Neuropatia diabética e cuidados com o pé diabético
Fisiopatologia
O desenvolvimento da neuropatia periférica diabética inicia-se pelas
alterações bioquímicas que levam ao acúmulo de sorbitol e frutose nos nervos periféricos. Aldose redutase converte glicose em sorbitol, que subseqüentemente é convertido em frutose pela poliol desidrogenase. O acúmulo de sorbitol e frutose determina diminuição dos níveis de mioinositol no nervo, levando à desmielinização axonal . Os inositóides são parte importante da membrana celular e reguladores de seus canais iônicos dependentes de Ca++. Menores níveis de inositóis determinam maior susceptibilidade da membrana à entrada e ao acúmulo intracelular de Na+, resultando, portanto, em maior tendência à despolarização neuronal. O quadro evolui com edema, espessamento de mielina, disjunção axonal e degeneração neuronal. A deficiência do ácido di-homogamalinolênico (GLA) e também do N-acetil-L- carnitina tem sido implicada. A suplementação de dieta com mioinositol poderia reverter as lesões dos nervos periféricos em estágios iniciais dessa disfunção bioquímica, enquanto a modulação da aldose redutase continua sendo uma alternativa terapêutica para o tratamento da neuropatia diabética. Esse modelo bioquímico proposto inicialmente há mais de três décadas, confirmado em animais e em seres humanos, estabeleceu uma relação sólida entre o controle inadequado da glicemia, alteração da membrana neuronal e neuropatia periférica. Mais recentemente, o papel dos fatores de crescimento do nervo (nerve growth factors, NGF) vem sendo estudado e sua modulação farmacológica poderia alterar a evolução da neuropatia periférica diabética. Os NGFs promovem proteção e manutenção dos neurônios sujeitos aos efeitos nocivos do diabetes, portanto a morfologia e a função dessas células dependem do funcionamento normal dessas substâncias. Alterações histopatológicas do nervo periférico comprometido demonstram uma variedade de mecanismos que podem contribuir para a sintomatologia da doença. Obstrução de fluxo sangüíneo em vasa nervorum, vasodilatação por inflamação neurogênica, diversos graus de desmielinização ao longo do axônio, alteração do diâmetro axonal, modificação estrutural de mitocôndrias e hiperosmolaridade intersticial podem estar relacionados com os vários estágios de desenvolvimento da neuropatia.
Caso clínico
Paciente do sexo masculino, 62 anos, pardo, casado, natural de minas
gerais, dono de uma loja de roupa, cristão , em consulta de rotina para controle do diabetesqueixa dormência,formigamentoeumasensibilidademaiorador,refere que os sintomas iniciaram há 3 meses com sensação de dormência nos pés, e que piora no período da noite, com história de diabetes mellitus tipo 1 , há 20 anos faz uso de metformina 850mg e insulina 15unidades no período noturno (afirma não fazer uso do medicamento de fo rma adequada) nega alergia , nega doença por qualquer outra infecção, vacina em dia, fumou por 12 anos 20 unidade de cigarros diariamente, etilista ocasional, mãe morreu de CA de pulmão, o último exame da glicemia em jejum era de 140mg|dl e a hemoglobina gl icada era de 8,1%. Ao exame físico, paciente orientado, lúcido, afebril, hidratado, PA 150|90 mmhg, frequência cardíaca 90 bpm, eupneico, frequência respiratória 18 rpm, abdome globoso, flácido, ruídos hidroaéreos presentes, fígado e baço não palpáveis, não refere dor a apalpação superficial e nem profunda , membros inferiores apresenta dor a apalpação superficial, com perpetuação da sensação dolorosa, na marcha deambula com dificuldade. Paciente orientado a realizar exames laboratoriais de hemograma, glicemia em jejum, hemoglobina glicada, dosagem bioquímicas , b12, ureia, creatinina, transferases e bilirrubina , urina, encaminhada para o ambulatório para avaliação do neurologista, na avaliação quando realizado exame neuro condução revelou- se alterações em fibras sensitivas e motoras rápidas, bem como dor , reflexo H e na onda F, o exame eletromiografia registrou alteração no funcionamento neurônio motor inferior e consequência do conjunto de fibras musculares por ele inervado, hemograma completo e urina não tiveram alterações da normalidade. Após o estudo cl ínico e a realização dos exames, o diagnóstico é uma polineuropatia simetria distal, tratamento de controle glicêmico, ácido alfa lipoico VO 600 mg/dia em jejum, controle do estresse oxidativo, orienta paciente a importância da prevenção do pé diabético que resulta em insensibilidade e disfunção autonômica.
Tratamento e cuidados
Para o adequado tratamento do DM é importante manter
os níveis de glicemia controlados, a glicemia descontrolada leva a maiores riscos de complicações agudas e crônicas. O tratamento não -medicamentoso começa c om mudanças nos hábitos de vida, deixando saudáveis e deve ser de forma regular e continua, a alimentação saudável, atividade físico, evitar o consumo de álcool, tabaco e outras drogas e o controle do peso corporal. O tratamento medicamentoso para o DM tip o 1, consiste no uso de insulina, que deve ser ajustada e prescrita individualmente, pois hoje encontra -se disponíveis vários tipos de insulina, o médico irá prescrever levando em consideração o quadro clínico, o manuseio e a disponibilidade e acesso ao medicamento. Já o DM tipo 2 costuma -se associar os antidiabéticos orais e as insulinas, dependendo do quadro em que se encontra e evolução da doença. A aceitação dos pacientes bem como a fácil administração, contribui também para que os medicamentos orais se jam de 1a escolha para o tratamento DM tipo 2. As medicações orais disponíveis na relação nacional de medicamentos, o cloridrato de metformina (comprimidos de 850mg), Glibenclamida (de 5mg) e Glicazida (30,60 e 80 mg). Todo tratamento deve ser prescrito e orientado por um profissional apto. Outra medida efetiva é a redução da pressão e descarga direta nos pés, calçados adequados, que diminua a carga pressórica, o uso de meia sem costuras para evitar cisalhamento, fricção e absorva o suor evitando micoses entre os dedos, proibir de retirar cutículas e ensinar os mesmo a cortar suas unhas, hidratação, para evitar racha duras, entre outras. Conclui -se que a enfermagem deve estar sempre capacitada e treinada para a identificação do portador de neuropatia diabética, com avaliação adequada, acompanhamento individual, atender de forma integral, acolhedora e humanizada.
Flávia Estela Barbosa Rodrigues
RA: 520213361 Natali Regina dos Santos RA: 52116820 Nathalia Maghi da Fonseca Faleiro RA: 51927314 Viviane Cardoso Marques RA: 52311913