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Introdução

O trabalho actual, tem como tema; “Metabolismo dos Aminoácidos”. Neste tema,
falaremos sobre as reações que os aminoácidos sofrem nos organismos vivos. Todos os
aminoácidos possuem uma etapa em comum no metabolismo que é o ciclo da ureia,
após o ciclo da ureia cada aminoácido possui o seu metabolismo próprio, totalizando 22
rotas metabólicas diferentes.

O metabolismo dos aminoácidos é um processo complexo e essencial para a


manutenção da vida. Como afirmado por Berg et al. (2002), "os aminoácidos são os
blocos de construção das proteínas e desempenham papéis críticos no organismo,
incluindo o fornecimento de energia, a síntese de proteínas e a regulação de processos
metabólicos".

Além disso, conforme citado por Smith et al. (2010, p. 45), "o metabolismo dos
aminoácidos é fundamental para a homeostase do organismo e para o funcionamento
adequado de diversos sistemas fisiológicos".

Neste contexto, este trabalho tem como objetivo explorar a complexidade do


metabolismo dos aminoácidos, destacando sua importância e os mecanismos envolvidos
nesse processo vital.

Problemática

A ausência de conhecimento sobre “metabolismo dos aminoácidos” submete-nos a


investigar sobre este tema, a fim de esclarecer o comportamento dos aminoácidos e os
seus efeitos dentro do organismo vivo para o domínio científico e desenvolvimento do
conhecimento dos estudantes do curso de Análises Clínicas e Saúde Pública.

1
Justificativa

Sendo o tema supracitado um tema pertinente porque constitui um papel fundamental na


vida dos seres vivos, iremos abordar questões no sentido de introduzir os estudantes

2
deste curso dentro do conhecimento sobre metabolismo dos aminoácidos para o
contributo e desenvolvimento científico, e académico dos estudantes de A.C.S.P.

Objetivos

3
Geral: Investigar e compreender os processos fundamentais do metabolismo
dos aminoácidos, analisando suas vias metabólicas regulação e importância
fisiológica, visando contribuir para o avanço do conhecimento na área e sua
relevância para a saúde humana.

Específico:

 Conhecer as vias metabólicas em comum de todos os aminoácidos e o destino


final do NADH e FADH2 na fosforilação oxidativa.

 Avaliar o papel dos aminoácidos na síntese de proteínas e sua


contribuição para processos celulares essenciais.

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Fundamentação Teórica

Definição: aminoácidos são compostos de carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio -


também chamados de azoto em Portugal - e alguns contem enxofre, como a metionina e
cisteína. A estrutura geral dos aminoácidos apresenta um grupo amina e um grupo
carboxilo. Os aminoácidos tem a carboxila e a amina ligados ao mesmo carbono.

Existem 20 aminoácidos principais sendo denominados aminoácidos proteinogenicos ou


padrão. Outros aminoácidos como selenocisteina são encontrados em proteínas
especificas. Desses 20, 9 são ditos essências: isoleocina, leucina, valina, fenilalanina,
metionina, crionina, triptofano lisina, histidina. O organismo humano não é capaz de
produzi-los por isso é necessário a sua ingestão através dos alimentos para evitar a sua
deficiência no organismo. Uma cadeia de aminoácidos denomina-se peptídeos, esta
pode possuir dois aminoácidos (dipeptideos), três aminoácidos (tripetideos), quatro
aminoácidos (tetraptideos), ou muitos aminoácidos (polipeptídeos). O termo proteína é
dado quando há entre centenas e milhares de aminoácidos na composição de
(polipeptídeos).
As ligações entre aminoácidos denominam-se ligações peptídicas e estabelecem-se
entre o grupo amina e o grupo carboxilo de dois aminoácidos diferentes , com a perda
de uma molécula de agua.

Liberação do grupo Amina

As aminas são bases orgânicas, que são obtidas a partir da substituição de um, dois ou
três átomos de hidrogénio da amónia (NH3) por cadeias carbónicas. Portanto, o grupo
funcional das aminas pode ser um dos três abaixo:

De acordo com a quantidade de hidrogénios substituídos, as aminas podem ser


classificadas em:

Aminas primárias: 1 hidrogénio substituído;


Aminas secundárias: 2 hidrogénios substituídos; Aminas
terciárias: 3 hidrogénios substituídos.
A nomenclatura oficial das aminas primárias segue a seguinte regra estabelecida pela
IUPAC:

Lembrando que se houver instaurações ou ramificações, é necessário numerar a cadeia


partindo da extremidade mais próxima do grupo NH2 e mostrar em qual carbono ocorre:
Exemplos:

H3C — NH2: metanamina


H3C — CH2 —NH2: etanamina
H3C — CH2 — CH2 — CH2 —NH2: butan-1-amina
NH2
|
H3C — CH — CH2 — CH2 — CH2 —CH3: hexan-2-amina
NH2

5
| H3C — CH2 — CH — C = CH — CH3: hex-3-en-3-
amina
Principais propriedades das aminas:

As aminas possuem carácter básico porque elas derivam da amónia e seu átomo de
nitrogénio possui um par de electrões não compartilhados, sendo possível, portanto,
oferecer esse par de electrões (segundo a teoria eletrónica de Gilbert Newton Lewis,
uma base é toda espécie química capaz de oferecer um par de electrões). Além disso, o
par de electrões possibilita que as amimas também possam receber um protón H +
(segundo a teoria protônica de Brønsted-Lowry, base é toda espécie química capaz de
receber um protón H+).

As aminas são usadas na síntese de compostos orgânicos, na produção de certos tipos de


sabões e na vulcanização da borracha. As aminas aromáticas são muito usadas na
fabricação de corantes (como a anilina, que é a benzeno amina) e de explosivos.

As aminas podem ser encontradas nas condições ambientes dos três estados de
agregação:

• Gases: Aminas com 1 a 3 substituintes metil e a etilamina;


• Líquidas: Da propilamina à dodecilamina;
• Sólidas: Aminas com mais de 12 átomos de carbono (acima da dodecilamina)
são sólidas.

A metilamina e a etilamina têm o cheiro parecido com o da amônia, as demais aminas


possuem cheiro de peixe, que pode ser eliminado com caldo de limão. Inclusive, uma
das aminas responsáveis pelo cheiro do próprio peixe é a trimetilamina.

As aminas aromáticas são tóxicas e letais.

Aminas no cotidiano:

No cotidiano, esse grupo funcional é encontrado nas moléculas de muitas substâncias


estimulantes e em drogas, tais como a cafeína, a nicotina, anfetaminas (um de seus
derivados é o ecstasy), a cocaína e o crack.

As vitaminas fundamentais para a manutenção da vida são também aminas, daí o seu
nome: “vital + amina”. Mas nem todas as vitaminais são aminas. Nos alimentos e no
nosso organismo existem também os aminoácidos, que são compostos com o grupo
amina e também com o grupo carboxila.
Também estão presentes em anestésicos, antibióticos, um exemplo é a penicilina, e em
antidepressivos, como a fluoxetina.

Digestão de proteínas e aminoácidos


A digestão das proteínas inicia no estômago. As células parietais que revestem a parede
do estômago secretam HCl, enquanto as células principais secretam pepsinogênio e a
mucosa gástrica secreta gastrina.

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Quando o pH do estômago atinge valor entre 1,0-2,5 o pepsinogênio é convertido à
pepsina, que é uma endopeptídase. O HCl hidrolisa as ligações peptídicas
indiscriminadamente, enquanto que a pepsina hidrolisa as ligações peptídicas no lado N
de Phe, Trp e Tyr. As glândulas do Retículo Endoplasmático rugoso do pâncreas
secretam zimogênio e bicarbonato. O bicarbonato neutraliza o pH para 7,0 e o
zimogênio é convertido em tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidases. A tripsina
hidrolisa as ligações peptídicas no lado C de Arg e Lys, a qui-motripsina no lado C de
Phe, Trp e Tyr, e as carboxipeptidases hidrolisam a ultima ligação peptídica no lado C.
Ao final deste processo todas as proteínas são convertidas à aminoácidos, que são
absorvidos pelas vilosidades da mucosa intestinal (Figura 1).

Transaminação

Os aminoácidos entram na corrente sanguínea e chegam até o fígado onde serão


metabolizados. No fígado a primeira parte do metabolismo de todos os aminoácidos é a
remoção do grupo amino. Esta remoção é catalisada pelas enzimas aminotransferases
(transaminases) utilizando a coenzima PLP (ver mecanismo da transaminação pela PLP
na aula 07 de coenzimas e vitaminas). O grupo amino é então transferido do aminoácido
para o α-cetoglutarato, formando um α-cetoácido e glutamato (Figuras 2 e 3). O
glutamato é então oxidado pelo NAD+ ou pelo NADP+ numa reação catalisada pela
enzima glutamato-desidrogenase, formando uma imina. A hidrólise posterior da imina
regenera o α-cetoglutarato e libera amónio (NH4 +) (Figuras 2 e 4). O destino final do
NH4 + vai depender da espécie do organismo vivo. Microrganismos e peixes liberam
amónia para o ambiente, já que dispõem de muita água para diluir a amónia, reduzindo a
sua toxicidade.

Já a maioria dos vertebrados converte o NH4 + em ureia no ciclo da ureia, sendo esta
liberada na urina. Isto é feito porque a amónia seria tóxica se presente em largas
quantidades em nosso organismo. Por ultimo, os répteis terrestres e as aves que dispõem
de menos água em seu metabolismo convertem o NH4 + em ácido úrico, liberando na
forma sólida juntamente com as fezes (Figura 2). As plantas reciclam praticamente todo
o seu nitrogénio, sendo raros os casos onde ele é excretado.

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Figura 02 - Destinos do nitrogênio no metabolismo.

Figura 03 - Transaminação realizada pela PLP.

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Figura 04 - Redução pelo NAD(P)+ e desidratação.

Ciclo da Uréia

Quando o nitrogénio não é reciclado na síntese de aminoácidos ou de ácidos nucléicos,


ele é depositado nas mitocôndrias das células do fígado na forma de amónio, onde será
convertido em uréia pelo ciclo da uréia. Qualquer NH4 + que penetre nas células
hepáticas é imediatamente ligado ao bicarbonato pela enzima carbamoil-
fosfatosintetase, que com o gasto de uma molécula de ATP converte o NH4 + em
carbamoilfosfato (Figura 5). Esta é uma reação muito semelhante à ativação do
bicarbonato pelo ATP nas reações da carboxilação. Seu mecanismo envolve o ataque
nucleofílico do ATP pelo bicarbonato, formando um bicarbonato ativado e ADP. Em
seguida a amónia age como nucleófilo, atacando a carbonila do bicarbonato ativado,
numa substituição acílica nucleofílica, sendo o fosfato o grupo aban- donador e
formando carbamato. Por fim o carbamato é activado numa nova substituição
nucleofílica com o ATP, formando carbamoil-fosfato e ADP (Figura 7. O carbamoil-
fosfato funciona como um doador de carbamato, entrando assim no ciclo da ureia
(Figura 6).

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Figura 05 - Formação do carbamoil-fosfato.

Figura 07 - Mecanismos.

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O ciclo da uréia possui quatro etapas enzimáticas. Na primeira delas o carbamoil-fosfato
doa seu grupo carbamoil para a ornitina, formando a citrulina e liberando fosfato. Esta
reação ocorre por um mecanismo de substituição acílica nucleofílica, onde o oxigênio
carboxílico da ornitina age como nucleófilo atacando a carbonila do carbamoil-fosfato, e
o fosfato é o grupo abandonador (Figura 6). Essa reação é catalisada pela enzima
ornitina-transcarbamoilase, e a citrulina produzida migra da mitocôndria para o citosol.

Na segunda etapa do ciclo da uréia ocorre uma condensação entre o grupo amino do
aspartato e o carbamoil da citrulina, formando arginino- succinato. Esta reação é
catalisada pela enzima arginino-succinato-sintetase (Figura 6). O aspartato é proveniente
do oxaloacetato do ciclo do ácido cítrico. O oxaloacetato sofre transaminação com o
glutamato com o auxílio da PLP, formando aspartato e αcetoglutarato. A citrulina é
então ativada atacando o fósforo-α do ATP formando citrulil-AMP e pirofosfato. O
grupo amino do aspartato ataca então o carbono da imina da citrulil-AMP, sendo o AMP
o grupo abandonador e formando arginino-succinato (Figura 7). Na terceira etapa do
ciclo da uréia a enzima arginino-suciasse quebra a molécula de arginino-succinato,
formando arginina e fumarato. O fumarato retorna ao ciclo do ácido cítrico na
mitocôndria (Figura 6).
Na quarta etapa do ciclo da uréia a arginina é clivada (hidrolisada) pela enzima arginase,
produzindo uréia e ornitina. O ornitina retorna para a mitocôndria para reiniciar o ciclo,
enquanto a uréia é excretada (Figura 6). Todos os α-cetoácidos serão metabolizados por
vias já estudadas, alguns entram na via glicolítica, outros sofrem βoxidação, e outros
entram diretamente no ciclo do ácido cítrico (Figura 8).

Desaminação

Desaminação é o processo pelo qual o aminoácido libera o seu grupo amina na forma de
amônia e se transforma em um cetoácido correspondente. Esta reação é catalisada pelas
enzimas genericamente denominadas desainasses ou desidrogenases que possuem como

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coenzimas o NADP (derivado da vitamina B3). Este processo ocorre na mitocôndria
hepática.

Desaminação oxidativa do glutamato (Glu) vista através de projeções de Fischer, à


esquerda, e no modelo poligonal, à direita. A reação é catalizada pela glutamato
desidrogenase, resultando em produtos como o alfacetoglutarato (AKG) e amônia. A
reação é reversível in vivo, com redução do NAD+ (ou NADP+), produzindo NADH (ou
NADPH).
É um processo que também ocorre a nível das bactérias gram (-) Campylobacter Jejuni,
para obtenção da sua energia, visto que estas não fermentam nem oxidam carbohidratos.

Sínteses e degradação de derivados de Aminoácidos com interesse biológico

Síntese e degradação de derivados de aminoácidos com interesse biológico 1. Alguns


aminoácidos sofrem, numa pequena percentagem, transformações químicas originando
substâncias que têm uma enorme importância em biologia humana e medicina. Alguns
destes derivados, como a creatina e a carnitina intervêm no metabolismo energético.
Outros derivados de aminoácidos como o ácido γ-aminobutírico (GABA), a histamina, a
dopamina, a noradrenalina, a adrenalina, a serotonina (ou 5-hidroxi-triptamina) e a
melatonina são segregados em determinadas células exercendo os seus efeitos quando se
ligam a receptores da membrana celular de outras células. Alguns deles são
neurotransmissores: são sintetizados em neurónios e são vertidos na fenda sináptica
provocando efeitos quando se ligam em receptores específicos da membrana de outros
neurónios, do próprio neurónio que os segregou ou de outras células.

No caso do monóxido de azoto (NO) não existem receptores membranares: o seu efeito
exerce-se quando se liga a uma enzima do citoplasma das células musculares lisas (a
cíclase do guanilato) altivando-a. O papel biológico mais conhecido do glutatião é a sua
acção antioxidante. 2. Na síntese de muitos destes derivados intervêm enzimas que
catalisam reacções muito semelhantes entre si. Uma destas reacções é catalisada por
descarboxílases que catalisam a libertação (na forma de CO 2 ) do grupo carboxílico
(carbono 1) de aminoácidos originando aminas.

São exemplos a descarboxilação do glutamato (originando GABA), da histidina


(histamina), da L-dopa (dopamina) e do 5-hidroxitriptofano (serotonina). 3. Outra das
reacções comuns na síntese (e degradação) de muitos destes derivados aminoácidos é
catalisada por transférases de metilo em que o dador de metilo é a metionina activada
(Sadenosil-metionina). A S-adenosil-metionina forma-se por acção catalítica da
adenosiltransférase da metionina (ATP + metionina S-adenosil-metionina + Pi + PPi).
Transférases de metilo dependentes da S-adenosil-metionina.

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Conclusão

Concluímos que os aminoácidos são compostos de carbono, hidrogénio, oxigénio e


nitrogénio. Existem 20 aminoácidos principais sendo denominados aminoácidos
proteinogenicos ou padrão. Desses 20, 9 são ditos essências: isoleocina, leocina, valina,
fenolalanina, metionina, crionina, triptofano lisina, histidina.

O metabolismo dos aminoácidos é uma intrincada rede de reações bioquímicas que


desempenha um papel crucial na obtenção de energia para as células. As vias
metabólicas, especialmente aquelas que envolvem a produção de NADH e FADH2,
desempenham um papel vital na transferência de elétrons durante a respiração celular.
Esses cofatores desempenham um papel essencial na geração de ATP, fornecendo a
energia necessária para sustentar as atividades celulares.

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Bibliografia

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