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Atividades Lúdicas e Experimentação -

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Ensino de química por meio de games e simuladores: Estudo


das propriedades dos elementos químicos relacionada aos
resíduos perigosos
Diuly Pereira Tófolo2 (IC); Érica Rost1* (IC); Jennyfer Ribero de Morais3 (PG).
rost.erica@yahoo.com.br; 2diulytofalo@gmail.com; 3jennyfermi@outlook.com
1

Instituto Federal de Goiás – Campus Itumbiara.

Palavras-Chave: Games, Química, Simuladores,

RESUMO: A utilização das TICs em conjunto com Metodologias Ativas de Aprendizagem que envolvem o
contexto histórico-social do aluno, é um dos caminhos para que o ensino possa, com significado,
alcançar o estudante. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é relatar as análises de interesse e
entendimento dos alunos mediante o uso de games, simuladores e de uma contextualização do cotidiano
estudantil com o conteúdo estudado. Para tal, foram utilizados dois aplicativos para celular que
trouxeram, de forma interativa, informações relevantes sobre as propriedades dos elementos químicos e
suas periculosidades. Além disso, foi-se discutido sobre o descarte adequado de resíduos e lixos tóxicos
como solução para a prevenção de problemas ambientais. O trabalho dessa problemática, juntamente
com o uso das TICs, fez com que os alunos mostrassem interesse no conteúdo. A avaliação da
aprendizagem, feita com os formulários diagnóstico, avaliativo e com o quis do Kahoot! foi positiva.

INTRODUÇÃO
Devido à situação de isolamento social causada pela pandemia de Covid-19, nos
anos de 2020 e 2021 no Brasil, a grande maioria das aulas aconteceram no modelo de
ensino remoto emergencial, utilizando-se das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs). Tais tecnologias que são definidas como “quaisquer tecnologias
que tratem de informação e auxiliem na comunicação, podendo ser na forma de
hardware, software, rede ou tele móveis em geral” (ALMEIDA, 2019). Assim, dado o
uso das TICs como melhor opção para os alunos darem prosseguimento nos estudos,
percebeu-se a urgência da sua incorporação integral no sistema de ensino-
aprendizagem.
De acordo com Reis e Tomaél (2016), os nascidos a partir do período de 1995 e
2010, respectivamente nas gerações Z e Alpha (os nativos digitais) são expostos
constantemente a mudanças de ferramentas para acesso à informação e
desenvolvimento de processos no seu dia a dia. Sendo essa a razão pela qual tais
jovens possuem maiores exigências sobre as ferramentas e metodologias usadas na
sala de aula, já que cresceram com o avanço da tecnologia, e não conseguem imaginar
sua vida sem a presença desta. Além disso, afirmam que esses alunos possuem
acesso fácil e rápido à informação, motivo pelo qual tornaram-se questionadores
quanto ao conhecimento que lhes é exposto. Por isso, torna-se necessário que as TICs
estejam presentes na abordagem do professor, para que esses alunos sejam
alcançados.
Também, é importante destacar a adoção dessas tecnologias relacionadas a
teoria, para que o discente possa, além de só desenvolver habilidade tecnológicas,
desenvolver o uso dessas para contribuir na análise crítica e ampliação da sua visão de
mundo, de acordo com Valadares (2019):

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Ao manipularem o smartphone e os aplicativos, os alunos desenvolvem


diferentes habilidades e capacidades, são submetidos a diferentes práticas que
muitas vezes são essenciais para a vida moderna. Cabe, portanto, ao docente
combinar a sua prática pedagógica (teoria e prática) com um equipamento
tecnológico que apresente a possibilidade de seus alunos compreenderem
diferentes semioses e ampliarem suas habilidades (VALADARES, 2019, p. 14).

Desse modo, é importante relacionar as TICs com as Metodologias Ativas de


Aprendizagem, pois tratam de métodos que colocam o aluno como protagonista do
processo de ensino aprendizagem, posto que antes costumava ser ocupado pelo
professor. Nessa perspectiva, o estudante tem mais autonomia e participação, sendo o
docente responsável por orientar e auxiliar o aluno em sua caminhada, que se mostra
diferente para cada sujeito, conforme também apontam Bacich e Moran (2018).

As pesquisas atuais na área da educação, psicologia e neurociência


comprovam que o processo de aprendizagem é único e diferente para cada ser
humano, e que cada um aprende o que é mais relevante e que faz sentido para
ele, o que gera conexões cognitivas e emocionais [...] em seu próprio ritmo,
tempo e estilo (BACICH; MORAN, 2018, p.23).

Para a utilização das metodologias ativas existem várias abordagens, como a


gamificação, a aprendizagem por projetos, o ensino investigativo, a classe invertida e a
aprendizagem centrada em eventos. Todas têm o objetivo de tornar a aprendizagem
um processo mais significativo para o aluno, objetivo ao qual se chega quando o ensino
é feito a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, quando conceitos já assimilados
são integrados aos novos saberes adquiridos, internalizando assim a informação
(MOREIRA, 2010).
Mediante as literaturas apontadas, foi planejada uma aula sobre as
propriedades dos elementos químicos para a 1ª série do Curso Técnico em Química
integrado ao Ensino Médio, na disciplina de “Introdução às Práticas de Laboratório “,
abordando os conceitos relatados. Utilizou-se de dois simuladores da Tabela Periódica
e um jogo desenvolvido no “Kahoot!”, as estagiárias trabalharam com o uso da
gamificação e de recursos digitais (TICs), além de relacionar os conhecimentos do dia
a dia aos conteúdos da disciplina por meio de temáticas ambientais e sociais.
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é relatar as análises feitas durante a
aula, juntamente com a participação e aceitação da turma com as ferramentas
metodológicas utilizadas, relacionando-as ao conteúdo da Tabela Periódica e com uma
problemática do lixo tóxico, que faz parte do cotidiano dos alunos.

REFERENCIAL TEÓRICO
Quando se refere à aplicação de jogos eletrônicos para a aprendizagem, a
metodologia é chamada de gamificação. Segundo Tolomei (2017), “pode-se dizer que o
processo de gamificação é relativamente novo, derivado da popularidade dos games e
de todas as possibilidades inerentes de potencializar a aprendizagem em diferentes
áreas do conhecimento”. Essa metodologia trabalha com a ideia de que os jogos
podem propiciar uma imersão maior e mais divertida ao aluno, criando situações que

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envolvem diversos sentidos e emoções, por meio da utilização de mecanismos


presentes neles, como desafios, missões, pontuação, recompensas, quizzes,
possibilidade de melhoria nos atributos do avatar e sistema de nível. Sendo notório
assim, que os games podem ajudar no engajamento e na motivação em atividades
educacionais, pois fazem com que os alunos “aprendam brincando”.
Um dos games frequentemente utilizado para diagnóstico e verificação de
aprendizagem é a plataforma interativa de quizzes Kahoot!, que é acessível tanto por
aparelhos telefônicos quanto em computadores, além de ser gratuita e pode ser
empregada com acompanhamento síncrono e assíncrono. No modo de joga pelo
acompanhamento síncrono, o criador do quiz pode apresentar sua tela com as
perguntas e opções de resposta, enquanto os respondentes enxergam em seus
celulares apenas os botões coloridos referentes às opções. Entre suas principais
vantagens estão o acompanhamento das respostas por parte do criador do jogo e a
observação da pontuação dos participantes a cada pergunta (1º, 2º e 3º lugares),
baseada no acerto e na velocidade da resposta, incentivando a competitividade.
Outros aplicativos que também são continuamente usados como TICs no ensino, são
os simuladores, pois segundo Magee (2010) apud Calomeno (2017), “ao desenvolver a
habilidade de solução de problemas, o simulador apresenta ambientes, recursos
informacionais e ferramentas que levam o aluno a resolver o problema e testar seu
conhecimento”. Como exemplo de simulador educacional usado na disciplina de
Química, menciona-se o Simulador Tabela Periódica Educalabs, que foi empregado na
aula elaborada deste trabalho.
O autor Aguiar (2016), ao fazer uso dos simuladores no ensino de Química
devido a dificuldade dos alunos para assimilar a matéria, descreve que “é possível
obter uma aprendizagem satisfatória e significativa, com o uso de simuladores”. Em
conformidade, Lima et al. (2013), apontam mais uma vantagem do uso dos
simuladores, ao mencionar que “[...] é importante também saber que os alunos
conseguem visualizar melhor, o que antes só era visto microscopicamente, e isso
desmistifica o que antes parecia ser coisa de outro mundo”.
Por meio do entendimento da visão dos alunos de que a disciplina de Química
possui muitas informações novas, além de ser demasiadamente teórica e abstrata, é
possível constatar que os simuladores poderiam sanar a deficiência de uma maior
objetividade do conteúdo, mostrando ilustrações do cenário microscópico, bem como,
relacionando o conhecimento teórico com a cena do que aconteceria na prática.
Conjuntamente a isto, a utilização da abordagem sociocultural, trabalhando temas
ambientais e sociais durante as aulas, seria de grande auxílio para a aprendizagem do
estudante, pois assim, os acontecimentos da realidade do aluno seriam relacionados
aos conteúdos da disciplina.
Os pesquisadores Assis, Schmidt e Halmenschlager (2013) apontam como
norteadores dos planos de aula os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio (PCNEM), pois incentivam o uso da aprendizagem significativa, já que esta torna
a aprendizagem mais prazerosa e apoia a contextualização no ensino de química,
ligando os conteúdos aos acontecimentos do dia a dia do aluno e estabelecendo
relação com as outras ciências.

Essa ideia também é amplamente defendida nas diretrizes curriculares


nacionais gerais para a educação básica (BRASIL, 2010) e nas diretrizes
curriculares para o ensino médio (DCNEM) (BRASIL, 2011), que argumentam
em favor do desenvolvimento de práticas educativas pautadas em temas com

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caráter de transversalidade, advindos da realidade do aluno (ASSIS;


SCHMIDT; HALMENSCHLAGER, 2013, p.2).

Os parâmetros curriculares estaduais para o Ensino Médio de Goiás defendem


a necessidade de contextualização, na 1ª série do Ensino Médio, do conteúdo de
Propriedade dos materiais com as características de composição e toxicidade de
produtos e materiais, com o objetivo de desenvolver a habilidade EM13CNT104, que é
assim descrita:

Avaliar os benefícios e os riscos à saúde e ao ambiente, considerando a


composição, a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais e produtos,
como também o nível de exposição a eles, posicionando-se criticamente e
propondo soluções individuais e/ou coletivas para seus usos e descartes
responsáveis (GOIÁS, 2020, p. 268).

Também, conforme o Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Química


integrado ao Ensino Médio do IFG - Itumbiara (2015), a ementa da disciplina
“Introdução às Práticas de Laboratório” apresenta os conteúdos relacionados às
noções de segurança no laboratório, além da revisão de conceitos iniciais
fundamentais na disciplina de química, relacionados à prática, consonantemente com o
seguinte objetivo seu:

Proporcionar ao discente o acesso inicial, com algumas técnicas e cuidados


básicos necessários ao trabalho no laboratório de química, capacitando-o a
trabalhar com conceitos iniciais da química experimental, no tocante à
condução de experimentos, coleta e interpretação de dados, observação e
preparação de relatórios (IFG, 2015, p.81).

Tratando-se da revisão de conceitos fundamentais à disciplina, o domínio do


conteúdo “Propriedades periódicas” tem essencial importância para o prosseguimento
do estudo da Química no Ensino Médio e, muitas vezes costuma ser abordado de uma
forma extremamente teórica, na qual os alunos tentam decorar as informações ao invés
de entendê-las. Portanto, é necessário que haja uma intervenção didática capaz de
facilitar a aprendizagem significativa dos estudantes nesse sentido.
Em concordância aos parâmetros relatados, duas estagiárias do curso de
Licenciatura em Química prepararam uma aula sobre “Propriedades dos elementos e
suas aplicações práticas”, conforme a proposta estabelecida pelas diretrizes
curriculares para a disciplina de Estágio Supervisionado II, que orienta o
desenvolvimento das atividades na perspectiva do Estágio Pesquisa (IFG, 2018).

CAMINHOS METODOLÓGICOS
A aula intitulada de “Propriedades dos Elementos Químicos e os Lixos Tóxicos”
foi ministrada por duas estagiárias do curso de Licenciatura em Química a uma turma
da 1ª série do Ensino Médio integrado ao Técnico em Química do Instituto Federal de
Goiás - Campus Itumbiara, durante o 4º Bimestre do ano letivo. A disciplina de
aplicação foi “Introdução às Práticas de Laboratório”, dentro do eixo temático: “Matéria
e suas propriedades”. A data de aplicação da aula compreendia o período de
isolamento social causado pela pandemia da Covid-19, de forma que ocorreu
remotamente por meio de uma videoconferência realizada pelo Google Meet (serviço
de comunicação por videochamada).

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Antes da data marcada para a execução da aula, um questionário diagnóstico


dos conhecimentos que os alunos já possuíam, feito no Google Forms (plataforma de
criação e acompanhamento de questionários online), foi enviado aos alunos por meio
do grupo da turma no Whatsapp (aplicativo de comunicação por mensagens). O
objetivo foi identificar os pontos mais compreendidos e os menos compreendidos pelos
alunos sobre as propriedades dos Elementos químicos e sobre a organização da tabela
periódica, além de investigar a opinião dos alunos a respeito das aulas remotas e sobre
o uso de aplicativos de celular como ferramenta de aprendizagem. Tais
questionamentos foram levantados, conforme GIL (2012), o qual define o questionário
como um instrumento de coleta de dados para a realização de pesquisas. Foram
utilizadas imagens e gifs (imagens com movimentação) para deixar o formulário mais
atrativo, e as questões foram separadas por seção a fim de que o aluno respondesse
mais tranquilamente.
No primeiro momento da aula, os conteúdos vistos nas aulas anteriores foram
revisados, apresentando a definição de Elemento Químico, o motivo pelo qual são
organizados em uma Tabela Periódica, o modo como a organização atual foi feita, e
um breve repasse das principais propriedades de cada grupo da Tabela Periódica,
comentando sobre suas aplicações práticas. Essas informações foram apresentadas
no formato de Slides.
Para relacionar as propriedades dos elementos ao seu potencial de
periculosidade (baseado nos parâmetros de bioacumulação, persistência, transporte,
toxicidade a diversos organismos, potencial mutagênico, teratogênico e carcinogênico),
se manuseados de forma inadequada, foi utilizado o simulador tridimensional “Tabela
Periódica Educalabs”, disponível gratuitamente na Play Store (serviço de distribuição
digital de aplicativos). Ele foi escolhido, pois nas configurações do aplicativo, é possível
ajustar a tabela de acordo com a propriedade desejada (eletronegatividade, densidade,
raio atômico, ponto de fusão e ebulição etc.), conforme demonstra a Figura 1, além de
moldar seu formato tridimensional deixando maiores os elementos que apresentam
maiores índices da propriedade selecionada.

Figura 1 - Densidade dos elementos no Simulador Tabela Periódica Educalabs


Fonte: Panapps Ltda, 2019.

Foram explicadas as relações das propriedades densidade, ponto de fusão e


ponto de ebulição ao perigo que determinados elementos representam à saúde e ao
meio ambiente, já que os elementos com alta densidade podem ser relacionados com o
risco de serem bioacumulativos e aqueles com baixo ponto de fusão (P.F.) podem ser
voláteis ou mais facilmente inflamáveis.
Para ilustrar e exemplificar alguns elementos perigosos, foi utilizado o simulador
“Tabela periódica dos elementos” do desenvolvedor Asparion (também
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disponível gratuitamente na Play Store). O aplicativo contém um quadro de simbologias


de perigo, as quais foram todas explicadas durante a aula, como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Quadro dos Símbolos de Perigo


Fonte: Asparion, 2018

A fim de elucidar os riscos de se descartar inadequadamente resíduos que


contenham determinados elementos químicos, alguns elementos foram selecionados e
posteriormente, pediu-se aos alunos que investigassem no aplicativo “Tabela Periódica
dos Elementos” o potencial de periculosidade desses à saúde humana ou ao meio
ambiente, conforme mostra o exemplo da Figura 3.

Figura 3 - Símbolos de perigo do elemento Cloro


Fonte: Asparion, 2018

Após a utilização dos simuladores, retornou-se à apresentação de slides para


falar de alguns resíduos e lixos tóxicos comuns em uma casa brasileira e seus locais
corretos de descarte, ressaltando que geralmente são descartados de forma incorreta.
Os resíduos (materiais que podem ser reaproveitados ou reciclados) perigosos e os
lixos (não podem ser reaproveitados) tóxicos utilizados foram: uma lâmpada
fluorescente usada, um rádio velho, um barril de óleo residual de cozinha, uma bateria
de carro usada, uma embalagem vazia de óleo lubrificante automotivo, uma
embalagem vazia de pesticida e pneus velhos. As opções de descarte mencionadas
foram: Produtos reutilizáveis; Locais de descontaminação; Retornar aos fabricantes ou
vendedores e Reciclagem eletrônica. O descarte mais adequado para cada exemplo foi
apresentado, conforme a Figura 4.

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Figura 4 - Opções de descarte


Fonte: Elaborado(a) pelo(a) autor(a), 2021

Para essa explicação, foi mencionada a Lei da Logística Reversa (Lei 12.305),
integrante da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010), na qual está
declarado que o tratamento dos resíduos e lixos tóxicos é de responsabilidade direta do
seu produtor, e indireta do comerciante. Em seguida, alguns acidentes causados pelo
descarte não adequado desses materiais, como o rompimento das barragens de
Mariana e Brumadinho (que continham elementos químicos perigosos) e o famoso
acidente radioativo do Césio-137, que aconteceu na cidade de Goiânia, Goiás.
Para finalizar a aula e verificar a aprendizagem dos conceitos expostos, assim
como, verificar o entendimento da problemática apresentada com o conteúdo estudado,
foi aplicado um quiz, de 10 questões, feito pela plataforma “Kahoot!”, sendo que
metade das perguntas era de conhecimentos sobre as propriedades características de
alguns Elementos químicos, e metade sobre a destinação correta de lixos e resíduos
tóxicos.
As licenciandas auxiliaram e direcionaram os estudantes enquanto respondiam
as perguntas do Kahoot!, sanando as dúvidas que iam surgindo e verificando o quanto
os alunos haviam obtido de conhecimento na aula. Todos os estudantes foram
parabenizados pela participação e incentivados a pesquisar mais sobre o assunto.
Finalmente, após a conclusão do encontro, houve a aplicação de um questionário de
avaliação da aula , feito na plataforma Google Forms, que objetivou analisar a
satisfação dos alunos quanto à metodologia utilizada pelas estagiárias e suas opiniões
favoráveis e desfavoráveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente, foi contabilizado que o questionário diagnóstico teve vinte dois
respondentes. Desses, 41,0% relataram sentir um pouco de dificuldade no domínio das
tecnologias digitais, durante o andamento das aulas, de modo que essa dificuldade
atrapalha seu desempenho nas aulas em modelo não-presencial. Também, a
problemática da queda de motivação discente para assistir as aulas durante o ensino
em modelo remoto também deve ser considerada, pois em sua maioria (54,5%), os
estudantes alegam considerar as aulas nesse modelo “razoáveis”, enquanto no modelo
presencial, em sua maioria (91,0%) consideravam as aulas como “satisfatórias”.
Além disso, o questionário diagnóstico demonstrou que 45,5% dos
respondentes não tiveram experiências com jogos on-line no ensino de química, mas
que em sua totalidade, acham que esses podem contribuir para o ensino da disciplina,
revelando assim, que essa fermenta de aprendizagem não é utilizado pelos
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professores, mesmo trazendo amplos benefícios como a formação mais sólida da


relação entre a teoria e o que de fato acontece microscopicamente, conforme aponta
Lima et al. (2013). Supõe-se também, que a pouca utilização dessa tecnologia deve-se
a dificuldade de adaptação que o corpo docente possui com as TICs.
Ademais, no mesmo questionário, foi apontado que a totalidade dos
respondentes conhecia a maior parte das propriedades dos Elementos químicos, tais
como densidade, dureza, elasticidade, maleabilidade, tenacidade, brilho, ductibilidade,
ponto de fusão, ponto de ebulição e a solubilidade. Salienta-se que esse conhecimento
era preciso para a compreensão da relação desse conteúdo com a problemática dos
lixos e resíduos tóxicos apresentada e, para a assimilação dos demais conteúdos do
curso técnico em Química.
Durante a aplicação do quiz na plataforma Kahoot!, foi constatado que os
resultados foram positivos, pois houve ampla participação dos alunos presentes. Cabe
mencionar, entretanto que uma das alunas não conseguiu jogar devido a problemas na
sua conexão com a internet, e nem todos os alunos conseguiram instalar os
simuladores pedidos por não terem smartphones com espaço de memória suficiente.
Porém todos os demais conseguiram participar da atividade.
Nesse sentido, é importante atentar-se aos aspectos negativos que a utilização
das TICs pode ocasionar em tempos de ensino remoto e em diferentes contextos
socioeconômicos, excluindo os estudantes pertencentes às classes sociais mais
baixas, que possuem aparelhos telefônicos com menor espaço de memória e com
Internet de menor estabilidade, conforme citam os autores Costa e Sousa (2020).

Conseguiu-se apreender que a problemática da inserção das TIC na área da


educação não se concentra apenas na maneira didático-pedagógica de se
incorporar os dispositivos móveis e suas infinitas possibilidades; mas também
nas estruturas social, econômica e política subjacentes que não podem ser
ignoradas. As duas medidas que foram problematizadas neste artigo
descortinam que “soluções” de políticas públicas educacionais não são fáceis.
Há de se ponderar as condições socioeconômicas desiguais que caracterizam
as diversas regiões do Brasil (COSTA; SOUSA, 2020, p.8).

Apesar disso, os discentes se mostraram animados e participativos com a


aplicação do jogo, em concordância com a pesquisa relatada por Amico, Moraes e Prá
(2019), que descreve que a utilização do Kahoot! como jogo educacional traz os
seguintes benefícios:

Ao se trabalhar com pontuações e níveis de experiência, o usuário é instigado


a buscar atividades para cumprir seus objetivos e, ao criar suas metas e tarefas
em conjunto com outros usuários, eles interagem com o sistema de forma
autônoma e dialogam entre si aumentando o senso de amizade e comunidade
(AMICO; MORAES; PRÁ, 2019, p.2).

Esses autores apontam que a utilização do lúdico na sala de aula incrementa


não só no aprendizado do aluno, mas também no seu desenvolvimento social, sendo
este um aspecto igualmente importante no ambiente escolar, conforme expõe
Durkheim (1974) apud Muller (2008), ao defender que a escola é um local necessário
para a socialização, aprendizado de normas e valores morais das gerações mais
jovens.
Em comparação as repostas obtidas no Questionário Diagnóstico, aplicado
anteriormente à aula, foi possível observar que houve uma melhor assimilação do
conteúdo “Propriedades Periódicas”, e o tema “descarte de lixo e resíduos perigosos”
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ganhou significação na aprendizagem do aluno. Ressaltando uma resposta que diz “A


compreensão das propriedades dos elementos químicos são necessárias para a
destinação correta de lixos e resíduos, porque facilitam a divisão desses, ficando cada
um em sua determinada lixeira, com uma chance menor de contaminação”.
A partir da análise das repostas, percebeu-se que em sua maioria, os alunos
compreenderam a relação existente entre as propriedades dos Elementos químicos e
os lixos e resíduos tóxicos, indo mais além quando também demonstram o
entendimento da formação de possíveis reações químicas decorrentes do seu descarte
incorreto e quando demonstraram a importância da sua separação dos demais lixos
domésticos. Entretanto, tendo em vista que nem todos os alunos responderam
satisfatoriamente à pergunta sobre a relação entre as propriedades dos Elementos
químicos e os lixos e resíduos tóxicos, disponibilizou-se o material elaborado para a
revisão daqueles que encontraram dificuldades em seu entendimento.
O formulário de avaliação da aula obteve doze respostas. Sua análise
demonstrou que houve um bom nível de satisfação (91,6%) quanto à utilização das
TICs e um ótimo nível de satisfação (100%) quanto às metodologias escolhidas pelas
estagiárias.
Tendo em vista todos os aspectos mencionados, é relevante apresentar a
avaliação positiva dos alunos sobre a aula, e o quanto acreditam que os jogos online
podem contribuir para o ensino de química, estando de acordo com a fala de um aluno
“Mais interações como esta para tornar o aprendizado mais leve”. Ressaltando-se que
a única crítica apontada foi a necessidade de aumentar o tempo de leitura das
questões durante o jogo do Kahoot.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as literaturas que discutem sobre a necessidade da inserção das
TICs, em um cenário que estão de fácil acesso, em constante criação e evolução,
mostra-se imprescindível que os sistemas de ensino se adaptem à nova realidade
apresentada, sabendo-se também que a gamificação e o uso de simuladores é um
método que tem por objetivo tornar lúdico o aprendizado, pois promove a
competitividade e interação entre os colegas.
Além disso, especificamente para o ensino de química, utilizar as TICs
(simuladores e jogos para smartphone) traria maior entendimento e assimilação dos
conteúdos que são muitas vezes, abstratos. Ressalta-se que o uso das TICs deve ser
pensado para que nenhum estudante seja excluído por possuir menos condições de
acesso a ferramentas de qualidade.
Adicionalmente, considerando a dificuldade dos alunos no engajamento da
disciplina de Química, o uso de problemáticas ambientais e sociais aliada ao uso das
TICs é importante para que se demonstre a utilidade do conteúdo estudado e para que
o discente desenvolva consciência dos impactos que o domínio ou falta de domínio
desse conteúdo possa ocasionar.

REFERÊNCIAS
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estados de agregação da matéria. 2016.38f. Trabalho de conclusão de curso
(Especialização em Educação na Cultura de Digital) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2016.

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