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Plano de Aula – Prof.

ª Carolina Salazar

CONCEITO DE CRIME

Delito é uma construção fundamentalmente jurídico-penal.

Ciências penais (criminais): conjunto de disciplinas que estudam o complexo fenômeno criminal.

Apesar de ser, o injusto penal (crime), uma construção normativa jurídico-penal, ele está ligado
necessariamente a um dado ontológico fundamental, que é a conduta humana (finalisticamente
dirigida).

Conceitos:

1) FORMAL, LEGAL ou NOMINAL.

Conceito abstraído a partir do ponto de vista do Direito positivo.

Crime é o que a lei penal vigente incrimina, fixando o seu campo de abrangência (função de
garantia).

Consiste na relação de contrariedade entre o fato humano e o que está descrito na lei penal.

Obs: critério legal de definição do que é crime (ou não) é fornecido pelo legislador.

Dec.-Lei 3.914/41 (Lei de Introdução ao Código Penal), art. 1º: 1

Adoção do sistema dicotômico: Crime ≠ Contravenção Penal (ambos infrações penais)

Obs: sistema tricotômico diferencia crime de delito (ex. Alemanha e França)

• Crime = delito → preceito secundário com ppl de reclusão ou detenção (isolada, alternativa
ou cumulativamente com multa).
Obs: art. 28 da lei de drogas (penas: advertência, prestação de serviços e medida educativa de
comparecimento a curso ou programa educativo), crime?
• Contravenção Penal → preceito secundário com prisão simples ou multa // prisão simples
alternativa ou cumulativamente com multa.

2) MATERIAL ou SUBSTANCIAL

Diz respeito ao conteúdo do ilícito penal e, consequentemente, ao seu caráter danoso e ao seu
desvalor social.

Crime é entendido como uma conduta que afeta em caráter intolerável a estabilidade e o
desenvolvimento da vida em comunidade.

Apenas é admissível o emprego da lei penal quando houver necessidade última de proteção da
coletividade e de bens essenciais ao indivíduo.
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Este Plano de Aula não pretende abranger todo o assunto tratado em sala de aula; presta-se, tão somente, como
roteiro de aula e de estudo.
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Serve, portanto, como orientação político-criminal para o legislador (sobre o que deve ser punido e o
que deve deixar impune).

Crime é, pois, um atentado ao um bem jurídico estabelecido como fundamental para a perenidade
humana e grupo onde o conflito surgiu.

Obs: os conceitos FORMAL e MATERIAL nem sempre são coincidentes. Tanto pode um fato ser
socialmente danoso (substância) não ser crime (tipo legal formal), como pode um tipo legal
(nominal) não representar uma conduta socialmente danosa: problema. Independentemente, não se
pode ignorar a certeza e segurança jurídica.

3) ANALÍTICO ou DOGMÁTICO

Decomposição do delito em suas partes constitutivas, estruturadas em uma relação lógica, de modo
que ao elemento subsequente é essencial a presença do elemento antecedente (interligação lógica).

Análise lógico-abstrata. Análise dos elementos estruturais do delito.

Razões científico-sistemática; didático-pedagógica; e prático-garantistas.

Crime não deixa de ser um todo unitário, mas torna a subsunção (do fato à norma) mais racional e 2
segura.

Questão de ordem metodológica (método analítico): decomposição sucessiva do todo em suas partes.

Não é produto de elaboração legislativa, embora seja possível encontrar elementos do delito na
construção das normas penais.

Elaboração da doutrina (teoria).

*** Teoria tripartida (ou concepção) do delito: conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica (ou
ilícita) e culpável.

Teoria bipartida: exclusão da culpabilidade, que seria apenas pressuposto da pena.


Impossibilidade de dissociar o fato do autor.

Teoria quadripartida: agregação da punibilidade (possibilidade de imposição de pena). Trata-


se apenas de consequência jurídica do crime; e não de seu elemento. Exclusão de pena não exclui o
crime.

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Este Plano de Aula não pretende abranger todo o assunto tratado em sala de aula; presta-se, tão somente, como
roteiro de aula e de estudo.

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