último aspecto que se pode trazer à discussão, é que se tem feito um uso
minimizado das potencialidades que a Internet oferece: limitados aos comunicadores
instantâneos e às redes sociais. Há que se mostrar para esta geração que não existem limites
para a criação e para o aprendizado através da Internet. De que adiantam máquinas e
infraestrutura cada vez mais moderna, se o uso da Internet tem sido minimizado? De que
adianta um contato intenso com a tecnologia e com a Internet se seus recursos não estão sendo
usados em benefício da educação e do crescimento pessoal?

O papel da escola no mundo contemporâneo

A escola do mundo contemporâneo é o elemento centralizador na formação dos indivíduos.


Vivemos em uma sociedade complexa, onde um dos maiores bens é a informação e onde as
respostas para os problemas devem ser dadas quase que instantaneamente. Os indivíduos,
muito mais do que uma formação escolar baseada em conteúdos didáticos, precisam estar
preparados para a Sociedade do Conhecimento, que exige uma série de capacidades sociais e
interpessoais, onde Hargreaves (2004, p 67) inclui “o sentido dos direitos e responsabilidades,
a construção de confiança, identidade e formação para a cidadania”. Assim sendo,
“precisamos de professores comprometidos e engajados na busca, no aprimoramento, no auto-
acompanhamento e na análise de sua própria aprendizagem” (Hargreaves, 2004, p 41).

O mundo em que vivemos encontra-se desequilibrado em termos de valores: há muita


intolerância, individualismo, exclusão e insegurança. A escola do mundo contemporâneo
deve, acima de tudo, promover os valores mínimos para a convivência em sociedade como
Hargreaves (2004, p 83) tão bem relaciona: “caráter, senso de comunidade, segurança,
inclusão, integridade, identidade cosmopolita, simpatia, memória coletiva, democracia e
maturidade pessoal e profissional”.

Rodrigues, Cymrot, Barros, Moraes et all (2008, p 24) afirmam que há uma dicotomia
entre a prática cotidiana e a expectativa de resultados na realidade da vida: desejamos formar
crianças e jovens honestos, atenciosos, cooperativos, afetuosos, trabalhadores, responsáveis,
com autonomia moral e espírito crítico; mas oferecemos exemplos comportamentais de
descaso, de falta de comprometimento e de fidelidade, com mentiras e agressões, ou dando
“um jeitinho” de adquirir benefícios pessoais descompassados com os resultados coletivos.
Em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea está “plantando silvas e espera colher
rosas”.

De acordo com Heath (2001, p.20) “Ensinar valores é um processo que acontece
diariamente”. Deste modo, supõe reflexão e conhecimento dos valores que orientam a conduta
real dos sujeitos e instituições sociais; enxergar as oportunidades para, conscientemente,
aplicar os valores que se quer fundamentar; sugeri-los verbalmente e discutir sobre conduta
com crianças, jovens e pares; ouvir e entender a compreensão alheia sobre regra; e, por fim,
analisar o valor e a atitude coerente com o que se valoriza para desenvolver a humanidade a
partir da observação da prática mantida nas diferentes situações (Rodrigues, Cymrot, Barros,
Moraes et all , 2008, p 24).

Por ser o professor o elemento que está em contato direto com os jovens, deposita-se
nele, muita das expectativas na formação do indivíduo contemporâneo. O “ensinar” de hoje é
muito mais complexo que o “ensinar” de ontem. Novas técnicas devem ser dominadas pelos
professores e um aprimoramento constante no uso das mesmas é exigido em diferentes
ambientes de aprendizagem. Se existe um novo perfil de alunos, deve existir um novo perfil
de professores. Não se pode fazer de conta que os alunos são os mesmos de dez anos atrás.

Ainda se enfrenta o problema de alunos que tecnologicamente falando, estão à frente


de seus professores. E isso configura um problema, se o professor não tiver um perfil
dinâmico e investigador. Um dos grandes desafios educacionais é ajudar os alunos a
transformar informação em conhecimento. O repositório de informações representado pela
Web é infinito, porém, fazendo-se uma fria análise deste cenário, observa-se que as infinitas
escolhas oferecidas pela Internet são inversamente proporcionais ao aproveitamento que é
feito por parte dos usuários. Como fazer uma boa escolha diante de 1 milhão de opções?

Fica claro, então, que o papel da escola contemporânea vai muito além do domínio das
técnicas pelos alunos, é necessário formar cidadãos capazes e engajados na sociedade do
conhecimento, inclusive na dimensão virtual que permeia a vida dos jovens (crianças e
adolescentes).

Pesquisa de campo

Foi feito um levantamento do tipo de uso que é feito da Internet pelos indivíduos que
pertencem ao nível Fundamental II e Médio do ensino brasileiro. Para isso, foi elaborado
como instrumento de pesquisa um questionário composto de vinte questões fechadas, que
objetivava identificar onde o jovem acessa a Internet, por quanto tempo (frequência de
acesso), o que costuma fazer durante seus acessos na Internet e se tinha conhecimento acerca
das problemáticas e perigos associados ao uso da Internet.
A pesquisa e seu instrumento de pesquisa foram submetidos e aprovados pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Sua aplicação foi realizada
como atividade de sala de aula na disciplina Ensino Religioso e Ética, sendo seu
preenchimento não obrigatório.

O questionário preservou o anonimato dos alunos e foi respondido por 1217 estudantes
de uma tradicional e renomada escola da cidade de São Paulo, Brasil. A amostra se compõe
636 jovens do sexo feminino (52,26%) e 581 do sexo masculino (47,74%). Sendo que 41,66%
cursam o Ensino Fundamental II e 58,34% cursam o Ensino Médio. As idades da amostra
variam entre 10 e 19 anos, sendo que a maioria (20,79%) tem 16 anos.

A fim de se adequar aos objetivos deste estudo, apenas os seguintes aspectos da


pesquisa de campo serão abordados: frequência de acesso à Internet, duração de cada
conexão, local dos acessos, liberdade de acesso, presença dos pais durante os acessos e o
conhecimento dos riscos que a Internet oferece.

Figura 3 – Frequência de acesso à Internet

Nota-se que o acesso à Internet é uma atividade cotidiana da maioria da amostra (67,2%), o
que comprova o excesso de exposição aos diversos riscos oferecidos pela grande rede, se
unirmos a esta informação, o fato de que o tempo que os jovens passam conectados a cada
acesso é considerado elevado.
Figura 4 – Tempo da conexão em cada acesso

Os dados da pesquisa mostram que 98,5% dos jovens têm computador em casa, sendo
que desses, 60,2% têm computador no seu próprio quarto. Em relação à liberdade que o
jovem encontra em sua casa para realizar seus acessos à Internet, 24,87% afirmam não gozar
desta condição enquanto a maioria de 75,13% das respostas afirma que o jovem tem liberdade
para acessar a Internet em sua casa.
Fica claro nesta pesquisa, que a amostra estudada, por ter sua maioria com liberdade
de acesso e por ter um computador em seu próprio quarto para realizar esses acessos, fica
mais sujeita aos riscos do uso indiscriminado do computador, ou seja, sem a supervisão de um
adulto/responsável, esses jovens ficam livres para acessar o que desejarem e no momento que
desejarem.
Se fizermos uma comparação com as outras atividades diárias das
crianças/adolescentes, como ir para a escola, visitar amigos, frequentar clubes e ir a festas, é
interessante perceber que os pais exercem um monitoramento, além de conversarem com os
filhos sobre a presença de estranhos e os perigos do mundo real. Esta diferença de atitudes
talvez possa ser explicada pelo degrau que existe no nível de conhecimento acerca da Internet
e das tecnologias atuais entre pais e filhos (jovens que já nasceram inseridos no mundo
tecnológico). Se por um lado uma parcela dos pais não conhece profundamente o
funcionamento e não estão inseridos de forma plena no mundo tecnológico, por outro lado, os
filhos desconhecem, por questões de maturidade e/ou ingenuidade as problemáticas e os
riscos que são inerentes ao mundo virtual.
Cabe aqui, para cada um dos lados, uma urgência na busca pela parte que falta: pais
precisam estar à frente dos filhos nas questões tecnológicas, participando, se informando e
vivendo junto com os filhos a experiência de “estar conectado à Internet” e os filhos, precisam
ter limites e serem exaustivamente informados dos riscos e dos problemas que acontecem
nesse mundo paralelo, o mundo virtual. Em ambos os casos, a escola tem papel fundamental,
já que o conhecimento e a sua difusão “passa” pela escola, seja nas diferentes formas de
contato com os pais, seja no processo de ensino dos alunos.
Obviamente, a presença dos pais durante os acessos, não é costumeira na vida virtual
dos filhos, já que 36,88% declaram que os pais nunca estão presentes, 61,47% dizem que às
vezes os pais os acompanham e apenas 1,65% respondem que os pais estão sempre presentes
quando acessam a Internet. A ausência dos pais durante os acessos de 36,88% da amostra
pode ser justificada por algumas razões: os pais não estão em casa por estarem trabalhando;
ou estes acessos estão acontecendo dentro do quarto do filho (local privado) ou então, os pais
desconhecem e/ou estão desinteressados em saber o que seus filhos estão fazendo na Internet.
Apesar da grande maioria da amostra estudada conhecer que existem riscos associados
ao uso indiscriminado da Internet (99,26%), atribui-se aos meios de comunicação de massa a
transmissão destes conhecimentos (94,43%). Neste ponto da pesquisa, reforça-se que a escola
aparece como a terceira opção dos jovens com 43,97% e em segundo lugar, ficou a família
como a fonte desta informação (70,07%). O fato dos meios de comunicação em massa serem
os primeiros na questão da informação dos perigos comprova que o assunto tem sido pauta
em jornais, telejornais, revistas e programas de rádio. Talvez isso se deva ao aumento da
ocorrência desses problemas, onde todos os dias lêem-se notícias que relatam crimes, roubos e
golpes através da Internet.

Os meios de comunicação em massa, apenas informam; os pais, na maioria das vezes,


alertam; mas para quem fica o papel de construir uma base sólida de conhecimentos sobre o
uso construtivo da Internet? Não há dúvida que a escola é a maior responsável por esta tarefa.
A escola não pode apenas informar e/ou alertar, cabe a ela definir meios práticos e eficazes de
reforçar a ética e os valores, inclusive na esfera virtual. Todas as situações vividas pelos
jovens podem servir como exemplo: não se pode ter como preocupação apenas a instalação de
vírus, o roubo de dados confidenciais ou a diminuição do lixo eletrônico que invade a caixa
postal do internauta. A preocupação deve-se estender para a integridade emocional de uma
criança, que precocemente acessa conteúdos pornográficos, ou de uma jovem, que tenta
buscar ajuda na Internet, a qualquer preço, para emagrecer. O vício no uso da Internet tem
tirado muitos jovens do convívio familiar (muitas vezes facilitados pelos próprios pais, que
“equipam” os quartos dos jovens com computador e televisão). A acomodação que a Internet
propicia, tem levado muitos jovens a não realizarem pesquisas escolares e se renderem às
cópias e plágios de trabalhos. O que se pretende mostrar é que os meios de comunicação de
massa e os pais nem sempre mostram ou têm condição de mostrar os danos emocionais e/ou
cognitivos que o uso indiscriminado da Internet pode causar a um adolescente.
A palavra de ordem é ponderação, senso crítico e equilíbrio. A atual geração de pais e
educadores é uma das últimas gerações que conhecem “os dois lados da moeda”: a vida antes
e depois da Internet. Não se podem fechar os olhos, como se nada estivesse acontecendo e
aceitar que a vida dos jovens é a mesma, ou melhor. Mais uma vez, ressalta-se que não é
possível e não se deseja adotar uma postura retrógrada, que vá contra aos avanços e ao
progresso. O que se deseja, é que se conduzam crianças e adolescentes no uso sadio e
responsável do espaço cibernético.

Considerações finais

Muito tem se falado sobre este tema, mas apenas no sentido informativo. Muito material tem
sido publicado em forma de “cartilha” disponível para download na Internet. Muito mais do
que informar, é necessário formar, muito mais que uma “cartilha” que informa como
“sobreviver” no universo virtual, é necessária a formação de valores e padrões éticos.

O bem e o mal, o certo e o errado coexistem lado a lado na Internet. Não se podem
deixar as crianças e adolescentes à “deriva” no mar de informações e mídias presentes na
Internet. As consequências podem não ser vistas em curto prazo, porém, conforme estudos e
pesquisas realizadas por Smith (2007), danos materiais, sequelas emocionais e em caso mais
graves, sequelas físicas podem ficar na vida desses jovens.

Aos poucos, algumas ações vão sendo realizadas como, por exemplo, na Inglaterra,
que tornou obrigatório o ensino dos princípios de segurança na Web para crianças acima de 5
anos a partir de 2011 3 . Se as crianças iniciam seus primeiros acessos à rede nesta idade, deve
ser nessa fase que a escola deve propiciar a formação adequada, que permita um uso
consciente e responsável, e que permita a exploração dos inúmeros recursos culturais,
informativos e de serviços prestados pela Internet.

Para isso, saber realizar uma busca de qualidade é essencial, já que é fundamental
saber identificar quais são os conteúdos confiáveis disponíveis na rede. A escola precisa estar
preparada para ensinar e formar os alunos da geração digital, que muitas vezes repetem
comportamentos sem sequer refletir nas consequências ou sem sequer conhecerem que
existem regras e leis a serem seguidas.

3
Folha on line – Inglaterra torna obrigatória aula de segurança na Web para crianças
À medida que mudamos nosso nível de informação, mudamos nossas verdades sociais.
Conseguimos então visualizar a informação como um processo e não apenas como um
elemento. Através da excelência moral, do discernimento e bom-senso, consegue-se lapidar o
paradigma da tecnologia em busca de referenciais compatíveis com os rumos e valores desta
sociedade, onde a relação homem e máquina possa ser benigna.

Referências

Bauman, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000.

de Kerckhove, Derrick. Introduction to Technopsychology. 2008. Disponível em


http://www.utoronto.ca/mcluhan/images/Fellows/technopsy_intro_DdeK_Winter2008_1.pdf.
Acesso em 17 fev 2010.

Folha de São Paulo. Inglaterra torna obrigatória aula de segurança na Web para crianças.
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1
Solange Duarte Palma de Sá Barros (solbarros@mackenzie.br)
Possui graduação em Processamento de Dados, graduação em Licenciatura Plena para o
Currículo do Ensino de 2º Grau e mestrado em Ciência da Computação pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Especialização em Didática do Ensino Superior (Mackenzie).
Extensão Universitária em Análise de Sistemas (FAAP). Atualmente é professora em tempo
parcial da Universidade Presbiteriana Mackenzie e ministra aulas no curso de graduação em
Sistemas de Informação. Atua em pesquisa na área de Tecnologia Educacional,
principalmente com os seguintes temas: Ética computacional, Ética e segurança na Internet,
novas tecnologias, ambientes virtuais de aprendizagem.
2
Ubirajara Carnevale de Moraes (bira@mackenzie.br)
Bacharel e Licenciado em Matemática pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, graduação
em Curso Superior de Processamento de Dados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie,
graduação em Licenciatura Plena para o Currículo do Ensino de 2º Grau pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e Doutorado em Engenharia Elétrica (área de concentração em Engenharia da
Computação) pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialização em Didática do
Ensino Superior (Mackenzie). Especialização em Análise de Sistemas (Mackenzie). Extensão
Universitária em Análise de Sistemas (FAAP). Extensão Universitária em Gerência de
Projetos(Mackenzie). Atualmente é pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie e
professor Adjunto da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem experiência na área de
Sistemas de Informação com ênfase em Programação de Computadores (Linguagens C,
Delphi e VB) e no uso da Informática como estratégia no processo de Ensino/Aprendizagem,
atuando principalmente nos seguintes temas: Computação e linguagens de programação,
Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Informática Aplicada à Educação, Tecnologia
Educacional, Ensino online e Análise de Sistemas. Pesquisa o uso das TIC’s no processo
Ensino-aprendizagem tanto no Ensino Superior (UPM) como no Ensino Fundamental.
3
Cátia Cilene Lima Rodrigues (catiaclr@mackenzie.br)
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde também
desenvolveu o seu aprimoramento em Psicologia Familiar. Mestre em Ciências da Religião
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, concluiu em 2008 o doutorado na mesma
área e instituição. Atualmente é Professora Assistente da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, pesquisadora da Universidade de São Paulo e da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, e psicoterapeuta em Clínica Particular, onde coordena os cursos e eventos
promovidos pela instituição. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Processos
Grupais e de Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: religião, identidade,
psicologia social da religião, ética e educação.

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