Você está na página 1de 20

TESTES PROVOCATIVOS CERVICAIS

QUAIS DEVO USAR?

Esse ebook serve para a organização da sua avaliação do paciente com


dor cervical com as seguintes características: adultos (acima de 18 anos)
com dores da região da nuca até o final do pescoço, sem irradiação para os
ombros.

Esse material foi elaborado utilizando como referência Guidelines,


Estudos Longitudinais, Ensaios Clínicos e Revisões Sistemáticas para a uma
melhor orientação clínica na sua tomada de decisão baseada em evidências.
O QUE É CONFIABILIDADE?

Confiabilidade é a chance de repetirmos o teste e ele gerar o mesmo


resultado.

Pode ser medida utilizando o índice de Kappa onde temos uma


variação de 0 até 1 (sendo 1 o melhor possível) ou o ICC que determina uma
porcentagem de acordo (0-100%), sendo o mais próximo de 100 o melhor
possível.

O QUE É SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE?

Sensibilidade

Sensibilidade é o número de vezes em que o teste resulta positivo com


a patologia ou condição presente.
Ou
Sensibilidade é a chance de um verdadeiro positivo.

Especificidade

Especificidade é o número de vezes em que o teste resulta negativo


com a patologia ou condição ausente.
Ou
Especificidade é a chance de um verdadeiro negativo.
Um exemplo da utilização prática de um teste provocativo de forma
simples: Diagnóstico das Cefaléias Cervicogênica.

Tabela comparativa dos resultados dos testes provocativos em


pacientes com Cefaléia Cervicogênica (CGH), Migrânea sem aura (Migraine)
e Cefáleia Múltipla (MHF). Observa-se com esta tabela a importância dos
testes provocativos, que ajudam a caracterizar e classificar o tipo de cefaléia
apresentado pelo paciente.

Teste de Flexão-Rotação (FRT)


O teste é executado com o paciente em decúbito supino.

O fisioterapeuta segura a cabeça do paciente com um contato occipital


bilateral e realiza uma flexão cervical de forma passiva.

Mantendo a flexão são realizadas rotações para ambos os lados.

Se o paciente refere o aparecimento dos sintomas o teste é considerado


positivo e também consideramos o teste positivo se tivermos uma perda de
10 graus ou mais para um dos lados.

Por que usar o FRT?

• Sensibilidade – 91 %
• Especificidade – 90%
• Kappa – 0,97

Características subjetivas da Migrânea não estão associadas com o


arco de movimento do FRT, mas características consistentes com Cefaléia
Cervicogênica estão.

Os achados deste artigo acima fornecem evidências que suportam a


utilidade clínica do FRT.
Um outro exemplo da utilização de testes provocativos para avaliação
de uma condição comum em nosso dia-a-dia é o diagnóstico das
cervicobraquialgias.

Este artigo trata da importância de encontrar o segmento sintomático


na radiculopatia cervical e fazer distinção entre condições que podem imitar
certas síndromes de compressão radicular cervical através de exames físicos
meticulosos (os testes provocativos).

Há vários testes provocativos para avaliação de radiculopatia cervical,


mas somente poucos apresentam resultados estatisticamente significantes
segundo o estudo. São eles: Teste de Spurling, Manobra de Valsalva, Teste
de Tensão Neural de Membro Superior e Teste de Abdução do Ombro.

Resultados positivos para 2 ou mais testes provo-


cativos simultaneamente aumentam a precisão
para o diagnóstico de cervicobraquialgia.
Na tabela acima verificamos os sintomas mais comuns em pacientes
com cervicobraquialgia e devemos verificar esses sinais na anamnese.

Tradução da Tabela:
Arm pain: dor no braço
Sensory deficit: déficit sensorial
Reflex deficit: déficit de reflexo
Neck pain: dor cervical
Motor deficit: déficit motor
Periscapular pain: dor periescapular
Anterior chest pain: dor anterior no tórax
Headaches: dores de cabeça
Na tabela acima temos os testes que são recomendados para
a confirmação do diagnóstico que serão descritos a seguir com suas
respectivas: sensibilidade, especificidade e confiabilidade.

Tradução da Tabela:
Spurling: Teste de Spurling
Shoulder abduction: Teste de abdução do ombro
Valsalva: Manobra de Valsalva
Distraction: Teste de Distração
Upper limb tension test: Teste de tensão neural de membro superior
Este estudo apresenta os valores de sensibilidade, especificidade e
likelihood ratios dos testes provocativos nas radiculopatias cervicais.

Sugere que uma combinação de teste de Spurling, teste de distração


e um teste de compressão do braço podem ser usados para confirmar o
diagnóstico de radiculopatia cervical, enquanto resultados combinados
de quatro testes neurodinâmicos negativos e um teste de compressão do
braço podem ser usados para excluir um quadro de cervicobraquialgia.
1. Manobra de Spurling

A) O paciente senta-se com uma postura cervical neutra. Avalie se há


sintomas em repouso.

B) O paciente é instruído a flexionar lateralmente sua cabeça para o


lado dos sintomas referidos. Se houver dor radicular, o teste é positivo.

C) Se não houver sintomas até este momento, o examinador então


aplica uma força combinada de compressão e flexão lateral no sentido da
flexão lateral. Se houver dor radicular, o teste é positivo.
2. Teste de Abdução do ombro ou Sinal de Bakody

A) O paciente assume uma posição sentada. O examinador avalia os


sintomas em repouso.

B) O paciente coloca ativamente sua mão no topo da cabeça.


O examinador então determina a presença ou ausência de sintomas.
É improvável que o nível causador de radiculopatia cervical possa ser
discriminado com este teste.

C) O teste positivo é identificado por uma redução da dor concordante


do paciente.
3. Manobra de Valsalva

A) O paciente assume uma posição sentada.

B) O paciente é instruído a prender a respiração fazendo força para


baixo, como se quisesse evacuar.

C) A reprodução da dor concordante durante o esforço para baixo é


considerada uma resposta positiva.
4. Teste de Distração Cervical

A) O paciente fica em decúbito dorsal. Os sintomas do paciente


requerem avaliação antes da aplicação do teste.

B) O examinador utiliza uma pegada em torno da cabeça do paciente,


com uma mão no queixo e a outra na projeção do occipital na parte posterior
do pescoço.

C) Aplica-se uma força de tração, e os sintomas do paciente são


reavaliados. A dor é respeitada e deve-se implementar o mesmo padrão de
movimento à dor, ao movimento além da dor e ao movimento repetido.

D) Um teste positivo consiste na redução dos sintomas durante a


tração.
5. Teste de Tensão Neural de Membros Superiores

A) O paciente fica em decúbito dorsal. O examinador avalia os sintomas


em repouso.

B) O examinador bloqueia o cíngulo do membro superior para


estabilizar as escápulas. Os sintomas são novamente avaliados.

C) Se não ocorrer reprodução alguma dos sintomas, a articulação


glenoumeral é abduzida a 110°, com uma ligeira extensão no plano coronal.
Os sintomas são novamente avaliados.

D) Se não ocorrer reprodução alguma dos sintomas, o antebraço é


supinado e o punho e os dedos são completamente estendidos. O desvio
ulnar é implementado. Os sintomas são novamente avaliados.

E) Se não ocorrer reprodução alguma dos sintomas, aplica-se extensão


do cotovelo. Os sintomas são novamente avaliados. Pode-se medir o grau
de extensão do cotovelo, caso a amplitude de movimento seja um objetivo.
F) A flexão lateral do pescoço é usada para aumentar a sensibilidade
do procedimento. Um teste positivo consiste na reprodução dos sintomas
durante o movimento distal.

Testes para Instabilidade Cervical

Teste de Sharp Purser (Modificado)

A) O paciente assume uma posição sentada. A cabeça do paciente


deve estar ligeiramente flexionada. O examinador avalia os sintomas em
repouso.

B) O examinador fica ao lado do paciente e estabiliza o processo


espinhoso de C2 usando uma pegada em pinça.

C) Delicadamente em um primeiro momento, o examinador aplica


uma força de translação posterior com a palma da mão na testa do paciente
em um sentido posterior.
D) Os sintomas são avaliados em ambos os graus de deslocamento
linear (palpados) ou provocação do sintoma.

E) Em geral, um teste positivo é identificado pela reprodução


dos sintomas mielopáticos durante a flexão anterior ou diminuição de
sintomas durante um movimento de anterior para posterior ou excesso de
deslocamento durante o movimento anteroposterior.

Teste da Membrana Tectoria

A) O paciente assume uma posição sentada.

B) O examinador coloca uma mão na região suboccipital do paciente,


posicionando o polegar e o dedo indicador contra o aspecto inferior do
occipício. Os três últimos dedos são flexionados e colocados contra os
processos espinhosos da parte cervical da coluna vertebral para bloquear a
coluna vertebral.
C) Usando a outra mão, o
examinador aplica uma força posterior
e para cima sobre os processos
mastoides do paciente, para transladar
a cabeça posteriormente. O polegar
e o dedo indicador da primeira mão
aplicam uma força de tração.

D) Um teste positivo é identificado


como a translação excessiva entre o
occipício e C1 e C2.
TESTES
MUSCULARES
Teste de resistência dos flexores - 2,5 cm da maca

Homens – 30 seg
Mulheres – 20 seg

A) O paciente encontra-se em decúbito dorsal.

B) O examinador posiciona o paciente de modo que sua cabeça seja


ativamente retraída e mantida cerca de 2,5 cm fora do apoio (o examinador
coloca sua mão sob a cabeça do paciente, para o conhecimento da posição).
Visualmente, uma prega cutânea está presente na parte anterior lateral do
pescoço. Forma-se uma linha nesta prega cutânea.

C) O paciente é instruído a manter essa posição. Se a cabeça do


paciente tocar a mão do examinador ou ele perder as pregas cutâneas, é
instruído a manter a cabeça ou flexionar o queixo.

D) O teste positivo é indefinido, mas o teste é encerrado quando o


paciente não é capaz de manter as linhas de prega cutânea ou não é capaz
de manter sua cabeça elevada por mais de 1 segundo.
Teste de Resistência dos extensores - Flexão de cervical alta

Homens – 30 seg
Mulheres – 20 seg
Movimento de 5 graus é positivo

A) O paciente encontra-se em decúbito ventral, com a cabeça fora da


extremidade da maca.

B) Coloca-se um cinto em torno da parte torácica da coluna vertebral


para reduzir a possibilidade de extensão torácica, ou estabiliza-se bem o
paciente na posição. Pode-se adicionar um peso de 2 kg sobre a cabeça do
paciente para aumentar a carga.

C) O paciente é instruído a retrair o queixo e manter essa posição o


maior tempo possível.

D) O teste é positivo quando a cabeça do paciente se movimenta 5° a


partir da horizontal.

Você também pode gostar