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CURSO DE MEDICINA

SEGUNDO SEMESTRE
TUTORIA 10

A IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DAS PROTEÍNAS TOTAIS E FRAÇÕES

SALVADOR, 2019
A importância fisiológica das proteínas totais e frações

As proteínas plasmáticas realizam diversos papéis metabólicos fisiológicos, como a


manutenção da pressão osmótica, transporte de outras moléculas (nutrientes,
metabólitos e hormônios), resposta imune (imunoglobulinas) e coagulação.
A principal proteína plasmática é a albumina, que representa cerca de 60% das
proteínas totais. As globulinas também possuem um papel de grande importância no
plasma, pois são as principais proteínas circulantes e transportam várias
substâncias, além de atuarem também como enzimas e anticorpos.

O exame de proteínas totais e frações é utilizado para se avaliar o estado nutricional


e a presença de diversas doenças hepáticas, renais, hematológicas, que causam
variação na relação entre a quantidade de albumina e de globulinas presentes no
sangue. A dosagem de proteínas totais e frações significa a dosagem de todas as
proteínas presentes no soro e seu fracionamento em dois grandes grupos, um
contendo a albumina e outro contendo as demais, mas principalmente, as
globulinas.

Características químicas

As características químicas das proteínas dependem das características químicas


dos aminoácidos que compõem sua cadeia polipeptídica.
As albuminas apresentam como principal propriedade, que as distingue de todas as
outras proteínas, a sua solubilidade em água; são também solúveis em soluções
fracamente ácidas ou alcalinas, e em soluções 50% saturadas de sulfato de amônio;
coagulam pela ação do calor. Exemplos de albumina incluem a clara do ovo
(ovalbumina), do leite (lactalbumina) e de ervilhas (legumitina). a albumina, a qual
constitui aproximadamente 60% das proteínas plasmáticas totais; contudo, devido
ao seu tamanho relativamente pequeno (69 kDa), acredita-se que contribua com 70
a 80% da pressão osmótica total do plasma.
As globulinas são praticamente insolúveis em água, mas solúveis em soluções de
sais neutros. Precipitam em soluções 50% saturadas de sulfato de amônio.
Exemplos de globulina são o músculo (miosina) e ervilhas (legumina).
As proteínas conjugadas são proteínas que por hidrólise liberam aminoácidos mais
um radical não peptídico, denominado grupo prostético. Os grupos prostéticos
podem ser orgânicos (como por exemplo uma vitamina ou um açúcar) ou
inorgânicos (por exemplo, um íon metálico) e encontram-se ligados de forma firme à
cadeia polipeptídica, muitas vezes através de ligações covalentes. Uma proteína
despojada do seu grupo prostético é uma apoproteína, designando-se por vezes a
proteína com grupo prostético como holoproteína. Os grupos prostéticos são um
subgrupo de cofatores; ao contrário das coenzimas, encontram-se ligados de forma
permanente à proteína.
Já as proteínas simples ou homoproteínas são constituídas, exclusivamente, por
aminoácidos. São as proteínas que sofreram transformações enzimáticas nas
células. Várias classificações têm sido propostas para as proteínas das quais a
menos comumente empregada é baseada na solubilidade desses compostos em
diferentes solventes. Embora essa classificação seja mais ou menos artificial e de
valor limitado devido ao fato de que algumas proteínas de estruturas diferentes são
solúveis no mesmo solvente, enquanto outras de estruturas semelhantes têm
solubilidades diferentes, ela é, até hoje, a mais empregada.

O papel metabólico fisiológico das proteínas totais e frações


-Albumina
A albumina sérica é a mais abundante proteína do plasma humano, produzida pelo
fígado, é um monômero de 66 kDa. A albumina tem uma concentração plamástica
típica de 35-45 g/L, que representa 30 a 40% da albumina sintetizada no fígado. O
restante encontra-se distribuído entre os músculos e a pele. Sua principal função
fisiológica é manter a pressão osmótica.
Essa proteína é caracterizada por sua habilidade de ligar a uma ampla variedade de
moléculas hidrofóbicas, ácidos graxos, bilirrubina, hemina, tiroxina e esteroides.
Serve como solubilizador e transportador destes compostos.
A função mais importante da albumina é manter a pressão osmótica coloidal. A
albumina provê 60% da pressão osmótica coloidal. Ela é negativamente carregada
e, por conseguinte atrai íons de sódio, os quais por sua vez retêm a água. A
albumina também atraí outros íons positivos osmoticamente ativos, os quais também
aumentam a retenção de água.
Por outro lado, a organização estrutural globular da HSA dá a possibilidade de se
ligar com várias substâncias em múltiplos sítios da molécula, unindo-se assim a
vários componentes endógenos e exógenos. Estes compostos incluem ácido graxos,
bilirrubina, metal, tiroxina e triptofano, assim como drogas que têm características
ácidas ou eletronegativas. Essas caraterísticas fazem com que a HSA seja um dos
maiores transportadores de fármaco no sangue. A HSA pode facilitar a ativação de
várias substâncias, tais como hormônios ou drogas, ou diminuir a presença de
toxinas no plasma.
Ainda, estudos in vitro mostram que o HSA pode se ligar e, por conseguinte,
remover neutrófilos derivados de espécies reativas de oxigênio, regulando a
sinalização celular que é ativada nos processos inflamatórios.
O HSA também influencia o status redox do plasma ao ligar metais como o ferro e o
cobre que de outra forma se transformariam em formas redox-ativas.
Desta forma o HSA tem um papel antioxidante importante em situações de
inflamação.
-Globulinas
As globulinas são um grupo de proteínas globulares, solúveis em solução salina, de
massas moleculares diversas. Encontram-se como substâncias de reserva no reino
vegetal e como portadores de importantes funções fisiológicas no corpo humano
como a actina e miosina nos músculos. Entre as globulinas mais importantes
encontram-se as do plasma sanguíneo, que por migração eletroforética se separam
em três frações: alfa (α), beta (β) e gama (γ). Entre as β-globulinas, algumas
transportam íons metálicos no plasma, nomeadamente a transferrina transporta o
ferro e a ceruloplasmina o cobre. As γ-globulinas constituem a maioria dos
anticorpos (imunoglobulinas).
O grupo das alfa- 1 globulinas é constituído por um conjunto de várias proteínas,
entre as quais a alfa-1-antitripsina, que corresponde a 90% do pico normal de alfa-1-
globulina, protrombina, transcortina, globulina ligadora de tiroxina e alfa-fetoproteína.
As frações alfaglobulinas apresentam níveis aumentados em processos
inflamatórios, infecciosos e imunes A banda alfa-2 é constituída por um grupo
variado de proteínas, entre elas a haptoglobina, a alfa-2-macroglobulina, a
ceruloplasmina, a eritropoetina e a colinesterase. Da mesma forma que as alfa-1-
globulinas, as proteínas pertencentes a essa banda também se comportam como
proteínas de fase aguda, aumentando sua concentração na presença de infecção,
em processos inflamatórios e imunes.
Já as beta globulinas são composições proteicas heterogênicas com destaque para
a beta-lipoproteína e transferrina, representando o grupo beta-1 e a C3
representando o grupo beta-2. A transferrina é sintetizada nas células hepáticas e
sua função é o transporte do ferro plasmático. Sua concentração está relacionada
com a capacidade total de ligação ao ferro e a elevação da concentração com
reflexo no aumento da fração beta globulina é indicativo de carência de ferro. Já a
fração C3 é um dos nove componentes principais do complemento total e atua na
resposta imunológica humoral. Sua deficiência tem caráter autossômico recessivo e
resulta em redução da resposta à infecções. Assim, a elevação do complemento C3
induz o aumento de beta globulina em processos infecciosos crônicos e agudos. A
diminuição dessa fração é rara e, pode estar associado a doenças hepáticas, devido
a redução da produção dessa globulina ou má nutrição.
As gama globulinas são sintetizadas pelos linfócitos, em resposta a um antígeno.
Podem reconhecer e precipitar, ou neutralizar invasores como bactérias, vírus ou
proteínas estranhas oriundas de outras espécies, ou outras substâncias.

Atividade endógena da albumina e da globulina


A determinação das proteínas totais é um importante indicador do estado nutricional,
sendo bastante útil no despiste e diagnóstico da doença hepática, doença renal e
muitas outras patologias.
Níveis baixos de proteínas totais alertam para uma possível alteração hepática, renal
ou uma doença na qual as proteínas não são absorvidas corretamente no intestino
ou existe uma deficiência das mesmas nos alimentos ingeridos ou ainda por perda
acentuada das mesmas.
Estes valores baixos podem ser encontrados em doenças que provocam défices de
absorção das proteínas, como a doença celíaca, em situações de desnutrição grave
ou em queimaduras extensas. Níveis elevados de proteínas surgem em situações de
inflamação crônica e perante doenças de medula óssea.
Pode igualmente ser solicitado no laboratório clinico a realização da relação da
albumina com a globulina (relação A/G), que é calculada a partir dos valores obtidos
na determinação direta das proteínas totais e da albumina.
A albumina é considerada pouco sensível para avaliar desnutrição de forma isolada
quando se trata de desnutrição aguda, pois a reserva corporal é grande e possui
uma meia-vida longa, em torno de 20 dias. É importante ressaltar que fatores não
nutricionais, como estresse, traumatismo, cirurgias e aumento do líquido
extracelular, podem afetar níveis de albumina sérica de forma aguda.
Já como marcador de desnutrição crônica, é utilizado de forma rotineira, pois é um
exame simples, de baixo custo, com boa sensibilidade para acompanhamento e
predição da ingesta de proteínas.
Como já demonstrado anteriormente, a albumina também é um marcador para a
regulação da pressão oncótica do plasma, pois quando há excesso de albumina, o
sangue tem um grande acúmulo de água, o que provoca sobrecarga no trabalho do
sistema cardiovascular
Quando o valor da albumina é alto pode significar desidratação, sarcoidose,
tromboangeíte. Por outro lado, o valor da albumina pode ser reduzido por
alcoolismo, deficiência hereditária, hepatite aguda ou crônica, cirrose do fígado,
collagenopatias, gravidez, inflamações, insuficiência renal crônica e hipertiroidismo.
Globulina

REFERÊNCIAS:

MARKS, C. S.; ALLAN D.; LIEBERMAN, M. Bioquímica Médica Básica de Marks:


Uma Abordagem Clínica, 2ª edição, Porto Alegre: Artmed, 2007

J Bras Nefro Volume XXVI - no 3 - Supl. 1 de Agosto de 2004

https://aditivosingredientes.com.br/upload_arquivos/
201604/2016040636057001460595262.pdf

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