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2020-2021
Bibliografia
PP das aulas teóricas
Kandel Principles of Neuroscience
Schirmer Emotion
Ward The student´s guide to Cognitive Neuroscience
Bear Neuroscience Exploring the Brain
Artigos citados nas PP
O esquema apresentado no fim do capítulo das Bases Cerebrais das Emoções é da autoria da
nossa colega Mariana Tomé, a quem agradeço a autorização para o colocar neste
trabalho.
O resumo foi comparado, no geral, com a sebenta das nossas colegas Andreia Adão e
Giovanna Esteves, para ver se não faltava nada. A maior diferença é na aula 10, que
penso que não consta este ano do programa. As partes retiradas desta sebenta estão
devidamente assinaladas.
Paula T P M Tavares
tavarespaula@edu.ulisboa.pt
Emoções: Conceito e Perspetivas Históricas 5
René Descartes 5
Charles Darwin 5
William James 6
Abordagem categorial 11
Abordagem dimensional 16
Abordagem Avaliativa 20
Lobo límbico 23
Circuito de Papez 24
A amígdala 27
Síndrome de Klüver-Bucy 27
Estrutura da amígdala 29
Doença de Urbach-Wiethe 34
Patologia da amígdala 35
Córtex Orbitofrontal 37
Ínsula 44
2
Sistemas neuronais envolvidos expressões vocais 54
Interações Emoção-Cognição 76
Atenção e Emoção 77
Emoções e Memória 80
Emoções e cultura 97
Dados neurobiológicos 99
3
Infância 115
Adolescência 116
4
Emoções: Conceito e Perspetivas Históricas
5
As emoções são úteis: servem de comunicação entre membros da mesma
espécie, sinalizando motivações, vontades, etc.
Tal como Descartes considera que as emoções estão ligadas as alterações
corporais (ex. alteração ritmo cardíaco) e comportamentais.
6
ainda era capaz de expressar raiva. No entanto, uma transecção abaixo do
hipotálamo eliminava a expressão de raiva. Isso implicava claramente o
hipotálamo nas reações emocionais.
Cannon e seu aluno Phillip Bard propuseram uma teoria bastante influente da
emoção, centrada no hipotálamo e no tálamo. De acordo com essa teoria, a
informação sensorial processada no tálamo seria enviada para o hipotálamo e o
córtex cerebral. As projeções para o hipotálamo produziriam respostas
emocionais (via conexões com o tronco encefálico e a medula espinal), enquanto
as projeções para o córtex cerebral produziriam os sentimentos conscientes. O
hipotálamo seria o responsável pela avaliação do significado emocional dos
estímulos externos e as reações emocionais dependeriam de sua estimativa.
7
Emoção = estado mental consciente ou inconsciente, elicitado por evento(s)
avaliado(s) como relevante para as nossas necessidades e que motiva(m)
comportamentos no sentido de se concretizar essas necessidades.
8
ou seja, não há reações emocionais perante situações em relação às quais o
indivíduo é indiferente. A intensidade da emoção relaciona-se com a intensidade
da motivação subjacente. Os diferentes tipos de emoções distinguem-se, entre
outras coisas, pelo tipo de motivação subjacente.
2. COMPROMISSO
A resposta emocional tende a surgir em situações em que a pessoa esteja
pessoalmente envolvida ou comprometida. Ex. a situação envolve o Eu, algo ou
alguém de quem a pessoa gosta.
3. APPRAISAL
As emoções resultam da análise cognitiva que as pessoas fazem das situações,
em termos do seu significado e, sobretudo, das suas implicações, para si e para os
seus compromissos. Algo que é importante para a pessoa corre o risco de se
perder (medo), foi perdido (tristeza), está a ser prejudicado (raiva).
4. SENSAÇÃO SUBJETIVA
Cada emoção tem uma sensação subjetiva que lhe é característica, e permite às
pessoas identificar o estado emocional em que se encontram. A observação das
situações e dos comportamentos da pessoa permite à comunidade linguística
identificar a emoção que a pessoa está a experienciar e dar-lhe um nome. A pessoa
aprende então a usar esse nome para designar esse estado subjetivo.
5. ALTERAÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS
Em muitos casos, as emoções são acompanhadas de alterações fisiológicas em
zonas periféricas do corpo (fora do sistema nervoso central), por ação do sistema
nervoso autónomo (cuja ação é independente da vontade).
6. TENDÊNCIAS COMPORTAMENTAIS
As emoções tendem a induzir certos tipos de comportamento, classificados em
dois grandes tipos:
1) Comportamentos funcionais - permitem alterar a situação no
ambiente exterior, lidando de forma direta com a situação que gerou a emoção
(ex: fugir quando se sente medo, atacar quando se sente raiva).
9
2) Comportamentos expressivos - Não têm uma ação direta sobre o
ambiente, mas visam apenas informar outros indivíduos acerca do estado
emocional da pessoa.
7. CARÁTER ADAPTATIVO
É possível apontar vantagens das emoções em termos de adaptação,
sobrevivência e sucesso reprodutivo, tornando plausível que tenham sido
construídas pelos mecanismos da evolução.
……………………………………………..Sebenta…………………………………………………
Abordagens teóricas
10
Abordagem categorial
11
Caracterizadas por início súbito, duração curta e ocorrência
automática.
As emoções são programas sensório-motores discretos e cada um destes
programas consiste num circuito cerebral coerente que elícita e integra cognições
e respostas somáticas num sistema neural unitário (e.g., Ekman, 1992; LeDoux,
1996; Ohman & Wiens, 2004).
12
Qual é a estrutura básica da experiência emocional e como é representada no
cérebro humano?
A teoria das emoções básicas discretas, propõe um conjunto limitado de
emoções básicas, como felicidade e medo, que são caracterizadas por perfis
fisiológicos e neuronais únicos. Embora muitos estudos, usando diversos
métodos, tenham localizado as estruturas cerebrais envolvidas no processamento
das emoções básicas, evidências dos estudos individuais e de meta-análises de
neuroimagem foram inconclusivos sobre se as emoções básicas estão associadas
com consistência a ativações cerebrais regionais particulares. Neste estudo
revisitaram esta questão, usando estimativa de probabilidade de ativação (ALE),
13
que permite a comparação estatística voxelwise, espacialmente sensível, dos
resultados de vários estudos.
A meta-análise ALE produziu resultados consistentes com a teoria da
emoção básica. Cada uma das emoções examinadas (medo, raiva, nojo, tristeza
e felicidade) foi caracterizada por correlatos neuronais consistentes entre os
estudos, tendo-se encontrado correlações entre as ativações cerebrais regionais.
Além disso, os padrões de ativação associados a cada emoção foram discretos (e
discrimináveis das outras emoções em contrastes de pares) e com resultados
concordantes com as correspondências estrutura-função identificadas usando
outras abordagens, fornecendo evidências convergentes de que as emoções
básicas discretas têm correlatos neuronais consistentes e
discrimináveis.
Complementando estudos anteriores que demonstraram correlatos neuronais
para as dimensões afetivas de excitação e valência, os resultados atuais da meta-
análise indicam que os elementos-chave da teoria da emoção básica são refletidos
em correlatos neuronais característicos para cada emoção.
14
Conclusões: Estes resultados são consistentes com a ideia de que a
informação sobre as ações é processada nos córtices occipitoparietal e
frontal dorsal, que estavam intactos no cérebro de B. Essa informação é
subsequentemente transmitida aos córtices somatosensoriais que medeiam
o reconhecimento do seu conteúdo emocional. As lesões na insula de B
podem explicar a sua incapacidade de reconhecer o nojo. Outras estruturas
danificadas no cérebro de B, como lesões bilaterais na parte anterior e
inferior dos lobos temporais, e córtice medial frontal, parecem ser
críticas para que a informação sobre os estímulos emocionais estáticos
possa ser transmitida às áreas capazes de processar o seu conteúdo
emocional: bilateral amígdala, córtex medial orbitofrontal, e ínsula.
……………………………………………..Sebenta…………………………………………………
Paul Ekman: felicidade, tristeza, repugnância, medo, surpresa e raiva; mais
tarde acrescentou outras, como o orgulho, vergonha, embaraço e
entusiasmo;
Izard: alegria, raiva, desprezo, repugnância, aflição (distress), medo, culpa,
interesse, vergonha, surpresa;
Arnold: raiva, aversão, coragem, desânimo, desejo, desespero, medo, ódio,
15
esperança, amor, tristeza;
Panksepp: seeking, rage, fear, panic, play, lust, care.
……………………………………………..Sebenta…………………………………………………
Abordagem dimensional
As emoções são experiências que variam em uma ou mais dimensões
contínuas.
Arousal ou ativação (elevado vs. baixa) - grau de excitação ou
ativação que uma pessoa pode sentir em relação a um estímulo,
variando entre calmo e relaxado até excitado e alerta.
Valência (positiva vs. negativa) - grau de prazer que um estímulo
pode gerar, variando de algo que é desagradável e faz a pessoa sentir-
se triste ou infeliz a algo que é agradável e fá-la sentir-se feliz.
16
Core affect As duas dimensões propostas por Russell descrevem uma
experiência afetiva básica ligada ao estado neurofisiológico atual. Alterações no
core affects ocorrem ao longo de toda a vida do individuo em função de eventos
internos (ex. ritmo circadiano) e externos (ex. imagens assustadoras). Quando as
alterações no core affect se tornam aparentes, as atribuições da sua causa a um
evento externo ou interno, as respostas autonómicas, e outros aspetos do episódio
emocional são mapeados no conhecimento já existente sobre as emoções
prototípicas, o que permite ao individuo experienciar a emoção.
17
Várias teorias conceptualizam a emoção ao longo de 2 dimensões, ''valência ''
e '' excitação ''. A excitação varia ao longo de um eixo de intensidade aumentando
do neutro até máximo de excitação. A valência pode ser descrita como: 1)
Contínua bipolar, entre o triste e o feliz, como defende o modelo circumplexo; 2)
Dimensões positivas e negativas independentes; 3) Como um valor hedônico
(distância do neutro). Neste estudo, usou-se o fMRI para caracterizar a atividade
neuronal correlacionada com a excitação e com a valência durante apresentação
de palavras afetivas. Os resultados sugerem uma dissociação dupla em que
sub-regiões diferentes do córtex orbitofrontal processam afeto
positivo e negativo, enquanto a amígdala processa preferencialmente a
excitação. Os dados suportam a validade fisiológica das descrições de
valência como dimensões positivas e negativas independentes, ou
como um valor hedônico, mas não sustentam a validade de descrições
de valência ao longo de um continuo bipolar.
18
Usando fMRI e estudos comportamentais, descobriu-se que processos
cognitivos e neuronais distintos contribuem para a representação do
arousal e da valence dos estímulos. 1ª fase: Leitura e codificação de
palavras neutras, negativas excitantes e negativas não excitantes. 2ª fase: Dizer o
grau de confiança com que cada palavra se encontrava na lista de palavras
“estudadas” na 1ªfase. A informação excitante (arousal) dependeu de uma
rede amigdalar-hipocampal, enquanto que a informação não excitante
(valence) dependeu de uma rede envolvendo o córtex pré-frontal - rede
hipocampal implicada em processos de codificação controlados. Um estudo
comportamental subsequente, com um paradigma de atenção dividida, no qual
os participantes tiveram de realizar uma tarefa competidora enquanto
19
codificavam as palavras (1ª fase), confirmou que a memorização da valência
esteve dependente do controlo cognitivo, visto que a tarefa competidora,
que também requereu controlo cognitivo, reduziu a recordação de palavras
negativas não excitantes (2ª fase). A memorização da excitação não esteve
dependente do controlo cognitivo, ocorreu automaticamente, mesmo
quando os recursos de codificação foram desviados para a tarefa competidora. A
ativação da amígdala e do hipocampo esquerdos correlacionaram-se com a
subsequente recordação de estímulos negativos excitantes.
Abordagem Avaliativa
20
Relevância: 1) Os eventos que são muito familiares ou esperados não
requerem uma resposta emocional tão extensiva como os eventos novos ou
inesperados; 2) Avaliação do prazer intrínseco do evento, prazer dita
aproximação, desprazer dita afastamento; 3) Avaliação da relação entre o evento
e os objetivos do individuo. Eventos próximos dos objetivos do individuo são
considerados mais relevantes.
Implicações do evento: A ocorrência deste evento pode provocar que
consequências no futuro? Inclui inferências sobre a urgência da ação e sobre o
alcançar dos objetivos.
Potencial de coping: Se o evento pode ser controlado de alguma forma, se
tem recursos para o controlar, ou se podem ajustar-se a viver com as
consequências potenciais do evento.
Significância normativa do evento: O indivíduo relaciona o evento a
normas e expectativas pessoais e da sociedade.
Estas avaliações são feitas pela ordem em que foram descritas. O individuo vai
fazendo as avaliações de forma continua passando automaticamente de uma para
a outra, e a emoção vai emergindo incrementalmente até atingir o seu máximo,
após a última avaliação. A emoção não é uma entidade discreta, como proposto
21
pela teoria categórica, mas uma experiência gradual que pode ser representada
num espaço multidimensional.
Os eventos emocionais são processados a diferentes níveis: sensório-motor,
esquemático e concetual. Sensório-motor: automático, tipicamente incons-
ciente, programas emocionais geneticamente programados; Esquemático:
automático, tipicamente inconsciente, programas aprendidos, que classificam
eventos com base na familiaridade; Concetual: consciente, requer análise
sofisticada e consciente dos eventos.
Limitações
• Abordagem implica elevada exigência computacional. Por ex. um dos estudos
avaliou 28 palavras com respeito a 144 características emocionais.
• Emoções podem ser experienciadas sem avaliação de um evento emocional
(Izard, 1993; Parkinson, 2007). Ex. alteração da posição do corpo pode alterar as
emoções sentidas. A avaliação dos eventos não é necessária para se sentir uma
emoção, e podem resultar dos pensamentos subsequentes com que o individuo
explica o que sentiu.
• Avaliações podem não ser suficientes para a experiência de uma emoção ou
para a mudança de um estado emocional. Por ex., se estivermos de bom humor
um evento que habitualmente nos provoca raiva pode não provocar.
• Não é intuitivo como diferentes avaliações evoluíram para suportar
diferentes emoções (perspetiva evolutiva). 1) Podem ter evoluído
independentemente, com as primeiras formas de avaliação a aparecer antes das
últimas, que dependem da inserção num grupo normativo; 2) Podem ter evoluído
numa forma dependente e específica para cada emoção .
22
Bases Cerebrais das Emoções
Nota: grande parte do capítulo foi retirada da tradução brasileira do Kandel.
Lobo límbico
No século XIX, Paul Broca chamou à atenção para as porções dos lobos frontal,
parietal e temporal que cercam os ventrículos onde circula o líquido cerebrospinal
no encéfalo, formando uma região contínua na borda do córtex cerebral distinta
do córtex circundante. Ele designou essa região como lobo límbico (Umbus, do
latim "borda").
23
Circuito de Papez
Em 1937, James Papez ampliou a teoria de Cannon-Bard. A informação
sensorial do tálamo seria enviada para o hipotálamo e para o córtex sensorial. A
partir do hipotálamo, conexões descendentes para o tronco encefálico e a medula
espinal originariam as respostas emocionais. Também do hipotálamo seguiria
informação para o tálamo anterior e depois para o córtex cingulado. Ao córtex
cingulado convergem sinais do hipotálamo (via tálamo anterior) e do córtex
sensorial. Essa convergência seria responsável pela experiência consciente da
emoção. O córtex sensorial envia informação para o córtex cingulado e para o
hipocampo, este último via córtex entorhinal. O hipocampo estabelece conexões
com os corpos mamilares do hipotálamo, completando a alça.
24
Anatomia do Sistema Límbico
A partir dos modelos de Cannon-Bard e Papez e das descobertas de Klüver e
Bucy, Paul MacLean sugeriu, em 1950, que a emoção seria produto do "encéfalo
visceral". O encéfalo visceral incluía as várias áreas corticais que há muito
vinham sendo chamadas de lobo límbico, na parede medial dos hemisférios. Por
essa razão, MacLean renomeou o encéfalo visceral de sistema límbico. O sistema
límbico inclui as várias áreas corticais que constituíam o lobo límbico de Broca
(especialmente as áreas mediais dos lobos temporal e frontal) e as regiões
subcorticais conectadas com essas áreas corticais, como a amígdala e o
hipotálamo.
MacLean pretendeu que a sua teoria fosse uma elaboração das ideias de Papez.
No entanto, para MacLean o hipocampo é que era a sede das emoções. O
hipocampo seria a parte do encéfalo onde o mundo externo (representado nas
regiões sensoriais do córtex) se encontra com o mundo interno (representado
pelo hipotálamo e pelo córtex medial), permitindo que o mundo interno
conferisse peso emocional ao mundo externo, originando, assim, as emoções
conscientes. Para MacLean, o hipocampo estava envolvido tanto na expressão de
respostas emocionais do organismo quanto na experiência consciente das
emoções. Estudos subsequentes levantaram problemas para a teoria do sistema
límbico de MacLean. Em 1957, foi descoberto que uma lesão no hipocampo
levava a deficiências na conversão da memória de curta para a de longa
duração, uma função distintamente cognitiva. Além disso, animais com lesões
hipocampais são capazes de expressar emoções, e humanos com lesões
hipocampais expressam e sentem emoções normalmente. Em geral, lesões em
25
áreas do sistema límbico não têm os efeitos esperados sobre o comportamento
emocional.
26
A amígdala
• A amígdala é, no presente,
reconhecida como um coordenador
principal, ligando o processamento
cortical ao hipotálamo e a outras
estruturas cerebrais subcorticais
importantes para o comportamento
emocional.
Síndrome de Klüver-Bucy
27
alterações nos hábitos de alimentação (os macacos colocavam na boca objetos
não comestíveis) e no comportamento sexual (tentavam fazer sexo com parceiros
inapropriados, como membros de outras espécies). Além disso, esses animais
apresentavam uma espantosa falta de cuidado com objetos antes temidos (p. ex.,
humanos e serpentes).
28
observou alterações comportamentais nos macacos similares às já descritas para
a síndrome de Klüver-Bucy.
Estudos subsequentes, demonstraram que a amígdala é essencial para o
condicionamento clássico de medo, a aprendizagem da ligação entre um
estímulo neutro e um estímulo incondicionado que provoca medo.
Estrutura da amígdala
29
A amígdala e o condicionamento clássico de medo
30
A carga emocional de um estímulo é avaliada pela amígdala para
determinar se há perigo presente. Se a amígdala deteta perigo, ela orquestra
a expressão de respostas comportamentais e fisiológicas por meio de
conexões com o hipotálamo e com o tronco encefálico. Por exemplo, o
comportamento de congelamento é mediado por conexões do núcleo central para
a região da matéria cinzenta periaquedutal ventral. Além disso, a amígdala
apresenta uma variedade de conexões que também lhe permitem influenciar
outras funções cognitivas. Por exemplo, através de suas amplas projeções para
áreas corticais, ela pode modular a atenção, a perceção, a memória e a tomada
de decisão. Suas conexões com núcleos modulatórios dopaminérgicos,
noradrenérgicos, serotonérgicos e colinérgicos que se projetam para áreas
corticais também influenciam o processamento cognitivo.
31
A amígdala também é importante para o medo nos humanos
Pacientes com lesões na amígdala não:
Desenvolvem medo condicionado quando são expostos a um CS
neutro pareado com um US (choque elétrico ou barulho alto).
Não reconhecem expressões faciais de medo.
Não geram respostas autônomas de medo a expressões faciais de
medo.
Em humanos normais, a atividade da amígdala aumenta durante o
pareamento CS-US. Essa atividade é especialmente forte quando os estímulos são
apresentados de forma subliminar. Em indivíduos normais, expressões faciais de
medo, conscientes ou subliminares, ativam a amígdala. Isto revela a importância
da amígdala na avaliação subconsciente do significado de um estímulo.
As capacidades de aprendizagem da amígdala humana enquadram-se na
categoria das memórias implícitas. Em situações de perigo, no entanto, o
hipocampo e outros componentes do sistema do lobo temporal medial envolvidos
no armazenamento de memória explícitas (a evocação consciente de pessoas,
lugares e coisas) permitem que estímulos associados ao perigo sejam evocados
conscientemente. Pacientes com lesão da amígdala não demonstram respostas
fisiológicas a um CS (indicando não ter havido aprendizagem implícita), mas têm
boa memória da experiência de condicionamento (indicando ter havido
aprendizagem explícita), ao passo que pacientes com lesão hipocampal
respondem normalmente ao CS, mas não têm memória consciente da experiência
de condicionamento.
A função da amígdala encontra-se alterada em diversos transtornos
psiquiátricos em humanos, sobretudo transtornos de medo e ansiedade. Além
disso, a amígdala desempenha um papel importante no processamento de
estímulos relacionados com drogas capazes de desencadear dependência.
32
Utilizarei como referência o artigo LeDoux (2003), The Emotional Brain, Fear, and
the Amygdala.
A amígdala era parte da teoria do sistema límbico de MacLean. No entanto,
só em 1956, com o trabalho de Weiskrantz na síndrome de Klüver-Bucy, é que
ela ganhou particular relevância. Nos anos que se seguiram, inúmeros
estudos debruçaram-se sobre o papel da amígdala no medo. No entanto, não
chegaram a conclusões consistentes, em parte devido à complexidade
das tarefas comportamentais usadas. Então, no fim da década de 1970, começo
da década de 1980, Ledoux e os colegas começaram a utilizar uma tarefa
comportamental muito simples, o medo Pavovliano condicionado em ratos,
para estudar as redes neuronais do medo. Os seus trabalhos e os de outros
grupos permitiram descobrir que a amígdala está envolvida na aquisição e
expressão do medo condicionado.
33
de um estímulo visual associado a choque eléctrico (CS +) com a ativação de um
estímulo visual neutro (CS-). A ativação da amígdala/córtex peri-amigdalóide
foi observada durante a aquisição e extinção do medo condicionado.
Doença de Urbach-Wiethe
• Calcificação bilateral da amígdala:
– Os pacientes deixam de experimentar medo ou ira
– Estão incapazes de reconhecer essas expressões
– Diminuição da resposta emocional
– Ausência de resposta para estímulos inesperados
– Ausência de resposta galvânica para imagens emocionais
34
Em Bear nas referências.
Patologia da amígdala
• Pacientes com lesão amigdalar:
– Resposta emocional condicionada alterada
– Fracasso no reconhecimento do medo
35
– Dificuldade em aprender com base na punição
36
● Via curta (tálamo - amígdala): a informação sensorial é enviada
diretamente do tálamo para a amígdala, ocorrendo uma resposta inconsciente
emocional rápida.
● Via longa (tálamo - áreas corticais/córtex sensorial - amígdala)
A via longa permite ter consciência da emoção, analisar a situação atual e
compará-la a situações similares no passado. Se já iniciámos a resposta fisiológica
(ex.: coração já começou a bater mais rápido), essa resposta pode, ou não
(dependendo do contexto - ex.: ouvir um tiro em Portugal/EUA), ser atenuada.
Input inibitório: quando aquilo que percecionamos como ameaça, afinal não
o é, e o córtex pré-frontal ventromedial envia informação para a amígdala para
esta atenuar a “resposta” do medo.
………………………………………….… sebenta………………………………………………
Córtex Orbitofrontal
37
– Descodificação e reconhecimento de reforços primários (e.g., paladar e
toque);
– Controlo e correção de comportamento relacionado com recompensa/
punição.
38
Quando a pessoa é confrontada com situações que requerem uma decisão, os
marcadores somáticos associados a situações similares à atual são ativados,
gerando uma emoção, que irá influenciar a tomada de decisão do indivíduo.
Permitem tomadas de decisão em situações de incerteza.
39
Nota: O Kandel, tal como muitos autores, assumiu que o OBF pertence ao
vmPFC, pelo que muita da informação lá descrita aplica-se também ao OBF.
De acordo com Dixon et al. (2017) Emotion and prefrontal cortex: An integrative review:
“the term “ventromedial prefrontal cortex” is no longer useful and should be
discarded in favor of more precise anatomical labels. The distinct
cytoarchitecture, connectivity patterns, and functions of the sgACC, pgACC,
medial OFC, and RMPFC suggests that these regions should not be subsumed
under a single label.”
Para quem tiver curiosidade, deixo aqui mais alguma informação do artigo de
Dixon et al. (2017) sobre as diferenças funcionais entre lateral OBF (lOFC) e o
medial OBF (mOFC), este último pertencente à área cerebral conhecida por
ventromedial prefrontal córtex (vmPFC).
40
41
INFORMAÇÃO EXTRA - FIM
42
Córtex Cingulado Anterior (dorsal)
43
Resultado idêntico no paper da PP.
– Esquizofrenia
Ínsula
44
O córtex insular recebe informação homeostática (sinais de temperatura e dor,
alterações no pH sanguíneo, nas concentrações de dióxido de carbono e oxigênio
no sangue) através de vias que se originam nas fibras nervosas periféricas. Isto é
uma evidência do envolvimento dos sinais aferentes somatossensoriais no
processamento das emoções. Nos pacientes com comprometimento autônomo
puro, uma doença na qual a informação aferente visceral está gravemente
comprometida, estudos de imagiologia revelam um embotamento dos processos
emocionais e atenuação da atividade das áreas somatossensoriais que contribuem
para as emoções.
A insula anterior é ativada durante a perceção de expressões faciais de nojo, e
estudos de pacientes mostram o envolvimento da insula no
reconhecimento de expressões vocais e faciais de nojo e na
experiência do nojo.
A atividade da insula anterior reflete a intensidade subjetiva das experiências
emocionais do próprio e dos outros.
A atividade da insula anterior também foi associada ao processamento,
representação e aprendizagem de informação sobre o risco e a incerteza.
45
Descreve um modelo no qual a insula suporta diferentes níveis de
representação de estados emocionais atuais e futuros, que permite aprendizagem
tentativa-erro e análise da incerteza.
Três tipos de modality-specific feeling states:
a) Predicted state: como é que a pessoa prevê sentir-se no futuro.
b) Actual state: como é que a pessoa se sente no momento presente.
c) Prediction error: diferença entre a previsão e o que aconteceu.
Em relação à incerteza também propõem a existência de três tipos de estados:
predictive uncertainty, actual uncertainty e uncertainty prediction errors. Por
ex., permite-me saber quão incerta eu estou sobre a dor que me vai causar um
estímulo doloroso.
46
fMRI: Expressões de nojo à ativação da ínsula direita
– Percepção de faces de nojo desencadeia activação preferencial da ínsula.
47
Finalmente, as bases neuronais para o componente hedônico ou aspecto
prazeroso dos estados de sentimentos estão sendo elucidadas em estudos animais
por Kent Berridge e seus colaboradores. Esses estudos consistentemente
implicam o nucleus accumbens e outros núcleos da base, especialmente o
estriado ventral e o pálido ventral.
48
Esquema Estruturas das Emoções da Mariana Tomé
49
50
51
52
Expressão e Reconhecimento de Emoções
Do artigo do Shirmer e Adolphs (2017) Emotion Perception from Face, Voice, and
Touch: Comparisons and Convergence:
54
As vocalizações emocionais produzem maior ativação nas áreas envolvidas no
processamento do som, em especial no hemisfério direito. Lesões na amígdala
perturbam o reconhecimento de emoções vocais.
Utilizando MVPA, as várias expressões vocais podem ser diferenciadas com
base no padrão de ativação que promovem nas áreas temporais envolvidas no
processamento da voz, no mPFC e no córtex temporal superior posterior. A
perceção de nojo fica dificultada com lesões na insula, e o medo com lesões na
amígdala.
55
processamento, regiões como o PFC, o posterior cingulate e o pSTS podem
suportar representações concetuais que envolvam códigos abstratos não
específicos de modalidade.
56
Prosódia emocional
Expressão vocal da emoção no discurso. Contudo, algumas emoções são
raramente expressas, de forma natural, através da prosódia: e.g., moans, groans
or bursts of laughter (Scherer, 1981).
57
• No hemisfério esquerdo o N170 associado a faces é mais negativo para as
faces emocionais do que para as faces neutras.
• No hemisfério direito o P200 é mais positivo para sons vocais emocionais do
que para sons neutros.
58
As expressões vocais de nojo (prosódia) são reconhecidas com precisão pouco
acima do acaso (Adolphs et al., 2002; Scherer, 2003).
59
Em Sauter el al. não se observou uma diferença significativa entre o acerto no
reconhecimento de emoções espontâneas ou teatralizadas, quer na modalidade
visual, auditiva ou audiovisual para o conjunto de estímulos GEMEP (Geneva
Multimodal Expression Corpus).
A modalidade teve um efeito significativo em termos de precisão: o
reconhecimento era melhor quando o estímulo era bimodal do que unimodal,
mas não houve diferenças entre estímulos unimodais.
Não houve um efeito significativo de autenticidade: a precisão de
reconhecimento não diferiu entre os estímulos teatralizados e os estímulos
espontâneos, em nenhuma modalidade.
No entanto, para um segundo
conjunto de estímulos (retirados
da internet), houve diferenças,
com os teatralizados a serem mais
bem reconhecidos que os
espontâneos, mas todos acima do
acaso.
60
As expressões teatralizadas de raiva e de medo foram reconhecidas com
mais precisão do que suas contrapartes espontâneas, enquanto as expressões
espontâneas de tristeza foram reconhecidas melhor do que as teatralizadas, e
nenhuma diferença foi encontrada para expressões de alegria.
61
informações são necessárias para que os ouvintes classifiquem cinco emoções
básicas (raiva, nojo, medo, tristeza, felicidade) e o neutro através de enunciados
produzidos por falantes de inglês. Os participantes julgaram o significado
emocional dos estímulos apresentados no fim de cada intervalo, em formato de
apresentação sucessiva e bloqueada. Os resultados mostraram que a raiva, a
tristeza, o medo, e as expressões neutras são reconhecidas mais
rapidamente do que felicidade e, particularmente, do que a repulsa.
No entanto, à medida que a fala se desenvolve, o reconhecimento da felicidade
melhora significativamente no final da declaração (e o medo é reconhecido com
mais exatidão do que outras emoções). Esses dados revelam diferenças no tempo
para o reconhecimento consciente das emoções básicas das expressões vocais,
que devem ser levadas em consideração nos estudos de processamento emocional
da fala.
62
Perturbações psiquiátricas e reconhecimento vocal
emocional
A capacidade de reconhecimento de emoções vocais é afetada em
perturbações psiquiátricas?
63
Pacientes com MDD são caracterizados por deficiências de processamento
emocional positivo em vez de negativo.
64
Perceção da prosódia emocional
A prosódia emocional representa a expressão não-verbal vocal da emoção e a
sua perceção é um processo com vários estádios. De acordo com o modelo de três
estádios proposto por Schirmer e Kotz (2006), o primeiro estádio, por volta dos
100 ms, está relacionado com o processamento sensorial do estímulo acústico
(bilateral córtex auditivo secundário, N100). A deteção de pistas acústicas
emocionalmente salientes dá-se por volta dos 200 ms (circunvolução temporal
superior e sulco temporal anterior, P200). Por fim, a avaliação cognitiva do
significado emocional da informação vocal ocorre após os 300 ms (IFG and OBF).
Estímulos: 1) sentenças com conteúdo semântico neutro, ditas numa voz feliz,
zangada ou neutra SCC; 2) sentenças sem conteúdo semântico, ditas numa voz
feliz, zangada ou neutra PPS.
Resultados: Observaram-se diferenças entre os esquizofrénicos e os controlos
na amplitude do N100 e do P200. Em termos comportamentais os
esquizofrénicos cometeram mais erros no reconhecimento das emoções
expressas nos estímulos afetivos.
Esquizofrenia por comparação com controlos: N100 mais negativo SSC, P200
mais positivo para SSC emocional e PPS feliz.
Correlações entre o delírio e a amplitude do P200 para felicidade.
65
Conclusões: Anomalias nos 3 níveis de processamento prosódico em
esquizofrenia.
66
Estudos ERP revelaram a existência de um pico positivo cerca de 300 ms após
a apresentação do estímulo, o P300, que é sensível à saliência emocional
dos estímulos (os 0 ms são contados a partir do instante de tempo em que o
estímulo começa a ser apresentado, isto é válido para todos os restantes picos de
ERP de que temos falado). O P300 é um indicador neurofisiológico de alocação
de recursos atencionais durante o processamento do estímulo.
O P300 é composto por componentes dissociáveis. O componente fronto-
central P3a é produzido por estímulos novos e raros irrelevantes para a tarefa e
reflete a orientação da atenção para o estímulo. O componente centro-
parietal P3b é produzido por estímulos infrequentes relevantes para a tarefa e
reflete a alocação de recursos atencionais top-down para atualização do modelo
mental do ambiente na memória.
67
A importância da modalidade sensorial
Este tópico já foi desenvolvido mais atrás, na introdução deste capítulo, no
artigo do Shirmer e Adolphs (2017) Emotion Perception from Face, Voice, and Touch:
Comparisons and Convergence:
68
A vermelho – específico de faces (Amígdala, parahippocampal gyrus)
A verde – específico de sons (superior temporal gyrus)
A roxo – processamento tardio comum, convergência modalidades (Dorso-
medial prefrontal córtex, inferior frontal gyrus) Ambos relacionados com
simulação mental dos estímulos, mais intensos para as vozes do que para a face.
69
Processamento emocional da face, voz e do tato. Cada modalidade tem
uma entrada distinta e envolve sistemas neuroanatómicos
parcialmente sobrepostos com diferentes especializações do
processamento (por exemplo, emoções específicas versus afeto). Além disso, o
processamento de sinais através das diferentes modalidades converge, primeiro
em representações multi e, posteriormente, em representações amodais que
permitem julgamentos holísticos da emoção.
Mulheres e homens julgaram quais das sete expressões faciais (raiva, nojo,
medo, felicidade, neutralidade, tristeza e surpresa) correspondia à expressão
facial expressa em fotos. Também avaliaram a intensidade da expressão.
Nota: no gráfico a diferença de género diz respeito às fotos (se é de mulher ou
de homem), não à dos participantes!!!
70
raiva como a tristeza foram reconhecidas mais frequentemente em rostos
femininos do que masculinos.
71
Velocidade de identificação das emoções, a mais rápida é a felicidade, a mais
lenta é o medo.
Paciente SM
Dano bilateral da amígdala
• reduz o reconhecimento de estímulos indutores de medo
• reduz o reconhecimento do medo nos outros
• reduz a capacidade de expressar medo
Pacientes DR e DE
72
O défice seletivo de SM no reconhecimento do medo deveu-se ao
fato de esta emoção depender muito da informação da região dos
olhos. SM durante a observação livre de faces fixou-se muito pouco na região dos
olhos. O défice de SM no reconhecimento do medo deixou de existir quando se
pediu a SM para olhar explicitamente para os olhos.
A amígdala é mais do que um simples detetor do olho → também guia a
atenção para estímulos relevantes (biological relevance detector).
73
Em emoções muito intensas (vitória, frustração) as emoções foram
discriminadas com sucesso em corpos isolados, mas não em rostos
isolados. Mais, os participantes identificaram incorretamente as
emoções nos rostos, quando estes foram colocados em corpos com a
outra emoção, a isto chamou-se positividade ou negatividade ilusória. O
afeto percebido dos rostos muda sistematicamente em função da emoção
expressa pelo corpo em que foram inseridos.
74
Nesta experiência a mesma face foi inserida em dois corpos diferentes, um com
postura vencedora e outro com postura perdedora. Os voluntários tiveram de
decidir qual das faces era mais positiva. Conforme previsto, a postura corporal
alterou a perceção de afeto facial. As faces perdedoras pareceram mais positivas
em corpos ganhadores, e as faces ganhadoras pareceram mais negativas em
corpos perdedores.
75
Interações Emoção-Cognição
As emoções determinam:
– Quais os objetos no ambiente que se tornam alvo da atenção.
– A qualidade das representações na memória a curto- e a longo-prazo.
– O curso e a eficiência dos processos de ordem-superior que dependem da
atenção e memória (e.g., linguagem e tomada de decisão).
………………………………………….… sebenta………………………………………………
A atenção ajuda a filtrar informação relevante vs. Irrelevante (ex.: deteto mais
rapidamente estímulos emocionais do que neutros; o neutro pode nem ser
percecionado; estímulos emocionais, em comparação com neutros capturam e
mantêm recursos atencionais mais eficazmente).
………………………………………….… sebenta………………………………………………
76
Atenção e Emoção
Evidência Comportamental
• O conteúdo emocional é detetado mais rapidamente e pode obscurecer a
perceção de conteúdo não-emocional.
1) Memória autobiográfica
77
O afeto positivo conduziu a maior recordação de detalhes
periféricos.
Dentro do afeto negativo, a raiva foi a emoção que mais comprometeu a
recordação de detalhes periféricos, por comparação com o medo.
Reviver a experiência durante a recordação (foi perguntado aos participantes
para avaliar quanto é que reviveram o evento durante a tarefa de recordação) foi
negativamente correlacionada com a recordação de detalhes periféricos para
quase todas as emoções com exceção do medo e da surpresa positiva,
independentemente de semelhanças em afeto e intensidade.
A excitação emocional e o afeto negativo aumentaram a recordação
dos aspetos centrais dos eventos.
2) Pesquisa Visual
Os participantes são mais lentos a detetar uma imagem emocionalmente
neutra no meio de imagens emocionais. Por contraste, são mais rápidos a detetar
uma imagem emocional no meio de imagens emocionalmente neutras.
………………………………………….… sebenta………………………………………………
Se aparecerem diversas faces com expressões neutras e uma face emocional, a
nossa atenção ir-se-á focar na que apresenta o conteúdo emocional.
Quando há diversas faces emocionais e uma face neutra, continuamos a focar-
nos nas emocionais e demoramos mais tempo a perceber a neutra.
Isto ocorre porque o processamento é bottom-up e automático o
direcionamento para o processamento da face emocional independentemente
78
da frequência do estímulo.
………………………………………….… sebenta………………………………………………
4) Dot probe
Os participantes devem fixar uma cruz que aparece no centro do écran. De vez
em quando, uma bola irá aparecer do lado esquerdo ou direito da cruz. Os
participantes devem indicar de que lado apareceu esta bola. Entre a cruz e a bola
aparecem pares de imagens emocionais ou uma imagem emocional e outra
79
neutra. Observa-se uma redução no tempo de deteção da bola se no instante
precedente uma imagem emocional aparecer nessa zona do écran, e um
aumento do tempo de deteção da bola se no instante precedente uma imagem
emocional aparecer na zona oposta do écran.
Evidência cerebral
Lesões amigdalares eliminam o benefício atencional da informação emocional.
Emoções e Memória
80
Memória e Emoção
Evidência Cerebral
• A atividade na amígdala e na região hippocampal parece suportar a
codificação, consolidação e recuperação de memórias emocionais.
• A atividade da amígdala parece ser importante para a memória implícita e a
do hipocampo para a memória explícita.
81
As memórias emocionais são indeléveis?
82
falar acerca dos ataques terroristas do 11 de Setembro com a sua memória para
um acontecimento do quotidiano.
– Quanto mais intensas as suas emoções, maior a sua confiança na precisão
das memórias.
– Contudo, a perceção não estava relacionada com a precisão real.
– De facto, a memória para estes acontecimentos declina a uma velocidade
semelhante à de outro tipo de informação.
83
nº médio de recordações para as memórias do 11 de setembro relativas às
memórias do verão.
Conclusões:
– A memória para acontecimentos emocionais NÃO é indelével.
– As recordações vívidas e confiantes podem ser completamente erradas.
– As imprecisões parecem ser a norma.
84
Teoria de Bower: Melhor desempenho quando os sujeitos aprendem e
recordam as palavras no mesmo estado de humor.
Um exemplo de investigação:
85
– Participantes leram uma história acerca de dois rapazes que estavam a jogar
ténis: o André está contente, enquanto que o Jack está triste (nada lhe está a
correr bem).
– Q: Recorde a história. Quem acha que é a personagem central?
– Leitores num estado de humor alegre: recordaram mais afirmações acerca
da personagem alegre e julgaram que a história era acerca dele (e vice-versa).
86
A amígdala medeia aspetos da aprendizagem emocional e facilita as operações
da memória em outras regiões, incluindo o hipocampo e córtex pré-frontal. As
interações emoção-memória ocorrem em vários estádios do processamento de
informações, desde a codificação inicial à consolidação de traços de memória
para a sua recuperação a longo prazo.
87
As memórias implícitas do condicionamento clássico emocional são
armazenadas na amígdala.
Projeções neuronais diretas e indiretas da amígdala para vários
sistemas de memória no cérebro: dorsal PFC (memória de trabalho), ventral
PFC (memória semântica), sistema de memória do MTL - lobo temporal medial
(memória declarativa), estriatum (memória de procedimento), neocórtex
sensorial (priming), cerebelo (condicionamento clássico).
O sistema de memória MTL também é responsável pela memorização do
Complex Conditioning, ou condicionamento operante.
A amígdala também conduz à libertação de hormonas de estresse através do
eixo hipotálamo-pituitária-glândula adrenal (HPA), que atuam em locais
de consolidação da memória e na amígdala, melhorando a memorização por
longos períodos.
Mecanismo especial?
– As emoções podem não tornar as memórias PERFEITAS, podendo
inclusivamente introduzir erros e viés.
– Mas um vasto conjunto de estudos sugere que as emoções ajudam na
88
recordação de ALGUNS tipos de informação (e.g., central vs periférica).
• Estudos imagiológicos da amígdala.
• Estudos de condicionamento aversivo em animais (condicionamento de
medo espontaneamente recordado).
• A linguagem constitui um meio para fazer sentido das emoções, podendo ser
usada como ponto de partida para a exploração das mesmas.
89
Os participantes respondem mais rapidamente ao target, se prime
e target têm a mesma valência emocional (congruência afetiva).
Estudos posteriores mostraram que para além de palavras, poder-se-iam utilizar
como primes também imagens , expressões não verbais ou música, e ainda, que
a tarefa sobre o target não tinha de ser emocional para se observar o fenómeno
de facilitação por congruência afetiva (ex. decidir se o target é ou não uma
palavra).
90
preparada é idêntica à do target, a resposta fica facilitada.
Linguagem e categorização
Associações de palavras
91
Interpretação de estímulos ambíguos
92
Decisão lexical
93
Nomeação
Compreensão de frases
94
humor neutro e a outra metade com humor positivo.
O pico N400 é um pico negativo por volta dos 400 ms, que é muito sensível a
relações semânticas, não só num contexto local como em memória semântica de
longo prazo.
No estado de humor neutro:
Amplitude N400: itens esperados <
itens inesperados da mesma categoria semântica <
itens inesperados diferentes categorias semânticas
No estado de humor positivo:
Amplitude N400: itens esperados <
itens inesperados mesma categoria semântica = itens
inesperados diferentes categorias semânticas
As respostas dos homens, ao contrário do que aconteceu com as das mulheres,
não foi afetada pelo estado de humor.
O humor positivo pareceu facilitar especificamente o processamento de itens
inesperados e distantemente relacionados. Os resultados sugerem que
estados de humor transitórios estão associados a mudanças
dinâmicas em como a memória semântica é usada online.
95
De acordo com as embodied theories, os símbolos utilizados para a
linguagem têm significado porque tem por base a perceção, a ação e a
emoção. Por contraste, nas abstract symbol theories o significado advém de
combinações sintáticas de símbolos amodais. Mas se a linguagem tiver por base
estados corporais internos, então seria de prever que a emoção afete a linguagem.
O objetivo deste estudo foi testar símbolo abstrato vs. Embodied perspetivas
da linguagem investigando se o humor afeta o processamento semântico. Com
esse objetivo, induziram-se diferentes estados emocionais (feliz vs. triste) pela
apresentação de vídeo clipes de filmes. Os clipes foram apresentados antes e
durante a apresentação de blocos de frases. As frases tinham uma palavra central
em falta, cuja probabilidade de ocorrência naquele contexto poderia ser alta ou
baixa.
O N400 foi fortemente reduzido no humor triste em comparação com a
condição de humor feliz. A interação entre o humor e o processamento
semântico observada no N400 suporta as embodied theories de
significado e desafiam as teorias simbólicas abstratas que assumem que o
processamento do significado da palavra reflete um processo modular.
– Viés atencional
• Atenção seletiva a estímulos relacionados com ameaça
– Viés interpretativo
• Tendência a interpretar estímulos ambíguos como ameaçadores
96
Diferenças culturais no processamento
emocional
Emoções e cultura
- De que forma a cultura molda a experiência e expressão emocionais, bem
como os significados que atribuímos às emoções?
- As emoções são universais? Ou, pelo contrário, são “construções” culturais?
- Quais as diferenças e semelhanças na expressão de certas emoções
prototípicas, entre diferentes culturas?
- Qual a natureza da relação entre cultura e emoção?
O que é a Cultura?
A cultura pode ser definida como uma prática específica de um grupo e que
emerge da interação entre esse grupo e o seu ambiente.
Perspetivas Teóricas
As teorias atuais admitem que as emoções têm componentes universais,
partilhados por todos, e componentes específicos, determinados pela cultura em
que a pessoa está inserida.
Os teóricos mais orientados para a abordagem das emoções básicas aceitam
que os indivíduos adquirem normas culturais sobre as circunstâncias e a forma
como as emoções são expressas nas situações sociais. Colocam ênfase na
regulação cultural da expressão da emoção.
97
Os teóricos mais orientados para a abordagem construtivista das emoções
aceitam a existência de um sistema neuronal de avaliação dos estímulos
emocionais partilhado pelos mamíferos, e responsável pela produção do afeto
central. Este afeto central produz avaliações simples de prazer, dor, recompensa
e ameaça, que são interpretados pelos sistemas cognitivos de ordem elevada,
como a linguagem e o conhecimento concetual. Estes sistemas, que dependem da
aprendizagem cultural, atribuem ao afeto central uma emoção específica.
98
4. Cuidado parental Nas sociedades caçadoras recolectoras as mães passam
90% do tempo em contato com os seus filhos, por contraste com as sociedades
desenvolvidas. Em roedores os cuidados maternais influenciam o
desenvolvimento da estrutura e função cerebral.
5. Tamanho familiar Na China, a política do filho único, tem produzido
individuos menos sociáveis e mais centrados em si próprios.
6. Prevenção de doenças como o SARS. Quando a ameaça de patógenos é
elevada a tendência para ligação ao in-group e de afastamento do out-group é
maior.
Dados neurobiológicos
O formato do cérebro varia com a etnia. Ex. Os chineses têm cérebros mais
redondos que os caucasianos.
O volume do cérebro varia com a etnia. Ex. Os hispânicos têm cérebros maiores
do que os caucasianos.
Existem diferenças, entre etnias, no tamanho de estruturas cerebrais
envolvidas no processamento de emoções: OBF, insula, cíngulo, estriatum,
hipocampo e amígdala.
Existem alterações funcionais, entre etnias, quanto às estruturas cerebrais que
são recrutadas e à forma como se ligam e comunicam entre si, durante a
realização de tarefas percetivas, atencionais, linguísticas, memória e emoção.
99
ou eventos, os antecedentes emocionais, salvo raras exceções são
aprendidos.
A appraisal theory descreve as dimensões psicológicas dos antecedentes
emocionais: ex. novidade, atingir objetivo e causalidade.
Novidade
A novidade tipicamente aumenta a intensidade da resposta emocional.
Antecedentes conhecidos podem já ter as necessidades a eles associadas
satisfeitas ou os indivíduos podem estar simplesmente habituados à sua
presença. Um dos antecedentes emocionais suscetíveis de ser modelados pela
novidade é o grupo de pertença, que tipicamente gera emoções negativas nas
primeiras interações inter-grupais. Ex. estudo do Olsson et al. que se segue.
Atingir objetivo
Extensão em que o antecedente emocional vai contribuir positiva ou
negativamente para o alcance dos objetivos pessoais. Em comparação com as
interações inter-grupais, as interações do indivíduo com o seu grupo têm maior
probabilidade de satisfazer os seus objetivos de encontrar um parceiro romântico,
relacionar-se com um grupo de amigos, sustentar a família, etc. Ex. estudo do
Young e Hugenber que se segue.
Causalidade
Extensão em que os acontecimentos positivos ou negativos são atribuídos às
características do Self ou às características do meio ambiente ou contexto social
em que ocorreram. Por exemplo, um estudo que comparou os alemães com os
Tongans, verificou que os Tongans têm a tendência, em eventos negativos, de se
culparem mais a eles próprios ou a fatores circunstanciais, do que aos outros
elementos do grupo, ao contrário do que acontece com os alemães.
Elicitação emocional
Novidade
100
• As culturas diferem na sua exposição a certos objetos e eventos (e.g., neve).
• Quando confrontadas com tais eventos, os grupos culturais poderão diferir
na sua avaliação de novidade.
• Os estímulos percecionados como mais inovadores podem mais facilmente
desencadear uma emoção do que objetos percecionados como familiares.
• Exemplo – faces de outras raças.
101
borboleta). Durante o condicionamento, as imagens de uma das categorias foram
associadas a um choque elétrico.
Experiência 2 Foram apresentadas imagens de rostos de brancos e negros
com uma expressão neutra. Durante o condicionamento, as imagens de uma das
categorias foram associadas a um choque elétrico.
Fase de extinção: Sem choques elétricos.
Outliers emocionais
• A experiência de alegria nos Esquimós Utku Eskimo está associada à caça de
lemingues (pequenos roedores) ou ao acto de apedrejar lagópodes, um tipo de
ave.
• Os Kubos experienciam prazer ao tomarem conhecimento de acontecimentos
negativos vicenciados por amigos e familiares.
• Os membros da tribo Fore na Nova Guiné praticam canibalismo como forma
de lidar com a morte de uma pessoa significativa.
• Algumas tribos indígenas, tais como os Kaluli na Nova Guiné, expressam
raiva muito dramática e abertamente a outros membros do seu grupo, que
simultaneamente temem e admiram a expressão. Em contraste, os Esquimós
Utku parecem não ser capazes de expressar raiva. Também tendem a isolar-se de
pessoas que expressam frustração abertamente.
Identidade social
102
Evidências recentes revelaram que as expressões faciais de emoção são
reconhecidas com mais exatidão quando produzidas e observadas pelo mesmo
grupo cultural. A mera categorização social, usando o paradigma do grupo
mínimo, pode criar uma vantagem de reconhecimento das emoções produzidas
por elementos do mesmo
grupo, mesmo quando as
culturas, da pessoa que
expressa a emoção e da
pessoa que a reconhece,
são idênticas. Este efeito é
mediado pela motivação
adicional para analisar os
rostos do grupo de
pertença (com base nos
dados comportamentais
que observam este efeito
aos 500 ms de exposição mas não aos 250 ms).
Resultados: na exposição dos 500 ms, vantagem no reconhecimento de
emoções no in-group. Em exposições curtas, 250 ms, este efeito não é observado.
A inversão das faces interrompe significativamente mais os processos
holísticos/configuracionais associados à análise das faces do in-group do que do
out-group. Pelo que, em faces invertidas não se observou a vantagem do in-group
no reconhecimento das expressões faciais.
Resposta emocional
Linguagem
Muitas palavras emocionais têm correspondência entre diferentes
línguas. Por outro lado, há palavras com conteúdo emocional que não têm
correspondência unívoca com palavras de outras línguas. Há duas explicações
103
possíveis para isto suceder: 1) Quando uma língua não tem nome para uma
emoção significa que os falantes dessa língua não a sentem; 2) Os seres humanos
sentem as mesmas emoções, mas variam na forma como refletem sobre elas.
As sociedades humanas diferem na forma como fazem sentido das
suas experiências emocionais. Nas sociedades descendentes da sociedade
europeia há uma ênfase nas deduções lógicas, pelo que as contradições são pouco
toleradas. Nas sociedades de descendência chinesa, o raciocínio baseia-se na ideia
de que as coisas estão sempre em alteração, são caracterizadas por forças e
fraquezas, por bem e mal, e estão ligadas ao todo, pelo que as contradições não
são só toleradas, como são esperadas. Consequentemente, os europeus ou estão
bem ou estão mal, os chineses estão bem e mal ao mesmo tempo.
Linguagem
A linguagem determina uma grande parte da experiência afetiva subjetiva.
• As culturas diferem no modo como verbalizam emoções.
– Os habitantes to Taiti não têm uma palavra para expressar tristeza.
– Os Alemães parecem ter uma palavra única (“Schadenfreude”) para
representar a experiência de alegria resultante de se tomar conhecimento de
acontecimentos negativos experienciados por outros.
Resposta corporal
Um estudo comparando americanos com coreanos, no que diz respeito às áreas
cerebrais ativadas pelo prazer imediato, revelou diferenças nos padrões de
atividade cerebral na amígdala, estriatum, vmPFC, associadas ao fato dos
americanos estarem mais orientados para a obtenção de prazer imediato.
Em termos de ativação do sistema nervoso periférico, não parece haver
diferenças culturais.
Resposta comportamental
• As normas de expressão e outros aspetos culturais modulam o modo como
as emoções são expressas.
• Contudo, parece haver mais semelhanças do que diferenças entre culturas
na resposta emocional, especialmente na resposta a situações extremas.
104
Os estudos indicam que o reconhecimento de expressões emocionais é
facilitado para as expressões do mesmo grupo cultural. Há estudos que também
apontam para a existência de diferenças culturais na expressão das emoções,
como por exemplo, o sorriso Duchene.
Reconhecimento emocional
O reconhecimento de prosódia emocional parece ser semelhante em diferentes
culturas.
Modelo de Brunswikian
105
De acordo com o modelo, a expressão da emoção consiste na externalização de
sinais físicos no rosto, na voz e no corpo,
de tal forma que se torna percetível para
outro: encoding process. Diferentes
tipos de emoção são caracterizados por
padrões únicos de corpo, pistas faciais
ou vocais: expressed cues.
As pistas emocionais expressas pela
pessoa têm de ser corretamente
percebidas pelo observador, sob a forma
de pistas emocionais percecionadas: cue
percepts, utilizadas pelo observador
para inferir as emoções que a pessoa
estava a expressar.
Sumário
Não existe consenso quanto ao grau em que as emoções diferem entre culturas.
Contudo, aceita-se que as emoções incluem aspetos culturalmente universais e
culturalmente específicos.
106
As diferenças emergem devido a fatores como dieta, stresse, estilos parentais
ou ameaça patogénica.
A cultura afeta as diferentes avaliações que produzem uma emoção (e.g.,
novidade), o modo como as pessoas respondem e como regulam as suas
respostas.
As semelhanças não devem ser sobre-estimadas. As diferenças não devem ser
sub-estimadas.
107
Diferenças entre homens e mulheres no
processamento emocional
Elicitação emocional
Embora os homens e as mulheres possam experienciar as mesmas emoções,
eles diferem nos eventos e objetos que provocam essas emoções. Os mesmos
eventos são avaliados diferencialmente pelos dois géneros:
1. Risco Os homens têm menos tendência para qualificar algo como arriscado,
e quando o fazem, tem maior prazer em enfrentar o risco.
2. Sexo Os homens apreciam mais o sexo antes do casamento e o sexo casual.
3. Infidelidade Os homens preocupam-se com a infidelidade sexual e as
mulheres com a infidelidade romântica dos companheiros.
4. Interesses Os homens estão mais interessados em coisas, como
funcionam, e as mulheres estão mais interessadas em pessoas. Ex. estudo Guerra
et al. que se segue.
108
Ver rostos amados induziu uma inibição acentuada da eye-blink startle
response, acompanhada por alterações na atividade zigomática, frequência
cardíaca, condutância da pele e descrições subjetivas, indicativas de uma resposta
emocional positiva intensa.
Os efeitos foram semelhantes para homens e mulheres, mas a inibição da eye-
blink startle response, a resposta zigomática e os sentimentos positivos foram
maiores nas mulheres.
109
Resposta emocional
110
Resposta corporal
Amygdala
111
As mulheres respondem mais fortemente aos estímulos emocionais negativos.
As mulheres, por comparação com os homens, exibem maior ativação aos
estímulos emocionais negativos no hemisfério esquerdo na amígdala e no
hipocampo, no hipotálamo, na circunvolução medial frontal, na circunvolução do
cíngulo anterior, entre outras.
Os homens, por comparação com as mulheres, exibem maior ativação aos
estímulos emocionais positivos no hemisfério esquerdo na amígdala e
hipocampo, na circunvolução inferior frontal bilateral e na circunvolução
fusiforme direita, entre outras.
Reconhecimento emocional
• Reconhecimento de pistas emocionais vocais mais rápido e preciso.
• Maior facilidade na discriminação de pistas vocais emocionais e neutras
mesmo quando a atenção não está focada na voz.
• Processamento facilitado de palavras que correspondem em valência à
prosódia emocional do falante.
112
No geral, as mulheres foram mais exatas do que os homens a
identificar as emoções vocais, no entanto, para emoções específicas, essas
diferenças foram de pequena magnitude.
113
Os participantes tiveram maior facilidade na identificação das
emoções de raiva, nojo, medo e tristeza expressas por mulheres por
comparação com os homens. Por sua vez, a surpresa foi mais bem
identificada nas expressões masculinas do que nas femeninas.
114
Emoções ao longo do ciclo vital
Infância
• Sorriso
– ~ Aos 4 meses o sorriso acontece de forma intencional.
115
vem demonstrar que os bebés de 7 meses comparam o conteúdo afetivo
entre modalidades.
Adolescência
116
Num estudo que examinou a influência dos pares na perceção de risco, os
jovens adolescentes foram mais influenciados pelas opiniões dos seus
pares do que pelas opiniões dos adultos, enquanto que as crianças e os adultos
foram mais influenciados pelas opiniões de outros adultos.
117
Um fator que se acredita influenciar a propensão dos adolescentes para
assumir riscos é uma maior sensibilidade a estímulos apetitivos, combinada com
incapacidade de exercer suficiente controle cognitivo. Os participantes: crianças,
adolescentes e adultos realizaram uma tarefa "go nogo" com rostos felizes e
neutros. O controle de impulso para os estímulos neutros mostrou uma melhoria
linear com a idade. Os adolescentes mostraram uma redução não linear no
controlo dos impulsos para estímulos apetitivos. Esta diminuição do
desempenho em adolescentes foi acompanhada por uma maior atividade no
estriado ventral. O recrutamento cortical pré-frontal correlacionou-se com a
exatidão das respostas. As análises de conectividade identificaram um circuito
frontostriatal ventral incluindo a circunvolução frontal inferior e o estriado dorsal
durante os ensaios nogo versus go.
118
Estes resultados implicam uma representação exagerada do estriado ventral
nas respostas a estímulos apetitivos por parte dos adolescentes.
Adultos idosos
119
Estudo longitudinal, com aquisição de dados a cada 5 anos, entre 1993 e 2005.
Os idosos descreveram mais experiências emocionais positivas (sinal
de bem estar-emocional). O envelhecimento esteve associado a maior
estabilidade emocional, no sentido em que tinham menor probabilidade do
que os jovens, de sofrer alterações emocionais em pontos consecutivos da
experiência. Os idosos também apresentaram maior complexidade
emocional (como evidenciado por maior coocorrência de emoções positivas e
negativas).
Estes resultados mantiveram-se após ter em consideração as outras variáveis
que pudessem estar relacionadas com a experiência emocional (personalidade,
fluência verbal, saúde física e variáveis demográficas).
A experiência emocional prevê a mortalidade; controlando por idade, género e
etnia, indivíduos que experimentaram mais emoções positivas do que negativas
na vida quotidiana tinham maior probabilidade de estarem vivos 13 anos depois.
120
Uma das consequências do envelhecimento é a diminuição do tempo de vida e
a consciência da finitude das expectativas e das oportunidades, que pareciam
ilimitadas nos jovens. Muitos objetivos pessoais que não foram atingidos tornam-
se pouco prováveis de alguma vez serem atingidos. A elaboração de novos
objetivos é pouco sustentável visto que não haverá tempo e condições para os
realizar. Tudo isto faz com que a pessoa de idade altere as suas preocupações
sobre o futuro para o aqui e o agora.
121
Na versão time-extended a percentagem de participantes a preferir os anúncios
“aqui e agora” entre os idosos, diminui consideravelmente.
O efeito de positividade
O processamento de informação por adultos novos e de meia-idade mostra um
viés negativo. Os estímulos negativos, em particular os ameaçadores, capturam e
mantém melhor a atenção do que os estímulos neutros ou positivos.
Adicionalmente, eles são mais bem memorizados e relembrados. Isto pode ser
122
explicado tendo em conta o valor para a sobrevivência da informação negativa. A
Teoria da Selectividade Sócio-Emocional defende que a idade altera o viés
negativo. Como os estados presentes assumem uma maior importância que os
estados futuros, os idosos preferem maximizar os estados positivos presentes,
procurando explicitamente prestar mais atenção à informação positiva do que à
informação negativa.
123
A idade provoca uma atrofia generalizada da matéria branca e cinzenta. A
atrofia é mais proeminente nos córtices frontal e temporal, mas também se
observa em estruturas subcorticais como a amígdala. Danos estruturais nas
amígdalas de adultos jovens e de meia idade, similares aos que acontecem nos
idosos, promovem alterações nas respostas emocionais similares às dos idosos.
Isto sugere que as alterações emocionais nos idosos podem-se dever a atrofia
cerebral. As respostas do sistema nervoso periférico às emoções também se
tornam mais atenuadas, assim como a capacidade para as detetar.
Só cerca de 10% dos neurónios é que morrem na fase adulta. A grande perda
ocorre ao nível das ligações sinápticas entre neurónios. Com o passar dos anos
cerca de 25% desta rede desaparece. Os adultos também perdem dopamina à taxa
de 5 a 8% por década. Por volta dos 80 anos, perderam cerca de 40% da sua
função dopaminérgica. A mielina também se deteriora e o número de fibras
nervosas que consegue transportar informação no SNC diminui. Problemas
químicos, como o aumento da condutância ao Ca2+ também se torna comum em
cérebros mais velhos. O cérebro como um todo encolhe com a redução do fluxo
sanguíneo, diminuindo a quantidade de oxigénio e nutrientes disponíveis para o
cérebro.
124
O presente estudo explorou em que medida o reconhecimento de expressões
vocais de emoções "básicas" (raiva, nojo, medo, felicidade, surpresa agradável,
tristeza) difere no género (masculino / feminino) e na idade (jovem / meia-
idade). Os participantes identificaram a emoção expressa em frases individuais.
Os resultados indicam que as taxas de reconhecimento das emoções diferem
entre as emoções testadas e que esses padrões variam significativamente em
função da idade, mas não do género.
125
Tarefa de categorização de emoções com vocalizações não verbais de prazer,
alívio, conquista, felicidade, tristeza, nojo, raiva, medo, surpresa e neutralidade.
Os sons foram produzidos por crianças, adolescentes, adultos e idosos.
A exatidão no reconhecimento da emoção vocal melhorou da infância
ao início da idade adulta e diminuiu em adultos mais velhos. Os padrões de
melhoria e declínio diferiram por categoria de emoção: desenvolvimento mais
rápido para o prazer, o alívio, a tristeza e a surpresa e declínio retardado para o
medo e a surpresa.
As emoções vocais produzidas por idosos foram mais difíceis de reconhecer
quando comparados com as das outras faixas etárias. Só as crianças é que tiveram
uma maior preferência/facilidade no reconhecimento das emoções vocais
produzidas por pessoas da sua faixa etária (outras crianças).
126
As emoções adaptam-se aos desafios de vida atuais.
127
Emoções: Implicações Clínicas
O stress é uma perturbação à homeostasia ou bem estar do organismo provocado
por uma alteração física ou psicológica. Ao nível fisiológico, o stress é
caracterizado pela ativação do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenais) que
resulta no aumento do cortisol em circulação. A resposta aguda ao stress é
benéfica ao homem, em situações de perigo, porque prepara o organismo para
uma resposta rápida: aumento do ritmo cardíaco, aumento da pressão sanguínea,
aumento da respiração, mobilização dos recursos de glucose, o sangue converge
para os órgãos vitais, para os músculos e para as partes primitivas do cérebro,
enquanto que diminui nos lobos frontais.
128
A glândula pituitária ou hipófise
= mesma estrutura cerebral.
Extinção do medo
Aprendizagem da extinção ocorre quando um Estímulo Condicionado que,
previamente, predizia um Estímulo Incondicionado deixa de o fazer e, ao longo
do tempo, a resposta condicionada (e.g., freezing, aumento da resposta de
condutância da pele) diminui.
129
O papel da amígdala nas Perturbações de Ansiedade
130
Resultado:
• Diminuição da sensibilidade
a pistas associativas;
• Mobilização ineficaz de
recursos atencionais em direção
às características mais
relevantes do ambiente; défice
na aprendizagem de associa-
ções estímulo-resultado.
Interpretação de condições de
incerteza como ameaçadoras;
aumento da atenção para
pistas de ameaça
Estressor: A pessoa foi exposta a: morte, ameaça de morte, dano sério atual
ou ameaça de dano sério, violência sexual ou ameaça de violência sexual.
Sintomas intrusivos: O acontecimento traumático é persistentemente
reexperienciado (memórias intrusivas, pesadelos traumáticos, reacções
131
dissociativas, mal-estar intenso ou prolongado após exposição a pistas
traumáticas, reactividade fisiológica marcada após exposição a estímulos
relacionados com o trauma).
Evitamento: Evitamento esforçado e persistente de estímulos relacionados
com o trauma após o evento.
Alterações negativas nas cognições e humor: Estas começaram ou
pioraram após o acontecimento traumático.
Alterações no arousal e reactividade: Estas começaram ou pioraram
após o acontecimento traumático.
Tempo: > 1 mês, impacto clínico
132
estímulo incondicionado. O vmPFC tem assim um papel na memorização da nova
memória, e aparentemente também tem na expressão da extinção: a sua atividade
está relacionada inversamente com a expressão da resposta condicionada.
Estudos recentes mostram que seres humanos com elevados níveis de
ansiedade tem baixa atividade no vmPFC. O modelo atual de PTSD hipotisa
hiper-responsividade da amígdala a estímulos ameaçadores, com
uma regulação top-down inadequada por parte do vmPFC.
133
– Expressões faciais de medo; ...
134
O papel do Hipocampo na PSTP
135
Patologia da amígdala
Psicopatia
– Baixa reatividade amigdalar a estímulos emocionais
– Dificuldade em aprender com base na punição
136
consequências
emocionais do evento.
De particular
importância é a
associação entre as ações
que provocam danos no
outro, com as emoções
de medo e tristeza da
vítima. As conexões
entre a amígdala e o
córtex temporal são
recíprocas, permitindo
que a amígdala
influencie a atenção.
Observa-se uma
redução da atenção,
tipicamente
estimulada por
estímulos
emocionais, na
psicopatia.
A amígdala também
envia informação para o vmPFC, informação quanto ao estado emocional
esperado do outro (futuro), sendo da competência do vmPFC representar esse
resultado esperado. Outros sistemas utilizam a informação do vmPFC para
selecionar as respostas apropriadas.
137
Pacientes com PTSD exibem uma ativação exagerada da amígdala quando
masked-fearful faces são comparadas com masked-happy faces.
138