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7

Físico-Química
7º ano

Autores
Maria Luísa Costa
Osvaldo Ortet
Otelino Pereira
Valdemar Vaz

CAPA & DESIGN GRÁFICO


Edmilson Brito Rosa

ILUSTRAÇÃO
Adobe Stock Image | Freepik

REVISÃO LINGUÍSTICA
Luís Pereira

COORDENAÇÃO GERAL
Direção Nacional de Educação

EDITOR
Ministério da Educação

IMPRESSÃO E ACABAMENTO
Tipografia Santos

EDIÇÃO
© 2O19

Este livro respeita as regras do

Ministério da Educação da República de Cabo Verde


Conhece o teu manual Trabalho de pesquisa
s
Sugere-se alguns trabalho
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de pesquisa a serem fei
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Unidades temáticas o
que se encontra abordad
-
Este livro encontra-se di- neste manual, permitindo
tud e ati va
vidido em três unidades -te a ter uma ati
-
temáticas: na aprendizagem de Físico
1. Introdução à ciência -Química.
2. O mundo material que
nos rodeia
3. Energia

Cidadania
Exercício de aplicação
em parte
Os temas do manual faz
À medida que avanças de
n- ordamos
- da tua vida. Por isso ab
tro de uma unidade tem áti com obje-
assuntos do dia-a-dia
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para serem desenvolvida
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com ajuda do
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Seja Bem-vindo(a)!
Este é o teu manual de Físico-Química
7.º Ano

A Física e a Química são ciências interessantes, fortemente relacionadas com a vida e o


mundo em que vives. Vais ter a oportunidade de obter respostas válidas e fundamentadas
a respeito de inúmeras circunstâncias do dia a dia, que muitas vezes questionas.

Este manual é um instrumento útil em que vais começar, de uma forma mais específica, a
interagir com a Física e Química, ciências fascinantes que contribuíram para o ser huma-
no dar um salto sem precedentes e transformar o mundo no que é hoje.

O nosso desejo é que o início da aprendizagem da disciplina de Físico-Química aconteça


com rigor e com muita alegria.

Os autores
ÍNDICE
1. Introdução à Ciência

1.1. Ciência e Tecnologia.....................................................................................................................................9


1.1.1. Conceito de Ciência...............................................................................................................................................9
1.1.2. Os ramos da Ciência..............................................................................................................................................9
1.1.3. Importância da Ciência e da Tecnologia para a humanidade................................................................11
1.2. Física e Química no dia a dia.....................................................................................................................16
1.2.1. Aplicação da Física e da Química nas diversas atividades humanas...................................................17
1.2.2. As relações da Física e da Química com o ambiente.................................................................................17
1.3. Atividade experimental no ensino da Física e da Química..................................................................19
1.3.1. Introdução ao laboratório..................................................................................................................................22
1.3.2. Regras de manuseamento de materiais correntes no laboratório......................................................22
1.3.3. Normas de segurança..........................................................................................................................................25
1.3.4. Medição e sua importância................................................................................................................................26

Verifica o que aprendeste nesta temática..............................................................................................................................33

2. OS MATERIAIS QUE NOS RODEIAM

2.1. Variedade dos materiais e formas de classificação................................................................................39


2.2. Substâncias e misturas de Substâncias...................................................................................................45
2.2.1. Propriedades físicas das substâncias..............................................................................................................47
2.2.2. Propriedades químicas das substâncias........................................................................................................50
2.2.3. Tipos de misturas: Homogéneas, Heterogéneas e Coloidais.................................................................52
2.3. As soluções....................................................................................................................................................55
2.3.1. Composição qualitativa de uma solução líquida.......................................................................................57
2.3.2. Composição quantitativa de uma solução líquida....................................................................................57
2.4. Separação dos componentes de uma mistura.......................................................................................61
2.4.1. Separação dos componentes de misturas heterogéneas de sólidos com líquidos.......................61
2.4.2. Separação dos componentes de misturas heterogéneas sólidas........................................................62
2.4.3. Separação dos componentes de misturas heterogéneas líquidas......................................................63
2.4.4. Separação dos componentes de misturas homogéneas.........................................................................63
2.5. Transformação dos materiais....................................................................................................................68
2.5.1. Transformações físicas..........................................................................................................................................68
2.5.2. Transformações químicas....................................................................................................................................69

Verifica o que aprendeste nesta temática..............................................................................................................................77

3. ENERGIA

3.1. Fontes, Formas e Transferências de Energia...........................................................................................85


3.1.1. Conceito de Energia..............................................................................................................................................85
3.1.2. Fontes e recetores de energia...........................................................................................................................87
3.1.3. Fontes de energias Renováveis e Não Renováveis....................................................................................88
3.1.4. Algumas formas de energia...............................................................................................................................90
3.1.5. Algumas transformações de energia que ocorrem no dia a dia...........................................................92
3.1.6. Transferência de energia sob a forma de calor............................................................................................92
3.2. Energia e ambiente......................................................................................................................................98
3.2.1. Recursos energéticos............................................................................................................................................98
3.2.1.1. Recursos energéticos não renováveis................................................................................................98
3.2.1.2. Recursos energéticos renováveis........................................................................................................99
3.2.2. Consumo de energia..........................................................................................................................................100
3.2.3. Problemas ambientais associados à obtenção e consumo de energia............................................101
3.3. Energia em Cabo Verde.............................................................................................................................102
3.3.1. Potenciais energéticos existentes..................................................................................................................102
3.3.2. Situação real..........................................................................................................................................................104
3.3.3. Perspetivas futuras..............................................................................................................................................104

Verifica o que aprendeste nesta temática...........................................................................................................................106


1
Introdução à Ciência
1.1. Ciência e Tecnologia
1.2. Física e Química no dia a dia
1.3. Atividade Experimental no Ensino
da Física e Química
1
Introdução à Ciência

OBJETIVOS A ATINGIR

No final desta temática deverás ser capaz de:

• Definir ciência e compreender a sua importância para


a humanidade
• Referir os diferentes ramos da ciência
• Valorizar as descobertas científicas e as técnicas de-
senvolvidas pelo ser humano
• Integrar a Físico-Química no contexto da ciência
• Indicar a importância da Físico-Química no dia a dia
• Discutir o impacto da Físico-Química no ambiente e
na saúde
• Relacionar a Físico-Química com outras ciências e
tecnologias
• Referir a forma de trabalhar de um cientista, destacan-
do a importância da observação e da experimentação
na aquisição e no desenvolvimento do conhecimento
científico
• Identificar os materiais básicos de uso laboratorial
• Manusear os materiais básicos de uso laboratorial
com segurança
• Conhecer e pôr em prática regras básicas de segurança
no laboratório
• Reconhecer a importância da rotulagem de produtos
químicos e os pictogramas associados
• Mencionar as questões éticas e de cidadania no que
toca à veracidade de uma informação/descoberta cien-
tífica (falsificação de resultados)
• Elaborar relatórios de experiências/atividades realiza-
das
• Referir a importância da medição de uma grandeza e
as suas respetivas unidades
• Reconhecer os erros na medição de uma grandeza
• Realizar algumas medições e expressar as unidades
usando o Sistema Internacional

8
1
Introdução à Ciência

1.1. Ciência e tecnologia

1.1.1. Conceito de Ciência

O desejo de saber e de compreender o que existe à nossa


A curiosidade é o dese-
volta nasce com cada um de nós. Desde os tempos mais jo de saber e de com-
remotos o curioso ser humano, dotado de inteligência e preender algo. Todos
nós somos curiosos.
capacidade de imaginação, começou a fazer perguntas
sobre o que vê ao seu redor, como por exemplo: Porquê Quais são as tuas
isto…? Porque aquilo é assim…? Qual a razão de…? curiosidades sobre a
Natureza?
Em busca de respostas para satisfazer as suas curio-
Fig. 1 A curiosidade do Homem sobre
a Natureza
sidades, acabou por conduzir a algo importante que é a
Ciência.

A Ciência é um conjunto de respostas e uma procura constante da verdade sobre tudo o que existe.
Portanto, é uma forma de investigar e explicar a Natureza.

Quando se fala em ciência, muitas pessoas pensam em microscópios, tubos de ensaio, laboratórios, investi-
gação de alto nível, etc., devido à sua relação com a mesma, mas ela pode ser algo muito elementar. “A ciên-
cia pode ser algo muito simples, como observar o nascer do sol a cada manhã ou extremamente complexo”,
como explicar a origem do Universo.

O conhecimento científico advém dos factos. Logo, as opiniões ou preferências individuais e suposições
especulativas nunca possuem espaço na ciência. Qualquer conhecimento científico é objetivamente compro-
vado, o que implica um alto grau de confiabilidade na ciência.

A ciência não é algo acabado, tem carácter dinâmico e encontra-se em constante crescimento. As respostas
encontradas sofreram muitas mudanças ao longo do tempo e esse processo continuará a acontecer no futu-
ro. As descobertas são transmitidas de geração em geração e os progressos científicos acontecem à medida
que são feitas novas descobertas. Um conhecimento científico leva a outro, e assim sucessivamente.

1.1.2. Os ramos da ciência

A infinidade de questões sobre a natureza levou à divisão da ciência em vários ramos, de modo a facilitar as
investigações e intensificar a obtenção de respostas. Portanto, dividiu-se a ciência em ramos para multiplicar
as respostas das diversas questões que inquietam a humanidade.
Alguns ramos da Ciência e os respetivos objetos de estudo

• Biologia: estuda os seres vivos (os animais, • Astronomia: estuda os astros (planetas, cometas,
as plantas, os fungos, as algas, os protozoários, estrelas, satélites, etc.) e a estrutura do universo.
as bactérias, os vírus) e as relações entre eles.

Fig. 2 Os seres vivos Fig. 3 O sistema solar

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1
Introdução à Ciência

• Geologia: estuda a Terra, a sua origem, a sua estru- • Matemática: estuda os números, as opera-
tura, a sua forma, os materiais que a compõem e as ções numéricas, as relações entre as quantida-
transformações que ocorrem nela. des, os conjuntos, etc.

Fig. 5 Os números e os cálculos


Fig. 4 Fração do planeta Terra

• Física: estuda os fenómenos e propriedades que não provocam a formação de novos mate-
riais. A energia, os movimento as forças são objetos de estudo da Física.

Fig. 6 Movimento, energia e força

• Química: estuda a composição, as propriedades • Medicina: dedica ao estudo da vida, da saúde, da


e as transformações da matéria. Os fenómenos e doença e a morte dos seres humanos e animais.
as propriedades que provocam a formação de no-
vos materiais são objetos de estudo da química.

Fig. 7 A transformação da matéria Fig. 8 Estetoscópio e Tensiómetro

10
1
Introdução à Ciência

Existem questões que transcendem uma determinada área científica, e quando for o caso, vários ramos cien-
tíficos atuam de forma conjunta na procura de soluções.

1.1.3. Importância da ciência e tecnologia para a humanidade

O entendimento sobre muitos fenómenos que ocorrem na Natureza assim como conhecimentos sobre a
constituição e transformação dos materiais permitiu à humanidade encontrar soluções para muito dos seus
problemas.

A Ciência permitiu à humanidade:

• Satisfazer, em parte, as suas curiosidades, fornecendo explicações para diversos fenómenos;


• Melhorar os padrões de vida;
• Antever determinados fenómenos;
• Aperfeiçoar a tecnologia;

Tecnologia

Desde os tempos antigos o ser humano utilizou a sua inteligência e a sua aptidão motora para garantir a
sobrevivência. O ser humano dominou o fogo e aproveitou-o em diversas situações, construiu instrumentos
com madeiras e pedras para caçar e proteger-se, etc. Ao longo de milhares de anos foram aparecendo in-
venções e descobertas que transformaram o mundo no que é hoje.

A habilidade de invenção humana teve um grande avanço quando o conhecimento científico passou a com-
plementar a técnica vulgar e artesanal. A competência humana para melhorar técnicas, instrumentos e efe-
tuar descobertas passou a ser ilimitada. Deste modo apareceram milhares de invenções que mudaram o
mundo, a forma como vivemos e pensamos.

Algumas tecnologias revolucionárias

• Computador - aparelho indispensável nas atividades humanas

Fig. 9 Computador

• Internet - rede mundial de computadores interligados que trocam dados em


forma de texto e multimédia.

Fig. 10 Internet

• GPS (Sistema de posicionamento global) - permite fazer localização em


qualquer lugar no planeta a qualquer momento.
Fig. 11 GPS

11
1
Introdução à Ciência

• O telemóvel - aparelho pequeno, leve, com diversos recursos como internet, correio
eletrónico, música, câmara fotográfica e vídeo.

Fig. 12 Telemóvel

• O laser - amplificação de luz, aplicada em diversas áreas, medicina, astronomia,


indústria, comunicação, espetáculos, etc.

Fig. 13 Laser

• Holografia - técnica fotográfica que permite registar imagens em três dimensões


sobre uma superfície plana. O uso mais frequente de holografia é como marca de
segurança em cartões de crédito, bilhetes e mercadoria.

Fig. 14 Holograma

Trabalho de pesquisa
Procura na internet (ou utilizando outros recursos) informações sobre pelo menos duas das seguintes
grandes máquinas construídas pelo Homem:
• Big Bud 747 – um dos maiores tratores do mundo
• Mil Mi-26 - um helicóptero muito potente
• Airbus A380 - Um grande avião de transporte de passageiros
• Liebherr T 282 B – um dos maiores camiões
• JR-Maglev – Um dos comboios mais rápidos
• Antonov Na-225 – um dos maiores aviões
• Baggar 293 – A maior máquina de movimentação de terra
• USS Enterprise – O maior porta-aviões do mundo
Não te esqueças de indicar os sítios de internet consultados (ou a bibliografia consultada) e a data em que
a pesquisa foi feita.

Caraterísticas básicas de um cien-


OS CIENTISTAS tista
Um cientista deve:
• Ser curioso, imaginativo, criativo,
Os cientistas são pessoas cuja função é persistente, dedicado, etc.
observar, investigar, conceptualizar mé- • Ter interesse pela investi-
gação, espírito crítico, capa-
todos e, juntamente com outros profis- cidade de observar, analisar
sionais, criar ferramentas seguras para e questionar, capacidade de
síntese (elaboração de leis),
compreender da melhor forma a natureza. etc.
Eles são os profissionais da ciência, isto é,
fazem ciência.

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1
Introdução à Ciência

Alguns cientistas que tiveram grande destaque

• Albert Einstein (1879-1955) - físico alemão que desenvolveu a teoria da


relatividade. Ganhou o Prémio Nobel da física de 1921. A energia atómica foi
desenvolvida com base na sua teoria. Em sua honra, foi atribuído o seu nome
a uma unidade usada na fotoquímica, o Einstein, assim como a um elemento
químico, o Einstênio.

Fig. 15 Albert Einstein

• Antoine Lavoisier (1743-1794) – químico francês, autor da famosa frase ‘’Na natu-
reza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma’’. Ele revolucionou esse ramo
científico. Em 1789 lançou uma obra de grande importância para a ciência intitulada
Tratado elementar de química.

Fig. 16 Antoine Lavoisier

• Marie Curie (1867-1934) – cientista polonesa naturalizada francesa, que con-


duziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade. Foi a primeira pessoa e
a única mulher a receber o Prémio Nobel por duas vezes: em 1903 e em 1911.

Fig. 17 Marie Curie

• Isaac Newton (1643-1727) – Cientista inglês, que apesar de também ter sido as-
trónomo, alquimista, filósofo natural e teólogo, foi mais reconhecido como físico e
matemático. A sua obra, Princípios matemáticos da filosofia natural, é considerada
uma das mais influentes na história da ciência. A obra descreve a lei da gravitação
universal e as três leis de Newton que fundamentam a mecânica clássica. Newton
construiu o primeiro telescópio refletor e deu muitas outras contribuições para a
ciência.

Fig.18 Isaac Newton

13
1
Introdução à Ciência

Trabalho de pesquisa
Procura na internet (ou utilizando outros recursos) outros cientistas famosos não mencionados anterior-
mente, indicando os seus nomes, as suas nacionalidades e as suas principais descobertas.
Não te esqueças de indicar os sítios de internet consultados (ou a bibliografia consultada) e a data em que
a pesquisa foi feita

Mapa conceptual – Ciência

O mapa seguinte, figura 19, resume os principais conceitos que aprendeste sobre a ciência.

Ciência

Surgiu da curiosidade É um conjunto de res- Encontra-se subdividi- É feita pelos cientistas


do Homem pela natu- postas e busca da ver- da em ramos
reza dade sobre a natureza

Como por exemplo:


Através do questio- É uma forma de inves- - Biologia
namento tigar e explicar a natu- - Astronomia
reza - Geologia
- Matemática
Através da procura - Física
de respostas para as - Química
questões - Medicina

Fig. 19 Mapa conceptual da ciência

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1
Introdução à Ciência

Exercícios de aplicação

1. Indica como surgiu a ciência.


2. Define ciência.
3. Indica qual é o objeto de estudo da Física e Química.
4. Classifica cada uma das afirmações seguintes como verdadeira (V) ou falsa (F):
A- O conhecimento científico é resultado de opiniões individuais. 
B- A ciência encontra-se em constante crescimento. 
C- O conhecimento científico advém dos factos e é objetivamente comprovado. 
D- A ciência tem um caráter estático, ou seja, o conhecimento científico é imutável. 
5. Aponta três aspetos da ciência que sejam importantes para a humanidade.

Fiquei a saber que …


A ciência surgiu devido à curiosidade do Homem pela natureza.

A ciência é um conjunto de respostas e uma busca constante da verdade em relação a tudo o que existe,
ou seja, é uma forma de investigar e explicar a natureza.

A ciência foi dividida em vários ramos de estudo para facilitar as investigações e obter respostas com
maior rapidez.
Exemplos de ramos da ciência:
• Biologia – estuda os seres vivos (os animais, as plantas, os fungos, as algas, os protozoários, as bacté-
rias, os vírus) e as relações entre eles.
• Astronomia – estuda os astros (planetas, cometas, estrelas, satélites, etc.) e a estrutura do universo.
• Geologia – estuda a Terra, a sua origem, a sua estrutura, a sua forma, os materiais que a compõem e as
transformações que ocorrem nela.
• Matemática – estuda os números, as operações numéricas, as relações entre as quantidades, os con-
juntos, etc.
• Física – estuda fenómenos e propriedades que não provocam a formação de novos materiais. A energia,
os movimento as forças são objetos de estudo da Física.
• Química – estuda a composição, as propriedades e as transformações da matéria. Os fenómenos e as
propriedades que provocam a formação de novos materiais são objetos de estudo da Química.
• Medicina – dedica-se ao estudo da vida, da saúde, da doença e da morte dos seres humanos e animais.

A ciência permitiu ao Homem:


• Satisfazer, em parte, as suas curiosidades, fornecendo explicações para diversos fenómenos ou acon-
tecimentos;
• Melhorar os padrões de vida;
• Antever determinados fenómenos;
• Aperfeiçoar a tecnologia, através da invenção do computador, da internet, do GPS, do telemóvel, do
laser, da holografia, das grandes máquinas, etc.

Os cientistas são os profissionais da ciência, isto é, fazem ciência.


Alguns cientistas que tiveram grande destaque:
• Albert Einstein (1879-1955)
• Antoine Lavoisier (1743-1794)
• Marie Curie (1867-1934)
• Isaac Newton (1643-1727)

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1
Introdução à Ciência

1.2. Física e Química no dia a dia

A Física e a Química estão relacionadas praticamente com tudo o que encontramos no nosso dia a dia.

No nosso mercado encontras variadíssimos produtos de consumo, provenientes de indústrias Químicas,


nacionais e internacionais, como por exemplo: iogurtes, águas, refrigerantes, bebidas alcoólicas, remédios,
produtos de beleza e de limpeza, entre outros. Nas embalagens destes produtos encontram-se informações
relevantes sobre a composição química dos mesmos.

Podes também encontrar outros exemplos de produtos que nas suas composições possuem substâncias
originadas de processos físicos e químicos, tais como: os computadores, os telemóveis, os tablets e diversos
eletrodomésticos.

Sem a Física e a Química não era possível ter eletricidade, televisão, telemóveis, medicamentos, automó-
veis, barcos, aviões, entre outros.

O nosso corpo, por exemplo, é formado por diversas substâncias em constante transformação, que nos
possibilitam continuar vivo. Ao consumirmos, por exemplo, alimentos e água, o nosso sistema digestivo
produz substâncias químicas capazes de transformar esses materiais ingeridos em nutrientes necessários
para diversas funções do organismo, como produção de energia, manutenção dos órgãos, dos tecidos, dos
ossos, etc.

A B

Fig. 20 Exemplos de alguns produtos e respetiva composição química: A - Água engarrafada; B - Creme de mãos

Exercícios de aplicação

1. Indica a composição química do produto A apresentado na figura 20.


2. Escolhe algum produto que tens em casa e identifica a respetiva composição química.

16
1
Introdução à Ciência

1.2.1. Aplicação da Física e da Química nas diversas atividades humanas

A exploração e a transformação de todas as matérias-primas que a humanidade usufrui, a análise dos ma-
teriais que utiliza e consome e a orientação da investigação no sentido da criação de novos materiais para a
sociedade, levam os Químicos e os Físicos a contribuirem para o desenvolvimento das diversas atividades
humanas e das outras ciências:

• Na Agricultura e na Pecuária: correção do solo (produção de adubos e fertilizantes); controlo de pragas e


doenças nas culturas (produção de pesticidas, inseticidas, fungicidas e herbicidas); produção de rações e de
produtos de limpeza para recipientes de lacticínios, currais, etc.
• Na Agronomia: tratamento de solos, aliado à criação de melhores adubos (sem produtos tóxicos) que
permitem alimentos cada vez mais saudáveis.
• Na Indústria: tratamento de água, conservação de alimentos; produção de cosméticos, sabão, perfumes;
produção de materiais de construção civil como tintas, plásticos, fibras sintéticas, ligas metálicas, etc.
• Na Medicina e na Farmácia: análises clínicas, produção de vacinas e medicamento para a prevenção contra
as doenças e restabelecimento da saúde; construção de materiais e equipamentos cirúrgicos; investigações
ligadas à medicina,etc.
• Na Educação: formação em Física e Química, investigação e compreensão dos fenómenos do quotidiano,
etc.
• No Ambiente: Controlo das substâncias na natureza tendo em conta os seus efeitos ao interagirem com os
outros elementos do ambiente. Como exemplo temos o controlo da poluição do solo, da água e do ar.

1.2.2. As relações da Física e da Química com o ambiente

É possível observar vários benefícios que a Física e a Química trouxeram para o nosso ambiente. O trata-
mento de água, a dessalinização da água do mar, a melhoria da qualidade do ar, do solo e da fauna marinha,
o controlo da poluição, são exemplos de como a Química e a Física podem trabalhar em benefício dos seres
vivos e do planeta.

Quando tratadas, as águas re-


siduais podem ser reutilizadas
na agricultura

Fig. 21 Estação de tratamento de águas

Apesar dos progressos e do bem-estar proporcionados pela Física e pela Quí-


mica, há uma insistente crítica às mesmas: muitos defendem que elas contri-
buem para os desastres ecológicos e para as poluições existentes no planeta.
Na verdade, em algumas situações, elas são utilizadas de uma forma inade-
quada, produzindo efeitos nocivos para o meio ambiente.
Fig. 22 Lixeira ao ar livre

17
1
Introdução à Ciência

Atualmente existe uma consciencialização quanto às práticas de reciclagem, ao tratamento de águas residu-
ais, à utilização de materiais biodegradáveis e à criação de locais apropriados para o tratamento de resíduos
sólidos.

Fig. 23 Separação de lixos

A Química e a Física têm contribuído para o abastecimento do mercado,


com bens materiais, que a sociedade necessita para uma vida saúdável
e para a minimização da desigualdade socioecónomica.

O conhecimento é o principal meio de consciencialização, levando a


sociedade não só a evitar o consumo excessivo de materiais e de ener-
gia, como também a exigir meios que substituam o uso de combustíveis Fig. 24 Utilização de painéis solares numa
habitação
fósseis: a utilização de energia “limpa”. Como por exemplo: o uso de
painéis solares, a energia eólica, etc.

As relações da Física e da Química com o ambiente devem ser aperfeiçoadas de maneira a que se promova
uma qualidade de vida cada vez melhor.

Fiquei a saber que …


A Física e a Química relacionam-se praticamente com tudo o que encontramos no nosso dia a dia. Sem
elas não era possível ter eletricidade, televisão, telemóveis, medicamentos, automóveis, barcos, aviões,
entre outros.

Transformações físicas e químicas ocorrem em cada segundo no nosso organismo.


A Física e a Química são aplicadas nas diversas atividades humanas, como por exemplo:
• Na Agricultura e na Pecuária: correção do solo (produção de adubos e fertilizantes); controlo de pragas
e doenças nas culturas (produção de pesticidas, inseticidas, fungicidas e herbicidas); produção de rações
e de produtos de limpeza para recipientes de lacticínios, currais, etc.
• Na Agronomia: tratamento de solos, aliado à criação de melhores adubos (sem produtos tóxicos) que
permitem alimentos cada vez mais saudáveis.
• Na Indústria: tratamento de água, conservação de alimentos; produção de cosméticos, sabão, perfumes;
produção de materiais de construção civil como tintas, plásticos, fibras sintéticas, ligas metálicas, etc.
• Na Medicina e na Farmácia: análises clínicas, produção de vacinas e medicamento para a prevenção
contra as doenças e restabelecimento da saúde; construção de materiais e equipamentos cirúrgicos; inves-
tigações ligadas à medicina,etc.
• Na Educação: formação em Física e Química, investigação e compeensão dos fenómenos do quotidiano, etc.
• No Ambiente: Controlo das substâncias na natureza tendo em conta os seus efeitos ao interagirem com
os outros elementos do ambiente. Como exemplo temos o contrololo da poluição do solo, da água e do ar.

18
1
Introdução à Ciência

1.3. Atividade experimental no ensino da Física e da Química

Processos científicos e ética na divulgação da ciência

Uma questão importante a ter em conta é a ética na obtenção e na divulgação dos resultados obtidos. Um in-
vestigador científico deve fazer registos de forma fiel das informações relevantes do observado. Nunca deve
alterar, falsificar ou omitir informações para obter resultados “perfeitos”.

O método científico

Os Físicos e os Químicos são particularmente curiosos, olham as coisas de uma maneira especial! E gostam
muito de levantar questões.

O método científico é o modo próprio que os cientistas têm de executar as suas tarefas, correspondendo a
procedimentos práticos que orientam as pesquisas e levam ao conhecimento científico.

Em ciência não há um método único. Cada ramo científico pode ter o seu método diferente de outro. O grupo
de cientistas, de uma determinada área de estudo, decide a forma como vão ser desenvolvidas as pesquisas.

Um método clássico, e ainda utilizado, consiste na realização de uma sequência organizada de fases ou
etapas:

1. Observação (de factos ou de um fenómeno), Registo de dados e Formulação do problema

Fig. 25 Utilização do telescópio Fig. 26 Utilização da lupa

Durante esta etapa, podem ser utilizados diversos aparelhos para aperfeiçoar os dados, como a lupa, o
microscópio, o telescópio, os detetores de ondas (som e luz), entre outros. A observação marca o início das
investigações e é feita tantas vezes quanto necessário.

Estando perante dúvidas sobre a explicação de algum facto ou fenómeno observado, procede-se à formula-
ção do problema (ou levantamento de uma questão).

2. Formulação de hipótese
Apresentação de uma explicação temporária ou de uma resposta provisória com base em dados recolhidos,
inerentes ao problema formulado.

19
1
Introdução à Ciência

3. Realização de experiências controladas


Para verificar a veracidade ou não da hipótese efetuam-se experiências planificadas. Se for necessário, as
experiências serão repetidas várias vezes.

4. Análise dos resultados


Faz-se a análise dos resultados e das apreciações.
Esta etapa é fundamental, pois pressupõe uma atitude crítica que possibilita a clarificação da hipótese for-
mulada.

5. Conclusão e generalização
Com a análise dos resultados e das apreciações chega-se a uma conclusão sobre a veracidade da proposta
explicativa sugerida como hipótese, generaliza-se e estabelecem-se as Leis.

Resumindo:

O ser humano
perante a natureza

É curioso/ Tem ideias Realiza experiências Confirma Questiona-se


Questiona-se para testar ideias (ou não) as ideias de novo

Observação Formulação de Experimentação Análises dos Enunciação


hipóteses resultados de leis

Fig. 27 As diferentes fases ou etapas do método científico

20
1
Introdução à Ciência

Atividade Prática I: “O Método Científico – Investigação do comportamento do fumo”

Objetivo

Aplicar o método científico tendo em conta as suas diferentes etapas.

Nota: É bom lembrar que se deve ter muito cuidado ao realizar experiências envolvendo fogo. Devem ser
feitas sempre em local aberto e com a presença do(a) professor(a). É o(a) próprio(a) professor(a) que terá
a responsabilidade de acender o fogo e também de apagá-lo.

Materiais necessários

• Garrafa de plástico transparente, com um pequeno buraco na parte lateral superior e com tampa
• Duas folhas de papel
• Fita-cola pequena
• Uma caixa de fósforos

Procedimentos
Parte I

1. Enrola os dois papéis dando-lhes um formato cilíndrico. Fixa-os com fita-cola para não se desenrolarem.
2. Com ajuda do(a) professor(a) ateia o fogo numa das extremidades do papel cilíndrico fora da garrafa.
3. Observa e regista o comportamento do fumo (sobe ou desce?).
4. Será que o fumo sobe sempre em qualquer situação?

Parte II

5. Introduz uma das extremidades do segundo papel enrolado no buraco da garrafa, segurando-o com fita-
-cola de maneira a que fique praticamente na horizontal. Com ajuda do(a) professor(a) ateia o fogo na outra
extremidade.
6. Observa e regista o comportamento do fumo dentro da garrafa.
7. Que conclusão tiras tendo em conta os pontos 3 e 5.

Exemplo de uma nova questão: Porquê que o fumo se comportou desse modo dentro da garrafa?

Elabore um pequeno relatório da atividade prática desenvolvida.

Adaptado de: https://www.youtube.com/watch?v=xJp5OGSZJHU (consultado em maio de 2017).

A escrita do relatório é o outro momento importante, que tem como objetivo a exposição escrita da experiên-
cia laboratorial realizada, de uma forma simples, clara e precisa. No relatório deves descrever o que fizeste,
como fizeste e a que conclusões chegaste. Existem tópicos importantes que deves focar na escrita do
relatório final da experiência: o Tema, Breve introdução, Objetivo, Materiais e/ou Reagentes utilizados,
Procedimento experimental, Discussão dos resultados, Conclusões e Bibliografia consultada.

21
1
Introdução à Ciência

1.3.1. Introdução ao laboratório

O laboratório é o local mais seguro e adequado para os químicos, os físicos e outros cientistas desenvolve-
rem os seus trabalhos experimentais.

Fig. 28 Laboratório de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde

O laboratório é por vezes associado a um espaço perigoso, misterioso e inseguro. No entanto, se conheceres
as regras básicas de segurança e o modo de manusear os materiais existentes, tudo se torna mais fácil, e
irás constatar que de facto o laboratório é um local simples e seguro. Contudo, é importante teres consciência
que qualquer trabalho experimental necessita de especial atenção, pois é potencialmente perigoso. O labo-
ratório não é um local para brincadeiras. Sendo assim, quanto mais souberes acerca das regras básicas de
segurança, menor será o nível de perigosidade.

Portanto, nesta fase inicial em que te encontras, uma impressão positiva do laboratório será importante para
que possas começar sem complexos e sem medo o estudo desta ciência experimental.

1.3.2. Regras de manuseamento de materiais correntes no laboratório

Terás que aprender as boas práticas de laboratório. Estas devem obedecer a um conjunto de regras que
visam o manuseamento correto dos materiais correntes existentes no laboratório e que nunca deverás es-
quecer.

22
1
Introdução à Ciência

Materiais correntes no laboratório

1- Pipeta volumétrica; 2- Bureta; 3- Pipeta


graduada; 4- Almofariz e pilão; 5- Balão
volumétrico; 6- Pipeta de Pasteur; 7- Pro-
veta; 8- Copo ou Gobelet; 9- Erlenmeyer;
10- Funil de carga; 11- Kitasato; 12- Funil
de Büchner; 13- Ampola de decantação;
14- Pinça; 15- Funil

16- Cadinho; 17- Vareta de vidro; 18-


Pompete; 19- Cápsula de porcelana; 20-
Caixa de Petri; 21- Tina de vidro; 22- Con-
densador de Liebig; 23- Tesoura; 24-Tubo
de ensaio; 25- Balão de fundo plano;
26- Balão de fundo redondo; 27- Espátu-
la; 28 e 29- Pinças; 30- Vidro de relógio;
31- Óculos de proteção; 32- Esguicho;
33- Termómetro digital; 34- Termómetro
de mercúrio

35- Placa de aquecimento; 36- Manta de


aquecimento; 37- Balança de precisão;
38- Suporte universal; 39- Garras; 40- Su-
porte de buretas; 41- Argola; 42- Suporte
elevador; 43- Placa de amianto; 44- Tripé;
45- Bico de Bunsen

23
1
Introdução à Ciência

• Riscos

Hoje em dia é obrigatória a informação pública acerca da composição de muitos materiais. Daí a razão de
serem devidamente rotulados.

Um rótulo deve indicar, de um modo sucinto, a composição do produto em causa. Além da composição, os
rótulos ainda trazem, no caso de certos produtos, determinados símbolos - os pitogramas de perigo - que
nos alertam para o perigo de manuseamento de alguns desses produtos, ou seja, os pictogramas revelam
informações sobre os efeitos nocivos de um determinado produto para a saúde humana ou para o meio am-
biente.

Fig. 29 Exemplos de produtos químicos rotulados

Na figura 29, encontram-se vários exemplos de pitogramas de perigos e alguns cuidados que poderás en-
contrar nos rótulos de produtos químicos.

Tóxico Corrosivo Nocivo Inflamável Perigo para Explosivo


o ambiente

Fig. 30 Exemplos de pitogramas de perigo

(evitar contacto (afastar o produto (não descartar (evitar aqueci-


(usar máscara de (evitar contacto
com a pele, olhos da chama ou fonte os resíduos mento choque e
proteção) com a pele, olhos,
e não respirar de ignição) diretamente ao fricção)
boca e roupa)
vapores) ambiente)

24
1
Introdução à Ciência

Outras informações valiosas que podes encontrar nos rótulos dos produtos químicos são as frases R e S,
ou seja, as frases de riscos (código R) e as frases de segurança (código S). As frases R especificam em
pormenor os riscos relativos ao manuseamento do respetivo produto. As frases S são recomendações que
descrevem as medidas adequadas que qualquer pessoa deve seguir para minimizar ou prevenir efeitos re-
sultantes da exposição a um determinado produto químico.

É de realçar que atualmente em embalagens mais recentes, em vez das frases R e S, encontram-se as
Advertências de Perigo, código H, e as Recomendações de Prudência, código P, respetivamente.

(irritante ou nocivo)

Fig. 31 Embalagens de produtos com códigos atualizados

1.3.3. Normas de segurança

As normas de segurança são estabelecidas para a segurança de todos, mas dependem do teu comporta-
mento individual.

Comportamentos adequados no laboratório

1. Uso de equipamentos de proteção individual


• O uso de materiais de proteção individual adequados é uma peça chave para a tua
segurança. Portanto, o uso de bata é essencial para proteger certas partes do corpo
e o teu vestuário do contacto com certas substâncias ou produtos químicos indese-
jados;
• O uso de óculos de proteção sempre que estiveres a trabalhar com substâncias
perigosas que poderão entrar em contacto com os olhos;
• O uso de luvas de modo a proteger as mãos de substâncias potencialmente provo-
cadoras de danos reversíveis ou irreversíveis na tua pele e tecidos;
• O uso de calçado adequado quando fores trabalhar no laboratório. Nunca deves
usar o teu calçado preferido, mas sim o que protege toda a zona dos pés dos possíveis derrames de líqui-
dos ou de outras substâncias, assim como da queda de objetos cortantes.

2. Boas práticas de conduta


• O laboratório não é um local de brincadeiras, não deves correr;
• Não podes comer nem beber;
• Deves saber quais são as saídas de emergência;
• Deves usar o cabelo sempre apanhado;
• Deves fazer uma preparação prévia do trabalho que vais realizar numa aula prática, lendo o procedimento
experimental, tendo em atenção as características das substâncias que vais usar;

25
1
Introdução à Ciência

• Nunca trabalhes sozinho no laboratório, deves estar sempre acompanhado(a) do(a) professor(a) ou do(a)
técnico(a) responsável;
• O material, especialmente o de vidro, deves colocá-lo o mais afastado possível das extremidades da
bancada, para evitar que caia;
• Deves ter um caderno de laboratório sempre atualizado;
• Deves fazer o registo de todos os dados experimentais, e observações importantes na hora da
execução da experiência. Nunca deixes para depois da aula;
• Mantem a bancada onde realizas a experiência sempre bem arrumada e limpa;
• Lava as mãos adequadamente após a execução de qualquer experiência;
• Antes de saíres do laboratório, deves verificar se as torneiras de gás e de água estão fechadas,
bem como se os aparelhos utilizados estão desligados.

3. Manuseamento de substâncias químicas


• Manusear compostos de forma adequada, pois vários compostos devem ser manuseados em locais apro-
priados, fazendo o uso da hotte;
• Todos os recipientes que contêm substâncias devem estar devidamente rotulados;
• Não provar, nem cheirar compostos químicos;
• Verificar sempre as informações dos rótulos dos frascos dos reagentes antes de os utilizar;
• Usar sempre pequenas quantidades;
• Não pipetar o reagente diretamente do frasco para evitar contaminação, caso a pipeta esteja suja;
• No caso do uso de substâncias sólidas, certificar-se que a espátula ou colher está limpa e seca;
• Após utilização manter os frascos fechados;
• Nunca deixar um reagente por identificar;
• Saber sempre quais as precauções a tomar perante qualquer reagente que vai ser utilizado;
• Antes de eliminar um reagente, certificar-se qual o local correto para o fazer. Não se deve deitá-lo na pia,
mas sim colocá-lo num reservatório próprio para o efeito.

4. Segurança química e ambiental


A preservação do meio ambiente é fundamental. Neste sentido, deves usar a menor quantidade possível
de produtos químicos no laboratório, de modo a minimizar os resíduos ou restos, tendo em mente que o
descarte destes resíduos tem que ser realizado de forma responsável.
Portanto, por razões éticas, económicas e ambientais, deves ter a noção da importância do controlo de
resíduos no laboratório.

Antes de trabalhares no laboratório é importante conheceres as regras básicas de segurança, o


modo de manusear os diversos produtos químicos, ou seja, fazer o manuseio de produtos químicos
com segurança.

1.3.4. Medição e sua importância

Perante a imensa variedade de fenómenos e materiais existentes no nosso universo torna-se importante
a medição.

Por vezes é necessário saber quão grande ou pequeno é um objeto, quão longe ou perto se encontra,
quando termina um determinado fenómeno, etc.
Imagina um copo com água. Podes medir a capacidade do copo (volume), podes pesá-lo (a massa) e
medir a sua altura (comprimento).

A medição é um processo fundamental em Física e Química, que consiste num conjunto de operações que
tem por objetivo determinar o valor de uma grandeza. Ela é bastante útil para descrever as observações.

26
1
Introdução à Ciência

Metrologia é a ciência
Grandeza é qualquer quantidade física que pode ser medida. Exemplos: que estuda a medição.
a massa, o volume, o comprimento, o tempo, a temperatura, etc.

Para efetuarmos a medição de uma grandeza física, (ato de medir), precisamos de conhecer a unidade
correspondente. A unidade é uma grandeza particular de uma dada espécie, selecionada segundo deter-
minado critério e que serve de padrão de comparação com outras grandezas da mesma espécie.

Na tabela 1, encontram-se exemplificadas algumas grandezas e as suas respetivas unidades.


Tabela 1 Algumas grandezas físicas e respetivas unidades

Grandezas Físicas Unidades no sistema internacional (SI) Exemplos de Outras unidades


Comprimento Metro (m) Decímetro (dm), Centímetro (cm)
Volume Metro cúbico (m )
3
Mililitro (mL), Centilitro (cL), Litro (L)
Graus Celsius (oC), Graus Fahrenheit
Temperatura Kelvin (K)
(oF)
Tempo Segundo (s) Hora (h), Minuto (min)
Massa Quilograma (kg) Tonelada (t), Grama (g)
Quilómetro quadrado (km2), Decímetro
Área Metro quadrado (m2)
quadrado (dm2)

Os Químicos e os Físicos têm necessidade de fazer medições de massa, temperatura, tempo, comprimento,
etc. Essas medições exigem certos cuidados, pois medir implica:

• Conhecer a grandeza física que vamos medir;


• Escolher o instrumento de medida adequado;

A B C

E F
D

Fig. 32 Alguns instrumentos de medição: A- Balança analítica; B- Balança de precisão; C- Fita métrica;
D- Termómetro de mercúrio; E- Termómetro digital; F- Cronómetro

27
1
Introdução à Ciência

• Utilizar corretamente o instrumento de medida;


• Escolher cuidadosamente a unidade de medida com que vamos efetuar a medição;
• Verificar a validade do resultado;
• Exprimir corretamente o resultado final da medição.

Diretas: são efetuadas diretamente através dos instrumentos de


medida utilizados, tais como:

• Régua, por exemplo para medir o comprimento de uma mesa;


• Cronómetro, por exemplo para contar quanto tempo demoras
para chegar á tua escola;
• Balança, por exemplo para saber a massa de um determinado
objeto.

As Medições podem ser:


Indiretas: o resultado é obtido através de cálculos matemáticos,
conhecendo assim os resultados da medição direta, exemplo:

• Área de uma sala através da medição do comprimento e da


largura da mesma;
• Volume de um sólido através do deslocamento do líquido usando
uma proveta graduada.

Erros na medição

Nenhuma medição é perfeita, pois o resultado da medição vem acompanhado de erros devido a alguns
fatores. Existem dois tipos de erros mais correntes ao efetuar uma medição: os erros sistemáticos e os
erros fortuitos ou aleatórios.

Erros sistemáticos

São erros que resultam de uma falha de um instrumento de medida (Ex: uma balança mal calibrada), e/ou
do método utilizado (Ex: posicionamento constantemente incorreto do aparelho de medida).
Se forem descobertos podem ser corrigidos ou eliminados.

Erros fortuitos ou aleatórios

Os erros fortuitos ou aleatórios podem ocorrer devido ao posicionamento desajustado do obser-


vador em relação à escala (erros de paralaxe ou de inclinação – por exemplo, a leitura incorreta
da base do menisco) ou por outras causas, como por exemplo, variações no ambiente do la-
boratório. São erros inevitáveis e sem qualquer regularidade. As estimativas variam de pessoa
para pessoa e de medição para medição.

Para minimizar esses erros deve-se repetir a medição várias vezes e assumir o valor da média aritmética
como sendo o valor mais provável.

28
1
Introdução à Ciência

O mapa seguinte, figura 33, resume os princípios que aprendeste para fazer uma medição.

Medir

Por exemplo

Massa Volume Temperatura

Implica

Conhecer a Escolher os Saber utilizar os Ter cuidado


grandeza instrumentos instrumentos com a unidade

Ter o resultado final Validar o resultado


correto

Fig. 33 Mapa conceptual dos princípios de uma medição

29
1
Introdução à Ciência

Fiquei a saber que …


O método científico é o modo próprio que os cientistas têm de executar as suas tarefas, correspondendo
a procedimentos práticos que levam ao conhecimento científico.

Em ciência não há um método único, cada ramo científico pode ter o seu método diferente.

Um método clássico, e ainda utilizado, consiste na realização de uma sequência organizada de fases ou
etapas:
1. Observação, Registo de dados e Formulação do problema.
2. Formulação de hipótese
3. Realização de experiências controladas.
4. Análise dos resultados
5. Conclusão e generalização

O laboratório é o local mais seguro e adequado para os químicos, os físicos e outros cientistas desenvol-
verem os seus trabalhos experimentais.

Qualquer trabalho experimental necessita de especial atenção. O laboratório não é um local para brinca-
deiras. Devem-se cumprir as regras básicas de segurança.

A medição é um processo fundamental em Física e Química, que consiste num conjunto de operações que
tem por objetivo determinar o valor de uma grandeza. Ela é bastante útil para descrever as observações.

Nenhuma medição é perfeita, existem dois tipos de erros mais correntes associados:
• Erros sistemáticos - São erros que resultam de uma falha de um instrumento de medida (Ex: uma balança
mal calibrada), e/ou do método utilizado (Ex: posicionamento constantemente incorreto do aparelho de me-
dida). Se forem descobertos podem ser corrigidos ou eliminados.
• Erros fortuitos ou aleatórios - São erros que podem ocorrer devido ao posicionamento desajustado do
observador em relação à escala ou por outras causas, como por exemplo, variações no ambiente do labo-
ratório. São inevitáveis e ocorrem sem qualquer regularidade. Para minimizar esses erros deve-se repetir a
medição várias vezes e assumir o valor da média aritmética como sendo o valor mais provável.

30
1
Introdução à Ciência

Atividade Prática II: “Medição do volume de um corpo com uma proveta graduada”

Objetivos
• Medir o volume de um corpo sólido através do deslocamento do líquido numa proveta.
• Reconhecer a utilidade de uma proveta.
• Adotar uma posição correta para a leitura do volume do líquido (base de “menisco”).

Materiais e reagentes necessários


• Água da torneira
• Proveta de 25 ou 50 mL
• Diversos corpos sólidos, desde que não se dissolvam em água

Procedimento
1. Enche a proveta com água até cerca de 1/3 da sua capacidade.
2. Observa e regista corretamente o volume de água colocada na proveta (Vi).
3. Introduz o corpo sólido cuidadosamente na proveta com água.

4. Observa e regista novamente o volume da água na proveta (Vf).


5. Calcula a variação do volume da água (∆V= Vf - Vi).
6. Determina o volume do corpo.
7. Repete a experiência pelo menos 3 vezes, preenche a seguinte tabela e calcula a média aritmética da
variação do volume.

Volume inicial Volume final Variação do volume


Experiências
(Vi) (Vf) (∆V)




Média aritmética da variação do volume

31
1
Introdução à Ciência

Questões

a) Qual o tipo de erro que poderá estar associado a esta medição?


b) Qual a importância ou utilidade de uma proveta numa medição?

Atividade Prática III: “Medição de temperatura”

Objetivos

- Utilizar o termómetro graduado na escala de Celsius para determinar a temperatura da água.


- Fazer a leitura correta da escala termométrica.

Materiais necessários
• Termómetros graduados na escala de Celsius
• Copos de vidro
• Água da torneira
• Gelo

Procedimento
1. Analisa cuidadosamente um termómetro de laboratório e regista o valor máximo e mínimo da escala.
2. Regista o valor da menor divisão da escala.
3. Coloca a parte sensível do termómetro em contacto com a água da torneira, aguarda uns minutos e
regista o valor da temperatura.
4. Repete o ponto 3 pelo menos 3 vezes e calcula a média aritmética dos valores.
5. Repete os pontos 3 e 4 usando cubos de gelo a derreterem-se num copo.

Valor da temperatura em
Experiências 0
C


Água da
torneira



Média aritmética

Cubos de gelo



Média aritmética

32
Verifica o que aprendeste nesta temática

1. Desde os tempos remotos, várias questões sobre a natureza ocuparam a mente do Homem. A
procura de respostas para estas questões levou ao surgimento da ciência.

1.1. Define ciência.


1.2. Comenta a frase: “A ciência não é estática”.
1.3. A ciência foi subdividida em vários ramos. Indica dois ramos da ciência e a área
de estudo de cada um.
1.4. Qual o contributo da Física e da Química para a melhoria dos padrões de vida
do Homem?
1.5. Indica três exemplos da utilidade da Química em cada um dos seguintes setores:
A. Saúde B. Indústria C. Ambiente D. Agricultura
1.6. Enuncia as etapas do método científico.

2. O controlo da água das praias é uma aplicação da Química que está relacionada principalmente
com uma das seguintes atividades. Qual?

A. Pesca B. Indústria C. Saúde D. Comércio

3. Os cientistas realizam as suas experiências nos laboratórios.

3.1- Classifica cada uma das afirmações seguintes como verdadeira (V) ou
falsa (F)
A. Durante a realização de experiências deve-se retirar anéis e/ ou pulseiras. 
B. Antes de usarmos substâncias químicas, devemos ler com atenção os rótu-
los colocados nos frascos que as contêm. 
C. Os recipientes que contêm substâncias químicas não precisam de ser rotu-
lados. 
D. Não é preciso preocuparmo-nos com a contaminação dos reagentes. 
E. Após a realização de experiências é necessário limpar e arrumar a mesa de trabalho. 

3.2- No laboratório encontram-se diversos produtos e equipamentos. Faz a legenda das seguintes imagens:

33
3.3- Os produtos químicos podem ser perigosos. Por isso utilizam-se pitogramas de perigo para alertar
quem vai manusear esses produtos para os perigos inerentes. Identifica o significado dos seguintes sinais
de perigo e diz quais os cuidados que devem ser tomados no manuseio de produtos que os apresentam.

Símbolo Significado Cuidados

4. A medição é importantíssima na ciência, nomeadamente em Física e Química.


4.1- O que é uma grandeza física?
4.2- Enumera algumas grandezas físicas.
4.3- O que é medir uma grandeza física? Exemplifica.
4.4- Menciona alguns instrumentos de medição que estudaste.
4.5- Indica os tipos de erros de medição que estudaste.

34
5. Assinala com uma cruz a unidade no Sistema Internacional (SI) correspondente a cada uma das
seguintes grandezas.

Grandeza Segundo (s) Kelvin (K) Quilograma (kg) Metro (m)

Comprimento
Tempo
Massa
Temperatura

6. Assinala com uma cruz o instrumento de medida correspondente a cada uma das seguintes gran-
dezas.

Grandeza Cronómetro Balança Termómetro Fita métrica

Massa
Tempo
Comprimento
Temperatura

35
2
Os Materiais que nos rodeiam

2
Os Materiais que nos rodeiam

2.1. Variedade dos materiais e formas de classificação


2.2. Substâncias e misturas de substâncias
2.3. As soluções
2.4. Separação dos componentes de uma mistura
2.5. Transformação dos Materiais

36
2
Os Materiais que nos rodeiam

37
2
Os Materiais que nos rodeiam

OBJETIVOS A ATINGIR

No final desta temática deverás ser capaz de:

• Distinguir diversos materiais e classificá-los segundo alguns critérios


• Reconhecer que muitos materiais na natureza são matérias-primas e
que as suas fontes são limitadas
• Distinguir substâncias de misturas de substâncias
• Diferenciar o significado do termo “puro” na linguagem comum e em
Química (uma só substância)
• Reconhecer por leitura de rótulos, que vários produtos de consumo,
higiene e cosméticos são misturas de substâncias
• Indicar algumas propriedades físicas que permitem caracterizar as
substâncias
• Recorrer a ensaios químicos na identificação de algumas substâncias
• Determinar a densidade de algumas substâncias
• Reconhecer a determinação do ponto de ebulição e de fusão como
critérios de pureza
• Classificar misturas homogéneas, heterogéneas e coloidais
• Utilizar em situações concretas, os termos solução, soluto, solvente
• Classificar as soluções em saturadas e insaturadas
• Realizar cálculos simples relativos à composição quantitativa de solu-
ções, expressa em massa de soluto por volume de solução
• Preparar soluções aquosas com uma determinada concentração mássica,
manuseando com segurança produtos químicos e materiais simples do la-
boratório
• Reconhecer a importância de técnicas de separação de componentes
de uma mistura homogénea e heterogénea
• Aplicar algumas técnicas básicas de separação de componentes de
uma mistura, com segurança
• Registar criteriosamente os resultados observados numa experiência
• Diferenciar transformações físicas de transformações químicas
• Identificar as diferentes mudanças de estado físico que ocorrem no
ciclo da água, como sendo transformações físicas
• Reconhecer laboratorialmente a transformação de uma substância
noutra, por ação do calor, eletricidade, luz, mecânica e por junção de
outra substância
• Designar uma transformação química por reação química
• Distinguir reagentes de produtos de reação
• Representar as transformações químicas por esquemas de palavras

38
2
Os Materiais que nos rodeiam

2.1 Variedade dos materiais e formas de classificação

Materiais

Material é tudo o que tem massa e ocupa espaço, tais como o ar, a água, as rochas, o oxigénio, o dióxido
de carbono, o nosso organismo, etc. Qualquer ser ou objeto da Natureza é feito de algum material.

Os materiais apresentam as mais diversas características e servem para várias aplicações, como por
exemplo, os mobiliários da nossa casa, os nossos vestuários, a nossa alimentação, etc.

A variedade dos materiais na natureza é muito grande, e por isso é fundamental classificá-los seguindo
determinados critérios, para facilitar o estudo dos mesmos.

Classificação dos materiais:

1. Quanto à origem

Os materiais podem ser de origem vegetal (obtidos a partir das plantas), origem animal (obtidos a partir
dos animais), ou mineral (formado por tudo aquilo que não possui vida, e podem ser obtidos a partir dos
minérios, rochas, etc).

Quando são extraídos diretamente da natureza são considerados materiais naturais, podendo ser con-
sumidos tal como a natureza os produz. Os que sofreram algumas transformações provocadas pelo ser
humano são designados de materiais manufaturados ou artificiais.

Materiais de origem vegetal


Natural Artificial ou Manufaturado

Fig. 34 Toro de madeira Fig. 35 Mobílias de madeira

Fig. 36 Algodão Fig. 37 Tecidos de algodão

Fig. 38 Madeira de eucalipto Fig. 39 Folhas de papel

39
2
Os Materiais que nos rodeiam

Materiais de origem animal

Natural Artificial ou Manufaturado

Fig. 40 Lã de carneiro Fig. 41 Tecidos de lã

Fig. 42 Leite fresco Fig. 43 Queijo

Fig. 44 Pele de animal Fig. 45 Sapato de pele

Materiais de origem mineral

Natural Artificial ou Manufaturado

Fig. 46 Pepita de ouro Fig. 47 Anél de ouro

Fig. 48 Calcoperite de cobre Fig. 49 Fios de cobre

Fig. 50 Areia Fig. 51 Erlenmeyer de vidro

40
2
Os Materiais que nos rodeiam

Não esquecendo da água, material de origem mineral o nosso bem precioso, que deves poupá-la devido
à sua escassez no planeta Terra.

Atualmente existe uma forte dependência da humanidade por materiais artificiais ou manufaturados, como
por exemplo, nylon, silicone, plásticos, tintas, etc.

Fig. 52 Corda de nylon Fig. 53 Silicone

Fig. 54 Plásticos Fig. 55 Tintas

Para a produção de materiais artificiais ou manufaturados utilizam-se outros materiais naturais e/ou manufa-
turados, designados de matérias-primas.

A água e o petróleo bruto são exemplos de matérias-primas fundamentais em muitas indústrias.

Os recursos naturais constituem fontes de matéria-prima utilizadas pela humanidade ao longo dos tempos.
Sabendo que esses recursos são limitados, devemos explorá-los e fazer uso de forma racional, aplicando a
política dos 3 R´s, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Através da reciclagem usa-se em menor quantidade as
matérias-primas e os recursos na Terra demorar-se-ão mais tempo.

No caso específico de Cabo Verde, é de salientar a existência de poucos recursos naturais e, assim como,
uma forte dependência de produtos importados e/ou manufaturados.

É bastante importante teres uma atitude que visa a preservação ambiental, tendo em atenção os teus
hábitos de consumo e poupança de recursos.

41
2
Os Materiais que nos rodeiam

Cidadania:
Produção e tratamento de lixo

Lixo é o resto de materiais que utilizamos, no quotidiano, e que consideramos desnecessário, incómodo e
que se pode deitar fora. Muitos dos materiais presentes no lixo produzido têm efeitos negativos sobre o meio
ambiente e demoram tempo para desaparecer completamente. Existem materiais que podem ser perfeita-
mente reutilizados antes de serem jogados fora, mas também há materiais no lixo que podem ser reaprovei-
tados como matéria-prima na produção de diversos bens.

Reduzir

Não deves desperdiçar os recursos existentes, ou seja, utiliza o que for ne-
cessário. Por exemplo, não esquece as torneiras de água abertas em tua
casa ou em estabelecimentos que frequentares. Tira o máximo proveito dos
recursos e diminui ao máximo possível a produção do lixo.

Reutilizar

Podes reutilizar alguns dos produtos descartáveis. Por exemplo, frascos de


vidro de produtos alimentares podem ser reutilizados na cozinha, ou então
servir de recipiente para guardar temperos e outros. Os pneus velhos de auto-
móveis podem ser reutilizados de diversas formas.

Atenção, a reutilização nem sempre é praticável. Existem materiais que ofere-


cem perigo para a saúde caso forem reaproveitados. Temos como exemplos,
frascos de produtos de limpeza que não podem ser em momento algum rea-
proveitados na cozinha para guardar produtos alimentares.

Portanto, deves levar sempre em consideração a higiene e as características


dos materiais antes da reutilização.

Outro exemplo de reutilização, é o que se verifica em algumas localidades da


cidade da Praia, existem contentores, chamados de “caixa solidária”, onde as
pessoas poderão depositar os seus vestuários que já não usam, que podem
servir para outras pessoas com menor poder económico.

São práticas que deves tomar como exemplo, de modo a ajudar os mais ne-
cessitados.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Cidadania:
Produção e tratamento de lixo

Reciclagem

Uma das fases da reciclagem consiste na separação dos diferentes tipos de lixos ou ma-
teriais.

Atualmente vários países usam contentores de diferentes cores para separar os diversos
tipos de lixos obtidos nas habitações, escolas, empresas, indústrias, etc.

Geralmente, esses contentores também são colocados nas ruas, onde a população deposita os lixos sepa-
rados.

Conforme a cor do contentor, assim será o tipo de lixo a ser colocado.

É muito importante que cada tipo de lixo seja armazenado em contentores diferentes para facilitar o pro-
cesso de reciclagem. Normalmente, no contentor azul: Papel, cartão, revistas, jornais; No contentor ama-
relo: plásticos e metais; No contentor verde: garrafas, garrafões, frascos de vidro; No contentor vermelho:
pilhas usadas nos comandos, baterias de telemóveis.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Cidadania:
Consumo e Consumismo

O consumo é o uso de materiais (bens) para garantir as nossas necessidades básicas.


Fazem parte do nosso consumo os alimentos, energia elétrica, as mobílias, os eletrodomésticos, etc.

Consumismo é o consumo para além do que é necessário para o bem-estar. Devemos evitar o consumis-
mo se queremos ter a sustentabilidade económica e a sustentabilidade ambiental.

Ao adquirirmos produtos e bens devemos ter em conta o seu custo ambiental e social, para além do seu
custo financeiro.

Devemos adquirir produtos ou bens para necessidades reais e tomar cuidados para não comprar algo
desnecessário. Devemos estar atentos para não sermos explorados por meio de publicidades enganosas.

Compras associadas ao consumismo, tais como, compra não planeada, ou seja, feita à pressa ou
por recordar de comprar ao ver a exposição de um determinado produto, e compra compulsiva, feita por
exemplo, como consequência de sentimentos ligados a transtornos de ansiedade, devem ser evitadas.

2. Quanto ao Estado Físico

Os materiais podem ser:


Sólidos: areia, ferro, prata, argila, plástico, chumbo, granito, rocha, madeira, carvão, etc.
Líquidos: água, gasóleo, leite natural, óleo, azeite, álcool, gasolina, mercúrio, etc.
Gasosos: ar, oxigénio, dióxido de carbono, monóxido de carbono, azoto, hidrogénio, hélio, etc.

Dos exemplos acima referidos, considera-se que estes materiais encontram-se à temperatura ambiente e
pressão atmosférica.

3. Quanto à cor

Os materiais classificam-se em:


Corados: tinta, ouro, rocha, areia, madeira, prata, etc.
Incolores: ar, oxigénio, diversos plásticos e vidros, hidrogénio, monóxido de carbono, dióxido de carbono,
gás butano, etc.

4. Quanto à Solubilidade em água

Temos materiais:
Solúveis em água: açúcar, cloreto de sódio (sal de cozinha), álcool etílico, etc.
Insolúveis em água: óleo, azeite, petróleo, plástico, madeira, ferro, borracha, etc.

5. Quanto à combustibilidade (ou facto de arderem ou não no fogo)

Temos:
Materiais combustíveis, os que ardem no fogo: madeira, plástico, álcool etílico, gasolina, gasóleo, petróleo,
hidrogénio, etc.
Materiais incombustíveis, os que não ardem no fogo: água, nitrogénio,areia, mármore, granito, solo, etc.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

6. Quanto à condutibilidade térmica e elétrica

Os materiais classificam-se em:


Bons condutores térmicos e elétricos: ferro, cobre, chumbo, ouro, etc.
Maus condutores térmicos e elétricos: ar, madeira, borracha, cortiça, papel, etc.

2.2. Substâncias e misturas de Substâncias

As substâncias são materiais constituídos por um único componente, ou seja, podemos defini-las como
quaisquer materiais ou corpos que apresentam sempre as mesmas propriedades. Na natureza é muito difícil
encontrar um material com apenas um único componente. Como exemplos de substâncias, temos o ouro, o
oxigénio, o mercúrio e o ferro.

As Misturas de substâncias são formadas por mais do que um componente. Como por exemplo água que
bebemos, leite, refrigerantes, água do mar, o ar que respiramos, a areia da praia, o vidro, o petróleo bruto, a
cortiça, etc, em que as suas propriedades variam conforme as respetivas composições.

Na grande diversidade de materiais que se encontram na natureza, a maioria são misturas de substâncias.

Água do mar Ar que respiramos é


uma mistura de substân-
contém: cias gasosas:
• Cloreto de sódio,
• Cloreto de magnésio • Nitrogénio,
• Sulfato de magnésio, • Oxigénio,
• Sulfato de cálcio • Hidrogénio,
• Cloreto de potássio, • Dióxido de carbono,
• Iodo. • Vapor de água.

Areia da praia

È constituída por grãos com tamanhos diferentes, restos de


conchas e de algas.

Tal como foi dito anteriormente, a água que bebemos e os refrige-


rantes são exemplos de misturas de substâncias. Basta observares
as respetivas composições nos rótulos das embalagens na figura 56
para confirmares isso mesmo.

A água, o oxigénio, o iodo, são exemplos de substâncias puras


em química. No nosso cotidiano utilizamos o termo puro com signi-
ficado diferente do que tem em química. É que certos produtos que
Fig. 56 Rótulos da embalagem da água
compramos trazem nos rótulos a designação de “puro”, na verdade engarrafada e do refrigerante
a leitura dos rótulos desses produtos, permite-nos afirmar que são
misturas de substâncias.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

No dia a dia, o termo puro significa que estes produtos não contêm impurezas indesejáveis que possa pre-
judicar a nossa saúde, no entanto em Química, este termo significa que o material é constituído por uma só
substância, ou seja, um material puro é constituído apenas por uma única substância.

Como por exemplo:

Quando várias substâncias estão-


em contacto formam um conjunto,
o qual se designa por mistura de
composição substância. Cada substância é
- Leite um componente desse conjunto.
- Açúcar Se o material for constituído por
uma só substância chama-se
substância pura ou simplesmente
substância.

Fig. 57 Rótulo de um frasco de doce de leite


com a palavra “puro”

Na verdade, o rótulo do frasco de doce de leite que se diz “puro” dá-nos a indicação da existência de mais
do que um componente.

Exercícios de aplicação
1. Escolhe entre os materiais seguintes, aqueles que são substâncias e os que são misturas de substâncias.
A - Oxigénio; B - Tinta de escrever; C - Água; D - Madeira
2. Quais dos materiais seguintes não são substâncias?
A - Granito; B - Água salgada; C - Açúcar

Fiquei a saber que …


Material é tudo o que tem massa e ocupa espaço, e qualquer ser ou objeto da Natureza é feito de algum ma-
terial. A água, o ar, as rochas, o oxigénio, o dióxido de carbono, o leite, o petróleo, são exemplos de materiais.
Para facilitar o estudo dos materiais, dado a grande variedade existente, é necessário classificá-los seguindo
determinados critérios. Por exemplo, os materiais podem ser classificados, quanto à origem, ao estado físi-
co, à cor, à solubilidade, à combustibilidade, à condutibilidade térmica e elétrica, etc.
Os materiais podem ser classificados em substâncias ou misturas de substâncias:
Substâncias são materiais que apresentam um único componente, as suas propriedades são sempre as
mesmas. A água, o oxigénio, o dióxido de carbono, o nitrogénio, o ozono, etc. são exemplos de substâncias.
Misturas de substâncias são materiais formados por dois ou mais componentes e as suas propriedades
variam de acordo com as respetivas composições. O ar, a água do mar, a areia da praia do mar são exem-
plos de misturas de substâncias.
Um material ‘’puro’’ em química é uma substância.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

2.2.1. Propriedades físicas das substâncias

São características de uma substância que podem ser medidas ou observadas sem que a sua composição
química seja afetada.

As propriedades físicas permitem identificar, e até mesmo verificar se uma substância é pura ou não.

Sem teres a noção do que é uma propriedade física em concreto, no teu dia a dia consegues identificar certos
materiais pelas suas propriedades, como por exemplo, a cor brilhante do ouro e da prata, o cheiro caracterís-
tico da laranja, do álcool, da naftalina, o sabor característico do alho, a maleabilidade dos metais, etc.

Na figura 58, temos por exemplo algumas propriedades físicas do cobre.

Brilho metálico

Bom condutor de calor


Bom condutor da corente
elétrica

Sólido à temperatura
ambiente

Não tem cheiro


Maleável

Cor acastanhada

Fig. 58 Exemplo de algumas propriedades físicas do cobre

De um modo geral, as propriedades organoléticas não permitem As propriedades físicas tais


como, o cheiro, o brilho, o
diferenciar uma substância de uma mistura de substância. Existem sabor, reconhecidas através
propriedades físicas únicas e específicas de cada substância que dos órgãos dos sentidos,
são designadas de
geralmente encontram-se tabeladas, como por exemplo, o ponto de propriedades
organoléticas.
fusão, o ponto de ebulição e a densidade.

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Os Materiais que nos rodeiam

Ponto de fusão

É a temperatura a qual uma substância passa do estado sólido para o estado líquido a uma dada pressão. Por
exemplo, a água sólida (gelo) passa para o estado líquido quando a sua temperatura atinge 0 ºC à pressão
normal.

Como é do teu conhecimento, os ma-


teriais encontram-se em diferentes es-
tados físicos (sólido, líquido e gasoso).
Se aquecermos um sólido, ao atingir
um determinado valor de temperatura
começa a derreter, passando ao estado
líquido. Se continuarmos o aquecimen-
to, o líquido atingirá uma temperatura
Aparelho de medição do ponto de fusão em que começa a evaporar-se, passan-
do ao estado gasoso.

Ponto de ebulição

É a temperatura a qual uma substância passa do estado líquido para o gasoso (vapor) a uma
dada pressão. Por exemplo, a água líquida passa para o estado gasoso (vapor de água) quando
a sua temperatura atinge 100 ºC à pressão normal.

Na tabela 2 encontram-se os valores de pontos de fusão e de ebulição de algumas substâncias à pressão


normal.

Tabela 2 Ponto de fusão e ponto de ebulição de algumas substâncias

Substâncias Ponto de fusão (0C) Ponto de ebulição (0C)

Água 0 100
Alumínio 660 2470
Azoto - 210 - 196
Chumbo 327 1740

Hidrogénio - 259 - 253

Oxigénio - 218 - 183

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Os Materiais que nos rodeiam

Água pura
Se um material for constituído por apenas uma
única substância, durante a fusão e a ebulição, a Líquido
+
temperatura permanece constante (ver as linhas Gasoso
de cor verde do gráfico da figura 59).

Temperatura 0c a 1 atn
P.E. 1000C
Sólido
Gasoso (vapor)
+
Líquido
Como exemplo, observa o gráfico da figura 59 P.F. 00C
que ilustra o ponto de fusão e o ponto de ebulição Líquido
P.E. - Ponto de ebulição
da água pura. -100C
P.F. - Ponto de fusão
Sólido

Tempo de aquecimento

Fig. 59 Ponto de fusão e ponto de ebulição


da água pura

Densidade

A densidade é a propriedade física de uma substância, cujo valor


se calcula pela relação entre a massa da substância e o volume A densidade é uma proprieda-
de física que permite caracteri-
ocupado pela mesma. zar as substâncias.
O ponto de fusão e o ponto de
ebulição são propriedades ca-
A fórmula para calcular a densidade: racterísticas das substâncias
puras e constituem uma indi-
cação da pureza das substân-
cias, permitindo identificá-las.

Densidade:
m
d= v

d - densidade da substância (g/cm3 ou g/dm3);


m - massa da substância (g);
V - volume que a substância ocupa (cm3 ou dm3).

Imagina se tiveres uma mistura de duas substâncias líquidas imiscíveis numa pro-
veta (torre de líquidos), a mais densa fica na parte inferior e a menos densa na parte
superior da proveta.

Tendo em conta a figura à direita, poderás concluir que o líquido de cor vermelha
é mais denso de que os restantes, e por sua vez o líquido de cor verde é o menos
denso.

De um modo geral, os materiais mais densos ocupam posições inferiores relativa-


mente aos menos densos, exceto em situações em que se têm apenas materiais
sólidos.

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Os Materiais que nos rodeiam

Exercícios de aplicação

1. O ponto de fusão do chumbo é 327 ºC e o seu ponto de ebulição é 1740 ºC à pressão normal. Indica o
estado físico do chumbo, quando apresentar as seguintes temperaturas:

a) 100 ºC; b) 500 ºC; c) 1750 ºC

2. As esferas da figura seguinte têm a mesma massa. Qual delas é a menos densa? Justifica a tua resposta.

Esfera 1 Esfera 2

2.2.2. Propriedades químicas das substâncias

A presença de certas substâncias, também pode ser facilmente identificada através de transformações
químicas que ocorrem quando são postas em contacto com outras substâncias. Para descobrir as proprie-
dades químicas de uma substancia, geralmente é importante realizar alguns ensaios químicos ou experiên-
cias laboratoriais. Assim, apresentam-se alguns exemplos:
Explosão de Hidrogénio
Exemplo 1: O hidrogénio é um gás à temperatura ambiente, que forma com o ar uma mis-
tura explosiva. Identifica-se facilmente, aproximando uma chama à boca de um tubo de
ensaio que contém o gás hidrogénio, escuta-se um estampido devido à explosão do gás.
O hidrogénio é combustível.

Exemplo 2: O oxigénio é um gás à temperatura ambiente. Identifica-se porque aviva a combustão.


O oxigénio é comburente.

Exemplo 3: O dióxido de carbono é um gás libertado durante a nossa respiração. Identifica-se, pelo facto
de turvar a água de cal (Solução aquosa de hidróxido de cálcio). É um gás incomburente e incombustível.

Exemplo 4: Certos metais quando submetidos a uma chama conferem-lhe uma cor
característica. Por exemplo, o sódio torna a chama amarela, o lítio torna a chama
vermelha, o cobre torna chama verde, o potássio torna a chama violeta.
Cobre Lítio Sódio Potássio

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Os Materiais que nos rodeiam

Exemplo 5: O amido torna azul-arroxeada a tintura de iodo. O pão que nós comemos con-
tém amido. Colocando gotas de tintura de iodo numa fatia de pão, há formação de uma
nova substância de cor azul-arroxeada.

Exemplo 6: A água pode ser identificada utilizando sulfato de cobre(II) anidro, que é um pó branco e em
contacto com a água fica azul.

Gotas de Água

Sulfato de cobre(II)
anidro (branco)
Sulfato de cobre(II)
hidratado (azul)

Fiquei a saber que …


As propriedades físicas das substâncias são caraterísticas que podem ser medidas ou observadas sem
afetar a composição química das substâncias. As propriedades físicas como o ponto de fusão, o ponto de
ebulição e a densidade permitem identificar as substâncias e avaliar o grau de pureza das mesmas.

O ponto de fusão é a temperatura a qual uma substância passa do estado sólido para o estado líquido a
uma dada pressão. Exemplo: o ponto de fusão da água é 0 ºC, à pressão normal, o que significa que a água
pura no estado sólido (gelo) passa para estado líquido ao atingir a temperatura de 0 ºC, à pressão normal.

O ponto de ebulição é a temperatura a qual uma substância passa do estado líquido para o estado gasoso
a uma dada pressão. Exemplo: o ponto de ebulição da água é 100 ºC, à pressão normal, o que significa que a
água pura no estado líquido passa para estado gasoso ao atingir a temperatura de 100 ºC, à pressão normal.

A densidade é a propriedade física de uma substância cujo valor se calcula dividindo a massa da substância
pelo seu respetivo volume, como apresentado pela fórmula:
m
d= v
, sendo d - densidade, m - massa da substância e V - volume da substância

Geralmente os materiais mais densos ocupam posições inferiores relativamente aos menos densos, exceto
em situações em que se têm apenas materiais sólidos.

A presença de certas substâncias num material pode ser identificada através das respetivas propriedades
químicas. Exemplos: o oxigénio é comburente, a água torna azul o sulfato de cobre anidro, o dióxido de
carbono turva a água de cal, o sódio torna a chama amarela, o lítio torna a chama vermelha, o cobre torna a
chama verde, entre outros. Quando realizam-se ensaios químicos para identificar substâncias, a composição
química das mesmas são afetadas.

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Os Materiais que nos rodeiam

2.2.3. Tipos de misturas: Homogéneas, Heterogéneas e Coloidais

Quanto ao aspeto as misturas podem ser, Homogéneas, Heterogéneas e Coloidais.


Açucar
• Misturas Homogéneas

São misturas que apresentam um aspeto uniforme (uma só fase) em toda


sua extensão, quer se observem a olho nu (vista desarmada) quer ao micros- Água Água açucarada
cópio.
Nestas misturas não é possível distinguir os diferentes componentes.
Antes da mistura Depois da mistura

Por exemplo:

• Água açucarada é uma mistura homogénea de água e açúcar;


• A água potável é uma mistura homogénea de água e sais minerais dissolvidos;
• O ar que respiramos é uma mistura homogénea de vários gases;
• O petróleo bruto é uma mistura homogénea líquida.

• Misturas heterogéneas

São misturas que não apresentam aspeto uniforme (duas ou mais fases) em
toda a sua extensão, ou seja, os seus diferentes componentes são visíveis.

Por exemplo: o granito, uma mistura de areia e cal, uma mistura de água e óleo, etc.

• Misturas coloidais

São misturas que parecem ser homogéneas quando observadas a nível macroscópico (a
olho nu), mas que quando observadas ao microscópio (escala micro e nanométrica) ou
outros instrumentos de ampliação, mostram-se heterogéneas, distinguindo-se os diferen-
tes componentes da mistura.

Por exemplo:

• Ao observar um copo de leite a olho nu não consegues identificar os seus componentes, mas ao observá-lo
ao microscópio, distinguem-se vários componentes no leite;
• Há materiais, como por exemplo a gelatina, a maionese, o queijo, a pasta de dentes, espuma de barbear,
nevoeiro, que também são misturas coloidais.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Outros exemplos de misturas homogéneas, heterogéneas e coloidais:

Álcool hidratado Soro caseiro

• 1 fase
Misturas homogéneas • 1 fase
• 3 componentes
• 2 componentes
(água, sal e açúcar)
(água e álcool)

Água e gelo Água e óleo


• 2 fases • 2 fases
Misturas heterogéneas • 1 componente • 2 componentes
(água no estado (água e óleo)
liquido e sólido)

Sangue

Misturas Coloidais Gel de banho


observado ao
microscópio

Atenção: a mistura de água e gelo é uma mistura heterogénea sim, mas de fases, e não uma mistura
heterogénea de substâncias.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Mapa conceptual - Materiais

O mapa seguinte, figura 60, resume os principais conceitos que aprendeste sobre os materiais.

Materiais

Podem ser

Substâncias Misturas de
Substâncias

Apresentam propriedades Apresentam


invariáveis Podem ser
propriedades variáveis

Homogéneas Heterogéneas Coloidais

Aspeto Aspeto não A olho nu - aspeto uni-


uniforme uniforme forme
Ao microscópio - aspeto
não uniforme

Fig. 60 Mapa conceptual sobre Materiais

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2
Os Materiais que nos rodeiam

2.3. As soluções

As soluções são misturas homogéneas de duas ou mais substâncias. As soluções, quanto ao estado físico,
podem ser sólidas, líquidas ou gasosas.

Uma Solução Sólida é uma mistura homogénea de diferentes substâncias sólidas.

Por exemplo, a mistura de cobre e o estanho, nas fabricações dos sinos e medalhas de bronze.

Medalha de bronze Sino de bronze

As soluções sólidas são diversas, existem vários materiais metálicos que usamos na nossa cozinha, consti-
tuídos por diferentes metais. O anel que usamos nos dedos, por exemplo é constituído por diferentes metais.

Solução Gasosa é uma mistura homogénea de diferentes substâncias que se encontram no estado gasoso.
Como por exemplo, o ar que respiramos é uma mistura de componentes gasosos, o azoto, hidrogénio, oxi-
génio, entre outros. Qualquer mistura homogénea de gases é considerada uma solução gasosa.

Solução Líquida é uma mistura homogénea de diferentes substâncias, em que pelo menos uma das subs-
tâncias deve estar no estado líquido.

Uma solução líquida resulta de uma mistura homogénea entre dois líquidos, entre um sólido e um líquido e
também entre um líquido e um gás.

As soluções líquidas são


as mais comuns, e são as
que vão ser abordadas com
Mistura entre dois líquidos, forma mais pormenores neste ca-
uma solução líquida. pítulo.

55
2
Os Materiais que nos rodeiam

Após a mistura do
sólido e líquido

Líquido
Sólido

Solução líquida

Mistura entre um sólido e um líquido, forma Mistura entre um líquido e um gás, forma
uma solução líquida. uma solução líquida

Mapa conceptual - Soluções

O mapa seguinte, figura 61, resume os principais conceitos que aprendeste sobre as soluções.

Soluções

Podem ser

Sólidas Líquidas Gasosas

Componentes Componentes Componentes

Sólido Sólido Líquido Gasoso Gasoso


+ + + + +
Sólido Líquido Líquido Líquido Gasoso

Fig.61 Mapa conceptual sobre Soluções

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2
Os Materiais que nos rodeiam

2.3.1. Composição qualitativa de uma solução líquida

Uma solução líquida, é constituída sempre por soluto(s) e solvente. O soluto é a substância que se dissolve
no solvente para formar uma solução, e o solvente é a substância que dissolve o soluto.

As soluções, cujo solvente é a água, denominam-se de soluções aquosas.

Composição quantitativa de uma solução líquida

Soluto + Solvente Solução


Mistura Homogénea

dissolve-se no solvente substância que


para formar a solução dissolve o soluto

Soluto Solvente Solução

No teu dia a dia encontras muitas soluções, basta teres um pouco de curio-
sidade. No entanto, existem algumas soluções cujo solvente não é a água.
Por exemplo, o álcool etílico é o solvente do iodo. A acetona é o solvente
do verniz das unhas.

Como identificar o soluto e o solvente numa solução?

1- Se os componentes da solução estiverem em estados físicos diferentes, o solvente é a substância com o


mesmo estado físico da solução. Por exemplo: se pretendes preparar uma solução, água salgada, o soluto
será o sal e o solvente será a água, pois a solução final será líquida.
2- Se os componentes da solução estiverem no mesmo estado físico, o soluto será a substância que se en-
contra em menor quantidade. Por exemplo: numa solução de água e álcool etílico, a substância que estiver
em menor quantidade será o soluto e, por conseguinte, o outro será o solvente.

2.3.2. Composição quantitativa de uma solução líquida

A composição quantitativa de uma solução pode ser expressa de diversas formas. No entanto, para já vais
apenas aprender a expressar a composição quantitativa de uma solução em termos de sua concentração
mássica (Cm ).

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2
Os Materiais que nos rodeiam

A concentração mássica é o quociente entre a massa do soluto (m) e o volume da solução (V), represen-
tada pela seguinte expressão:

Concentração Unidades:
mássica
m(soluto) • A massa (m) exprime-se em gramas (g);
cm= v(solução) • O volume (V) exprime-se em decímetros cúbicos ou em centímetros
cúbicos (L ou dm3, cm3);
• A concentração mássica (Cm) exprime-se em gramas por decímetros
cúbicos ou gramas por centímetros cúbicos (g/L ou g/dm3, g/cm3).

Atividade Prática IV: “Preparação de 100 mL de uma solução aquosa de cloreto de sódio
com a concentração de 20 g/L”

Objetivos

‫ ٭‬Preparar rigorosamente uma solução aquosa com uma determinada concentração


‫ ٭‬Respeitar as regras de segurança

Reagentes
• Cloreto de sódio (sal de cozinha) ; Água destilada

Materiais
• Balança ; Vidro de relógio; Espátula; Copo Gobelet; Vareta de vidro; Esguicho; Funil; Balão volumétrico
de 100mL; Pipeta de Pasteur

Procedimento

1. Coloca um vidro de relógio sobre a balança, tara a balança e, com ajuda de uma espátula, pesa 2,0 g de
cloreto de sódio.
2. Transfere a quantidade do cloreto de sódio para o gobelet e adiciona uma determinada quantidade de
solvente, abaixo do volume total pretendido.
3. Faz a dissolução do cloreto de sódio, agitando com uma vareta de vidro até dissolver todo o soluto (cloreto
de sódio).
4. Com ajuda de um funil, transfere a solução do gobelet para o balão volumétrico de 100 mL.
5. Com ajuda de uma pipeta de Pasteur, para obter maior precisão na medição, adiciona água ao balão
volumétrico até perfazer 100 mL.
6. Finalmente, tapa o balão e agita a solução para a homogeneizar. E assim terás uma solução aquosa de
cloreto de sódio com uma concentração de 20 g/L.

58
2
Os Materiais que nos rodeiam

Cuidados a ter na preparação da solução

- Ter cautela no manuseamento dos materiais de vidro;


- Com ajuda do esguicho, adicionar água ao vidro de relógio para arrastar todo o soluto ao transferir para o
gobelet;
- Com ajuda do esguicho, adicionar água ao gobelet, arrastando todo o seu conteúdo para o balão. É muito
importante evitar perdas de solução de cloreto de sódio nas transferências;
- Ao perfazer o volume total da solução, ter cuidado na leitura do menisco (observar pela base da concavidade);
- Toda solução preparada deve ser guardada em frascos limpos e devidamente rotulados. (nome da solução,
concentração, data, etc).

Cálculo da massa do soluto: m (cloreto de sódio) =?

Nota: Como a concentração da solução vem expressa em g/L, é necessário conveter a unidade do volume
da solução a litro.

Como C (solução) =20 g/L e V (Solução) =100 mL = 0,100 L

m(soluto )
Utilizando a expressão: C (solução) = C (solução ) =
V (solução )

Substituindo os valores de C (solução) e do V (Solução) tem-se:

m(soluto ) m(solução )
C (solução ) = 20 g / L =
⇒ 20 ⇒ m(solução ) = 20
2
0 g / L × 0,100 L = 2,0 g
V (solução ) 0,100 L

Vamos precisar de 2,0 g de cloreto de sódio.

Soluções saturadas e insaturadas

Uma solução é saturada quando, a uma dada temperatura, já não dissolve mais quantidade de soluto.

80 g de sal 160 mL de água Solução saturada, com sal


não dissolvido no fundo
do copo

Uma solução é insaturada ou não saturada quando, após a adição do soluto a uma dada temperatura, o
solvente ainda terá alguma capacidade para dissolver mais quantidade de soluto.

40 g de sal 160 mL de água Solução insaturada

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Soluções diluídas e concentradas

Em química, quando se comparam duas soluções com a mesma composição qualitativa, elas podem ser
classificadas de soluções concentradas e soluções diluídas.

Uma solução concentrada apresenta maior quantidade de soluto dissolvido na mesma quantidade de sol-
vente, enquanto que uma solução diluída apresenta menor quantidade de soluto na mesma quantidade de
solvente.

Exemplo de uma solução diluída e solução concentrada:

Na figura 62 são apresentadas duas soluções de sulfato de cobre. Pode-se observar que na solução A a cor
é mais intensa que na solução B, isto porque na solução A foi colocado mais soluto do que na solução B.
Portanto, a solução A é solução concentrada e a solução B é solução diluída.

Solução A A ideia de uma solução concentrada ou diluída é baseada na intensidade da colo-


ração. Porém, existem soluções incolores em que só é possível classificá-las em
concentradas ou diluídas com base no valor da concentração mássica.

Uma solução concentrada é aquela que apresenta maior valor de concentração


Solução B
mássica em relação a uma solução diluída.
Fig. 62 Solução concentrada (A)
e solução diluída (B)

Fiquei a saber que …


Quanto ao aspeto, as misturas podem ser homogéneas, heterogéneas e coloidais.

As misturas homogéneas apresentam um aspeto uniforme (uma só fase) em toda a sua extensão, quer
observadas a olho nu (vista desarmada) quer ao microscópico. Não é possível distinguir os diferentes com-
ponentes. Exemplos: água açucarada, água potável, ar, petróleo bruto, etc.

As misturas heterogéneas não apresentam aspeto uniforme em toda a sua extensão, os seus diferentes
componentes são visíveis. Exemplos: mistura de areia e cal, granito, mistura de água e óleo, etc.

As misturas coloidais aparecem homogéneas quando observadas a olho nu. Porém, quando observadas
ao microscópico (dimensões micro e nanométrica), mostram-se heterogéneas. Exemplos: maionese, queijo,
nevoeiro, sangue, pasta de dente, espuma de barbear, gelatina, etc.

Soluções
As misturas homogéneas de duas ou mais substâncias são designadas por soluções. As soluções podem
ser sólidas, líquidas ou gasosas. Exemplos: bronze (solução sólida), água salgada (solução líquida) e o ar
(solução gasosa).

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Composição qualitativa de uma solução


Uma solução é constituída por soluto e solvente. Soluto é a substância que se dissolve no solvente para
formar a solução. Solvente é a substância que dissolve o soluto. Exemplo: Na água salgada o soluto é o sal
e o solvente é a água.

As soluções que têm como solvente a água são designadas por soluções aquosas.

Composição quantitativa de uma solução


Uma das formas de exprimir a composição quantitativa de uma solução é por meio da concentração mássica,
que é o quociente entre a massa do soluto e o volume da solução.
C =
m
m (soluto) , sendo Cm – concentração mássica, m – massa do soluto e o V – volume da solução.
V (solução)

Uma solução é saturada quando, a uma dada temperatura, o solvente não consegue dissolver mais quan-
tidade de soluto.

Uma solução é insaturada quando, a uma dada temperatura, o solvente terá ainda capacidade de dissolver
mais quantidade de soluto.

Comparando duas soluções com a mesma composição qualitativa, a solução concentrada é a que apre-
senta maior quantidade de soluto por volume de solução e a solução diluída é a que apresenta menor
quantidade de soluto por volume de solução, ou seja, a solução com maior concentração é concentrada e a
com menor concentração é diluída.

2.4. Separação dos componentes de uma mistura

Depois de teres aprendido a caracterizar e classificar as misturas em homogéneas e heterogéneas, vais


agora ter a oportunidade de identificar os diferentes processos físicos de separação dos seus componentes.
É importante separar os componentes das misturas, porque permite usar esses componentes em diversas
situações.

2.4.1. Separação dos componentes de misturas heterogéneas de sólidos com líquidos

Decantação
É uma técnica que se usa para separar um sólido depositado no fundo de um recipiente que contém um
líquido.

Imagina que tens um copo com água e partículas sólidas em suspensão. Deixa repousar e, após alguns mi-
nutos, verás que a maioria das partículas sólidas ficam depositadas no fundo do copo. Logo, poderás separar
o líquido transferindo-o para outro copo através de uma vareta.

Mistura heterogénea Processo de Após separação da


de água e areia decantação mistura heterogénea

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2
Os Materiais que nos rodeiam

No entanto, a decantação não permite a separação completa dos componentes sólidos e do líquido, pois a
parte sólida fica sempre com alguma humidade.

Filtração
É bastante utilizada quando o sólido se encontra em suspensão num líquido.

Geralmente usa-se um papel de filtro poroso, que é colocado num funil. Podes separar
o sólido em suspensão num líquido fazendo passar a mistura por meio do papel de filtro
poroso. O sólido fica retido no papel e o líquido passa através do filtro, sendo este líquido
chamado de filtrado.

Centrifugação
É utilizada também quando o sólido se encontra em suspensão num líquido, no entanto
a separação é mais rigorosa.

A mistura é introduzida numa centrifugadora elétrica e, depois de rodar com uma gran-
de velocidade, o sólido fica depositado no fundo do recipiente. Por conseguinte, pode
ser removido do líquido por decantação.

2.4.2. Separação dos componentes de misturas heterogéneas sólidas

Peneiração
É uma técnica utilizada para separar sólidos com tamanhos diferentes. Também é muito
utilizada em Cabo Verde, por exemplo, na apanha de areia, onde se separam grãos de
diferentes tamanhos.

Catação
É uma técnica manual de separação muito utilizada no nosso dia a dia. Imagina,
por exemplo, quando vais separar os grãos bons do feijão e os “estragados”.

Outro exemplo é o grande problema que acontece em algumas empresas de


separação de lixo. Se na tua casa não separas os diferentes tipos de lixo sólido,
misturando garrafas, plásticos, embalagens de papel, entre outros, será necessário efetuar posteriormente
essa tarefa de separação manual dos diferentes tipos de lixo misturados. Portanto, é importante teres a
noção do grande problema e trabalho que, sem pensar, dás às empresas, não fazendo uma separação que
deveria ser feita em nossa casa. Caso faças essa separação, estarás a ajudar o nosso ambiente e a facilitar
o processo de reciclagem.

Sublimação
É utilizada quando um dos sólidos na mistura sublima facilmente com aque-
cimento, ou seja, passa com facilidade do estado sólido para o estado ga-
soso, separando-se dos restantes componentes sólidos.

Como exemplo temos o iodo, que é uma substância que sublima facilmente
quando aquecido. Mistura de iodo sólido
e areia
Sublimação do iodo

Imagina se tiveres uma mistura de areia e iodo num copo. Ao ser aquecida, o iodo sublima rapidamente,
ficando a areia livre no copo.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

Magnetização ou separação magnética


É utlizada quando um dos componentes da mistura tem
propriedades magnéticas.

Como exemplo, imagina que tens uma mistura de arroz


e limalha de ferro. Podes separar a limalha de ferro por Mistura de limalha
de ferro e arroz
Inicio da separação de limalha
de ferro usando o iman
Separação total
de limalha de ferro
meio de um íman.

Extração por solvente


É uma técnica que se utiliza quando o líquido que é adicionado à mistura sólida apenas dissolve um dos
componentes da mistura.

Se tiveres uma mistura sólida heterogénea, ao misturar um líquido, um dos sólidos pode ser solúvel no líquido
adicionado e separar-se dos restantes. É a técnica utilizada, por exemplo, para extrair a cafeína do café e do
chá.

2.4.3. Separação dos componentes de misturas heterogéneas líquidas

Decantação em funil
É uma técnica utilizada para separar, por exemplo, dois líquidos que não se misturam, designados de líquidos
imiscíveis.

Geralmente, a mistura é transferida para um funil de decantação ou também chama-


da de ampola de decantação e é deixada em repouso durante algum tempo, até que
os líquidos formem duas camadas ou fases distintas. Abre-se a torneira, recolhendo
na totalidade o líquido da camada ou fase inferior e de seguida fecha-se a torneira,
recolhendo-se o outro líquido pela parte superior da ampola. Evitam-se assim conta-
minações de um dos líquidos.

2.4.4. Separação dos componentes de misturas homogéneas

Cristalização
A cristalização é um processo utilizado para separar um sólido que se encontra dissolvido
num líquido. Por exemplo, nas salinas, na produção do sal. A água do mar é transportada
para grandes depósitos, ficando em repouso. Com o tempo, a água vai-se evaporando,
obtendo-se o sal cristalino.

Ebulição de solvente
É uma técnica também utilizada para separar um sólido que se encontra dissolvido
num líquido, mas com aquecimento da solução até à ebulição. Logo, o componente de
menor ponto de ebulição evapora-se com maior rapidez, restando o sólido.

Esta técnica também pode ser utilizada para separar dois líquidos miscíveis. Mas neste
caso, os dois líquidos devem ter ponto de ebulição muito diferente. Imagina uma mistura
homogénea de água e acetona (substância que é utilizada por exemplo para retirar o ver-
niz das unhas). Ao ser aquecida a mistura, a acetona, como entra em ebulição a 560C, evapora-se, ficando
no recipiente a água.

É importante referir que, com esta técnica, geralmente não é possível recuperar as duas substâncias da mis-
tura, pois uma delas evapora-se sempre.
63
2
Os Materiais que nos rodeiam

Cromatografia em papel ou camada fina

É uma técnica muito útil, que nos permite identificar o número de componentes de uma
mistura.

A tinta preta de uma caneta é constituída por tintas de diferentes cores. Assim, depen-
dendo da marca da caneta usada, podem observar-se manchas de diversas cores. O
vermelho e o azul são as mais vulgares, cada tipo de cor corresponde a uma substância
diferente.

Geralmente, aplica-se uma pequena quantidade da tinta no papel de filtro e como as subs-
tâncias diferentes têm afinidades diferentes com o papel de filtro, percorrem distâncias diferentes, quando o
papel tiver sido molhado com um solvente adequado.

Esta técnica é útil para identificar os diferentes componentes de soluções coradas, mas também pode ser
utilizada para soluções não coradas. Neste caso a visualização das manchas terá de ser feita com material
específico.

Em vez de papel de filtro, existem outros materiais que são utilizados para aplicar as soluções. Usam-se, por
exemplo, as placas de cromatografia em camada fina.

Destilação Simples e Fracionada


A destilação é uma técnica utilizada para separar líquidos com temperaturas de ebulição diferentes. O pro-
cesso de destilação envolve a vaporização de um líquido e a sua subsequente condensação (passagem do
estado gasoso para o estado líquido). A mistura líquida é aquecida até se atingir a temperatura de ebulição
do componente mais volátil (de menor ponto de ebulição). Como consequência, este separa-se da mistura.
Numa mistura, a separação é tanto mais fácil quanto maior for a diferença entre os pontos de ebulição dos
diferentes componentes que a constituem.

Existem duas técnicas de destilação: a destilação simples e a destilação fracionada.

Numa destilação simples ocorre apenas um único processo de destilação. Geralmente é usada para sepa-
rar componentes de uma mistura cuja diferença entre os pontos de ebulição é maior do que 80ºC.

1-Manta de aquecimento; 2-Balão de fundo redondo; 3 e 6-Adap-


tadores; 4-Cabeça de destilação; 5-Termómetro; 7-Saída de
água de arrefecimento; 8-Condensador de Liebig; 9- Entrada
de água de arrefecimento; 10-Alonga; 11-Erlenmeyer; 12-Garra;
13-Suporte universal

Enquanto que, numa destilação fracionada ocorrem sucessivamente várias destilações simples, embora não
sejam independentes umas das outras. É uma técnica mais adequada para a separação de misturas de com-
ponentes cuja diferença entre os pontos de ebulição é menor do que 80ºC.

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Os Materiais que nos rodeiam

1-Manta de aquecimento; 2-Balão de fundo redondo; 3-Coluna


de fracionamento; 4 e 7-Adaptadores; 5-Cabeça de destilação;
6-Termómetro; 8-Saída de água de arrefecimento; 9-Condensa-
dor de Liebig; 10-Entrada de água de arrefecimento; 11-Alonga;
12-Erlenmeyer; 13-Suporte elevador; 14-Suporte universal

A destilação é a técnica utilizada em Cabo Verde para produzir a aguardente, ou seja o famoso “grogue”.

Cidadania:
Não ao consumo do álcool e de outras drogas

O álcool existente nas bebidas alcoólicas é o etanol ou álcool etílico, que é obtido geralmente por fermen-
tação de produtos agrícolas que contém açúcar e amido. A destilação é um processo de separação muito
importante para a obtenção do álcool e, no caso concreto de Cabo Verde, faz-se a destilação da aguar-
dente (álcool) a partir da cana-de-açúcar.

O álcool, o etanol, é uma substância assimilada rapidamente pelo organismo humano. Geralmente quando
a presença do álcool no organismo atinge 1 a 2 g por quilograma de massa corporal, provoca, em muito
casos, o estado de embriaguez no consumidor.

As outras drogas são produtos ilícitos com consequências muito mais graves para os(as) cidadãos/ cidadãs.

O álcool e as outras drogas levam à dependência. O uso abusivo desses produtos tem consequências
negativas graves.

Em Cabo Verde, constata-se que o consumo do álcool é exagerado e as consequências sociais são gra-
ves, levando a perturbações e/ou à morte.

O consumo de álcool está associado a um conjunto de consequências negativas para a vida do(a) estu-
dante, entre as quais a dificuldade de aprendizagem e o baixo rendimento escolar.

O consumo de álcool é um fator de risco para o insucesso escolar e esse insucesso provavelmente au-
mentará com o uso abusivo do álcool.

Jovens e adolescentes são os que mais consomem álcool e tem sido uma preocupação particular para os
setores da saúde e da educação.

Caro(a) aluno(a) fica longe do álcool e das drogas, porque quem seguir pelo
caminho do álcool e das drogas não terá um futuro brilhante.
Toma cuidado! Quem te oferecer ou te convidar para usar droga e álcool é teu/tua
inimigo(a).

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Os Materiais que nos rodeiam

Exercícios de aplicação

1. Associa cada número a uma letra, de modo a obteres correspondências corretas entre as técnicas de
separação e a obtenção dos componentes da mistura.

I Separação do álcool dos restantes componentes do vinho A Filtração


II Separação da nata do leite B Decantação
III Separação dos diversos componentes da tinta da caneta C Destilação simples
IV Obtenção do sal nas salinas D Cromatografia em papel
V Separação das impurezas em suspensão na água E Centrifugação
VI Separação da água e conchinhas do mar F Cristalização

2. Descreve as técnicas de separação que utilizarias para separar uma mistura sólida de sal fina de cozinha
com areia fina.

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Os Materiais que nos rodeiam

Fiquei a saber que …


Existem diversos processos físicos de separação dos componentes de uma mistura. Alguns exemplos:

Processo físico de separação


Tipo de Mistura Aplicação
dos componentes
Separação entre um líquido e um sólido depo-
Sólido- líquido

Decantação
Heterogénea

sitado num recipiente.


Filtração Separação de fragmentos sólidos em suspen-
(o filtro é indispensável) são num líquido.
Centrifugação Separação rigorosa de fragmentos sólidos em
(utiliza-se uma centrifugadora) suspensão num líquido.
Peneiração
Separação de sólidos com tamanhos diferentes.
(utiliza-se uma peneira)
Catação Separação, por exemplo, de feijões bons de
(processo manual) feijões “estragados”, etc.
Sólido-sólido
Heterogénea

Separação de um componente sólido de outro


Sublimação
facilmente sublimável por aquecimento.
Separação de componentes sólidos com pro-
Magnetização
priedade magnéticas de outros sem essa pro-
(utiliza-se íman)
priedade.

Separação, em que um dos componentes é so-


Extração por solvente
lúvel num determinado solvente.

Heterogénea
Decantação em funil Separação de líquidos imiscíveis.
líquido-líquido

Cristalização
Separação de um sólido dissolvido num líquido.
(evaporação lenta do solvente)
Ebulição do solvente
Misturas Homogéneas

Separação de um sólido dissolvido num líquido


(aquecimento até a ebulição do
ou líquidos miscíveis.
solvente)

Cromatografia em camada fina Identificação de componentes de uma mistura.

Destilação simples
Separação de componentes cuja diferença en-
(ocorre apenas um único processo
tre os pontos de ebulição é maior do que 80ºC.
de destilação)
Destilação faccionada
Separação de componentes cuja diferença en-
(ocorrem de forma sucessiva
tre os pontos de ebulição é menor do que 80ºC.
várias destilações simples)

67
2
Os Materiais que nos rodeiam

2.5. Transformação dos materiais

Desde sempre o ser humano transformou os materiais, utilizando-os para satisfazer as suas necessidades
de alimentação, vestuário, transporte, etc.

As transformações dos materiais podem ser físicas ou químicas.

2.5.1. Transformações físicas

As transformações físicas são aquelas que ocorrem sem a formação de novas substâncias, ou seja, numa
transformação física apenas se modificam algumas propriedades, mas os materiais nunca deixam de ser o
que eram antes da transformação.

Substâncias Transformação Física Mesmas Substâncias

Exemplos de transformações físicas:

‫ ٭‬Divisão de materiais (papel que se rasga, vidro que se parte, etc.)

Fig. 63 Papel rasgado Fig. 64 Garrafa de vidro partida

‫ ٭‬Aumento ou diminuição de tamanho de materiais, isto é, dilatações ou contrações de materiais.

Fig. 65 Deformação de um material metálico Fig. 66 Deformação de uma mola

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Os Materiais que nos rodeiam

Sublimação do Sólido

‫ ٭‬As mudanças de estado físico dos materiais (fusão, solidificação,


vaporização, condensação e sublimação). Fusão Vaporização

Sólidificação Condensação
Sólido Líquido Gás

Sublimação do gás

Fig. 67 Fusão do ferro Fig. 68 Água a ferver

Exercícios de aplicação

1. Que mudanças de estado físico ocorrem durante a destilação simples?

‫ ٭‬O ciclo da água

Durante o ciclo da água ocorrem várias transformações físicas.


A energia solar provoca a evaporação da água líquida nos lagos,
rios e mares, libertando-a para a atmosfera. A água no estado ga-
soso arrefece e condensa-se, passando ao estado líquido, resul-
tando em gotículas de água ou partículas de gelo, dependendo da
temperatura atmosférica, que por sua vez se agrupam em nuvens.
A água no estado gasoso poderá posteriormente precipitar-se sob
a forma de chuva, neve ou granizo, voltando à superfície da terra.
No solo a água pode continuar à superfície circulando em rios, até
Fig. 69 Ciclo da Água
ao mar ou acumulando-se em lagos.

A água também pode penetrar no solo, acumulando-se em depósitos subterrâneos, os lençóis freáticos. A
água retida no solo é aproveitada na alimentação das plantas, e seguidamente é transpirada pelas folhas
para a atmosfera. O ciclo da água volta ao início e repete-se constantemente.

A evaporação, condensação, solidificação e fusão são as transformações físicas que mantêm a água nos
três estados físicos na natureza.

2.5.2. Transformações químicas

As transformações químicas são aquelas que acontecem com a formação de novas substâncias, isto é, as
substâncias originadas e as substâncias iniciais são diferentes.

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2
Os Materiais que nos rodeiam

As transformações químicas são também designadas por reações químicas.

Substâncias Transformação Química Novas Substâncias

Exemplo:

Os resultados da queima de lenha são a cinza e o fumo. Antes da queima


tem-se a madeira (uma mistura de substância) e o oxigénio do ar com
propriedades completamente diferentes do resultado após a queima. Por-
tanto, ocorre uma transformação química (ou uma reação química), pelo
facto de aparecerem novas substâncias (componentes de cinza, dióxido
de carbono e vapor de água).
Fig. 70 Queima da lenha

Outros exemplos de transformações químicas que podes constatar no dia a dia:

‫ ٭‬Carne a ser cozinhada em brasas;


‫ ٭‬Fruta sem casca que fica escura ao ser exposta ao ar;
‫ ٭‬A fotossíntese;
‫ ٭‬As frutas que amadurecem;
‫ ٭‬As folhas de plantas que amarelecem;
‫ ٭‬O enferrujamento de ferro;
‫ ٭‬A queima do gás butano, etc.

Alguns sinais que nos permitem detetar a ocorrência de uma reação/transformação química de uma subs-
tância:

‫ ٭‬Mudança de cor;
‫ ٭‬Formação de um sólido;
‫ ٭‬Libertação de um gás;
‫ ٭‬Cheiro caraterístico;
‫ ٭‬Aumento ou diminuição da temperatura;
‫ ٭‬Formação de chama, etc.

Reagentes e Produtos da reação

As substâncias que são sujeitas a uma transformação química são chamadas de reagentes. As novas
substâncias que são formadas numa transformação química são denominadas de produtos da reação.

O sistema constituído por reagentes e produtos da reação é designado por sistema reacional.

Uma reação/transformação química pode ser representada através de esquema de palavras.

Reagentes → Produtos da reação

70
2
Os Materiais que nos rodeiam

Escreve-se o nome dos reagentes antes da seta (→) e o nome dos produtos da reação depois. A seta para
além de separar reagentes e produtos da reação, indica também o sentido da transformação química. Quando
temos mais do que um reagente ou mais do que um produto da reação, devem-se separar pelo sinal +. Depois
do nome de cada reagente e de cada produto da reação, indica-se o estado físico correspondente.

Obs.: (s) – estado sólido, (l) – estado líquido, (g) – estado gasoso e (aq) - estado aquoso.

Exemplo:

Butano (g) + Oxigénio (g) (por ação do calor) Dióxido de carbono (g) + Água (g)

Leitura do esquema de palavras:

O butano, no estado gasoso, reage com o oxigénio, no estado gasoso, originando dióxido de carbono, no
estado gasoso, e água, no estado gasoso.

Entre os reagentes, o sinal mais (+) lê-se “reage com”. A seta (→) lê-se “originando” Entre os produtos, o
sinal mais (+) lê-se “e”.

Fatores que provocam transformações químicas

As transformações químicas ocorrem devido a vários fatores, podendo ser destacados os seguintes exem-
plos: Ação do calor, da luz, da eletricidade, mecânica e da junção de substâncias.

Transformações químicas por ação do calor

• Decomposição do bicarbonato de sódio por ação do calor:

O bicarbonato de sódio, no estado sólido, por ação do calor, decompõe-se originando


carbonato de sódio, no estado sólido, dióxido de carbono, no estado gasoso, e água, no
Fig. 71
Aquecimento do estado gasoso.
bicarbonato de sódio

Bicarbonato de sódio (s) (por ação do calor)


Carbonato de sódio (s) + Dióxido de carbono (g) + Água (g)

Esta transformação química ocorre, por exemplo, quando se utiliza fermento em pó (bicarbonato de sódio) na
confeção de bolos. A massa dos bolos fica com orifícios correspondentes à libertação do dióxido de carbono.

• Decomposição do óxido de mercúrio por ação do calor Óxigénio


Vapor de Mercúrio

O óxido de mercúrio (II), no estado sólido, ao ser aquecido (por ação do Óxido de Mercúrio(II)

calor), decompõe-se originando vapor de mercúrio condensado, no estado Água

líquido, e oxigénio no estado gasoso.


Fig. 72 Aquecimento do óxido de mercúrio (II)

Óxido de mercúrio (II) (s) (por ação do calor)


Mercúrio (l) + Oxigénio (g)

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2
Os Materiais que nos rodeiam

• Os vulcões e as fumarolas são sinais da atividade no interior da terra, em que


ocorrem transformações químicas por ação do calor.

Fig. 73 Erupção vulcânica 2014


(Ilha do Fogo Cabo Verde)

Nota: As transformações químicas, em que as substâncias se decompõem por ação do calor, denominam-se
termólises.

• Incêndio florestal

Os incêndios florestais e as erupções vulcânicas são acontecimentos ocorridos em


Cabo Verde. Cada um de nós deve arranjar formas de colaborar e ajudar na mini-
mização dos danos que estes acontecimentos provocam e continuam a provocar,
ou até ajudar na prevenção em certas situações, dentro do que estiver ao nosso
alcance.
Fig. 74 Incêndio florestal na
Ilha de Santo Antão

A Proteção Civil de Cabo Verde é uma instituição pública, que vem desempenhando um papel fundamental
na prevenção e minimização de acidentes e dificuldades relacionados com vários acontecimentos, como por
exemplo: erupção vulcânica da Ilha do Fogo, incêndio na localidade de Monte Tchota na Ilha de Santiago, etc.

A Proteção Civil de Cabo Verde trabalha em articulação com várias entidades, tais como: Bombeiros, Polícia,
Forças Armadas, Serviços de Saúde, Cruz Vermelha. Tem como principais objetivos:

‫ ٭‬Prevenir a ocorrência de acidentes graves, catástrofes e calamidades;


‫ ٭‬Atenuar os riscos inerentes à ocorrência desses fenómenos e limitar os seus efeitos;
‫ ٭‬Socorrer e assistir pessoas em perigo;
‫ ٭‬Contribuir para a reposição da normalidade, nas zonas atingidas.

Transformações químicas por ação da luz

• É por causa da luz que as folhas de árvores ficam com a cor amarela no outono.

Fig. 75 Folhas de outono

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2
Os Materiais que nos rodeiam

• Fotossíntese é uma transformação química que ocorre nas plantas com clorofila, Óxigénio

que, em presença da luz, produzem matéria orgânica (glicose) e libertam oxigénio.


É indispensável a presença da água e do dióxido de carbono nas plantas. É um Energia da Luz

processo imprescindível para a vida na Terra. Glicose

Dióxido de Carbono

De uma forma geral, o processo da fotossíntese pode ser apresentada através do Água
seguinte esquema de palavras:
Fig. 76 Processo da fotossíntese

Água (l) + Dióxido de carbono (g) (por ação da luz)


Glicose (s) + Água (l) + Oxigénio (g)

• Decomposição do cloreto de prata: o cloreto de prata sólido, por ação


da luz, decompõe-se em prata sólida e cloro gasoso.

Fig. 77 Cloreto de prata escurecido pela luz

Cloreto de prata (s) (por ação da luz)


Prata (s) + Cloro (g)

Nota: As transformações químicas que resultam da decomposição de substâncias


por ação da luz são denominadas de fotólises.
Gás hidrogénio
Transformações químicas por ação da corrente elétrica
Gás Oxigénio

• A água liquída decompõe-se, por ação da corrente elétrica, originando oxigénio


Água

Elétrodo Positivo Elétrodo Negativo

gasoso e hidrogénio gasoso.

O oxigénio liberta-se junto do elétrodo positivo e o hidrogénio junto do elétrodo Pilha

negativo.

Água (l) (por ação da corrente elétrica)


Hidrogénio (g) + Oxigénio (g)

• O cloreto de cobre(II), em solução aquosa, decompõe-se por ação da corrente elétrica, originando cloro
gasoso e cobre sólido.

O cobre deposita-se no elétrodo positivo com uma cor castanha avermelhada e o cloro no elétrodo nega-
tivo, um gás com cheiro característico.

Cloreto de cobre (II) (aq) (por ação da corrente elétrica)


Cloro (g) + Cobre (II) (s)

Nas indústrias é utilizada a transformação química por ação da corrente elétrica para obtenção de deter-
minadas substâncias, purificação de outras, revestimentos de metais, etc.

73
2
Os Materiais que nos rodeiam

Nota: As transformações químicas que resultam da decomposição de substâncias por ação da corrente
elétrica são denominadas de eletrólises.

Transformações químicas por ação mecânica

As transformações químicas também podem ocorrer devido à ação mecânica, isto é, devido às fricções ou
choques entre materiais. A energia libertada nessas fricções ou choques desencadeia a transformação quí-
mica.

• A cabeça de fósforo é constituída por duas substâncias químicas diferentes: clorato


de potássio e sulfureto de fósforo.

Quando se acende um fósforo, o clorato de potássio sólido, decompõe-se em cloreto de


potássio sólido e oxigénio gasoso.

Clorato de potássio (s) → Cloreto de potássio (s) + Oxigénio (g)

Transformações químicas por junção de substâncias

As transformações químicas, também podem ocorrer espontaneamente, por junção


Hidróxido de
sódio
(sól.aq.incolor)

de substâncias.
Hidróxido de cobre(II)

• Quando se adiciona uma solução aquosa de hidróxido de sódio a uma solução


(sólido azul escuro)

aquosa de sulfato de cobre (II), forma-se hidróxido de cobre (II) sólido e sulfato de Sulfato de cobre(II)
(sól. aquosa azul)

sódio aquoso.

Hidróxido de sódio (aq) + Sulfato de cobre (II) (aq) → Hidróxido de cobre (II) (s) + Sulfato de sódio (aq)

• Se colocarmos pregos de ferro em solução aquosa de sulfato de cobre (II), depois de


Passado algum
tempo
algum tempo a cor da solução passa de azul para verde - formação de sulfato de ferro (II)
e deposita-se uma substância de cor castanha-avermelhada - o cobre).

Ferro (s) + Sulfato de cobre (II) (aq) → Sulfato de ferro (II) (aq) + Cobre (s)

74
2
Os Materiais que nos rodeiam

Fiquei a saber que …


As transformações dos materiais podem ser físicas ou químicas.

As transformações físicas ocorrem sem a formação de novas substâncias, ou seja, nas transformações
físicas as substâncias iniciais e finais são as mesmas. Exemplos: fragmentação de materiais, dilatação ou
contração de materiais, mudança de estado físico dos materiais, etc.

As transformações químicas ocorrem com a formação novas substâncias, isto é, nas transformações quími-
cas as substâncias iniciais e finais são diferentes. Exemplos: queimas da madeira, enferrujamento do ferro,
amadurecimento de frutas, etc. As transformações químicas são designadas por reações químicas.

As substâncias iniciais sujeitas a uma transformação química são chamadas de reagentes.


As novas substâncias que se formam são denominadas produtos da reação.

O sistema constituído por reagentes e produtos da reação é designado por sistema reacional.

As transformações químicas ocorrem devido a vários fatores e temos os seguintes exemplos:

Fatores Transformação química

Decomposição do carbonato de sódio


Calor
Decomposição do óxido de mercúrio

Amarelar de folhas de plantas no outono

Luz Fotossíntese

Decomposição do cloreto de prata

Decomposição da água
Corrente elétrica
Decomposição do cloreto de cobre

Decomposição do cloreto de potássio (quando se obtém


Ação mecânica
o fogo por meio do fósforo)

Formação do hidróxido de cobre (II) e sulfato de sódio


pela junção de hidróxido de sódio e sulfato de cobre (II)
Junção de substâncias
Formação de sulfato de ferro e cobre (II) pela junção do
ferro com sulfato de cobre (II).

75
2
Os Materiais que nos rodeiam

Mapa conceptual - Temática 2

O mapa seguinte, figura 78, resume os principais conceitos que aprendeste na temática 2.

Sólidos Transformações
Físicas

Líquidos Podem Materiais Ocorrem


ser
Transformações
Gasosos Químicas

Substâncias Podem ser Misturas de substâncias

Identificam-se pelas Distinguem-se

Propriedades Propriedades Misturas Misturas


químicas físicas coloidais heterogéneas

Identificam-se por Por exemplo Componentes separam-se por

Ensaios Ponto de Ponto de Densidade Separação Filtração Decantação


químicos fusão ebulição magnética

Misturas Extração por solvente


homogéneas

Constituem
Composições
quantitativas Caracterizam-se pelas Soluções
e qualitativas
Separam-se

Destilação Cromatografia Cristalização

Fig.78 Mapa conceptual sobre a temática 2

76
Verifica o que aprendeste nesta temática

1. Considera o conjunto A com os seguintes materiais:

Madeira

Carvão Pepita de ouro


Areia Queijo

Vidro Leite

Algodão Lã

Petróleo

Conjunto A
1.1. Forma um subconjunto de A, constituído por matérias-primas que se podem retirar diretamente da natu-
reza.
1.2. Dos materiais presentes no conjunto A, indica os de:
a) Origem animal b) Origem vegetal c) origem mineral

2. Considera as seguintes afirmações acerca das matérias-primas:

I.. As matérias-primas são produtos naturais ou manufaturados, que as indústrias transformadoras aproveitam
para fabricar novos produtos.
II. As matérias-primas são produtos artificias que o homem não necessita para a sua transformação.

2.1. Qual ou quais destas afirmações é ou são verdadeira(s)?


A. A primeira
B. A segunda
C. As duas
D. Nenhuma delas

3. O ponto de ebulição de uma substância é a temperatura à qual ocorre …

A. a passagem lenta do estado sólido a líquido


B. a passagem rápida do estado sólido a gasoso
C. a passagem lenta do estado líquido a gasoso
D. a passagem rápida do estado líquido a gasoso

4. A tabela seguinte apresenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição de quatro substâncias, à pressão
normal.
Ponto de Ponto de
Substância
fusão (ºC) ebulição (ºC)
Etanol - 171 -93
Propano - 190 -45
Butano - 135 0,6
Pentano - 131 36

Indica, justificando, a substância que se encontra no estado líquido à temperatura de 25ºC.

77
5. Quando aquecemos uma substância no estado sólido, a sua temperatura aumenta, e, num determi-
nado momento, pode ocorrer uma mudança de estado físico.

5.1. Como se designa a temperatura em que uma substância passa do estado sólido para o estado líquido?
5.2. Assinala com uma cruz (x) a opção que completa corretamente a frase seguinte:
‘‘Enquanto ocorre a fusão ou a ebulição de uma substância …
A... a temperatura aumenta com o tempo de aquecimento.’’ 
B... a temperatura diminui com o tempo de aquecimento.’’ 
C... a temperatura mantem-se constante com o tempo de aquecimento.’’ 

6. O ponto de fusão, o ponto de ebulição e a densidade são as propriedades físicas que permitem
identificar as substâncias.
6.1. Na tabela seguinte encontra-se o ponto de fusão e o ponto de ebulição de três substâncias, à pressão
normal.
Ponto de Ponto de
Substância
fusão (ºC) ebulição (ºC)
Água 0 100
Álcool etílico -114 78
Oxigénio -219 -183
6.1.1. O que acontece com a água a 100ºC?
6.1.2. Qual é o estado físico do álcool etílico à temperatura de 80ºC?
6.1.3. À temperatura de (-200ºC ) o oxigénio encontra-se no estado sólido ou no estado líquido? Justifica.
6.2. Como se chama a grandeza física que relaciona a massa de uma substância com o volume que ocupa?
6.3. Calcula a densidade do chumbo, sabendo que 113 g desse material ocupa o volume de 10 cm3.

7. A figura seguinte ilustra dois balões com volumes iguais (V= 2 dm3) dentro de uma
sala. Uns dos balões contem o gás hidrogénio (d = 0,089 g/dm3) e o outro balão contem
o gás oxigénio (d = 1,429 g/dm3)

7.1. Considerando que a densidade do ar é 1,225 g/dm3, identifica o gás que se encontra no
balão azul. Justifica a tua resposta.
7.2. Calcula a massa do oxigénio e a massa do hidrogénio contido nos balões.

8. Num laboratório químico, o Sr. José, verificou que 3,2 g de açúcar ocupa um volume de 2,0 cm3.
Qual é a densidade do açúcar? A. 1,6 g/cm3, B. 3,2 g/cm3, C. 6,4 g/cm3.

9. A presença de determinadas substâncias num material é verificada através das propriedades quí-
micas. Assinala com uma cruz (x) as opções corretas.

Propriedades químicas
Substâncias Turva a Torna
Comburente Combustível
água de cal a chama verde
Oxigénio
Dióxido de carbono
Hidrogénio
Cobre

78
10. Classifica as seguintes misturas, assinalando com uma cruz ( X ) a opção correta:

Misturas Homogéneas Heterogéneas

Granito
Água açucarada
Óleo e água
Areia

Ar
Coca-cola
Água e gelo
Areia e cal

11. Para cada questão, assinala a opção correta.

11.1. Quando se desolve uma pequena porção de açúcar em água, obtemos:


A. Um soluto de açúcar em água
B. Uma solução de água em açúcar
C. Uma solução aquosa açucarada
D. Uma substância com açúcar
11.2. De acordo com o exercício 11.1, a água é …
A… o soluto
B… a solução
C… o solvente
D… o que se dissolve
11.3. Preparou-se 0,5 L de solução dissolvendo 4,0 g de sulfato de cobre em água. Qual é a concentração
dessa solução?
A. 8 g/L
B.12 g/L
C. 0,4 g/L

12. Aponta um processo de separação adequado para separar os componentes das seguintes misturas:
a) Água com poeiras _____________________________
b) Água com areia _________________________
c) Água salgada __________________________
d) Água e álcool _______________________
e) Limalha de ferro e arroz ______________________________
f) Água e óleo da cozinha ______________________________
g) Areia e iodo ____________________________________
h) Açúcar e areia _____________________________________

79
13. Resolve as seguintes palavras cruzadas, de forma a fornecer a reposta correta para cada mudança
de estado.

1. Mudança do estado líquido para o sólido


2. Mudança do estado gasoso para o líquido
3. Mudança do estado sólido para o gasoso
4. Mudança do estado sólido para o líquido
5. Mudança do estado líquido para o gasoso
Adaptado de:
http://fabioeducandario.blogspot.com/2013/07/palavra-cruzada-estados-fisicos-da-agua.html - Estados
Físicos da Água (consultado em julho de 2017)

14. No dia a dia constatamos muitas transformações físicas e químicas.

14.1. Qual é a diferença entre transformação física e transformação química?


15. Analisa as seguintes transformações e assinala (TQ) para as transformações químicas e (TF) para
as transformações físicas.

A- A formação do gelo no congelador____


B- A digestão dos alimentos____
C- Enferrujamento de um prego de ferro____
D- Queima de papel____

16. Classifica como Física ou Química cada uma das transformações, assinalando com uma cruz a
opção correta.

Transformações Transformação física Transformação química


A água a ferver
Um gelado a derreter
Uma manga que apodrece
Uma garrafa de vidro a partir
Um pedaço de ferro a enferrujar
Um pedaço de madeira a pegar fogo
Ovo a ser cozido
Feijão a ser descascado
Folha de papel a ser rasgado
Transformação de açúcar em caramelo
Compressão de uma mola

80
17. A água, por ação da corrente elétrica, transforma-se em hidrogénio e oxigénio.

17.1. Que tipo de transformação é esta? Justifica a tua resposta.


17.2. Indica o reagente nesta transformação.
17.3. Indica os produtos da reação nesta transformação.
17.4. Que fator provocou esta transformação?
17.5. Indica outros fatores que também provocam transformações químicas.
17.6. Representa esta transformação através de um esquema de palavras.

18. Quando friccionamos um fósforo na lixa de uma caixa de fósforo, é libertado o calor que provoca
a decomposição de uma substância chamada de clorato de potássio (sólido), em duas novas subs-
tâncias, o cloreto de potássio (sólido) e oxigénio (gasoso).

18.1. Escreve o esquema de palavras que traduz esta decomposição.


18.2. Indica o(s) reagente(s) e os produtos desta reação.

81
3
Energia

Quantas vezes já falámos da energia sem saber o seu significado!


Sem energia não é possível haver vida. O nosso corpo e qualquer máquina necessitam de ener-
gia para desempenhar as suas funções.
Já imaginaste como seria a tua vida sem eletricidade, sem lenha, sem carvão?
Já imaginaste como passaria a ser a Terra se um dia o Sol deixasse de existir? Pouco a pouco,
a vida desapareceria no nosso planeta.
Deixaríamos de ter energia para a nossa sobrevivência ou para qualquer espécie animal ou
vegetal, pois a energia é indispensável à vida.
“A energia transfere-se, transforma-se e degrada-se, mas conserva-se”

82
3
Energia

3
Energia

3.1. Fontes, Formas e Transferências


de Energia
3.2. Energia e Ambiente
3.3. Energia em Cabo Verde

83
3
Energia

OBJETIVOS A ATINGIR

No final desta temática deverás ser capaz de:

• Relacionar o conceito básico da energia com os fenómenos que ocorrem


na natureza
• Indicar a unidade SI de energia e fazer conversões de unidades (joule
e quilojoule, caloria e quilocaloria)
• Definir sistema físico e identificar os diferentes tipos tendo em conta a
energia e matéria que podem ser transferidas
• Identificar algumas fontes de energia e recetores de energia, identifi-
cando o sentido da transferência de energia
• Classificar as fontes de energia em renováveis e não renováveis
• Exemplificar e identificar as vantagens das energias renováveis
• Referir as diferentes formas de energia
• Exemplificar algumas transferências e transformações de energia no
dia a dia ou em atividades laboratoriais
• Diferenciar a energia cinética da energia potencial
• Reconhecer que as fontes de energia são relevantes na sociedade
• Referir ao calor como sendo uma das formas de transferir energia
• Distinguir o calor da temperatura
• Identificar situações de equilíbrio térmico
• Identificar os diferentes mecanismos de transferência de energia sob
a forma de calor
• Calcular a quantidade de calor transferido entre dois corpos
• Relacionar os problemas ambientais com a obtenção e o consumo de
energia
• Utilizar a energia disponível de forma racional
• Reconhecer as fontes de produção de energia em Cabo Verde, os
potenciais existentes e as perspetivas futuras

84
3
Energia

3.1. Fontes, Formas e Transferências de energia

3.1.1. Conceito de Energia

• Sempre que nos deslocamos, respiramos ou exercemos qualquer ação, estamos


a utilizar energia. Neste momento exato, as células do nosso organismo estão a
aproveitar a energia dos alimentos mantendo-nos vivos e permitindo-nos desem-
penhar as nossas tarefas.

• A energia da atmosfera provoca ventos, a energia do mar gera correntes


oceânicas e marés.

• A energia nas profundezas da


Terra está a mover continentes.

• A energia encontra-se, portanto, associada a todos os materiais e fenó-


menos que ocorrem no universo, ou seja, a energia está em toda a parte.
Sem ela nenhum fenómeno ocorre.

• A palavra energia provém do


grego energeia que significa
força em ação. Apesar de não ser fácil definir energia de maneira simples e
• Sabias que a energia não
pode ser criada nem destruí- precisa, ela é normalmente definida como sendo a capacidade
da, mas apenas transferida e
transformada?
de produzir trabalho, ação ou movimento.
• A energia não é uma entida-
de palpável e observável.

Unidades de energia

A unidade de energia no Sistema Internacional:

Joule (J)

Algumas outras unidades de energia:

Quilojoule (kJ) Caloria (cal) Quilocaloria (kcal) Quilowatt hora (kWh)


1 kJ = 1000 J 1 cal = 4,18 J 1 kcal = 1000 cal 1kwh = 3600 000 J

85
3
Energia

Sistema físico

Um sistema é um conjunto formado por qualquer porção de matéria e energia, a ser estudado num deter-
minado momento.

Fronteira
Si
st
Vizinhança em
a

Fronteira: a linha que delimita ou que contorna o sistema.

Vizinhança: é toda a região próxima do sistema.

Alguns exemplos de sistemas físicos:

‫ ٭‬O Universo;
‫ ٭‬Um planeta ou uma estrela;
‫ ٭‬A água ou gás dentro de um recipiente;
‫ ٭‬Qualquer corpo, como um carro ou uma pedra, etc.

Quanto à troca de matéria e/ou energia com a vizinhança, os sistemas podem ser classificados do seguinte
modo:

Isolados

Podem
Sistemas
ser

Abertos

Podem
Não Isolados
ser

Fechados

• Um sistema é isolado quando não permite a troca de energia e de matéria com a sua
vizinhança. Somente o universo é considerado um sistema isolado. A garrafa térmica é um
exemplo de uma aproximação a um sistema isolado.

86
3
Energia

• O Sistema fechado apenas permite a troca de energia com a vizinhança. Por


exemplo: um recipiente com água tapado.

• O Sistema aberto permite troca de energia e de matéria com a vizinhança. Por


exemplo: um cantil de água destapado.

3.1.2. Fontes e recetores de energia

Durante a transferência de energia entre sistemas não isolados, o sistema que emite energia é a fonte de
energia e o sistema que recebe energia é o recetor de energia.

Alguns exemplos:

• A energia é transferida do Sol para a Terra. Nesse caso o Sol é a fonte de


energia e a Terra é o recetor de energia.

• O telecomando é um dispositivo que funciona recebendo a energia que provém


de pilhas. Portanto, as pilhas são a fonte de energia e o telecomando é o recetor
de energia.

• No lançamento de um foguetão, o combustível é a fonte de energia e o fogue-


tão é o recetor de energia.

A energia que consumimos provém de diferentes fontes. Inicialmente, o ser humano aproveitou as fontes
disponíveis na natureza, designadas de fontes primárias de energia, como por exemplo: o sol, o vento, o
petróleo, a água, o gás natural, o carvão, o urânio, etc.
Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, foi possível obter outras fontes de energia a partir das
fontes primárias, as designadas fontes secundárias de energia, como por exemplo: a eletricidade, a gaso-
lina, o gasóleo, o querosene e o gás butano.

As fontes primárias de energia podem ser renováveis ou não renováveis, conforme o tempo necessário
para a sua reposição, após a sua utilização.

87
3
Energia

3.1.3. Fontes de energias renováveis e não renováveis

Fontes de energias renováveis são fontes naturais de energia que se renovam continuamente na natureza,
portanto são consideradas inesgotáveis.

Fig. 79 Fontes da Energia Renováveis

• O Sol

É a principal fonte de energia renovável. É considerada como a origem de toda


a energia que consumimos na Terra. Esta fonte pode, por exemplo, ser utilizada
para produzir energia elétrica através de painéis fotovoltaicos.

• O Vento

Esta fonte pode ser utilizada para produzir a energia elétrica através dos
aerogeradores.

88
3
Energia

• Água

Esta fonte pode ser utilizada na produção da energia elétrica através das
barragens hidroelétricas, das marés, etc.

• A Biomassa

Esta fonte consiste no aproveitamento da energia acumulada em algumas plan-


tas (milho, cana-de-açúcar) ou nos excrementos de animais, para a produção da
energia.

• Calor no interior da Terra

O calor proveniente do interior da Terra é utilizado para a produção da energia


elétrica.

As fontes de energias não renováveis são consideradas esgotáveis, ou seja, depois de utilizadas não
podem ser recuperadas pelo ser humano e/ou pela natureza em tempo útil.

• Carvão, Gás Natural e Petróleo

Produção de carvão Produção de gás natural Plataforma de exploração do petróleo

Essas três fontes de energias não renováveis são designadas combustíveis fósseis, porque resultaram de
restos de seres vivos que desapareceram há milhões de anos.

• Urânio

É muito radioativo. É utilizado na produção de energia nuclear e energia elétrica nas


centrais nucleares.

89
3
Energia

3.1.4. Algumas formas de energia

A energia manifesta-se de diferentes formas, de acordo com a fonte de onde ela provém ou com os efeitos
que ela produz.

• Energia Solar

É a energia associada à radiação solar. A forma mais comum do seu aproveita-


mento é a utilização de painéis solares fotovoltaicos para captar a radiação solar,
de modo a produzir energia elétrica.

• Energia Eólica

É a energia associada ao vento. A forma mais comum do seu aproveitamento é a


utilização de aerogeradores para a produção de energia elétrica.

• Energia Hídrica

É a energia proveniente da força das águas. A forma mais comum do seu apro-
veitamento é a utilização de barragens hidroelétricas para a produção de ener-
gia elétrica.

• Energia Geotérmica

É a energia associada ao calor do interior da Terra, pode ser utilizada de forma


direta, ou também aproveita-se o calor do interior da Terra para a produção de
energia elétrica.

• Energia Elétrica

É a energia associada ao movimento das cargas elétricas.

• Energia Nuclear

É a energia associada às reações nucleares, ou seja, é uma energia aproveita-


da no processo de transformação de materiais radioativos, como por exemplo, o
urânio.

• Energia da Biomassa

É a energia associada à matéria orgânica (resíduos agrícolas, madeiras e plan-


tas). Como por exemplo, utiliza-se a lenha na produção de calor para cozer os
alimentos.

90
3
Energia

Formas fundamentais de energia

As diferentes manifestações de energia resumem-se a duas formas fundamentais de energia: a energia


cinética e a energia potencial.

A energia cinética está associada a um objeto em movimento.


Uma criança a baloiçar-se, um carro em movimento, a água em movimento, o vento, a corrente elétrica, ou
qualquer corpo em movimento, possui energia cinética.

A energia potencial é a energia armazenada com a possibilidade de ser utilizada.

• Por exemplo, a energia potencial química que se encontra armazenada nas baterias
de telemóveis, nos alimentos, nos combustíveis, etc.

A bateria de um telemóvel carregada contém energia potencial química.

• Um corpo a uma certa altura possui energia potencial gravítica, por ser atraído pela
Terra. A manifestação dessa energia torna-se evidente se o corpo cair.

• Um arco de lançar flechas, deformada, possui energia potencial elástica.

91
3
Energia

3.1.5. Algumas transformações de energia que ocorrem no dia a dia

A Física e a Química são fascinantes. Há várias situações no teu dia a dia que é puramente a Físico-Química
em ação, mas nem fazes ideia. No teu quotidiano, já reparaste que uma determinada forma de energia pode
transformar-se noutra(s)?

• A energia elétrica da tomada é consumida pelo ferro de engomar e é transformada em


energia térmica.

• A energia potencial química acumulada nas pilhas dos telecomandos transforma-se em


energia elétrica.

• A energia elétrica da tomada é transferida para o candeeiro e é transformada em ener-


gia luminosa e térmica.

• A energia química proveniente do combustível é transformada em energia cinética


e térmica no motor. A energia cinética, por sua vez, transforma-se em energia elétrica
numa peça do automóvel chamada alternador. A energia elétrica do alternador transfor-
ma-se em energia luminosa e térmica nas lâmpadas, em energia sonora nas buzi-
nas, em energia potencial química armazenada na bateria.

3.1.6. Transferência de energia sob a forma de calor

Diferença entre calor e temperatura


Qualquer corpo (material) é cons-
A nível macroscópico, a temperatura é uma grandeza física que nos tituído por um conjunto de peque-
permite saber o estado de aquecimento de um corpo. níssimas partes chamadas de par-
tículas ou corpúsculos. Essas
A nível microscópico, a temperatura é uma grandeza física que está partículas encontram-se sempre
relacionada com a energia cinética das partículas de um corpo. A em movimento, por isso possuem
temperatura mede a quantidade da energia cinética média (esta- energia cinética. Também elas in-
do de agitação) das partículas de um corpo, isto é, a temperatura teragem umas com as outras, ocu-
mede, em parte, a energia interna de um corpo. pando diferentes posições dentro
do corpo, por isso possuem ain-
Como já sabes, o instrumento que serve para medir a temperatura da energia potencial. A soma das
chama-se termómetro. suas energias cinética e potencial
corresponde à energia interna do
corpo.

92
3
Energia

80ºC
Quanto maior for a temperatura de um corpo, maior será a
25ºC

energia cinética média das partículas – maior será a agitação


térmica (agitação das partículas).

Calor é energia transferida entre dois corpos com temperaturas diferentes. Espontaneamente, o calor é sem-
pre transferido de um corpo com maior temperatura para outro com menor temperatura.

CALOR

Corpo com MAIOR Corpo com MENOR


Temperatura Temperatura

Equilíbrio térmico
Água fria
Água quente

Equilíbrio térmico acontece quando dois ou mais corpos, com temperaturas diferentes
e colocados em contacto, atingem, após algum tempo, a mesma temperatura.
Água morna

Fig. 80 Equilíbrio térmico


da água
Mecanismos de transferência de calor

O calor pode ser transferido por três mecanismos diferentes: Condução, Convecção e Radiação.

Condução

A condução é uma forma de transferência de energia sob a forma de calor, quando se


põem dois materiais sólidos em contacto (ou quando a energia se espalha no interior
de um material sólido). Neste processo, a energia vai-se transferindo gradualmente
da parte mais quente do objeto para a menos quente, devido às colisões entre as
partículas dos corpos. Quando o corpo é aquecido, as partículas próximas da fonte
de calor vibram mais rapidamente e colidem com as partículas vizinhas e assim
sucessivamente. Fig. 81 Condução do calor

A figura 81 reflete claramente um exemplo de condução do calor. Uma das extremidades do metal encontra-
-se em contato direto com a fonte de calor. Há necessidade de utilização de luvas, evitando-se assim possí-
veis queimaduras das mãos, devido à transferência do calor de uma extremidade para a outra por condução.
A condução também ocorre nos líquidos e nos gases, porém a um nível muito baixo. A maior parte deles são
maus condutores térmicos.

Imagina que tens uma panela de cachupa ao lume. Se introduzires uma colher de pau ou de metal
será que terás a mesma sensação? Terás uma sensação dolorosa quando usares a colher de metal e não
sentirás o mesmo com a colher de pau. Porquê?

É que nem todos os materiais transferem rapidamente o calor. Há materiais que são bons condutores térmi-
cos, pois conduzem rapidamente o calor. Noutros materiais, a transferência de energia sob a forma de calor,
por condução, é muito lenta. Por isso, são chamados de maus condutores térmicos.

93
3
Energia

A facilidade com que o calor é transferido por condução é determinada por uma grandeza física denomi-
nada por condutividade térmica de um material, expressa em J ⁄ (s×m×K) (sendo J - Joule; s - segundo;
m - metro; K - Kelvin).

Na tabela 3 encontram-se alguns materiais e os respetivos valores de condutividade térmica.

Tabela 3 - Valores de condutividade térmica de alguns materiais

Bons Condutores Condutividade Térmica Maus Condutores Condutividade Térmica


Térmicos J ⁄ (s×m×K) Térmicos J ⁄ (s×m×K)
Cobre 397 Vidro 0,8
Alumínio 238 Cortiça 0,04
Ferro 80 Madeira 0,08
Platina 72 Borracha 0,2
Prata 427 Ar 0,023
Ouro 317 Água 0,6
Chumbo 35 Cimento 0,8

Convecção

A convecção é uma forma de transferência de energia sob a forma de calor, que ocorre somente nos líqui-
dos e nos gases, em que a matéria aquecida se desloca.

Por exemplo, ao aqueceres água numa panela, a água quente que está no fundo da
panela sobe e ao chegar à parte superior arrefece, perdendo calor. Volta novamente ao
fundo da panela e assim sucessivamente, criando a chamada corrente de convecção.

Como é que acontece a convecção?


Quando se aquece um material, a parte
mais próxima do local de aquecimento au-
menta rapidamente de volume e torna-se
menos densa. Devido a este facto, essa
parte do material sobe (quando se trata de
um líquido ou de um gás), sendo o seu
lugar ocupado pelo material menos aque-
cido, estabelecendo-se assim “correntes
ascendentes”, de material mais quente,
e “correntes descendentes” de material
mais frio - correntes de convecção.

94
3
Energia

Radiação

A radiação é o mecanismo de propagação de calor através de ondas eletro-


magnéticas. Por exemplo, ao te aproximares de uma lareira sentirás o calor na
pele. A propagação do calor, nesse caso, não pode ser por condução, porque o ar
é um mau condutor térmico, nem por convecção, porque não sentirás um assopro
quente. Nesse caso a transferência do calor é feita por radiação.

Este mecanismo é o único que permite a propagação do calor no vazio, isto é, sem suporte material. É por
este processo que o calor proveniente do Sol chega ao planeta onde vivemos – a Terra. O Sol e os corpos
a altas temperaturas emitem grandes quantidades de energia sob a forma de radiações eletromagnéticas.

A energia associada à radiação solar é utilizada, por exemplo, nos sistemas de


aquecimento de água com painéis solares.

Fatores de que depende a energia transferida sob a forma de calor

A energia que é necessária transferir para que a temperatura de um corpo varie, depende dos seguintes
fatores:

‫ ٭‬A massa do corpo;


‫ ٭‬A substância que compõe o corpo;
‫ ٭‬A variação da temperatura.

Massa do corpo (m)

Imagina que estás no laboratório de química a aquecer duas massas diferentes de água, inicialmente com a
mesma temperatura. Por exemplo, dois copos de vidro semelhantes com água numa placa de aquecimento,
um copo com 20 gramas de água e outro com 100 gramas, até atingirem uma temperatura final preestabele-
cida. O que poderás concluir?

- A quantidade de energia sob a forma de calor que é necessária fornecer é tanto maior quanto maior
for a massa de água, ou seja, o copo com 20 gramas de água atingirá a temperatura preestabelecida mais
rapidamente do que o copo com 100 gramas de água.

Capacidade Térmica Mássica (c)

Ao aqueceres dois corpos diferentes com a mesma massa, que inicialmente se encontram à mesma tem-
peratura, a quantidade de calor, que é necessário fornecer-lhes para atingirem a mesma temperatura
final, depende da natureza da substância.

Cada substância, devido à sua natureza, possui a sua Capacidade Térmica Mássica.

A Capacidade Térmica Mássica de uma substância é a quantidade de energia que é necessária fornecer
à unidade de massa (1 kg) da substância, para que a sua temperatura aumente 1 K (Kelvin).

No sistema internacional de unidades, a Capacidade Térmica Mássica exprime-se em J ⁄ (kg×K). Usa-se


também, com muita frequência, a unidade cal ⁄ (g×°C).
95
3
Energia

Na tabela 4 encontram-se alguns materiais e os respetivos valores de Capacidade Térmica Mássica.

Tabela 4 - Valores de capacidade térmica mássica de alguns materiais

Capacidade térmica mássica


Substâncias
J ⁄ (kg×K) cal ⁄ (g×°C)
Água 4180,00 1,00
Álcool 2759,00 0,66
Alumínio 920,00 0,22
Cobre 376,00 0,09
Ferro 502,00 0,12
Ouro 126,00 0,03
Prata 251,00 0,06
Glicerina 2430,00 0,58

Variação de Temperatura (∆θ)

Ao aqueceres dois corpos com a mesma massa da mesma substância, que se encontram inicialmente à
mesma temperatura, a quantidade de calor que é necessário fornecer é tanto maior quanto maior for a tem-
peratura final que se pretende alcançar em cada corpo.

Cálculo da variação de temperatura de um corpo

Sendo:
∆θ - Variação de temperatura;
∆θ= θf - θi θi- Temperatura inicial;
θf- Temperatura final.

Cálculo da quantidade de calor transferido para um corpo (Q)


Q =m x c x Δθ
A quantidade de energia transferida como calor é diretamente proporcional à massa
da substância, à sua capacidade térmica mássica e à variação da temperatura.

Sendo:
Q – Quantidade de calor transferido, (J) ou (cal);
m – Massa da substância (de que é feito o corpo), (Kg) ou (g);
c – Capacidade térmica mássica da substância, J ⁄ (kg×K); J ⁄ (kg×°C) ou cal ⁄ (g×°C);
∆θ – Variação da temperatura sofrida pela substância, (°C) ou (K).

Neste nível de ensino a capacidade térmica mássica será expressa em J ⁄ (kg×°C) ou cal ⁄ (g×°C), e a tem-
peratura será expressa em °C.

96
3
Energia

Fiquei a saber que …


Na prática, a energia é definida como sendo a capacidade de produzir trabalho, ação ou movimento. A
energia encontra-se associada a todos os materiais e fenómenos que ocorrem no universo.
A unidade da energia no sistema internacional é joule – J. Porém, outras unidades como quilojoule – kJ
(1 kJ = 1000J), caloria – cal (1 cal = 4,18J), quilocaloria – kcal (1kcal = 1000 cal), quilowatt hora – kWh
(1 kWh = 3600 000 J), etc., são também utilizadas.
A energia provém de diferentes fontes. Temos as fontes primárias de energia, as disponíveis na natu-
reza, como o Sol, o vento, o petróleo, a água, o gás natural, o carvão, o urânio, etc. Também temos as
fontes secundárias de energia, as obtidas a partir das fontes primárias, como por exemplo a eletricidade,
a gasolina, o gasóleo, o querosene, o gás butano, etc.
As fontes primárias de energia são classificadas em renováveis (consideradas inesgotáveis por se
reporem continuamente a curto prazo após serem utilizadas) como o sol, o vento, água, biomassa e o
calor do interior da terra; e não renováveis (consideradas esgotáveis, por não serem recuperadas após
serem utilizadas num tempo útil) como o carvão, o gás natural e o petróleo.
A energia manifesta-se de diversas formas, dependendo das fontes ou dos efeitos que ela produz. Temos
por exemplo a energia solar, a energia eólica, a energia hídrica, a energia geotérmica, a energia elétrica, a
energia nuclear, a energia da biomassa, a energia química, etc. Contudo, as diferentes formas de energia
resumem-se a duas formas fundamentais de energia: energia cinética (energia associada ao movi-
mento) e energia potencial (energia armazenada com a possibilidade de ser utilizada).
Temperatura é uma grandeza que mede a energia cinética média das partículas de um corpo (mede, em
parte, a energia interna de um corpo). Quanto maior for a temperatura de um corpo, maior será a agitação
térmica desse corpo. A nível macroscópico a temperatura permite-nos saber o estado de aquecimento de
um corpo.
Os corpos encontram-se em equilíbrio térmico quanto têm a mesma temperatura.
Calor é a energia transferida entre dois corpos com temperaturas diferentes. Espontaneamente o calor é
transferido de um corpo com maior temperatura para outro com menor temperatura.

O calor pode ser transferido por três mecanismos diferentes: condução, convecção e radiação.
Condução é o mecanismo de transferência de calor devido às colisões entre as partículas dos corpos
e que ocorre sem deslocamento de matéria. Esse mecanismo é característico dos sólidos, mas também
ocorre nos líquidos e nos gases a um nível baixíssimo. A condução do calor é determinada através de
uma grandeza física denominada condutividade térmica. Os bons condutores térmicos têm valores de
condutividade térmica elevados e os maus condutores térmicos têm valores baixos.
Convecção é o mecanismo de transferência do calor que ocorre nos líquidos e gases, em que a matéria
aquecida se desloca, formando as correntes de convecção.
Radiação é o mecanismo de transferência do calor através de radiações eletromagnéticas. Esse é o único
mecanismo que permite a transferência do calor sem suporte material (ocorre mesmo no vazio).
A transferência de energia sob a forma de calor depende de três fatores: a massa (m), a capacidade
térmica mássica (c) e a variação de temperatura (∆θ).

Para calcular a quantidade de calor transferido aplica-se a fórmula Q = m x c x ∆θ

97
3
Energia

3.2. Energia e ambiente

Ambiente é o conjunto formado por elementos físicos, químicos, biológicos, sociais e culturais, que interagem
de forma direta ou indireta, a longo ou a curto prazo, com os seres vivos e outros constituintes. Portanto,
fazem parte do ambiente recursos como a água, o ar, o solo, a energia, etc., e fenómenos como o clima, a
eletricidade, etc.

Fig. 82 Paisagem do Ambiente (localidade de Cidade Velha, Ilha de Santiago)

A qualidade de vida no nosso planeta depende da forma como a interação entre os componentes do ambiente
acontecem. Pois, se a interação for no sentido de promover um ambiente saudável, a vida na Terra será lon-
ga e terá qualidade. Mas, se a interação for no sentido contrário, a vida será penosa e/ou pode desaparecer
prematuramente.

Todos nós temos responsabilidade de fazer algo no sentido de preservar o ambiente, para que a vida com
qualidade perdure no nosso planeta. A forma como obtemos e utilizamos a energia tem consequências, boas
e/ou más, para o meio ambiente.

3.2.1. Recursos energéticos

Recursos Energéticos são recursos através do qual se obtém energia.


Esses recursos são classificados em não renováveis (combustíveis fósseis e urânio), e renováveis (sol,
vento, água, calor do interior da terra, biomassa, energia das ondas e das marés).

3.2.1.1. Recursos energéticos não renováveis

Atualmente, os principais recursos energéticos utilizados são os combustíveis fósseis, o carvão, o petróleo
e o gás natural, com uma taxa de utilização entre 80% e 86%. O petróleo, em particular, destaca-se como
sendo um dos produtos mais comercializados, se não o mais comercializado no mundo. Os combustíveis
fósseis são utilizados essencialmente para acionar máquinas, movimentar meios de transporte e gerar ener-
gia elétrica.

Fig. 83 Utilização dos combustíveis fósseis

98
3
Energia

Os combustíveis fósseis são energeticamente muito eficientes, pois: uma pequena porção proporciona a ob-
tenção de grande quantidade de energia; os seus depósitos são relativamente acessíveis; são extraídos e
processados sem grande dificuldade.

Um dos problemas é que o consumo extremo dos combustíveis fósseis diminuiu substancialmente os seus
reservatórios, sendo certo que esses recursos poderão não estar disponíveis a curto ou médio prazo, por se-
rem esgotáveis.

O carvão é o combustível fóssil mais abundante à superfície da Terra. Ainda hoje, é a custa dele que se obtém
um quarto da energia que se consome no mundo.

O gás natural é um outro exemplo importante de combustível fóssil, também muito utilizado a nível mundial.

O gás natural tem vantagens sobre os outros combustíveis fósseis. Por exemplo, com a sua combustão são
obtidas temperaturas mais elevadas do que com a combustão do carvão ou do petróleo.

Fig. 84 Indústria de produção de Carvão Fig. 85 Depósitos de gás natural

3.2.1.2. Recursos energéticos renováveis

As energias solar, eólica, hídrica, geotérmica e da biomassa são ainda pouco


utilizadas, comparativamente à utilização energética proveniente de combustíveis
fósseis, com uma taxa de utilização entre 10% e 13% a nível mundial. A quantidade
de energia que se obtém, em cada momento, através de energias renováveis é pe-
quena, se comparada com a obtenção de energia através de combustíveis fósseis.

O investimento na utilização dessas energias ainda tem custos elevados, no entanto tem-se verificado vários
investimentos a nível mundial em termos de produção de energia elétrica para diversas finalidades.

99
3
Energia

3.2.2. Consumo de energia

A produção de energia implica a utilização de recursos, o que


tem os seus custos a nível ambiental e económico. Deste modo,
como consumidor deves adotar uma postura inteligente, de um(a)
cidadão/ cidadã responsável quanto à utilização de energia em
qualquer instituição que frequentares ou em tua casa, aconse-
lhando também os teus familiares sobre a importância da energia
para o mundo em que vivemos.

Não deves, por exemplo, deixar lâmpadas, o televisor, o ar condicionado ou a ventoinha ligados desnecessa-
riamente.

Um outro exemplo relativo à poupança de energia elétrica: em Cabo Verde foi realizada uma campanha de
substituição de lâmpadas incandescentes ineficientes (gastam muita energia em nossas casas), entre 2008 e
2009, com 300.000 lâmpadas mais económicas e eficientes substituídas em todo o arquipélago.

Antes de comprar um eletrodoméstico, como por exemplo, frigorífico, televisor, micro-ondas, etc., consulta a
sua ficha técnica, para ter a noção sobre o consumo de energia. Reflete sobre o custo/benefício e só depois
decide sobre a compra ou não, pois são informações úteis para a educação e sensibilização do uso racional
de energia.

Por exemplo: As diferen-


tes letras evidenciadas
nesta figura, dão indica-
ção do consumo de ener-
gia do eletrodoméstico,
ou seja, um frigorífico que
consome menos energia
é da classe “A”.

Como cidadão/cidadã, a tua ação no que concerne à utilização de energia deve ser no sentido de gastar o que
for necessário, pois o “bolso” e o ambiente agradecem.

100
3
Energia

Exercícios de aplicação
1. Faz um levantamento dos equipamentos elétricos existentes em tua casa. Indica as possíveis transforma-
ções de energia que ocorrem ao serem utilizados.

2. É importantíssimo reduzir os gastos com a eletricidade que usamos em nossas casas. Indica algumas
medidas a serem tomadas para reduzir o gasto de energia elétrica em tua casa.

3.2.3. Problemas ambientais associados à obtenção e consumo de energia

Como se referiu anteriormente, atualmente a maior parte da energia utilizada provém da queima dos combus-
tíveis fósseis, o que tem criado um problema ambiental grave, uma vez que provoca o aumento da poluição
atmosférica.

A emissão de gases de efeito de estufa contribui para o aquecimento global e para as mudanças climáticas
que ocorrem no nosso planeta.

A libertação de gases provoca a ocorrência de chuvas ácidas, o que causa desastres ecológicos.

O ar é contaminado por gases tóxicos e partículas sólidas extremamente prejudiciais


à saúde humana.

Quando acidentalmente ocorrem derrames de petróleo, por exemplo durante o seu


transporte nos mares e nos rios, acontecem desastres ecológicos, pelo facto de se
tratar de um produto tóxico.

Pensa-se que para solucionar os problemas ambientais, devido à utilização em larga escala dos combustí-
veis fósseis, se deve recorrer ao uso das energias renováveis (consideradas energias limpas). Estas não se
esgotam, o seu impacto ambiental é menor e conferem a autonomia energética aos países que dependem da
importação dos combustíveis fósseis.

101
3
Energia

3.3. Energia em Cabo Verde

3.3.1. Potenciais energéticos existentes

O setor energético em Cabo Verde é caracterizado pelo consumo de


combustíveis fósseis (derivados do petróleo), biomassa (lenha) e uti-
lização de energias renováveis, como por exemplo, a energia eólica,
energia solar (painéis fotovoltaicos). O setor da energia apresenta-se
como um desafio crítico para o desenvolvimento da economia do arqui-
pélago, uma vez que se trata de um país constituído por ilhas.

Em Cabo Verde, a produção de energia elétrica e de água dessaliniza-


da, os transportes e as indústrias estão dependentes do petróleo. Du-
rante muito tempo, o setor energético em Cabo Verde foi caracterizado Fig. 86 Instalações da ELECTRA, situada em
Palmarejo Grande, Praia, Ilha de Santiago
por um único produtor em regime de exclusividade, a ELECTRA, SARL,
uma empresa pública, tendo como função a produção, distribuição e comercialização de água e de energia
elétrica (a partir de combustíveis fósseis).

O aumento crescente do custo da eletricidade e das deficiências no fornecimento da energia, poderá, até
um certo ponto, pôr em causa o desenvolvimento de Cabo Verde, das empresas e de vários serviços. Neste
sentido, a procura de energias alternativas – energias renováveis, ou seja, energias provenientes de fontes
primárias, mais concretamente, a produção de energia a partir do sol e do vento, tem sido uma grande aposta
em Cabo Verde.

Cabo Verde, sendo um país com grande disponibilidade de sol e vento, tem demonstrado um interesse
crescente em projetos de produção de energia elétrica a partir da energia solar, mais concretamente usando
painéis fotovoltaicos, assim como também há uma grande aposta na produção da energia elétrica a partir da
energia eólica, usando aerogeradores. Nos últimos anos, Cabo Verde tornou-se num dos líderes da África
Ocidental na criação de projetos, à escala comercial, de centrais eólicas e solares. No ramo das energias
renováveis, com foco na produção de energia elétrica, encontram-se em Cabo Verde mais de cinco empre-
sas internacionais.

No setor da energia solar, atualmente existem empresas que ope-


ram em Cabo Verde que produzem energia elétrica usando pai-
néis fotovoltaicos, como por exemplo, a LOBOSOLAR. Existem
alguns parques solares nas nossas ilhas, mais concretamente
nas ilhas de Santiago, Sal e Santo Antão (central de Monte Tri-
go, com abastecimento de 100% de energia renovável às po-
pulações).

Fig. 87 Painéis fotovoltaicos instalados em Cabo Verde pela


empresa LOBOSOLAR

102
3
Energia

No setor da energia eólica, Cabo Verde estabeleceu-se como van-


guardista na região da África Ocidental. Em 2011, foram construídas
duas pequenas centrais eólicas em São Vicente e na Praia. Exis-
tem algumas empresas em Cabo Verde que operam neste setor, por
exemplo, a Cabeólica, com cerca de 30 aerogeradores em quatro
ilhas, nomeadamente, na Boa Vista, no Sal, em São Vicente e em
Santiago.
Fig. 88 Instalações da Cabeólica, situada na localidade
Monte São Felipe, Praia, Ilha de Santiago

Outra empresa privada, a ELECTRIC, em 2011 instalou uma central eólica em Santo Antão.

Cabo Verde conta com o apoio de algumas entidades no desenvolvimento de políticas e ações para atingir
objetivos ao nível de África, a ECREEE (Ecowas Centre for Renewable Energy and Energy Efficiency) e a
REN 21 (Renewable Energy Policy Network for the 21st Century).

Em Cabo Verde, foi criado em 2015 o Centro de Energias Renová-


veis e Manutenção Industrial, o CERMI, como instituição pública no
setor das energias renováveis, situado na Ilha de Santiago, localidade
de Palmarejo-Grande.

O CERMI vem apostando na formação de quadros em Cabo Verde,


oferecendo vários cursos ligados às energias renováveis e não só.
Dados de 2016 apontam que, em Cabo Verde, estão em funciona-
mento cerca de 157 instalações de produção de energia elétrica, Fig. 89 Instalações do CERMI, situado em Palmarejo
com base em fontes renováveis, distribuídas pelas nove ilhas habi- Grande, Praia, Ilha de Santiago
tadas.

Cabo Verde é um arquipélago constituído por dez ilhas, situado no oceano Atlântico. Portanto, a energia das
ondas e das marés constitui uma potencialidade que poderia também ser explorada.

Em 2011 foi apresentado um estudo sobre recursos marítimos, concluindo que não era prioritário pôr em
prática, no arquipélago de Cabo Verde, projetos que tivessem a ver com a energia das ondas, visto que,
atendendo às condições existentes, não se aproveita essa forma de energia, tendo em conta a tecnologia
disponível no momento. Porém, caso venham a ser desenvolvidos projetos visando o aproveitamento dessa
forma de energia, as ilhas de Santo Antão e do Sal são as que apresentam melhores condições.

Em relação ao aproveitamento da energia das marés, não se dispõe de nenhum estudo por enquanto.
Portanto, atualmente não se conhecem iniciativas relacionadas com a utilização da energia das ondas e das
marés. No futuro, dependendo do desenvolvimento da tecnologia para utilização dessas formas de energia,
poderão existir projetos nesse sentido.

Resumindo, verifica-se uma grande aposta de Cabo Verde na produção de energia usando energias renová-
veis, de modo a diminuir a dependência dos combustíveis fósseis.

103
3
Energia

3.3.2. Situação real

Cabo Verde é um país bastante dependente de combustíveis fósseis para a produção de energia. Dos com-
bustíveis fósseis utilizados em Cabo Verde, destacam-se a gasolina, o gasóleo, o fuelóleo, gás butano, Jet
A1 para os aviões e os lubrificantes.

O Consumo de biomassa resume-se à utilização de lenha nas zonas rurais e periféricas das cidades, na
confeção de alimentos e de outros produtos.

O consumo de energia elétrica proveniente das energias eólica e solar em Cabo Verde, conforme se referiu,
tem verificado algum progresso, mas, comparando com as energias não renováveis, a sua utilização ainda
é em menor escala.

Nas tabelas 5 e 6 estão apresentados, de uma forma resumida, o consumo de energias renováveis e não
renováveis em Cabo Verde.

Tabela 5 - Produção da eletricidade em 2015

Produção da eletricidade em 2015


Fontes de Energias Não Renováveis Fontes de Energias Renováveis
80% produzida por combustíveis fósseis 19% produzida com energia 1% produzida com energia
- diesel e fuelóleo eólica solar

Tabela 6 - Produção de alimentos em 2015

Produção de alimentos em 2016


Fontes de Energias Não Renováveis Fontes de Energias Renováveis (Biomassa)
73,5% da população utiliza o gás na confecção dos
alimentos, dos quais, 36,5% na zona rural e 91,7% 25,2% da população utiliza lenha
nas cidades

Os dados de 2016 apontam que 90,1% da população cabo-verdiana tem acesso à eletricidade.

3.3.3. Perspetivas futuras

Algumas das apostas de Cabo Verde têm sido a criação de legislação que regule o setor das energias re-
nováveis e a criação de uma série de incentivos às empresas produtoras de energia elétrica, com base em
energias renováveis, tais como:

• Incentivos fiscais - redução de impostos sobre os rendimentos;


• Incentivos à importação de equipamentos para produção de energia elétrica de origem renovável, pela
isenção de direitos aduaneiros e outras imposições aduaneiras;
• Incentivo à produção de eletricidade de origem renovável, com base no regime para a microprodução;
• Incentivos à eletrificação rural descentralizada.

A visão do governo de Cabo Verde para o setor energético, expressa no Documento de Política Energética
de Cabo Verde, de 2008, é “Construir um País sem dependência de combustível fóssil”.

104
3
Energia

A seguir são apresentadas as estratégias governamentais:


• Aumento da penetração da energia renovável e alternativa;
• Promoção da conservação de energia e da eficiência do setor energético;
• Expansão da capacidade de produção de energia elétrica;
• Expansão da cobertura e garantia de acesso à energia;
• A melhoria do ambiente institucional e do quadro legal;
• A criação de um fundo de segurança energética;
• A promoção da investigação e adoção de novas tecnologias.

Fiquei a saber que …


A forma como obtemos e utilizamos a energia tem consequências, boas e/ou más, para o meio ambiente.

Atualmente, os principais recursos energéticos utilizados são os combustíveis fósseis: o carvão, o petró-
leo e o gás natural, com uma taxa de utilização entre 80% e 86%. O consumo extremo dos combustíveis
fósseis diminuiu substancialmente os seus reservatórios, sendo certo que esses recursos não vão estar
disponíveis a curto ou médio prazo, por serem esgotáveis.

A queima de combustíveis fósseis, para a obtenção de energia, tem criado um problema ambiental gra-
ve, uma vez que provoca o aumento da poluição atmosférica. A emissão de gases de efeito de estufa
contribui para o aquecimento global e para as mudanças climáticas que ocorrem no nosso planeta. A
libertação de gases, que provoca a ocorrência de chuvas ácidas, causa desastres ecológicos. O ar é
contaminado por gases tóxicos e partículas sólidas extremamente prejudiciais à saúde humana. Quando
acidentalmente ocorrem derrames do petróleo, durante o seu transporte nos mares e nos rios, aconte-
cem desastres ecológicos.

A utilização das energias renováveis (consideradas energias limpas, tais como as energias solar, eólica,
hídrica, geotérmica) pode ser uma alternativa face aos problemas ambientais provocados pela utilização
de combustíveis fósseis. As energias renováveis não se esgotam e o seu impacto ambiental é menor.
Atualmente há uma grande aposta na utilização dessas formas de energia, mas ainda com uma fraca
cobertura a nível mundial, com uma taxa de utilização entre 10 % e 13%.

Todos nós temos responsabilidade de fazer algo no sentido de preservar o ambiente, para que a vida
com qualidade perdure no nosso planeta. Por exemplo: não deixar lâmpadas, televisores, ventoinhas e
aparelho de ar condicionado ligados desnecessariamente; consultar a ficha técnica dos eletrodomésticos
antes de os adquirir, para ter a noção do consumo de energia e só depois tomar uma decisão sobre a sua
aquisição. Devemos usar a energia com inteligência.

Cabo Verde é um país bastante dependente de combustíveis fósseis para a produção de energia. O con-
sumo de energia elétrica proveniente das energias eólica e solar tem verificado algum progresso, mas,
comparando com as energias não renováveis, a sua utilização ainda é em menor escala.

Cabo Verde, sendo um país com grande disponibilidade de sol e vento, tem demonstrado um interesse
crescente em projetos de produção de energia elétrica a partir da energia solar, mais concretamente usan-
do painéis fotovoltaicos, assim como também há uma grande aposta na produção da energia elétrica a
partir da energia eólica, usando aerogeradores. Futuramente pensa-se em Cabo Verde “… sem depen-
dência de combustível fóssil”.

105
Verifica o que aprendeste nesta temática

1. De entre as seguintes afirmações sobre a energia, indica as que são verdadeiras.

A- Energia é a força que coloca os corpos em movimento.


B- A energia é uma grandeza física.
C- A energia é um material que pode ser observado.
D- A energia é algo que se faz sentir quando é transferido.

2. Diz por palavras tuas, o que é um sistema.

3. Considera os sistemas (A, B e C) representados nas seguintes figuras:

A B C

3.1. Indica, justificando, o(os) que representa(m) sistema(s)

3.1.1. Aberto
3.1.2. Aproximadamente isolado
3.1.3. Fechado

4. Efetua as seguintes conversões de unidades.

A- 20 cal =__________ J
B- 45 kcal =__________ kJ
C- 15 J =__________ kJ
D- 30 kWh =__________ J

5. Observa as seguintes figuras:

A B C D

5.1.Identifica a principal manifestação de energia que está associada a cada uma das figuras (A, B, C e D).

6. A energia encontra-se associada a todos os sistemas. Tudo o que acontece no universo deve-se à
energia.

6.1. Dá exemplos de duas fontes primárias de energia. Justifica a tua resposta.


6.2. Dá exemplos de duas fontes secundárias de energia. Justifica a tua resposta.
6.3. Esclarece a seguinte afirmação ‘‘O petróleo é um recurso energético não renovável’’.

106
7. Dependendo das fontes ou dos efeitos, temos diferentes formas de energia. Completa a tabela
seguinte com a forma de energia correspondente a cada fonte.

Fonte de energia Forma de energia


Sol
Vento
Água
Movimento de cargas elétricas
Petróleo

8. Completa corretamente as frases seguintes com as seguintes palavras: temperatura, calor, condu-
ção, convecção ou radiação.

A- A energia transferida de um corpo, com temperatura mais elevada, para outro, com temperatura menor,
chama-se _______________.
B- A ________________é uma grandeza que mede o estado de agitação das partículas de um corpo. Está
relacionada com energia cinética das partículas.
C- O mecanismo de propagação do calor nos sólidos chama-se _____________________ e não há deslo-
camento de matéria.
D- _________________ é o mecanismo de propagação do calor no vazio.
E- O principal mecanismo de propagação do calor nos líquidos e gases chama-se ______________ e a ma-
téria aquecida desloca-se.

9. A energia transferida sob a forma de calor depende de alguns fatores. Indica-os.

10. Seleciona a opção correta e completa a seguinte frase. ‘‘ O calor é …”

A. a energia das partículas do corpo.


B. a energia transferida espontaneamente de um corpo quente para um corpo frio.
C. a energia de agitação das partículas dos corpos.
D. a energia que um corpo de maior temperatura recebe de um corpo com menor temperatura espontanea-
mente.

11. Seleciona a opção correta e completa a seguinte afirmação: “Dois corpos em contato atingem o
equilíbrio térmico quando...”

A. mantêm as suas temperaturas.


B. a temperatura do corpo maior aumenta.
C. a temperatura do corpo menor aumenta.
D. ambos ficam com a mesma temperatura.

12. Foram aquecidos 2,5 kg de cobre, inicialmente à temperatura de 40ºC, até uma temperatura de
120ºC. A Capacidade térmica mássica do cobre é 376 J/(kg xºC).

12.1. Calcula a variação da temperatura do cobre, ∆θ.


12.2. Determina a quantidade de energia fornecida ao cobre.

107
Energia

13. Considera os materiais referidos na tabela seguinte e os seus respetivos valores de condutividade
térmica:

Condutividade térmica em
Material
J/(s x m x K )
Ferro 80
Alumínio 238
Ar 0,023
Ouro 317
Prata 427

Assinala com V (verdadeiro) ou F (Falso) as seguintes afirmações e corrige a(s) falsa(s):


a) O melhor condutor térmico é o Alumínio. __
b) O pior condutor térmico é o Ar. ___

14. Seleciona a(s) opção(ões) correta(s) e completa a seguinte afirmação: ‘‘Uma colher de pau numa
panela de cachupa é um mau condutor térmico, porque … ”

A. permite facilmente a passagem de energia da extremidade quente para a outra fria.


B. permite dificilmente a passagem de energia da extremidade quente para a outra fria.
C. permite dificilmente a passagem de energia da extremidade fria para a outra quente.
D. não permite facilmente a passagem de energia da extremidade quente para a outra fria.

15. Esta é a equação que permite calcular a quantidade de calor transferido,


Q = m x c x Δθ. O que significa a letra c?

A. A variação da temperatura do corpo


B. A capacidade térmica da substância que constitui o corpo
C. A massa do corpo
D. A capacidade térmica mássica da substância que constitui o corpo

16. Qual é a quantidade de calor necessário para aquecer 200 g de água de 25 0C a 40 0C, sabendo que
a capacidade térmica mássica da água é 1 cal/(g x 0C)

A. 1 cal
B. 15 cal
C. 3000 cal
D. 100 cal

17. Seleciona a(s) opção(ões) correta(s) e completa a seguinte afirmação: ‘‘ A forma mais apropriada
de lidar com a energia no nosso dia a dia é … ”

A. a poupança de energia.
B. a economia de energia.
C. a conservação de energia.
D. a utilização racional de energia.

108
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