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CAOP Defesa do Consumidor e da Ordem

Econômica

TÓPICOS DE DIREITO
DO CONSUMIDOR

CONTRATO DE
ADESÃO

ABRIL 2021
CAOP Defesa do Consumidor e da Ordem
Econômica

Contrato de adesão
1. Formalidades

Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com


caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao
corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor (art. 54,
§ 3º, do CDC; REsp 1602678/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Terceira Turma do STJ, p. 31.05.2017).

2. Cláusulas limitativas de direito do consumidor

Nos contratos de adesão, as cláusulas que implicarem limitação de direito


do consumidor deverão ser redigidas com destaque para permitir sua
imediata e fácil compreensão (REsp 1837434/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma do STJ, p. 05.12.2019).

Com fundamento na boa-fé objetiva, incumbe ao proponente do seguro,


informar ao segurado, de forma adequada e exaustiva, a abrangência do
serviço de seguro ofertado, com os riscos cobertos e os riscos excluídos,
bem como as cláusulas limitativas, a fim de que o consumidor tenha exata
noção daquilo que está contratando. Em caso de divergência entre o
fornecedor e o consumidor sobre a extensão exata da informação que foi
repassada na fase pré-contratual, compete à seguradora comprovar que
efetivamente esclareceu todos os termos do contrato de seguro,
notadamente as cláusulas limitativas de direitos. Com efeito, nos termos do
art. 373, inciso II do CPC, incumbe à seguradora o ônus de demonstrar que
a consumidora tinha ciência inequívoca das condições gerais e especiais do
seguro, por se tratar de fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito
do consumidor. (AC nº 0004139-85.2019.8.16.0170, Rel. Juiz Guilherme
Frederico Hernandes Denz, 9ª C. Cível do TJPR, p. 11.09.2020).

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3. Possibilidade de conversão das obrigações heterogêneas

No contrato de adesão firmado entre o comprador e a


construtora/incorporadora, havendo previsão de cláusula penal apenas para
o inadimplemento do adquirente, deverá ela ser considerada para a fixação
da indenização pelo inadimplemento do vendedor. As obrigações
heterogêneas (obrigações de fazer e de dar) serão convertidas em dinheiro,
por arbitramento judicial (Tema Repetitivo 971, REsp 1631485/DF, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Segunda Seção do STJ, p. 25.06.2019).

4. Repetição do indébito e prova do erro

Tratando-se de relação de consumo ou de contrato de adesão, a


compensação/repetição simples do indébito independe da prova do erro
(REsp 1649087/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma do STJ, p.
04.10.2018).

5. Repetição do indébito e má-fé

Verificada a cobrança ilegal de valores mostra-se devida a repetição de


indébito de forma simples pela instituição financeira, ante a ausência de
comprovação de má-fé por parte do fornecedor de serviços (AC nº 0002031-
29.2018.8.16.0167, Rel. Des. Luiz Antônio Barry, 16ª C. Cível do TJPR, p.
04.09.2020).

6. Cláusula que estipula a eleição de foro

A cláusula que estipula a eleição de foro em contrato de adesão é válida,


desde que não obste o acesso ao Poder Judiciário nem a necessária
liberdade para contratar, razão pela qual, para sua anulação, é
imprescindível a constatação do cerceamento de defesa e a comprovação
da hipossuficiência do aderente (AgInt no AREsp 962818/BA, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Quarta Turma do STJ, p. 03.12.2019).

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7. Limitação e exceções da cláusula arbitral

O art. 51, VII, do CDC se limita a vedar a adoção prévia e compulsória da


arbitragem, no momento da celebração do contrato, mas não impede que,
posteriormente, diante do litígio, havendo consenso entre as partes - em
especial a aquiescência do consumidor -, seja instaurado o procedimento
arbitral (REsp 1785783/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma do
STJ, p. 07.11.2019).

É possível a cláusula arbitral em contrato de adesão de consumo quando


não se verificar presente a sua imposição pelo fornecedor ou a
vulnerabilidade do consumidor, bem como quando a iniciativa da
instauração ocorrer pelo consumidor ou, no caso de iniciativa do fornecedor,
venha a concordar ou ratificar expressamente com a instituição, afastada
qualquer possibilidade de abuso (AgInt no AREsp 1390057/SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma do STJ, j. p. 18.02.2020).

8. Interpretação das cláusulas

Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou


contraditórias, deverá ser adotada a interpretação mais favorável ao
aderente (AgInt no REsp 1770658/PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira
Turma do STJ, p. 22.04.2019).

Nos contratos de adesão a interpretação deve ser mais favorável ao


consumidor, aplicando-se as normas do Código de Defesa do Consumidor,
devido à função social do contrato (AC nº 0022127-44.2019.8.16.0001, Rel.
Des. Luis Sérgio Swiech, 9ª C. Cível do TJPR, p. 21.09.2020).

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9. Vulnerabilidade processual

A vulnerabilidade processual se apresenta quando a produção da prova é


mais difícil para o consumidor do que para o fornecedor, como por exemplo,
no caso de Telefônica, que por ser uma empresa detentora dos dados
informacionais que são objeto da lide, está em situação de superioridade no
que toca à produção da prova” (AI nº 0025514-36.2020.8.16.0000, Rel. Juiz
Horácio Ribas Teixeira, 6ª C. Cível do TJPR, p. 09.09.2020).

10. Possibilidade de cobrança de honorários advocatícios

É possível a cobrança de honorários advocatícios extrajudiciais se


expressamente prevista em contrato, ainda que de adesão, em caso de
mora ou inadimplemento por parte do consumidor, não se confundindo com
os honorários sucumbenciais que eventualmente advenham da cobrança
judicial (AgInt no REsp 1813017/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta
Turma do STJ, p. 24.10.2019).

11. Venda casada e contrato de adesão

Trata-se de prática abusiva condicionar o fornecimento de produto ou de


serviço ao fornecimento de outros produto ou serviço, o que configura a
chamada venda casada, de acordo com o art. 39, inciso I, do Código de
Defesa do Consumidor (AC nº 0000709-95.2015.8.16.0193, Rel. Juíza
Luciane Bortoleto, 18ª C. Cível do TJPR, p. 27.07.2020).

Deve ser garantida ao consumidor a liberdade de contratação, que não


passe somente pela faculdade de contratar ou não, por exemplo, o seguro,
mas também pela livre escolha da seguradora (AC nº 0019561-
74.2019.8.16.0017, Rel. Des. Ribeiro da Fonseca, 10ª C. Cível do TJPR, p.
20.07.2020).

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12. Dever de informação adequada e clara

O artigo 6º, III e IV, do Código de Defesa do Consumidor garante ao


consumidor informação adequada e clara sobre os serviços contratados.
Portanto, o fornecedor ao deixar de prestar informações claras a respeito do
tipo de cobertura contratada e as suas consequências, vindo a negar a
cobertura do seguro sem fundamentação plausível, representaria um ônus
financeiro desproporcional ao consumidor, que não receberia a
contraprestação pelo prêmio pago à Seguradora (AC nº 0000443-
13.2019.8.16.0050, Rel. Juiz Alexandre Barbosa Fabiani, 8ª C. Cível do
TJPR, p. 09.09.2020).

A violação ao dever de informação causa lesão ao consumidor e o coloca


em desvantagem exagerada, incompatíveis com a boa-fé ou a equidade,
nos termos do que prescreve o art. 39, incisos IV e V do CDC. A falha do
dever de informação e a desvantagem exagerada ao consumidor,
considerando o contrato que efetivamente pretendia contratar, gera a
nulidade do contrato pactuado, nos termos do art. 51, IV e § 1º, do CDC (AC
nº 0001852-98.2020.8.16.0014, Rel. Des. Rosana Andriguetto de Carvalho,
13ª C. Cível do TJPR, p. 09.09.2020).

13. Contrato de adesão e atuação do Ministério Público

A ACP vindicando o reconhecimento de abusividade de cláusula de


contratos presentes e futuros da incorporadora aborda questão de relevante
interessante social, por envolver contratos com preços vultosos, abrangendo
muitas vezes todas as economias de famílias e, no caso específico, o
próprio direito de moradia. No caso concreto, há: (i) direitos individuais
homogêneos referentes aos eventuais danos experimentados por aqueles
que firmaram contrato; (ii) direitos coletivos resultantes da suposta
ilegalidade em abstrato de cláusula contratual de tolerância, a qual atinge
igualmente e de forma indivisível o grupo de contratantes atuais da ré; (iii)
direitos difusos, relacionados aos consumidores futuros, coletividade essa
formada por pessoas indeterminadas e indetermináveis (REsp 1549850/SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma do STJ, p. 19.05.2020).
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14. Validade de cláusula compromissória

A validade da cláusula compromissória, em contrato de adesão


caracterizado por relação de consumo, está condicionada à efetiva
concordância do consumidor no momento da instauração do litígio entre as
partes, consolidando-se o entendimento de que o ajuizamento, por ele, de
ação perante o Poder Judiciário caracteriza a sua discordância em
submeter-se ao Juízo Arbitral, não podendo prevalecer a cláusula que
impõe a sua utilização (AgInt no AREsp 1192648/GO, Rel. Min. Raul Araújo,
Quarta Turma do STJ, p. 04.12.2019).

Sabido que para a resolução de conflitos oriundos de relação consumerista,


é possível a utilização da arbitragem, desde que se dê por iniciativa do
consumidor, ou, caso seja instaurada pelo fornecedor, o consumidor
concorde ou ratifique expressamente. Assim, a propositura de ação no juízo
estadual pelo consumidor demonstra a sua discordância pela instauração do
procedimento da arbitragem, renunciando à aludida cláusula, o que afasta a
obrigatoriedade de participação do procedimento arbitral (AC nº 0022325-
18.2018.8.16.0001, Rel. Des. Fábio Haick Dalla Vecchia, 11ª C. Cível do
TJPR, p. 09.09.2020).

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