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Saúde do Recém-Nascido: Estratégias

para Redução da Mortalidade Infantil


e Cuidados Materno-Infantis

Brasília-DF.
Elaboração

Wellington Luiz de Lima

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5

Introdução.................................................................................................................................... 7

Unidade I
Saúde do Recém-Nascido................................................................................................................. 9

Capítulo 1
Recém-Nascido..................................................................................................................... 9

Unidade iI
Assistência ao Nascer..................................................................................................................... 18

Capitulo 1
Cuidados ao Nascimento.................................................................................................. 18

Unidade iII
Alojamento Conjunto.................................................................................................................... 77

Capitulo 1
Maternidade......................................................................................................................... 77

Unidade iV
Aleitamento Materno..................................................................................................................... 105

Capitulo 1
Amamentação................................................................................................................... 105

Unidade V
Situações Especiais......................................................................................................................... 114

Capitulo 1
Orientações Especiais....................................................................................................... 114

Para (não) Finalizar.................................................................................................................... 130

Referências................................................................................................................................. 131
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
De acordo com o Ministério da Saúde (2011), desde 1990 o Brasil tem desenvolvido
ações voltadas para a redução de mortalidade materna e infantil com o objetivo de
aperfeiçoar e melhorar a qualidade da atenção à saúde prestada durante o pré-natal
(PN), ao recém-nascido (RN), puerpério e durante o crescimento e desenvolvimento
(CD). Em 2004 foi assinado o “Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal”
com a finalidade de reunir todos os níveis de atenção à saúde com ações regionalizadas.

Afirma o mesmo autor, que a diminuição da mortalidade neonatal tem como objetivo
também de diminuir as desigualdades regionais no país, desde 2009 o Ministério
da Saúde (MS) assumiu as ações e diminuiu primeiramente as taxas de mortalidade
neonatal nas regiões da Amazônia Legal e do Nordeste brasileiro em 5%. Ainda
observa-se que existe falhas na assistência, mas houve redução considerável da
mortalidade infantil mas a desigualdade social ainda continua.

Objetivos
»» Contribuir para o norteamento para aprofundar estudo sobre atuação de
enfermagem em saúde materna e infantil.

»» Desenvolver os conhecimentos específicos sobre a assistência voltado


para a redução das taxas de mortalidade materna e infantil.

»» Capacitar enfermeiros para prestar assistência com qualidade na Saúde


da Mulher e Criança.

»» Desenvolver a opinião critica na assistência humanizada.

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Saúde do Unidade I
Recém-Nascido

Capítulo 1
Recém-Nascido

Condições de Nascimento, mortalidade


infantil no Brasil e fatores de risco
Segundo o Ministério da Saúde (2011), o cuidado criterioso do RN tem sido importante
nas ações para a diminuição da mortalidade infantil, apesar das políticas públicas no
Brasil, ainda temos um elevado índice de mortalidade infantil, tal fato justifica-se pelas
elevadas desigualdades em saúde afetando o cuidado do RN. O período neonatal é um
momento em que o RN esta aprendendo a se adaptar a vida extrauterina e a produzir
seus próprios anticorpos se tornando vulnerável a certas doenças e agravos de saúde
devido aos riscos biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais, precisando de
cuidados específicos, integral e com qualidade.

Afirma ainda, que os nascimentos compõem os indicadores demográficos e


epidemiológicos traçando o perfil da população incluído as taxas de mortalidade infantil,
de natalidade, de fecundidade e de mortalidade materna constituindo informações
relevantes para formulação de políticas públicas nas áreas da saúde materna e infantil.

As informações sobre a natalidade no Brasil são geradas por meio dos censos e dos
registros vitais, abordam todas as informações e as condições em que os nascimentos,
a falta desses dados no registro de nascido acarreta analises e interpretação de forma
errada afetando na formulação de políticas eficazes que atuam na promoção e prevenção
de óbitos neonatais (PAES; SANTOS, 2010).

As políticas públicas voltadas para saúde materna e infantil desenvolvem ações de


promoção, prevenção e assistência à saúde integral da gestante, durante o puerpério,
RN e crianças até 5 anos de idade. Dentre as ações prioriza-se os cuidados integrais
do RN, imunização, aleitamento materno exclusivo até 6 meses e complementar até
2 anos de idade, prevenção de doenças crônico degenerativos na infância e na vida

9
UNIDADE I │Saúde do Recém-Nascido

adulta, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, saúde mental, entre


outros. Atualmente essas ações tem se tornado um enorme desafio na diminuição da
mortalidade infantil no país e promoção da saúde, para a eficácia do sistema as redes
precisam ser regionalizadas e efetivas, na qual os hospitais não são uma fonte exclusiva
de cuidado não provendo o cuidado integral.

No Brasil, os dados do nascimento se encontra disponível por meio de um sistema


informatizado, porém, ainda há falhas nos declarações de óbito e de nascidos vivos, o
prontuário, a autorização de internação hospitalar (AIH), sistemas de notificação de
agravos, Cartão da Gestante e a Caderneta de Saúde da Criança (BRASIL, 2011).

No Brasil, o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) é utilizado como


meio de registro dos nascimentos dos hospitais por município e por estado para traçar o
perfil, caracterizar a população, auxiliar no planejamento e calcular taxas de mortalidade.
O objetivo principal do SINASC é avaliar a situação de saúde e de uma população, criar
indicadores que possibilitam o planejamento, a gestão e a avaliação de políticas e ações
de vigilância e atenção à saúde na área da saúde materno-infantil (OLIVEIRA et al,
2015; BRASIL, 2011). Dentro do SINASC existe a Declaração de Nascido Vivo (DNV),
documento fornecido pelos hospitais com unidade de maternidade para RN nascidos
vivos (figura 1) (BRASIL, 2011).

Figura 1: Declaração de Nascido Vivo (DNV)

Fonte: Brasil (2013)


Fonte: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2012/06/declaracao-de-nascido-vivo-e-emitida-apos-o-parto/declaracao-
de-nascido-vivo/view>

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Saúde do Recém-Nascido │ UNIDADE I

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define nascimento com vida como:

A expulsão completa do corpo da mãe, independentemente da duração


da gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação,
respira ou apresenta quaisquer outros sinais de vida, tais como
batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos
efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não cortado
o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta (BRASIL,
2011; p 13).

O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece em suas diretrizes que todos os


hospitais ou estabelecimentos que fazem partos e/ou tem ligação direta com a saúde
materno-infantil são obrigados a fornecer a DNV com as informações do parto e do RN
(OLIVEIRA et al, 2015).

Com as ações de saúde pública voltada para saúde materno-infantil e os sistemas de


informações, tem registrado uma diminuição das taxas de óbitos em crianças menores
de 1 ano de idade. As estatísticas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE) afirmam que em 2005 houve 4% do total de óbitos em crianças
menores de 1 ano, sendo que essa taxa caiu para 2,5% em 2015, enquanto a taxa de
óbito de 1 ano até 5 anos em 2005 eram de 4,8% e 2015 caiu para 3%.

Em 1974, no Brasil, o índice de óbitos em crianças menores de 1 ano totalizava 28%


enquanto nas menores de 5 anos era de 36,6%. Essa redução no índice de óbitos
justifica-se pelas taxas de fecundidade que diminuíram significamente e pelas ações de
promoção e prevenção voltados para saúde materno-infantil.

Além dessas ações citadas, o IBGE atribui a diminuição das taxas de mortalidade
infantil ao fato de ter aumentando a escolaridade materna, ao saneamento básico nos
domicílios, água potável, coleta de lixo, aumento do acesso aos serviços de saúde e
melhora no atendimento do PN (BRASIL, 2016).

De acordo com o Ministério da Saúde (2011), outro fator que atribui a diminuição da
mortalidade infantil está relacionado também com a nutrição materna adequada que
diminui o baixo peso ao nascer, à prematuridade e a via de parto considerado outro
fator importante. O parto normal ainda é uma das vias de parto mais segura e com
baixos riscos, com exceção nas gestações de alto risco, mas ainda há um elevado índice
de partos cesarianos sem indicações favorecendo para que os próximos partos sejam
cirúrgicos, aumentando a predisposição há maiores riscos materno e infantil.

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UNIDADE I │Saúde do Recém-Nascido

Perfil dos óbitos infantis e perinatais


A Declaração de Óbito (DO) está inserida dentro do SIM possibilitando avaliação dos
óbitos maternos e de crianças permitindo avaliar as ações desenvolvidas. Em caso de
óbito natural a DO deve ser preenchida pelo médico assistente, de óbito por acidentes
e/ou violências, deverá ser preenchido por médico legista.

A interpretação da incidência de óbitos maternos e infantis por eventos sentinela


possibilita a identificação das falhas na assistência prestada favorecendo a formulação
de novas medidas de intervenção pelos serviços de saúde, permitindo a organização
das práticas diminuído novas intercorrências. A legislação brasileira implementou o
Comitê de Investigação de Óbitos Infantis e de Óbitos Maternos para avaliar os serviços
prestados na assistência pelos profissionais de saúde (BRASIL, 2016).

Mortalidade Infantil

A mortalidade neonatal são considerados óbitos entre 0 a 27 dias após o nascimento,


é considerada como um dos índices mais aceitáveis para avaliar o estado de saúde da
população, a Assembleia das Nações Unidas reduziu para 4,4% das mortes em crianças
menores de 5 anos entre 1990 e 2015 no Brasil, observa-se que as ações foram alcançadas
também para os RNs mais com resultados menores.

Houve avanço nas tecnologias e assistências, porém o Brasil apresenta queda diminuída
nas taxas de mortalidade, é necessário um esforço de todos os profissionais de saúde
e sociedade para que o Brasil consiga aumentar o índice de redução de óbitos infantis,
atualmente cerca de 60 a 70% dos óbitos acontecem nesse período, exigindo mais
atenção e avanço a saúde do RN (LISBOA et al, 2015).

É relevante destacar que o Brasil desde 1997 apresenta uma redução expressiva, mais
ainda existe uma desigualdade grande entre as regiões e as classes sociais. Para alcançar
a meta da promoção de equidade, as ações precisam ser intensificadas e de fácil acesso a
população mais pobre, com dificuldade de acesso a escolas, mais vulnerável e com mais
necessidade de atenção integral qualificada, resolutiva e continuada de saúde (BRASIL,
2016).

Dentre as causas da mortalidade em menores de 5 anos destaca-se as doenças perinatais,


infecções, asfixia ao nascer e complicações da prematuridade. A asfixia neonatal e as
doenças perinatais são consideradas as principais causas de morbidade hospitalar em
RN e de sequelas graves. Já em crianças de 28 dias a 1 ano de idade a prevalência de
óbitos são por pneumonia, diarreia e desnutrição (BRASIL, 2016).

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Saúde do Recém-Nascido │ UNIDADE I

Mortalidade Perinatais
A OMS e a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) em 1993 definem
mortalidade perinatal aquela que acontece entre a 22ª semana de gestação ou RN com
peso acima de 500g e os 7 dias de vida. Devido ao avanço das tecnologias na área da
saúde, RN prematuros aumentam a expectativa de vida evoluindo há óbito por causas
perinatais depois de 7 e/ou 28 dias de nascido, por esse motivo os óbitos neonatais
tardias também são incluídas nas taxas de mortalidade perinatal.

A mortalidade perinatal tem sido considerada como um indicador vulnerável com


dificuldade de adequação da assistência obstétrica e neonatal, causando impacto nos
programas de intervenção na saúde materna e da mulher, isso se justifica pelo fato da
relação entre a assistência prestada no PN e RN (LANKY; FRANCA; LEAL, 2002).

A prevalência das causas de óbito perinatal no Brasil destaca-se as asfixias intrauterina


e intraparto, o baixo peso ao nascer, as patologias respiratórias do RN, as infecções e a
prematuridade, prematuridade extrema e as malformações congênitas, a desigualdade
social e no acesso ao serviço de saúde com qualidade (KAHALE, 2000; BRASIL, 2016;
LANKY; FRANCA; LEAL, 2002).

Torna-se relevante a analise das taxas de incidência e prevalência da mortalidade


perinatal com o objetivo de adequar a assistência obstétrica e neonatal para a demanda
da população, é importante avaliar frequentemente os resultados e acesso da população
aos serviços de saúde. É necessário reestruturar o serviço oferecido no PN e ao RN,
a articulação entre os níveis de atenção a saúde (primário, secundário e terciário)
possibilitando a continuidade da assistência com qualidade e intensificada (BRASIL,
2016; LANKY; FRANCA; LEAL, 2002).

Rede de Assistência ao RN Integrada a Vigilância


em Saúde

O Ministério da Saúde (2012), classifica o RN de risco aqueles expostos ha um agravo


de saúde com risco de óbito, necessitando de um acompanhamento de uma equipe
multidisciplinar com atenção especial e prioritária. Os agravos de saúde podem estar
presentes ao nascimento ou surgir durante o desenvolvimento da criança.

Patologias adquiridas no decorrer do desenvolvimento como a desnutrição, internações


de repetição e RN de alto risco devem servir de alerta para a atenção básica e vigilância
em saúde para o desenvolvimento de ações para promoção e prevenção à saúde. Tanto
a criança quanto o RN de alto risco devem ter a garantia do acesso ao serviço de saúde,

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UNIDADE I │Saúde do Recém-Nascido

acompanhamento pela atenção básica , conforme a rede de atenção regionalizada


(BRASIL, 2008).

É importante que a assistência seja integrada em todos os níveis de atenção a saúde


definindo a responsabilidade e a atribuição de cada profissional e dos familiares.
Somente assim será possível oferecer uma atenção integral garantindo uma assistência
qualificada e continua, otimizando recursos e provendo atenção resolutiva com aumento
da diminuição da mortalidade por causas evitáveis e sequelas que podem afetar o
desenvolvimento da vida das crianças e suas famílias (BRASIL, 2011).

Essa integralidade da assistência à saúde corresponde à vinculação institucional,


intencional e processual de varias integralidades focadas no fluxo de assistência
regionalizada atendendo as necessidades da população possibilitando capacitar os
profissionais para as intervenções adequadas além de facilitar o acesso da população
aos serviços de saúde.

A viabilização do acesso e a promoção da saúde integral da criança, a formulação de ações


para promoção e prevenção de agravos, o atendimento em casos de intercorrências,
proporciona uma melhor qualidade de vida e melhor desenvolvimento durante a
infância (FURTADO et l, 2010).

Vigilância de saúde do RN.

Inicia-se durante o PN e se estende até depois do nascimento, visando uma assistência


qualificada, humanizada e agregada com todos os níveis de atenção a saúde estruturando
uma assistência que atenda as necessidades da gestante e do RN. São preconizadas as
seguintes ações:

»» Realizar cadastro e busca ativa das gestantes para realização PN.

»» Seguir o protocolo de acompanhamento do PN, seguindo uma atenção


humanizada.

»» Realizar identificação precoce das gestantes de alto risco e


encaminhamento para contrarreferência especializada, permanecendo
com o acompanhamento pela Atenção Básica.

»» Realizar visita domiciliar e busca ativa da gestante que não frequenta às


consultas PN.

»» No 9º mês de gestação, realizar consultas quinzenais e visitas domiciliares.

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Saúde do Recém-Nascido │ UNIDADE I

»» Acompanhar a mulher durante o puerpério.

»» Garantir o acesso da gestante à maternidade conforme a Lei nº 11.634,


27/12/2007.

»» Realizar atendimento e acolhimento da gestante em trabalho de parto


imediatamente, evitando idas e vindas da gestante ao hospital.

»» Garantir transporte em casos de necessidades pré e inter-hospitalar


quando necessário.

»» Garantir o acesso a leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tanto


para gestante, puerpério e RN, se necessário pode utilizar a Central de
Regulação/Central de Leitos.

»» Oferecer uma assistência humanizada e qualificada durante o TP, parto


e puerpério.

»» A estrutura hospitalar e importante mais não é mais que a assistência


que deve ser focada em: acompanhamento adequado do trabalho de
parto, utilizar o partograma, promover o TP normal de preferência sem
utilização de ocitocina por via endovenosa, jejum, restrição ao leito entre
outras.

»» Para uma assistência adequada ao TP normal se destaca:

›› conforme a Lei Federal nº 11.108, toda gestante tem direito há um


acompanhante durante o TP, parto, e Alojamento Conjunto junto com
o RN (figura 2);

›› em partos que o RN nasça saudável, realizar e estimular o contato da


mãe com o bebê logo após o parto, incentivar o contato pele a pele e o
aleitamento materno na primeira hora de vida (figura 3).

»» Garantir acesso ao atendimento na Atenção Básica da RN depois da alta


hospitalar.

»» Oferecer ao RN a Caderneta de Saúde da Criança ainda no alojamento


conjunto, contendo informações sobre a história da gravidez e
do nascimento; Apgar, peso e altura ao nascer, evolução do bebê,
intercorrências, procedimentos realizados, condição de alta e
recomendações para o seu cuidado no domicílio (figura 4).

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UNIDADE I │Saúde do Recém-Nascido

»» Todo RN de risco deve ser encaminhado para referência especializada e


com agendamento de consulta na atenção básica, todos os profissionais
de saúde devem realizar visitas domiciliares e atendimentos ambulatorial
seguindo o protocolo do Ministério da Saúde.

»» O cuidado do RN deve ser contínuo independente do nível de atenção em


que o RN esteja sendo atendido.

»» A equipe da Atenção Básica deve realizar visita domiciliar na primeira


semana após o parto, fazer uma avaliação geral e estimular o aleitamento
materno, e orientar a importância dos cuidados e da continuidade do
acompanhamento do CD em consultório.

»» Inserir e cadastrar o RN no programa de saúde da criança.

»» Garantir a consulta e o retorno do RN conforme o protocolo do Ministério


da Saúde.

»» Acompanhar o calendário vacinal e fazer busca ativa dos cartões atrasados.

»» RN de alto risco deve atualizar o cartão de vacina na Atenção Básica e na


Vigilância epidemiológica, as consultas de CD devem ser realizadas em
atenção especializada.

»» Recém-nascidos de alto risco precisam ser assistido rigorosamente


até os 2 anos de idade com no mínimo 2 consultas com especialista
por ano, a assistência deve ser realizada até 5 anos 11 meses e 29 dias
para supervisão e detecção precoce de problemas função cognitiva e da
linguagem (BRASIL, 2012).

Figura 2: acompanhante durante o trabalho de parto

Fonte: <http://mammaoggi.it/travaglio-quello-dovete-realmente-sapere/>

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Saúde do Recém-Nascido │ UNIDADE I

Figura 3: estímulo do contato do RN com a mãe logo ao parto

Fonte: <http://www.alagoas24horas.com.br/994118/pais-tem-direito-de-acompanhar-o-parto-de-seus-filhos-orienta-pediatra-
da-sesau/>

Figura 4: caderneta da criança

Fonte: <http://meteoropole.com.br/2016/05/meu-filho-esta-muito-magrinho-entendendo-as-curvas-de-crescimento-da-
caderneta-de-saude-da-crianca/>

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Assistência ao Unidade iI
Nascer

Capitulo 1
Cuidados ao Nascimento

Preparo para Assistência ao Parto.


No período da gestação a mulher vivência grandes mudanças físicas e emocionais, essa
fase e uma das melhores e única experiência. Para reduzir as complicações durante a
gestação e parto, o pré-natal (PN) objetiva acolher e acompanhar a gestante do início
até o parto priorizando um parto e nascimento humanizados (LANY, MORENO; 2013).

A mulher durante a gestação passa por influências de valores culturais da sociedade,


da família, religiosa, política e econômicos (CAMARA et al, 200). Por esse motivo, a
gestante deve ser preparada no PN para o processo do parto e puerpério, contribuindo
para que as lembranças e sentimentos não sejam traumáticos (LANY, MORENO; 2013).

De acordo com Freitas (2011) durante o PN o médico e/ou enfermeiro devem rastrear
os fatores de risco gestacionais e instituir o tratamento adequado. Espera-se que a
gestante chegue ao trabalho de parto (TP) preparada e com a adequada assistência do
PN.

O profissional que admite a gestante em TP no centro obstétrico (CO) deve realizar a


interpretação do cartão de PN, realizar uma anamnese rápida e exame clínico geral, o
exame obstétrico com o objetivo de avaliar os risco obstétrico-neonatal (MARINHO,
2009).

De acordo com o mesmo autor, durante admissão no CO o profissional deve avaliar:

»» O cartão de PN os antecedentes:

›› clínicos obstétricos;

18
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

›› perinatais;

›› idade materna e gestacional;

›› controle PN;

›› ganho de peso e altura uterina;

»» patologias durante a gravidez.

»» Anamnese:

›› sinais e sintomas de parto;

›› antecedentes ou dados não descritos no cartão do PN;

›› alguma alteração depois da ultima consulta de PN;

›› antecedentes familiares e pessoais.

»» Identificação:

›› sempre chamar a gestante pelo nome;


›› realizar a identificação completa e correta;
›› compreender o momento, sentimentos da parturiente e trata-la com
respeito e humanismo.
»» Antecedentes familiares e pessoais:

›› o quadro a seguir aborda os riscos de patologias que podem estar


associadas aos riscos de complicações maternas e neonatais:

Quadro 1: Riscos de patologias

Patologias Diabetes Hipertensão Cirurgia Uterina Cardiopatia


Descolamento prematuro
Traumatismo obstétrico; de placenta; Ruptura uterina; ICC;
Risco materno no
parto Descompensação AVC; Aumento da frequência de EAP; Endocardite
metabólica. intervenções obstétricas. bacteriana.
Eclâmpsia sobreposta.
Malformações; CIUR; Derivado do risco CIUR; Prematuridade;
Risco fetoneonatal Macrossomia; Infecção materno; Traumatismo Sofrimento; fetal agudo;
neonatal; Hipoglicemia. Sofrimento fetal agudo. obstétrico. Depressão neonatal.
Fonte: Marinho (2009) p. 6

»» Antecedentes obstétricos e gravidez atual:

›› antecedentes de recém nascidos (RN) de baixo peso;

19
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

›› idade < 15 anos;

›› período intergestacional curto;

›› baixo peso e ganho insuficiente de peso materno;

›› gestação múltipla;

›› hipertensão e pré-eclâmpsia;

›› cardiopatia, infecção urinária e outras infecções;

›› hemorragias da gravidez;

›› anemia crônica;

›› controle pré-natal inadequado etc.

»» Exame Clínico Geral:

›› avaliar o estado geral da gestante, tanto físico como psíquico;

›› avaliar funções vitais da gestante;

›› descartar patologia que aumenta o risco de parto;

›› obstetra e/ou enfermeiro devem avaliar durante o TP os sinais e


sintomas das patologias de riscos como: síndrome hipertensiva,
choque infecção grave, anemia grave, cardiopatia etc. Os profissionais
devem estar atentos aos sinais:

Quadro 2: Sinais e transtornos

Sinal Trasntornos que sugere


Anemia;
Palidez
Choque.
Transtornos cardiovasculares ou respiratórios;
Cianose
Choque.
Desidratação;
Hidratação Abdome agudo;
Diabetes descompensado.
Insuficiência cardíaca;
Edema
Transtornos renais.
Lesões dérmicas Herpes genitais.
Fonte: Marinho (2009) p. 8.

20
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

O parto normal ocorre espontaneamente entre a 37 e 42 semanas de gestação (BRASIL,


2011). É definido pela contração uterina que produz apagamento e dilatação cervical
acompanhado com a presença de contrações uterinas frequentes (FREITAS, 2011).
de baixo risco desde o início do trabalho de parto até o nascimento; o bebé nasce
espontaneamente, em posição cefálica de vértice e após o nascimento, mãe e filho estão
em boas condições.

Durante a assistência de parto é necessário avaliar se a gestante apresentou algum risco


ou patologia durante a gravidez, avaliando a evolução e as condições do trabalho de
parto. Mesmo que não tenha apresentado problemas durante o PN ela pode apresentar
complicações durante o TP. Porém, existem gestantes com alto risco ao final evoluem
com TP sem complicações. Por esse motivo os profissionais de saúde no CO devem
realizar uma avaliação rigorosa das necessidades da parturiente e da previsão do parto
auxiliando nas decisões em relação ao parto e na boa assistência (BRASIL, 2011).

De acordo com Coren (2009) e Viana, Ferreira e Mesquita (2014) só se considera o parto
como normal quando todas as fases do TP, parto e pós-parto ocorre sem intercorrências
e complicações garantindo a segurança e saúde materna e do neonato. O Ministério
da Saúde tem preconizado atualmente o parto humanizado que objetiva garantir o
bem-estar, a segurança e os direitos da parturiente e do bebê com uma assistência
prestada de forma holística.

O parto humanizado garante à parturiente a escolha da maneira como deseja realizar


o parto, uma assistência focada nas suas necessidades e escolhas, na diminuição da
ansiedade, no esclarecimento das dúvidas, precisa estabelecer uma relação de confiança
entre a equipe, o paciente e os acompanhantes, baseia-se no diálogo, carinho e respeito
(FRELLO, CARRANO; 2010).

Toda parturiente no TP vivencia diversos sentimentos, receios e insegurança todos os


profissionais que atuam no centro obstétrico devem ter conhecimentos teórico científico
e oferecer um atendimento humanizado respeitando, oferecendo acesso às informações
baseadas em evidências e incluir a gestante e acompanhante na tomada de decisões.
É importante que os profissionais desenvolvam uma relação de confiança, atendendo
suas vontades e expectativas (BRASIL, 2017).

O Ministério da Saúde (2001) garante a parturiente a escolha e a maneira que deseja


permanecer durante o parto possibilitando a liberdade de deambular, sentar, deitar,
tomar banho, agachar. Isso e negado em situações que a gestante necessita permanecer
deitada conforme as figuras a seguir:

21
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 5: parturiente deambulando

Fonte: <http://www.sofiafeldman.org.br/2012/10/16/profissionais-em-t>.

Figura 6: parturiente sentada

Fonte: <https://fisioemasso.wordpress.com/author/nandagmel/page/3/>.

Figura 7: parturiente agachada

Fonte: <http://www.partosemmedo.com.br/obstetra-humanizado-parto-hospitalar>.

22
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 8: parturiente deitada

Fonte: <https://extra.globo.com/noticias/bizarro/parece-uma-gravida-mas-nao->.

Exame Físico Obstétrico

Na admissão da parturiente no centro obstétrico tanto o médico como a equipe de


enfermagem devem registrar os sintomas que motivam a consulta e dos dados paralelos
que são indispensáveis a formulação do diagnóstico correto. Durante a entrevista, o
profissional orienta a parturiente as informações relevantes para o atendimento e
planejamento da assistência. Todas as queixas devem ser anotadas no prontuário e
observadas pelo profissional que estiver realizando o atendimento.

Durante a gestação a mulher passar por modificações e adaptações do seu organismo


que estão interligados, mas são interdependentes. A presença do feto, da placenta e
do líquido amniótico, aumentando, gradativamente, exige um aumento abdominal
para perfeita acomodação dessas novas estruturas e fluídos, por esse motivo a gestante
desenvolve a linha nigrans e das estrias (CARRARA; DUARTE, 1996).

No exame físico geral, a observação de edema, varizes, icterícia, hidratação, coloração


de mucosa, peso e altura são fundamentais e servirão de base para o seguimento futuro.
Inicia se o exame físico geral avaliando a pressão arterial, pulso, temperatura, estatura
e peso. Em seguida, passa-se ao exame físico especifico quando se examina cabeça e
pescoço, aparelho respiratório, aparelho urinário, aparelho cardiovascular, e também
o abdome, onde deve se descrever a sua forma, tensão, presença de estrias, cicatrizes,
pigmentação e presença de ascite. Da mesma forma deve ser feita ausculta e palpação
criteriosa de toda sua extensão.

Dentre os sistemas avaliados no exame físico destacamos o aparelho cardiocirculatório,


respiratório, digestivo e endócrino. No exame obstétrico, é necessário aferir altura
uterina e circunferência abdominal. Na avaliação dos genitais externos, não há
diferença da avaliação ginecológica. No exame especular vaginal, observa se há lesões
vaginais e cervicais, ectopia periorificial e características do conteúdo vaginal. O exame
das mamas e o toque vaginal completam a semiologia obstétrica (ATAIDE et al, 2016).

23
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Segundo Comisae (2014), o exame físico exige algumas particularidades exclusivas da


gestação são elas:

»» Altura uterina: utiliza se uma fita métrica, o profissional deve posicionar


a fita no meio da borda superior da sínfise púbica até o encontrar do
fundo uterino. A palpação do abdômen gravídico permite avaliar forma,
a consistência do útero, do tônus muscular uterino e movimentos fetais
(figura 9 e 10).

»» Circunferência abdominal: inicialmente o profissional deve realizar


a palpação do abdômen gravídico, em seguida posiciona a fita na altura
da cicatriz umbilical (figura 10).

»» Manobras de Leopold: e realizada depois de 30 semanas e durante o


trabalho de parto para avaliar o tamanho e a apresentação fetal (figura
11).

»» BCF: deve ser realizado durante o TP e contrações uterinas para avaliar


a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade dos BCF. Para realizar
o procedimento deve-se posicionar a gestante decúbito dorsal, com o
abdômen descoberto e com a palpação do abdômen localizar o dorso
do feto em seguida localizar o Pinard e/ou sonar doppler e realizar a
contagem dos batimentos cardíacos fetais por um minuto, observando
ao mesmo tempo sua frequência e ritmo. Realizar sempre a anotação dos
dados no prontuário (figura 12).

Figura 9: altura uterina

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABt2cAE/sistematizacao-assistencia-enfermagem-no-pre-natal?part=7>

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 10: palpação do abdômen gravídico

Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/296013/>

Figura 11: manobra de Leopold

Fonte: https://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/revisoes/5215/pre_natal_de_baixo_risco.htm

Figura 12: ausculta de BCF

Fonte: <https://es.slideshare.net/SaL0CkY/diagnstico-de-embarazo-49194755>

Avaliação da Apresentação Fetal

É caracterizada pela posição no qual o feto se encontra durante o TP, é possível sentir
a parte do corpo do feto pelo toque vaginal podendo apresentar na posição cefálica,
pélvica ou de espádua (BRASIL, 2011).

De acordo com o mesmo autor, o conhecimento da relação exata entre a posição do


feto e a pelve da mãe, é importante na condução do trabalho de parto. É considerado
25
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

a postura que o feto adota em relação a si mesmo. A apresentação fetal é definida pela
parte do corpo do feto que se encontra mais próximo ao canal do parto e que se palpa
quando se faz o toque vaginal, dependendo da parte que se apresenta pode ser cefálica,
pélvica, ou córmica conforme a figura a seguir.

Figura 13: apresentação fetal cefálica, pélvica, ou córmica

Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/9880557/>

De acordo com o Ministério da Saúde (2012), a apresentação fetal da cabeça do feto


pode ser representada pela apresentação fletida, bregma, fronte e face, conforme a
figura a seguir.

Figura 14: apresentação da cabeça do feto

Fonte: <http://estudodeenfermagem.blogspot.co.uk/2012/09/estatica-fetal.html>

Já a apresentação pélvica onde a parte apresentada pelo feto é a pélvis pode se configurar
em:

»» Pélvica franca: na qual pode-se tocar a crista sagrada e ânus do feto.


Pode ser completa, incompleta (figura 15).

»» Pélvica podálica: na qual toca-se os pés do feto e pélvica completa


pode-se tocar a crista sagrada, ânus e pés do feto (figura 15).

26
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

»» Córmica: ocorre quando se toca os acrômios, ou seja, os ombros ou


cotovelos do feto (figura 16) (BRASIL, 2012).

Figura 15: apresentação pélvica do feto

Fonte: <http://vivomaissaudavel.com.br/conteudo-guia-de-cuidados/apresentacao-pelvica-serie-100193/>

Figura 16: apresentação córmica

Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/10861935/>

A mais frequente é a de dorso fletido, a cabeça dobrada para frente, o queixo junto ao
tórax, e pernas e braços fletidos chamada então de posição fetal (BRASIL, 2011).

A situação é a relação existente entre o grande eixo do feto, com o grande eixo da mãe.
Ela pode ser longitudinal, transversal e oblíqua. Na situação longitudinal o grande
eixo do feto está paralelo ao grande eixo da mãe. Na situação transversal o grande eixo
do feto está perpendicular ao grande eixo da mãe. Na situação oblíqua os eixos estão
cruzados (BRASIL, 2012).

27
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

O diagnóstico clínico da apresentação e situação fetal é determinado pela palpação


abdominal e pelo toque vaginal. A palpação abdominal deverá ser realizada de maneira
sistemática, em todas as mulheres grávidas, mesmo sem estar em trabalho de parto e
utilizando as quatro fases da manobra de Leopold.

A manobra de Leopold é realizada a partir da 30º semana, quando o tamanho do feto


possibilita a exploração da apresentação, se divide nas seguintes fases (figura 11):

»» Primeira: é a delimitação do fundo do útero usando ambas as mãos


para deprimir a parede abdominal com as bordas cubitais. As mãos
ficam encurvadas, para melhor reconhecer o contorno do fundo do útero
e a parte fetal que o ocupa. Havendo quantidade suficiente de líquido
anota-se o “rechaço”.

»» Segundo: é deslizar as mãos do fundo uterino para o polo inferior


tentando apalpar o dorso fetal e os membros, permitindo assim localizar
o dorso fetal, para dizer se está a direita, a esquerda ou transverso em
relação à mãe.

»» Terceiro: confirma a impressão obtida na primeira manobra,


determinando a parte apresentada, cabeça ou pélvis fetal. Tenta-se
apreender o polo fetal entre o polegar e o indicador da mão direita,
imprimindo movimentos laterais para avaliar o grau de penetração da
apresentação no quadril.

»» Quarto: confirma se a parte fetal apresenta-se móvel ou encaixada na


pélvis materna. Isso se faz com a palpação, usando as extremidades dos
dedos (BRASIL, 2012).

De acordo com o mesmo autor, cada apresentação tem seu ponto de referência. A
apresentação cefálica fletida tem como ponto de referência o occipício. A apresentação
cefálica pode apresentar-se de forma anômala ou seja defletidas. Na apresentação
defletida de primeiro grau, o ponto de referência é a porção anterior do bregma. Na
apresentação de fronte, ou defletida de segundo grau, o ponto de referência é a raiz
do nariz ou glabela. Na apresentação de face, ou defletida de terceiro grau, o ponto
de referência é o mento fetal. Na situação transversa, o ombro normalmente é a parte
apresentada e o acrômio é o ponto de referência, mas pode ser também o braço, a costa,
o tronco, o abdome ou o flanco.

Fases Clínicas do Parto

Amorim (2008) classifica o trabalho de parto com a presença de duas contrações


uterinas espontâneas em 15 minutos e com a presença de pelo menos dois dos sintomas:

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

apagamento cervical, colo dilatado para 3cm ou mais e/ou ruptura das membranas
espontânea.

De acordo com o mesmo autor, a admissão da parturiente na sala de pré-parto deve


acontecer quando apresentar o que foi citado anteriormente, isso diminui a possibilidade
e necessidade da utilização de ocitócicos intraparto e analgesia podendo evoluir com
o controle elevado durante o trabalho de parto. É necessário que os profissionais de
saúde desenvolvam práticas educativas possibilitando que a parturiente reconheça o
trabalho de parto ativo, distinguindo as contrações de Braxton-Hicks e procurando o
hospital apenas quando o trabalho de parto estiver estabelecido.

O trabalho de parto e dividido em quatro fases, conforme o descrito a seguir:

»» Primeiro período: dilatação.

»» Segundo período: expulsão.

»» Terceiro período: dequitação.

»» Quarto período: primeira hora depois do parto (FREITAS, 2011;


AMORIM, 2008; BRASIL, 2016; PORTO; AMORIM; SOUZA, 2010).

Primeiro Período

Inclui a interpretação da dilatação cervical é feito mediante o toque vaginal pelo médico
e/ou enfermeiro obstétrico, se dividido em:

»» Fase latente ou precoce: também chamada de prodromica é


caracterizada pela dilatação cervical de 0-2 cm e 0-4cm, apresenta
velocidade lenta na dilatação e apagamento cervical, com presença de
contrações irregulares em intensidade e frequência (figura 17).

»» Fase ativa: caracterizada por dilatação cervical de 2-10 cm ou 4-10 cm,


com início de contrações regulares até a mulher fazer força ocorrendo a
dilatação completa (GROSS; DROBNIC; KEIRSE, 2005) (figura 17).

29
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 17: Apagamento e dilatação do colo uterino

Fonte: <https://www.todamateria.com.br/parto-normal-e-parto-cesarea/>.

O TP pode ocorrer durante 12 horas na nulípara, e 9 horas na multípara; devido ha


esse período prolongado pode ocorrer a rotura das membranas. Nesta situação
indica-se que a parturiente mantenha as posições sentadas, genitupeitoral e decúbito
lateral esquerda conforme as figuras a seguir favorecendo a evolução da dilatação, o
bem-estar e conforto fetal (BRASIL, 2011).

Figura 18: Posições que favorecem o bem-estar e conforto fetal durante o TP

Legenda: 1 e 4 posições sentada, 2 posição em pé e 3 posição genipeitoral

Fonte: <https://www.tuasaude.com/como-aliviar-a-dor-durante-o-trabalho-de-parto/>.

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 19: Posição decúbito lateral esquerdo

Fonte: <http://vilamamifera.com/fisioterapiafeminina/posicoes-para-o-alivio-da-dor-no-trabalho-de-parto/>.

É necessário que os profissionais de saúde que atuam no centro obstétrico saibam


diferenciar os sinais do TP verdadeiro do falso (que é caracterizado pelas contrações
de Braxton Hicks) ou a fase prodromica conforme o quadro a seguir, diminuindo as
internações precoces e/ou sem motivos.

Quadro 3: Diferença entre o TP verdadeiro e o falso

Aspectos TP Verdadeiro TP Falso


Contrações Regulares Irregulares
Intervalos das contrações Cada vez mais reduzidas Sem alteração
Duração das contrações Cada vez mais reduzidas Sem alteração
Intensidade das contrações Cada vez mais reduzidas Sem alteração
Alterações de colo Dilatação e apagamento Sem alteração
Descida da apresentação Progressiva Sem alteração
Fonte: Brasil (2011), p 32.

Caso a gestante tenha idade gestacional igual ou acima de 28 semanas com sintomas de
perda de sangue ou líquido, é contraindicado o toque vaginal (BRASIL, 2011).

O quadro a seguir descreve as principais recomendações para a assistência nesse


primeiro período:

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Quadro 4: Assistência ao primeiro estágio do parto

Paciente com sintomas de TP (>22 semanas)

Avaliação de IG e triagem do TP

<37 semanas <37 semanas

Protocolo de parto Trabalho de parto confirmado (fase


pretermo ativa) Trabalho de parto
não confirmado/
Com cicatriz de Prodromos/ fase
cesárea anterior Avaliação do risco e definição do local latente TP
de parto/prestador

Seguir protocolo
específico
Cuidados intrapartos: Gestação de baixo risco:
• Suporte contínuo intraparto; • Orientação e
• Liberdade de posição e tranquilização.
deambulação. • Aguardar TP em
• Jejum não recomendado. domicilio.
• Não realizar tricotomia e enema. • Adiar a internação.
• Monitorização da dinâmica uterina.
• Evitar amniotomia precoce.
• Não realizar infusão de rotina de
soro glicosado e ocitocina.
• Preencher o partograma.
• Avaliação cervical de acordo com a
evolução do TP;
• Alívio adequado da dor.
Sim Alerta ou presença de Não
complicações

Seguir protocolos (distocia, ausculta fetal Assistência ao parto normal


não tranquilizadora, urgência obstétrica)

Fonte: Porto, Amorim, Souza (2010), p. 50.

De acordo com o Ministério da Saúde (2016), durante o primeiro período de TP os


profissionais que acompanham as parturientes devem realizar anotações dos seguintes
parâmetros:

»» frequência das contrações uterinas: de 1/1 hora;

»» pulso: de 1/1 hora;

»» temperatura e PA: de 4/4 horas;

»» frequência da diurese;

»» toque vaginal: de 4/4 horas ou se houver alguma preocupação com o


progresso do parto;

»» avaliar as perdas vaginais.

32
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Durante esse período os profissionais devem:

»» avaliar de 30/30 minutos os sinais vitais e o foco fetal e registar;

»» oferecer a parturiente conforto e segurança

»» ficar atento à sua hidratação, oferecer líquidos e refeições leves durante


o TP;

»» depois de 4 cm de dilatação abrir o Partograma, instrumento gráfico


utilizado para registrar e avaliar as condições fetais e evolução do TP
(figura 20) (BRASIL, 2011).

Figura 20: Modelo de partograma

Fonte:< http://www.alanhatanaka.com.br/partograma.php>.

O partograma começa a ser utilizado no TP na fase prodromica, com presença de


contrações regulares, perda do tampão mucoso e apagamento do colo. É utilizado para
avaliar e monitorar:

»» Evolução do TP: dilatação cervical, descida da cabeça fetal e número de


contrações uterinas.

»» Condições fetais: batimentos cardiofetais (BCF), situação das


membranas, aspecto do líquido amniótico (LA) e formato do crânio fetal.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

»» Condição materna: FC, PA, T, hemorragia vaginal, medicamentos,


administração de E.V, oxitocina e outros medicamentos (BRASIL, 2011).

De acordo com o mesmo autor, o partograma deve ser preenchido da seguinte maneira
(figura 21):

»» Dilatação cervical:

›› é verificada por meio do diâmetro em cm;

›› o registro e feito mediante um X no centro, nas linhas verticais e


horizontais;

›› na hora do toque vaginal registrar na linha de alerta;

›› a linha de ação não será atingida se o TP estiver acontecendo


normalmente e satisfatoriamente;

›› caso atinja a linha de ação, seguir as condutas para fase ativa


prolongada;

›› TP satisfatório, registrar a dilatação cervical a esquerda da linha de


ação.

»» Registo da dinâmica uterina.

›› avaliar a cada 30 minutos, conforme a evolução do TP;

›› registar o número de contrações uterinas em cada 10 minutos nos


quadrados estão numerados de 1-5;

›› cada contração corresponde ha um quadrado preenchidos;

›› preenchimento por pontos representa contracções suaves ou com


duração menor a 20 segundos;

›› preenchimento com linhas diagonais representa contrações


moderadas, com duração de 20-40 segundos;

›› reenchimento total, ou seja, com o quadrado cheio, significa que as


contrações estão fortes, com duração acima de 40 segundos.

»» Registo da descida da apresentação:

›› em multíparas: começa quando estiver 7 cm de dilatação;

34
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

›› registrar com um circulo;

›› realizado mediante o toque vaginal, avalia-se apresentação fetal e


qual a posição da cabeça. Precisa traçar uma linha imaginária entre
as espinhas isquiáticas, que são sentidas ao toque determinando a
descida da cabeça (figura 22):

·· acima da linha imaginária, não está encravada;

·· localizada 1 cm abaixo da linha imaginária estará no Iº plano;

·· localizada 2 cm abaixo, estará no IIº plano;

·· localizada 3 cm abaixo da linha estará no IIIº plano, ou seja, estação


0;

·· surgindo na vulva, está no IVº plano;

·· avaliar descida da cabeça antes de cada exame vaginal.

Figura 21: Modelo de partograma preenchido

Fonte: <http://www.medicina.ufmg.br/imagemdasemana/index.php?caso=106>.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 22: Avaliação da descida da cabeça do feto mediante o toque vaginal

Fonte: <https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/11609/mod_resource/content/1/un02/top02p01.html>.

»» Líquido amniótico (LA):

›› é claro e fluído, com presença de grumos de cor branca, o vérnix


caseoso;

›› em caso de alteração do BCF apresenta-se com cor esverdeada, fluido


mais ou menos espesso;

›› membrana estiver intacta, anotar usando a letra “I”;

›› claro, anotar usando a letra “C”;

›› com presença de mecónio, anotar usando a letra “M”;

›› manchado de sangue, anotar usando a letra “S”;

›› ausente, anotar usando a letra “A”.

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

»» Moldagem do crâneo fetal:

›› anota se por baixo do estado das membranas e do líquido amniótico


utilizando a avaliação dos ossos craneanos;

›› separados e as suturas facilmente diferenciadas (O);

›› juntos encostando um ao outro (+);

›› estão sobrepostos (++);

›› estão severamente sobrepostos (+++).

Segundo Período

Essa fase é caracterizada pela dilatação completa do colo e terminando com a expulsão
total do feto (BRASIL, 2011). No TP esse período é definido como:

»» Fase inicial ou passiva: ocorre a dilatação total do colo sem a vontade


de retirada involuntária ou parturiente com analgesia, sendo que o feto
se encontra na pelve em posição mais alta (figura 23).

»» Fase ativa: ocorre a dilatação total do colo, apresentação da cabeça do


feto, as contrações aumentam para a expulsão, a parturiente apresenta
esforço materno ativo depois da dilatação completa do colo do útero
quando não apresentar as contrações para expulsão. A duração desse
processo pode durar de minutos em parturientes multípara, até 1 hora
nas nulípara (figura 23) (BRASIL, 2016; BRASIL, 2011).

Figura 23: Dilatação do colo do útero

Fonte: <http://blogpapodagigi.blogspot.co.uk/2016/07/dilatacao-do-colo.html>.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

De acordo com o Ministério da Saúde (2016), a parturiente pode apresentar falha na


evolução de TP nesse segundo período, nestes casos a conduta deve ser:

»» Nulíparas: a duração do TP se desenvolve no período de 3 horas após a


fase ativa se iniciar no segundo período. A falha da evolução de TP ocorre
quando a parturiente tiver mais de 2 horas devendo ser acompanhada de
forma rigorosa, avaliando os sinais de complicações e sofrimento fetal.

»» Multíparas: seu TP acontece no prazo de 2 horas depois da fase ativa


iniciar no segundo período. Nessas parturientes a falha da evolução
do parto ocorre se permanecer por mais de 1 hora em TP devendo ser
avaliada com os sinais de complicações e sofrimento fetal.

O Ministério da Saúde tem preconizado a oferta de um parto humanizado oferecendo à


parturiente a escolha das posições e como deseja realizar o parto, incluindo as medidas
de conforto durante o TP, que proporcione um parto mais fisiológico e prazeroso, com
boas lembranças possível para a parturiente e sua família (MAMEDE; MAMEDE;
DOTTO, 2007).

A figura a seguir demonstra algumas das posições de conforto para escolha durante o
TP:

Figura 24: Posições que uma mulher pode adotar durante o parto

Fonte: <http://www.gravidasonline.com/exercicios-para-facilitar-o-parto-normal/>.

De acordo com Marinho (2009), caso a parturiente sinta algias indica-se anestesia
locorregional se não tiver realizado à analgesia peridural:

»» administrar 10ml de lidocaína a 1%, realizando bloqueio troncular


bilateral do nervo pudendo interno;

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

»» administrar 10 a 20ml de lidocaína a 1%, realizando infiltração dos


músculos elevadores do ânus e da rafe mediana;

»» administrar 10ml de lidocaína a 1%, realizando infiltração em leque da


pele e tecido celular subcutâneo a ser incisado.

Afirma o mesmo autor, que a episiotomia mediolateral e indicada nos casos que a
parturiente manifeste riscos de laceração perineal, em casos de distorcia de partes
moles ou para facilitar o parto. Deve ser realizada antes da apresentação fetal distenda
o períneo.

Terceiro Período

Essa fase é caracterizada pela dequitação da placenta que ocorre logo após a expulsão
do feto, terminando somente com a expulsão da placenta. Divide se em 3 etapas:

»» Descolamento: ocorre com a contração uterina.

»» Descida: acontece por meio das contrações uterinas e por meio da


gravidade do seu próprio peso.

»» Expulsão da placenta e das membranas ovulares: é realizado


por auxilio do profissional que estiver realizando o parto, administração
de oxitocina ou misoprostol facilita esse processo. Normalmente ocorre
espontaneamente, administração das medicações diminui o tempo para
expulsão e o sangramento. A perda normal de sangue nessa fase é de 300
a 500 ml (BRASIL, 2011).

O descolamento da placenta ocorre mediante:

»» Central: conhecida como Baudeloque-Schulze, presente em 85% dos


casos, ocorre a saída da placenta e em seguida o sangue/coágulo (figura
25).

»» Lateral: chamada de Duncan-Varnekes, presente em 15% dos casos,


ocorrendo as saída do sangue e depois da placenta, conforme a figura 26
(BRASIL, 2011; BRASIL, 2016; BRASIL, 2017).

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 25: Descolamento da placenta mediante Baudeloque-Schulze

Fonte: <http://www.misodor.com/MECANISMOTRPARTO.php>.

Figura 26: Deslocamento da placenta mediante Duncan-Varnekes

Fonte: <http://www.misodor.com/MECANISMOTRPARTO.php>.

Depois de ocorrer a dequitação completa da placenta (figura 27), para evitar hemorragias
e retração uterina, o útero fica como uma consistência lenhosa conhecido como globo
de segurança de Pinard (BRASIL, 2011).

40
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 27: Placenta após dequitação completa

Fonte: <https://www.bancodasaude.com/noticias/descolamento-da-placenta-o-que-deve-saber/>.

O clampeamento do cordão umbilical deve ocorre apos a administração da ocitocina,


seguindo as seguintes condutas:

»» pinçar e seccionar o cordão (figura 28);

»» realizar depois de 1 minuto após o nascimento, em casos de necessidade


de ressuscitação neonatal pode-se seccionar o cordão imediatamente
após o parto;

»» o cordão deve ser pinçado antes de 5 minutos após o nascimento;

»» caso a parturiente manifeste o desejo de clampear e seccionar cordão, os


profissionais devem atender e respeitar seu desejo (BRASIL, 2016).

Figura 28: Clampeamento do cordão umbilical

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2016/12/parto-novas-diretrizes-para-corte-do-cordao-
umbilical.html.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Quarto Período

Ocorre depois da dequitação da placenta, caracteriza-se pela observação da puérpera


durante a 1ª hora após o parto, é importantíssimo a avaliação sistematizada da paciente
porque ocorre a estabilização dos sinais vitais e sangramento. O útero permanece se
contraindo, sendo que a hemóstase uterina é mantida pelo globo de segurança de
Pinard. Em caso de hemorragia, comunicar ao médico e fazer a revisão das partes moles
(BRASIL, 2011).

Os profissionais devem avaliar e anotar:

»» a temperatura, FC e PA;

»» lóquios e contrações uterinas;

»» avaliar a placenta e membranas: condições, estrutura, integridade e vasos


umbilicais (figura 27);

»» analisar as condições emocionais da puérpera do processo do parto;

»» avaliar a micção espontânea.

Ficar atenta aos sinais descritos a seguir como complicações pós-parto, devendo ser
comunicado ao médico ou realizar transferência da paciente para um hospital de
referência:

»» FC: >120 bpm em 2 verificações em 30/30 minutos;


»» PA sistólica: ≥ 160 mmHg ou PA diastólica ≥ 110 mmHg em uma única
medida;
»» PA sistólica: ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg em 2 medidas
consecutivas com 30 minutos de intervalo;
»» presença de proteinúria de fita 2++ ou mais;
»» temperatura: 38°C ou mais em uma única medida ou 37,5°C ou mais em
2 ocasiões consecutivas com 1 hora de intervalo;
»» ausência de diurese 6 horas após o parto com palpação da bexiga;
»» emergência obstétrica: hemorragia pós-parto, convulsão ou colapso
materno;
»» placenta retida ou incompleta;
»» lacerações perineais de terceiro e quarto graus ou outro trauma perineal
complicado (BRASIL, 2016, BRASIL, 2017).

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Assistência ao RN nascido imediatamente após o


parto

Baseia-se em uma assistência continua, atendendo as todas as necessidades do RN


prevenindo os riscos neonatais (MARINHO, 2014). Torna-se importante para orientar
os profissionais os cuidados a serem prestados, deve avaliar o RN nos primeiros 30
segundos de vida avaliando sua vitalidade (BRASIL, 2011).

Organização do Material no Centro Obstétrico

De acordo com Marinho (2014) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (2011), na


assistência imediata do RN logo após o parto necessita do suporte de alguns materiais
devem estar disponíveis, testados e de fácil acesso, a sala de parto deve manter a
temperatura no mínimo, de 26ºC para controle de a temperatura corpórea normal do
RN. Os materiais são para à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas,
ventilação e administração de medicações.

O Ministério da Saúde (2016), afirma que a assistência ao RN precisa ser realizada


por profissionais médico e enfermeiros capacitados incluído obstétricos, pediatra e/
ou neonatologistas. O RN deve ser monitorado e avaliado até ser encaminhado para o
alojamento conjunto com a mãe ficando aos cuidados da equipe de enfermagem e do
médico pediátrica.

Quadro 5: Materiais para a sala de parto

Reanimação
»» Mesa com acesso por 3 lados.
»» Fonte de calor.
»» Fonte de O2 umidificado e de ar comprimido com os fluxômetros encaixados.
»» Aspirador a vácuo com manômetro.
»» Relógio de parede com ponteiros de segundos.
»» Termômetro digital para verificar a temperatura do ambiente,

Aspiração
»» Sonda traqueal: número 6, 8 e10.
»» SNG: número 6 e 8.
»» Dispositivo para aspiração de mecônio.
»» Seringa de 20ml.

Ventilação
»» Balão auto inflável com 750 ml de volume.
»» Reservatório de O2.
»» Válvula de escap com limite de 30 - 40 cm H2O e/ou manômetro.
»» Ventilador mecânico manual neonatal em T.
»» Máscara redonda com coxim para prematuros tamanho 00, 0 e de termo 1.
»» Blender para misturar O2/ar.
»» Oxímetro de pulso com sensor neonatal e bandagem elástica escura.

43
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Intubação Traqueal
»» Laringoscópio infantil com lâmina reta número 00, 0 e 1.
»» Cânulas traqueais sem balonetes, de diâmentro uniforme 2,5/ 3,0/305e 4,0mm.
»» Material para fixação de canula.
»» Pilhas e lâmpadas sobressalentes.
»» Detector colorimétrico de CO2 expirado.

Medicações
»» Adrenalina diluída em SF 0,9% a 1/10.000 em 1 seringa de 5,0 ml para administração única.
»» Adrenalina diluída em SF 0,9% a 1/10.000 em seringa de 1,0ml para administração endovenosa.
»» Expansor de volume (SF 0,9% ou ringer lactato) e 2 seringas de 20ml.
»» Álcool etílico 70% ou clorexitina álcoolica 0,5%.
»» Nitrato de prata 1%e ampola de água destilada.
»» Vitamina K1.

Cateterismo Umbilical
»» Campo fenestrado esterilizado, cardazo de algodão e gazes.
»» Pinça tipo kelly reta de 14 cm de cabo de bisturi com lâmina número 21.
»» SF 0,9% ou ringer lactato em seringa de 20ml.
»» Álcool etílico 70% ou clorexidina álcoolica 0,5%.
»» Nitrato de prata 1% e ampola de água destilada.;
»» Vitamina K1.

Outros
»» Luvas e óculos de proteção individual.
»» Compressas e gazes esterilizadas.
»» Estetoscópio neonatal.
»» Saco de polietileno de 30x50cm e touca para proteção térmica do RN prematuro.
»» Tesoura de ponta romba e clampeador de cordão umbilical.
»» Seringas de 20ml, 10ml, 5ml e 1ml e agulhas.
»» Balança digital e antropométrica.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2011).

Conceitos para Assistência de Enfermagem

A equipe de enfermagem precisa diferenciar alguns conceitos para uma assistência de


enfermagem eficaz e com qualidade na sala de parto do RN:

»» Idade Gestacional (IG):

›› Pré-termos: menor que 37 semanas:

·· prematuridade extrema: inferior a 28 semanas de gestação, o


RN esta no seu limite de viabilidade e necessitando de UTIN;

44
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

·· prematuridade grave: 28 a 30 semanas de gestação, o RN


possui uma melhor condição fisiológica, mas necessita de cuidados
intensivos e eficazes;

·· prematuridade moderada: entre 31 a 33 semanas;

·· prematuridade quase termo: entre 34 a 36 semanas.

›› Termo: IG entre 37 e 41 semanas e 6 dias.

›› Pós-termo: IG igual ou superior que 42 semanas.

»» Categorização do peso do RN relacionado a IG:

›› GIG: peso superior ao percentil 90;

›› AIG: peso entre o percentil 10 e 90;

›› PIG: peso inferior ao percentil 10.

»» RN quanto ao peso:

›› baixo peso: são considerados os RNs com peso menor que 2.500g,
neste conceito se insere os prematuros e os RNs com crescimento
intrauterino restrito (MARINHO, 2014).

Cuidados Imediatos com o RN em boa vitalidade

Os profissionais de saúde devem realizar os cuidados priorizando:

»» Receber e secar o RN rapidamente e com cuidado, com campo limpo,


seco e aquecido. Na fase utilizar gazes, não retirar o vernix caseoso.

»» Realizar clampeamento do cordão umbilical quando acabar as pulsações


(normalmente de 1 a 3 minutos), excluindo esse procedimento em
puérperas positivas para HIV/HTLV, nessas situações o clampeamento
deve ser realizado imediatamente após o nascimentos.

»» Colocar o RN em contato com a mãe em cima do seu abdome e/ou tórax


envolvidos com campos preaquecidos, o contato com a pele materna
serve como fonte de calor diminuindo o risco de hipotermia e facilitando
adaptação e controle de temperatura do RN, a posição da criança deve
garantir o movimentos respiratórios adequado.

45
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

»» A identificação do RN deve ser realizada com pulseira e clampe umbilical


contendo o nome da mãe, número de prontuário, data de nascimento,
sexo e hora do parto (figura 29).

»» Estimular o aleitamento materno no primeiro contato do RN com a mãe,


com exceção de puérperas com HIV ou HTLV positivos.

»» Realizar exames laboratoriais mediante a coleta do sangue no cordão


umbilical.

»» Para o clampeamento do cordão umbilical, deve-se colocar o clampe de 2


a 3 cm de distância do anel umbilical, envolver o coto com gaze umedecida
de álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Se o RN for extremo
baixo peso utilizar o SF para cauterização umbilical.

»» Realizar aspiração na boca e narinas, se houver necessidade;

»» Executar o exame físico do sistema respiratório e cardíaco;

»» Realizar a avaliação do Apgar.

»» Administrar o nitrato de prata a 1%, método conhecido com “Credé”


utilizado para prevenir a oftalmia gonocócica, deve ser feito nas primeiras
horas após o nascimento independente da via de parto.

»» Para prevenir hemorragias administrar a vitamina K, 1mg por via


intramuscular (IM) após o nascimento. Caso os pais se recusam a
administração por via IM realizar por via oral na dose de 2 mg ao
nascimento, com reforço entre o 4º e o 7º dia de vida.

»» Iniciar o esquema vacinal com a aplicação da vacina contra Hepatite B,


0,5 ml por via IM no vasto lateral da coxa (VLC). Podendo ser realizada
até no máximo 30 dias após o nascimento.

»» Verificar os dados antropométricos, que inclui o peso, comprimento e o


perímetro cefálico. Anotar no prontuário e na caderneta da criança.

»» Anotar as informações do nascimento na caderneta da criança.

»» Realizar orientações com os pais e familiares acerca dos cuidados com o


RN, higiene corporal e sono.

»» Os profissionais devem estar atentos se há presença dos sinais descritos


a seguir associados com a presença de mecônio, avaliar o seu grau e
comunicar ao neonatologista/pediatra:

46
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

›› FR > 60 ipm;

›› RN com gemidos;

›› FC < 100 bpm ou > 160 bpm;

›› preenchimento capilar superior há 3 segundos;

›› temperatura corporal ≥ 38°C ou 37,5°C em 2 verificações com 30


minutos de intervalo;

›› SatO2 < 95% ;

›› sinais de cianose central confirmada pela SatO2 de pulso (BRASIL,


2011; BRASIL, 2016; MARINHO, 2014; BRASIL, 2017).

Figura 29: Identificação do RN e da mãe

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfUZMAB/projeto-farmacia-hospitalar?part=4>.

Figura 30 : Dados da pulseira de identificação do RN

Fonte: <http://sesentindomae.blogspot.co.uk/>.

47
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Realização do Apgar

Segundo o Ministério da Saúde (2017), é utilizado para avaliar a vitalidade do RN, os


parâmetros avaliados recebem uma nota de 0 a 10 dependendo da resposta do RN, são
eles:

»» FC:

›› ausente: 0;

›› < 100/min: 1;

›› > 100/min: 2.

»» FR:

›› respiração ou ausente: 0.

›› fraca/irregular: 1;

›› forte/choro: 2.

»» Irritabilidade reflexa:

›› ausente: 0;

›› algum movimento: 1;

›› espirros/choro: 2.

»» Tônus muscular:

›› flácido: 0.

›› flexão de pernas e braços: 1;

›› movimento ativo/boa flexão: 2.

»» Cor:

›› cianótico/pálido: 0;

›› cianose de extremidades: 1;

›› rosado: 2.

48
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Exame Físico

Cabeça

Deve ser redonda e simétrica, observar tamanho; formato; simetria; fontanelas e


suturas. É necessário que o enfermeiro esteja atento e minucioso, a fim de detectar

malformação congênita presentes ao nascimento (REIS; SANTANA; ARAÚJO, 2014).

Quadro 6. Avaliação do exame físico

Região Observar
Couro cabeludo Observar higiene, crostas e lesões.
Acúmulo de líquido e sangue no couro cabeludo, sem limites
específicos, pode aparecer petéquias no local, decorrentes da pressão
Bossa Serossanguínolenta
da cabeça sobre o canal de parto, desaparecendo entre os primeiros
dias de vida (24 a 48 horas).
É o acúmulo de sanguínea região subperióstea e aparece por volta
de 24 horas após o nascimento, causado pelo rompimento de vasos,
Céfalo-hematoma
devido à fricção da cabeça sobre o canal do parto. Possui contornos
nítidos e regressões lentas, desaparecendo entre o 1o e 2o mês de vida.
É normal apresentarem-se planas em relação ao couro cabeludo.
»» Bregmática: encontra-se na região anterior, fechando-se por volta
dos 18 meses de vida; se houver o fechamento antes do sexto mês,
Fontanelas
agendar consulta médica.
»» Lambdoide (posterior): encontra-se na região occipital, fechando-se
entre o 2o e 3o mês de vida (figura 31).

Fonte: Marcondes et al.(2003); Silva; Nascimento (2000).

Figura 31: Fontanelas cranianas.

Fonte: <http://medtododia.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.html>.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Sentidos e Pele

Quadro 7. Avaliação dos sentidos e pele

Região Observar
Observar estrabismo (lembrar que pode ser normal até o 3o mês),
Olhos devido à incoordenação do globo ocular; presença de secreção e
lacrimejamento constante, encaminhar para consulta médica (figura 32).
»» Mancha ectásica: mais comum nas pálpebras, decorrente de dilatação
capilar superficial e desaparecem com o crescimento (figura 33).

Pálpebras e Face »» Hemangioma capilar: são pequenas manchas róseo-avermelhadas,


devido à dilatação capilar superficial, tendendo a desaparecer com o
crescimento, se forem superficiais; caso contrário, podem clarear ou
apenas diminuir de tamanho (figura 34).
Observar simetria, obstrução e secreção (a presença de coriza
Nariz
sanguinolenta em criança até o 3o mês de vida sugere sífilis congênita).
O RN nasce coberto por vénix caseoso (substância esbranquiçada
e gordurosa com a função de proteger a pele e prevenir a perda
excessiva de calor, desaparece após as primeiras horas de vida – figura
35) e lanugem (pelos finos e sedosos que recobrem toda a pele,
desaparece a partir da 32o semana de vida – figura 36):
»» Observar: a coloração, a intensidade, o turgor e textura.
»» Procurar por: erupções, lesões cutâneas, petéquias, manchas ou
cianose.
Ainda pode se encontrar:
»» Manchas mongólicas: são manchas arroxeadas que aparecem nas
Pele regiões glútea, lombar e pernas (figura 37);
»» Machas salmão: pequenos vasos superficiais localizados nas
pálpebras e na nuca (figura 38).Mília: glândulas sebáceas que não
se abrem, geralmente encontradas no nariz, na testa ou no queixo,
desaparecendo espontaneamente, representam ação hormonal
materna (figura 39).
»» Nevo flâmeo: mancha permanente, vermelho-arroxeada, que pode
ser pequena ou tomar a metade do corpo.
»» Eritema tóxico: pequenas pápulas ou pústulas, que surgem
geralmente na face, nas costas ou no tórax são um sinal de
amadurecimento do sistema imune do RN que reage ao ambiente,
desaparece naturalmente (figura 40).
Observar a presença de:
»» Estomatite: agendar a consulta médica.
»» Má-formação congênita: lábio leporino, fenda palatina, anquiloglossia
(freio lingual curto); nesses casos, encaminhar para consulta médica,
Orofaringe assim que possível (figura 41);
»» Língua geográfica: a língua se apresenta com saliências, formando
desenhos, que não significa patologia.
»» Monilíase Oral (sapinho): lesões esbranquiçadas em cavidade oral
que não se desprendem com a limpeza (figura 42).
Avaliar a coloração de pele e mucosa, em caso de extensão avaliar pela
Icterícia neonatal zona de Kramer (figura 44) e a intensidade (pelo sistema de cruzes:
+/+4; +2/+4; +4/+4).

Fonte: Marcondes et al (2003); Reis, Santana, Araújo (2014 pp. 147-151) e Silva, Nascimento (2000).

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 32: Tipos de estrabismo em RN.

Fonte: <http://www.sabercom.furg.br/bitstream/1/1209/1/Exame_Fisico_do_RN_revisado.pdf>.

Figura 33: Mancha ectásica.

Fonte: <https://br.guiainfantil.com/materias/saude/peleangiomas-na-pele-do-bebe/>.

Figura 34: Hemangioma capilar.

Fonte: <http://www.formaes.com.br/vida-de-mae-2/hemangioma-o-que-e-e-como-tratar/>.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 35: Vérnix caseoso.

Fonte: <https://www.shutterstock.com/image-photo/new-born-baby-girl-clamped-umbilical-96539575l>.

Figura 36: Lanugem.

Fonte: <http://www.blogdababydreams.com.br/os-primeiros-dias-com-o-bebe-parte-2/>.

Figura 37: Mancha salmão.

Fonte: <http://www.formaes.com.br/vida-de-mae-2/hemangioma-o-que-e-e-como-tratar/>.

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 38: Mília.

Fonte: <http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/milia/multimedia/milia/img-20005930>.

Figura 39: Mancha mongólica.

Fonte: <http://www.conteudodeenfermagem.com/2013/06/alteracoes-fisiologicas-no-recem-nascido.html>.

Figura 40: Eritema tóxico.

Fonte: <http://medifoco.com.br/alteracoes-na-pele-do-recem-nascido/eritema-toxico/>.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 41: Lábio leporino.

Fonte: <http://www.clariceabreu.com.br/atuacao/cirurgia-craniomaxilofacial/cirurgia-craniofacial-pediatrica/fissura-de-labio-e-
palato-labio-leporino-e-fenda-palatina/>.

Figura 42: Monilíase oral (sapinho).

Fonte: <http://www.crechesegura.com.br/como-prevenir-e-tratar-o-sapinho/>.

Figura 43: Zonas de Kramer.

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Zonas dérmicas de progressão cefálicas podálico da icterícia


1. cabeça e pescoço;
2. tronco até umbigo;
3. hipogástrico e coxas;
4. mãos e pés, incluindo palmas e plantas.

RN a termo RN baixo peso

Limites Média Limites Média


1 4,3 – 7,8 5,9 (de 0,3) 4,1 – 7,5 -
2 5,4 – 12,2 8,9 (de 1,7) 5,6 – 12,1 9,4 (de 1,9)
3 8,1 – 16,5 11,8 (de1,8) 7,1 – 14,8 11,4 (de 2,3)
4 11,1 – 18,3 15,0 (de 1,7) 9,3 – 18,4 13,3 (de 2,1)
5 15 - 10,5 -
Bilirrubina (mg/100ml)

Fonte: Adaptado de: <http://slideplayer.com.br/slide/1219708/>. Acesso em: 6/4/2017.

Pescoço

O pescoço do RN costuma ser curto deve ser avaliado: desvio e posição da traqueia,
sustentação da cabeça, movimentação do pescoço e sinais de dor a movimentação
(REIS; SANTANA; ARAÚJO, 2014, p. 151).

É normal apresentar movimentos livres para os lados. Na presença de tumores, fístulas,


torcicolos, gânglios, encaminhar para avaliação médica (MARCONDES et al., 2003).

Sistema Respiratório

A respiração do RN inicia-se no nariz, é irregular e abdominal, a frequência respiratória


pode variar entre 30 a 60 incursões por minuto. Períodos de apneia, inferior a 20s são
considerados normais e chamados de pausas.

Quando o RN estiver tranquilo, o enfermeiro deve realizar ausculta pulmonar ouvindo


murmúrio brônquico igualmente em ambos os lados. Estertores ou sibilos audíveis após
o nascimento são normais e caracterizam uma adaptação a vida extrauterina, devendo
desaparecer nas primeiras horas, caso permaneça são indicativos de atelectasia e devem
ser investigados (REIS; SANTANA; ARAUJO, 2014 p. 151).

Sistema cardiovascular

Com o estresse provocado pelo parto, o RN, libera catecolaminas, epinefrina e


norepinefrina estimulando o aumento do débito cardíaco e contratilidade, estimulando

55
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

os pulmões a liberarem surfactante expelindo o líquido pulmonar. Com a separação


da placenta e o clampeamento do cordão umbilical, ocorre um aumento da pressão
sistêmica e diminuição do retorno sanguíneo para veia cava inferior desenvolvendo
diminuição da resistência pulmonar.

Logo após a resistência pulmonar, ainda é alta e dificulta a detecção de defeitos


cardíacos. Na ausculta cardíaca, os primeiros sons B1 e B2 são ouvidos nitidamente. B2
tem um som estridente e mais forte que a B1. O sopro auscultado no RN é um defeito
cardíaco associado ao fechamento incompleto do shunt fetal.

O enfermeiro deve observar a localização do coração, a frequência cardíaca do RN varia


entre 100 e 180 batimentos por minutos (bpm) logo após o nascimento, estabilizando
para 120 e 140bpm (REIS; SANTANA; ARAUJO, 2014, p. 152).

Região do tórax

Quadro 8. Exame físico do tórax

Região Observar
É considerada normal a presença de secreção e tumefação nas
Glândulas mamárias primeiras semanas de vida (devido à ação hormonal materna).
Não deve ser feita a expressão do mamilo.
São pequenas bolinhas avermelhadas causadas pelo excesso de
calor que aparecem com maior frequência no pescoço e tórax,
às vezes, há prurido.
Conduta:

Brotoeja (sudâmina ou miliária rubra) »» banhos, com maior frequência;


»» evitar agasalhar demais a criança.
Nos casos leves, recomenda-se banho com água e maisena
dissolvida.
Em casos resistentes às orientações, solicitar avaliação médica.

Fonte: Marcondes et al. (2003) e Reis, Santana; Araújo (2014, pp. 151-152).

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Região do Abdômen

Quadro 9. Exame físico do abdômen

Região Observar
Abdômen É normal apresentar-se de forma cilíndrica.
Sua queda pode ocorrer do 4o ao 15o dia após o nascimento.
Observar presença de secreção, odor e hiperemia.
O curativo do coto deve ser feito diariamente. Após a sua limpeza com água e sabonete
durante o banho, secar bem e passar álcool 70% com gaze ou cotonete na sua base,
Coto umbilical removendo a secreção (sem odor) que normalmente sai durante o processo de queda, evitar
aplicar o álcool na pele do abdômen, pois pode irritar e ficar hiperemiado e mascarar uma
possível infecção (onfalite).
Atenção: odor fétido da secreção, hiperemia periumbilical e calor local podem ser sinais de
onfalite (figura 44).
Após queda do coto umbilical pode ocorrer uma área não cicatrizada úmida de coloração
amarelada. Neste caso, está indicada a cauterização.
Conduta para a Cauterização:
»» limpar com soro fisiológico, usando técnica de curativo;
Granuloma umbilical
»» passar vaselina ao redor da cicatriz umbilical;
»» usar bastão de nitrato de prata 2% na lesão por 1 minuto contínuo, 1 vez ao dia, durante 3
dias. Se no final do 3o dia não houver cicatrização, solicitar avaliação médica.
Obs.: nunca fornecer o bastão de Nitrato de Prata para a mãe fazer em casa (figura 45).
Frequente em crianças pré-termos, sendo que na maioria dos casos regride espontaneamente.
Caso persista até 2 anos de idade, encaminhar para avaliação médica. Orientar não colocar
Hérnia umbilical
faixas, nem moedas, pois o fechamento do músculo abdominal acontece gradativamente após
o nascimento (figura 46).
Hérnia inguinal Deve ser encaminhada para avaliação médica.

Fonte: Marcondes et al. (2003).

Figura 44: Coto umbilical.

Fonte: <http://megagestante.com.br/como-higienizar-o-umbigo-do-bebe/>

Fonte: <http://www.lookbebe.com.br/o-recem-nascido-e-os-cuidados-com-o-coto-umbilical/>.

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 45: Granuloma umbilical.

Fonte: <http://pediatravirtual.net/tratamento-granuloma-umbilical/>.

Figura 46: Hérnia umbilical e inguinal.

Fonte: <http://beberocha.blogspot.com.br/2015/06/o-que-e-hernia-hernia-umbilical-e.html>.

Região do Perinea

Quadro 10. Exame físico da região perineal

Região Observar
Os grandes lábios recobrem os pequenos lábios, aonde se encontram os meatos uretral e vaginal, que
devem ser pérvios (perfurados). Pode ocorrer:
»» corrimento vaginal: de coloração clara, às vezes com estrias de sangue, que é devido ao excesso
Genital feminino hormonal da mãe. Considera-se normal até o 1o mês de vida.
»» sinequia de pequenos lábios: os pequenos lábios encontram-se aderidos. Neste caso, encaminhar para
consulta médica.
»» Imperfuração anal: deverá ser encaminhado para avaliação médica com urgência.
O prepúcio recobre a glande do pênis, apresentando o meato centralizado na extremidade. Normalmente,
os testículos estão na bolsa escrotal.
Pode ocorrer:
»» criptorquidia: é a ausência de testículos na bolsa escrotal. Deverá ser encaminhado para avaliação
médica.
Genital Masculino
»» hipospadia e epispadia: localização incorreta do meato uretral, deslocado para baixo (hipospadia), ou
para cima (epispádia). Se presente, deverá ser encaminhado para avaliação médica.
»» prepúcio irretrátil: frequente até os 18 meses.
»» Fimose: persistência do prepúcio irretrátil após os 18 meses. Deverá ser agendado consulta médica
para avaliação.

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Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Região Observar
Manchas hiperemiadas na região das fraldas, causadas por diarreia, uso de produtos químicos (amaciante,
sabão, sabonete, água sanitária e talcos), troca infrequente das fraldas e má higiene.
Conduta:
»» retirar o excesso de sabão, água sanitária e amaciantes.
»» orientar lavar as fraldas preferencialmente com sabão neutro e enxaguar com água e vinagre.
Dermatite de Fraldas
Sempre que a criança urinar ou evacuar, procurar lavar bem com água morna, evitando uso de sabonete.
»» expor área afetada ao sol em horário apropriado (até as 9:00 horas da manhã e após 16:00 horas),
pois facilita a cicatrização. Observar horários de verão;
»» em uso de fraldas descartáveis limpar bem antes da troca da fralda;
»» encaminhar para consulta médica, se persistir o problema.
Esse tipo de dermatite é caracterizado por pele bem hiperemiada, às vezes com pontinhos vermelhos nas
Monilíase Perineal (Cândida) bordas (o que diferencia da dermatite de fraldas) e pode estar associada com a monilíase oral. Encaminhar
para consulta médica.

Fonte: Marcondes et al. (2003); Reis; Santana; Araújo (2014, p. 153).

Membros Superiores e Inferiores

Devem ser simétricas, musculaturas firmes, movimentos livres.

Podem ocorrer:

»» polidactilia (maior número de dedos);

»» má-formação congênita;

»» assimetria de movimentos, coordenação e tamanho.

Nesses casos, encaminhar para consulta médica (MARCONDES et al., 2003).

Região Dorsal e Sacral

Observar presença de:

»» mancha mongólica: mancha de cor azulada, localizada geralmente em


região sacrococcígea, que significa miscigenação das raças;

»» pilificação em excesso;

»» fístulas em região sacral podendo ocorrer saída de fezes. Deverá ser


encaminhado para consulta médica (MARCONDES et al., 2003).

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Sinais Vitais e Medidas Antropométricas

Quadro 11. Sinais vitais e medidas antropométricas

O RN tem o mecanismo de regulação imaturo, podendo ocorrer flutuações, sendo necessário manter um
ambiente térmico apropriado e aquecer o corpo do RN.
A temperatura pode ser verificada por:
Temperatura corporal »» via retal: apenas em caso especiais, por impossibilidade de verificação axilar;
»» via axilar: pelo meato acústico externo ou pela pele;
»» via oral.
A temperatura fica entre 36,5º e 37º C, podendo aumentar com o choro.
O RN apresenta frequência respiratória aumentada devido a sua taxa metabólica acelerada. Deve ser
observada a partir da movimentação do abdome. O enfermeiro deve posicionar os dedos ou mãos
Frequência respiratória ligeiramente abaixo do apêndice xifoide para perceber a elevação durante a inspiração.
Deve se observar a profundidade e o ritmo da respiração, a frequência respiratória do RN fica ente 30 e 60
respirações por minuto (rpm) podendo aumentar durante o choro e diminuir durante o sono.
A pressão arterial sistólica é baixa no RN, devido a capacidade diminuída do ventrículo esquerdo.
Pressão arterial
Normalmente, o valor é de 65/41mmHg no braço.
No RN é em média de 50cm, podendo variar de 45 a 55cm.

Comprimento O comprimento deve ser verificado com o RN totalmente despido, deitado em decúbito dorsal, com os
joelhos presos para que eles não flexionem. Pode-se utilizar uma fita métrica ou régua antropométrica
(figura 47).
No RN é em média de 33 a 35cm.
Circunferência da cabeça Deve ser medida utilizando uma fita métrica por trás da orelha, pegando toda a circuferência entre a região
frontal e occipital (figura 48). Em crianças a termo, o PC de nascimento é em torno de 34 a 35 cm. Em
crianças pré-termo, o PC de nascimento é em torno de 33 cm.
O tórax do RN é menor que a cabeça cerca de 1 a 2cm em média. Deve ser medida utilizando uma fita
Circunferência do tórax métrica passando ao redor do tórax, na linha dos mamilos, frouxamente (figura 49).
A circunferência média do tórax do RN é de 30 a 33cm.
O RN pesa em média 3.400g, tendo variação de 2.700 a 4.000g. Após o nascimento, é normal a perca
de 10% desse valor nos primeiros dias de vida.
A medição do peso deve ser realizada desde o nascimento até sua alta e nas consultas de pericultura. O
Peso prato da balança deve se recoberto com um papel toalha ou campo aquecido, para evitar o contato do RN
e evitar a perda de calor. Antes de colocar o RN na balança, deve ter a tara aferida a fim de eliminar erros
de pesagem. O RN deve ser colocado completamente despido e deitado no centro da balança (figura 50).
Ficar atento para evitar quedas e acidentes.

Fonte: Marcondes et al. (2003) e Reis; Santana; Araújo (2014, pp. 153-155).

Quadro 12: Variação de pressão arterial do RN até 12h de vida há 28 dias de nascido.

Idade Pressão Arterial (mmHg)


Sistólica Média Diastólica
12 h 73,6 (+ ou – 22,3) 51,0 (+ ou – 18,5) 36,2 (+ ou – 17,9)
3º d 79,4 (+ ou – 24,3) 56,4 (+ ou – 22,0) 41,5 (+ ou – 21,4)
7º d 88,2 (+ ou – 21,7) 63,8 (+ ou – 19,3) 47,9 (+ ou – 16,5)
14º d 87,5 (+ ou – 23,9) 63,2 (+ ou – 20,8) 47,8 (+ ou – 20,9)
28º d 90,9 (+ ou – 16,8) 64,0 (+ ou – 19,2) 48,4 (+ ou – 21,1)
Fonte: <http://www.jped.com.br/conteudo/96-72-03-155/port_print.htm>.

60
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Figura 47. Medição do RN com régua antropométrica.

Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=z-qX-dLXi0Q>.

Figura 48. Medição do PC.

Fonte: <https://brasil.babycenter.com/a25015205/microcefalia>.

Figura 49. Mensuração do perímetro torácico.

Fonte: <http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-11462005000300009>.

61
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 50: Mensuração do peso do RN.

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe7NgAG/apostila-enfermagem-tratado?part=5>.

Avaliação Neurológica

O enfermeiro deve observar a reatividade, o choro, o tônus, os movimentos e reflexos.


Reflexos ausentes ou anormais são indicativos de patologia neurológica.

Reflexos Avaliação
O RN deve piscar ao aparecimento súbito de uma luz ou de um objeto em direção a sua córnea. Esse
Corneano
reflexo é presente por toda vida.
Pupilar Se contrai em resposta a uma luz intensa ou brilhante. Esse reflexo é presente por toda a vida.
Quando a cabeça do RN é movimentada para direita ou para esquerda, os olhos se inclinam para trás e
Olho de boneca
não se ajustem imediatamente. Esse reflexo some a medida que o RN se desenvolve.
Espirro É uma reação das narinas à obstrução ou irritação. Esse reflexo persiste por toda a vida.
Indica movimento de sucção em resposta ao toque de seus lábios ou a oferta dos seios maternos. Esse
Sucção
reflexo é presente por toda a vida.
Vômitos Ao estímulo da faringe posterior, a criança parece engasgar. Esse reflexo persiste por toda a vida.
Ao se tocar a bochecha do RN, ao lado da boca, ele vira a cabeça para esse lado à procura de algo para
Busca
sugar. Esse reflexo desaparece entre o 4o e o 6o mês, mas pode persistir até 1 ano de idade.
Resposta espontânea à diminuição de 2 pelo aumento do volume de ar inspirado. Esse reflexo persiste por
Bocejo
toda a vida.
Geralmente só está presente a partir do 1o dia de vida e acontece em resposta à irritação da mucosa
Tosse
laríngea ou da árvore traqueobrônquica. Esse reflexo está presente por toda a vida.
Ao tocar as regiões plantares ou palmares das mãos ou dos pés próximo à base dos dedos, ocorre a
Preensão flexão desses membros. O reflexo palmar desaparece no 3o mês e o reflexo plantar no 8o mês (figura 51
e 52).
É provocado ao se tocar o exterior da região plantar, no sentido superior, a partir do calcanhar e cruzando
Babinski em direção ao arco do pé. Em resposta a esse estímulo, os dedos apresentam hiperextensão e o polegar
dorsiflexão. Desaparece em torno dos 12 meses (figura 53).
Ocorre quando o RN, ao se assustar, abre os braços, os joelhos, flexiona os joelhos e abre os dedos das
Moro mãos em formato de leque, com o polegar e o indicador em forma de C. Também é chamado de “reflexo
do abraço”. Este reflexo desaparece entre o 3o e o 6o mês de vida (figura 54).
Acontece quando um ruído súbito e alto provoca abdução dos braços, flexão dos cotovelos e as mãos
Estremecimento
permanecem fechadas. Esse reflexo desaparece em torno do 4o mês de vida.
Ao girar a cabeça do RN para um lado, o braço e a perna daquele lado se estendem e o braço e a perna
Tonicidade do Pescoço
opostos se flexionam. Esse reflexo desaparece entre o 3o e o 4o mês de vida.

62
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Reflexos Avaliação
Com o RN deitado em decúbito ventral, aplica-se pressão firme deslizando o dedo ao longo da coluna
Curvatura de tronco (reflexo de
lateralmente dos 2 lados. Este estímulo fará a pelve do RN se flexionar na direção do lado estimulado,
Galant)
indicando inervação de T2 – S1. Esse reflexo desaparece em torno do 4o mês de vida.
Ao estimular a pele perianal próximo ao ânus, o esfíncter externo contrai-se imediatamente, indicando
Anocutâneo
inervação de S4 e S5.
Quando a criança é segurada com a sola dos pés tocando uma superfície rígida, Ocorre flexão e extensão
Marcha
das pernas, simulando a deambulação. Esse reflexo desaparece da 3o a 4o semana de nascido.
Colocando o RN em decúbito ventral, ele faz movimentos com as pernas e com os braços para se arrastar
Engatinhar
como se fosse gatinhar. Esse reflexo desaparece em torno de 6 semanas de nascido.
Fonte: Reis; Santana; Araújo (2014 pp. 155-156).

Figura 51. Reflexo de preensão plantar.

Fonte: <http://medifoco.com.br/reflexos-arcaicos-do-recem-nascido/>.

Figura 52. Reflexo de preensão palmar.

Fonte: <http://maenareal.com.br/2013/08/os-reflexos-do-bebe/>.

63
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 53. Reflexo de Babinski.

Fonte: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2009/08/atencao-aos-reflexos-dos-recem-nascidos-2620766.html>.

Figura 54. Reflexo de moro.

Fonte: <http://brasil.babycenter.com/thread/2087563/ninho-algu%C3%A9m-tem>.

Cuidados do RN em sofrimento fetal.

Normalmente ocorre durante o TP, o feto pode apresentar hipoxemia e hipercapnia e


acidose metabólica. O diagnóstico e feito mediante a ausculta do BCF apresentando
valores inferiores há 120 ou superior há 160bpm e a presença de LA com mecónio
espesso (MARINHO, 2013; BRASIL, 2011).

Etiologia

De acordo com Marinho (2013) e Brasil (2011), dentre as causas do sofrimento fetal e
possível destacar:

»» Insuficiência útero placentária aguda a Hiperatividade uterina


(hipersistolia, taquissistolia, hipertonia), sem causa evidente ou:

›› ocorre depois da aplicação de forma incorreta de ocitócicos;

64
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

›› tem relação com a pré-eclâmpsia;

›› relação ao parto obstruído.

»» Hipotensão arterial materna:

›› hemorragias;

›› posicionamento inadequado da parturiente;

›› aplicação de analgesia de condução.

»» Insuficiência fetoplacentária aguda associada a patologia funicular:

›› circular de cordão (cervical, em membros, no abdome);

›› nós falsos e verdadeiros;

›› procidência e prolapso por autocompressão;

›› oligodramnia.

Prevenção

»» Diminuir a insegurança da parturiente, oferecer um ambiente calmo e


tranquilo durante o TP.

»» Não realizar amniotomia precoce.

»» Não induzir o TP.

»» A utilização da ocitocina só e indicado nos casos em que não há contrações


uterinas no TP.

»» Nos casos que for necessário induzir o parto avaliar rigorosamente a


evolução do feto.

»» Diagnosticar precocemente e realizar correção dos distúrbios da contração


uterina.

»» Realizar correção da hipovolemia, hipotensão, hipoglicemia e os


distúrbios eletrolíticos maternos (MARINHO, 2013; BRASIL, 2011).

65
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Diagnóstico

»» Alterações do BCF e do traçado cardiotocográfico:

›› Taquicardia:

·· BCF: superior a 160bpm por mais de 10 minutos é e indicativo de


hipoxemia fetal (com exceção em gestantes que manifestam febre
e/ou faz utilização de drogas simpaticomiméticas);

·· no ECG apresenta perda de acelerações, ocorre alterações na linha de


base com a mudança do traçado e acompanhado de desacelerações.

›› Bradicardia:

·· BCF: inferior a 110 bpm, por mais de 10 minutos; o feto pode evoluir
há óbito por bradicardia severa;

·· ECG: ocorrem alterações na linha de base e/ou perda das


acelerações e/ou das oscilações da linha de base, podendo ocorrer
desacelerações.

›› Desaceleração tardias (DIP):

·· acontecem junto com à contração uterina;

·· duração do DIP e contração é igual ou superior de 18 a 30 segundos;

·· se ocorre a falta de acelerações e movimentos fetais, pode evoluir


com bradicardia terminal e morte intraparto.

›› Desacelerações variáveis:

·· torna-se patológica se apresentar aumento da frequência profunda


com 60bpm;

·· o retorno da frequência e lento;

·· se a aceleração continuar perdendo força, a linha de base sofre


mudanças e o BCF evolui com taquicardia (MARINHO, 2013;
BRASIL, 2011).

›› Mecônio:

·· não significa sofrimento fetal, mas serve de alerta e cuidado;

66
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

·· é sugestivo de sofrimento fetal se acompanhado de mudanças no


BCF;

·· se no momento do TP ocorrer diminuição e/ou ausência de


movimentos fetais indica O2 fetal;

·· mecônio espesso: indica a necessidade de antecipar o parto, é


necessário realizar uma aspiração adequada da narina e boca para
evitar deglutição pelo RN;

·· se o parto for pélvico, a presença de mecônio sugere compressão


do abdômen fetal durante o parto, nestes casos, são descartado o
sofrimento fetal (MARINHO, 2013).

Tratamento

Os profissionais devem minimizar a insegurança da gestante e focar a assistência nos


seguintes cuidados:

»» Ofertar O2 sob máscara no volume de 8 a 10 l/min.

»» Posicionar a parturiente em decúbito lateral esquerdo.

»» Não administrar ocitocina e infundir soro glicosado.

»» No caso de hipotensão arterial devido a anestesia, administrar líquidos e


vasoconstritores.

»» Utilizar o fórcipe se houver necessidade e se o parto possibilitar.

»» Se nenhumas das medidas anteriores tiver resultados positivos indicar


parto cesariano com urgência.

»» Administrar 5mg de salbutamol em 500 ml de SG, 20 gotas por minutos


(10microg/min).

»» Apos a dequitação da placenta administrar ocitocina por via 20 UI em


500 ml de SG a 5%, 20 gotas/min, objetiva se evitar graves hipotonias.

»» No caso de mecônio seguir o fluxograma a seguir:

67
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 55: Fluxograma para Assistência ao RN com Líquido Tinto de Mecônio

PRESENÇA DE MECÔNIO

Movimentos respiratórios
RN com FC < 100 bpm, respiração
regulares, tônus muscular
irregular ou apneia.
adequado e FC >100 bpm.

Posicionar a cabeça; aspirar o Aspirar hipofaringe e traqueia sob visualização


excesso de secreções da boca e direta com sonda orotraqueal e dispositivo de
nariz; secar e desprezar os aspiração de mecônio; aspirar o excesso
campos úmidos; avaliar respiração de mecônio uma única vez.
e FC.

Iniciar a ventilação com pressão positiva (VPP),


caso o RN permaneça com a FC < 100 bpm,
respiração irregular ou apneia.

Fonte: Marinho (2013)

Reanimação do RN.
De acordo como Ministério da Saúde (2011), as crianças nascem com boa vitalidade,
mas podem evoluir para complicações necessitando de manobras de ressuscitação
cardiopulmonar. Algumas infecções durante a gestação, descobertas durante a
anamnese, estão relacionadas com maiores possibilidades de reanimação neonatal,
conforme o quadro 13 (REIS, 2014, p. 197).

Quadro 13. Fatores que interferem com as condições de nascimento do RN e podem determinar necessidade

de reanimação.

Fatores antenatais Fatores relacionados ao parto


Idade materna < 16 ou > 35. Apresentação não cefálica.

Diabetes. Cesárea de emergência.


Hipertensão específica da gestação. Uso de fórcipe ou extração a vácuo.
Hipertensão crônica. Trabalho de parto prematuro.
Anemia fetal ou aloimunização. Parto taquitócico.
Óbito fetal ou neonatal anterior. Coriamnionite.
Sangramento no 2o ou 3o trimestre. Rotura prolongada das membranas (>18h antes do parto).
Infecção materna. Trabalho de parto prolongado (> 24h).
Polidrâmnio ou oligodrâmnio. Macrossemia fetal.
Ausência de cuidado no PN. Bradicardia fetal.
Rotura prematura das membranas. Padrão anormal da FC fetal.
Pós-maturidade. Anestesia geral.

68
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

Fatores antenatais Fatores relacionados ao parto


Gestação múltipla. Tetânia uterina.
Discrepância entre idade gestacional e peso ao nascer. Líquido amniótico meconial.
Diminuição da atividade fetal. Uso materno de opioides nas 4h que antecedem o parto.
Malformação ou anomalia fetal. Segundo estágio do trabalho de parto prolongado (> 2h).
Uso de medicações (magnésio e bloqueadores adrenérgicos). Descolamento prematuro da placenta.
Hidropsia fetal. Sangramento intraparto abundante.
Doença materna cardíaca, renal, tireoidiana ou neurológica. Placenta prévia.

Fonte: Reis (2014, p. 197) e Almeida; Guinsburg (2013).

É necessário que o enfermeiro certifique, em cada plantão, se todos os materiais


e equipamentos necessários estão disponíveis e em condições de uso. Dentre os
materiais são necessários: ambu reanimador e máscara para RN, laringoscópio, tubos
orotraqueais (quadro 14), sondas e rede de vácuo funcionante. As medicações são
descritas no quadro 15.

Quadro 14. Número do tubo orotraqueal de acordo com o peso do RN.

< 1.000g 2,5


1.000 a 2.000g 3
3.000g 3,5
> 3.000g 4

Fonte: Reis (2014, p. 198).

Quadro 15. Medicações necessárias para reanimação do RN na sala de parto.

Expansores de volume (endovenoso)


Epinefrina endovenosa Epinefrina endotraqueal
SF 0,9%
Medicação/Diluição 1:10.000 1:10.000
Lactato de ringer
1ml em 9ml de SF 0,9% 1ml em 9ml de SF 0,9%
Sangue total
Preparo 1ml 5ml 2 seringas de 20ml
Dose 0,1 a 0,3ml/kg 0,5 a 1,0ml/kg 10ml/kg
PESO AO NASCER
1kg 0,1 a 0,3ml 0,5 a 1,0ml 10ml
2kg 0,2 a 0,6ml 1,0 a 2,0ml 20ml
3kg 0,3 a 0,9ml 1,5 a 30ml 30ml
4kg 0,4 a 1,2ml 2,0 a 4,0ml 40ml
Infundir rápido na veia umbilical e, a Infundir diretamente na cânula
Infundir o expansor de volume na veia
Velocidade e precauções seguir, infundir 0,5ml a 1,0ml de SF traqueal e ventilar a seguir. Uso
umbilical lentamente, em 5 a 10min.
0,9% único

Fonte: Reis (2014, p. 198).

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UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Perto ao nascimento, o enfermeiro precisa se nortear em alguns questionamentos para


avaliação de intervenções de reanimação mais ou menos invasivas:

»» O RN é de termo?

»» O líquido amniótico é livre de mecônio ou infecção?

»» Está respirando ou chorando?

»» O bebê tem bom tônus muscular? (REIS, 2014; GUIDELINES, 2015).

Quando o RN evolui com o quadro de hipotônico, não esteja respirando, não esteja
rosado ou seja prematuro (RNPT), devem ser instituídas, em no máximo 30 segundos,
as seguintes medidas:

Quadro 16. Medidas para o RN com quadro de hipotônico

Manobra 0 a 1 MÊS
Inclinação da cabeça – elevação do queixo (no traumatismo elevar a
Vias aéreas.
mandíbula) e aspiração
Ventilação: Inicial 2-5 ventilações com duração de 1s por ventilação;
Subsequente. 30 – 60 ventilações/min.
Sucção (não realizar compressão abdominal ou impulsões no dorso)
Obstrução das vias por corpo estranho.
com aspiração da boca e nariz.
Circulação. Verificar pulso. Umbilical.
Pontos de referência para compressão. Um dedo abaixo da linha intermamilar.
Método de compressão. Dois dedos ou com os polegares (mãos envolvendo o tórax).
Profundidade da compressão. Aproximadamente 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax.
Frequência das compressões. 120/min.
Relação ventilação/compressão. 3:1 com 90 compressões e 30 respirações por minuto.

Fonte: Reis (2014, p. 200); Marcondes et al. (2003) e Guidelines (2015).

Gostaria de destacar aqui a importância dos profissionais de acompanharem as


atualizações das diretrizes de RCP e ACE.

A ventilação com balão autoinflável (ambu) e máscara facial (ventilação com pressão
positiva), após a realização dos passos iniciais, está indicada nos casos de:

»» apneia;

»» gasping (respiração de “peixe fora d’água”);

»» frequência cardíaca < 100bpm (REIS, 2014, p. 201).

70
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

De acordo com o mesmo autor e Guidelines (2015), em caso de RNs com 34 semanas
ou mais de idade gestacional apresentar apneia, respiração irregular ou FC < 100bpm,
a ventilação com ar ambiente deve ser iniciada observando a insuflação pulmonar e
normalização da FC. Em casos de RN prematuro, o suporte ventilatório deve ser
administrado com concentração de oxigênio de 21 a 31%, podendo ser aumentada ou
reduzida com uso de blender (misturador de gases), de modo a manter a saturação
de oxigênio (SatO2) devendo monitorizar continuamente para acompanhamento de
acordo com os minutos de vida:

»» até 5min: 70 a 80%;

»» de 5 a 10min: 80 a 90%;

»» mais de 10min: 85 a 95%.

»» A intubação traqueal é indicada apenas nos casos que:

»» aspiração de mecônio traqueal;

»» ventilação com ambu seja prolongada ou ineficaz;

»» o RN necessite de massagem cardíaca;

»» seja necessário a administração de epinefrina;

»» em suspeitas de anomalias congênitas requeiram intubação imediata


como na hérnia diafragmática congênita (abdome escavado e tórax
abaulado, indicado a presença de vísceras no mediastino);

»» o RN seja prematuro extremo e deve receber sufactante profilático


de acordo com a rotina da instituição (REIS, 2014 p. 202; ALMEIDA;
GUINSBURG 2013).

Cuidados do RN com anomalias congênitas.

São considerados defeitos morfológicos que pode ocorre por erros na formação da
morfogênese, desencadeando malformações, rupturas, deformações, sequência e
síndrome (MELO; PACHECO, 2013). Está inserido as anomalias funcional ou estrutural
na formação do feto podendo estar presente antes do nascimento, pode ser genético,
ambiental ou desconhecido, o RN pode nascer com a anomalia ou apresentar com o
desenvolvimento (CARVALHO et al, 2006). Atualmente ocupa o 2º lugar das causas de
mortalidade infantil e o 3º de mortalidade em crianças com idade inferior a 5 anos no
Brasil (MELO; PACHECO, 2013).

71
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Atualmente com a evolução na tecnologia na área da saúde aumentou a perspectiva


de sobrevida e tratamento de RNs. Em alguns casos o RN necessita de internações e
cuidados específicos, gerando insegurança, medo e dúvidas frente ao diagnóstico da
patologia, diante desse contexto os profissionais devem minimizar oferecendo uma
assistência humanizada e com qualidade (RODRIGUES; JORGE; MORAIS, 2005).

Os profissionais de saúde devem preparar os familiares há executarem o cuidado


ultrapassando o processo de relações e intervenções não se restringindo apenas aos
cuidados clínicos, mas também cuidados específicos e especiais (MELO; PACHECO,
2013).

O RN com anomalias congênitas tem alto risco de desenvolverem complicações


clínicas, aumentando o índice de internações e gravidades que irá depender do tipo de
anomalia. Nos casos crônicos o RN necessita de um tratamento contínuo de alto custo,
de uma equipe multiprofissional incluindo fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional,
fisioterapeuta, dentista, nutricionistas, pedagogos, médicos com especialidades
específicas entre outros. Além de enfermeiros especialistas e capacitados para prestarem
os cuidados, a equipe de enfermagem precisa estar apta a lidar com a desestruturação e
dificuldade da família (HOROVITZ; LLERENA; MATTOS, 2005).

De acordo com o Ministério da Saúde (2012), no atendimento de RN com anomalias


congênitas e necessário que o profissional realize uma anamnese abordando:

»» História gestacional: realizar o levantamento da utilização de


medicamentos, exibição a irradiações e poluentes ambientais tóxicos,
consumo de drogas lícitas e ilícitas, patologias maternas e outros dados
relevantes que o profissional julgar necessário no momento da consulta.

»» História familiar: fatores hereditários para anomalias congênitas,


existência de patologias monogênica ou poligênica, investigação genética
e estudo de cromossomos se necessário e que sejam importantes na
interpretação dos dados genealógicos.

»» Exame do fenótipo morfológico: precisa investigar a antropometria


e desvios fenotípicos óbvios, realizar exames de imagem, ultrassonografia
do crânio, coração, rins, e demais órgãos como rotina, raio X do osso,
avaliação genética.

»» Exames Complementares: inclui a realização do exame físico


interpretando em qual quadro o RN se enquadra.

72
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

A equipe de enfermagem tem grande importância na assistência há pacientes e


familiares de crianças com anomalia congênita (SILVA, 2009). A assistência é ofertada
por uma equipe multidisciplinar com profissionais capacitados, especialistas capazes
de acompanhar as atualizações voltados para o cuidado. Os profissionais precisam
desenvolver uma assistência humanizada focando também, no cuidados dos pais
e familiares, auxiliando-os no processo de aceitação da patologia. É relevante que
os profissionais de saúde mantenham sempre aos pais os cuidados e a evolução dos
pacientes, dar informações e suporte, para que ocorra a aceitação realista da criança
(SANTOS; DIAS, 2005).

Dentre os cuidados que se deve prestar aos RNs com anomalia congênita, Carvalho et al
(2006) e o Ministério da Saúde (2012), estabelecem como prioridade:

»» Na ausência de um diagnóstico sindrômico, precisa averiguar


minuciosamente a criança e a família.

»» Se determinar o diagnóstico sindrômico, o plano terapêutico dependerá


da história natural da patologia e sua etiologia.

»» O prognóstico clínico é realizado logo após o nascimento do RN e dentro do


berçário, os profissionais de saúde devem realizar as orientações aos pais,
ajudando no enfrentamento do diagnóstico, intervenções terapêuticas e
da reabilitação.

»» É importantíssimo confirmar o diagnóstico, informar a etiologia aos pais


como prognóstico para as próximas gestações.

»» Depois que o RN receber alta do berçário, precisar continuar o tratamento


com o pediatra especialista na anomalia congênita que apresentar;

»» As anomalias específicas do desenvolvimento, como surdez, cegueira,


retardamento mental, alterações do crescimento pondo-estatural e
malformações, como palato fendido submucoso, cataratas, estenose
pilórica, cardiopatias acianóticas, não são doenças que o RN já nasce com
elas, porem é relevante para determinar a conduta terapêuticas e outros
diagnósticos (figura 56).

»» Se o RN evoluir há óbito precisa fazer a necropsia, a confirmação detalhada,


a anatomopatológica é relevante para o prognóstico da família.

73
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

Figura 56: RN com estenose pilórica

Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/drpixel/pt-br/discussao-de-casos/estenose-duodenal-em-rec%C3%A9m-nascido-aspectos-
radiol%C3%B3gicos

Dentre os tipos de anomalias congênitas, e possível destacar:

»» Síndromes genéticas: caracterizada por mutações de alelos, tem a


ocorrência de 1/2000 nascimentos. Pode ser monogênica, inclui genes
autossomicos e/ou podem estar ligados ao sexo quando envolver genes
de cromossosmos sexuais. É de difícil de diagnóstico e o histórico familiar
é importante na clínica;

»» Síndromes cromossômicas: e malformativas, RN pode desenvolver


atraso mental, anomalias genitais e estatura menor. Tem alterações
no numero e/ou estrutura dos cromossomos. Seu diagnóstico e feito
mediante o exame do cariótipo.

»» Síndromes ambientais: sua causa principal é teratogenicos, físicos,


químicos e biológicos. A exposição da gestante nos primeiros 3 meses de
gestação aumenta a chance do feto desenvolver esse tipo de anomalias
(RODINI, 2010).

Cuidados iniciais do RN no berçário.


Há admissão do RN no alojamento conjunto deve ser realizada de forma segura com
objetivo de mantê-lo ao lado da mãe, a equipe de enfermagem deve estar capacitada e
seguir as seguintes etapas:

»» verificar a identificação da pulseira da puérpera e do RN, avaliando se os


registros estão corretos com o prontuário;

»» admissão deve ser realizado pelo enfermeiro e técnico de enfermagem;

74
Assistência ao Nascer │ UNIDADE II

»» fazer o exame físico cefalopodalíco;

»» realizar evolução de enfermagem incluindo: data e hora da chegada do


RN, procedência, sexo do RN, tipo de parto e idade gestacional;

»» realizar o registro do caderno de admissão (BRASIL, 2012).

De acordo com os mesmos autores e Brasil (2008), a assistência ao RN no alojamento


materno deve ser focada:

»» Exame físico: objetiva-se a identificar precocemente alterações e


patologias, é exclusivo do enfermeiro e deve ser avaliado:

›› avaliar atividade e reatividade a estímulos;

›› verificar a coloração e integridade da pele e mucosas;

›› verificar a sucção do RN com o dedo no palato superior;

›› medir o perímetro cefálico (se não realizado na sala de parto);

›› verificar a FC, FR e temperatura;

›› inspecionar abdômen;

·· avaliar o coto umbilical;

·· analisar a genitália externa e verificar a presença de anormalidades;

·· avaliar a presença, aspecto, cor e odor das eliminações


vesicointestinais;

»» Curativo do coto umbilical: é de responsabilidade de toda equipe,


tem o objetivo de favorecer o processo de mumificação do coto umbilical
e prevenir infecções. Devera ser realizado no mínimo 3 vezes ao dia e/ou
a cada troca de fralda e após o banho, não realizar curativo oclusivo.

»» Verificação de SSVV: toda a equipe envolvida no cuidado deve ser


responsável pela verificação.

»» Pesagem: objetiva acompanhar o CD do RN e avaliar o ganho de peso,


auxilia na tomada de decisões na assistência e a identificar precocemente
as alterações fisiológicas.

75
UNIDADE II │ Assistência ao Nascer

»» Verificação de Glicemia Periférica Através de Fita Reagente:


durante a adaptação extrauterina o RN pode apresentar hipoglicemia
e raramente hiperglicemia. A verificação da glicemia tem o objetivo de
avaliar precocemente as alterações de glicose no sangue.

»» Banho: deve ser realizado com cuidado, a manipulação do RN nessa


assistência causa muitas alterações, deve ser algo prazeroso semelhante
ao ambiente intrauterino. O profissional deve (figura 57):

›› respeitar o período de sono do RN;

›› estabelecer vinculo e contato com o RN antes do procedimento;

›› retirar a fralda e realizar limpeza com algodão úmido com água morna;

›› colocar o RN na banheira com água morna de maneira que seu corpo


fique submerso até o pescoço e em ambiente fechado, evitando as
perdas de calor por convecção;

›› começar o banho pelo rosto, sem sabão: realizar higiene dos olhos
com bola de algodão para cada olho, limpar narinas e orelhas, quando
necessário, com fusos de algodão;

›› retirar o RN da banheira envolvido com tolha;

›› secar bem, realizar o curativo no coto umbilical, colocar a fralda e


vestir a roupa.

»» Troca de fralda: objetiva estimular o conforto, evitar dermatite de


fralda e patologias do trato urinário.

Figura 57: RN tomando banho

Fonte: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2014/02/bebes-tomam-banho-em-ofuro-para-reproduzir-sensacoes-do-utero.html

76
Alojamento Unidade iII
Conjunto

Capitulo 1
Maternidade

Alojamento conjunto: vantagens, protocolos e


boas práticas.
Nos primórdios da história da cultura humana, os partos eram realizados em casa,
e os recém-nascidos (RN) eram mantidos junto as suas mães imediatamente após o
nascimento. Com a criação dos hospitais-maternidades, esta rotina foi passada para
normas gerais de procedimentos de assistência e obedecida até o final do século XIX.
Por exemplo, o Hospital Jonhs Hopkins foi construído sem enfermaria especial para
RN e nele a rotina de alojamento conjunto existiu até 1890. No New York Hospital foi
utilizado até 1898, aonde as crianças permaneciam em berços suspensos aos pés do
leito das mães (SEGRE; SANTORO JR., 1993).

No início do século XX, os hospitais-maternidades passaram a ser dotados de


enfermarias próprias para RN, chamadas de berçários. Essa nova proposta, baseada
em normas rígidas de isolamento, foi facilmente difundida e aceita devido as altas taxas
de mortalidade infantil devido as epidemias de diarreias e de doenças respiratórias,
e outras patologias consideradas infecciosas, na época, e pelas incidências de sépsis
maternas, frequentemente causadoras das enfermidades dos RN (CASANOVA; SEGRE,
1993).

Sob influência dos resultados obtidos pelas enfermarias de Pierre Budin para crianças
prematuras e o sucesso alcançado por Martin Cooney após a Exposição de Berlim de
1896, que percorreu o mundo mostrando a sobrevida de RN pequenos tratados dentro
de incubadoras, ficaram assim instituídos os berçários, enfermarias com grande número
de RN, manuseados exclusivamente por pessoal hospitalar, submetidos a rotinas
rígidas, não recebendo visitas, levados até a mãe em horários rígidos pré-estabelecidos
(CORRADINI, 1994).

77
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

No final da década de 1940, início de 1950, começaram a aparecer, na literatura as


primeiras propostas de modificação deste esquema de assistência do RN normal. As
grandes epidemias de diarreia infecciosa com altas taxas de mortalidade aconteceram
nos grandes hospitais. Além dos cuidados gerais contra as infecções cruzadas, vários
procedimentos foram tentados para minimizar o problema, como a subdivisão dos
berçários em unidades menores (SEGRE; SANTORO JR., 1993).

Na década de 1970, e principalmente início da década de 1980, após a publicação de


várias experiências sobre o comportamento materno da separação mãe-filho foram
publicados descrições e resultados de programas de alojamento conjunto implantados
em outros países como no Brasil.

Publicada em 1983, a Resolução nº 18/INAMPS dirigida aos hospitais públicos e


conveniados estabeleceu normas e tornou obrigatória a permanência do filho ao lado
da mãe, 24h por dia, por meio do sistema de alojamento conjunto.

Em 1985, foi publicado o programa de reorientação da assistência obstétrica e pediátrica


com as normas básicas de sistema de alojamento conjunto, estas normas deveriam
passar a ser observadas nas unidades médicas assistenciais próprias, contratadas e
conveniadas do INAMPS.

No início dos anos 1990, com o objetivo de conhecer a situação dos alojamentos
conjuntos no Brasil, o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), com apoio
do UNICEF, realizou pesquisa cujo resultados apontaram que 47% das 667 unidades
pesquisadas desconhecia a Resolução INAMPS nº 18/1983.

Considerou-se fundamental a permanência do bebê junto a mãe, e as orientações


adequadas por parte da equipe de saúde mediante ações educativas, permitindo-se que
as questões de espaço físico e treinamento de recursos humanos fossem adequados à
realidade local de cada serviço de saúde.

Idealmente, mãe e bebê devem permanecer juntos após o parto. Sempre que as
condições da mãe e do RN permitirem, o primeiro contato pele a pele deve ser feito
imediatamente após o parto. Na primeira hora após o parto, o estado de consciência da
mãe e do bebê favorece a interação entre eles. Nesse período, portanto, o profissional
de saúde deve favorecer ao máximo o contato íntimo, pele a pele, entre mãe e bebê,
evitando procedimentos desnecessários ou que possam ser realizados mais tarde. A
separação da mãe e do bebê e a sedação da mãe privam o binômio desse momento tão
especial. Após a finalização dos procedimentos de sala de parto, a mãe, com o RN, deve
ir para um local dentro da maternidade que permita a eles ficarem juntos 24 horas por

78
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

dia até a alta hospitalar. Para isso, foi implantado o sistema de alojamento conjunto nas
maternidades (CORRADINI, 1994).

Em 1977, o Ministério da Saúde passou a recomendar que os RNs saudáveis


permanecessem com as suas mães, e, em 1983, o hoje extinto Inamps publicou
portaria tornando o alojamento conjunto obrigatório em todos os hospitais públicos
e conveniados. Essa portaria foi revisada e atualizada em 1993 e contém as normas
básicas que norteiam o funcionamento dos alojamentos conjuntos do País (BRASIL,
1993).

O Estatuto da Criança e do Adolescente no capítulo I, art. 10, inciso V, estabelece que:


“Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e
particulares, são obrigados a manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
permanência junto à mãe” (BRASIL, 2014. p. 13).

Vantagens

»» Desde a década de 1970, o alojamento conjunto tem sido valorizado e


recomendado no mundo inteiro pelas inúmeras vantagens que oferece
para a mãe, para a criança, para a família e para a própria instituição,
entre as quais se destacam:

»» Humanização do atendimento do binômio mãe-filho e sua família.

»» Convivência contínua entre mãe e bebê, o que facilita o conhecimento


mútuo e a sa­tisfação imediata das necessidades físicas e emocionais
do RN. Bebês em alojamento conjunto choram menos e dormem mais
(permanecem no estado “sono quieto”) do que quando se encontram em
berçários (KEEFE, 1988).

»» Maior envolvimento dos pais e/ou de outras pessoas significativas no


futuro cuidado com a criança (BURANASIN, 1991).

»» Promoção do estabelecimento precoce do vínculo afetivo entre a mãe e


o seu filho. Há relatos de que o alojamento conjunto aumenta a ligação
afetiva da mãe a sua criança e reduz os casos de abuso ou de negligência
infantil e de abandono da criança (O’CONNOR, et al., 1980).

»» Promoção do aleitamento materno. Vários estudos demonstram o efeito


benéfico do alojamento conjunto na prática da amamentação: descida do
leite mais rápida, melhor atitude em relação ao aleitamento materno e
tempo mais prolongado de amamentação.
79
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

»» Oportunidade para as mães, em especial as primigestas, aprenderem


noções básicas dos cuidados com os RNs. Isso aumenta sua autoconfiança.

»» Tranquilidade para as mães que ficam inseguras quanto ao atendimento


prestado a seus filhos quando não estão perto deles. A ansiedade pode
inibir a produção de ocitocina, importante para a liberação do leite
materno e para a contração do útero, enquanto a presença da criança e
seu choro costumam estimular o reflexo de ejeção do leite.

»» Troca de experiências com outras mães quando compartilham o mesmo


quarto, em es­pecial com mães mais experientes que também estão
cuidando dos seus filhos.

»» Maior interação entre a mãe e sua família e os profissionais de saúde


responsáveis pela atenção à criança.

»» Diminuição do risco de infecção hospitalar. Há vários relatos de redução


das taxas de infecção neonatal após a implantação do alojamento conjunto
em maternidades (WHO, 1998).

Protocolos

Segundo as normas básicas para alojamento conjunto aprovadas pelo Ministério da


Saúde (2016) todo binômio mãe-filho, com as características descritas a seguir, deve
permanecer em alojamento conjunto até a alta hospitalar:

»» mães livres de condições que impossibilitem ou contraindiquem o contato


com os RNs;

»» RN com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico.

Em geral, esses RNs têm mais de 2.000g, mais de 35 semanas de gestação e índice de
Apgar maior que seis no quinto minuto.

Entre as atribuições da equipe de saúde no alojamento conjunto estão:

»» Encorajar o aleitamento materno sob livre demanda.

»» Não dar ao RN nenhum outro alimento ou bebida, além do leite materno,


a não ser que seja indicado pelo médico.

»» Não dar bicos artificiais ou chupetas às crianças amamentadas no seio.


Especialmente no período de estabelecimento da lactação, esses artefatos

80
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

podem causar “confusão de bicos”, uma vez que os movimentos da boca


e da língua na amamentação são muito diferentes dos utilizados para
sugar mamadeira ou chupetas (NEIFERT, 1995). A associação entre uso
de chupeta e menor duração da amamentação já está bem documentada
(VICTORA; et al., 1997).

»» Orientar as mães para que não amamentem outros RNs que não os seus
(amamentação cruzada) e não permitam que outras mães amamentem
seu filho. Essa medida visa a prevenir a contaminação de crianças com
possíveis patógenos que podem ser encontrados no leite materno,
incluindo o HIV (BRASIL, 2006).

»» Realizar visitas diárias, esclarecendo, orientando e dando segurança à


mãe quanto ao estado de saúde de seu filho.

Recomenda-se, sempre que possível e desejável, que o binômio mãe-filho permaneça


no alojamento conjunto por, no mínimo, 48 horas, haja vista a oportunidade ímpar de
aprendizagem para as mães durante a sua permanência em alojamento conjunto e de
detecção de complicações pós-parto e afecções neonatais (BRASIL, 2016. p. 85).

O atendimento ao RN no alojamento conjunto deve ser feito na presença da mãe.


Em um primeiro contato, caso o profissional ainda não conheça a família, deve
apresentar-se à mãe e aos familiares, se presentes, tendo o cuidado de tratá-los pelo
nome. “Desde 2005, existe uma lei que garante às parturientes o direito à presença
de acompanhante, indicado por ela, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto
imediato (até dez dias após o parto)” (BRASIL, 2016. p. 86).

O acompanhante deve participar do atendimento sempre que for possível e adequado.


O atendimento à criança no alojamento conjunto é uma excelente oportunidade para
conversar com os familiares e estimulá-los a apoiar a mãe/nutriz. É importante que o
profissional investigue o contexto familiar e dê apoio à dupla mãe-bebê.

Boas Práticas

Além dos cuidados médicos abordados em outros capítulos desta obra, algumas práticas
devem fazer parte do cotidiano do profissional de saúde que atua em alojamento conjunto.
Essas práticas são fundamentais para uma atenção qualificada e humanizada da
dupla mãe-bebê e sua família.

81
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

Acolhimento

Conforme o Ministério da Saúde (2016) o profissional de saúde deve prover atendimento


humanizado e seguro às mulheres, aos RNs, aos acompanhantes, aos familiares e aos
visitantes, e ser capaz de acolhê-los.

Acolher implica recepcionar o usuário, desde sua chegada, responsabilizando-se


integralmente por ele, ouvindo suas queixas, permitindo que ele expresse suas
preocupações e angústias, e dando-lhe respostas adequadas.

“Um dos princípios básicos do acolhimento é reconhecer o usuário como


sujeito participante ativo do processo, valorizando as suas experiências,
os seus saberes e a sua visão de mundo.” (BRASIL, 2016. p. 86).

Comunicação

Para a OMS (1993) além de conhecimentos básicos e habilidades, o profissional de saúde


precisa também ter competência para se comunicar com eficiência, o que se consegue
facilmente usando a técnica do aconselhamento. Aconselhar não significa dizer o que o
outro deve fazer; significa, por meio de diálogo, ajudá-lo, de forma empática, a tomar
decisões, após ouvi-lo, entendê-lo e discutir os prós e contras das opções.

O alojamento conjunto é um local onde a prática do aconselhamento é fundamental.


Algumas técnicas são úteis para que as mulheres sintam o interesse do profissional
por elas e por seu filho, adquiram confiança no profissional e sintam-se apoiadas e
acolhidas, tais como:

»» praticar a comunicação não verbal (por meio de gestos e expressões


faciais). Por exemplo, sorrir, como sinal de acolhimento; balançar a
cabeça afirmativamente, como sinal de interesse; tocar na mulher ou no
bebê, quando apropriado, como sinal de empatia;

»» remover barreiras físicas como mesa e papéis, promovendo maior


aproximação entre o profissional de saúde, as pessoas a quem ele assiste
e seus acompanhantes;

»» usar linguagem simples, acessível a quem está ouvindo;

»» dar espaço para a mulher se expressar. Para isso, é necessário ouvir,


prestando atenção no que ela está dizendo e em seu significado. Algumas
mulheres têm dificuldades de se expressar. Nesse caso, algumas técnicas
são úteis, como por exemplo, fazer perguntas abertas. O nascimento de

82
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

um filho gera reações e sentimentos diversos, muitas vezes ambivalentes.


Mesmo que a mulher seja multípara, cada experiência de um novo filho é
única, assim como é única cada dupla mãe-bebê;

»» demonstrar empatia, ou seja, mostrar à mulher que seus sentimentos


são compreendi­dos, colocando-a no centro da situação e da atenção
do profissional. Por exemplo, quando a mulher relata que está muito
cansada, o profissional pode comentar que entende porque ela está se
sentindo assim;

»» evitar palavras que soam como julgamentos, como “certo”, “errado”,


“bem”, “mal” etc. Por exemplo, em vez de perguntar à mãe se ela está
amamentando bem, seria mais apropriado perguntar como ela está
alimentando o seu filho;

»» aceitar e respeitar os sentimentos e as opiniões das mães, sem, no entanto,


precisar concordar ou discordar do que ela pensa. Por exemplo, se uma
mãe afirma que não tem leite, o profissional pode responder dizendo que
entende sua preocupação. E pode complementar esclarecendo sobre o
tempo necessário para a “descida do leite”;

»» reconhecer e elogiar as situações em que a mãe e o bebê estão indo bem,


por exemplo, quando a mãe atende prontamente o bebê. Esta atitude
aumenta a confiança da mãe, encoraja-a a manter práticas saudáveis e
facilita sua aceitação a sugestões;

»» oferecer poucas informações em cada aconselhamento, as mais


importantes para cada momento;

»» fazer sugestões em vez de dar ordens;

»» oferecer ajuda prática como, por exemplo, ajudar a mãe a encontrar uma
posição con­fortável para amamentar;

»» conversar com as mães sobre suas condições de saúde e as do bebê,


explicando-lhes todos os procedimentos e condutas.

Orientações

No alojamento conjunto, devem fazer parte da rotina dos profissionais de saúde


orientações à mãe e aos familiares sobre vários aspectos relacionados ao cuidado do
RN. A seguir, são abordados alguns deles.

83
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

Amamentação

Os primeiros dias após o parto são fundamentais para o sucesso da amamentação. É


um período de intenso aprendizado para a mãe e o bebê. Os seguintes aspectos devem
ser abordados com as mães que planejam amamentar os seus filhos:

»» importância do aleitamento materno;

»» desvantagens da introdução precoce de qualquer outro alimento, sólido


ou líquido (in­cluindo água e chás);

»» recomendação quanto à duração da amamentação (dois anos ou mais,


sendo exclusiva nos primeiros seis meses);

»» importância do aleitamento materno sob livre demanda;

»» flexibilidade quanto ao tempo de permanência na mama em cada


mamada;

»» prevenção de problemas relacionados à amamentação tais como


ingurgitamento mamário, traumas/fissuras mamilares, mastite, entre
outros;

»» manutenção de hábitos saudáveis da mãe tais como alimentação e


ingestão líquida adequadas e restrição ao uso de fumo, drogas, bebidas
alcoólicas e medicamentos não prescritos, entre outros;

»» ordenha do leite. Toda mãe que amamenta deve receber alta do alojamento
conjunto sabendo ordenhar o seu leite, pois há muitas situações nas quais
a ordenha é útil.

Sabe-se que uma boa técnica de amamentação é importante para o seu sucesso, uma
vez que previne trauma nos mamilos e favorece a retirada efetiva do leite pela criança.
Por isso é fundamental que os profissionais de saúde observem as mamadas e auxiliem
as mães e os bebês a praticarem a amamentação com técnica adequada.

Uso de mamadeira

Água, chás e principalmente outros leites devem ser evitados, pois há evidências de
que seu uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade
infantil. A mamadeira, além de ser uma importante fonte de contaminação, pode
influenciar negativamente a amamentação. Observa-se que algumas crianças, depois
de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar dificuldade quando vão mamar

84
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

no peito. Alguns autores denominam essa dificuldade de “confusão de bicos”, gerada


pela diferença marcante entre a maneira de sugar na mama e na mamadeira. Nesses
casos, é comum o bebê começar a mamar no peito, porém, após alguns segundos, largar
a mama e chorar. Como o leite na mamadeira flui facilmente desde a primeira sucção,
algumas crianças podem não tolerar a demora de um fluxo maior de leite no peito no
início da mamada, pois o reflexo de ejeção do leite leva aproximadamente um minuto
para ser desencadeado.

Não restam mais dúvidas de que a suplementação do leite materno com água ou chás nos
primeiros 6 meses é desnecessária, mesmo em locais secos e quentes (ASHRAF, 2003).
Na grande maioria das vezes, nos primeiros 2 ou 3 dias de vida, mesmo ingerindo pouco
colostro, os RNs normais não necessitam de líquidos adicionais além do leite materno,
pois nascem com níveis de hidratação teciduais relativamente altos. O acompanhamento
diário do peso, até a alta, pode ser um método eficiente para o acompanhamento da
hidratação do RN. Perdas maiores que 7% a 10% do peso de nascimento são sinais
indicativos de que a criança pode não estar recebendo volume hídrico adequado. Essa
condição requer atenção diferenciada, devendo a alta da criança ser adiada até que haja
segurança quanto a sua saúde.

Uso de chupeta

Atualmente, a chupeta tem sido desaconselhada pela possibilidade de interferir negati­


vamente na duração do aleitamento materno, entre outros motivos. Crianças que usam
chupetas, em geral, são amamentadas com menos frequência, o que pode comprometer
a produção de leite. Embora não haja dúvidas de que o desmame precoce ocorre
com mais frequência entre as crianças que usam chupeta, ainda não são totalmente
conhecidos os mecanismos envolvidos nesta associação. É possível que o uso da chupeta
seja um sinal de que a mãe está tendo dificuldades na amamentação ou de que tem
menor disponibilidade para amamentar (VICTORA; et al., 1997).

Além de interferir com o aleitamento materno, o uso de chupeta está associado a


uma maior ocorrência de candidíase oral, de otite média e de alterações do palato. A
comparação de crânios de pessoas que viveram antes da existência dos bicos de borracha
com crânios mais modernos sugere o efeito nocivo dos bicos na formação da cavidade
oral (PALMER,1998).

Comportamento normal do RN

Este tópico necessariamente deve ser abordado no alojamento conjunto, pois a


compreensão da mãe e das pessoas que vão conviver com o bebê acerca de alguns

85
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

comportamentos habituais da criança pequena é fundamental para a tranquilidade de


todos os membros da família. Má interpretação de comportamentos normais do RN
pode ter consequências negativas para sua saúde física e mental.

O comportamento dos RNs é muito variável e depende de vários fatores, como idade
gestacional, personalidade e sensibilidade do bebê, experiências intrauterinas e do
parto, além de diversos fatores ambientais, incluindo o estado emocional das pessoas
que cuidam do bebê. É importante enfatizar para a mãe que cada bebê é único,
respondendo de maneiras diferentes às diversas experiências. Comparações com filhos
anteriores ou com outras crianças devem ser evitadas, podendo inclusive interferir na
interação entre a mãe e o bebê. O nível de demanda dos RNs é muito variável e pode
estar relacionado com o grau de dificuldade na passagem da vida intrauterina para a
extrauterina.

Faz parte do comportamento normal dos RNs mamar com frequência, sem horários
preestabelecidos. Muitas mães, em especial as primíparas, costumam interpretar esse
comportamento como sinal de fome do bebê, leite fraco ou insuficiente, culminando,
muitas vezes, com o desmame.

As mães com frequência atribuem o choro do bebê à fome ou às cólicas. Elas devem ser
esclarecidas de que existem muitas razões para o choro do bebê, incluindo adaptação
à vida extrauterina e tensão no ambiente. Na maioria das vezes os bebês acalmam-se
quando são aconchegados ou colocados no peito, o que reforça sua necessidade de se
sentirem seguros e protegidos. As mães que ficam tensas, frustradas e ansiosas com o
choro dos bebês tendem a transmitir esses sentimentos a eles, causando mais choro,
podendo instalar-se um ciclo vicioso.

Muitas mães se queixam de que seus bebês “trocam o dia pela noite”. As crianças, quando
nascem, costumam manter nos primeiros dias o ritmo ao qual estavam acostumadas
dentro do útero. Assim, as crianças que no útero costumavam ser mais ativas à noite vão
necessitar de alguns dias para se adaptarem ao ciclo dia/noite fora do útero. Portanto,
as mães devem ser tranquilizadas quanto a este eventual comportamento do bebê.

Interação com o bebê

A interação entre a mãe e seu bebê nos primeiros dias é muito importante para uma
futura relação sadia. A mãe e os futuros cuidadores da criança devem ser orientados
a responder prontamente às necessidades do bebê, não temendo que isso vá deixá-lo
“manhoso” ou ne­cessidades do bebê só tendem a aumentar sua confiança, favorecendo
sua independência em tempo apropriado. O melhor momento para interagir com o bebê é
quando ele se encontra no estado quieto-alerta. Nesse estado, o bebê encontra-se quieto,

86
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

com os olhos bem abertos, atento. Ao longo do dia e da noite a criança apresenta-se nessa
situação várias vezes, por períodos curtos. Durante e após intensa interação, os bebês
necessitam de períodos de repouso (KLAUS, M. H.; KLAUS, 1998).

Para uma melhor e mais gratificante interação entre os bebês e suas mães, pais e
cuidadores, é importante que eles tenham conhecimento das competências dos bebês,
que até pouco tempo eram ignoradas. Alguns RNs a termo, em situações especiais
(principalmente no estado quieto-alerta), são capazes de:

»» ir ao encontro da mama da mãe logo após o nascimento, se colocados


no seu tórax; Dessa maneira eles decidem por si o momento da primeira
mamada, que ocorre em média aos 40 minutos de vida;

»» reconhecer a face da mãe após quatro horas de vida. O bebê enxerga


melhor a uma distância de 20 a 25cm, que corresponde a distância que
separa os olhos do bebê e o rosto da mãe durante as mamadas;

»» fazer contato visual;

»» reconhecer e mostrar interesse por cores primárias: vermelho, azul e


amarelo;

»» seguir um objeto com os olhos e, às vezes, virar a cabeça em sua direção;

»» distinguir tipos de sons, com preferência pela voz humana, em especial a


da mãe, e pelos sons agudos;

»» determinar a direção do som;

»» reconhecer sabores, com preferência por doces;

»» reconhecer e distinguir diferentes cheiros. Com um ou dois dias de vida


reconhecem o cheiro da mãe;

»» imitar expressões faciais logo após o nascimento;

»» alcançar objetos.

Já no alojamento conjunto, os profissionais devem estimular o pai da criança, quando


presente, a participar ativamente dos cuidados com o bebê. A importância do vínculo
pai-bebê nos primeiros meses de vida é cada vez mais valorizada na sociedade atual.
A exemplo do vínculo mãe-bebê, os primeiros meses de convivência são cruciais no
estabelecimento da função paterna.

87
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

Posição da criança para dormir

A prática de colocar as crianças para dormir em decúbito dorsal no alojamento


conjunto e o fornecimento de informações simples e claras quanto ao posicionamento
recomendado do bebê para dormir devem fazer parte da rotina dos profissionais de
saúde que atuam em alojamento conjunto. Está bem documentada a associação entre
síndrome da morte súbita do lactente e posição prona. Em diversos países observou-se
queda significativa da mortalidade por essa condição após campanhas recomendando
a posição supina para dormir, que é a única recomendada pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2012).

Apesar dessa recomendação, mesmo em hospitais-escola com programas de residência


médica em Pediatria, a posição para dormir mais utilizada no alojamento conjunto
de maternidades brasileiras é a de decúbito lateral, assim como também a mais
recomendada, erroneamente, em orientação verbal, na alta hospitalar (NUNES, et al.,
2002).

Existe temor entre pais e profissionais de saúde quanto à possibilidade de aspiração


dos bebês quando colocados em decúbito dorsal. No entanto, estudos mostram que não
houve aumento da frequência de aspiração após a recomendação de colocar as crianças
para dormir nessa posição (HUNT; FLEMING; GOLDING,).

Acompanhamento da criança

Toda criança deveria sair da maternidade com a primeira consulta agendada em um


serviço de saúde ou consultório, de preferência na primeira semana de vida, segundo
recomendação do Ministério da Saúde.

Os responsáveis pela criança devem ser orientados quanto à importância do teste do


pezinho, que idealmente deve ser realizado entre o terceiro e o quinto dia de vida. Se
a criança estiver internada com mais de 48 horas de vida, o teste do pezinho deve ser
colhido na maternidade. No caso da criança prematura, a coleta deve ser realizada entre
o quinto e o décimo dia de vida.

A Caderneta da Criança é uma importante ferramenta para o acompanhamento do


crescimento e desenvolvimento da criança e o cumprimento do calendário vacinal nas
datas recomendadas. (BRASIL, 2009. p. 3)

A Caderneta da Criança é distribuída gratuitamente a todas as crianças nascidas no


território nacional, nas maternidades públicas ou privadas. Antes da alta hospitalar, a
caderneta deve ser preenchida com as condições de parto e nascimento pelo profissional

88
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

que atendeu o RN e explicado o conteúdo aos pais. No alojamento conjunto, os pais devem
ser estimulados a lerem as informações contidas na primeira parte da caderneta (seção
destinada aos cuidadores) e a solicitarem aos profissionais que farão o atendimento de
puericultura, que registrem as informações ao longo do acompanhamento da criança
(BRASIL, 2012).

Identificação da criança de risco ao nascer

Algumas crianças apresentam, já ao nascer, algumas características associadas a um


maior risco de adoecer e morrer. Cabe aos profissionais de saúde identificar essas
crianças já na maternidade e recomendar a priorização do seu acompanhamento na
atenção básica, inclusive com busca ativa.

São considerados fatores de risco ao nascer:

»» Residência em área de risco.

»» Baixo peso ao nascer (<2.500g).

»» Prematuridade (<37 semanas de idade gestacional).

»» Asfixia grave (Apgar <5 no quinto minuto).

»» Necessidade de internação ou intercorrências na maternidade ou em


unidade de assistência ao RN.

»» Necessidade de orientações especiais no momento da alta da maternidade/


unidade de cuidados do RN.

»» Mãe adolescente.

»» Mãe com baixa instrução (<8 anos de estudo).

»» História de morte de crianças com menos de 5 anos na família.

Prevenção da Infecção Hospitalar.

Os avanços tecnológico e farmacêutico nas últimas décadas contribuíram para o


aumento da sobrevida de RN. Concomitantemente, outros problemas começaram a
surgir entre eles o aumento das taxas de infecção hospitalar (IH), especialmente as
bacterianas, que passaram a ser um dos fatores limitantes na sobrevida desses RNs. O
arsenal terapêutico antimicrobiano atual para essa população tão vulnerável é ainda
limitado (SAIMAN, 2003).

89
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

É fundamental a prevenção das infecções e não apenas o seu tratamento ou controle.


Pois, controlar IH é diferente de prevenir. A prevenção impede ou reduz a aquisição
de infecção e a entrada de um novo micro-organismo na unidade de saúde. Quando
se fala em controle, admite-se que ocorreu falha na prevenção e a infecção já se
instalou. Nessa situação, deseja-se que o micro-organismo não se dissemine na unidade,
o que poderia atingir grandes proporções e levar a um surto nosocomial. Essas duas
funções (prevenção e controle) são atribuídas às Comissões de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH). Segundo legislação vigente no nosso País, todo hospital é obrigado a
constituí-las (BRASIL, 1998).

Mecanismos de contaminação do RN

Para melhor prevenir as IHs, é importante conhecer como elas ocorrem nas unidades
neonatais. As principais formas de contaminação ou infecção do RN são:

»» Intraútero: via transplancentária e via ascendente.

»» Após o nascimento: contato direto, contato indireto, fluidos contaminados


e vias respiratórias.

O RN pode ser colonizado ou infectado intraútero por intermédio da placenta ou por


via ascendente, nos casos de ruptura prematura de membrana, trabalho de parto
prematuro ou qualquer outro fator que favoreça a maior colonização genital da mãe
(por ex.: cerclagem, infecção urinária).

Após o nascimento, o processo de colonização continua por meio do contato direto.

»» com a mãe;

»» com os familiares;

»» com os profissionais de saúde.

Por meio do contato indireto e dos objetos como:

»» termômetros;

»» estetoscópios;

»» transdutores;

»» ventilação mecânica;

»» presença de cateter vascular central e outros dispositivos.

90
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

Além do contato, que é o mecanismo mais comum e importante de colonização e/ou


infecção do RN, outras formas de transmissão devem ser consideradas, tais como:

»» fluidos contaminados;

»» hemoderivados;

»» medicações;

»» nutrição parenteral;,

»» leite materno e fórmulas lácteas;

»» vias respiratórias, principalmente em surtos de infecções virais (influenza,


vírus sincicial respiratório e entre outros).

A ocorrência de infecção a partir da colonização do RN depende do seu grau de imunidade,


da virulência do micro-organismo e do inóculo do patógeno que lhe é imposto.

Fatores de risco para IH

Conhecer os fatores de risco para aquisição de IH é fundamental para preveni-la.

Os fatores de risco para IH podem ser:

»» Próprios dos RNs.

»» Relacionados às condições locais.

Entre os fatores de risco para IH próprios dos RNs ressaltam-se:

»» Peso ao nascer – quanto menor for o peso, maior é o risco de IH. Estima-se
que a cada 100g a menos de peso de nascimento, o risco de IH aumenta 9%.

»» Defesa imunológica diminuída – quanto mais prematuro for o RN, mais


imatura é sua imunidade humoral e celular.

»» Necessidade de procedimentos invasivos – quanto mais prematuro ou


doente for o RN, maior é a necessidade de procedimentos invasivos.

»» Alteração da microbiota bacteriana – durante a internação, os RN são


colonizados por bactérias do ambiente hospitalar, muitas vezes resistentes
aos antibióticos e com maior virulência.

Os principais fatores de risco relacionados às condições locais de internação são:

91
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

»» Desproporção entre número de RNs internados e número de profissionais


da equipe de saúde.

»» Número de RNs internados acima da capacidade da unidade.

É importante que a equipe de cuidados ao RN fique especialmente


atenta aos fatores de risco de infecção relacionados às condições do
local de internação, já que eles são passiveis de serem controlados e
devem seguir a legislação vigente preconizada pela ANVISA (BRASIL,
2012).

Com relação aos recursos humanos, além da necessidade de se manter proporção


adequada entre os membros da equipe e o número de crianças assistidas, é muito
importante o treinamento dos profissionais. É fundamental ter uma equipe de
enfermagem, fisioterapeutas e médicos treinados para a realização de todos os
procedimentos invasivos utilizando técnica adequada.

Para o Alojamento Conjunto recomenda-se um técnico de enfermagem para 6 a 8


binômios mãe e RN um enfermeiro para 30 leitos ou fração

A saúde ocupacional dos profissionais que atuam na unidade neonatal é outro


ponto que deve ser enfatizado. Deve-se prestar especial atenção a lesões de pele,
especialmente nas mãos, e a quadros infecciosos agudos, principalmente infecções de
vias aéreas superiores, conjuntivite e diarreia. Profissionais com essas doenças podem
tornar-se fontes de transmissão de infecção aos RNs, devendo ser tratados e afastados
temporariamente do trabalho em algumas situações. É recomendada a vacinação de
todos os membros da equipe para todas as doenças imunopreviníveis (BRASIL, 2014).

Infecções precoces: Fatores de risco e


Diagnóstico
Existe divergência entre os diferentes serviços e pesquisadores com relação à classificação
das infecções em precoces e tardias.

Alguns consideram infecção precoce aquela cujas manifestações clínicas ocorrem até
48 horas, e outros até 72 horas.

As infecções precoces geralmente são decorrentes da contaminação do RN por bactérias


do canal de parto, ou secundárias a bactérias maternas. Os exemplos mais clássicos são
infecções por Streptococcus agalactiae, Listeria monocitogenes e Escherichia coli.

92
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

As infecções tardias, com aparecimento após 48 horas de vida, geralmente


são decorrentes da contaminação do RN por micro-organismos da microbiota
própria de cada serviço. Em países da América do Sul, incluindo o Brasil, bactérias
Gram-negativas e Staphylococcus aureus ainda são os principais agentes de infecção
em grande parte dos hospitais. No entanto, em alguns hospitais brasileiros, a microbiota
vem se tornando semelhante a de países desenvolvidos, onde o estafilococo coagulase-
negativa é o principal agente de infecção nas UTIs neonatais e os fungos vêm assumindo
importância cada vez maior (ZAIDI, 2005; COUTO, 2007).

O Quadro 17 lista os micro-organismos mais prováveis de acordo com o momento de


manifestação da infecção.

Quadro 17: Principais agentes infecciosos de acordo com o início das manifestações clínicas

Streptococcus agalactiae
Bactérias do canal de parto
Infecções precoces (≤48h) Listeria monocitogenes
Bacteremias maternas
Escherichia coli
Bactérias Gram-negativas
Infecções tardias (>48h) Micro-organismos hospitalares Staphylococcus aureus
Estafilococo coagulase-negativa

Fungos

Fonte: MS/SAS.

O Ministério da Saúde recomenda a utilização dos Critérios Nacionais de Infecções


Relacio­nadas à Assistência a Saúde (Iras) em Neonatologia – Anvisa, com o objetivo
de acompanhar os indicadores de Iras em Neo, visando ao estabelecimento de políticas
nacionais de prevenção e controle.

Diagnóstico

As IHs em RN são mais comuns nas UTIs, podendo ocorrer também em unidades de
cuidados intermediários e em alojamento conjunto. Podem acontecer em qualquer
topografia. A sepse tardia é a infecção mais comum e problemática nos RNs de alto
risco. Tem como principal agente etiológico o estafilococo coagulase-negativa e está
intimamente associada ao uso de dispositivo vascular central.

Qualquer estratégia de prevenção de IH em UTI deve conter medidas especificas de


prevenção de sepse primaria associada a cateter vascular central (BENJAMIN; MILLER;
GARGES, 2001).

O diagnóstico das infecções no RN muitas vezes é difícil, uma vez que as manifestações
clínicas são inespecíficas e podem ser confundidas com outras doenças próprias dessa

93
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

faixa etária. As infecções podem manifestar-se por um ou mais dos seguintes sinais:
deterioração do estado geral, hipotermia ou hipertermia, hiperglicemia, apneia, resíduo
alimentar, insuficiência respiratória, choque e sangramento.

Dessa forma, deve-se dispor, além da avaliação clínica, de exames laboratoriais,


incluindo hemograma completo com plaquetas, proteína C reativa (PCR) quantitativa
e culturas, em especial a hemoculturas, para nortear melhor o diagnóstico e a conduta
(RICHTMANN, 2002).

Prevenção

As recomendações que se seguem têm por objetivo reduzir ao mínimo a incidência de


infecções nas unidades neonatais (BRASIL, 2012)

Medidas gerais educativas e restritivas

A entrada de profissionais, pais e familiares na unidade de internação neonatal deve ser


triada. Deve-se observar a presença ou o risco de doenças infectocontagiosas.

Assim, pessoas com infecções respiratórias, cutâneas ou diarreia não devem ter contato
direto com o RN e, preferencialmente, não devem entrar nas unidades neonatais na
fase aguda da doença.

Ao entrar na unidade, as pessoas devem tomar os seguintes cuidados:

»» Ter as unhas aparadas.

»» Prender os cabelos, quando longos.

»» Retirar pulseiras, anéis, aliança e relógio.

»» Após esses cuidados, realizar higienização das mãos.

Higienização das mãos

A lavagem das mãos é a medida preventiva mais importante contra infecção.

Higienização com água e sabão

A lavagem das mãos visa à remoção da flora transitória, das células descamativas, do
suor, da oleosidade da pele e, ainda, quando associada ao uso de antisséptico, promove
a diminuição da flora bacteriana residente.

94
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

Deve-se lavar as mãos:

›› Sempre que entrar ou sair da unidade de internação.

›› Quando as mãos estiverem sujas.

›› Antes e após contato com o paciente.

›› Após contato com secreções e fluidos corporais.

›› Sempre que manipular materiais ou equipamentos que estão ou que


estiveram conectados aos pacientes.

›› No preparo de materiais ou equipamentos.

›› No preparo de medicações.

›› Antes dos procedimentos invasivos.

Técnica de lavagem das mãos

»» Friccionar as mãos com água e sabão líquido ou solução antisséptica


degermante por aproximadamente 15 segundos pelas diferentes faces,
espaços interdigitais, unhas e antebraço.

»» Enxaguar com água corrente.

»» Enxugar em papel toalha.

»» Em procedimentos cirúrgicos, deve-se lavar as mãos com solução


antisséptica deger­
mante durante cinco minutos, enxugando-as a
seguir com compressa estéril. Dar prefe­rência a antissépticos à base de
clorexidina.

Higienização das mãos com solução alcoólica

A higienização das mãos com solução de álcool com glicerina a 2% ou álcool gel pode
substituir a lavagem das mãos com água e sabão nos procedimentos quando não
houver sujidade aparente. Constitui estratégia importante no controle de IH por ser um
procedimento simples e que diminui o risco de danos nas mãos do profissional da saúde
por lavagem repetida com água e sabão. Deve-se friccionar a solução pelas diferentes
faces das mãos, espaços interdigitais e dedos, deixando secar espontaneamente
(CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2002).

95
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

Para tanto, recomenda-se mensuração da quantidade de antissépticos consumidos por


mês, em determinada unidade, com a finalidade de obter instrumento concreto do grau
de adesão à higienização das mãos pelos profissionais da saúde em unidade de elevado
risco de aquisição de IH (BRASIL, 2008).

Umas das medidas mais importantes para a prevenção de IH é a higienização correta


e frequente das mãos pelos profissionais de saúde. Muitos serviços fora do Brasil têm
realizado educação continuada com os familiares, com a finalidade de conscientizá-los
da importância da higienização das mãos e, ao mesmo tempo, torná-los parceiros na
“fiscalização” dos profissionais da Saúde em relação à higiene das mãos durante sua
jornada de trabalho (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2002).

Atenção: uso de luvas não substitui a lavagem das mãos, que deve ser realizada antes da
colocação e após a retirada das luvas.

Antissépticos recomendados nas unidades


neonatais
»» Sabão líquido com triclosan/irgasam: possui baixa ação antisséptica,
sendo utilizado para lavagem das mãos em várias áreas do hospital.

»» Álcool 70%: exerce função bactericida sobre todos os agentes patogênicos


comuns, tem ação fungicida e virucida, porém é inativo contra esporos.

O álcool 70% pode ser utilizado para:

»» Higienização do coto umbilical.

»» Antissepsia da pele para punção venosa.

»» Antissepsia da pele para coleta de sangue arterial.

»» Higienização das mãos.

Para higienização das mãos, o álcool é utilizado em solução com emoliente, para evitar
o ressecamento excessivo da pele.

Gluconato de clorexidina: possui efeito bactericida para cocos Gram-positivos e bacilos


Gram-negativos, efeito virucida contra vírus lipofílicos (influenza, citomegalovírus,
herpes, HIV) e ação fungicida, mesmo na presença de sangue e demais fluidos corporais.
Tem efeito residual de 6 a 8 horas por ação cumulativa. Esta disponível sob a forma de
solução degermante, alcoólica e aquosa, com as seguintes indicações.

96
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

Gluconato de clorexidina degermante (2% e 4%):

»» Lavagem das mãos como substituto do sabão líquido.


»» Lavagem das mãos antes de procedimentos invasivos.
»» Degermação da pele nos procedimentos cirúrgicos.
»» Banho de RN internado, especialmente em situações de surtos de infecção
por cocos Gram-positivos, como o Staphylococcus aureus.
As formulações detergentes de 2% e 4% têm efetividade comparável, sendo as
formulações a 4% mais relacionadas com a ocorrência de dermatites. Sendo assim, em
RN a concentração de Clorexedine a 2% é mais aconselhável.

Solução alcoólica de clorexidina (0,5%):

»» Antissepsia complementar da pele no campo operatório e para coleta de


culturas.

»» Pode ser uma opção na antissepsia da pele para punção venosa e para
coleta de sangue arterial ou venoso.

Solução aquosa de clorexidina (0,2%):

»» Antissepsia para irrigação de canal de parto, nos processos de prevenção


da transmissão periparto do estreptococo do grupo B.

»» Antissepsia para passagem de sonda vesical.

A solução de povidona-iodo (PVPI) pode ser uma opção de antisséptico na falta de


clorexidina; no entanto, seu uso deve ser evitado por ser menos tolerado pela pele
dos RNs e dos profissionais da Saúde. Além disso, o uso frequente de PVPI, devido à
possibilidade de absorção cutânea de iodo, pode levar a alterações tireoidianas em RN.

Prevenção relacionada a procedimentos invasivos

Procedimentos invasivos são aqueles que resultam no rompimento da barreira epitelial


ou que sejam realizados por meio de contato com mucosas, como coleta de exames,
punção venosa, cateterismo de vasos umbilicais, drenagem de tórax e outros.

A seguir são descritos os cuidados recomendados em diversos procedimentos invasivos


no RN.

»» Coleta de exames

97
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

O quadro a seguir apresenta os cuidados de precauções padrão e o antisséptico


padronizado.

Quadro 18: Padronização de soluções antissépticas e sequência de aplicação (primeiro 1, depois 2, seguido de

3, sugerida para procedimentos invasivos em RN)

Clorexidina
Procedimentos Soro Fisiologico Alcool 70%
Degermante Aquosa Alcoólica
Venopunção 1º Ou 1o

Procedimentos Vasculares Invasivos 2o 1o 3o

Antissepsia pré-operatória 2o 1o 3o

Antissepsia das mãos no pré-operatório


1o
ou em procedimentos de risco
Hemocultura, punção suprapubica,
1o
coleta de LCR

Sondagem Vesical 2o 1o 3o

Fonte: Ministério da Saúde.

»» Procedimentos cirúrgicos

Para os pequenos procedimentos realizados na UTI neonatal recomendam-se as


seguintes técnicas assépticas para cirurgia:

›› Lavar as mãos e antebraços com clorexidina degermante ou PVPI


degermante.

›› Utilizar paramentação completa com gorro, máscara, avental e luvas


estéreis.

›› Utilizar campo estéril e instrumentos esterilizados.

›› Realizar antissepsia do campo operatório com clorexidina degermante


e solução alcoólica de clorexidina. Em RN pré-termo extremo a
complementação da antissepsia pode ser feita com solução aquosa de
clorexidina, reduzindo o risco de queimaduras químicas.

Antibioticoterapia profilática – quando indicada, deve-se administrar a medicação


por ocasião da indução anestésica. O objetivo principal é diminuir o risco de infecção
da ferida cirúrgica por meio da redução do número de patógenos presentes na ferida
operatória durante o ato cirúrgico. Recomenda-se que a CCIH, em conjunto com
os serviços de Neonatologia e Cirurgia Infantil, padronizem a antibioticoprofilaxia
cirúrgica nas diversas situações.

»» Cuidados com cateter central e veia periférica

98
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

Os seguintes cuidados com cateter central e veia periférica devem ser tomados:

›› Utilizar técnica asséptica conforme descrito anteriormente para o


cateterismo de veia e artéria umbilical, passagem de cateter central de
inserção periférica (PICC) e passagem de cateter central por flebotomia,
devendo essa última ser evitada nas UTIs neonatais (PESSOA-SILVA,
2007).

Na cateterização de veia ou artéria umbilical, realizar fixação com fita cirúrgica em


forma de ponte e curativo diário com solução alcoólica de clorexidina. Diversos serviços
recomendam o uso de placa de hidrocoloide sob o curativo do cateter umbilical, que
funciona como “segunda pele”, para proteger a pele do RN da ação abrasiva das
soluções antissépticas e da própria fita adesiva (CENTERS FOR DISEASE CONTROL
AND PREVENTION, 2012).

›› O curativo do PICC e da flebotomia deve ser feito com gaze no


momento de sua inserção e, depois, preferencialmente com curativo
transparente. A troca do curativo transparente deve ser realizada
caso haja presença de sangue, umidade, ou descolamento do filme
transparente. Atualmente não há recomendação de troca de curativo
preestabelecido. (GUIDELINE – CDC, 2011). Na impossibilidade do
uso de curativo transparente, recomenda-se o uso de gaze estéril para
cobertura do curativo, com troca a cada 48h, ou antes, se necessário
(ZAIDI, 2005).

›› A cultura da ponta do cateter está indicada somente nos casos de


suspeita de infecção relacionada aos cateteres vasculares. Nesses casos,
sugere-se coleta concomitante de hemoculturas, idealmente duas.

›› Realizar desinfecção da conexão (Hub) do cateter vascular central ou


periférico com álcool a 70% antes da administração de drogas e por
ocasião da troca de equipos.

›› O equipo utilizado para nutrição parenteral total deve ser trocado a


cada 24 horas. Os equipos utilizados para passagem de hemoderivados
devem ser removidos imediatamente após o uso.

Prevenção de infecções respiratórias

»» Técnica de intubação traqueal. Deve ser a menos traumática possível, com


o profissional utilizando óculos de proteção, máscara e luvas estéreis.

99
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

»» Evitar extubação acidental. É necessária a fixação adequada do tubo e


exame clínico e radiológico para verificação do posicionamento da cânula
endotraqueal.

»» Cuidados com o equipamento de ventilação mecânica e acessório.

»» O reservatório do umidificador deve ser preenchido com água estéril.

»» Atenção

›› a água condensada nos circuitos costuma estar colonizada por


bactérias patogênicas e deve ser desprezada em saco plástico, fechado
e depositado em lixo hospitalar com tampa ou no expurgo. Higienizar
as mãos após manipulação do circuito e condensado;

›› nunca retornar a água condensada para o reservatório do umidificador,


nem mesmo desprezar em panos próximo ao RN ou no chão.

A troca dos reservatórios do umidificador deve ser feita no momento da troca dos
circuitos do respirador ou mais vezes, seguindo a orientação do fabricante.

A troca dos circuitos do ventilador não deve ser realizada com intervalo inferior
a 48 horas, uma vez que essa prática não tem impacto na redução das pneumonias
hospitalares. Não existe recomendação de tempo máximo para a troca. Em adultos,
a troca com intervalos de até sete dias não demonstrou aumento da incidência de
pneumonias hospitalares. No entanto, para o período neonatal, essa prática não está
bem estabelecida, devendo ser melhor avaliada. Alguns serviços de Neonatologia
vêm aumentando progressivamente o intervalo de troca entre cinco e sete dias, sem
observar aumento da incidência de pneumonias associadas à ventilação mecânica
(RICHTMANN, 2005).

Cuidados na manipulação de secreções

Devem ser seguidos os princípios de “precauções padrão” e os cuidados para evitar


disseminação das secreções no ambiente hospitalar.

A aspiração do tubo traqueal deve ser realizada somente quando necessária, com
técnica asséptica, de preferência com a participação de dois profissionais, utilizando
luvas e cateter de aspiração estéreis e descartando-os após o uso. Deve-se proteger os
olhos do RN durante esse procedimento, evitando assim a contaminação por secreção
pulmonar, que pode levar à ocorrência de conjuntivite.

100
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

O conteúdo dos frascos do aspirador deve ser desprezado no expurgo, sempre que
possível, de acordo com a quantidade de secreção depositada.

O frasco de aspiração deve ser trocado, assim como a extensão de látex, a cada 24 horas,
ou menos, se necessário (BRASIL, 2002).

Cuidados com sonda gástrica

A sonda gástrica deve ser trocada a cada 48 a 72 horas, segundo rotina do serviço,
introduzida da maneira menos traumática possível e fixada adequadamente.

Manter os RNs alimentados por sonda gástrica em decúbito elevado a 30º, evitando
aspiração de conteúdo gástrico para os brônquios (BRASIL, 2002).

Uso de antiácido ou antagonista dos receptores para


histamina tipo 2

O uso dessas drogas leva à neutralização da acidez gástrica. O aumento do pH favorece


a colonização gástrica por bacilos Gram-negativos, aumentando o risco de pneumonia,
especialmente nos pacientes em ventilação mecânica (BRASIL, 2002).

»» Cuidados com o coto umbilical

A limpeza do coto umbilical ainda é uma questão polêmica na literatura. Diferentes


produtos apresentam vantagens e desvantagens. O cuidado de mantê-lo limpo e seco é
o mais aceito, devendo ser realizado uma vez ao dia ou mais, se necessário.

Quanto ao produto a ser utilizado, o uso de antissépticos ou antimicrobianos parece ser


de pouco valor na ausência de surto infeccioso na unidade de internação.

Clorexidina mostrou ser eficaz na redução da colonização e infecção do coto, porém


retarda a mumificação.

Álcool a 70% acelera a mumificação, mas não interfere na colonização.

Qualquer que seja o produto escolhido, este deve ser armazenado em frasco de uso
individual (BRASIL, 2002).

101
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

Antibióticos na UTI neonatal – uso racional

De acordo com Brasil (2002), a indicação precisa do uso de antibióticos é fundamental


para se evitar a indução de resistência bacteriana:

»» sempre que possível, deve-se optar por monoterapia a partir dos


resultados de cultura e antibiograma;

»» o antibiótico deve ser suspenso imediatamente quando o diagnóstico de


infecção for descartado;

»» o uso de antibioticoprofilaxia cirúrgica deve objetivar concentração


tecidual adequada no momento do procedimento. Assim, uma única
dose administrada durante a indução anestésica é suficiente, exceto
em atos cirúrgicos de longa duração ou quando ocorrem sangramentos
abundantes, em que há necessidade de nova dose de antibiótico com o
objetivo de manter níveis sanguíneos adequados.

O esquema empírico de tratamento das IHs depende do momento do aparecimento das


manifestações clínicas (infecção precoce ou tardia), realização prévia de procedimentos
invasivos, conhecimento da flora e padrão de resistência de cada hospital.

Com base nesses princípios, sugere-se:

»» Infecções precoces – ≤48h (provável origem materna) - Penicilina ou


ampicilina associada a um aminoglicosídeo (em geral a gentamicina);

»» Infecções tardias – >48h - (provável origem na unidade neonatal) -


Oxacilina associada à amicacina (BRASIL, 2002).

O uso empírico de cefalosporinas de terceira e quarta gerações deve ser evitado, sendo
recomendadas no tratamento de meningite, infecções em RN com insuficiência renal e
infecções por bactérias resistentes aos aminoglicosídeos.

Outros esquemas de tratamento empírico para infecções precoces e tardias podem ser
definidos de acordo com a orientação CCIH de cada hospital.

A ação mais importante com relação à antibioticoterapia na UTI neonatal é a suspensão


imediata do antimicrobiano quando o diagnóstico de infecção for afastado ou quando
do término do tratamento.

Se o RN tem dificuldade de acesso vascular, está clinicamente estável e faltam um ou


dois dias ou mesmo horas para o término da antibioticoterapia, avaliar a possibilidade

102
Alojamento Conjunto │ UNIDADE III

de suspender a droga antes do tempo previsto. Essa medida irá prevenir novas
complicações infecciosas (BRASIL, 2002).

Controle de bactérias multirresistentes


A pesquisa de colonização ou infecção por bactérias multirresistentes deve ser feita de
acordo com orientações da CCIH. Essa prática está muito bem validada em situações
envolvendo transferência de RN de outros serviços, cuja flora é desconhecida. Nesse
caso, sobretudo envolvendo RN de maior risco, com longo tempo de permanência
na unidade, em uso de ventilação mecânica, submetidos a procedimentos invasivos
ou em uso prolongado de antibióticos, a pesquisa de colonização é fundamental
para estabelecer medidas de contenção bacteriana. Uma vez detectada a presença de
bactérias multirresistentes, devem-se seguir as orientações de precauções de contato
(isolamento) preestabelecidas pela CCIH. Pode-se usar a incubadora para limitar o
espaço físico do RN e luvas de procedimento para a manipulação em geral. O uso de
aventais de manga longa está indicado nas situações em que o profissional de saúde
possa ter contato mais direto com a criança, como exemplo, pegá-la no colo.

Além das estratégias para redução de transmissão cruzada de micro-organismos, o


uso racional de antibióticos é de fundamental importância para o controle de bactérias
multirresistentes (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1997).

Prevenção e controle de surtos

Surto (ou epidemia) é definido como o aumento do número de casos de uma doença, ou
síndrome clínica, em uma mesma população específica e em um determinado período
de tempo (CALIL, 2001).

No caso das IHs, quando o número de casos excede o esperado na curva endêmica, ou
quando ocorrem casos de infecção por um novo agente infeccioso, pode-se estar diante
de um surto hospitalar.

Para suspeitar e diagnosticar um surto é preciso conhecer as taxas basais de infecção


pelo agente etiológico em questão da unidade.

Vale a pena ressaltar que infecções provocadas por novos agentes para a unidade podem
ser consideradas um surto, mesmo que sejam apenas dois casos.

O nível endêmico de uma determinada doença ou agente infeccioso em uma população


específica, como por exemplo, na unidade neonatal, é o número de casos que já existem

103
UNIDADE III │ Alojamento Conjunto

e suas variações são esperadas. Para inferir que se está diante de um surto é necessário
co­nhecer as taxas históricas. Pseudossurtos correspondem ao aumento do número de
casos de infecção devido à melhora na notificação, contaminação no laboratório e entre
outros.

Investigação de surtos

O objetivo da investigação de surtos é evitar o surgimento de novos casos instituindo


medidas de bloqueio para o seu controle. Os seguintes passos são fundamentais na
investigação e no manejo de surto hospitalar nas unidades neonatais (BRASIL, 2012).

104
Aleitamento Unidade iV
Materno

Capitulo 1
Amamentação

O aleitamento materno é indiscutivelmente um alimento completo capaz de proporcionar


todos os nutrientes necessários para a manutenção da vida do lactente até o sexto mês
de vida. Sendo assim, é a melhor alimentação para o recém-nascido (RN). Portanto,
deve ser uma alimentação exclusiva para garantir também uma maturidade imune no
organismo do lactente em todos os aspectos.

A amamentação deve ser considerada como um fator importante para o desenvolvimento


da criança. Pois, além de alimentar, nutrir e promover o afeto entre mãe e filho, a mesma
é fundamental para o desenvolvimento fisiológico da criança. Podendo promover
uma imunidade satisfatória e desenvolvimento fisiológico, cognitivo e emocional.
Contribuindo ainda para o bem-estar físico e mental da mãe.

O aleitamento materno (AM) pode ser definido de outras maneiras, como por exemplo,
AM exclusivo, AM predominante, AM complementado e AM misto ou parcial. Sendo
que o AM é definido como a fase em que a criança recebe leite materno direto da mama
ou ordenhado. O AM exclusivo é quando a criança recebe somente leite materno, sem
alimentação liquida ou solida como complementação alimentar. O AM predominante
é quando além do leite materno a criança também recebe bebidas à base de água ou
apenas água. O AM complementado é quando a criança recebe além do leite materno
outros alimentos. E o AM misto ou parcial é quando a criança recebe outros tipos de
leite, além do materno (BRASIL, 2009).

De acordo com Maia (2011), apesar da amamentação ser um ato natural, na maioria
das vezes as mães necessitam de apoio e educação sobre as boas práticas para uma
amamentação eficaz para garantir a nutrição e qualidade de vida da criança. Pois,
em alguns casos existem dificuldades para posicionamento adequado e prevenção de
complicações. Sendo assim os profissionais da saúde tem um papel indispensável na
promoção, proteção e apoio do aleitamento materno. Exercendo o papel de educação,

105
UNIDADE IV │ Aleitamento Materno

proporcionando conhecimento e habilidades técnicas para uma boa lactação. Sempre


com um olhar holístico considerando não apenas o ato em si, mas toda a saúde
emocional, cultura familiar, convivência social e o apoio que a mulher já têm.

Para boas práticas de amamentação é fundamental que seja oferecida para as crianças
uma amamentação precoce, exclusiva, boa ligação e posicionamento e amamentações
de livre demanda. Pois, a amamentação precoce deve iniciar ainda na primeira hora
após o parto, sendo fundamental que a criança mame o colostro e que haja o primeiro
contato pele-a-pele entre a mãe e a criança. A amamentação exclusiva deve ser mantida
no mínimo por seis meses. A boa ligação e posicionamento adequado são fundamentais
para prevenir problemas como ingurgitamento mamário, fendas mamilares, mastite
e abcessos. A amamentação frequente de livre demanda garante boa alimentação e
nutrição a criança (VITÓRIA; BARROS; FRANÇA, 2016).

Além de orientar sobre estas medidas os profissionais de saúde devem ainda educar
sobre a desvantagem da não exclusividade do aleitamento nos seis primeiros meses
de vida. Orientar que a amamentação deve durar até os dois anos de idade, sendo que
após os seis meses pode haver alimentação complementar. Orientar que a permanência
da criança em cada mama deve ser até que a mesma se esvazie por completo, para
somente então ser oferecida a outra mama. Manutenção de hábitos saudáveis para a
mãe, como alimentação saldável, ingestão liquida adequada, restrição de álcool, tabaco
e outras drogas, inclusive medicamento não prescritos. E por fim a ordenha do leite,
para garantir que nas situações em que seja impossível a amamentação através da
mama, o leite materno seja garantido à criança (SOUZA et al., 2009).

Anatomia das mamas e a lactogênese


As mamas são consideradas como um par de estruturas glandulares que se localizam na
parte posterior do tórax. Estas se desenvolvem através de espaçamentos da ectoderme
que se denominam de cristas mamarias primitivas. Estas podem ser visíveis desde a 7º
ou 8º semanas do desenvolvimento embrionário. Que com o passar do desenvolvimento
consecutivamente irá caracterizar-se como papilas mamarias ou mamilos. Após todo o
procedimento do desenvolvimento mamário as mamas ganham uma forma anatômica
(BERNARDES, 2011).

De acordo com Fernandes e Narchi (2013) as mamas são formadas basicamente por
tecidos glandular epitelial, tecido celuloadiposo e tecido fibroso. O tecido glandular
é um dos principais responsáveis pela amamentação. Pois, estes se apresentam com
estruturas tubulares, constituídos por cerca de 20 lobos, que formam respectivamente
os lóbulos e os acinos. Cada lobo é drenado por um duto lactífero que se ramificam nas
bases das papilas.
106
Aleitamento Materno│ UNIDADE IV

O tecido celuloadiposo é o tecido subcutâneo que tem como principal função o


revestimento das mamas. O mesmo pode ser classificado em duas partes, sendo elas a
anterior que se situa entre a mama e a pele e a outra a parte posterior, que se localiza
entre a base da mama e a aponevrose peitoral e origina a bolsa cerosa conhecida como
espaço retromamário (SANTOS et al., 2010).

O tecido fibroso conjuntivo é responsável pela ligação da bolsa cerosa com a derme,
com os lobos e os canais lactíferos. O mesmo também é responsável pela sustentação
da mama através do ligamento suspensor da mama localizado na parte superior
(FERNANDE; NARCHI, 2013).

As vascularizações das mamas dependem diretamente das artérias torácica superior,


torácica lateral, torácica interna, intercostais posteriores e toraco-acromial. E a
drenagem venosa depende das veias axilar, cefálica, superficiais do abdômen e
torácica interna. A drenagem linfática ocorre através dos canais interlobares que se
situam próximo dos canais intercaniculares que se localizam entre os ductos lactíferos
(BERNARDES, 2011).

A lactogênese é conceituada como o início da formação de secreção láctea que desenvolve


a lactação. Que é conceituada como o ato de amamentar, a mesma tem como objetivo
nutrir o recém-nascido e manter sua alimentação exclusiva até aproximadamente 6
meses de vida, sendo que a mesma deve ser oferecida até os 2 anos de idade mesmo
com alimentação complementar (MONTENEGRO, 2014).

A mesma se inicia com a produção do leite que ocorre nos alvéolos das mamas e percorre
até o mamilo através dos ductos mamários. Durante a gravidez há uma proliferação dos
alvéolos e dos dutos devido a ação da progesterona e estrogênio (ARAÚJO et al., 2007).

A prolactina é um hormônio que auxilia na amamentação, este começa a ser produzida


na puberdade em pequena quantidade. Com a gravidez ocorre grande produção da
prolactina e com isso desenvolve a secreção mamaria, onde o lactogênio placentário
atua juntamente com a prolactina e desenvolve os alvéolos.

Enquanto houver a estimulação da produção destes hormônios a prolactina irá continuar


a produzir leite. Esta produção ocorre através da sucção que estimula o hipotálamo e
desencadeia o a liberação da prolactina e consecutivamente a produção do leite. O final
da lactação só ocorre quando houver a interrupção da estimulação (MONTENEGRO,
2014).

107
UNIDADE IV │ Aleitamento Materno

Noções sobre o leite materno


Inicialmente o leite materno é denominado como colostro e é composto por grande
quantidade de proteínas e menos quantidade de gorduras, diferentemente do leite
maduro. Os leites das mães de recém-nascidos prematuros são constituídos de mais
proteínas, lipídeos e calorias. Porém, independente do RN ser prematuro ou atermo,
o leite terá seu teor de gordura aumentado no decorrer da mamada, sendo que o leite
final é denominado de leite posterior, sendo mais rico em calorias e garantindo maior
saciação à criança.

É importante ressaltar que o leite materno ainda é composto por diversos fatores
imunológicos que irá garantir e aperfeiçoar a imunidade da criança. Dentre estes existem
anticorpos IgA que atuam contra micro-organismos encontrados nas superfícies das
mucosas. Além de outros como IgM, IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T,
lactoferrina, lizosima e fator bífido (BRASIL, 2009).

O leite pode variar de cor ao longo da mamada, sendo que inicialmente ele tem
aspecto semelhante ao de água de coco, posteriormente terá uma coloração opaca que
é desencadeada pela caseína e no fim terá uma coloração mais amarela em virtude
da maior concentração de gorduras e lipídios. Porém, a coloração final do leite pode
apresentar outros aspectos de acordo com a alimentação mãe, sendo que a coloração de
alguns vegetais verdes pode deixar o leite com aspecto esverdeado.

Em alguns casos o leite pode apresentar coloração marrom quando há possível


presença de sangue decorrente do rompimento de vasos capilares da mama. Porém,
este rompimento é mais comum ser observado nas primeiras 48 horas após o parto.
Porém, não é via de regra para interromper a amamentação, a menos que cause náuseas
ou vômitos na criança (BRASIL, 2012).

Observação da mamada

É função dos profissionais da saúde prestar assistência para as mães durante a


mamada. Independente destas serem ou não mães de primeira viagem. Sendo assim é
fundamental estarem atentos aos menores detalhes da mamada. Tendo que observar
desde a vestimenta até a posição do bebê.

Se tratando do ato da mamada em si é importante ressaltar que os profissionais de saúde


devem observar e orientar as mães quanto a adequada sucção, deglutição e respiração
da criança para garantir a eficiência e a segurança da alimentação. Para garantir estas
três etapas essenciais na mamada são importantes que sejam avaliados aspectos como

108
Aleitamento Materno│ UNIDADE IV

a pega do máximo possível de aréola, boca bem aberta, lábio inferior virado para fora e
queixo tocando a mama, conforme a figura a seguir (SILVA, 2013).

Figura 58: Observação da prega durante a amamentação

Fonte: Brasil (2012.

Entretanto, outros fatores são bastante relevantes para o conforto da mãe. Como a
vestimenta deve ser adequada e garantir livre movimentação tanto da mãe quanto da
criança e deixando ainda as mamas completamente expostas sempre que possível. O
bom posicionamento e relaxamento da mãe também devem ser garantidos, para que
não fique curvada para trás ou para frente. Além de estar com os pés bem apoiados ao
chão.

Para o bebê é fundamental avaliar os seguintes critérios, o corpo do bebê deve estar
próximo ao da mãe garantindo o contato barriga com barriga. Posicionamento
adequado do pescoço garantindo total alinhamento e evitando torções. O braço inferior
do lactente deve estar posicionado de maneira adequada entre o corpo do bebê e o da
mãe (BRASIL, 2012).

Ordenha
De acordo com o Ministério da Saúde (2009), a ordenha é considerada como uma
prática que deve ser ensinada a todas as lactantes. Pode ser útil para aliviar possíveis
desconfortos desencadeados por enchimento excessivo da mama e para manter o
estimulo de produção de leite mesmo quando o bebê não tem uma sucção adequada.

109
UNIDADE IV │ Aleitamento Materno

Além, de garantir também que a criança tenha a oferta de leite materno mesmo que a
mãe não o possa oferecer diretamente da mama.

Existem duas técnicas de ordenha, sendo a manual e a extração através de bombas.


Porém, é mais recomendado que a ordenha seja realizada manualmente, pois é mais
eficiente, econômica e prática. Possibilitando ainda que a lactante retire seu leite com
mais facilidade, independentemente do local em que ela esteja, conforme a figura a
seguir.

Figura 59: ordenha manual do leite materno

Fonte: Brasil (2012.

Para que seja realizada uma boa ordenha manual é fundamental que a lactante esteja em
uma posição confortável e relaxante, desde que o tórax esteja curvado para frente sobre
o abdome, facilitando assim o fluxo do leite. Se pode ainda massagear delicadamente a
mama com movimentos circulares da inserção da mama até a aréola. A pega da mama
deve ser com a mão em forma de C e o polegar acima do mamilo e o indicador abaixo.

Após o bom posicionamento da mão deve-se realizar pequenas pressões do polegar e do


dedo indicador, sendo que um irá em direção ao outro. Em seguida a manobra deverá
ser repetida quantas vezes for necessário. Até que o fluxo de leite seja diminuído para
que então a ordenha possa ser realizada na outra mama. É importante ainda ressaltar
que se ocorrer uma pressão muito forte os ductos mamários podem ser obstruídos
dificultando assim que o leite saia (BRASIL, 2012).

110
Vantagens do aleitamento
É comprovado que o AM garante diversas vantagens para a criança e para a mãe. Portanto,
é fundamental que a mãe seja orientada sobre a real importância do aleitamento.

Se iniciado precocemente, o efeito protetor do AM contra mortes


infantis aumenta. Foi estimado que 16% e 7,7% das mortes neonatais
poderiam ser evitadas com a amamentação no primeiro dia de vida e
22% e 19,1% com a amamentação na primeira hora de vida em estudos
realizados em Gana e no Nepal, respectivamente (BRASIL p. 116, 2012).

O leite materno é vivo, natural e completo, salvo algumas exceções é adequado a quase
todos os recém-nascidos. As suas vantagens são bem conhecidas e explicadas, sejam
elas a curto prazo ou a longo tempo o consenso mundial é que a melhor maneira da sua
prática seja exclusiva.

O leite materno em um curto prazo traz vantagens tanto para o bebê quanto para a
mãe. Este por si só é vantajoso, pois, além de prevenir a mortalidade infantil, previne as
infecções do trato gastrintestinal, respiratórias e urinárias; exerce efeito protetor sobre
as alergias, sobre tudo para a proteína do leite da vaca; o leite materno faz com que os
bebês se adaptem melhor a outros alimentos. Ao longo prazo é referido na importância
a prevenção da diabetes e de linfomas (ALMEIDA et al., 2004).

Para as mães o aleitamento facilita uma involução uterina mais precoce e está
diretamente ligado a menor probabilidade de se adquirir cancro das mamas e outras
infecções. Entretanto, permite as mães sentir o prazer imensurável de amamentar.

A amamentação materna exclusiva com leite materno ainda constitui o método mais
barato e seguro de alimentar os recém-nascidos. E na grande maioria dos casos, pode
prevenir uma nova gravidez.

Para tanto faz-se necessário que as seguintes condições sejam cumpridas: o aleitamento
deve sem praticado em regime livre, sem que haja intervalos quaisquer que sejam, sem
suplementação de outro leite ou qualquer alimento até os seis meses de idades (LEVY
et al., 2008).

Dificuldades na amamentação
Apesar dos avanços do aleitamento materno existente nas últimas décadas, o Brasil
ainda se encontra longe do que se preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo este órgão a amamentação deve ser exclusiva até o sexto mês e a partir deste
deve ser complementado até os dois anos de idade (FALEIROS et al., 2006).
111
UNIDADE IV │ Aleitamento Materno

O tempo na amamentação exclusiva pode ser favorecida ou ainda restringida por


fatores biológicos, culturais, relacionados ainda a assistência da saúde ou por fatores
socioeconômicos. Segundo pesquisas de levantamento populacional em algumas
cidades, mostrou que no terceiro mês somente 29% das crianças eram amamentadas
exclusivamente com leite materno, já aos quatro meses este percentual cai para apenas
4,6% (figura 60) (ROCCI et al., 2014).

Figura 60. Amamentação

Fonte: Brasil (2014).

Os problemas mais comuns apontados no início da amamentação são: a pega inadequada


que pode causar lesões mamilares; mamadas com pouca eficiência e não realização do
esvaziamento por completo da mama, com consequência para a piora da produção de
leite e o crescimento da criança; e baixo padrão de interação e acolhimento entre mães
e bebês (CARVALHÃES et al., 2003).

De maneira a concluir que a amamentação não é totalmente instintiva do ser humano,


e este por muitas vezes deve ser aprendido para que haja uma melhor eficiência e
prolongamento. Neste contexto a referência para as mulheres que deparam pela primeira
vez com esta situação está no meio familiar, nos amigos e ou mesmo na vizinhança que
está inserida (GUIZARDI et al., 2011).

Outro fato importante que pode ser citado é a idade materna cada vez mais jovem,
que está diretamente relacionada com a menor duração com o aleitamento, não se
sabe ao certo porem talvez esteja ligada a um nível educacional mais baixo, poder
socioeconômico menor, e por muitas vezes o fato de serem solteiras e inexperientes.
O que pode ser fator de associação entre insegurança e falta de confiança em si mesma
para prover alimento suficiente ao seu bebê (FROTA et al., 2009).

112
Aleitamento Materno│ UNIDADE IV

Referente ao grau de instrução materna evidencia-se em estudos que em países


desenvolvidos, mães com maior grau de instrução e conhecimento tendem a
amamentar por um tempo maior. Associa-se diretamente com a maior possibilidade
de acesso a informações sobre as vantagens do aleitamento. Já em países ainda em
desenvolvimento, estas mães de menor instrução e não casadas tendem a iniciar
pré-natal tardiamente, consequentemente a decisão sobre a forma de nutrição do bebê
será também mais tarde (GUIZARDI et al., 2011).

Para tanto o desmame é definido como a introdução de quaisquer outros tipos de alimentos
na dieta de uma criança no período de amamentação exclusiva. E denomina-se período de
desmame a fase em que se introduz este novo alimento até a retirada por completo leite
materno (FALEIROS et al., 2006).

Sendo assim são vários os fatores que influenciam no desmame precoce ou a extensão da
amamentação, estas por sua vez podem ser divididas em cinco categorias de variáveis,
que são:

»» Variáveis demográficas: tipo de parto, idade materna, presença


paterna na estrutura familiar, números de filhos, experiência com
amamentação.

»» Variáveis associadas à assistência pré-natal: orientação sobre


amamentação e desejo de amamentar.

»» Variáveis socioeconômicas: renda familiar, escolaridade materna e


paterna, tipo de trabalho do chefe de família.

»» Variáveis relacionadas à assistência pós-natal imediata:


alojamento conjunto, auxilio de profissionais de saúde, dificuldades
iniciais.

»» Variáveis relacionadas à assistência pós-natal tardia ou após a


alta hospitalar: estresse e ansiedade materna, uso de medicamentos pela
mãe e pelo bebê, introdução precoce de alimentos (ROCCI et al., 2014).

Diante disto, fica evidente que os profissionais de saúde devem rever o seu posicionamento
diante da mulher que deseja amamentar. Os profissionais da saúde podem mudar esta
realidade diante das suas atitudes ou ações. Em especial os enfermeiros e obstetras ainda
no pré-natal, ou os pediatras e as equipes de enfermagem neonatal no pós-parto. Estes
podem incentivar a amamentação, realizar educação em saúde e dar suporte psicológico
para que estas mães adquiram autoconfiança na amamentação (CARVALHÃES et al.,
2003).

113
Situações Unidade V
Especiais

Capitulo 1
Orientações Especiais

Uso racional de antibióticos em UTI neonatal


Os antibióticos são uma das drogas mais utilizadas em Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), entretanto seu uso indiscriminado e prolongado é um dos principais fatores
envolvidos no aparecimento de bactérias multirresistentes (SILVA; SILVA JÚNIOR,
2015).

As infecções generalizadas em neonatologia nas formas precoce e tardia é o principal


motivo para a alta taxa de mortalidade podendo atingir até cerca de 30% a 50% em
infecções por bactérias gram-negativas multirresistentes, o que provoca na grande
maioria das vezes um número muito alto de exames laboratoriais, suspeitas diagnósticas
não fundamentadas e a realização de tratamentos muitas vezes desnecessários. É
essencial que os esforços para prevenção de resistência a antibióticos não venha a
comprometer o tratamento efetivo do paciente com quadro de infecções.

A estimativa é que hoje cerca de 10 a 23 recém-nascidos (RN) não infectados sejam


tratados em UTI neonatais para cada RN com infecção documentada. A antibioticoterapia
é fundamental para minimizar o risco de indução de resistência bacteriana e o
aparecimento de espécies multirresistentes, bem como para diminuir a ocorrência de
eventos adversos associados ao uso de drogas (CALIL; CALDAS, 2012).

A indicação de antibióticos é indispensável para se evitar a indução de resistência


bacteriana. Sempre que necessário, deve-se adotar a monoterapia após resultados de
cultura e antibiograma, sendo que a suspensão imediata do uso do antibiótico após o
resultado negativo de infecção.

114
Situações Especiais│ UNIDADE IV

»» Princípios gerais de uso racional de antimicrobiano

A utilização de alguns princípios pode reduzir o uso inadequado de antibióticos:

1. Diagnóstico e tratamento efetivo das infecções - Identificar o patógeno

O diagnóstico de infecção deve ser baseado em critérios clínicos e laboratoriais, sendo


identificado o padrão ouro para o diagnóstico os resultados de hemoculturas, cuja coleta
deve preceder o inicio do uso de antibióticos. As culturas de líquido cefalorraquidiano
e urina, quando indicados, também devem preceder o inicio do tratamento com
antibióticos (CORDEIRO; SANTOS, 2011).

O autor ainda descreve que a terapia antimicrobiana individualizada apropriada inclui


a escolha correta do antimicrobiano ou combinação deles, no momento adequado e na
dosagem, via de administração e duração do tratamento apropriado. Após resultado
de culturas poderá ser necessário adequação do antibiótico utilizado, de acordo com o
micro-organismo identificado e perfil de resistência.

2. Praticar Controle de Antibióticos

A significância da utilização do uso controlado de antimicrobianos tem sido enfatizada


há muito tempo. Vários programas para melhorar o uso de antimicrobianos foram
criados com sucesso em unidades neonatais.

Sempre que necessário não utilizar as cefalosporinas, carbapenêmicos (imipenen,


meropenen) e glícopeptídeos (vancomicina). O uso amplo de cefalosporinas de terceira
geração tem sido associado à emergência preocupante de enterobactérias produtoras
de betalactamases de espectro estendido (ESBL), capazes de hidrolisar a cefotaxima,
ceftriaxona, ceftazidima e o aztreonan. Entre as espécies ESBL-positivas estão a
Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Enterobacter sp, bacilos gram-negativos não
fermentadores como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumanii.
Segundo Calil e Caldas (2011),

Os carbapenêmicos são antimicrobianos de maior amplo espectro


de ação conhecidos na atualidade. São ativos contra a maioria das
bactérias gram-positivas, gram-negativas, incluindo as espécies ESBL
e AmpC positivas, e anaeróbios. Entretanto, são fortes indutores de
resistência, alteram profundamente a microbiota dos recém-nascidos
e estão associados ao surgimento de Pseudomonas sp resistentes a
carbapenêmicos. Seu uso, portanto, deve ser restrito a situações onde
não há outra possibilidade terapêutica, como surtos de infecção ou
enterobactérias produtoras de ESBL.

115
UNIDADE IV │Situações Especiais

Há uma intensa preocupação no sentido de restringir o uso de vancomicina devido


ao surgimento de Enterococcus faecalis/faecium resistente à vancomicina (VRE)
e Staphylococcus aureus com sensibilidade intermediária (VISA) ou resistente
à vancomicina. A vancomicina deve ser suspensa quando a hemocultura revelar
crescimento de um microrganismo com sensibilidade a outras drogas. Por exemplo, se
houver crescimento de Staphylococcus aureus sensível a oxacilina e RN estiver em uso
de vancomicina, esta substituição para oxacilina é mandatória mesmo que esteja no
final do tratamento.

3. Tratar infecção, não contaminação

Ações:

»» Usar antissépticos próprios para coleta de sangue e outras culturas.

»» Realizar cultura de sangue, e não de pele ou ponta de cateter.

»» Usar métodos próprios para obter e processar todas as culturas.

4. Tratar infecções e não colonização.

Exames clínicos e laboratoriais podem elucidar a distinção entre infecção e colonização.


A melhora da especificidade do critério diagnóstico para infecção pode ajudar a reduzir
o uso desnecessário de antimicrobianos.

Ações:

»» Tratar pneumonia, não o aspirado traqueal.


»» Tratar bacteremia, não a cultura de ponta de cateter.
»» Tratar infecção urinária, não cultura de cateter uretral.
Quando um resultado de hemocultura colhida de cateter central for positivo e a
hemocultura colhida de veia periférica for negativa, pensar em colonização do cateter
central.

5. Interromper o uso de Antibióticos

Parar o tratamento quando a infecção é improvável ou não diagnosticada não prejudica


o paciente e na verdade, pode beneficiá-lo. Ações:

»» Quando infecção é curada.

»» Quando culturas são negativas e infecção não confirmada.

»» Quando é descartado o diagnóstico de infecção.

116
Situações Especiais│ UNIDADE IV

Doses de antimicrobianos utilizados no período


neonatal:

Tabela 1: Doses de antimicrobianos, de acordo com peso de nascimento e tempo de vida.

Peso de Nascimento
Antibiótico < 1200g 1200g – 2000g >2000g
0 a 4 semanas 0 a 7 dias >7 dias 0 a 7 dias >7 dias
Ampicilina-meningite (mg/Kg) 50 mg/12h 50 mg/12h 50 mg/8h 50 mg/8h 50 mg/6h
Ampicilina-outros (mg/Kg) 25 mg/12h 25 mg/12h 25 mg/8h 25 mg/8h 25mg/6h
Cefalotina (mg/Kg) 20mg/12h 20mg/12h 20mg/8h 20mg/8h 20mg/6h
Cefazolina (mg/Kg) 20mg/12h 20mg/12h 20mg/8h 20mg/8h 20mg/8h
Cefotaxima (mg/Kg) 50mg/12h 50mg/12h 50mg/8h 50mg/12h 50mg/8h
Ceftazidima (mg/Kg) 50mg/12h 50mg/12h 50mg/8h 50mg/8h 50mg/8h
Ceftriaxone (mg/Kg) 50mg/24h 50mg/24h 50mg/12h 50mg/24h 50mg/12h
Clindamicina (mg/Kg) 5mg/12h 5mg/12h 5mg/8h 5mg/8h 5mg/6h
Eritromicina (mg/Kg) 10mg/12h 10mg/12h 10mg/8h 10mg/12h 10mg/6h
Imipenen (mg/Kg) 20mg/12h 20mg/12h 20mg/12h 20mg/12h 20mg/12h
Meropenen (mg/Kg) Sepse 20mg/12h 20mg/12h 20mg/12h 20mg/12h 20mg/12h
Meropenen (mg/Kg)
40mg/8h 40mg/8h 40mg/8h 40mg/8h 40mg/8h
Meningite
Metronidazol (mg/Kg) 7,5mg/48h 7,5mg/24h 7,5mg/12h 7,5mg/12h 7,5mg/12h
Oxacilina (mg/Kg) Meningite 50mg/12h 50mg/12h 50mg/8h 50mg/8h 50mg/6h
Oxacilina (mg/Kg) outros 25mg/12h 25mg/12h 25mg/8h 25mg/8h 25mg/6h
Penicilina G (Ul/Kg) Meningite 50.000/12h 50.000/12h 50.000/12h 50.000/8h 50.000/6h
Penicilina G (Ul/Kg) Outros 25.000/12h 25.000/12h 25.000/12h 25.000/8h 25.000/6h
Penicilina Benzatina (Ul/Kg) 50.000/24h 50.000/24h 50.000/24h 50.000/24h

Penicilina Procaína (Ul/Kg) 50.000/24h 50.000/24h 50.000/24h 50.000/24h

Vancomicina (mg/Kg) 10mg/12h 10mg/12h 10mg/12h 10mg/8h 10mg/8h

Fonte: Pessoto, (2009)

117
UNIDADE IV │Situações Especiais

Doenças mais comuns do RN: prevenção e


diagnóstico precoce

Distúrbios Respiratórios

Asfixia Perinatal

A asfixia perinatal é definida pela diminuição no suprimento de oxigênio tecidual. Ocorre


geralmente no período que antecede ao parto ou mesmo durante o trabalho de parto.
Essa diminuição de oxigênio pode ocorrer por meio de dois mecanismos: hipoxemia
e isquemia. Uma característica da asfixia é a hipercapnia, que resulta de efeitos
metabólicos e fisiológicos decorrentes da hipoxemia e da isquemia (MARCONDES
et.al, 2003).

Durante o trabalho de parto, na maioria das vezes, ocorre algum grau de asfixia,
evidenciada pela redução da perfusão sanguínea placentária a cada contração, com
consequente queda das trocas gasosas. Devido a queda no suprimento de oxigênio,
mesmo que passageira ou leve, apresenta resposta imediata e fisiológica para evitar o
dano permanente.

Na asfixia provocada por diversos processos, observa-se os seguintes fatos:

1. Hipoxemia inicial.

2. Alterações circulatórias e hemodinâmicas: redistribuição do fluxo


sanguíneo para manter a vascularização de cérebro e músculos cardíacos,
por redução na resistência vascular desses órgãos e aumento na resistência
vascular periférica.

3. Mudanças no ritmo respiratório: apneia primária seguida de apneia


secundária.

4. Piora da hipoxemia, acidose láctica e hipercapnia.

5. Esgotamento dos mecanismos adaptativos: redução da oferta de oxigênio


para órgãos vitais.

6. Disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (Miocárdio, Pulmão, Rim,


Trato gastrintestinal, alterações hematológicas, alterações metabólicas e
sistema nervoso central).

118
Situações Especiais│ UNIDADE IV

Para a construção de um diagnóstico de asfixia perinatal baseia-se essencialmente na


história clínica e no exame neurológico. Quando o episódio de asfixia é pouco intenso
ou ocorre numa fase precoce da gravidez pode ser clinicamente imperceptível na altura
do parto. Assim, o diagnóstico exato é sempre um diagnóstico secundário cuja certeza
só se adquire ao longo ou no fim da 1ª semana de vida (SILVA; COSTA; GONZAGA,
2014).

O autor ainda descreve que na avaliação clínica é importante ter em conta a idade
gestacional. O RN prematuro é alvo também de asfixia, embora o seu quadro clínico
seja diferente do RN termo ou pós-termo, devido à imaturidade do SNC e problemas
específicos que podem mascarar e agravar os sintomas, conforme quadro a seguir:

Quadro 19. Classificação da asfixia perinatal

Grau I (Ligeira) Grau II (Moderada) Grau III (Grave)


Nível consciência Irritabilidade Hiperalerta Letargia Estupor ou coma

Movimentos espontâneos Normal ou diminuídos Diminuídos Ausentes

Tônus Normal ou aumentado Hipotonia Hipotonia marcada

Reflexos primitivos Exagerados (Moro) Difícil Ausentes

Sucção Fraca Diminuída Ausente

Convulsões Não Tônicas ou Tônico-clônicas Mal convulsivo

Miose (predomínio Resposta lenta ou fixa (sem


Olhos (pupila) Dilatada
parassimpático) reposta)

Frequência Cardíaca Taquicardia Variável Bradicardia, hipotensão, apneia.

Fonte: Silva; Costa; Gonzaga, (2014).

Na asfixia perinatal os exames complementares utilizados para fechamento de


diagnóstico temos os seguintes exames: Ecografia Transfontanelar, Tomografia Axial
Computadorizada, Ressonância Magnética e Marcadores Bioquímicos.

A prevenção da asfixia perinatal, deve ser o objetivo primário, obrigando à detecção


e prevenção dos fatores de risco pré-natais, maternos e fetais. Atualmente a atuação
é orientada para uma intervenção antecipada na sala de partos e posteriormente por
medidas visando o suporte hemodinâmico e ventilatório, a monitorização da disfunção
multiorgânica e a proteção da função neurológica.

Doença da Membrana Hialina

A Doença de Membrana Hialina (DMH) constitui um distúrbio do desenvolvimento,


caracterizado por quadro de insuficiência respiratória, de graus variáveis, relacionado
ao nascimento prematuro e aos agravos a ele relacionados (SCHMITZ, 2005).

119
UNIDADE IV │Situações Especiais

A característica básica da DMH é a deficiência do surfactante pulmonar. Os sinais e


sintomas decorrem das consequências fisiológicas dessa deficiência, além de vários
eventos que podem modifica-lo.

Na impossibilidade de manter a estabilidade alveolar, devido ao aumento da tensão


superficial alveolar, desenvolvem-se áreas de microatelectasia difusas, com redução
da complacência pulmonar, determinando dificuldade de oxigenação e ventilação
progressiva, isso caracteriza por áreas pulmonares perfundidas mas não ventiladas,
resultando em intensa hipoxemia. Esses eventos provocam isquemia do epitélio
alveolar, com extravasamento de plasma ou sangue que junto com debris celular vão
formar a típica membrana hialina nos espaços aéreos (MARCONDES et al, 2003).

O autor ainda descreve que o diagnóstico precoce da DMH é descrita sendo realizada
ainda na vida intrauterina, por meio de testes bioquímicos realizados pelo líquido
amniótico. O teste mais utilizado é o teste da relação lecitina/esfingomielina superior
a 2, que corresponde a situações de maior maturidade pulmonar. Após o nascimento o
diagnóstico da doença é feito basicamente pelas manifestações clínicas de insuficiência
respiratória.

Para o tratamento da DMH é necessário as seguintes ações:

1. Manutenção da temperatura corpórea.

2. Oferta hídrica suficiente para a manutenção e a reposição de perdas extras,


tais como fototerapia e taquipneia, mantendo a densidade urinária.

3. Controle da glicemia a níveis entre 50 e 80mg/dl.

4. Fornecimento de calorias sob forma de infusão intravenosas, com uso de


soluções de aminoácidos e lipídeos.

5. Manutenção do hematócrito acima de 40 %.

A doença da membrana hialina tem como prevenção a utilização de glicocorticoides


como agentes estimulantes da maturação pulmonar. As gestantes que fizeram uso de
betametasona pelo menos 24 horas antes do parto de fetos em idade gestacional menor
de 32 semanas tiveram uma redução significativa de incidência da DMH.

Síndrome de Aspiração Meconial

A Síndrome de Aspiração Meconial (SAM) é definida como uma patologia caracterizada


por graus variáveis de insuficiência respiratória. A apresentação clínica é geralmente

120
Situações Especiais│ UNIDADE IV

grave e a taxa de mortalidade pode alcançar 60% dos recém-nascidos acometidos pela
doença (RICCI, 2015).

Nos RN em que ocorre crescimento intrauterino retardado ou insuficiência placentária


grave, o quadro de SAM pode ser mais grave quando o líquido amniótico contiver
também partículas de vérnix, pelos e células queratinizadas de descamação. A cor que
o líquido se apresenta tem significância, a coloração amarelada sugere a presença de
mecônio antigo, proveniente de asfixia intrauterina crônica, enquanto a coloração
verde espesso, com aspecto de sopa de ervilha, sugere eliminação recente.

Na observação da espessura do mecônio, quanto mais espesso ele é, mais grave o grau
de obstrução e maior o calibre das vias aéreas obstruídas e, portanto, maior o grau de
hipóxia a que o RN fica submetido. A obstrução mecânica nas vias aéreas aprisiona o ar
nos alvéolos, podendo evoluir para pneumotórax e pneumomediastino. Já o mecônio
fluido, composto de partículas finas, embora cause obstrução apenas de pequenos
bronquíolos, pode produzir o mesmo mecanismo valvular de obstrução, além de poder
levar a uma pneumonite química com infecção bacteriana secundária (MARCONDES
et al, 2003).

O quadro clínico da SAM é apresentado da seguinte forma: RN com fácies de sofrimento,


olhar alerta, sinais de crescimento intrauterino retardado, pele seca, enrugada e
sem vérnix. A impregnação por mecônio é observada na pele, nas unhas e no cordão
umbilical, e pode estar ausente quando o mecônio for recente.

O tratamento consiste em colocar o RN em posição de drenagem, proceder à aspiração


inicialmente da boca e após das narinas e traqueia. Pode-se repetir a manobra várias
vezes, sempre monitorando a frequência cardíaca, para detectar a presença de
bradicardia reflexa.

Se na avaliação do RN, o Apgar ainda se mantiver baixo, instituir ventilação com


pressão positiva intermitente, que deve ser aplicada após remover as secreções o
máximo possível. Na presença de choque e/ou de hipotensão devido à asfixia, podem ser
usados expansores de volume como soro fisiológico, plasma, sangue total ou albumina,
ministrados pelo cateter. Se o RN apresentar acidose metabólica grave, após ventilação
mecânica, pode ser utilizada solução de bicabornato de sódio a 1,5% na dose de 2 a 4
mEq/kg.

Para a prevenção da SAM a monitorização feita cuidadosamente durante o pré-natal


de gestante com fatores de risco para crescimento intrauterino retardado ou outros
que possam evoluir para asfixia intrauterina auxiliam na diminuição da incidência da
doença (ARAÚJO; REIS, 2014).

121
UNIDADE IV │Situações Especiais

Pneumonias no Período Neonatal

A pneumonia é um processo inflamatório dos pulmões, que pode ocorrer no feto


e também no RN, resultante da infecção bacteriana, viral ou de origem química. As
pneumonias têm sido classicamente descritas de acordo com seu modo de aquisição,
sendo elas: Pneumonias adquiridas antes do nascimento; Pneumonias adquiridas
durante o nascimento e Pneumonias adquiridas após o nascimento (ORSHAN, 2010).
Os agentes etiológicos bacterianos mais comuns da pneumonia incluem Streptococo do
grupo B, Haemophilus Influenzae e Bacilos gram-negativos.

As manifestações clínicas apresentadas são variáveis, podendo estar presentes logo após
o nascimento nos casos de pneumonias intrauterina ou congênita, podendo inclusive
a criança ser natimorta ou muito grave, vindo a falecer nas primeiras 24 horas ou 48
horas de vida. Os RN que adquirem pneumonia durante ou após o nascimento podem
apresentar, concomitantemente, sinais de infecção sistêmica, como gemência, letargia,
anorexia e febre. Sinais de insuficiência respiratória como taquipneia, dispneia, gemido,
tosse seca, batimentos de asas de nariz, respirações irregulares, cianose e retração costal
e esternal.

A terapêutica do RN com pneumonia deve ser iniciada imediatamente ao diagnóstico.


É importante lembrar a possibilidade de sepse concomitante e para isso devem ser
realizados todos os exames laboratoriais pertinentes, tais como hemograma completo,
culturas de sangue, urina, líquor. A escolha de agentes antimicrobianos para o
tratamento da pneumonia neonatal é baseada na idade. O esquema inicial de antibiótico
pode incluir uma penicilina ou derivados (ampicilina) associada a um aminoglicosídeo
ou cefalosporina de terceira geração.

A prevenção da pneumonia é feito inicialmente pelo cuidado materno adequado,


pré-natal bem feito e prevenção dos fatores de risco materno que podem conduzir à
infecção precoce neonatal são de grande importância. Além disso, uma orientação
materna adequada em relação aos cuidados higiênicos e dietéticos do RN é fundamental.
Sabe-se que as crianças alimentadas ao seio, recebendo exclusivamente leite materno,
são de risco baixo para adquirir infecções durante os primeiros meses de vida
(MARCONDES et al, 2003).

Icterícia do Recém-Nascido

A hiperbilirrubinemia é a patologia mais frequente no período neonatal. Estima-se


que cerca de 60% dos recém-nascidos (RNs) desenvolvam níveis séricos de bilirrubina
superiores a 5 mg%. Sua etiologia é na maioria das vezes multifatorial, e o tratamento
dependerá do tipo e da intensidade da icterícia (MARCONDES et al, 2003).

122
Situações Especiais│ UNIDADE IV

Segundo Moreira, Lopes e Carvalho (2004) diversos fatores devem ser considerados
antes que a terapêutica seja instituída em RNs ictéricos:

I. Em primeiro lugar, é importante analisar a história obstétrica materna


e o parto, a fim de identificar os fatores que possam estar contribuindo
para a hiperbilirrubinemia, tais como:

›› drogas maternas (diazepan, ocitócitos);

›› tipos de parto (fórceps, pélvico, cesáreo);

›› retardo no campleamento do cordão umbilical;

›› grupo sanguíneo;

›› fator Rh;

›› Coombs materno.

II. A história neonatal deve ser investigada cuidadosamente:

›› verifique se o RN já eliminou mecônio e se essa eliminação foi precoce


ou tardia;

›› caso o bebê esteja sendo amamentado no seio, verifique se está sugando


com frequência;

›› verifique se a mãe está tendo problemas com a amamentação.


Geralmente, mães que fizeram cesariana são mantidas afastadas de
seus bebês e a sucção do seio é não frequente nos primeiros dias após
o parto.

III. Considere a perda ponderai desde o nascimento. A perda excessiva (>


10%) pode ser indicativa de aporte hídrico e/ou calórico insuficiente.

IV. Analise o aparecimento e a evolução da icterícia: a hiperbilirrubinemia


teve início precoce ou tardio? A progressão é rápida ou gradual?

V. Faça um exame físico minucioso no RN:

›› determine seu peso e idade gestacional;

›› observe seu estado geral, atividade e reflexos;

123
UNIDADE IV │Situações Especiais

›› verifique a presença de visceromegalias, céfalo-hematomas, petéquias


e procure afastar clinicamente a hipótese de infecção.

VI. O sangue do RN deve ser colhido para análises somente após o estudo
da história - materna, do RN e da amamentação - e do exame físico.
Basicamente, os exames laboratoriais solicitados são:

›› concentração sérica de bilirrubina - total e frações;

›› grupo sanguíneo, fator Rh e Coombs direto;

›› hematócrito ou hemoglobina.

VII. De posse dessas informações, você deverá avaliar se a hiperbilirrubinemia


é do tipo fisiológico ou patológico. A icterícia tem características
patológicas se:

›› é clinicamente detectável nas primeiras 24 h de vida;

›› a concentração sérica de bilirrubina aumenta mais que 5 mg%/dia;

›› a fração direta excede 2 mg%; o nível sérico de bilirrubina total excede


15 mg%;

›› a icterícia persiste clinicamente por mais de uma semana no RN a


termo ou por duas semanas no prematuro.

VIII. Uma vez determinados tipo e intensidade da hiperbilirrubinemia, você


deve decidir quando e qual a terapia a ser introduzida.

Dada a elevada incidência no período neonatal, abordaremos neste texto apenas o


tratamento das hiperbilirrubinemias indiretas ou não conjugadas. As possíveis formas
de tratamento propostas incluem fototerapia, exsanguineotransfusão e a administração
de drogas adjuvantes, tais como metaloporfirinas inibidoras da heme-oxigenase,
fenobarbital e imunoglobulina endovenosa. O objetivo deste capítulo é rever a literatura
atual e fazer uma análise crítica dessas modalidades terapêuticas, enfocando os aspectos
práticos relevantes para pediatras e neonatologistas.

O recurso terapêutico específicos para se combater a hiperbilirrubinemia pode ser


dividido de acordo com a etapa do metabolismo da bilirrubina sobre qual atuam.
Dessa forma, dispõe-se de substâncias, ainda em caráter experimental no RN, que
atuam inibindo a formação da bilirrubina (ORSHAN, 2010).

A fototerapia é o mecanismo pelo qual a bilirrubina, que é uma molécula lipossolúvel,


sofre transformações, tornando-se mais hidrossolúveis e sendo eliminada do organismo

124
Situações Especiais│ UNIDADE IV

sem necessidade de conjugação hepática. A eficácia do tratamento pela fototerapia


depende da intensidade de luz emitida pelo aparelho, de ter espectro de emissão
próximo ao da absorção da bilirrubina, da idade pós-natal do RN, da idade gestacional,
do peso de nascimento, da causa de icterícia e do valor de bilirrubinemia no início do
tratamento.

»» Infecções Adquiridas Neonatais

›› Sepse no Período Neonatal

É uma síndrome clínica caracterizada por eventos sistêmicos de infecção acompanhados


pela presença de bacteremia nos primeiros dias de vida, não basta a presença do
micro-organismo, é necessário uma resposta multiorgânica do recém-nascido
(MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004).

A sepse em neonatologia é classificada de duas formas: sepse precoce, aquela que ocorre
nas primeiras 48 a 72 horas de vida e sepse tardia, que ocorre após as primeiras 48 a
72 horas de vida.

As manifestações precoces estão relacionadas a fatores pré-natais e do parto. O


comprometimento é multissistêmico e curso clínico muitas vezes fulminante. Os
germes, quando identificáveis, pertencem ao trato genital materno, sendo os mais
frequentes nos Estados Unidos, Streptococcus do grupo B (recém-nascido a termo) e
Escherichia coli (recém-nascido prematuro). A sepse tardia está relacionada a fatores
pós-natais e múltiplos procedimentos na UTI ao quais os recém-nascidos estão
sujeitos, como cateteres, tubo endotraqueal, punções venosas, nutrição parenteral,
transmissão horizontal por meio das mãos dos cuidadores e da equipe assistencial.

Os sinais e sintomas que o RN apresenta são: taquipneia, gemência, retrações torácicas,


batimentos de asas nasais, apneia, letargia, febre ou hipotermia, icterícia sem outra
causa determinante, vômitos e diarreia, ou ainda manifestações cutâneas, incluindo
petéquias, abscesso e escleredema. A fim de sistematizar esses achados clínicos e o
diagnóstico de sepse neonatal, os estudos estabelecem critérios para o diagnóstico
de sepse na ausência de germe. Devem ser analisados os seguintes sinais clínicos:
instabilidade térmica, dificuldade respiratória, hipotonia e convulsões, irritabilidade
e letargia, sintomas gastrintestinais, icterícia, idiopática, palidez cutânea, sinais de
sangramento e até uma avaliação subjetiva (SILVEIRA, PROCIANOY, 2012).

›› Meningite Bacteriana no Período Neonatal

As meningites bacterianas são caracterizadas de forma peculiar durante o período


neonatal. Quando as infecções se assestam ao SNC, ocasiona complicações e sequelas

125
UNIDADE IV │Situações Especiais

graves e até irreversíveis, na maioria das crianças que contraem a doença, prejudicando
seu desenvolvimento neuropsicomotor (FEFERBAUM, 1993).

As principais bactérias causadoras de meningite neonatal são o estreptococo


beta-hemolítico do grupo B, a Escherichia coli e a Listeria monocytogenes. Nos
países em desenvolvimento, a principal etiologia está representada pelos germes
gram-negativos entéricos. O staphylococcus sp. é um agente etiológico importante
nas crianças com derivação ventriculoperitoneal ou submetidas a procedimentos
neurocirúrgicos (MARCONDES et al, 2003).

O tratamento da doença e suas complicações frequentemente exige equipe


multidisciplinar. As medidas consistem na manutenção da termoneutralidade e
do equilíbrio acidobásico, no suporte nutricional adequado e na terapia de apoio
imunológico, semelhantes aos cuidados dispensados aos RN com sepse. No caso de
bactérias gram-positivas, a penicilina cristalina é terapêutica antimicrobiana adequada.
Nos casos de bactérias gram-negativas, as cefalosporinas de terceira geração constituem
o tratamento de escolha (SCHMITZ, 2005).

Diarreia em Menores de 2 meses


As crianças de zero a dois meses de idade têm características especiais que devem ser
consideradas quando suas doenças são classificadas. Elas podem adoecer e morrer
em um curto espaço de tempo por infecções bacterianas graves e, frequentemente,
apresentam apenas os sinais gerais de perigo como letargia, febre ou temperatura
corporal baixa (ARAUJO; REIS, 2014).

As primeiras fezes, conhecidas como mecônio, começam a ser eliminadas pelo bebê logo
após o nascimento. É uma substância espessa, de coloração variando de verde escura
a preta, que está no intestino do bebê antes do nascimento. Após a total eliminação do
mecônio, as fezes passam a ter um aspecto amarelo esverdeado. Com a amamentação
no seio materno, as fezes passam por uma fase de transição. Sua coloração se modifica
até atingir a cor amarelo mostarda ou castanho esverdeada, o que ocorre por volta do
quarto ou quinto dia, podendo conter pequenos coágulos de leite. A frequência das
evacuações também varia muito podendo ocorrer entre oito a dez eliminações diárias
ou apenas uma a cada cinco a sete dias. Como o leite materno é muito absorvido, deixa
poucos resíduos sólidos. Sendo assim, a criança pode fazer grandes intervalos entre as
evacuações. Desde que as fezes sejam amolecidas e a criança não se sinta incomodada
ou com dor, não há nenhum problema nessa situação (MARCONDES et al, 2003).

A diarreia é uma doença que se caracteriza pelo aumento do número de vezes que uma
criança evacua. Às vezes podem ser leves, líquida ou semilíquida. Pode ser que o RN

126
Situações Especiais│ UNIDADE IV

apresente febre ou vômitos. A transmissão da diarreia entre os RN, na maioria das


vezes é por vírus, ainda que existam outras causas. Os RN com diarreia viral sentem-se
muito mal. A diarreia em bebês têm numerosas causas entre as quais estão às doenças,
infecções, sensibilidade aos alimentos e antibióticos. Os recém-nascidos a aparência das
fezes são amolecidas ou liquidas e geralmente com elevada frequência. Os sintomas da
diarreia são aumento súbito da frequência média de eliminações, presença de sangue,
muco ou grande quantidade de água (RICCI, 2015)

O tratamento para diarreia no bebê, que corresponde a 3 ou mais evacuações de fezes


moles ou líquidas, no prazo de 12 horas, envolve principalmente evitar a desidratação e
a desnutrição do bebê. Por isso, é necessário dar ao bebê leite materno ou mamadeira,
de forma habitual e o soro para reidratação de farmácia ou caseiro em um volume igual
ao peso do bebê em kg vezes 100, por cada 4 horas, dado às colheradas. Assim, se o bebê
tem 4 kg deve beber 400 ml de soro a cada 4 horas (RICCI, 2015).

Medicamentos de administração oral para o RN/


Imunização

Medicamentos de administração oral para o RN

O uso de medicamentos por via oral em recém-nascidos é o modo mais natural de


introdução dos medicamentos no corpo. Os medicamentos administrados por essas
vias são absorvidos diretamente pela mucosa gastrintestinal e caem na corrente
sanguínea, indo em direção ao fígado por meio da veia porta. Podendo ser ingeridos
ou ser introduzidos diretamente no estômago ou intestino delgado por meio de sonda
nasogástrica, gastrostomia ou jejunostomia. A absorção das drogas por meio dessas
vias pode ser imprevisível em recém-nascidos e lactentes (ARAÚJO; REIS, 2014).

No recém-nascido (RN) e lactentes, a absorção dos medicamentos se processa por


mais tempo em relação a crianças maiores e adultos, sendo imprevisível, devido ao pH
gástrico, intestino curto, esvaziamento gástrico aumentado e peristaltismo irregular. O
trânsito gastrintestinais da criança, se regulariza com o do adulto por volta dos 2 a 3
anos de idade. Essas e outras situações podem acelerar ou reduzir o tempo de absorção
dos fármacos na mucosa gastrintestinal (ARAÚJO; REIS, 2014).

Como o pH gástrico do RN e lactente é menor, é menos ácido, favorecendo a absorção


dos medicamentos administrados por via oral. Em relação à peristalse intestinal, a
absorção de maiores quantidades de medicamentos pode ocorrer se o peristaltismo
for lento (constipação intestinal), podendo causar toxicidade, e menor absorção se o
peristaltismo for rápido (diarreia), devido ao tempo reduzido de contato da droga com a

127
UNIDADE IV │Situações Especiais

superfície do intestino. Certos medicamentos tomados após as refeições são absorvidos


mais lentamente, devido ao tempo prolongado do trânsito alimentar até o intestino
delgado. Outros fármacos, como o propranolol, alcançam concentração plasmática
mais elevada quando administrados após as refeições, talvez devido ao fluxo sanguíneo
aumentado no estômago. O fluxo sanguíneo esplênico encontra-se reduzido nos estados
hipovolêmicos, tornando a absorção dos fármacos mais lenta (ARAÚJO; REIS, 2014).

A forma farmacêutica denomina-se um conjunto das principais características


físico-químicas do medicamento, relacionado à sua aparência e seus aspectos ligados à
liberação do princípio ativo da droga. Certos princípios ativos não devem ser expostos à
ação dos sucos gástricos, devendo ser liberados e absorvidos pelo intestino, estes devem
receber revestimentos entéricos (MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004).

Fatores físico-químicos relacionados às fórmulas dos medicamentos, às interações


entre fármacos e certas substâncias presentes nos alimentos também afetam a absorção
das drogas. A absorção dos fármacos é facilitada quando o estômago está vazio. No caso
de ressecção intestinal, a absorção do medicamento poderá ser mais devagar quando
administrado pela via GI.

Lembrar que o medicamento após ser absorvido pela mucosa gastrointestinal, passa
pelo fígado por meio da veia porta onde será metabolizado pelas enzimas hepáticas,
ocorrendo perda parcial da droga e através da secreção biliar é excretada pelo intestino,
sendo reabsorvidas ou excretadas pelas fezes, acarretando em menor biodisponibilidade
do medicamento. Cerca de 75% de um fármaco administrado por via oral é absorvido de
1-3 horas (MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004).

Imunização

A utilização de imunobiológicos administrados nos recém-nascidos é definida


diretamente pelo calendário nacional de imunização do Brasil. Conforme nas diretrizes
deste calendário, as vacinas administradas nessa etapa da vida do bebê são: BCG e
contra a Hepatite B.

Hepatite B

O calendário nacional de imunização indica a vacinação intensiva das crianças contra


hepatite B. Quando não for aplicada na UTI neonatal, a primeira dose da vacina deve
ser feita na primeira consulta de retorno ao pediatra ou ao serviço de saúde. Pode
ser aplicada simultaneamente com a vacina BCG. A idade preconizada de aplicação
da primeira dose é às primeiras 12 horas de vida do bebê, para evitar a transmissão
vertical. As próximas 3 doses da vacina serão administradas juntamente com a vacina

128
Situações Especiais│ UNIDADE IV

Pentavalente, que contém cinco imunobiológicos diversos, sendo eles: Hepatite B,


Tétano, Coqueluche, Difteria e Doenças provocadas pelo Haemophilus Influenzae do
tipo B (BRASIL, 2001).

Os intervalos das doses desta vacina devem ser de no mínimo 30 dias, porém o tempo
ideal de intervalo é de 60 dias. A quantidade da dose administrada aos RN é de 0,5 ml,
sendo infundidas por via intramuscular, preconizada no local de aplicação do vasto
lateral da coxa do RN.

A vacina contra a Hepatite B é contraindicada aos RN menores de 2 Kg, sendo esperada


a melhora do quadro nutricional do bebê, para ser feita a primeira dose. Os eventos
adversos do imunobiológico são bastante raros, porém podem apresentar as seguintes
manifestações: dor no local de aplicação e febre baixa, ocorrendo em 1% a 6% dos
vacinados. mal-estar, cefaleia e fadiga também podem ocorrer (BRASIL, 2001).

BCG

Segundo a Fundação Nacional de Saúde (2001.p. 23) “A vacina contra a tuberculose é o


BCG (Bacilo de Calmette & Guérin) liofilizado, obtido por atenuação do Mycobacterium
bovis, apresentada em ampolas com múltiplas doses”.

A idade preconizada pelo Calendário Nacional de Imunização para administração da


BCG é ao nascer, de preferência nos primeiros 30 dias de vida do bebê. É indicada
principalmente para prevenir as formas graves da tuberculose (miliar e meníngea).
É indicada, também, e o mais precoce possível, nas crianças VIH-positivas
assintomáticas e filhos de mães VIH-positivas. É contraindicada nos indivíduos VIH-
positivos sintomáticos.

A via de administração é rigorosamente intradérmica, de preferência na altura da


inserção inferior do músculo deltoide. Após a aplicação da vacina, o imunobiológico
passar por diversas evoluções, como reações vacinais, que determinam a eficácia da
imunização: nódulo local que evolui para pústula, seguida de crosta e úlcera, com
duração habitual de seis a 10 semanas, dando origem quase sempre a pequena cicatriz.
Durante a fase de úlcera, pode haver o aparecimento de secreção.

Segundo o novo Calendário Nacional de Imunização (2016) não é indicada a revacinação


desta vacina, porém se após 6 meses da primeira dose, não houver a constatação da
cicatriz vacinal é aconselhável a realização de testes tuberculínicos, sendo negativo o
resultado do teste, a revacinação será prescrita.

129
Para (não) Finalizar

Para que ocorra a redução da mortalidade infantil de forma eficaz no Brasil, os estados
precisam desenvolver políticas sociais que causam mudanças estruturais no estilo de
vida da população, diminuindo a desigualdade social e melhorando adesão da população
aos cuidados implementados.

O Ministério da Saúde conseguiu reduzir as taxas de mortalidade infantil, mas as suas


causas sofrem mudanças constantemente e a saúde tem evoluído com as tecnologias e
ações de promoção e prevenção a saúde para evitar o agravo de saúde.

E importante que os profissionais de saúde desenvolvam a consciência da importância


da sua atuação de forma humanizada, regionalizada e integrando todos os níveis de
atenção a saúde.

130
Referências

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