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Perspectivas de uma

Assistente Social no
Acolhimento e Integração
de Refugiados
APSS Norte
Ideias Chave
● Intervenção em situação de protecção internacional

○ Realidade Portuguesa

○ Diversidade Cultural

● Diferentes Modelos

○ Diferentes Modelos

○ O papel do Assistente Social

● O papel facilitador do Assistente Social na Intervenção com Refugiados


Áreas de Intervenção:
Resposta Humanitária: distribuição de alimentos, apoio psico-social, assistência médica e

restabelecimento de laços familiares;

Integração: informação sobre os direitos e obrigações dos migrantes e requerentes de asilo,

promovendo a integração ou reintegração através de acompanhamento, orientação e

encaminhamento;

Sensibilização: defesa e promoção dos direitos dos migrantes, sensibilizando os Governos, a

comunicação social e o público em geral em favor de uma política de migração justa,

promoção do combate ao racismo, à xenofobia e à discriminação.


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Premissas essenciais:

● Foco na pessoa, suas necessidades e ● Promoção da mudança social

vulnerabilidades ● Reforço da capacitação das pessoas

● Apoiar as suas aspirações ● Respeito pela dignidade de todos os seres

● Reconhecer os seus direitos humanos e pela diversidade

● Protecção e advocacia humanitária ● Defesa dos direitos humanos e justiça social

● Construir parcerias que beneficiem os

migrantes e refugiados

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Conceitos Chave ● A convenção de 1951 considerou
refugiada qualquer pessoa que receie
“com razão ser perseguida em virtude
da sua raça, religião, nacionalidade,
filiação em certo grupo social ou das
● Migrantes são pessoas que deixam a
suas opiniões políticas, se encontre
sua residência habitual para viverem
fora do país de que tem a
em novos lugares – geralmente fora
nacionalidade e não possa ou, em
do seu país – em busca de
virtude daquele receio, não queira
oportunidades ou perspectivas de vida
pedir a protecção daquele país; ou
melhores e mais seguras.
que, se não tiver nacionalidade e
estiver fora do país no qual tinha a
sua residência habitual após aqueles
acontecimentos, não possa ou, em
virtude do dito receio, a ele não queira
voltar” (artigo 1).
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Os cidadãos de países terceiros à União Europeia ou


apátridas que tiveram de deixar o seu país ou
Conceitos Chave região de origem, ou tenham sido evacuados,
nomeadamente em resposta a um apelo de
Pessoas Deslocadas organizações internacionais, e cujo regresso
seguro e duradouro seja impossível devido à
situação ali existente, e que possam,
i) Pessoas que tenham fugido de zonas de eventualmente, estar abrangidos pelo âmbito de
conflito armado ou de violência endémica; aplicação do artigo 1.º-A da Convenção de
ii) Pessoas que tenham estado sujeitas a Genebra ou de outros instrumentos
um risco grave ou tenham sido vítimas de internacionais ou nacionais de protecção
violações sistemáticas ou generalizadas
internacional e, em especial:
dos direitos humanos

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13/04/2022

Conceitos Chave
«Protecção temporária», o procedimento de
carácter excepcional que assegure, no caso de
ocorrência ou iminência de um afluxo maciço de
É válido por um ano, em Portugal com a
pessoas deslocadas de países terceiros, possibilidade de ser prorrogada até um ano,
impossibilitadas de regressar ao seu país de que permite o acesso aos serviços
origem, uma protecção temporária imediata, básicos e respostas de integração
designadamente se o sistema de asilo não puder
responder a este afluxo sem provocar efeitos
contrários ao seu correcto funcionamento, no
interesse das pessoas em causa e de outras
pessoas que solicitem protecção;
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Tendências

O número de refugiados, requerentes de asilo e de populações deslocadas no seu próprio


território aumentou muito nos últimos anos. (Até 2012 nunca além dos 45 milhões, em 2018
ultrapassou-se os 70M. Hoje são mais de 80M)

Em Portugal, os pedidos de protecção internacional aumentaram nos últimos 5 anos, sendo


que na última década cresceram 7 vezes mais. (2011: 275 – 2019:1820)

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Tendências

Até 2015 os pedidos de protecção internacional eram efectuados:


- Território nacional
- Posto de fronteira

Maioritariamente por via de pedidos espontâneos dos próprios requerentes. (A partir de 2006
Portugal passou a assumir o compromisso de 30 reinstalações por ano, nem sempre
cumprido)

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13/04/2022

Tendências
Entre 2015 e 2019:
1. Pedidos Espontâneos
2. Recolocação (Terminou em Abril de 2018. Compromisso de 2951
para1550)
3. Acordo EU/Turquia 1x1 (De Jun16 a Dez17 200 para 142)
4. Reinstalação
5. Recolocação ad hoc barcos humanitários (Itália e Malta)

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Reinstalação

● Consiste na transferência de refugiados, com estatuto já reconhecido pelo ACNUR, em


situações de vulnerabilidade e com necessidade de protecção internacional, a pedido
do ACNUR, de um primeiro país de asilo fora da União Europeia para um Estado-
membro que o aceita acolher. Por regra, é concedido a esses refugiados reinstalados
um estatuto de residência de longa duração e, em inúmeros casos, a possibilidade de
aceder à nacionalidade do Estado-membro que os acolhe. A reinstalação é
percepcionada como uma solução duradoura e um instrumento de protecção de
refugiados.

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Recolocação

Refere-se ao movimento de refugiados de um Estado-membro da UE, que lhes concedeu


protecção internacional, para outro Estado-membro, que lhes concederá protecção
similar. É um processo interno à União Europeia, no qual Estados-membros apoiam-se
na distribuição da população refugiada atendendo a que alguns Estados membros
tendem a ter mais pressão nas suas fronteiras.
A recolocação traduz um processo de solidariedade interna e de partilha de encargos na
UE, especialmente com os países de fronteira marítima ou terrestre da Europa que
recebem mais refugiados.
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Recolocação ad hoc de Barcos


Humanitários
Compromisso de solidariedade e de cooperação com as autoridades maltesas e italianas

para a transferência para o território nacional de cidadãos estrangeiros provenientes

de barcos humanitários.

A recolocação ad hoc de migrantes chegados à União Europeia através de barcos

humanitários assumiu, em Portugal, uma sistema semelhante ao definido para o

mecanismo de recolocação de 2015.


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Plano Nacional para o Acolhimento e
Integração de Pessoas Refugiadas
1. Acesso à alimentação 7. Acesso ao mercado de trabalho
2. Acesso à habitação 8. Acesso a serviços na comunidade
3. Acesso a cuidados de saúde 9. Acesso à informação e a apoio
4. Acesso à educação jurídico
5. Aprendizagem de Português 10. Interpretação e tradução de
6. Acesso a formação, reconhecimento, documentos
validação e certificação de
competências 14
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Modelo de Acolhimento Português


A. Entidades de Acolhimento

Organizações da Sociedade Civil


- Consórcios
- ONG
- IPSS
- Paróquia

Municípios

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Deveres das Entidades de Acolhimento

1. Prestar alojamento em habitação adequada à dimensão do agregado familiar;

2. Assegurar as necessidades básicas (alimentação, vestuário e transporte)

3. Apoio no acesso aos cuidados de Saúde /Educação/ Segurança Social

4. Apoio Sócio-Profissional

5. Apoio na aprendizagem da língua portuguesa


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Maiores Desafios

● Capacidade de alojamento durante e pós programas de acolhimento


● Tratamento igual nos serviços públicos descentralizados que garantam o acesso
a todos
● Gestão de expectativas: refugiados, equipas e comunidade
● Sensibilizar municípios e comunidade para o acolhimento de novos refugiados
Entender o que é integrar… e ajustar…!

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Dificuldades Pós-Chegada

● Família
-ausência de relações familiares
-isolamento
● Discriminação
● Procedimentos Legais
● Condições Sócio-Económicas
● Cultura e religião
Factores de Protecção

• Presença de rede social (apoio formal e informal)


• Possibilidade de reagrupamento familiar
• Possibilidade de praticar a sua religião e manter hábitos
culturais
• Possibilidade de se movimentar livremente
• Serviços sensíveis e competentes
Diversidade cultural

Legal
Discriminação
Social
Espacial
EXCLUSÃO Segregação
Institucional
Cultural
Eliminação
Física
Assimilacionismo
Homogeneização
Fusão cultural
INCLUSÃO
Multiculturalismo
Pluralismo cultural
Interculturalismo

Modelos sociopolíticos face à diversidade sociocultural


(Gimenez, 2010)
Pluralismo cultural

OUTR
O multiculturalismo NÓS
● OS

Defende uma igualdade de direitos e de oportunidades e o direito à diferença de


vivências culturais.
Pluralismo cultural
OUTR
NÓS OS
O interculturalismo

Para além da defesa dos princípios da igualdade e da diferença, introduz o princípio da


interacção positiva
● ênfase na interação entre os sujeitos ou entidades culturalmente diferenciadas – o
foco deixa de ser a cultura (fechada em si mesma, cristalizada e uniforme), mas a
relação entre indivíduos, grupos e vivências culturais
● ultrapassam-se os pontos de diferença e procuram-se as convergências e os pontos
de encontro
NÓS...
«O Outro como ponto de partida»

Há pessoas que estranham os que são diferentes...


NÓS...
«O Outro como ponto de partida»

… Esquecem que são, elas próprias, diferentes aos olhos dos


outros.
Spier, P. (1991)
É mais o que nos une…

● https://www.youtube.com/watch?v=lJilaqnPif4

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REPRESENTAÇÕES
COMO
PERCEPCIONAMOS ESTEREÓTIPOS

A REALIDADE?
PRECONCEITOS
Representações

 Diferentes modos de apreensão da realidade que condicionam e em função


das quais se organizam as interações e as comunicações entre indivíduos e
comunidades.

 As representações são a realidade para aqueles que se identificam com elas.


Mas não devemos esquecer que existe uma realidade independente das
nossas teorias. [Uma representação pode tornar-se “a” realidade] se for
imposta a toda a gente. Moscovicci, S., 2003
Estereótipos

● Processos de pensamento / esquemas cognitivos de apreensão da

realidade que envolvem categorizações. São necessários para a

compreensão da realidade e produção do discurso.


Preconceitos

● Ideias pré-concebidas, sem sustentabilidade empírica, que

generalizam frequentemente uma imagem acerca de determinados

indivíduos ou grupos e que dificilmente se alteram face a nova

informação.
Percepções da realidade
● https://www.youtube.com/watch?v=U7HtY9SjCIk

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A COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

Evitar as generalizações...
«Não concluam, portanto, o que são os portugueses [os espanhóis, os
franceses, os angolanos, os cabo-verdianos, os ucranianos…] e o que são os
americanos. Falem-me do João e da Teresa, da Susan e da Mary…»

Pedro D’Orey da Cunha (1997), Entre Dois Mundos


A COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL
Resistir à tentação de julgar apressadamente

Discriminação em cadeia...
A COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL
Reflectir criticamente

Discriminação em cadeia...

Fonte: Comissão Europeia (1998), Racista, Eu?


Reflectir criticamente

COMPETÊNCIAS
PARA A Respeitar todos os modos de fazer: procurar, fazer, relacionar-se…
COMUNICAÇÃO
INTERCULTURAL Aceitar mudar através da relação e descobrir-se nela

Tolerar a ambiguidade

Verificar as perceções dos outros / Pedir feedback

Participar no debate e aprender com o outro

Saber escutar

Resistir à tentação de julgar apressadamente

Gerir incompreensões e conflitos

Ter consciência dos determinantes culturais


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PRODUTOS

Refugees
movie

https://www.cruzvermelha.pt/acolhimento-de-refugiados.html

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Intervenção Social

● Processo social em que uma dada pessoa, grupo,


organização, comunidade, ou rede social se assume
como recurso social de outra pessoa, grupo,
organização, comunidade, ou rede social, com ele
interagindo através de um sistema de comunicações
diversificadas com o objectivo de o ajudar a suprir um
conjunto de necessidades sociais, potenciando
estímulos e superando obstáculos à mudança
pretendida.
Intervenção Social - modelos

● Intervenção centrada no indivíduo, no seu


funcionamento psíquico, dirigindo a sua acção para as
causalidades dos problemas e nas dificuldades
individuais em enfrentá-los e resolvê-los.

● O diagnóstico é o elemento central neste modelo


Intervenção Social - modelos

● Intervenção centrada no problema e na sua


resolução, capacitando os indíviduos.

● Foco nas aprendizagens sociais e


comportamentais.
Intervenção Social - modelos

● Intervenção centrada no restabelecimento do


funcionamento social e capacidade adaptativa
das pessoas às situações de crise.

● As pessoas estão fragilizadas e num dado


momento esgotaram e não conseguem fazer
face à situação de crise, mas têm
capacidades para a superar.
Intervenção Social - modelos

● Intervenção directiva, em que o profissional


orienta a pessoa, ajudando na identificação do
problema que requer intervenção, de acordo
com as suas motivações, recursos e meios
internos e externos

● Os problemas estão identificados e apenas se


pretende a sua resolução, implica só
mudança no problema.
Intervenção Social - modelos

● Modelo relacional. Todos estamos ligados e


interdependentes. A mudança de um implica
mudança em todos.

● As pessoas estão em constante adaptação


com o meio em que vivem .

● Abordagem holística
Intervenção Social - modelos

● Os problemas individuais têm causas estruturais.

● A solução está nas transformação do mundo


social, não no indivíduo.

● Promotor da cidadania activa.

● Consciencializar a comunidade, denunciar


injustiças.
Intervenção Social - modelos

● Toda a conduta pode ser modificada desde


que se altere os estímulos que a originaram.

● Aprendizagem e desenvolvimento
educativo

● Facilita a mudança de um comportamento,


ensinando a actuar nas variáveis que o
condicionam.
Intervenção Social - modelos

● Desenvolvimento Local – Integrar e


capacitar a comunidade

● Planeamento Social – Implementação de


acções/projectos que resolva os problemas
comunitários

● Acção Social /Política –Mudanças nas


dinâmicas e relações de poder e na
distribuição de recursos
Intervenção Social - profissionais
● Os modelos de intervenção social não
são varinhas mágicas, mas permitem
aos profissionais reflectir sobre a sua
acção, prever efeitos e criar estratégias.

● São malas de conhecimentos que


promovem acções reflexivas e
fundamentadas.

● Os profissionais podem utilizar mais do


que um modelo, de forma eclética.
Intervenção Social
● O nosso papel enquanto AS
● O papel das pessoas no processo
● Conseguimos planear
● Temos impacto na mudança
● Avaliamos
● Trabalhamos em função de quê e de
quem? Dos objectivos dos
empregadores?
● Quais são os nossos limites pessoais e
profissionais?
● Pedimos ajuda?
Intervenção Social - profissionais
● passar dos problemas para
os desafios
● passar das fraquezas para as
forças
● passar de uma preocupação
com o passado para uma
orientação para o futuro
“O Serviço Social é uma profissão de intervenção e uma disciplina
académica que promove o desenvolvimento e a mudança social, a
coesão social, o empowerment e a promoção da Pessoa. Os
princípios de justiça social, dos direitos humanos, da
responsabilidade coletiva e do respeito pela diversidade são
centrais ao Serviço Social. Sustentado nas teorias do serviço
social, nas ciências sociais, nas humanidades e nos
conhecimentos indígenas, o serviço social relaciona as pessoas
com as estruturas sociais para responder aos desafios da vida e à
melhoria do bem-estar social.”
O papel facilitador do Assistente Social
na Intervenção com Refugiados
O papel facilitador do Assistente Social
na Intervenção com Refugiados
Resposta
Advocacy Construção Políticas

Empoderamento
Resposta
Self advocay – Informar é
Integração
empoderar

Intervenção em Crise
Resposta Assistencialismo
Humanitária Assegurar as
necessidades básicas
CONTACTOS

Joana Rodrigues Wilders


Email: supervisao.joana@gmail.com
Telefone: 966215896

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