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Análise Existencial
e Logoterapia Frankliana
VAZIO EXISTENCIAL
E TRÍADE TRÁGICA
NEGATIVA
Revisão e Direção Geral
Luis Enrique Paulino Carmelo
Transcrição e Resumo
Filipe Italiano Leal
Bruno Afonso Alves da Silva
Revisão Ortográfica
Ana Carolina Cenedesi Machado Bertolini
Diagramação e Edição
Em Rota Produções
SUICÍDIO | 9
A tragédia é algo que pode começar bem, mas sempre termina em queda.
Se fazíamos um caminho de ascensão quando falávamos da tríade trágica
positiva, agora faremos um caminho de descida, uma vez que falaremos
sobre a tragédia humana e o vazio existencial.
Nós somos, por excelência, seres que buscam o sentido da vida. Isso nos é
próprio. Inclusive, esse é um dos pilares da Logoterapia. Encontrar o sentido
da vida, muito embora seja próprio ao ser humano, não é algo espontâneo
e nem fácil. Não estamos determinados a encontrar o sentido. Para sermos
movidos pela vontade e caminharmos nessa direção - de experimentar
o sentido - faz-se necessário um empenho, uma escuta, uma resposta,
uma luta, uma decisão diária e resoluta; aquilo que Santa Teresa diz: “uma
determinada determinação”, aplica-se muito bem ao caminho que nos leva
ao sentido.
Muito embora seja claro que o homem busque o sentido e essa busca
se dê através de um esforço, cada vez mais parece que se tornou tabu falar
em busca de sentido, da mesma forma, diz Frankl, como outrora era tabu
falar sobre sexo. Os sofrimentos do homem moderno não são recorrentes de
uma repressão sexual - como nos tempos de Freud - ou de um complexo de
inferioridade - como em Adler. A questão central, que, de fato, nos incomoda
é a falta de sentido. O que fica muito claro é que a pessoa humana tem
sofrido porque não encontra o sentido de sua vida, mesmo tendo todo o
prazer e um sentimento de superioridade por ter conquistado muitas coisas
que queria. A pessoa humana experimenta o vazio e, inevitavelmente, uma
crise de sentido.
Frankl diz que o grande mal de nosso tempo é que as pessoas têm, cada
vez mais, com o que viver, mas já não sabem o porquê viver. Vivemos em uma
sociedade de hiper abundância, temos muito mais do que todas as outras
gerações já tiveram; nunca se teve tanto e nunca se sofreu tanto; nunca se
teve tantos meios para viver, mas, ao mesmo tempo, nunca se experimentou
uma sensação tão angustiante de não saber o porquê se vive. Frankl diz,
ainda, que possuímos os “comos” (os meios), mas já não sabemos o “porquê”.
Rafael Cifuentes, em seu livro “Insegurança, medo e coragem”, conta
que em uma das visitas de Frankl ao Brasil, um repórter entrevistou-o no
Copacabana Palace e perguntou-lhe por que os seus livros eram best sellers
em tantos países do mundo. Frankl respondeu:
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Se o niilismo, como diz Frankl, somos nós que produzimos, então somos
também nós os responsáveis por não deixar que esse sentimento cresça em
nós.
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VAZIO EXISTENCIAL
No que diz respeito ao vazio existencial (ou frustração existencial ou
vácuo existencial) e a sua superação, tudo depende da nossa atitude: ou nos
orientamos para além de nós mesmos ou nos orientamos para nós mesmos.
O vazio existencial não é uma enfermidade. Esse vazio só revela o fato de
que a pessoa humana é um ser espiritual e, portanto, autotranscendente.
Apesar de não ser em si uma patologia, o vazio existencial é perigoso e
precisa ser superado. A ausência de sentido é um aviso de que as coisas não
vão bem e podem ficar muito piores.
Para Freud, o simples fato da pessoa se perguntar sobre o sentido da vida
já é o sintoma de uma doença. “Se se pergunta pelo sentido da vida é porque
se está doente”, diz Freud. Já para Frankl, tanto o fato da pessoa se indagar,
quanto negar o sentido, não é patológico, mas somente uma capacidade
humana de buscar uma resposta.
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ADICÇÃO
AGRESSIVIDADE
Não sabendo o valor que ela própria tem, não tendo ideia daquilo que ela -
enquanto ser humano - traz enquanto potência, chamado, a pessoa também
não compreende a dignidade do outro. Se eu não me valorizo, se não atribuo
valor à minha existência, não é possível valorar o outro. A desvalorização de si
próprio traz como consequência direta a desvalorização do outro. Aqui está
a raíz da agressividade. Vivemos um tempo de grande agressividade, numa
sociedade totalmente polarizada; agressividade na rua, nas redes sociais, na
família, no casamento. Há dificuldade de ouvir o que os outros estão falando.
Existe hoje uma banalização da violência. Tudo parece nos irritar um pouco.
Isso tudo é manifestação de vazio existencial
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AUTO-AGRESSÃO
SUICÍDIO
Quando se fala de auto-agressividade, evidencia-se o problema do
suicídio. Viktor Frankl fala com muita propriedade sobre isso - tendo, inclusive,
por quatro anos, se dedicado a atender pacientes com essa demanda de
suicídio. Viktor Frankl fala de quatro tipos de suicídio:
▶ Físico [origem biológica] – nesse grupo se incluem, por exmplo, os
casos em que alguém, a partir de uma indisposição anímica, de origem, em
última instância, corporal tenta se matar quase de modo quase compulsivo.
▶ Cálculo [origem psíquica] – existe aqui uma perversidade, uma maldade
ou uma patologia psíquica, a pessoa age por sede de vingança, para que
os outros sofram, carregando consigo por toda a vida uma consciência de
culpa.
▶ Cansaço [origem psíquica] – pessoas que fazem dos sentimentos
argumentos. Há aqui um empobrecimento intelectivo/imagético, uma vez
que a pessoa faz da sua fadiga um argumento para botar fim a vida, quando
na verdade o que ela deveria saber é que se pode continuar caminhando e
superar esse cansaço.
O antídoto para esse tipo de suicídio passa pela compreensão que chegou
Jerry Long, que após um acidente que o deixou paralisado do pescoço
para baixo, acabando com sua promissora carreira no beisebol, conheceu
Viktor Frankl e o livro “Man’s Search for Meaning” (“Em busca de sentido”,
na versão em português). Ele escreveu uma carta para Frankl e os dois logo
se tornaram bons amigos. Com respeito a sua condição de paralisia, ele
costumava dizer: “eu quebrei meu pescoço, ele não me quebrou.”
▶ Suicídio de balanço: decorre sempre do chamado balanço negativo da
vida. Nele a pessoa faz um balanço, compara o crédito (todo o sofrimento e
toda a dor) com o débito (toda a felicidade não alcançada), confronta o que
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a vida lhe deve e o que ele acredita que ainda pode alcançar na vida, e o
balanço negativo que faz leva-a ao suicídio. Esse balanço está, porém, errado
na abordagem, pois a pessoa não está no mundo por prazer.
Somente o quarto tipo de suicídio é uma manifestação do vazio existencial,
que tem como motivação uma neurose noogênica.
ATITUDE FATALISTA:
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surgem a partir da visão que o neurótico tem acerca do que é a vida. Essa
visão consiste em uma crença profundamente supersticiosa quanto ao
poder do destino. A irresponsabilidade do neurótico se alimenta da crença
de que tudo está determinado, como se tivesse um destino diante do qual
não se pode se posicionar. Ora, se há um destino que me determina, se não
há uma resposta adequada que eu posso dar diante das diversas situações,
logo não se faz necessário agir com responsabilidade, pois eu irei ser aquilo
que o meu destino me aponta.
ATITUDE PROVISÓRIA
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PENSAMENTO COLETIVISTA
Aqui a pessoa não tem opinião própria. Sendo assim, ela se deixa absorver
pela massa
▶ COMUNIDADE: local no qual as pessoas são vistas na sua unicidade e
na sua irrepetibilidade.
▶ Exemplo.: Analogia do mosaico (cada peça tem a sua função e sua
beleza consiste justamente na diferença que existe entre as peças). Para
Frankl, essa diferença seria o ser único e irrepetível de cada pessoa que
precisa se manifestar na comunidade.
▶ MASSA: não tolera diferença, tolera apenas uma ideia. As ideologias
constroem massa, fagocitam as consciências, castram a liberdade em prol
de uma igualdade. A igualdade não pode excluir a liberdade e as diferenças
ontológicas e vocacionais que existem. Na massa as individualidades são
aplainadas e as personalidades são sacrificadas, sempre pela tendência do
nivelamento.
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FANATISMO
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“As coisas vão mal, mas se não fizermos o melhor que pudermos
para fazê-las progredir, tudo será ainda pior.” (Em Busca de
Sentido)
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suas tarefas, que preservou Viktor Frankl da morte depois dos campos de
concentração.
[4] Realização de valores: realizar valores (criativos, vivenciais e atitudinais)
deve ser o alvo das nossas intenções.
[5] Viver a autotranscendência: a autotranscendência é a essência da
nossa existência. O homem vive por seus ideais e valores e a existência
humana, diz Frankl, não é autêntica ao menos que seja vivida de maneira
autotranscendente. A autotranscendência é a capacidade que temos de
esquecer de nós mesmos e fazermos algo por alguém. Sempre que somos
solicitados, diante de uma situação que nos cabe, que nos convoca, devemos
ter uma atitude de prontidão, de serviço.
[6] Revitalização das instituições: vivemos uma crise institucional e, sem
boas instituições, não conseguimos manter e sustentar as boas tradições.
Eliminar as boas instituições é um passo fundamental para eliminar as
boas tradições, pois as instituições saudáveis fomentam as boas tradições,
propagando os bons ensinamentos. São Josémaria Escrivá diz que a crise
que vivemos é uma crise de santos, e os santos são formados nas instituições.
[7] Afinar as consciências: Frankl diz que uma consciência vívida e
ativa constitui também a única coisa que capacita o homem a resistir
às consequências de um vazio existencial, a saber o conformismo e o
totalitarismo.
[8] O suporte interior na eternidade: Se o nosso suporte estiver somente
nas realidades mais baixas, materiais e imanentes, se o nosso suporte não
estiver na eternidade, tudo se torna fugaz, tudo se perde.
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