Você está na página 1de 104

Maria Inês de Almeida Pinto Reis

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO PARA AS


AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO COLÉGIO PEDRO II

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação da Faculdade Cesgranrio,
como requisito para a obtenção do título de
Mestra em Avaliação

Orientador: Prof. Dr. Glauco da Silva Aguiar

Rio de Janeiro
2020
R244a Reis, Maria Inês de Almeida Pinto.
Construção e validação de instrumento de avaliação para as
aulas de Educação Física no Colégio Pedro II / Maria Inês de
Almeida Pinto Reis. - 2020.
104 f.; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Glauco da Silva Aguiar.


Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação) -
Faculdade Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2020.
Bibliografia: f. 84-87.

1. Avaliação – Rio de Janeiro (RJ). 2. Construção e


Validação de Instrumento – Rio de Janeiro (RJ). I. Aguiar,
Glauco da Silva. II. Título.

CDD 372.48

Ficha catalográfica elaborada por Wander Samuel (CRB7/6546)

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial


desta dissertação.

Assinatura Data
Ao meu filho Rodrigo, anjo protetor e
inspirador, que intercedeu por mim durante
todo o processo deste estudo. Ao meu filho
Luiz Felipe e ao meu marido Luiz Cláudio,
que me apoiaram e incentivaram com
otimismo e carinho. E ao inseparável Jack.
Esta, para mim, é uma experiência
exemplar dentre muitas outras
experiências com avaliação, num sentido
bem amplo, informal, mas determinante e
que se repete para cada contexto, levando
o professor a acreditar [...] no que faz, a
querer fazer. É o princípio da necessidade
de ensinar.
Marina Hisa Matsumoto
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Glauco da Silva Aguiar, por ter compartilhado comigo a
sua sabedoria e competência, e cujos valiosos ensinamentos e contribuições
enriqueceram a construção deste estudo avaliativo.

À Prof.ª Dr.ª Elaine Rodrigues Perdigão, pelas aulas ministradas com diferenciada
dedicação e cuidadosa atenção com os seus alunos; e por ter me acolhido com
carinho, sempre com uma importante palavra de incentivo. Agradeço também pela
metamorfose que provocou em mim e no meu estudo.

Ao Prof. Dr. Claudio Pellini Vargas pela honrosa e valorosa participação na banca
examinadora e pelas oportunas sugestões com vistas ao aprimoramento deste
estudo.

À Prof.ª Dr.ª Ligia Gomes Elliot, Coordenadora do Mestrado Profissional em Avaliação,


da Faculdade Cesgranrio, pela sua admirável competência e exemplar dedicação ao
curso e aos alunos.

Ao corpo docente do Mestrado Profissional em Avaliação, pela competência e pelos


conhecimentos compartilhados, que contribuíram para a minha formação. Em
especial, aos Professores Doutores Lúcia Regina Goulart Vilarinho e Ovidio Orlando
Filho pelas contribuições para a validação deste estudo.

Aos funcionários da Faculdade Cesgranrio, pela presteza e simpatia, em especial à


Nilma Gonçalves Cavalcante e a Valmir Marques de Paiva sempre atenciosos às
solicitações.

Aos colegas da turma “RAIZ”, parceiros na aprendizagem e nas dificuldades e,


sobretudo, pelos momentos agradáveis que desfrutamos, tornando o nosso percurso
mais leve e descontraído. De forma especial, agradeço pela aproximação, pelo
convívio alegre e o carinho dos amigos Mônica, Selminha e Sinézio.

À querida amiga Sonia Natal, grande incentivadora do meu ingresso no Mestrado pelo
carinho e pelas permanentes palavras de incentivo.

Ao Colégio Pedro II, por oportunizar o desenvolvimento do projeto e aos colegas que
colaboraram de forma efetiva com o meu estudo.

A Ricardo Carlos dos Santos Alves, pela sua disponibilidade em ajudar e valiosa e
efetiva participação nesse estudo.

À minha família, o meu bem maior: meus filhos Luiz Felipe e Rodrigo e meu incansável
companheiro de todas as horas, meu marido Luiz Cláudio, minhas fontes de
inspiração, segurança e amor.

E, por fim, agradeço a Deus e à constante presença da Mãe que me protege, por me
concederem mais essa oportunidade de aperfeiçoamento e aprendizagem.
RESUMO

Este estudo teve como objetivo construir e validar um Instrumento de Avaliação para
orientar os professores na avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física dos
Anos Finais do Ensino Fundamental do Campus Humaitá II, do Colégio Pedro II. Para
o cumprimento dessa meta, a autora realizou um estudo aprofundado nos documentos
oficiais que regem a proposta pedagógica do Colégio Pedro II, em especial a Base
Nacional Comum Curricular de 2017 e o Projeto Político Pedagógico Institucional do
Colégio Pedro II, de 2018. Dedicou-se à análise da literatura na área de Educação
Física e Avaliação, devidamente referenciada neste trabalho, e contou com a
colaboração de professores de Educação Física da própria instituição, que
participaram de entrevista e grupo focal, instrumentos de coleta de dados de base
qualitativa utilizados nesse estudo avaliativo. No percurso metodológico adotado
considerou-se a abordagem avaliativa centrada em objetivos, com a perspectiva de
verificar se os propósitos relacionados para as aulas de Educação Física foram
alcançados e, ainda, propiciar que procedimentos empregados para se atingir esses
propósitos possam ser revistos. O Instrumento foi submetido à validação técnica,
realizada por três professores doutores, especialistas em Avaliação, da Faculdade
Cesgranrio e, em seguida, a um painel de especialistas em Educação Física para a
validação de conteúdos, considerando especialmente sua abrangência, pertinência e
utilidade. Essas validações culminaram na implementação de ajustes em versões
sucessivas do Instrumento até a consolidação da versão final. Os resultados obtidos
indicam que o Instrumento de Avaliação elaborado possui a qualidade almejada,
relevância e atende aos objetivos propostos, reunindo amplas condições de auxiliar
os professores na avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física.
Palavras-chave: Avaliação. Construção e Validação de Instrumento. Educação
Física.
ABSTRACT

This study aimed to build and validate an Evaluation Instrument to guide teachers to
evaluate students in Physical Education classes of the Final Years of Elementary
Education on Campus Humaitá II at Colégio Pedro II. To achieve this goal, the author
conducted an in-depth study of the official documents that govern the pedagogical
proposal of Colégio Pedro II, specially the 2017 Common National Base Curriculum
and the 2018 Institutional Political Pedagogical Project of Colégio Pedro II. The author
dedicated herself to the analysis of literature in the area of Physical Education and
Evaluation, duly referenced in this work, and had the collaboration of Physical
Education teachers from the institution, who participated in interviews and focus
groups, instruments used for collecting data of the qualitative basis in this evaluative
study. On the methodological path adopted, an evaluative approach centered on
objectives was considered, with the perspective of verifying whether the listed
purposes for Physical Education classes were achieved and providing that the
procedures used to achieve these purposes can be reviewed. The Instrument was
subjected to a technical validation carried out by three doctoral professors, specialists
in Evaluation, from Faculdade Cesgranrio, and then to a panel of specialists in Physical
Education for content validation, especially considering its scope, relevance and
usefulness. These validations culminated in the implementation of adjustments in
successive versions of the Instrument until the final version was consolidated. The
results obtained indicate that the Evaluation Instrument developed has the aimed
quality, relevance and meets the proposed objectives, bringing together ample
conditions to assist teachers with the evaluation of students in Physical Education
classes.
Keywords: Evaluation. Instrument Construction and Validation. Physical Education.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Objetos de conhecimento das Unidades Temáticas no


Ensino Fundamental............................................................... 27
Figura 1 Princípios e Dimensões do currículo de Educação Física no
Colégio Pedro II...................................................................... 28
Quadro 2 Ensino Fundamental: composição curricular dos anos finais. 33
Foto 1 Quadra poliesportiva............................................................... 34
Foto 2 Sala de espelho...................................................................... 34
Foto 3 Sala Multiuso.......................................................................... 35
Fotos 4 e 5 Sala de Educação Física........................................................ 36
Foto 6 Alunos em Atividade Programada.......................................... 37
Foto 7 Alunos em Atividade de Livre Escolha.................................... 38
Quadro 3 Proposta Inicial de Quadro de Categorias e Indicadores........ 45
Quadro 4 Quadro de Categorias, Indicadores e Padrões Reformulado. 50
Quadro 5 Primeira Versão de um Instrumento de Avaliação para as
Aulas de Educação Física no Colégio Pedro II....................... 51
Quadro 6 Proposta inicial da escala de respostas.................................. 56
Quadro 7 Proposta do Padrão de Avaliação.......................................... 56
Quadro 8 Caracterização dos Especialistas.......................................... 61
Quadro 9 Avaliação Técnica feita pelos Especialistas em Avaliação..... 69
Gráfico 1 Concordância com as dimensões do Instrumento.................. 70
Gráfico 2 Adequação das categorias – Cumprimento de Normas e
Regras.................................................................................... 70
Gráfico 3 Adequação das categorias – Participação.............................. 71
Gráfico 4 Adequação das categorias – Autonomia................................ 71
Gráfico 5 Adequação das categorias – Cooperação.............................. 72
Gráfico 6 Adequação das categorias – Afirmação de Valores............... 73
Gráfico 7 Adequação das categorias – Princípios Democráticos........... 74
Quadro 10 Propostas de melhoria do Instrumento................................... 76
SUMÁRIO

1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL............ 12


1.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO COLÉGIO PEDRO II.............................. 17
1.2 OBJETIVO, JUSTIFICATIVA DO ESTUDO E QUESTÃO
AVALIATIVA...................................................................................... 20
2 AS DIMENSÕES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA.......... 23
2.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS
FINAIS, NOS DOCUMENTOS OFICIAIS.......................................... 25
2.1.1 Nos Parâmetros Curriculares Nacionais....................................... 25
2.1.2 Na Base Nacional Comum Curricular............................................ 25
2.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
INSTITUCIONAL DO COLÉGIO PEDRO II....................................... 27
2.3 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CAMPUS HUMAITÁ II........................... 31
2.3.1 Os Espaços...................................................................................... 33
2.3.2 A Rotina............................................................................................ 36
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................... 39
3.1 ABORDAGEM AVALIATIVA............................................................. 39
3.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTESDO ESTUDO AVALIATIVO........ 41
3.3 CONSTRUÇÃO DO QUADRO DE CATEGORIAS E
INDICADORES.................................................................................. 42
3.3.1 A entrevista exploratória................................................................. 43
3.3.2 O Grupo Focal................................................................................. 45
3.4 UMA PROPOSTA INICIAL DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO... 51
3.5 PROPOSTA DE ESCALA E PADRÃO DE AVALIAÇÃO.................. 56
3.6 VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO PELOS ESPECIALISTAS.......... 57
3.6.1 Validação Técnica........................................................................... 58
3.6.2 Validação de Conteúdo................................................................... 59
4 RESULTADOS.................................................................................. 61
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES.................................. 61
4.2 RESULTADO DA ENTREVISTA EXPLORATÓRIA.......................... 62
4.3 GRUPO FOCAL E DINÂMICA.......................................................... 63
4.4 VALIDAÇÃO TÉCNICA.................................................................... 66
4.5 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO.......................................................... 69
4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES......................... 81
4.6.1 Recomendações.............................................................................. 82
REFERÊNCIAS................................................................................. 84
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista............................................ 89
APÊNDICE B – Convite Grupo Focal............................................ 90
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido –
Maiores de Idade............................................................................. 91
APÊNDICE D – Roteiro de Grupo Focal........................................ 93
APÊNDICE E – Dados sociais dos participantes da Entrevista,
Grupo Focal e Dinâmica................................................................. 94
APÊNDICE F – Formulário para Validação Técnica da Versão
Inicial do Instrumento de Avaliação para as aulas de Educação
Física no Colégio Pedro II............................................ 95
APÊNDICE G – Primeira Versão do Instrumento de Avaliação
para as Aulas de Educação Física dos alunos do Ensino
Fundamental – Anos Finais do Colégio Pedro II......................... 96
APÊNDICE H – Carta Convite........................................................ 99
APÊNDICE I – Formulário para Validação de Conteúdo do
Instrumento de Avaliação dos alunos nas aulas de Educação
Física no Colégio Pedro II.............................................................. 100
12

1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

A Educação Física, ao longo de sua trajetória histórica, foi quase sempre


utilizada como um instrumento ideológico e de manipulação, servindo aos interesses
do Estado na reprodução do modelo econômico da sociedade vigente. Assim, a
exemplo do que ocorreu com a educação, em virtude da influência de tendências e
concepções ideológicas diversas, serviu, muitas vezes, para que as pessoas
continuassem alienadas e impotentes diante da necessidade de realizar
transformações necessárias no seio da sociedade (CASTELLANI FILHO, 1991).
Estudos que se ocupam em retratar o percurso da Educação Física no Brasil
descrevem seu estreito vínculo, desde o início, com instituições militares e com a
classe médica. Essas proximidades foram determinantes para as concepções
pedagógicas da Educação Física escolar e suas finalidades, por muito tempo. As
mudanças sócio-políticas consequentes da ascendência de algumas instituições, ao
longo da história, acabavam por direcionar o campo de atuação e a forma como essa
disciplina deveria ser ensinada no âmbito escolar e acadêmico.
Com relação às instituições militares no país, o vínculo se revela com base na
ideia de patriotismo. O militarismo buscava a educação do corpo praticando exercícios
de forma sistematizada, objetivando o desenvolvimento da força física, ao mesmo
tempo em que visava melhorar a saúde por meio de hábitos de higiene. Além disso,
destaca-se o fato de que os primeiros professores de Educação Física eram,
predominantemente, constituídos por militares.
No século XIX, portanto, o interesse pela formação de indivíduos fortes e
saudáveis, os quais se engajariam nas lutas pela independência do país, deixando
para trás a condição de colônia de Portugal, fez com que a Educação Física tivesse
um papel de destaque nesse cenário. Ela era o meio pelo qual se formaria um
contingente de homens fortes, com condições físicas para construir uma nova nação
e trabalhar para o seu desenvolvimento. Ainda nessa conjuntura, considerando que
cabia às instituições militares garantir a manutenção da ordem para se alcançar o
progresso, a Educação Física passou a ser entendida como a Educação do Físico
(CASTELLANI FILHO, 1991). Nesse mesmo contexto, há a influência, também, dos
médicos higienistas que conferiram à Educação Física a incumbência de formar
corpos saudáveis, robustos e harmoniosos. Para além de um físico saudável e
equilibrado organicamente, era necessário também modificar os procedimentos de
13

higiene da população, abdicando de velhos hábitos e contrastando com a situação do


indivíduo colonial, quase sempre de corpo flácido e doentio. Esse conjunto de
princípios da medicina social de caráter higiênico, ditado à sociedade por meio da
célula familiar, unidade básica da sociedade, acabou idealizando a representação de
uma nova classe, o que fez aflorar manifestações e discussões sobre preconceito e
racismo. “A família nuclear e conjugal, higienicamente tratada e regulada, tornou-se,
no mesmo movimento, sinônimo histórico de família burguesa” (CASTELLANI FILHO,
1991, p. 35).
Por ocasião da recém-conquistada independência, metade da população do
Brasil era constituída de negros escravos. À medida que esse contingente crescia,
aumentava a preocupação com a possibilidade de se rebelarem, cooptados pelos
portugueses, com vistas a reconduzir o país à antiga condição de colônia. Por isso o
método higienista visava, ainda, multiplicar a população branca, classe dominante,
principalmente por meio da educação sexual, garantindo que as pessoas se
responsabilizassem por manter a “pureza” e a “qualidade” da raça branca. Sob a
influência da filosofia positivista dos militares, essa ideia de eugenia da raça reforçou
o papel das mulheres brancas, fortes e sadias, incumbidas de gerarem filhos
saudáveis para a defesa da Pátria.
Com o passar do tempo, já no século XX, a partir da década de 1930, no
contexto do processo de industrialização e urbanização e da instituição do Estado
Novo, regime político que tinha por objetivo reajustar o organismo político às
necessidades econômicas do país, a Educação Física passou a ser usada como
forma de fortalecer e melhorar o vigor físico dos trabalhadores, essencial para
aumentar a produção e para que o capital pudesse avançar. Era necessário, contudo,
no desempenho de atividades braçais, educar e disciplinar o corpo para conhecer
seus limites e evitar danos permanentes. Considerando que a classe dominante
necessitava de corpos saudáveis entre o proletariado, o exercício físico surge a partir
de conceitos médicos que visavam educar para mudança de hábitos e costumes.
Contribuíram para essa formação das classes trabalhadoras as instituições sociais,
sendo a escola uma das referências de destaque na construção desse trabalhador
idealizado pela nova burguesia.
Até os anos finais da década de 1940 a Educação Física continuou a
desempenhar papéis com vista a atender a política vigente no que se refere à
construção de uma força de trabalho e sujeição à economia, inserindo-se em um
14

contexto de uma prática sem teoria ou, ao menos, limitada a educação do físico numa
compreensão de saúde (CASTELLANI FILHO, 1991). A partir desse momento, que se
estende ao início dos anos 1960, o movimento foi no sentido de introduzir a Educação
Física na grade curricular das escolas de educação básica. Incorporada aos currículos
sob a forma de atividade, a compreensão da Educação Física, enquanto componente
curricular, ainda não contemplava uma reflexão teórica sobre sua prática, ou seja, não
considerava o campo do conhecimento dotado de um saber que lhe é próprio e era,
ainda, destituída de qualquer sistematização.

As práticas corporais eram construídas e vistas como instrumentos


para a educação para a saúde e para a educação moral. Teorizar era
fundamentar uma prática pedagógica envolvendo práticas corporais,
embora com base em um arcabouço teórico metodológico
marcadamente biológico. Outra característica é a de que esta
teorização era realizada, necessariamente, por intelectuais de outros
campos (medicina, militar, pedagogia, cientistas políticos), uma vez
que o campo acadêmico "EF" (ou ginástica escolar) não havia ainda
se constituído. (BRACHT, 1996, p. 142).

A partir da década de 1960, a Educação Física, cujo viés era pedagógico,


passou a ser vista pela ótica cientificista, levantando a questão em relação a sua
definição entre: ciência, disciplina acadêmica ou científica (BRACHT, 1996).
Com a chegada dos militares ao poder, em 1964, a Educação Física passa a
ser vista, por esse grupo político dominante, como sinônimo de desporto e uma
atividade prática que visava o desempenho físico e técnico do aluno. Nesse contexto,

a Educação Física passou a ter a função de selecionar os mais aptos


para representar o país em diferentes competições. O governo militar
apoiou a Educação Física na escola objetivando tanto a formação de
um Exército composto por uma juventude forte e saudável como a
desmobilização de forças oposicionistas. Assim, estreitaram-se os
vínculos entre esporte e nacionalismo. (DARIDO; SOUZA JUNIOR,
2007, p. 24).

Em meio às discussões sobre as novas tendências na Educação Física escolar,


a partir dos anos finais da década de 1970 e ao longo dos anos 80, e também em
virtude do novo cenário político que se desenhava, esse modelo de esporte de alto
rendimento para a escola passou a ser fortemente criticado. Profissionais do campo
da EF passam a construir objetos de estudo a partir do viés pedagógico, em uma re-
pedagogização da Educação Física (COLETIVO DE AUTORES, 1992, apud
15

BRATCH, 1996). Como alternativas surgiram novas formas de pensar a Educação


Física na escola (DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007). Essas novas abordagens eram
decorrentes de diferentes teorias da área da psicologia, sociologia, antropologia e
variadas correntes filosóficas que permeavam o campo da educação à época, dentre
as quais se destacam as abordagens psicomotora e desenvolvimentista. A primeira
entende a Educação Física, no processo deformação do indivíduo, como um meio
para se alcançar o aprendizado. A segunda, por sua vez, está relacionada com a
prática das habilidades motoras como consequência natural da progressão do
crescimento físico, do desenvolvimento motor e da competência motora própria da
faixa etária (DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007).
Com as críticas ao paradigma da aptidão física cresce também o apelo por um
movimento renovador nessa disciplina. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº
9394/96 (BRASIL,1996), em sintonia com esses apelos, apresenta um esforço de
reformulação das propostas curriculares, legitimando a Educação Física como
componente curricular obrigatório da educação básica. Por essa nova concepção, as
aulas dessa disciplina devem introduzir o aluno na cultura corporal de movimento. De
fato, nos Parâmetros Curriculares Nacionais,

Entende-se a Educação Física como uma área de conhecimento da


cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma
disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de
movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e
transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos
esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do
exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
(BRASIL, 1998).

Ou seja, desenvolver outras práticas corporais que não se limitassem apenas


aos esportes, mas também à dança, à ginástica geral, aos jogos e às lutas. Para Betti
(1994 apud DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007), a Educação Física ao introduzir e
integrar o aluno na cultura corporal está cumprindo seu papel na formação do cidadão.
Em síntese, percebe-se nessa reformulação a influência marcadamente de três
tendências. A primeira delas é a biologização da Educação Física, que compreende o
movimentar-se humano apenas em seu aspecto biológico, enfatizando as questões
de desempenho esportivo, e à eficiência da produtividade. Tem a ver com essa
tendência certo caráter médico, que vê a saúde em seus aspectos biofisiológicos. A
segunda tendência é a psicopedagogização, na qual predomina o tecnicismo e o
16

interesse por uma formação acrítica, porém qualificadamente capacitada. A terceira


tendência se baseia na concepção histórico cultural, caracterizando-se como uma “[...]
ação política, à medida que busca possibilitar a apropriação, pelas Classes Populares,
do saber próprio à cultura dominante, instrumentalizando-as para o exercício pleno de
sua capacidade de luta no campo social” (CASTELLANI FILHO, 1991, p. 220). Assim,
na organização da Educação Física no contexto escolar, as práticas corporais
produzidas pela cultura deveriam possibilitar extrair delas experiências positivas e
salutares visando o desenvolvimento humano.
Fica evidente, após essa breve descrição do percurso histórico da Educação
Física no Brasil, que em seu momento atual a concepção que prevalece dessa
disciplina é a de que ela não pode mais ficar restrita tão somente ao ensino do gesto
motor correto e apropriado às faixas etárias. Para que isso aconteça é fundamental
que os alunos vivenciem as diferentes práticas da cultura corporal e compreendam o
seu papel na sociedade (DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007).
Ainda segundo esses autores, é preciso que o rol de conteúdos da disciplina
de Educação Física na escola contemple, por exemplo, numa dimensão mais
biológica, as relações entre nutrição, gasto energético, obesidade e as diferentes
práticas corporais; as relações entre exercício, lesões e uso de anabolizantes; o
desenvolvimento das capacidades físicas (força, resistência e flexibilidade); e a
aquisição e melhoria da saúde e da estética. Em uma perspectiva sociocultural, por
sua vez, o aluno deve ser levado a compreender que sendo o homem um ser cultural,
a Educação Física deve considerar também os aspectos socioantropológicos do
movimento humano. Deve perceber, ainda, que o que define a consciência corporal
do homem é a compreensão dos fatores ligados aos aspectos socioculturais
pertinentes no contexto histórico da sociedade (DARIDO, SOUZA JUNIOR, 2007;
CASTELLANI FILHO, 1991).
Dessa forma, a Educação Física ao considerar como parte de seus conteúdos
de ensino na escola as relações entre esporte, sociedade, interesses econômicos e
violência, bem como atividade física, qualidade de vida e contexto sociocultural, estará
assumindo, como as demais disciplinas, a responsabilidade e o compromisso na
concretização do processo de formação integral dos novos cidadãos em formação.
17

1.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO COLÉGIO PEDRO II

Como instituição de ensino pertencente ao sistema educacional brasileiro, o


Colégio Pedro II tem sua organização, ações pedagógicas e funcionamento
normatizados pela legislação educacional vigente. Os princípios orientadores nela
contidos são expressos por meio de um conjunto de diretrizes e normas que nortearam
a construção do Projeto Político Pedagógico Institucional, contemplando os preceitos
legais e as estratégias capazes de orientar as ações pedagógicas do colégio
(DANTAS, 2015).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é a referência para a
organização e para a formulação dos documentos normativos do Colégio Pedro II,
uma vez que em seu artigo 1º afirma que a educação abrange os processos formativos
citados na Constituição Federal (1988), dedicando-se, em especial, à educação
escolar.

Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se


desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho,
nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º.
Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. §2º.
A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à
prática social. (BRASIL,1996, p. 1).

Como dito anteriormente, de acordo com essa Lei, a Educação Física está
legitimada como componente curricular obrigatório da educação básica, integrada à
proposta pedagógica da escola. Em seu Artigo 26º, parágrafo 3º, dispõe: “A educação
física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório
da educação básica” (BRASIL, 1996).
Em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) reformaram o ensino
no Brasil e tornaram-se uma referência para a transformação de objetivos, conteúdos
e didática do ensino, por meio do direcionamento das atividades, expectativas de
aprendizagem e maneiras de avaliar.
Nos PCN, a cultura corporal do movimento se consolida como objeto central da
disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental, que por intermédio de seus
conteúdos deveria contribuir para a formação do cidadão, que se pretende
participativo, solidário, crítico e autônomo (BRASIL, 1998).
18

Ainda de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Educação Física


possibilita o conhecimento e a vivência de práticas corporais, como danças, esportes,
lutas, jogos e ginásticas, derivadas de diferentes expressões culturais influentes no
cotidiano dos alunos (BRASIL, 1998).

A abordagem cidadã teria como valores os direitos democráticos


liberais e a meta de construção de uma cidadania crítica. A inserção e
a integração dos alunos à Cultura Corporal de Movimento são seus
objetivos específicos. Aspectos conceituais, procedimentais e
atitudinais vinculados aos jogos, esportes, danças, ginásticas, lutas e
conhecimento sobre o corpo são as dimensões dos conteúdos e as
vivências são tidas como estratégias principais. (SANCHES NETO,
2005, p. 18-19).

Em conformidade com essa acepção, cabe ao professor dessa disciplina


“problematizar, interpretar, relacionar e analisar essas manifestações da cultura
corporal com seus alunos, para que compreendam os sentidos e significados
impregnados nas práticas corporais” (DARIDO, 2008, p. 14). Assim, o aluno poderá
revelar autonomia na aplicação dos conhecimentos adquiridos acerca da cultura
corporal, ao discutir e modificar regras, realizar atividades corporais, congregando,
sem preconceito e discriminação, princípios das distintas manifestações de
movimentos.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em dezembro de
2017, estabelece o que os alunos têm direito de aprender em todas as etapas da
educação básica. O Brasil passou a dispor, assim, de uma base comum, que será o
eixo da constituição dos currículos, tanto da rede pública quanto da privada,
englobando as escolas de educação infantil e do ensino fundamental.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, no Ensino Fundamental –
Anos Finais, “a diversificação dos contextos permite o aprofundamento de práticas de
linguagem artísticas, corporais e linguísticas, que se constituem na vida social.”
(BRASIL, 2017, p. 63). As práticas corporais passam a englobar seis unidades
abordadas ao longo do Ensino Fundamental nas aulas de Educação Física: Jogos e
Brincadeiras; Esportes; Ginásticas; Danças; Lutas; e Práticas Corporais de Aventura
(BRASIL, 2017).
O Projeto Político Pedagógico Institucional do Colégio Pedro II, em
conformidade com a legislação da educação nacional, encaminha todas as ações de
planejamento, aplicação e avaliação desse componente curricular. Esse conjunto de
19

procedimentos, para todos os segmentos de ensino, da Educação Infantil ao Ensino


Médio, é orientado pelo Departamento de Educação Física do Colégio Pedro II. A
gestão do Departamento é feita a partir da seguinte estrutura:

Colegiado – é a instância máxima do departamento, composto por


todos os professores vinculados ao Departamento de Educação
Física, tendo por objetivo discutir e deliberar sobre assuntos
pertinentes à educação física escolar no CPII; Chefia do departamento
– exercida por um professor eleito entre os integrantes do
departamento, para um mandato de três anos, objetivando a gestão
executiva do Departamento de Educação Física; Colegiado de
Coordenadores Pedagógicos – com a atribuição de assessorar o chefe
de departamento nos assuntos pertinentes à disciplina; e Equipes nos
campi – composta por professores que implementam as ações
pedagógicas definidas pela chefia e pelos fóruns legítimos do
Departamento de Educação Física. (COLÉGIO PEDRO II, 2019, não
paginado).

Essas ações pedagógicas, em última análise, buscam apoiar a Educação


Física a alcançar os objetivos aos quais ela se propõe, considerando-se as dimensões
afetivas, cognitivas e motoras do ser. Defendem, ainda, que nas aulas de Educação
Física os professores disponham de um ambiente favorável de observação das
possibilidades de reflexão, criatividade, autonomia e participação dos seus alunos
(COLÉGIO PEDRO II, 2018b).
A Educação Física, considerada como prática cultural,

apresenta certa tradição e certos procedimentos, consolidados ao


longo do tempo e dotados de eficácia simbólica. Isso quer dizer que a
forma como a Educação Física se coloca na escola faz sentido para
todos os atores envolvidos em sua prática, professores, alunos, pais,
professores de outros componentes, direção escolar. (DAOLIO, 2005,
p. 218).

Ao entender o ser humano como um ente cultural, “contínuo construtor de sua


cultura relacionada aos aspectos corporais” (DAOLIO, 2004, p. 12), a Educação Física
amplia as suas perspectivas para além da área que estuda o corpo e o seu movimento,
se estendendo para a “que estuda e atua sobre a cultura corporal do movimento”
(DAOLIO, 2004, p. 12).
20

1.2 OBJETIVO, JUSTIFICATIVA DO ESTUDO E QUESTÃO AVALIATIVA

Ao ampliar suas perspectivas para além das dimensões cognitivas e motoras


do ser, a Educação Física impõe, da mesma forma, um alargamento do olhar para as
proposições de atividades, expectativas de aprendizagem e formas justas de avaliar.
Se no conjunto das ações pedagógicas das demais disciplinas escolares a
avaliação deve estar integrada ao processo de ensino, ser objeto de discussão e ter
como mote e objetivo a aprendizagem, assim também deve ser na Educação Física.
“Os estudantes precisam ser informados, desde o início do ano letivo, do porquê,
como, quando e de que modo serão avaliados” (COLÉGIO PEDRO II, 2018b, p. 253).
A avaliação deve ajudar os alunos a identificarem em que nível de aprendizagem se
encontram, de forma que possam ajustar os seus programas de estudos com
autonomia, monitorar o seu próprio processo de aprendizagem e, também, auxiliar o
professor na adequação de sua prática de ensino.
Sendo assim, no processo avaliativo, são essenciais: a construção de critérios
adequados aos objetivos; a aplicação de instrumentos de avaliação pertinentes à
coleta de dados expressivos para todos os envolvidos – professores, estudantes,
escola e família; e o registro dos resultados indicando o quanto se está bem ou mal
no processo, e quanto falta para atingir o objetivo, tanto na avaliação do aluno pelo
professor, quanto na avaliação entre pares e na autoavaliação. Uma vez alcançada a
finalidade, professor e aluno devem estipular novas metas e compor estratégias em
um constante processo de análise da situação (GONZÁLEZ, 2012).
Sob essa concepção, e de acordo com essa proposta curricular – como descrita
nos documentos legais –, o professor de Educação Física, em especial, tem a
possibilidade de:

ampliar os conteúdos para além das práticas esportivas tradicionais;


tematizar aspectos diversos da cultura corporal entre os quais aqueles
ligados à fisiologia, antropologia, sociologia, contextualizando-os e
articulando teoria e prática; ultrapassar o mero ensino do gesto técnico
correto e envolver os estudantes na cogestão das aulas; diversificar
as estratégias avaliativas e os aspectos a serem avaliados, incluindo
a autoavaliação; e associar a Educação Física de forma inerente e
clara ao projeto pedagógico da escola. Como consequência, as
avaliações decorrentes desse tipo de estratégia didática deixam de ser
centradas no desempenho técnico-esportivo e na aptidão física, e
passam a ser uma nova possibilidade de averiguar quais
conhecimentos foram apreendidos pelos estudantes. (COLÉGIO
PEDRO II, 2018b, p. 250).
21

Além disso, as reflexões contínuas sobre as práticas dos professores,


especialmente as que se referem à escolha de competências, objetivos, conteúdos e
estratégias, devem ser pautadas com base nas observações e nos resultados das
avaliações. As informações coletadas podem, ainda, em um caráter formativo, auxiliar
na compreensão de quais aspectos devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos
como adequados para o processo de aprendizagem individual e de todo o grupo de
estudantes (DARIDO, 1999, apud COLÉGIO PEDRO II, 2018b).
De acordo com Penna Firme (1994, p. 5),

Em um ambiente educativo, é preciso ressaltar a necessidade da


execução de uma avaliação no tempo, no espaço e nas condições
possíveis. A avaliação deve buscar a precisão, o uso de instrumentos
adequados, sintonizados com as informações que se deseja obter. É
essencial que a avaliação se realize com base em valores, com
transparência e respeito com todos que dela participam.

Considerando a importância das estratégias avaliativas e os aspectos a serem


avaliados e, ainda, o impacto disso na aprendizagem, esse estudo teve por objetivo
construir e validar um Instrumento de Avaliação para ser utilizado pelos professores
nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental – Anos Finais do Campus
Humaitá II, do Colégio Pedro II. Essa construção e validação pretendem-se
condizentes com as determinações normativas descritas e com as informações que
se deseja obter.
Cabe ressaltar que, embora ciente e de acordo com o fato de que a avaliação
holística do estudante, nessa disciplina em especial, não pode prescindir da avaliação
entre pares e da autoavaliação, este estudo teve como foco a avaliação do aluno pelo
professor.
A justificativa para esse projeto reside no fato de que, embora haja um
Departamento de Educação Física no Colégio Pedro II para orientar o planejamento,
aplicação e avaliação em todos os segmentos de ensino, a equipe de professores da
disciplina Educação Física do Campus Humaitá II não dispõe de um instrumento para
destacar atitudes e valores importantes a serem considerados e observados no
desempenho dos alunos durante as aulas deste componente curricular. Entende-se
que a utilização de um instrumento, com critérios explícitos e organizados, facilitará o
processo avaliativo, considerando o que é pretendido pelo Departamento, e também
atenderá as especificidades da disciplina. Além disso, respeitando as idiossincrasias
22

de todos, busca-se aproximar procedimentos de diferentes professores que trabalham


com turmas de uma mesma série, tornando claro para os alunos e responsáveis quais
critérios são utilizados pela equipe docente da série. Isso tende a diminuir
questionamentos e harmonizar as avaliações que são muito subjetivas e dependem
das concepções de cada professor a respeito do que é sugerido pelo Departamento.
Assim, seguindo o que orientam Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004), para
dar direcionamento, fundamentação e foco a este estudo avaliativo, além de indicar o
que se pretende responder, funcionando como guia para o planejamento das etapas
de construção e validação do Instrumento Avaliativo, foi formulada a seguinte questão
avaliativa:
Em que medida o Instrumento Avaliativo atende às necessidades do corpo
docente para avaliar os alunos nas aulas de Educação Física?
23

2 AS DIMENSÕES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A fim de descrever o objeto de estudo para o qual o instrumento foi construído


é necessário, primeiramente, abordar o conceito de conteúdo no contexto da
Educação Física e as três dimensões que ele abarca: atitudinal, conceitual e
procedimental. A classificação dos conteúdos nessas dimensões corresponde às
seguintes questões: "o que se deve saber?" (dimensão conceitual), "o que se deve
saber fazer?" (dimensão procedimental) e "como se deve ser?" (dimensão atitudinal),
com a finalidade de alcançar os objetivos educacionais (COLL et al., 2000 apud
DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2001).
A compreensão dessas dimensões ajuda a entender a parcela de contribuição
desse componente curricular no processo de ampliação do campo de ação da escola,
fruto de mudanças em sua função social. Isso implica para a escola ocupar-se do
desenvolvimento intelectual do aluno e, ao mesmo tempo, formar cidadãos críticos,
conscientes para o exercício da cidadania e sujeitos da construção do conhecimento.
Assim, da mesma forma que a educação, de forma mais abrangente, precisou
acompanhar as constantes mudanças do contexto social, a fim de cumprir seu papel
de desenvolver potencialidades na busca de um ser humano integral, a Educação
Física na escola, em particular, deve se reinventar e tomar para si o desafio de garantir
aos alunos o desenvolvimento de competências específicas (BRASIL, 2017).
Isso envolve a desconstrução de visões restritivas de homem, escola e
sociedade, bem como a ressignificação da prática dessa disciplina no contexto das
relações sociais dentro e fora da escola. Envolve, também, compreender os
conteúdos a serem ensinados nessa disciplina como definidos por Neira e Nunes
(2009, p. 260): “o conteúdo de ensino é tudo aquilo que ocupa o tempo escolar. São
todas as aprendizagens e os efeitos que derivam das atividades vivenciadas no
âmbito da escola”. Nesse sentido, COLL et al. (2000 apud DARIDO; SOUZA JUNIOR,
2001) os descrevem como “uma seleção de formas ou saberes culturais, conceitos,
explicações, raciocínios, habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos,
atitudes, interesses, modelos de conduta, etc.”, cuja análise da sua relevância,
problematização da sua vinculação com as práticas sociais e assimilação são
consideradas essenciais para que se produza um desenvolvimento e uma
socialização adequada ao aluno.
24

Ou seja, são conhecimentos, habilidades, hábitos, valores e atitudes, que para


serem transmitidos e assimilados de forma ativa e colocados em prática pelos alunos
na sua vida, são organizados pedagógica e didaticamente nos programas de ensino.
Cabe ressaltar que o termo ‘conteúdos’ não pode ficar restrito às informações
conceituais. Esse conceito deve ser ampliado e passar a expressar tudo quanto se
tem que aprender, que não apenas abrangem as capacidades cognitivas, incluindo de
forma explícita nos programas de ensino o que antes estava apenas no currículo
oculto (DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2001).
Estruturar a Educação Física dessa forma inovadora, refletindo sobre o que e
para que ensinar nas aulas, exige considerar:

1) A indissociabilidade teoria e prática, reconhecendo o potencial de


ambas como subsídio para (re)pensar, formular e registrar uma a
outra de forma dialética;
2) O reconhecimento do papel ativo de estudantes e professores na
produção do conhecimento no campo da cultura corporal de
movimento, tendo em vista que todas as pessoas possuem um
patrimônio cultural digno de ser compartilhado, acolhido e
valorizado;
3) O papel da educação como instrumento de justiça social e a
necessidade de acolher e valorizar a voz dos diferentes sujeitos na
construção do espaço coletivo; e
4) A necessidade de articular diferentes saberes para compreender os
conteúdos em suas várias nuances. (COLÉGIO PEDRO II, 2018a).

Nesse sentido, promover estratégias metodológicas dialógicas, no âmbito das


aulas de Educação Física escolar, motiva e proporciona debates acerca de questões
sobre o corpo e a sociedade, abrindo espaço não só para promover articulações inter
e transdisciplinares, mas também para suscitar reflexões a respeito de outros sentidos
inerentes aos temas abordados nessa disciplina (COLEGIO PEDRO II, 2018b).
As práticas corporais nas aulas de Educação Física propiciam ao aluno o
acesso a conhecimentos e experiências muito específicas. Assim como em outros
diversos ramos de atividade, a vivência da prática oportuniza construir um tipo de
conhecimento muito peculiar e insubstituível e, para que seja de fato significativa, “é
preciso problematizar, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade de sentidos e
significados que os grupos sociais conferem às diferentes manifestações da cultura
corporal de movimento” (BRASIL, 2017, p. 214).
25

2.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS, NOS


DOCUMENTOS OFICIAIS

2.1.1 Nos Parâmetros Curriculares Nacionais

Os conteúdos escolares foram organizados nos PCN (BRASIL, 1998) em três


grandes blocos: Esportes, Jogos, Lutas e Ginástica; Atividades Rítmicas e
Expressivas; e Conhecimentos sobre o Corpo. Esses blocos possuem conteúdos em
comum, o que facilita a articulação e o relacionamento entre eles, mas cada um
resguardando suas especificidades.
Consoante com essa classificação apresentada pelos PCN (BRASIL,1998),
nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), os alunos devem prosseguir
avançando no processo de busca de identificação e afirmação pessoal. As práticas
desenvolvidas nas aulas de Educação Física devem propiciar a construção da
autoimagem e da autoestima, de forma a fazer com que o adolescente seja capaz de
se respeitar e gostar de si mesmo, bem como de se valorizar. Ainda que cercadas de
dúvidas, conflitos, desejos, expectativas e inseguranças, nesta construção as
experiências corporais adquirem uma dimensão significativa. “Quase sempre
influenciados por modelos externos, especialmente pela força da mídia, os jovens
questionam sua autoimagem em relação à beleza, capacidades físicas, habilidades,
limites, competências, interesses” (BRASIL, 1998, p. 82).
Nas aulas de Educação Física, os alunos são estimulados à construção de um
posicionamento crítico, possibilitando o questionamento dessa “produção cultural”.
Assim, no processo ensino e aprendizagem desse segmento, devem ser
considerados, simultaneamente, a diversidade, a inclusão, o exercício de liderança e
as aprendizagens específicas. A construção de um referencial interpretativo próprio
faz com que a autoimagem e a autoestima não se modifiquem a cada opinião alheia.
Isso implica no desenvolvimento de atividades em grupos, supervisionadas pelo(a)
professor(a), que levem ao conhecimento e ao respeito ao outro, à alteridade, ao
compromisso, à responsabilidade, à solidariedade e à autonomia.

2.1.2 Na Base Nacional Comum Curricular

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), cada uma
das práticas corporais tematizadas compõe uma unidade temática a ser abordada ao
26

longo do Ensino Fundamental. As unidades temáticas Brincadeiras e Jogos e Danças


e Lutas estão organizadas em objetos de conhecimento conforme a ocorrência social
dessas práticas corporais, desde as esferas sociais mais familiares (localidade e
região) até as menos familiares (esferas nacional e mundial). Na unidade Ginásticas,
a organização dos objetos de conhecimento é feita com base na diversidade das
práticas visadas e em suas características. Em Esportes, a abordagem recai sobre a
tipologia de cada modalidade esportiva (modelo de classificação que possibilita a
distribuição das modalidades esportivas em categorias); nas Práticas Corporais de
Aventura, a abordagem se estrutura nas vertentes urbana e na natureza. Segundo a
BNCC (BRASIL, 2017), os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as
características dos sujeitos e os contextos de atuação devem ser considerados pelo
professor, como critérios de progressão do conhecimento, tendo em vista que
sinalizam tendências de organização dos conhecimentos.
Para além da vivência, a experiência efetiva das práticas corporais oportuniza
aos alunos participar, de forma autônoma, confiante e autoral na sociedade, inclusive
em contextos de lazer e saúde (BRASIL, 2017). Assim, em articulação com as
competências gerais da Educação Básica e com as competências específicas da área
de Linguagens, o componente curricular de Educação Física deve garantir aos alunos
do Ensino Fundamental o desenvolvimento do seguinte conjunto de competências
específicas:

1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus


vínculos com a organização da vida coletiva e individual;
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e
aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas
corporais, além de se envolver no processo de ampliação do
acervo cultural nesse campo;
3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das
práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no
contexto das atividades laborais;
4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde,
beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos
disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e
preconceituosas;
5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender
seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em
relação às práticas corporais e aos seus participantes;
6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados
atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos
que delas participam;
27

7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos


da identidade cultural dos povos e grupos;
8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para
potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as
redes de sociabilidade e a promoção da saúde;
9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do
cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua realização
no contexto comunitário; e
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras,
jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de
aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
(BRASIL, 2017, p. 223).

Cabe ressaltar, ainda, que as competências e habilidades de Educação Física,


para o Ensino Fundamental – Anos Finais, propostas na BNCC, são organizadas em
dois blocos, referentes ao 6º e 7º anos e ao 8º e 9º anos. Em cada uma dessas
unidades temáticas há referência aos objetos de conhecimento especificados no
Quadro 1.

Quadro 1 – Objetos de conhecimento das Unidades Temáticas no Ensino Fundamental


Objetos de Conhecimento
Unidades Temáticas
6º e 7º anos 8º e 9º anos
Brincadeiras e Jogos Jogos eletrônicos -
Esportes de marca
Esportes de rede/parede
Esportes de precisão
Esportes de campo e taco
Esportes Esportes de invasão
Esportes de invasão
Esportes técnico-
Esportes de combate
combinatórios
Ginástica de condicionamento físico
Ginástica de
Ginásticas Ginástica de conscientização
condicionamento físico
corporal
Danças Danças urbanas Danças de salão
Lutas Lutas do Brasil Lutas do mundo
Práticas corporais de Práticas corporais de Práticas corporais de aventura na
aventura aventura urbanas natureza
Fonte: BRASIL (2017).

2.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO


INSTITUCIONAL DO COLÉGIO PEDRO II

O Projeto Político Pedagógico Institucional do Colégio Pedro II defende que o


espaço das aulas de Educação Física, entendida como prática cultural, deve oferecer
condições propícias para desenvolver nos estudantes o potencial reflexivo, a
criatividade e a disposição para participar das aulas. Nesse contexto, autonomia e
28

participação são ingredientes indispensáveis para que professores e estudantes


aprendam e ensinem, mutuamente (DAOLIO, 2004).
O Departamento de Educação Física do Colégio Pedro II, em sua proposta
curricular, toma como referência cinco princípios e três dimensões que embasam o
processo de ensino e aprendizagem, visando atender às demandas e necessidades
de uma sociedade multicultural (COLÉGIO PEDRO II, 2018b).

Figura 1 – Princípios e Dimensões do currículo de Educação Física no Colégio Pedro II

Fonte: COLEGIO PEDRO II (2018b).

O primeiro princípio trata de Evitar o Daltonismo Cultural na Educação Física


Escolar.
Daltonismo Cultural, na Educação Física Escolar, significa homogeneizar e
uniformizar o processo de ensino e aprendizagem, utilizando-se de equidade de
práticas pedagógicas baseadas em práticas corporais hegemônicas, com o intuito de
se obter semelhantes resultados. Assim, os estudantes têm que se adaptar a essas
práticas, para conseguir participar e alcançar um resultado satisfatório (COLÉGIO
PEDRO II, 2018b).
Segundo Neira e Nunes (2009), para evitar esse daltonismo cultural, o
professor deve promover – após a vivência de uma prática corporal, objeto de estudo
– reflexões, discussões, trabalhos e pesquisas, para estimular que os estudantes
reflitam, questionem, interpretem e manifestem suas impressões em relação à prática
em foco, fazer com que tenham condições de transformá-la, promovendo adequações
29

às características do grupo, sejam elas de quantidade de participantes, presença de


alunos com dificuldades de locomoção, atenção às diferenças individuais e outras.
O segundo princípio destaca a importância de reconhecer nossas identidades
culturais. Para tal, importa “proporcionar espaços que favoreçam a tomada de
consciência da construção da nossa própria identidade cultural, no plano pessoal,
relacionando-a a processos socioculturais do contexto em que vivemos e da história
do nosso país” (CANDAU, 2011, p. 25). Esse princípio se concretiza nas aulas de
Educação Física, a partir de vivências que possibilitam reconhecer e valorizar as
diferentes manifestações culturais durante as aulas, pelo resgate dos grupos sociais
de origem e ao atribuir lugar de destaque para o pertencimento cultural daquela
comunidade, evitando a falta de identificação e sentido na vivência das manifestações
culturais. Por meio de práticas diversificadas da cultura corporal é possível se abordar
os conteúdos didáticos de Educação Física ressignificando-os, criticamente, tendo em
vista que são construções históricas, sociais e culturais. Desse modo, os estudantes
se identificam como sujeitos do processo ensino-aprendizagem e são capazes de
reconhecerem a importância de sua cultura (NEIRA; NUNES, 2009).
O terceiro princípio, promover a ancoragem social dos conteúdos, pressupõe a
necessidade de se contextualizar as aulas de Educação Física com base nas
experiências e diferentes realidades de vida dos estudantes. Esse princípio tem por
objetivo “superar a descontextualização social das práticas corporais, por meio de
uma análise política e sócio-histórica, investida e compromissada com as práticas
corporais a serem abordadas” (COLÉGIO PEDRO II, 2018b).
A expectativa com o emprego desse princípio é que:

Os estudantes compreendam e se posicionem criticamente com


relação ao contexto social, histórico e político de produção e
reprodução das práticas culturais, de forma a problematizar e
ressignificar suas representações sobre conhecimentos e
experiências corporais construídos pela cultura escolar e pela
sociedade. (COLÉGIO PEDRO II, 2018b, p. 256).

Associada ao princípio da ancoragem social dos conteúdos está,


necessariamente, a dimensão da interdisciplinaridade, na medida em que a
construção do saber não se dá livre da influência sócio-histórica da sociedade em que
se vive. Por isso a importância de se tematizar as práticas corporais, tendo em vista,
além dos aspectos fisiológicos, os seus aspectos históricos e socioculturais.
30

Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como


fenômeno cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e
contraditório. Desse modo, é possível assegurar aos alunos a
(re)construção de um conjunto de conhecimentos que permitam
ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos
recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia
para apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em
diversas finalidades humanas, favorecendo sua participação de forma
confiante e autoral na sociedade. (BRASIL 2017, p. 213).

O quarto princípio trata do processo de descolonização do currículo. Parte do


pressuposto de que, na Educação Física, as manifestações culturais hegemônicas se
fundamentam nas identidades culturais da maioria em detrimento às da minoria
(NEIRA; NUNES, 2009). Essa lógica, se mantida, tem como consequência a exclusão
ou evasão dos estudantes que não se identificam com determinadas práticas. Isso
posto, fica claro que na proposta curricular atual é imprescindível o reconhecimento
do acesso amplo às diversas práticas da cultura corporal, como um direito do
educando, propiciando-lhe maior identificação com as manifestações da cultura
corporal (COLÉGIO PEDRO II, 2018b).
Por fim, o quinto princípio, justiça curricular, prioriza o modo pelo qual o
currículo pode privilegiar certos conhecimentos e identidades, vozes e discursos em
detrimento de outros (COLÉGIO PEDRO II, 2018b). Ocupa-se na direção de obstar a
minimização e desqualificação das práticas corporais ou temáticas próprias dos
grupos não hegemônicos. Dessa forma, reafirma a necessidade de se abordar a
cultura corporal de forma abrangente, defendendo o uso de temáticas e ações
pedagógicas variadas e não considerar apenas os conteúdos presentes nas culturas
hegemônicas, como tradicionalmente era feito (CANDAU, 2011). Na medida em que
o currículo escolar oferece os diversos temas culturais de forma desapaixonada,
amplia-se a importância das diferentes identidades. Para Neira (2010),

O currículo cultural valoriza o patrimônio de chegada dos estudantes,


quando procura hibridizar suas vozes com aquelas oriundas da cultura
dominante, reconhece as diferenças, promove a justiça e busca
lastrear os conteúdos de ensino. (NEIRA, 2010, p. 791).

Nas aulas de Educação Física, o princípio justiça curricular é facilitado por suas
dimensões: Prática democrática e inclusão de TODAS as diferenças. A primeira
transpassa todas as ações pedagógicas dos professores, pois, em sala de aula, onde
31

se pratica a democracia, há que se ter cautela para não se perpetuarem


desigualdades e hegemonias. Ao abrir espaços aos estudantes, para a escolha de
temáticas a serem vivenciadas, o professor deve promover reflexões e debates para
que os estudantes com atitudes e iniciativas periféricas tenham a oportunidade de se
colocar, revelar e compartilhar as suas experiências, evitando que grupos
hegemônicos dominem sempre as decisões (NEIRA, 2010).
A segunda dimensão, inclusão de TODAS as diferenças, busca possibilitar
pleno acesso ao currículo, oferecendo a todos os estudantes igualdade de condições
entre as diversas identidades. Para Silva (2012), a normalização, compreendida como
a escolha arbitrária de uma identidade que serve como parâmetro para avaliar e
hierarquizar as outras identidades, é um dos processos mais sutis pelos quais o poder
se manifesta no campo da identidade e da diferença.
Assim, essa dimensão considera, ainda:

[não sofrer] exclusão por determinadas práticas docentes que


classificam diferenças como superiores (os meninos, os mais
habilidosos motoramente) e inferiores (as meninas e os pouco
habilidosos motoramente), diferenças mais semelhantes ou cômodas
(o estudante sem limitação física) e as diferenças mais agudas e que
nos tiram da zona de conforto (estudante cego ou cadeirante).
(COLÉGIO PEDRO II, 2018b, p. 243).

Essa estrutura serve de base para que as equipes de Educação Física


construam o currículo atendendo às demandas e especificidades dos diferentes níveis
e modalidades de ensino, projetos e iniciativas que estimulam o desenvolvimento
pedagógico e aprendizado dos estudantes, assim como considerem os diversos
contextos socioculturais de cada campus.

2.3 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CAMPUS HUMAITÁ II

Reforçando o entendimento da parcela de contribuição da Educação Física no


processo de ampliação do campo de ação da escola e no desenvolvimento intelectual
do aluno, com foco na formação de cidadãos críticos, a autora julga importante
descrever o contexto em que isso acontece. Assim, cabe uma breve descrição do
espaço em que se situa o objeto foco deste estudo.
32

O Campus Humaitá II do Colégio Pedro II, inaugurado em 1952, oferece turmas


do Ensino Fundamental – Anos Finais (6º ao 9º ano) e Ensino Médio Regular (1ª a 3ª
série). O Campus desenvolve os seguintes projetos: Aprofundamento para alunos da
3ª série; Cineclube Humaitá; Diploma de Estudos em Língua Francesa (DELF);
Documentário sobre as transformações urbanas no Rio de Janeiro no contexto dos
megaeventos; Educasport; Espaço Pausa; Fábrica Cultural; Fazendo Arte; Iniciativa
da Hortação com a Biblioteca Semear; Meditação Laica; Orientação Profissional;
Plantão Verde; Programa Miniempresa; Portal de Educação Musical do CPII; Projeto
Refazer; Projeto “Que CPII Queremos?”; e Projeto de Xadrez (COLÉGIO PEDRO II,
2018b).
No que se refere à disciplina Educação Física, propriamente dita, pode-se
afirmar que está ancorada em uma concepção crítica e multicultural, atendendo o que
prescreve o Projeto Político Pedagógico Institucional do CPII. O processo educativo e
o planejamento pedagógico se apoiam, por princípio, em uma postura dialógica, que
serve como ponto de partida privilegiado para a consecução dos objetivos elencados
na proposta pedagógica do Departamento de Educação Física (DEF). Essa proposta
parte de duas premissas fundamentais: a indissociabilidade prática-teoria e a
dialogicidade. A primeira reforça a importância do binômio teoria-prática por meio da
prática como componente curricular e a segunda, se apoia nos estudos de Paulo
Freire para a educação, de um modo geral, mas fundamental na prática pedagógica
da Educação Física, em particular (COLÉGIO PEDRO II, 2002; FREIRE,1996).
Tematizar as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais dos
conteúdos, definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, é outra estratégia
metodológica que consta da proposta curricular do Departamento de Educação Física.
Tal estratégia aborda algumas das muitas possibilidades que podem emergir das
leituras e interpretações da prática social das diferentes manifestações. O papel da
Educação Física escolar vai além da sua dimensão procedimental, representada pela
prática do ensinar o esporte, a ginástica, a dança, os jogos, as atividades rítmicas, as
atividades expressivas e o conhecimento sobre o próprio corpo, em seus fundamentos
e técnicas. Inclui, ainda, não só a dimensão atitudinal, expressa a partir dos valores
subjacentes, ou seja, das atitudes que os alunos devem ter nas e para as atividades
corporais, mas também a dimensão conceitual, quando busca garantir o direito do
aluno de saber porque motivo está realizando este ou aquele movimento,
33

reconhecendo os conceitos que estão relacionados aos procedimentos executados


(DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2001).
A composição curricular dos Anos Finais do Ensino Fundamental, para o
exercício de 2020 do Colégio Pedro II, está apresentada no Quadro 2.

Quadro 2 - Ensino Fundamental: composição curricular dos anos finais


Tempos de Aulas Semanais
Componentes curriculares
6º 7º 8º 9º
Português e Literaturas de
5 5 5 5
Língua Portuguesa
Inglês 3 3 3 3
Francês/Espanhol 3 3 3 3
Educação Musical 2 2 2 2
Artes Visuais 2 2 2 2
Educação Física 2 2 2 2
Informática Educativa 2 - - -
História 3 3 3 3
Geografia 3 3 3 3
Ciências Sociais - 2 2 2
Ciências 3 3 3 3
Matemática 4 4 4 4
Desenho 2 2 2 2
TOTAL 34 34 34 34
Fonte: COLÉGIO PEDRO II (2019).

Os horários dos turnos e das disciplinas deverão obedecer aos seguintes


critérios:
 Cada turno letivo terá sete tempos de aula;
 Os tempos de aula terão a duração de 40 minutos; e
 As disciplinas com carga horária de dois tempos semanais, como a
Educação Física, devem ser ministradas de modo consecutivos.

2.3.1 Os Espaços

Para a realização das atividades, os professores de Educação Física dispõem


de uma quadra poliesportiva (Foto1), que pode ser utilizada no sentido longitudinal,
ou dividida em duas quadras poliesportivas, menores, ocupando-se apenas as
laterais.
34

Foto 1 – Quadra poliesportiva

Fonte: A autora (2020).

Além da quadra, outra dependência utilizada para as atividades é a sala de


espelho (Foto 2).

Foto 2 - Sala de espelho

Fonte: A autora (2020).


35

Essa sala recentemente passou por uma modificação, recebendo uma


divisória, que a transformou em dois espaços menores: um deles continua com
espelho, mantendo as características da sala original e o outro espaço tem funcionado
como sala multiuso (Foto 3).

Foto 3 – Sala Multiuso

Fonte: A autora (2020).

Essa sala multiuso tem sido utilizada, prioritariamente, para o desenvolvimento


de aulas teóricas, trabalhos práticos e apresentações de vivências e temas ligados à
disciplina. Tem sido utilizada, também, para acondicionar o material do Projeto de
Xadrez, oferecido para estudantes de todas as idades (do 6º ano do Ensino
Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio). Cabe ressaltar que essa sala multiuso é
um espaço alternativo utilizado em dias de chuva, quando a quadra poliesportiva,
ainda que coberta, fica sem condições de uso.
O outro espaço, ou a antiga sala com espelho redimensionada, permanece
equipado com tatames, colchonetes, quadro branco, ventiladores e ar condicionado.
Nela são praticadas aulas de ginástica escolar, atividades corporais individuais ou em
grupos, atividades de ritmo, danças e lutas.
36

2.3.2 A Rotina

Os professores de Educação Física se encontram uma vez por semana para a


realização de Reuniões de Planejamento Semanais, que são motivadoras do
processo pedagógico. Esses encontros se dão na sala de Educação Física (Fotos 4 e
5), onde também são guardados os materiais utilizados nas aulas práticas.

Fotos 4 e 5 - Sala de Educação Física

Fonte: A autora (2020).

No início do ano letivo, a primeira aula é ministrada em sala de aula,


oportunidade em que o professor e os alunos se apresentam. Nesse encontro,
discorre-se sobre a proposta de trabalho que será empregada ao longo do ano, e é
feita uma diagnose a respeito do conhecimento dos alunos, das suas vivências e
experiências com atividades físicas e cultura corporal. É uma espécie de avaliação
diagnóstica que possibilita a confecção do mapeamento das competências e
habilidades de cada um dos alunos e da turma. Realizado esse levantamento dos
dados e, posteriormente, seu tratamento, calculam-se as porcentagens de cada
indicador de interesse. Os resultados são apresentados para os alunos, na aula
seguinte, por meio de gráficos.
As aulas subsequentes são realizadas na quadra ou nos espaços descritos,
destinados às práticas. Para esses encontros os alunos trocam os seus uniformes nos
vestiários e se dirigem ao local previamente determinado, usualmente a quadra de
esportes, conduzindo todo o seu material escolar. As mochilas são guardadas em um
espaço reservado na quadra, em geral próximo ao professor. Em seguida, os alunos
sentam diante do professor, que faz a chamada da turma e orienta sobre o
desenvolvimento do tema da aula do dia.
37

É nesse momento que se dá o diálogo entre o professor e os alunos, e destes


com os seus pares. Após essa etapa inicial da aula, os alunos partem para a prática
propriamente dita (Foto 6), até o encerramento do tempo de aula. Quando necessário,
a aula pode ser interrompida para algumas orientações e intervenções do professor.

Foto 6 – Alunos em Atividade Programada

Fonte: A autora (2020).

Frequentemente, nos cinco minutos finais de cada aula é proposta uma


atividade aberta, que estimula e favorece a participação dos alunos em alguma prática
corporal de livre escolha (Foto 7).
Nesse momento, costuma ser comum parte dos alunos se isolar, em um canto
da quadra, demandando tempo de atenção dos professores, para sensibilizá-los e
trazê-los de volta para a aula e para o convívio com o restante da turma. Trata-se de
uma oportunidade propícia para se observar uma variedade de situações e de avaliar
os alunos, as suas relações, o desempenho de cada um, as atitudes, a autonomia e
também a convivência que mantêm uns com os outros. Cabe destacar que esse é o
momento de se repensar a seleção dos conteúdos por parte da escola, já que muitos
dos saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, linguagens,
valores, crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta, etc., não
figuram como conteúdos curriculares (DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2001).
38

Foto 7 – Alunos em Atividade de Livre Escolha

Fonte: A autora (2020).

Eles existem tão somente como parte de realidades específicas e únicas de


alguns alunos. Por isso, como dito anteriormente, buscar o aprendizado e assimilação
desses saberes e formas culturais são fundamentais para o desenvolvimento da
socialização adequada do aluno no ambiente escolar (DARIDO; SOUZA JUNIOR,
2001). No Colégio Pedro II, em especial, as diferenças ficam evidentes considerando
que os alunos são originários de classes sociais e financeiras variadas. Alguns deles
são cotistas, e outros ingressam no colégio por sorteio ou processo seletivo,
caracterizando a diversidade do grupo.
39

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a elaboração de um instrumento de medida é necessário, antes de tudo,


definir o que deve ser medido (o objetivo e as questões de estudo) e, em seguida,
indicar como vai ser medido (a metodologia empregada no estudo). Isso inclui
descrever a abordagem avaliativa utilizada, os participantes que darão as informações
necessárias, as etapas do estudo, o levantamento dos critérios a serem considerados,
o instrumento que levará à coleta de informações e, fundamentalmente, os critérios
que irão servir de base para a avaliação do avaliador (MARTINS, 2005 apud ELLIOT;
VILARINHO, 2018).
Sendo assim, este capítulo descreve os procedimentos metodológicos
utilizados no desenvolvimento deste estudo avaliativo. Nele são apresentados: a
abordagem avaliativa, a seleção dos participantes, a construção do quadro de
Categorias e Indicadores, uma proposta inicial do Instrumento de Avaliação, a escala
e o padrão de avaliação proposto e, por fim, as validações realizadas pelos
especialistas do Instrumento construído.

3.1 ABORDAGEM AVALIATIVA

Como informado no Capítulo 1, o objetivo deste estudo foi construir e validar


um instrumento de avaliação que possa servir de orientação para os professores de
Educação Física do Colégio Pedro II, no que tange à avaliação dos alunos dos anos
finais do Ensino Fundamental do Campus Humaitá II. Este objetivo deu origem à
seguinte questão avaliativa, que norteou o estudo: Em que medida o Instrumento
Avaliativo atende às necessidades do corpo docente para avaliar os alunos nas aulas
de Educação Física?
Para contribuir com essa proposta, atuando em conjunto com a autora no
processo de construção do Instrumento, contou-se com a participação dos
professores de Educação Física da própria instituição. Os insumos necessários para
dar início à estrutura do instrumento avaliativo, como compreensão da prática e
subsídios teóricos, vieram das opiniões desses especialistas em conteúdo da
disciplina e detentores de significativa experiência profissional. Outra conjuntura a se
destacar é que serão esses profissionais que se beneficiarão com a implantação de
um instrumento que sirva de referência e seja capaz de auxiliá-los na tão complexa
tarefa de avaliar os alunos nessa disciplina.
40

A validação do Instrumento construído, segunda etapa da proposta deste


estudo avaliativo, foi feita por um Painel de Especialistas, também constituído por
professores de Educação Física do Colégio Pedro II.
Nessa perspectiva, e considerando que este estudo avaliativo teve por objetivo
construir e validar um instrumento que tem como foco a verificação do atingimento
dos propósitos ou objetivos das aulas de Educação Física ministradas no Colégio
Pedro II, para os anos finais do Ensino Fundamental e, ainda, propiciar que
procedimentos empregados para se alcançar esses propósitos ou objetivos possam
ser revistos, a partir das informações por ele produzidas, foi adotada a abordagem
avaliativa centrada em objetivos.
Essa abordagem tem sua origem na década de 1930. Embora muitos teóricos
tenham contribuído para o seu desenvolvimento e refinamento, foi Ralph W. Tyler
(1942) quem a conceituou e a popularizou na Educação. Para esse autor a avaliação
deveria apontar em que medida os objetivos propostos eram atingidos. E assim, por
meio das informações obtidas, a partir das observações despontadas com o uso do
instrumento, sinalizar as estratégias a serem adotadas por professores e alunos para
reformular a direção do processo ensino-aprendizagem, para se alcançar as
competências propostas e que contemplam os princípios pedagógicos da disciplina.
(WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004).

O traço distintivo de uma abordagem centrada em objetivos é o fato


de que os propósitos de uma atividade são especificados e, nesse
caso, a avaliação concentra-se na medida em que esses propósitos
foram alcançados (WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004, p.
129).

Ainda nesse sentido Chianca, Marino e Sciesari (2001) afirmam que

As informações geradas por essa abordagem de avaliação podem


servir para reformular os objetivos da atividade enfocada, a atividade
em si ou ainda os instrumentos e métodos utilizados para determinar
o quanto os objetivos estabelecidos foram atingidos. (CHIANCA;
MARINO; SCIESARI, 2001, p. 20).

Entendeu-se, assim, que essa abordagem seria adequada ao presente estudo


avaliativo, pois, de fato, o que se pretendeu com a construção e validação do
Instrumento foi prover o professor de Educação Física com um recurso abalizado e
fundamentado para o orientar no julgamento dos alunos, em relação ao domínio de
41

competências ao longo do processo formativo, especialmente nas aulas de Educação


Física nos anos finais do Ensino Fundamental.

3.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTESDO ESTUDO AVALIATIVO

A proposição inicial tinha como meta envolver todos os 54 professores do


Departamento de Educação Física do Colégio Pedro II, considerando os 15 campi e
todos os níveis educacionais. No entanto, optou-se por trabalhar com uma parte desse
total de professores, pela natural inviabilidade de se contemplar a integralidade do
grupo, em virtude da falta de tempo hábil e incompatibilidade dos horários.
Inicialmente, para uma entrevista exploratória, a autora contou com a
participação de um professor de Educação Física do Colégio Pedro II, do campus
Humaitá II, tendo em vista sua reconhecida experiência como docente, por ser um
estudioso do assunto e acompanhar de perto todas as discussões sobre o ensino e
aprendizagem dessa disciplina na instituição.
Em seguida, para a realização de um grupo focal, com o objetivo de contemplar
a diversidade cultural do corpo discente da instituição, foram convidados os
professores de Educação Física que exercem a função de Coordenador Pedagógico
do Departamento de Educação Física nos 15 campi. Participaram dessa etapa do
estudo avaliativo 12 Coordenadores Pedagógicos. Receberam o convite e não
compareceram no dia e hora marcados, por razões pessoais, os professores
Coordenadores Pedagógicos dos campi Realengo I, Realengo II e Centro de
Referência em Educação Infantil (CREIR).
Para uma nova rodada de debates, constituindo-se em uma dinâmica
programada pela autora, foram convidados os quatro professores que atuam no
Campus Humaitá II, campo de observação deste estudo. Essa iniciativa surgiu a partir
da percepção, por parte da autora, de que alguns detalhes discutidos no grupo focal
ainda precisariam ser melhor elucidados e detalhados. Embora tenham comparecido
apenas dois professores dos quatro convidados, o desfecho da atividade foi positivo.
Para a última etapa do estudo, a autora constituiu um Painel de Especialistas,
convidando 13 professores de Educação Física de diferentes campi do Colégio Pedro
II para a validação de conteúdo. Três professores não puderam participar e a
validação foi feita por 10 professores. Dentre esses 10, constavam os oito
coordenadores que já haviam participado do Grupo Focal e os outros dois são
42

professores do Campus Humaitá II, um foi o entrevistado e o outro ainda não havia
participado de nenhuma das etapas do estudo.

3.3 CONSTRUÇÃO DO QUADRO DE CATEGORIAS E INDICADORES

Para uma avaliação ser transparente e objetiva é preciso que ela seja
fundamentada em critérios previamente estabelecidos, que nortearão o seu processo.
Identificar e definir esses critérios são passos essenciais para a realização de um
estudo avaliativo (WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004).
Com foco nessa premissa efetuou-se o processo que compreendeu,
inicialmente, a análise de conteúdo de documentos pertinentes e aderentes ao
currículo de Educação Física do Colégio Pedro II. São eles: a) Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (BRASIL,1996); b) Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998); c) Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), e d) Projeto
Político Pedagógico Institucional do CPII (COLÉGIO PEDRO II, 2018b).
Além desses, foram analisados textos e autores consagrados na área de
Educação Física e Avaliação (CASTELLANI FILHO,1991; DARIDO; SOUZA JUNIOR,
2007; SANCHES NETO, 2005; BRACHT, 1996; CHIANCA, 2001; DAOLIO, 2004;
PENNA FIRME, 1994; CANDAU, 2011), devidamente referenciados. Em um primeiro
momento, com o propósito de identificar e definir critérios, a partir da análise desses
documentos, foram determinadas as prováveis categorias para avaliar as aulas de
Educação Física nos anos finais do Ensino Fundamental do Campus Humaitá II do
Colégio Pedro II.
Ao se realizar a análise do Projeto Político Pedagógico Institucional, principal
documento norteador do Departamento de Educação Física do Colégio Pedro II,
percebeu-se, tanto pela linguagem, quanto pelos princípios destacados, uma série de
aspectos que caracterizam a disciplina (Educação Física) sob uma perspectiva mais
holística, próxima às dimensões culturais e sociais, presentes também nos demais
documentos. Sendo assim, o instrumento de avaliação a ser criado precisaria ser
aderente à proposta do Projeto Político Pedagógico Institucional e a forma de se
coletar os dados necessários a essa construção deveria ser apoiada por uma
abordagem qualitativa, de modo a captar as características da disciplina.
Considerou-se, ainda, a experiência da autora, que atua há 36 anos como
professora de Educação Física, dos quais 30 anos no CPII, o que favoreceu o
43

aprofundamento do diálogo acerca da temática em foco (Avaliação), inclusive para a


definição das categorias. A familiaridade da autora com a instituição e sua vivência
com a Educação Física, com os demais profissionais da disciplina e com os processos
avaliativos, acabaram por instigar a autora a buscar observações singulares,
eminentemente técnicas, mantendo-se, dentro do possível, a “uma distância mínima
que garanta ao investigador condições de objetividade em seu trabalho” (VELHO,
1978, p. 123). Segundo esse autor: “O meu conhecimento pode estar seriamente
comprometido pela rotina, hábitos e estereótipos [...] O processo de descoberta e
análise do que é familiar pode, sem dúvida, envolver dificuldades diferentes do que
em relação ao que é exótico” (VELHO, 1978, p. 128).
Algumas questões subjetivas permeavam a construção do quadro de
categorias e indicadores, e demandaram a opinião dos professores acerca da prática
de avaliação, para se chegar a melhor construção do instrumento, cujo sentido,
aplicabilidade e utilidade só se justificariam se atendessem às necessidades dos
professores. Por conseguinte, dois instrumentos de coleta de dados de base
qualitativa, a entrevista e o grupo focal, foram os mais indicados para essa etapa do
estudo.
Com a entrevista, buscou-se esquadrinhar os princípios destacados no Projeto
Político Pedagógico Institucional e o caráter cultural e social da Educação Física,
tendo em vista que o entrevistado é um especialista em Educação Física, tem estudos
nessa área e também é professor dessa disciplina no Colégio Pedro II. O intuito de
fazer uso desse instrumento de coleta de dados de base qualitativa foi “alargar
horizontes que permitam formular adequadamente as problemáticas a serem
enfocadas em entrevistas posteriores” (COLOGNESE; MÉLO,1998, p. 147) e verificar
se as prováveis categorias elencadas para avaliar, com base na revisão da literatura,
tinham relevância. Já com o Grupo Focal, realizado após a revisão dos documentos e
da entrevista, a intenção foi discutir com os professores de Educação Física os
aspectos da especificidade da disciplina Educação Física na prática de avaliar.

3.3.1 A entrevista exploratória


A exploratória foi realizada no início do estudo tendo em vista a necessidade
de buscar informações gerais e adicionais sobre o assunto.
44

Sobre essa técnica de coleta de dados, Thiollent (1987) considera a entrevista


uma estratégia eficaz para orientar a descrição dos quadros de referências. Ele afirma
que:

frequentemente, a entrevista não-diretiva faz parte dos estudos


exploratórios para preparar o questionário-padrão ou é concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigação. O objetivo
dela pode ser, por exemplo, a descrição dos quadros de referência
(THIOLLENT,1987, p. 80).

O roteiro da entrevista (Apêndice A) foi construído com foco na avaliação da


disciplina de Educação Física e com a preocupação na tomada de consciência,
também por parte dos alunos, em relação às suas conquistas, dificuldades e
possibilidades.
Na sequência da entrevista, após a realização das perguntas iniciais
exploratórias foram feitas indagações sobre a relevância de algumas categorias
observadas na revisão da literatura. Foram discutidas algumas informações
específicas, a partir da revisão bibliográfica e da análise documental, julgadas
fundamentais para a elaboração do quadro de critérios e seleção das categorias
avaliativas relevantes. Foram importantes também para relacionar essas categorias
aos indicadores “que indicam o que deve ser observado ou medido, ou seja, as
evidências que servirão de base para a avaliação” (RAMOS; LEITE, 2018).
Essa etapa do estudo contribuiu, qualitativamente, de forma expressiva para o
desenvolvimento do Quadro 3. Os dados coletados na entrevista foram fundamentais
para cotejar os aspectos relacionados à literatura especializada, com os aspectos
relevantes considerados pelo professor entrevistado.
Com essas categorias contempladas, em conformidade com o Projeto Político
Pedagógico Institucional do Colégio Pedro II e demais documentos, o instrumento de
avaliação deveria dialogar com a prática da Educação Física. Por essa razão, era
necessário, ainda, consultar outros professores, que vivenciam a prática dessa
disciplina no dia a dia, visando ratificar, enriquecer e aperfeiçoar o Quadro de Critérios
construído O procedimento serviu, inclusive, para definir os padrões de respostas dos
itens relacionados aos indicadores.
45

Quadro 3 – Proposta Inicial de Quadro de Categorias e Indicadores


Categorias Indicadores
Frequência
Pontualidade
Cumprimento de Respeito às normas e regras
Normas e Regras Respeito ao(à) professor(a)
Respeito aos colegas
Uso do uniforme
Participação nas atividades em grandes e pequenos grupos,
compreendendo as diferenças individuais
Participação nas atividades colaborando com o grupo para atingir os
objetivos propostos
Participação nas atividades propostas pelo professor e demais
Participação alunos da turma
Participação em todas as atividades com organização e eficiência
Participação nas atividades, mesmo sem habilidade, tentando
realizá-las
Participação de forma democrático-construtiva nas atividades
esportivas e lúdico-recreativas
Demonstração de autonomia na realização de atividades corporais
Autonomia Apresentação de autonomia para discutir a modificação de regras
Compreensão da validade das atividades para a sua formação
Assistência aos colegas com dificuldade nas atividades
Cooperação
Apresentação de espírito de equipe nas atividades
Realização de atividades com qualquer aluno da turma, sem
discriminação
Afirmação de Responsabilidade com os materiais, instalações e equipamentos das
Valores aulas
Cuidado com o ambiente escolar
Compreensão das diferentes manifestações da cultura corporal
Reconhecimento, na convivência com os colegas, de maneiras
eficazes de crescimento coletivo
Princípios Interesse pelas múltiplas variações da atividade física, como objeto
Democráticos de pesquisa
Reconhecimento e valorização das diferenças de desempenho,
linguagem e expressão
Fonte: A autora (2019).

3.3.2 O Grupo Focal

 Finalidade do Grupo Focal e critérios de seleção dos participantes


O Grupo Focal busca oferecer uma discussão mais democrática e heterogênea
e é especialmente vantajoso para pesquisas em educação e estudos avaliativos como
este. Tal abordagem se justifica na medida em que possibilita compreender o que
pensam os docentes acerca da prática de avaliar na disciplina Educação Física.
46

Gatti (2005) recomenda alguns critérios fundamentais na seleção dos


participantes, para se obter uma coleta expressiva do material discursivo. O grupo
deve apresentar algumas características em comum, como, por exemplo: ser
professor de um determinado nível de ensino, no caso, professor de Educação Física
do Colégio Pedro II da Educação Básica; possuir interesse, domínio e certa vivência
do tema a ser debatido, no caso avaliação de alunos nas aulas de Educação Física,
a fim de que os seus integrantes se tornem qualificados a participar da discussão
interacional de maneira que possam gerar dados relevantes e que estes sejam
ancorados em suas experiências cotidianas.

 Participantes do Grupo Focal


Assim, após a elaboração da versão preliminar do quadro de Categorias e
Indicadores, a autora entendeu ser fundamental identificar, junto a outros professores
de Educação Física, possíveis dados complementares, com o intuito de articular a
prática com a teoria considerada, verificar as tendências, e se certificar da relevância
das categorias e dos indicadores até então definidos no Quadro 3.
Para o Grupo Focal realizado, com o propósito de alcançar esse objetivo, a
autora contou com a participação de 12 professores de Educação Física, de diferentes
campi, que atuam como Coordenadores Pedagógicos. Nele foi discutido o tema deste
estudo, orientado pelas questões propostas pela autora sempre objetivando reunir
mais informações e opiniões sobre o Quadro de Categorias e Indicadores. A intenção
foi também atingir a diversidade regional do corpo discente contemplada nos 15 campi
do Colégio Pedro II, a fim de ter uma visão mais representativa da prática da avaliação
em Educação Física.

 Sensibilização dos participantes


No dia 28 de setembro de 2019, a autora participou do VI Encontro de
Professores de Educação Física do Colégio Pedro II – ENEFE, no Campus Realengo.
Aproveitou a oportunidade para facilitar a aproximação e iniciar o processo de
sensibilização, abordando com gentileza, cordialidade e educação, alguns
professores que se pretendia convidar a participar do grupo focal.
Apresentou-se como mestranda do Mestrado Profissional em Avaliação da
Faculdade Cesgranrio, explanou o seu projeto de pesquisa, destacando que o mesmo
já tinha sido aprovado pelo Comitê de Ética do Colégio Pedro II e a intenção de propor
47

o instrumento de avaliação. Apontou que o procedimento não se limitaria apenas ao


interesse do seu estudo avaliativo, mas que seria uma oportunidade de reunir os
professores, para discutir sobre a prática de avaliação em Educação Física.
Em seguida, a autora entrou em contato com o Coordenador Geral da
disciplina, para solicitar uma sala e a cessão de tempo em um dia de reunião de
Coordenadores Pedagógicos. Isso facilitaria a participação e o deslocamento dos
mesmos para esse fim, por ser um local central e em um horário já previsto em suas
agendas. A solicitação foi aceita pelo Coordenador Geral, que ofereceu à autora a
possibilidade de fazer uma breve apresentação do estudo, em uma reunião anterior à
data de aplicação do grupo focal, com a intenção de adiantar aos participantes o teor
do assunto a ser discutido. Solicitou-se, então, os contatos dos coordenadores para
que se pudesse fazer o convite formal.
A oportunidade de apresentar antecipadamente o estudo proporcionou uma
conjunção de fatores positivos: otimizar a apresentação do estudo avaliativo, inspirar
reflexões em relação à avaliação, promover a aproximação com os colegas,
sensibilizá-los para o tema, incentivar a adesão e demonstrar o quanto seria relevante
a contribuição que dariam para a validação e o enriquecimento do estudo. O encontro
possibilitou também o conhecimento antecipado do local onde o grupo focal seria
realizado.

 O convite e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


No convite constava o título do projeto de mestrado, a proposta e o motivo da
aplicação do instrumento, a importância da contribuição, o sigilo da identificação dos
participantes da discussão, a necessidade da leitura e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a data e o local de realização do grupo
focal.
O convite (APÊNDICE B) foi enviado por e-mail para cada Coordenador
Pedagógico do Departamento de Educação Física e o TCLE, aprovado pelo Comitê
de Ética do Colégio, foi anexado à mensagem (APÊNDICE C).
Ao concordar em participar da pesquisa, cada professor recebeu uma via do
TCLE, com duas páginas, sendo a primeira rubricada e a segunda assinada pela
pesquisadora e pelo participante. A pesquisadora garantiu livre acesso a todas as
informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas consequências, além
do acesso pessoal, por telefone e e-mail.
48

 Realização do Grupo Focal


O grupo focal foi realizado na sala do Departamento de Educação Física, em
São Cristóvão, no dia 19 de novembro de 2019. O ambiente disponibilizado para a
realização do grupo focal foi cuidadosamente preparado, de modo a atender de forma
integral aos propósitos da atividade. Os participantes ficaram sentados ao redor de
uma mesa, de modo a facilitar a interação entre todos e favorecer a mediação e a
observação da autora e dos registros necessários.
A autora utilizou-se do powerpoint para fazer a apresentação do seu projeto e
discorrer sobre o seu objeto de estudo e o objetivo de construir um instrumento de
avaliação com critérios explícitos e organizados, que facilitasse o processo avaliativo,
servisse de referência, pudesse aproximar as avaliações (que são muito subjetivas) e
fosse capaz de reduzir questionamentos.
A autora esclareceu sua intenção, com a construção desse instrumento, em
auxiliar os professores na prática da avaliação, proporcionando-lhes uma orientação
que seja capaz de tornar essa tarefa mais eficiente. Os indicadores que constarão do
instrumento servirão para melhor orientar e alinhar a avaliação, favorecendo o diálogo
entre todos os professores de Educação Física, sem, contudo, ter a intenção de
engessar ou padronizar o trabalho que desempenham.
Para a aplicação do grupo focal, foi elaborado um roteiro (APÊNDICE D) de
forma a orientar a mediação e estimular a discussão, e que deveria ser utilizado com
total flexibilidade, de tal forma que pudessem ser considerados tópicos não previstos,
e outros, previamente elencados, poderiam não ser tratados (GATTI, 2005).
Este roteiro foi estruturado a partir do tema central – A avaliação na prática
docente dos professores de Educação Física –, acompanhado dos itens: a
importância da avaliação em Educação Física; as formas de avaliar atualmente
utilizadas pelos professores; as especificidades da avaliação na disciplina; a
disponibilidade de recursos pedagógicos, infraestrutura e insumos; e as necessidades
e as dificuldades encontradas.
Por fim foram solicitadas sugestões para uma avaliação mais efetiva na
disciplina. Esses itens, na ocasião da reunião, auxiliaram na elucidação de algumas
questões atinentes ao problema do estudo avaliativo.
Os registros foram feitos por meio de anotações e gravações de áudio e vídeo.
Foram utilizados para esse fim um aparelho celular e um mini gravador para a
captação do áudio. Esses aparelhos foram alocados em pontos estratégicos para
49

garantir uma boa gravação de todas as falas, sem interferências de sons externos.
Um segundo celular, acoplado a um tripé, foi colocado em um dos ângulos da sala,
de maneira que pudesse filmar todos os componentes do grupo, além de também
servir como mais um captador de áudio. Os professores foram consultados, na reunião
de apresentação do estudo, quanto a uma possível restrição do uso desses recursos.
A autora justificou a necessidade da utilização dos equipamentos como instrumentos
auxiliares para o registro, transcrição e análise das falas, assim como para a
identificação dos participantes, além de suas interações, expressões e emoções.
Reiterou-se a garantia do anonimato.

 Etapa complementar ao Grupo Focal


Visando aprofundar as discussões iniciadas com a entrevista e com o grupo
focal, em outro momento, buscou-se a participação dos quatro professores do
Campus Humaitá II. Assim, no dia 28 de novembro de 2019, foi realizada uma etapa
complementar, que a autora denominou de dinâmica, com a intenção de obter
informações mais precisas e objetivas em relação às categorias a serem utilizadas no
instrumento. No debate foram apresentadas duas importantes perguntas adicionais:
‘Fundamentado nos documentos norteadores do nosso currículo: PPPI e BNCC, o que
é relevante, o que é realmente importante avaliar em um aluno nas aulas da
disciplina?’ e ‘O que deveria constar em um instrumento de avaliação para as aulas
de Educação Física?’.
A expectativa da autora com essas perguntas e com as trocas de informações
e debates, nessa oportunidade, foi a de obter contribuições mais específicas para a
construção do instrumento.
Ao final dessa dinâmica, da mesma forma como ocorreu no grupo focal, foi
recolhido, de cada participante, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
entregue anteriormente, deixando uma das vias com o participante. Foi solicitado
também o preenchimento de um documento para recolher os dados sociais dos
participantes (Apêndice E), que abarcava: idade, sexo, formação acadêmica, tempo
de experiência profissional como professor(a) de Educação Física, tempo e Campus
de atuação no Colégio Pedro II.
50

 O produto das etapas de Construção do Quadro de Categorias e Indicadores


Avaliadas as aproximações e distanciamentos das informações obtidas com o
grupo focal e com a dinâmica, em relação às categorias definidas na proposta inicial
do Quadro de Critérios e Indicadores, a reformulação produzida consta no Quadro 4.

Quadro 4 – Quadro de Categorias, Indicadores e Padrões Reformulado


Categoria Indicadores Padrões
Frequência
Cumprimento de Uso do uniforme
Normas e Regras Pontualidade
Acordos iniciais
Nas atividades individuais
Participação Nas atividades em grupo
Nas atividades propostas pelos alunos
Emancipação corporal Sempre
Autonomia
Compreensão da Validade da Educação Física Quase
Assistência nas dificuldades sempre
Cooperação Às vezes
Espírito de equipe
Compreensão das diferentes manifestações da Nunca.
cultura corporal
Afirmação de Integração das diferenças
Valores Respeito ao(à) professor(a)
Respeito aos colegas
Cuidado com os recursos físicos e materiais
Princípios Desenvolvimento coletivo pela convivência
Democráticos Reconhecimento e valorização das diferenças
Fonte: A autora (2019).

Para o julgamento dos itens, por ocasião das observações de sua realização,
foram propostos, pela autora e demais especialistas, quatro padrões de resposta:
sempre, quase sempre, às vezes e nunca.
No capítulo contendo os resultados serão apresentadas as impressões
registradas no Grupo Focal – realizado com os Coordenadores do Departamento de
Educação Física – e na dinâmica com os professores do campus Humaitá II. Esses
insumos associados aos dados coletados e nos documentos norteadores do estudo:
Projeto Político Pedagógico Institucional (COLÉGIO PEDRO II, 2018b), Base Nacional
Comum Curricular (BRASIL, 2017) e Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,
1998) justificaram as categorias e indicadores do quadro de critérios, orientador da
elaboração do Instrumento de Avaliação.
51

3.4 UMA PROPOSTA INICIAL DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO

Nesta seção são apresentados os componentes de uma versão inicial do


instrumento de avaliação, submetido à análise dos especialistas. Para a definição
dessa etapa, foram consideradas as recomendações de Elliot (2012), que afirma que
“um instrumento de pesquisa ou avaliação consiste no recurso usado para coletar a
informação de interesse sobre uma variável, característica, categoria ou dimensão do
objeto, ou ainda evidências de indicadores.” (ELLIOT, 2012, p. 13).
A construção de uma versão preliminar do instrumento de avaliação foi
orientada pelo quadro de critérios com as suas seis categorias: Cumprimento de
Normas e Regras, Participação, Autonomia, Cooperação, Afirmação de Valores e
Princípios Democráticos e 18 indicadores. Para os indicadores foram elaborados 40
itens, que correspondem ao que se necessita verificar como prioritário e relevante.
Buscou-se, assim, garantir que os indicadores fossem verificáveis; relevantes no que
se refere aos objetivos do estudo avaliativo; aceitáveis pelos especialistas da área e
viáveis para que os dados possam ser coletados e mensurados (ELLIOT; VILARINHO,
2018, p. 207).
Para a concretização dessa proposta inicial do Instrumento de Avaliação para
as Aulas de Educação Física dos Anos Finais do Ensino Fundamental do Colégio
Pedro II, uma vez concluídas as etapas do processo de construção e após a
elaboração das questões e da escala de respostas, foi apresentada uma versão inicial
do Instrumento de Avaliação como pode ser observado no Quadro 5.

Quadro 5 – Primeira Versão do Instrumento de Avaliação para as Aulas de Educação Física


no Colégio Pedro II
Cumprimento de Normas e Regras Padrões de Resposta
Quase Às
Indicadores Itens Sempre Vezes Nunca
Sempre

1. Frequência 1.1 Frequenta assiduamente


as aulas?
2.1Usa o uniforme completo,
2. Uso do
conforme estabelecido na
uniforme
Portaria 3638?
3.1Apresenta-se no horário de
início das aulas?
3. Pontualidade
3.2Mantém-se nas aulas até o
seu término?
(Continua)
52

(Continuação)
Cumprimento de Normas e Regras Padrões de Resposta
Quase Às
Indicadores Itens Sempre Vezes Nunca
Sempre
4.1 Organiza-se com a turma
para a chamada?
4.2 Ausenta-se da aula
4. Acordos somente com a anuência
iniciais do professor?
4.3 Procura resolver questões
da disciplina com o
professor?
Participação Padrões de Resposta
Indicadores Itens Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
5.1 Realiza as atividades com
interesse?
5.2 Busca realizar as
5. Nas atividades atividades, mesmo sem
individuais ter habilidade?
5.3 Compartilha o interesse
pela busca de diferentes
formas de expressão da
cultura corporal?
6.1 Realiza as atividades com
interesse?
6.2 Compreende as diferenças
de habilidades
individuais?
6. Nas atividades
6.3 Interage com todos do
em grupo
grupo para atingir os
objetivos propostos?
6.4 Participa, de forma
democrática, do processo
de construção curricular?
7. Nas atividades 7.1 Realiza as atividades com
interesse?
propostas
7.2 Sugere variações e
pelos alunos
novidades nas atividades?
(Continua)
53

(Continuação)
Autonomia Padrões de Resposta
Quase Às
Indicadores Itens Sempre Nunca
Sempre Vezes
8.1 É coerente na
proposição de
modificações das
8.Emancipação atividades?
corporal 8.2 Demonstra
conhecimento de suas
limitações e aptidões de
movimentos?
9.1 Apresenta relatos de
suas experiências
corporais vivenciadas
fora da sala de aula?
9.2 Reconhece a validade
9.Compreensão da
das atividades corporais
validade da
para a manutenção da
Educação Física
sua saúde?
9.3 Demonstra maior
sociabilidade por
intermédio da prática de
atividades corporais?
Cooperação Padrões de Resposta
Quase Às
Indicadores Itens Sempre Nunca
Sempre Vezes
10.1 Dispõe-se a ensinar os
alunos que apresentam
10.Assistência nas dificuldades?
dificuldades 10.2 Pede ajuda quando
não consegue realizar
as atividades?
11.1 Incentiva os colegas
mesmo quando
cometem erros de
execução das
11.Espírito de atividades?
equipe 11.2 É proativo com
regularidade, mesmo o
grupo apresentando
dificuldades nas
atividades?
(Continua)
54

(Continuação)
Afirmação de Valores Padrões de Resposta
Indicadores Itens Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
12.1 Aceita as diferentes
formas de execução
das atividades
12.Compreensão realizadas pelos
das diferentes colegas de turma?
manifestações da 12.2 Manifesta as suas
cultura corporal percepções sobre
cultura corporal sem
rejeitar ou excluir as
demais?
13.1 Participa de atividades
com qualquer aluno
da turma, sem
discriminação?
13.Integração das 13.2 Participa, de forma
diferenças construtiva, das
atividades integrando
as diferentes
habilidades
individuais?
14.1 Atende às orientações
do(a) professor(a) em
14.Respeito ao(à) relação às atividades?
professor(a) 14.2 Mantém diálogo
respeitoso com o(a)
professor(a)?
15.1 Ouve as colocações,
críticas e sugestões
15.Respeito aos dos colegas?
colegas 15.2 Mantém diálogo
respeitoso com os
colegas?
16.1 Cuida do ambiente de
aula?
16.2 Preserva e faz uso
adequado dos
materiais e
16.Cuidado com os equipamentos de
recursos físicos e aula?
16.3 Evita, no uso dos
materiais
materiais e
equipamentos, se
machucar ou
machucar os colegas
durante as
atividades?
(Continua)
55

(Conclusão)
Princípios Democráticos Padrões de Resposta
Quase Às
Indicadores Itens Sempre Nunca
Sempre Vezes
17.1 Demonstra
solidariedade quanto
aos temas que
enriqueçam a cultura
17.Desenvolvimento corporal da turma?
coletivo pela 17.2 Contribui para o
convivência aperfeiçoamento do
conhecimento coletivo
sobre o uso do corpo
nas diferentes
atividades?
18.1 Reconhece a
importância da
Educação Física na
18.Reconhecimento e escola como meio de
formação cidadã?
valorização das
18.2 Valoriza a
diferenças
participação em
atividades,
independente do
resultado?
Fonte: A autora (2019).

Em conformidade com o objetivo proposto, e balizado pela questão avaliativa,


este estudo restringiu-se a construir um instrumento de avaliação com foco no
julgamento do desempenho dos estudantes, por seus professores, nas aulas de
Educação Física, nos anos finais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, Campus
Humaitá II.
Ressalta-se que este instrumento proposto, após consolidado, deverá ser
utilizado pelos professores e complementado por outras formas de avaliação, como
por exemplo, a autoavaliação e a avaliação entre pares, práticas já recomendadas
pelos documentos institucionais.
Optou-se por construir esse instrumento de avaliação apenas com questões
fechadas, considerando que essa formatação é a mais adequada ao propósito do
estudo, percebida pela experiência da autora, integrante do corpo docente e que
trabalha ministrando aulas dessa disciplina, bem como pela percepção dos demais
professores de Educação Física consultados.
56

3.5 PROPOSTA DE ESCALA E PADRÃO DE AVALIAÇÃO

No Instrumento, para as assertivas construídas visando avaliar os alunos foram


estabelecidas quatro opções de respostas: Sempre, Quase Sempre, Às Vezes e
Nunca. A cada uma dessas opções foi atribuído um valor, variando de zero a três,
como pode ser verificado no Quadro 6.

Quadro 6 – Proposta inicial da escala de respostas


Escala de Resposta Valor
Sempre 3
Quase sempre 2
Às vezes 1
Nunca 0
Fonte: A autora (2020).

Espera-se, a partir da correspondência de cada resposta com o valor numérico


arbitrariamente estabelecido, propor um padrão de avaliação para os professores ao
utilizarem o Instrumento nas aulas de Educação Física. Para definir o padrão, o nível
de desempenho estará associado a uma pontuação em cada uma das categorias a
serem consideradas na avaliação.
Cabe ressaltar que o objetivo dessa proposta é apresentar uma sugestão de
padrão a ser seguido após a quantificação utilizada para julgar se os alunos atingiram,
ou não, as competências a serem avaliadas.
Para construir o padrão de avaliação adotou-se o estabelecimento de faixas
(percentuais) de pontos, para condensar os valores obtidos da quantificação das
respostas.
A determinação das faixas de pontos e consequente julgamento do
desempenho dos alunos estão definidos no Quadro 7.

Quadro 7 – Proposta do Padrão de Avaliação


Faixa de Pontos Julgamento
0,000 –4,999 Insuficiente
5,000 –6,999 Regular
7,000 –8,999 Bom
9,000 –10,000 Muito Bom
Fonte: A autora (2020).

O enquadramento em uma das quatro faixas de pontuação será feito em função


do percentual obtido pelo aluno em relação à pontuação máxima possível a ser
57

atingida em cada categoria, que depende, obviamente, da quantidade de itens que ela
contempla.

3.6 VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO PELOS ESPECIALISTAS

Nesta seção são apresentados os procedimentos visando a validação, pelos


especialistas selecionados para este estudo, da proposta inicial do instrumento de
Avaliação para as Aulas de Educação Física nos Anos Finais do Ensino Fundamental
no Colégio Pedro II. Os procedimentos metodológicos adotados tiveram por objetivo
julgar o valor do referido instrumento e acolher as sugestões e críticas para a
implementação das modificações que se fizerem necessárias, com vistas à qualidade
desejada. Para esse fim foi utilizado um instrumento de coleta de dados de base
quantitativa – o questionário – na elaboração dos formulários para a referida
validação.
Cabe ressaltar que, no âmbito deste estudo, o termo ‘qualidade’ está
relacionado a garantir a validade das medidas que se propõe mensurar com o
instrumento. Não foi objeto deste estudo verificar a fidedignidade (ou confiabilidade)
do instrumento. Para distinguir esses conceitos, Elliot e Vilarinho (2018, p. 19)
esclarecem que a confiabilidade de um instrumento “refere-se à garantia de que outro
pesquisador poderá realizar uma pesquisa semelhante e chegará a resultados
aproximados. Um instrumento é válido na extensão em que mede aquilo que se
propõe a medir”.
Da mesma forma, não foi realizada a aplicação de um pré-teste. Tais
investimentos, pré-teste e avaliação da fidedignidade, demandariam mais tempo e
planejamentos mais extensos que extrapolariam o prazo para a elaboração da
dissertação de Mestrado.
Considerando o objetivo deste estudo, priorizou-se enfatizar os tipos de
validações que são apropriadas e, portanto, mais utilizadas em construção de
instrumentos de avaliação: a) validação técnica e b) Validação de conteúdo (ELLIOT,
2012).
58

3.6.1 Validação Técnica

O processo de validação técnica ao qual o instrumento foi submetido “se


relaciona ao fato de o instrumento e suas questões apresentarem qualidade técnica
de construção” (ELLIOT; HILDENBRAND; BERENGER, 2012, p. 62).
No contexto deste estudo, esta validação apoiou-se em critérios relacionados
a características essencialmente técnicas e na relevância do instrumento, de forma a
garantir sua qualidade. Para Elliot (2012, p. 62-63):

Essa validade se relaciona ao fato de o instrumento e suas questões


apresentarem qualidade técnica de construção, obedecendo a regras
demandadas pela literatura pertinente à área. Novamente são
chamados os especialistas para efetivar a validação, só que dessa vez
são os especialistas em medidas ou avaliação que verificam se o
instrumento possui as características técnicas preconizadas e indicam
as modificações necessárias para que sejam alcançadas.

Os especialistas em medidas ou avaliação foram chamados a analisarem o


instrumento como um todo. Para esta validação, o instrumento foi submetido à
apreciação de três professores doutores, especialistas em avaliação do Mestrado
Profissional em Avaliação da Faculdade Cesgranrio, que atestaram a congruência dos
critérios com os indicadores e destes com os itens, julgaram a importância, a
praticidade e as características técnicas da construção do instrumento.
Para tal, receberam por email: uma proposta inicial do Quadro de Categorias e
Indicadores, o Instrumento em sua primeira versão e um formulário (questionário)
elaborado pela autora (APÊNDICE F) para a apreciação dos seguintes critérios
técnicos indicados pela literatura: a) clareza – as categorias, os indicadores e os itens
do instrumento apresentam o que deve ser observado com inteligibilidade; b)
organização – os indicadores e itens ordenados adequada e logicamente possuem
correspondência com as categorias; c) singularidade – cada item descreve um único
aspecto a ser avaliado pelo instrumento; d) relevância – todos os indicadores e itens
são importantes na respectiva categoria; e) ausência de superposição – os itens não
possuem aspectos sobrepostos (redundância); e f) redação adequada dos itens,
indicadores e categorias (ELLIOT; SILVA, 2018).
Essa etapa foi fundamental para aprimorar a versão inicial do instrumento, a
partir das sugestões de adaptações e ajustes necessários, enriquecendo assim as
etapas que se seguiram até alcançar a versão definitiva. As sugestões desses
59

profissionais foram incorporadas à primeira versão do Instrumento de Avaliação e a


nova versão modificada (Apêndice G) foi encaminhada para os especialistas em
Educação Física para que realizassem a validação de conteúdo, cujos procedimentos
adotados são descritos a seguir.

3.6.2 Validação de Conteúdo

Uma vez cumprida as exigências técnicas, é preciso cuidar da premissa


segundo a qual uma medição deve cobrir a amplitude de significados incluídos no
conceito. Para isso, “o instrumento de medição deve conter todos os itens do domínio
do conteúdo das variáveis que deve medir” (MARTINS, 2006, p. 6).
No caso deste estudo, a validação de conteúdo verificou se os itens do
instrumento estavam coerentes com o que recomendam os documentos legais
referenciados, que tratam do ensino e aprendizagem da Educação Física,
especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental, no Colégio Pedro II. Essa
preocupação fez com que o número total de itens construídos ficasse um pouco acima
do que recomenda a literatura.

O questionário deve ser limitado em extensão e em finalidade. Se for


muito longo, causa fadiga e desinteresse; se curto demais, corre o
risco de não fornecer informações suficientes. Deve conter de 20 a 30
perguntas e demorar cerca de 30 minutos para ser respondido. É claro
que este número não é fixo: varia de acordo com o tipo de pesquisa e
dos informantes. (MARCONI; LAKATOS, 1999, p. 162 apud ELLIOT,
2012, p. 53).

Considerando o perfil dos informantes e que o número estabelecido de


questões para este instrumento foi o necessário para cobrir todo o domínio do
conteúdo, o não cumprimento dessa recomendação não resultou em óbice na
percepção dos validadores técnicos e de conteúdo.
Sobre os respondentes, a nova versão do Instrumento (Apêndice G) foi
submetida a um painel de especialistas em Educação Física, Coordenadores
Pedagógicos da disciplina no Colégio Pedro II e dois professores do Campus Humaitá
II. Sob a recomendação de que fosse feita uma avaliação realista, baseada na prática
profissional, os especialistas consideraram, nessa validação, a adequação das
categorias, dos indicadores e os padrões ao objetivo de estudo e à questão avaliativa.
60

Uma carta convite (APÊNDICE H) foi enviada a esses professores, informando


o objetivo do estudo, a importância de sua contribuição ao apreciar o Instrumento de
Avaliação e a informação de garantia de confidencialidade e anonimato no tratamento
dos dados coletados. Foram anexadas à carta: a ficha de avaliação e o formulário
(questionário) com as orientações e os critérios para julgamento da adequação.
(APÊNDICE I)
Finalizada a descrição do percurso metodológico percorrido pela autora, com
vista a atingir o objetivo proposto para o este estudo avaliativo, o capítulo seguinte se
ocupará de apresentar os resultados obtidos.
61

4 RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados a caracterização dos respondentes e os


resultados apurados em cada etapa do percurso metodológico trilhado para a
realização deste estudo avaliativo, a saber: a entrevista exploratória, o grupo focal, a
dinâmica, a validação técnica e a validação de conteúdo. A análise de tais resultados
culminou na construção e validação do instrumento final.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES

Os dados dos 15 especialistas, professores do Departamento de Educação


Física do Colégio Pedro II, que participaram deste estudo, tais como: idade, formação
acadêmica, tempo de atuação como professor de Educação Física e tempo de
atuação no Colégio Pedro II, constam do Quadro 8.

Quadro 8 – Caracterização dos Especialistas


Tempo
Tempo de
Professores Sexo Idade Formação de
Atuação Campus
Acadêmica Atuação
Profissional
no CP II
P1 F 33 Doutorado 10 5 Centro
P2 F 39 Mestrado 13 5 Niterói
P3 F 40 Especialização 11 6 D. de Caxias
P4 F 42 Doutorado 19 14 S. Cristóvão II
P5 F 47 Mestrado 26 17 Humaitá I
P6 F 51 Mestrado 29 22 Tijuca I
P7 F 54 Doutorado 36 24 Eng. Novo I
P8 F 59 Mestrado 35 35 Humaitá II
P9 M 31 Doutorado 6 3 S. Cristóvão I
P10 M 39 Especialização 15 6 Tijuca II
P11 M 39 Doutorado 16 9 S. Cristóvão III
P12 M 65 Mestrado 41 33 Eng. Novo II
P13 M 65 Mestrado 46 33 Humaitá II
P14 M 63 Mestrado 41 33 Humaitá II
P15 M 65 Especialização 43 36 Humaitá II
Fonte: A autora (2019).

A idade dos respondentes é diversificada, varia entre 31 e 65 anos. Todos os


participantes têm formação em nível de pós-graduação completa, sendo que cinco
possuem doutorado, sete mestrado e três possuem especialização.
62

Quanto ao tempo de atuação como professor(a) de Educação Física, o grupo


de respondentes é ainda mais heterogêneo, variando de 6 a 46 anos e,
especificamente, lecionando no Colégio Pedro II, de 3 a 36 anos.

4.2 RESULTADO DA ENTREVISTA EXPLORATÓRIA

Com o objetivo de aprimorar o processo de criação do instrumento de


avaliação, objeto deste estudo, a autora preparou um roteiro de entrevista que foi
realizada com um professor de Educação Física do Campus Humaitá II, do Colégio
Pedro II. A entrevista contribuiu, qualitativamente, de forma expressiva, para o
desenvolvimento do estudo, uma vez que de posse das respostas obtidas foi possível
cotejar os aspectos relacionados à literatura especializada em avaliação com os
dados coletados do entrevistado.
Das 10 questões formuladas, sempre com foco na avaliação, no sentido de que
essa ação também visa possibilitar a tomada de consciência, por parte dos alunos,
em relação às suas conquistas, dificuldades e possibilidades, a autora elencou três
importantes considerações feitas pelo entrevistado que foram muito úteis para
enriquecer a criação do instrumento de avaliação. A primeira refere-se ao item a
importância da avaliação em Educação Física. O entrevistado declarou que a julga
fundamental, não só para o professor observar como o seu aluno responde ao que é
proposto, “mas também para o próprio aluno saber como está alcançando os objetivos
propostos”. O entrevistado afirmou que os seus alunos, por exemplo, no início do ano
letivo recebem todas as informações acerca da avaliação a qual serão submetidos,
incluindo como, em que e quando ela será realizada, e o respectivo resultado
alcançado. Este pensamento corrobora com o que é proposto no Projeto Político
Pedagógico Institucional do Colégio Pedro II (PPPI).
A segunda consideração diz respeito à cooperação dos alunos durante as
aulas. O entrevistado relatou que, historicamente, a disciplina Educação Física é
pautada pela competição, o que quase anula o fator cooperativo. Ele lembrou, no
entanto, que os Jogos Cooperativos foram implantados com o objetivo de tentar
reverter essa ordem, de tal forma que a cooperação fosse capaz de suplantar a
competição, vivenciada e estimulada, diariamente, no convívio escolar. Mas, ainda há
uma grande dificuldade em se fazer distinguir o que é jogo e o que é competição. O
professor entrevistado entende que o jogo é uma atividade que ajuda a trabalhar o
63

caráter e a espontaneidade das pessoas, e por essa razão ele procura, durante esse
tipo de atividade, dar mais ênfase à questão da ludicidade do que à competição. O
entrevistado também costuma promover discussões para estimular reflexões que
acabam por traçar um paralelo entre o jogo, no contexto esportivo, e o “jogo” da vida
do aluno.
No que tange à terceira consideração, ao ser perguntado sobre cultura
corporal, o professor defendeu, criticamente, que se trata de um paradigma
questionável no que concerne à sua incorporação pela Educação Física. Ele afirmou
que em uma turma com 30 alunos há 30 culturas corporais diferentes. “A questão da
cultura corporal é equivocada porque ela não traduz a individualidade. Nas minhas
aulas eu busco justamente a individualidade”. Exige-se, assim, a análise de cada
manifestação corporal, que está impregnada da cultura vivenciada por cada aluno no
âmbito do seu meio social. “É aquele indivíduo que tem a sua história refletida nos
seus marcos corporais, nas decisões que toma, nos gestos que faz, nas vontades e
desejos que tem, e nas ações e movimentos que executa”.
Com base na ideia de que cada aluno tem uma trajetória pessoal particular,
ressaltada pelo entrevistado, a autora percebeu que era imprescindível desenvolver
um instrumento de avaliação que não fosse padronizado, mas sim apropriado para
atender às diversidades intrínsecas dos alunos. Portanto, o instrumento de avaliação
construído não estará apartado do contexto social dinâmico no qual os alunos estão
inseridos, e que envolve vários fatores, tais como: ética, política, cultura e
corporeidade. Como todas essas dimensões são contempladas na disciplina, o
instrumento de avaliação foi construído de forma a dialogar com esses princípios.

4.3 GRUPO FOCAL E DINÂMICA

O grupo focal, que contou com a participação de 12 Coordenadores


Pedagógicos do Departamento de Educação Física do Colégio Pedro II, foi muito
importante, levando-se em consideração a discussão realizada sobre a avaliação, no
contexto da especificidade da disciplina, mas não surtiu o efeito esperado em relação
à proposição de novas categorias e/ou a supressão de outras. Pouco se avançou
nesse sentido, embora, durante as discussões, as categorias já elencadas tivessem
sido evidenciadas.
64

Por essa razão a autora realizou uma dinâmica, para ratificar a relevância das
categorias do Instrumento de Avaliação elencadas com base na pertinência dos
tópicos de convergência identificados nos documentos norteadores do estudo: Projeto
Político Pedagógico Institucional, Base Nacional Curricular Comum e Parâmetros
Curriculares Nacionais.
A seguir, a autora destaca algumas evidências percebidas nas falas dos
especialistas que corroboraram as categorias elencadas.

 Justificativa da construção do instrumento

P8: “A nota justificada é algo que talvez apenas alguns de nós fazem,
só quando o caso é grave, mas talvez fosse interessante fazermos
isso sempre. Nós medimos o que nenhuma outra disciplina mede, que
é comportamento. Então, você justifica a sua nota para dizer o que é
que foi avaliado, o que eu considero que talvez seja o objetivo final do
instrumento de avaliação, e que poder ser objetivado para o pai e para
o aluno: a razão pela qual ele recebeu aquela nota e quais foram os
critérios adotados. Esse é o nosso desafio, porque em qualquer outra
disciplina ‘escrita’ você mostra a resposta que está certa e aponta a
que está errada. Nós mostramos o quê?”

 Cumprimento de normas e regras (acordos iniciais)

P13: “Essa questão do celular, eu me bato com eles. Tem gente que
quer fazer aula com celular na cintura. Outra toca o celular “Ah, foi
minha mãe”. Aí eu falei: sua mãe não pode te ligar no meio da aula.”

 Cumprimento de normas e regras (frequência)

P5: “E aí, sem sombras de dúvidas, pesa muito o nível de frequência


do aluno – as pessoas confundem... “Ah, mas então a frequência é o
único quesito de avaliação”. Não. Mas se numa aula de EF ele não
estiver presente... não é uma matéria escrita, que ele pode pegar o
caderno do colega e copiar depois. Então, a presença conta muito na
avaliação. ”P5: “É essencial.” (Presença)

 Participação

P10: “Aquela famosa participação que conhecemos: participou? Não


participou? Só que de uma forma mais resignificada, vamos
percebendo muito a demanda de cada turma, de cada aluno. Sabemos
que alguns alunos passam por problemas socioeconômicos, pessoais,
emocionais, ainda mais nessa geração que enfrenta tantas questões,
como ansiedade, depressão, por exemplo. Nós procuramos
reconhecer a individualidade de cada aluno, e por isso fazemos um
65

relatório individual que passa pelas Reuniões Pedagógicas Semanais


(RPS), nas quais se discute cada caso. Fazemos isso também por
whatsApp, e mantemos um diálogo muito aberto com o Setor de
Orientação Educacional e Pedagógica (SOEP).”

 Autonomia

P12: “Ele pode ser criativo. Ele não tem que responder certo ou errado.
Ele pode sugerir uma estratégia nova de jogo. Se o aluno fez uma
coreografia nova, então ele usou de criatividade, fez algo diferente. E
é isso o que eu vou avaliar da cultura do aluno.”

P3: “É preciso trazer um pouco mais de autonomia para esse


processo. Por isso introduzi uma avaliação pessoal para cada aluno
em todo final de aula. Eles próprios preenchem uma ficha que contém
alguns aspectos dos fundamentos dos esportes, mas também de
relacionamentos, responsabilidades e outras questões relevantes. E
eles sempre colocam um desafio para a aula seguinte. No final eles
têm que atribuir a si mesmos uma nota baseada em alguns critérios, e
eu fazia uma avaliação com eles. Na verdade, todos nós nos
avaliamos o tempo todo, inclusive os alunos.”

 Cooperação

P8: “Deixar de ser um grupo de alunos, para trabalhar em equipe.


Aproveitar justamente a fraqueza de um, o talento do outro, a liderança
de outro e fazer todo mundo trabalhar junto.”

 Afirmação de valores

P8: “Com o PPPI, já não é nem mais um esporte como um instrumento


pelo qual você vai avaliar o desempenho do aluno, mas sim a cultura
corporal desse aluno. Então o foco recai não só no aluno mas no
contexto cultural desse aluno. Não se pode ignorar a região onde o
seu campus está, a cultura corporal do seu campus, para você avaliar
o desempenho do seu aluno dentro daquela cultura. O aluno também
é avaliado segundo o desempenho da turma como um todo. Ou seja,
existe uma avaliação do aluno em relação ao contexto da cultura
corporal daquela região.”

 Princípios democráticos

P8: “A descolonização é no sentido de não dizermos para eles o que


é cultura corporal. Cultura é cultura. Precisamos dizer qual a melhor
maneira de usar o corpo, e não o que fazer com o corpo.”
66

P8: “Eu chamo de planejamento participativo. Digo a eles: nós temos


este espaço e esse material. Vamos então planejar juntos o que fazer.
O que vocês querem ter neste trimestre? Eles vão dizer, eu vou
avaliar, porque também podem querer coisas absurdas, e então
compomos as aulas do trimestre com tais atividades, de forma bem
democrática. Não existe a imposição de um currículo. Dou esse nome,
para eles não acharem que é aula livre. Falo: olha, temos tantas aulas,
o que vamos fazer aqui? Eu acho que isso é um princípio
democrático.”

4.4 VALIDAÇÃO TÉCNICA

Após a consolidação dos dados, os três especialistas em Avaliação,


representados por EA1, EA2 e EA3, de um modo geral, identificaram precisão e
cuidado na redação dos itens, e consideraram que as categorias e indicadores
estavam devidamente relacionados e são capazes de oferecer ao(à) professor(a) de
Educação Física possibilidades para uma avaliação criteriosa.
Quanto aos demais aspectos técnicos, os especialistas fizeram as seguintes
observações e críticas:

 Inteligibilidade das categorias, indicadores e itens


EA2 recomendou:
(1) suprimir o item 16.1 do Instrumento por ter questionado o significado do
termo “cuidar” (Cuida do ambiente de aula?), considerando que o termo
pode gerar interpretações subjetivas.

 Organização e correspondência dos itens com as categorias


EA1 recomendou:
(2) a inversão de posição dos indicadores 2 (Uso do uniforme) e 3
(Pontualidade);
(3) a hierarquização de importância na categoria (Cumprimento de Normas e
Regras);
(4) o deslocamento do item 3.2 (Mantém-se na aula até o seu término) do
indicador (Pontualidade) para o indicador (Frequência);
(5) mover o item 4.1 (Organiza-se com a turma para a chamada?) de (Acordos
Iniciais) para 3 (Pontualidade); e
67

(6) mover o item 5.3 (Compartilha seu interesse na busca de diferentes formas
de expressão da cultura corporal?), por estar fora do contexto, para o
indicador 12 (Compreensão das diferentes manifestações da cultura
corporal).

EA3 recomendou:
(7) que os quadros da primeira versão do instrumento deveriam constar de
dimensões, categorias e indicadores, ao invés de categorias, indicadores e
itens.

 Singularidade dos itens


Os três especialistas foram unânimes na aquiescência dos itens, indicadores e
categorias em relação a esse aspecto técnico.

 Relevância dos Itens


EA1 recomendou:
(8) excluir o item 16.1, considerando-o desnecessário.
EA2 recomendou:
(9) excluir o item 16.1, por já estar implícito no item 16.2.

 Aspectos sobrepostos nos itens (redundância)


EA2 recomendou:
(10) observar a redundância entre os itens 6.2 (Compreende as diferenças de
habilidades individuais?) e 13.2 (Participa, de forma construtiva, das
atividades integrando as diferentes habilidades individuais?) e suprimir o
item 6.2 e manter o 13.2.

 Redação Adequada dos Itens


EA1 recomendou:
(11) reformular o item 5.2 (Busca realizar as atividades, mesmo sem ter
habilidade?) para “Demonstra interesse nas atividades, mesmo sem ter
habilidade?”;
(12) trocar, no item 8.1, “É coerente na proposição de modificações das
atividades”, por “Apresenta proposição...”;
68

(13) retirar o termo “maior” do item 9.3 (Demonstra maior sociabilidade por
intermédio da prática de atividades corporais?);
(14) tornar mais claro o item 11.2 (É proativo com regularidade, mesmo o grupo
apresentando dificuldades nas atividades?). A autora modificou o texto
para “Mantém-se proativo na atividade, mesmo quando o grupo apresenta
dificuldades.”

EA3 recomendou:
(15) retirar “frequenta assiduamente as aulas” e redigir no item 1.1 “comparece
às aulas”;
(16) trocar o termo “usa” por “utiliza” no item 2.1;
(17) acrescentar o adjetivo “certo” no item 3.1, “Apresenta-se no horário certo
do início das aulas”;
(18) substituir, no item 3.2, “Mantém-se nas aulas até o seu término” por
“Assiste as aulas até seus términos”;
(19) transladar “sem discriminação” no 13.1, ficando “Participa sem
discriminação de atividades com qualquer aluno da turma”;
(20) *suprimir o termo ‘afirmação’ da categoria “Afirmação de Valores”.
(21) que as respostas não fossem definidas como "padrões", mas sim como
tipos ou classificações de respostas. A autora decidiu alterar para padrões
de julgamento.
(22) a troca de “quase sempre” por “frequentemente” e “às vezes” por
“eventualmente”.

Os resultados referentes a cada um dos aspectos técnicos, descritos no


formulário elaborado pela autora para a apreciação técnica da versão inicial do
Instrumento, são apresentados no Quadro 9.
Cabe esclarecer que os campos assinalados por um X foram considerados
adequados pelos três especialistas que realizaram a validação. Ou seja, não houve
nenhuma observação sobre eles.
69

Quadro 9 – Avaliação Técnica feita pelos Especialistas em Avaliação


Especialista 1 Especialista 2 Especialista 3
Aspecto Técnico
(EA1) (EA2) (EA3)
Inteligibilidade das categorias,
X (1) X
indicadores e itens
Organização e
correspondência dos itens com (2) (3) (4) (5) (6) X (7)
as categorias
Singularidade dos itens X X X
Relevância dos itens (8) (9) X
Aspectos sobrepostos nos
X (10) X
itens (Redundância)
(15) (16) (17)
(11) (12) (13)
Redação adequada dos itens X (18) (19) (20)
(14)
(21) (22)
Fonte: A autora (2020).

O instrumento foi reformulado acatando-se quase todas as recomendações dos


especialistas. Apenas na observação (20), a autora manteve o termo ‘Afirmação’ para
nomear a categoria. Essas alterações deram origem à primeira versão do Instrumento
de Avaliação dividido em quadros referentes às dimensões com suas categorias,
indicadores, itens e padrões de julgamento que o compõem.

4.5 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

 Avaliação das Dimensões


Após a análise do instrumento de avaliação proposto para a validação de
conteúdo, onde coube aos 10 validadores, avaliar, inicialmente, as dimensões
elencadas no instrumento, julgando se estavam de acordo ou não com a proposição
feita, os especialistas concordaram com as seis dimensões propostas e não sugeriram
a introdução de novas, o que demonstrou a relevância dessas dimensões na
composição do Instrumento construído.
Em seguida, foi avaliada a adequação das categorias elencadas em cada uma
das dimensões do Instrumento.
70

Gráfico 1 – Concordância com as dimensões do Instrumento

Fonte: A autora (2020).

 Avaliação das Categorias


A) Categorias da Dimensão Cumprimento de Normas e Regras
De acordo com o exposto no Gráfico 2, todos os respondentes consideraram
adequadas as categorias “Frequência”, “Pontualidade”, “Uso de Uniforme” para
contemplar a dimensão “Cumprimento de Normas e Regras”. Apenas um especialista
(P3) julgou que a categoria “Acordos Iniciais” deveria pertencer à dimensão
“Participação”. A sugestão não foi incorporada, pois não há correspondência da
categoria com a participação nas atividades, e sim com o contrato didático construído
pelo professor e alunos para o bom funcionamento das aulas.

Gráfico 2 – Adequação das categorias – Cumprimento de Normas e Regras


10 10 10
10 9

9
8
Respondentes

7
6
5 SIM
4 NÃO
3
2 1

1 0 0 0

0
Frequência Pontualidade Uso do Unif orme Acordos Iniciais

Categorias

Fonte: A autora (2020).

Assim, as categorias da dimensão Cumprimento de Normas e Regras


permaneceram inalteradas em relação à versão validada.
71

B) Categorias da Dimensão Participação


Os respondentes foram unânimes, positivamente, na avaliação quanto à
adequação das categorias elencadas para contemplar a dimensão “Participação”,
conforme informado no Gráfico 3. Assim, as categorias dessa dimensão permanecem
inalteradas em relação às que foram apresentadas na versão validada.

Gráfico 3 – Adequação das categorias – Participação


10 10 10

10
9
8
Respondentes

7
6
5
SIM
4
NÃO
3
2
0 0 0
1
0
AtividadesIndividuais Atividades em Grupo AtividadesPropostas
Pelos Alunos

Categorias

Fonte: A autora (2020).

C) Categorias da Dimensão Autonomia


Em relação à dimensão “Autonomia”, os respondentes foram unânimes quanto
à adequação da categoria “Emancipação Corporal”.

Gráfico 4 – Adequação das categorias – Autonomia


10
9
10
9
8
Respondentes

7
6
5 SIM
4 NÃO
3 1
2 0
1
0
Emancipação Corporal Compreensão da Validade da
Educação Física

Categorias

Fonte: A autora (2020).

No que tange à “Compreensão da Validade da Educação Física”, apenas P3


sugeriu a modificação da redação e ampliação desta categoria, que passaria a ter a
72

seguinte composição: “Trato com a cultura corporal de movimento”. Esta sugestão


não foi acatada pela autora, tendo em vista a não pertinência do termo proposto pela
respondente.
Assim, as categorias da dimensão autonomia permaneceram iguais às que
foram apresentados na versão validada.

D) Categorias da Dimensão Cooperação


Houve unanimidade positiva quanto à adequação da categoria “Assistência nas
dificuldades” na composição da dimensão “Cooperação”. Quanto à categoria “Espírito
de Equipe” o respondente (P3) a considerou “não adequada” e fez o seguinte
comentário: “O termo ‘espírito de equipe’ pode ser substituído por outro, como
‘empatia’”. A autora não julgou pertinente a substituição por considerar que o termo
“empatia” foge ao escopo da categoria, que tem por finalidade observar se os
estudantes trabalham em conjunto em direção a um objetivo comum de forma positiva,
mesmo nas adversidades e dificuldades. O Gráfico 5 apresenta esses resultados.

Gráfico 5 – Adequação das categorias – Cooperação


10
9
10
9
8
Respondentes

7
6
5 SIM

4 NÃO

3
1
2 0
1
0
10.Assistência nas dif iculdades 11.Espírito de equipe

Categorias

Fonte: A autora (2020).

Assim, as categorias da dimensão “Cooperação” permaneceram iguais às que


foram apresentados na versão validada.

E) Categorias da Dimensão Afirmação de Valores


Com relação à dimensão “Afirmação de Valores”, todos os respondentes
aprovaram a adequação das categorias “respeito ao(à) professor (a)” e “respeito aos
colegas”; nove concordaram com a adequação em relação às categorias
73

“compreensão das diferentes manifestações da cultura corporal” , “integração das


diferenças” e “cuidado com os recursos físicos e materiais”. Apenas P3 ponderou
fundir as duas primeiras categorias, que passaria a ter a seguinte redação: “trato com
a cultura corporal de movimento”. Em relação à categoria “cuidado com os recursos
físicos e materiais” apontou como não sendo adequada, mas não justificou a sua
observação.
Logo, em virtude do que apresenta o Gráfico 6, considerou-se que as cinco
categorias elencadas nessa dimensão foram adequadas para abrangê-la.

Gráfico 6 – Adequação das categorias – Afirmação de Valores


10
9 9 10
10 9
9
8
Respondentes

7
6
5
4
3 SIM
1 1
2 1 NÃO
0 0
1
0
Compreensão Integração das Respeito ao(à) Respeito aos Cuidado com
das dif erentes dif erenças prof essor(a) colegas os recursos
manif estações f ísicos e
da cultura materiais
corporal

Categorias

Fonte: A autora (2020).

F) Categorias da Dimensão Princípios Democráticos


De acordo com o exposto no Gráfico 7, todos os respondentes consideraram
adequadas as categorias elencadas, ratificando-as para contemplar a dimensão
“Princípios Democráticos”.
74

Gráfico 7 – Adequação das categorias – Princípios Democráticos

10 10

10
9
8
Respondentes
7
6
5 SIM
4 NÃO
3
2 0 0
1
0
Desenvolvimento coletivo pela Reconhecimento e valorização das
convivência dif erenças

Categorias

Fonte: A autora (2020).

O respondente P8 considerou adequada a categoria “Reconhecimento e


valorização das diferenças”, e emitiu o seguinte comentário, ratificando a sua
adequação: “Reconhecimento e otimização das diferenças devem levar em
consideração que no desenvolvimento do espírito de equipe as diferenças enriquecem
o grupo, que, por sua vez, usufrui de diferentes vocações, talentos e/ou habilidades”.
Assim, as categorias da dimensão “Princípios Democráticos” permanecem
inalteradas em relação à versão validada.

 Avaliação dos Indicadores


A) Quanto à adequação
Em referência a adequação dos indicadores propostos para as diferentes
categorias do Instrumento, oito especialistas os consideraram adequados para
proporcionar informação precisa e confiável a respeito do que se quer medir e os
outros dois responderam não adequados.
P2 julgou que os indicadores não conseguem contemplar a complexidade do
‘medir’ e por isso, não contemplam as especificidades do indivíduo.

P2 – “Nesse caso é complexo medir, pois se trata de atitudes, e


também há de se considerar o indivíduo e suas especificidades.”

P11 julgou que o termo ‘democrática’ utilizado no indicador 6.3 (“Participação,


de forma democrática, do processo de construção curricular”) pode ser muito
abrangente e dar margem a diversas interpretações.
75

P11 – “O termo democracia no tópico pode ser muito abrangente e dar


margem a muitas interpretações. Acho importante avaliar a
possibilidade de incluir tipos de comportamento que, a partir dos seus
referenciais, representam uma participação de forma democrática”.

Ainda quanto à adequação dos Indicadores, alguns professores embora os


tenham julgados adequados, sugeriram modificações na redação. São três os
professores que sugeriram esse tipo de alteração:
P3 e P11 sugeriram alteração no indicador 6.3:
De: Participação, de forma democrática, do processo de construção curricular.
Para: Participação, de forma democrática, “nas atividades propostas”.
P1 sugeriu alteração no item 9.2 “Reconhecimento da validade das atividades
corporais para a manutenção da saúde”.

P1 – “Sugiro que a frase deixe bem claro a referência às atividades


externas, tendo em vista o debate significativo que temos sobre as
aulas de Educação Física em dois tempos, uma vez por semana, com
vistas a alcançar benefícios à saúde dos alunos”.

De: Reconhecimento da validade das atividades corporais para a manutenção


da saúde.
Para: Reconhecimento da validade da prática contínua das atividades corporais
extraclasses para a manutenção da saúde
Pela pertinência, estas sugestões foram incorporadas na versão final do
Instrumento.

B) Sugestão de Inclusão de Indicadores


Perguntados se havia a necessidade de ser incluído algum novo indicador ao
Instrumento de Avaliação, os professores foram unânimes em responder NÃO. Assim,
a autora infere que o Instrumento contempla todos os itens fundamentais para avaliar
as aulas de Educação Física do Ensino Fundamental – Anos Finais do Colégio Pedro
II, campus Humaitá II.
76

C) Sugestão de Exclusão
Dentre os respondentes, 8 não propuseram a exclusão de indicadores do
Instrumento de Avaliação. Apenas 2 professores recomendaram as exclusões
apontadas a seguir:
P8 sugeriu a exclusão do item 6.3 do Instrumento ao proferir: “Apesar de ser
pertinente, acredito que não encontramos informações suficientes para avaliação
desse item no contexto de uma aula de Educação Física”.
P1 sugeriu unir os itens 16.1 (“Preservação e uso adequados dos materiais e
equipamentos de aula”) e 16.2 (“Demonstração de cuidados no uso dos materiais e
equipamentos, para não se machucar ou machucar os colegas durante as atividades”)
porque “são muito parecidos”
Estas sugestões não foram incorporadas na versão final do Instrumento, pois o
item 6.3 teve a sua redação alterada de forma a possibilitar a sua observação; e o
item 16.2 busca, especificamente, preservar a integridade física dos alunos, o que
justifica a manutenção dos dois itens no Instrumento de Avaliação.

D) Sugestões para melhoria do Instrumento


Ao final da avaliação foi solicitado aos respondentes que apresentassem
sugestões visando à melhoria do Instrumento de Avaliação. Essas sugestões estão
consolidadas no Quadro 10.

Quadro 10 – Propostas de melhoria do Instrumento


Especialista Sugestões dos Respondentes
Caso seja possível, seria interessante unir alguns itens com o objetivo de
P1
praticidade.
P2 Determinar o período (início, meio ou fim) de utilização do Instrumento.
P3 Incluir a dimensão “Trato com cultura corporal de movimento”.
P8 Não deixar de aplicar o Instrumento e reavaliá-lo periodicamente.
Considerar a autonomia do professor na utilização de instrumentos de
P10 avaliação e o diálogo professor-aluno na construção e/ou efetivação do
processo ensino-aprendizagem.
Não fazer uma abordagem folclórica da categoria “Reconhecimento e
P11
valorização das diferenças”.
Pesquisa de interesses e expectativas relativas à Disciplina no primeiro
P14 encontro do ano letivo. No final do período letivo, avaliar todo o processo
pedagógico com vistas a um retorno docente.
Fonte: A autora (2020).

Todos os comentários relacionados às propostas para melhoria do Instrumento


de Avaliação, além dos já mencionados referentes à adequação, quando
77

considerados pertinentes pela autora, foram acatados e implementados, visando


tornar o instrumento afinado com o Projeto Político e Pedagógico Institucional e, ao
mesmo tempo, útil às necessidades dos professores do Colégio Pedro II.
Cabe destacar, ainda, que no espaço destinado às sugestões, juntamente com
as propostas de melhoria, obteve-se alguns comentários espontâneos elogiando o
Instrumento:

P1 - “O instrumento está bem completo. Parabéns!”


P2 - “Gostaria de parabenizar pelo instrumento, pois ficou bem
elaborado e de fácil utilização. Eu usaria nas minhas aulas.”
P9 - “Acredito que um instrumento que oriente a avaliação seja
interessante.”
P11 - “De maneira geral achei bem interessante o Instrumento.
Entendo que a sua versão final oferecerá uma contribuição importante
para o campo!”
P14 - “Considero o instrumento plenamente adequado a uma ampla
avaliação dos alunos.”

As mudanças realizadas culminaram na versão final do Instrumento de


Avaliação, a qual é apresentada, na íntegra, na próxima página.
78

 Versão Final do Instrumento de Avaliação

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – COLÉGIO PEDRO II


CAMPUS HUMAITÁ II – Disciplina: EDUCAÇÃO FÍSICA

Instrumento de Avaliação para as aulas de Educação Física


Ensino Fundamental – Anos Finais

Apresentação:
 Esse instrumento tem a finalidade de orientar os professores na avaliação dos alunos
dos anos finais do Ensino Fundamental nas aulas de Educação Física do Colégio Pedro
Il.

 O Instrumento é composto por seis dimensões (Cumprimento de Regras, Participação,


Autonomia, Cooperação, Afirmação de Valores e Princípios Democráticos) e 38 itens
que contemplam os aspectos fundamentais a serem observados nas aulas de Educação
Física no decorrer do ano letivo.
Instruções

 Preencha os dados de identificação a seguir

Nome:____________________________________________ Nº:__Turma:______

Professor(a):________________________________________________________

 Para as assertivas construídas, visando avaliar os alunos, foram estabelecidas quatro


opções de respostas: Sempre, Quase Sempre, Às Vezes e Nunca.

Marque com X a opção que melhor corresponde ao desempenho do aluno em relação


aos itens.
79

Indique com qual frequência o aluno cumpre as seguintes Normas e Regras


Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
1) Frequenta assiduamente as aulas? (A) (B) (C) (D)
2) Mantém-se nas aulas até o seu término? (A) (B) (C) (D)
3) Apresenta-se no horário de início das
(A) (B) (C) (D)
aulas?
4) Organiza-se com a turma para a chamada? (A) (B) (C) (D)
5) Usa o uniforme completo, conforme
(A) (B) (C) (D)
estabelecido na Portaria 3638?
6) Ausenta-se da aula somente com a
(A) (B) (C) (D)
anuência do professor?
7) Procura resolver questões da disciplina
(A) (B) (C) (D)
com o professor?
Indique com qual frequência o aluno demonstra a sua Participação nas atividades
Quase Às
Nas atividades Individuais: Sempre Nunca
Sempre Vezes
8) Realiza as atividades com interesse? (A) (B) (C) (D)
9) Busca realizar as atividades, mesmo sem
(A) (B) (C) (D)
ter habilidade?
Quase Às
Nas atividades em grupo Sempre Nunca
Sempre Vezes
10) Realiza as atividades com interesse? (A) (B) (C) (D)
11) Interage com todos do grupo para atingir
(A) (B) (C) (D)
os objetivos propostos?
12) Participa, de forma democrática, nas
(A) (B) (C) (D)
atividades propostas?
Quase Às
Nas atividades propostas pelos alunos Sempre Nunca
Sempre Vezes
13) Realiza as atividades com interesse? (A) (B) (C) (D)
14) Sugere variações e novidades nas
(A) (B) (C) (D)
atividades?
Indique com qual frequência o aluno demonstra ter Autonomia
na realização das atividades
Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
15) É coerente na proposição de
(A) (B) (C) (D)
modificações das atividades?
16) Demonstra conhecimento de suas
(A) (B) (C) (D)
limitações e aptidões de movimentos?
17) Apresenta relatos de suas experiências
(A) (B) (C) (D)
corporais vivenciadas fora da sala de aula?
80

18) Reconhece a validade da prática


contínua das atividades corporais
(A) (B) (C) (D)
extraclasses para a manutenção da sua
saúde?
19) Demonstra sociabilidade por intermédio
(A) (B) (C) (D)
da prática de atividades corporais?
Indique com qual frequência o aluno demonstra Cooperação na prática das
atividades
Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
20) Dispõe-se a ensinar os colegas que
(A) (B) (C) (D)
apresentam dificuldades?
21) Pede ajuda quando não consegue
(A) (B) (C) (D)
realizar as atividades?
22) Incentiva os colegas mesmo quando
(A) (B) (C) (D)
cometem erros de execução das atividades?
23) É proativo com regularidade, mesmo o
grupo apresentando dificuldades nas (A) (B) (C) (D)
atividades?
Indique com que frequência o aluno Afirma os seguintes Valores
Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
24) Aceita as diferentes formas de execução
das atividades realizadas pelos colegas de (A) (B) (C) (D)
turma?
25) Manifesta as suas percepções sobre
cultura corporal sem rejeitar ou excluir as (A) (B) (C) (D)
demais?
26) Compartilha o interesse pela busca de
diferentes formas de expressão da cultura (A) (B) (C) (D)
corporal?
27) Participa de atividades com qualquer
(A) (B) (C) (D)
aluno da turma, sem discriminação?
28) Participa, de forma construtiva, das
atividades integrando as diferentes (A) (B) (C) (D)
habilidades individuais?
29) Atende às orientações do(a) professor(a)
(A) (B) (C) (D)
em relação às atividades?
30) Mantém diálogo respeitoso com o(a)
(A) (B) (C) (D)
professor(a)?
31) Ouve as colocações, críticas e
(A) (B) (C) (D)
sugestões dos colegas?
32) Mantém diálogo respeitoso com os
(A) (B) (C) (D)
colegas?
33) Preserva e faz uso adequado dos
(A) (B) (C) (D)
materiais e equipamentos de aula?
81

34) Evita, no uso dos materiais e


equipamentos, se machucar ou machucar os (A) (B) (C) (D)
colegas durante as atividades?
Indique com qual frequência o aluno demonstra ter
Princípios Democráticos na prática das atividades
Quase Às
Sempre Nunca
Sempre Vezes
35) Demonstra solidariedade quanto aos
temas que enriqueçam a cultura corporal da (A) (B) (C) (D)
turma?
36) Contribui para o aperfeiçoamento do
conhecimento coletivo sobre o uso do corpo (A) (B) (C) (D)
nas diferentes atividades?
37) Reconhece a importância da Educação
Física na escola como meio de formação (A) (B) (C) (D)
cidadã?
38) Valoriza a participação em atividades,
(A) (B) (C) (D)
independente do resultado?

4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Este estudo teve como objetivo construir e validar um Instrumento de Avaliação


que sirva para orientar os professores na avaliação dos alunos nas aulas de Educação
Física dos Anos Finais do Campus Humaitá II do Colégio Pedro II. Para o cumprimento
dessa meta, a autora realizou um estudo aprofundado nos documentos oficiais que
regem a proposta pedagógica do Colégio, especialmente a Base Nacional Comum
Curricular de 2017 e o Projeto Político Pedagógico Institucional do CPII de 2018. Além
disso, dedicou-se à análise de textos e autores consagrados na área de Educação
Física e Avaliação, devidamente referenciados neste trabalho. Ademais, também
contou com a expertise de profissionais que participaram de entrevista, grupo focal,
dinâmica e validação do Instrumento, o que possibilitou a obtenção de opiniões,
considerações, sugestões e críticas em relação à adequação dos elementos que o
constituem e fundamentaram a construção de um Instrumento de Avaliação sólido,
relevante, consequente e atual.
Para nortear o caminho percorrido neste estudo avaliativo e melhor explorar o
conhecimento e experiência dos especialistas, considerando a abordagem centrada
nos objetivos, foi formulada a seguinte questão avaliativa: “Em que medida o
Instrumento Avaliativo atende às necessidades do corpo docente para avaliar os
alunos nas aulas de Educação Física?”
82

Na busca pela resposta, a construção se deu a partir das versões iniciais das
categorias e indicadores e da posterior submissão dos conteúdos produzidos à análise
dos participantes deste estudo avaliativo, em fases sucessivas, para a realização das
validações técnica e de conteúdo. Após ser validado em técnica e conteúdo, o
Instrumento em referência abrange dimensões e competências que contemplam os
princípios pedagógicos, não só do Departamento de Educação Física do Colégio
Pedro II, como também de outras instituições de ensino sempre que o objetivo for a
observação e avaliação dos alunos nas aulas dessa disciplina.
Neste sentido, com o intuito de abarcar, de forma ampla, todos os aspectos
fundamentais da Educação Física que devem ser trabalhados e avaliados com o
aluno, o Instrumento incorporou um número de itens superior ao que é sugerido pela
literatura. Não obstante essa desvantagem, foi possível responder positivamente à
questão avaliativa, considerando que as evidências coletadas indicam que o
Instrumento de avaliação elaborado possui relevância, a qualidade almejada, atende
os objetivos propostos, reunindo amplas condições de auxiliar os professores na
avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física, respondendo positivamente à
referida questão.
Por fim, cabe destacar que a intenção da autora, ao empreender esse projeto,
foi e continua sendo de que este Instrumento sirva para orientar a avaliação,
contribuindo de forma adicional para a socialização e interação entre professores e
alunos. Jamais se pretendeu engessar ou retirar a autonomia do professor no seu
processo de ensino-aprendizagem, que é aderente às demandas de seus alunos, com
suas características próprias de suas vivências corporais, impregnadas de influências
culturais que constroem a sua história corporal e suas manifestações.

4.6.1 Recomendações

Visando possibilitar uma adequada aplicação do instrumento no âmbito do


Campus Humaitá II e seu aprimoramento, com vistas à utilização nos demais campi
do Colégio Pedro II, recomenda-se que:
i) haja uma reflexão, no âmbito do Departamento em conjunto com os
professores de Educação Física do Campus Humaitá II, no sentido de adotar uma
metodologia de avaliação com base nos princípios trazidos pelo Instrumento;
83

ii) já no início do próximo ano letivo o instrumento seja aplicado por todos os
professores do Campus Humaitá II;
iii) seja feita uma seleção de itens, por período (1º,2º ou 3º trimestre) que
melhor se adeque à proposta pedagógica do ano escolar (6º/7º/8º/9º), de modo que
no final do ano, todos os itens elencados sejam contemplados;
iv) ao final de um ano de aplicação, os professores se reúnam para avaliá-lo,
levantando dados que possam aprimorá-lo, visando a sua consolidação;
v) seja utilizado um software, tipo Excel, que calcule a pontuação de cada
categoria automaticamente, de modo a minimizar o tempo despendido, pelo professor,
com apuração dos cálculos;
vi) com base nos pareceres dos professores, após o primeiro ano de
utilização, seja construído um modelo de relatório com os pontos positivos e fragilidades
do Instrumento;
vii) o uso deste Instrumento de Avaliação seja complementado por outras
formas de avaliação, como a autoavaliação e a avaliação entre pares, pois o seu foco
restringiu-se ao julgamento do desempenho dos estudantes, por seus professores,
nas aulas de Educação Física;
viii) após a sua utilização no Campus Humaitá II, avaliação e ajustes, o
instrumento seja utilizado pelos professores de todos os campi que ofereçam os Anos
Finais do Ensino Fundamental;
ix) a utilização do Instrumento seja feita de forma flexível e adaptável de
acordo com a realidade de cada turma/Campus, adequando-o à especificidade dos
alunos e sua realidade;
x) o instrumento seja reavaliado periodicamente com o objetivo de mantê-lo
atualizado às novas demandas e necessidades educacionais e particulares de cada
Campus, visando a sua contínua qualificação.
84

REFERÊNCIAS

BRACHT, Valter. A construção do campo acadêmico “educação física” no período


de 1960 até nossos dias: Onde ficou a educação física?". In: ENCONTRO
NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA. 4., 1996.
Belo Horizonte. Anais [...] Belo Horizonte: ENHELEF, 1996, p. 140-148.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. São


Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases


da educação nacional. [Diário Oficial da República Federativa do Brasil], Brasília,
DF, 23 dez. 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional


comum curricular. Brasília, DF, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_sit
e.df. Acesso em: 15 ago. 2019.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília, DF: MEC; SEF, 1998.

CANDAU, Vera Maria F. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática


pedagógica. In: MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. F. (org.). Multiculturalismo:
diferenças culturais e práticas pedagógicas. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 13-37.

CASTELLANI FILHO, Lino. Educação física no Brasil: a história que não se conta. 3.
ed. Campinas, SP: Papirus, 1991.

CHIANCA, Thomaz; MARINO, Marino; SCHIESARI, Laura. Desenvolvendo a cultura


de avaliação em organizações da sociedade civil. São Paulo: Global, 2001.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo:


Cortez, 2000.

COLÉGIO PEDRO II. Portaria n° 4.013 de 6 de dezembro de 2018. Diretriz para a


Elaboração de Horários dos docentes no Campi II e III para o ano letivo de 2019. Rio
de Janeiro, 2018a. Disponível em:
http://www.cp2.g12.br/images/comunicacao/2019/Fev/Portaria%204013.pdf. Acesso
em: 15 ago. 2019.

COLÉGIO PEDRO II. Projeto político-pedagógico. Brasília: Inep; MEC, 2002.

COLÉGIO PEDRO II. Projeto político-pedagógico institucional. Rio de Janeiro,


2018b.
85

COLÉGIO PEDRO II. Área do estudante. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
http://www.cp2.g12.br/component/content/article/171departamentos_pedagogicos/dp
_educacao_fisica_folclore/1652-departamento-deeduca%C3%A7%C3%A3o-
f%C3%ADsica.html. Acesso em: 30 jan. 2019.

COLOGNESE, Sílvio Antonio; MÉLO, José Luiz Bica de. A técnica de entrevista na
pesquisa social. Cadernos de Sociologia, Porto Alegre, v. 9, p. 143 – 159, 1998.

DANTAS, Claudia Maria de Alvarenga. Avaliação do Conselho de Classe no Colégio


Pedro II à luz da Portaria nº 1.200/96. Orientadora: Maria de Lourdes Sá Earp de
Mello e Silva. 2015. 65 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação) –
Fundação Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2015.

DAOLIO, Jocimar. Educação física e o conceito de cultura: polêmicas do nosso


tempo. São Paulo: Autores Associados, 2004.

DAOLIO, Jocimar. A educação física escolar como prática cultural: tensões e riscos.
São Paulo: Pensar a Prática, 2005.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JUNIOR, Osmar Moreira. Para ensinar educação
física: possibilidades de intervenção na escola. São Paulo: Papirus Editora, 2007.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JUNIOR, Osmar Moreira. Educação física na


escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JUNIOR, Osmar Moreira. Os conteúdos da


educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades.
Perspectivas em educação física escolar, Niterói, v. 2, n. 1, p. 5-25, 2001.
Suplemento.

ELLIOT, Ligia Gomes; RODRIGUES, Alessandra Hermogenes; SILVA, Anna Karla


S. da. Dissertações em avaliação: estrutura e formatação. 4. ed. rev. e ampl. Rio de
Janeiro: Fundação Cesgranrio, 2016.

ELLIOT, Ligia Gomes; (org.). Instrumentos de avaliação e pesquisa: caminhos para


construção e validação. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2012.

ELLIOT, Ligia Gomes; VILARINHO, Lúcia Regina Gourlart (org.). Construção e


validação de instrumentos de avaliação: da teoria à exemplificação prática. São
Paulo: Pimenta Cultura, 2018.

ELLIOT, Ligia Gomes; HILDENBRAND, Lucí; BERENGER, Mercêdes Moreira.


Questionário In: ELLIOT, Ligia. Instrumentos de avaliação e pesquisa: caminhos
para construção e validação. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2012.

ELLIOT, Ligia Gomes; SILVA, Luciane Pires. Instrumento de avaliação de projetos


sociais. In: ELLIOT, Ligia; VILARINHO, Lúcia Regina Goulart (org). Construção e
validação de instrumentos de avaliação: da teoria à exemplificação prática. São
Paulo: Pimenta Cultura, 2018.
86

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.


São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GATTI, Bernardete Angelina. Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e


humanas. Brasília, DF: [s. n.], 2005. (Série pesquisa em educação; v. 10).

GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FRAGA, Alex Branco. Afazeres da educação física na


escola: planejar, ensinar, partilhar. In: Entre nós: anos finais do ensino fundamental.
Porto Alegre: Edelbra, 2012. v. 3.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Sobre confiabilidade e validade. Revista Brasileira


de Gestão e Negócios, São Paulo, v. 8, n. 20, jan./abr., 2006.

NEIRA, Marcos Garcia. Educação física currículo e cultura. São Paulo: Phorte, 2010.

NEIRA, Marcos Garcia. Análises das representações de professores sobre o


currículo cultural da Educação Física. Interface: comunicação, saúde e educação,
São Paulo, v. 1414, n. 35, p. 783-795, out./dez. 2010.

NEIRA, Marcos Garcia; NUNES, Mario Luiz Ferrari. Pedagogia da cultura corporal:
críticas e alternativas. São Paulo: Phorte, 2009.

PENNA FIRME, Thereza. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Ensaio:


Avaliação de Políticas Públicas Educacionais. Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 5-12.
1994.

RAMOS, Margareth Braz; LEITE, Lígia Silva. Construção e validação do questionário


de avaliação de fluência tecnológica. In: ELLIOT, Ligia Gomes (org.). Instrumentos
de avaliação e pesquisa: caminhos para construção e validação. Rio de Janeiro:
WAK Editora, 2012.

SANCHES NETO, Luiz. O contexto da educação física na escola. In: DARIDO,


Suraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação física na escola:
Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

SILVA, Angela Carrancho da. Entrevista. In: ELLIOT, Ligia Gomes (org.).
Instrumentos de avaliação de pesquisa: caminhos para construção e validação. Rio
de Janeiro: WAK, 2012.

SILVA, Mauro Sergio; BRACHT, Valter. Na pista de práticas e professores


inovadores na educação física escolar. Kinesis, 2012. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/kinesis/article/viewFile/5718/3394. Acesso em: 18 set.
2018.

THIOLLENT, Michel J. M. O processo de entrevista. In: Crítica metodológica,


investigação social & enquete operária. São Paulo: Polis, 1987.

VELHO, Gilberto. Observando o familiar. In: NUNES, Edson (org.) A aventura


sociológica: objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social. Rio de
Janeiro: Ed. Zahar, 1978. p. 36-46.
87

WORTHEN, Blaine R.; SANDERS, James R.; FITZPATRICK, Jody L. Avaliação de


programas: concepções e práticas. Tradução Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo:
Ed. Gente, 2004.
APÊNDICES
89

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista

Perguntas
Como você julga a importância da avaliação em Educação Física?

Você identifica alguma especificidade da prática avaliativa para a disciplina?

O que você pensa sobre a criação de um instrumento de avaliação para ser utilizado nas
aulas de Educação Física?

Como seus alunos participam da avaliação?

De que maneira você avalia a disciplina dos alunos?

Como julgar a autonomia dos alunos nas aulas de Educação Física?

Que atributos você considera importantes para caracterizar um aluno cooperativo?

Que requisitos são fundamentais para você considerar que os seus alunos participam,
efetivamente, nas aulas de Educação Física?

Como estimular a boa convivência entre os alunos e com o (a) professor(a)?

De que forma você instrumentaliza os seus alunos, para se integrarem na cultura


corporal, para formá-los como cidadãos que vão produzi-la, reproduzi-la e transformá-la?
90

APÊNDICE B – Convite Grupo Focal

Prezado(a) Professor(a),

É com muita satisfação que reitero o convite que lhe fiz, pessoalmente, no dia da
reunião de coordenadores, para que você participe do meu projeto de Mestrado,
realizado no âmbito do Mestrado Profissional em Avaliação da Faculdade Cesgranrio,
intitulado: “Construção e Validação de Instrumento de Avaliação para as Aulas de
Educação Física do Ensino Fundamental – Anos Finais do Colégio Pedro II”, que foi
aprovado pelo Comitê de Ética do Colégio Pedro II.

A proposta é realizar um grupo focal com o objetivo de reunir considerações e


ponderações dos membros do Departamento de Educação Física a respeito da prática
da avaliação na disciplina, para fundamentar a construção do instrumento.

Nesse sentido, sua contribuição será muito importante para o sucesso dessa iniciativa.
Esclareço que as informações e reflexões advindas do grupo focal serão tratadas com
procedimentos profissionais de sigilo, o que significa que o seu nome e a sua
participação não serão divulgados, em nenhuma hipótese, na ocasião da publicação
dos resultados.

Lembro que é imprescindível a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


(TCLE), enviado em anexo, contendo a descrição da pesquisa. Esse documento,
também aprovado pelo Comitê de Ética, será entregue em duas vias, para serem
assinadas pelos participantes e por mim (autora do estudo) no dia da realização do
grupo focal: 19 de novembro, terça-feira, às 8h30, na sala do DEF.

Agradeço imensamente pela atenção e conto com a sua especial colaboração.

Abraços,
Maria Inês
91

APÊNDICE C -Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Maiores de Idade

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
COLÉGIO PEDRO II
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP/CPII

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário (a), da pesquisa denominada
Construção e Validação de Instrumento de Avaliação para as aulas de Educação Física do
Ensino Fundamental – Anos Finais do Colégio Pedro II, realizada no âmbito do Mestrado
Profissional em Avaliação da Faculdade Cesgranrio e que diz respeito a uma dissertação de mestrado.
1. OBJETIVO: O objetivo do estudo é construir e validar um Instrumento de Avaliação para ser
utilizado nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental – Anos Finais do Campus Humaitá II
do Colégio Pedro II.
2. PROCEDIMENTOS: a sua participação consistirá em: conceder entrevistas para
esclarecimentos acerca da prática de avaliar na disciplina, buscando compreender o contexto de
atuação do professor de Educação Física. Está prevista, também, a participação em um grupo focal,
cujo objetivo é reunir de seis a oito professores para discussão coletiva sobre as demandas da disciplina
no que tange ao que e como avaliar. A proposta aqui é incitar a participação coletiva dos professores
na construção do instrumento de avaliação em questão. Os registros serão feitos por escrito, gravação
em áudio, fotografia, (e/ou) vídeo.
3. POTENCIAIS RISCOS E BENEFÍCIOS: Toda pesquisa oferece algum tipo de risco. Nesta
pesquisa, o risco pode ser avaliado como mínimo. Isto porque, considerando as características do
projeto, o participante poderá apresentar, tão somente, algum tipo de desconforto ao oferecer um relato
pessoal sobre sua prática profissional ou sobre os problemas na condução da disciplina em sala de
aula. Como é sabido, a avaliadora do presente estudo trabalha na mesma instituição de ensino e isso
poderá, de alguma forma, inibir o participante a emitir de forma espontânea sua opinião. Eventuais
visões divergentes e críticas podem suscitar alguma resistência, por parte do participante, em colaborar
com a pesquisa, temendo uma possível retaliação no ambiente profissional. A participação na pesquisa,
no entanto, é voluntária. O participante estará ciente de todo o conteúdo da pesquisa e do teor das
perguntas propostas. As perguntas levantadas na ocasião da entrevista e do grupo focal serão
previamente elaboradas, no formato de um roteiro validado, por equipe de especialistas técnicos,
visando dirimir indefinições e perguntas de caráter dúbio ou que fujam ao tema central da pesquisa.
Ademais, não serão mencionados os nomes dos participantes, garantindo assim o anonimato. Por outro
lado, são esperados os seguintes benefícios da participação na pesquisa: os participantes, no caso os
professores, ao colaborarem para a construção desse instrumento avaliativo, além de se beneficiarem
com seu uso na prática profissional, também se sentirão representados no processo de construção
coletiva. A utilização de um instrumento referência, com critérios explícitos, definidos e organizados
facilitará o processo avaliativo da instituição, uma vez que diferentes professores poderão trabalhar
com turmas de uma mesma série deixando claro para alunos e responsáveis quais os critérios utilizados
pela equipe, diminuindo questionamentos. Ademais, esse instrumento poderá servir para aproximar as
avaliações que, neste momento, são muito subjetivas e dependem das concepções de cada professor
a respeito do que é sugerido pelo Departamento.

Rubrica Pesquisador: __________________


Rubrica participante: ____________________

Endereço: Campo de São Cristóvão nº 177, prédio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação,


Pesquisa, Extensão e Cultura (PROPGPEC), sala 202-B – São Cristóvão –
Rio de Janeiro, CEP 29921-903
TEL: 21 3891-0020 – Email: cep@cp2.g12.br
92

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
COLÉGIO PEDRO II
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP/CPII

4. GARANTIA DE SIGILO: os dados da pesquisa serão publicados/divulgados em livros e


revistas científicas. Asseguramos que a sua privacidade será respeitada e o seu nome ou qualquer
informação que possa, de alguma forma, o (a) identificar, será mantida em sigilo. A pesquisadora
responsável se compromete a manter os dados da pesquisa em arquivo, sob sua guarda e
responsabilidade, por um período mínimo de 5 (cinco) anos após o término da pesquisa.
5. LIBERDADE DE RECUSA: a sua participação neste estudo é voluntária e não é obrigatória.
Você poderá se recusar a participar do estudo ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem
precisar justificar. Se desejar sair da pesquisa você não sofrerá qualquer prejuízo.
6. CUSTOS, REMUNERAÇÃO E INDENIZAÇÃO: a participação neste estudo não terá custos
adicionais para você. Também não haverá qualquer tipo de pagamento devido a sua participação no
estudo. Fica garantida indenização em casos de danos, comprovadamente decorrentes da participação
na pesquisa, nos termos da Lei.
7. ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS, CRÍTICAS, SUGESTÕES E RECLAMAÇÕES: você
receberá uma via deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a outra ficará com a
pesquisadora. Caso você concorde em participar, as páginas serão rubricadas e a última página será
assinada por você e pela pesquisadora. A pesquisadora garante a você livre acesso a todas as
informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas consequências. Você poderá ter
acesso à pesquisadora Maria Inês de Almeida Pinto Reis pelo telefone 21 998631322 ou pelo e-mail:
inesreis62@gmail.com. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, poderá
entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Colégio Pedro II (CEP/CPII), situado no
Endereço: Campo de São Cristóvão nº 177, prédio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa,
Extensão e Cultura (PROPGPEC), sala 202-B – São Cristóvão – Rio de Janeiro, CEP 29921-903, pelo
telefone: 21 3891-0020 ou pelo e-mail: cep@cp2.g12.br

CONSENTIMENTO

Eu, ________________________________________li e concordo em participar da pesquisa.

Data: ___/___/_____
Assinatura do(a) participante

Eu, ________________________________________ obtive de forma apropriada e voluntária o


Consentimento Livre e Esclarecido do(a)participante da pesquisa.

Data: ___/___/_____
Assinatura do(a) pesquisador(a)

Endereço: Campo de São Cristóvão nº 177, prédio da Pró-reitoria de Pós-Graduação,


Pesquisa, Extensão e Cultura (PROPGPEC), sala 202-B – São Cristóvão –
Rio de Janeiro, CEP 29921-903
TEL: 21 3891-0020 – E-mail: cep@cp2.g12.br
Site : http://www.cp2.g12.br/blog/cepcpii/
93

APÊNDICE D – Roteiro de Grupo Focal

Tema Central: A avaliação na prática docente dos professores de Educação Física


Itens relacionados ao tema:
Qual a importância da avaliação na disciplina?

Quais são as formas de avaliar atualmente utilizadas?

As especificidades da disciplina demandam uma forma de avaliar distinta?

O professor da disciplina dispõe de recursos (do tipo pedagógico, infraestrutura, insumos


etc.) para avaliar?

Quais seriam as propostas e/ou sugestões para uma avaliação mais efetiva na disciplina?
94

APÊNDICE E – Dados sociais dos participantes da Entrevista, Grupo Focal e


Dinâmica

Construção e Validação de Instrumento de Avaliação para as aulas de


Educação Física do Ensino Fundamental – Anos Finais do Colégio Pedro II
Pesquisadora: Maria Inês de Almeida Pinto Reis
Dados sociais dos participantes

1) Idade
_________________________________________________________________

2) Gênero _______________________________________________________________

3) Formação Acadêmica
____________________________________________________

4) Tempo de experiência Profissional


__________________________________________

5) Tempo de atuação no Colégio Pedro II


_______________________________________

6) Campus
_______________________________________________________________
95

APÊNDICE F – Formulário para Validação Técnica da Versão Inicial do


Instrumento de Avaliação para as aulas de Educação Física no Colégio Pedro II

Prezado(a) Professor(a),

Com base em sua expertise, solicito validar tecnicamente o instrumento que construí
e que constitui parte fundamental da minha dissertação de mestrado. Por oportuno,
seguem as instruções para a validação e, em anexo, o Instrumento para considerar.

Instruções:
1. Analise o Instrumento de Avaliação para as Aulas de Educação Física no Colégio
Pedro II, em anexo.
2. A seguir, assinale SIM ou NÃO para cada item do Instrumento, justificando e
identificando as respostas negativas.
Item Sim Não Justificativa para o Não:
1. As categorias, os indicadores e os itens
do instrumento apresentam o que deve
ser observado com inteligibilidade?
2. Os itens possuem correspondência com
as categorias?
3. Cada item descreve um único aspecto a
ser avaliado pelo instrumento?
4. Em cada categoria todos os itens são
relevantes?
5. Os itens NÃO possuem aspectos
sobrepostos (Redundância)?
6. Segundo norma culta da língua os itens
estão redigidos de forma correta?
7. Existe padronização na redação dos
itens?

Você alteraria a redação de algum item do Instrumento? Identifique-os, a partir de


suas categorias e numeração, e inclua a nova redação no quadro a seguir.
96

APÊNDICE G – Primeira Versão do Instrumento de Avaliação para as Aulas de


Educação Física dos alunos do Ensino Fundamental – Anos Finais do
Colégio Pedro II

Quadro 1 – Dimensão: Cumprimento de Normas e Regras


Padrões de
Categorias Indicadores
Julgamento
1.1 Comparecimento às aulas.
1. Frequência
1.2 Permanência nas aulas até o seu término.
2.1 Comparecimento no horário estabelecido para o
início das aulas. Sempre
2. Pontualidade
2.2 Cooperação na organização da turma no
Frequentemente
momento da chamada.
Eventualmente
3. Uso do 3.1 Uso do uniforme completo, conforme estabelecido
uniforme na Portaria 3638. Nunca
4.1 Ausência da aula somente com a anuência do
4. Acordos professor.
iniciais 4.2 Iniciativa para resolver questões da disciplina
com o professor.

Quadro 2 – Dimensão: Participação


Padrões de
Categorias Indicadores
Julgamento
5.1Participação nas atividades com interesse.
5. Atividades
individuais 5.2 Disponibilidade para as atividades, mesmo sem ter
habilidade.
6.1 Participação nas atividades com interesse.
6.2 Interação com todos do grupo para atingir os Sempre
6. Atividades Frequentemente
objetivos propostos.
em grupo
6.3 Participação, de forma democrática, do processo Eventualmente
de construção curricular. Nunca

7. Atividades 7.1 Participação nas atividades com interesse.


propostas
pelos alunos 7.2.Proposição e inovação de atividades variadas.
97

Quadro 3 – Dimensão: Autonomia

Padrões de
Categorias Indicadores
Julgamento

8. Emancipação 8.1 Proposição de modificações das atividades.


corporal
8.2 Demonstração de conhecimento de limitações e
aptidões de movimentos. Sempre
9.1 Apresentação de relatos de experiências Frequentemente
9. Compreen- corporais vivenciadas fora da sala de aula. Eventualmente
são da 9.2 Reconhecimento da validade das atividades Nunca
Validade da corporais para a manutenção da saúde.
Ed. Física 9.3 Demonstração de sociabilidade por intermédio
da prática de atividades corporais.

Quadro 4 – Dimensão: Cooperação


Padrões de
Categorias Indicadores
Julgamento
10.1 Disposição para ensinar os colegas que
10.Assistência
apresentam dificuldades.
nas dificul-
10.2 Solicitação de ajuda quando não consegue Sempre
dades
realizar as atividades. Frequentemente
11.1 Incentivo aos colegas mesmo quando cometem Eventualmente
11.Espírito de erros de execução das atividades. Nunca
equipe 11.2 Pro atividade mesmo quando o grupo apresenta
dificuldades nas atividades.

Quadro 5 – Dimensão: Afirmação de Valores


Padrões de
Categorias Indicadores
Julgamento
12.1 Aceitação das diferentes formas de
execução das atividades realizadas
12.Compreensão pelos colegas de turma.
das diferentes 12.2 Manifestação das suas percepções sobre
manifestações cultura corporal sem rejeitar ou excluir
da cultura as demais.
corporal Sempre
12.3 Compartilhamento de interesse na busca
Frequentemente
de diferentes formas de expressão da
Eventualmente
cultura corporal.
Nunca
13.1 Participação sem discriminação em
atividades com qualquer aluno da
13.Integração das turma.
diferenças 13.2 Participação, de forma construtiva, nas
atividades integrando as diferentes
habilidades individuais.
98

14.1 Observância às orientações do(a)


14.Respeito ao(à) professor(a) em relação às atividades.
professor(a) 14.2 Construção de diálogo respeitoso com
o(a) professor(a).
15.1 Atenção às colocações, críticas e
15.Respeito aos sugestões dos colegas.
colegas 15.2 Construção de diálogo respeitoso com os
colegas.
16.1 Preservação e uso adequados dos
materiais e equipamentos de aula.
16.Cuidado com os
16.2 Demonstração de cuidados no uso dos
recursos físicos
materiais e equipamentos, para não se
e materiais
machucar ou machucar os colegas
durante as atividades.

Quadro 6 – Dimensão: Princípios Democráticos


Padrões de
Categorias Indicadores
Julgamento
17.1 Solidariedade com os temas que
17.Desenvolvimento enriquecem a cultura corporal da turma.
coletivo pela 17.2 Contribuição para o aperfeiçoamento do
convivência conhecimento coletivo sobre o uso do corpo Sempre
nas diferentes atividades. Frequentemente
18.1 Reconhecimento da importância da Eventualmente
18.Reconhecimento Educação Física na escola como meio de Nunca
e valorização formação cidadã.
das diferenças 18.2 Valorização da participação em atividades,
independente do resultado.
99

APÊNDICE H – Carta Convite

Prezado(a) Professor(a),

Estou na etapa de conclusão da dissertação de Mestrado Profissional em


Avaliação da Faculdade Cesgranrio, cujo objetivo é a construção e validação de um
instrumento para avaliar os alunos nas aulas de Educação Física do Colégio Pedro II,
dos Anos Finais do Ensino Fundamental do Campus Humaitá II.
O instrumento, já construído, foi submetido à validação técnicade especialistas
das áreas da educação e da avaliação. Com base na sua atuação e experiência na
área de Educação Física, solicito mais esta colaboração visando avaliar o instrumento.
Assim, será possível verificar a adequação deste instrumento no atendimento às
necessidades do corpo docente para avaliar os alunos nas aulas de Educação Física.
Por oportuno, seguem, em anexo, o formulário a ser preenchido com as
instruções e o Instrumento para a sua apreciação.
Informo que os dados coletados serão trabalhados de forma anônima e
confidencial, e serão utilizados, exclusivamente, no âmbito deste estudo.
Agradeço a sua valiosa contribuição. Se possível, envie a sua avaliação até a
próxima segunda-feira, dia 23 de março. Estou à disposição para quaisquer
esclarecimentos.

Atenciosamente,

Maria Inês de Almeida Pinto Reis


inesreis62@gmail.com
21 998631322
100

APÊNDICE I – Formulário para Validação de Conteúdo do Instrumento de


Avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física no Colégio Pedro II

Prezado Professor,

Por gentileza, antes de dar início à sua avaliação, responda às perguntas da primeira
parte deste formulário, que servirão para compor o perfil social do grupo de
especialistas respondentes.

I Parte – Perfil Social dos Especialistas

1. Sexo
( ) Feminino ( ) Masculino

2. Idade
( ) Menos de 25 anos ( ) De 25 a 35 anos ( ) De 36 a 45 anos
( ) De 46 a 55 anos ( ) 56 anos ou mais

3. Formação
( ) Graduação ( ) Pós-graduação lato sensu
( ) Mestrado ( ) Doutorado

4. Tempo de atuação como professor(a) de Educação Física?


( ) De 1 a 5 anos ( ) De 6 a 10 anos ( ) De 11 a 15 anos
( ) De 16 a 20 anos ( ) De 21 a 25 anos ( ) De 26 a 30 anos
( ) De 31 a 35 anos ( ) 36 anos ou mais

5. Tempo de atuação como professor(a) de Educação Física no Colégio Pedro II?


( ) De 1 a 5 anos ( ) De 6 a 10 anos ( ) De 11 a 15 anos
( ) De 16 a 20 anos ( ) De 21 a 25 anos ( ) 26 anos ou mais

6. Em qual(is) Campus(i)do Colégio Pedro II você atua?


( ) Centro ( ) Engenho Novo II ( ) Humaitá II
( ) Realengo II ( ) São Cristóvão II ( ) Tijuca II

7. Em qual(is) segmento(s) você atua, como professor(a) de Ed. Física, no Colégio


Pedro II?
( ) Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental – Anos Iniciais
( ) Ensino Fundamental – Anos Finais ( ) Ensino Médio
101

II Parte – Validação de Conteúdo

Após a análise do instrumento de avaliação proposto (anexo), por favor, assinale SIM
ou NÃO para cada item do formulário, justificando as respostas negativas.

1. Você concorda com as DIMENSÕES propostas no Instrumento?

Resposta
Dimensões
Sim Não
a) Cumprimento de Normas e Regras ( ) ( )
b) Participação ( ) ( )
c) Autonomia ( ) ( )
d) Cooperação ( ) ( )
e) Afirmação de Valores ( ) ( )
f) Princípios Democráticos ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) dimensão(ões)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2. As CATEGORIAS propostas são adequadas para contemplar a Dimensão:


Cumprimento de Normas e Regras?

Resposta
Categorias
Sim Não
1. Frequência ( ) ( )
2. Pontualidade ( ) ( )
3. Uso do Uniforme ( ) ( )
4. Acordos Iniciais ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) categoria(s)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
102

3. As CATEGORIAS propostas são adequadas para contemplar a Dimensão


Participação?

Resposta
Categorias
Sim Não
5. Atividades Individuais ( ) ( )
6. Atividades em Grupo ( ) ( )
7. Atividades Propostas Pelos Alunos ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) categoria(s)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

4. As CATEGORIAS propostas são adequadas para contemplar a Dimensão


Autonomia?

Resposta
Categorias
Sim Não
8. Emancipação Corporal ( ) ( )
9. Compreensão da Validade da Educação Física ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) categoria(s)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5. As CATEGORIAS propostas são adequadas para contemplar a Dimensão


Cooperação?

Resposta
Categorias
Sim Não
10.Assistência nas dificuldades ( ) ( )
11.Espírito de equipe ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) categoria(s)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
103

6. As CATEGORIAS propostas são adequadas para contemplar a Dimensão


Afirmação de Valores?
Resposta
Categorias
Sim Não
12.Compreensão das diferentes manifestações da cultura corporal ( ) ( )
13.Integração das diferenças ( ) ( )
14.Respeito ao(à) professor(a) ( ) ( )
15.Respeito aos colegas ( ) ( )
16.Cuidado com os recursos físicos e materiais ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) categoria(s)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

7. As CATEGORIAS propostas são adequadas para contemplar a Dimensão


Princípios Democráticos?
Resposta
Categorias
Sim Não
17.Desenvolvimento coletivo pela convivência ( ) ( )
18.Reconhecimento e valorização das diferenças ( ) ( )

Em caso negativo, justifique sua resposta, indicando qual(is) outra(s) categoria(s)


poderia(m) ser acrescentada(s) ou retirada(s) do instrumento.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

8. Em relação aos INDICADORES propostos para as diferentes categorias do


instrumento, você os considera adequados para proporcionar informação precisa e
confiável a respeito do que se quer medir?
( ) Sim ( ) Não

9. Você modificaria a redação de algum INDICADOR do Instrumento de Avaliação?


( ) Sim ( ) Não

Se sim, aponte qual INDICADOR deve ser modificado e como:


Nº do Indicador Atual Sugestão de nova redação do Indicador
104

10. Há algum INDICADOR que deva ser incluído ao Instrumento de Avaliação?


( ) Sim ( ) Não

Se sim, sinalize em qual categoria e descreva o indicador:


Dimensão Nº da Categoria Novo Indicador

11. Há algum INDICADOR que deva ser excluído do Instrumento de Avaliação?


( ) Sim ( ) Não

Se sim, sinalize o número do INDICADOR que deve ser retirado e justifique:

Nº do Indicador a ser retirado Justificativa

12. Que sugestões você apresentaria visando à melhoria do Instrumento de


Avaliação de Alunos nas Aulas de Educação Física no Ensino fundamental
– Anos Finais?
______

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Obrigada,

Contato com a Mestranda:


Maria Inês de Almeida Pinto Reis
inesreis62@gmail.com
(21) 998631322

Você também pode gostar