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Curso Técnico Superior Profissional

Maneio de Equinos, Equitação Terapêutica e de Lazer

Contextos da
Deficiência V
Fisioterapeuta Patrícia Silva
27 de Outubro 2023

1
COMUNICAÇÃO
Comunicação
Comunicação é a capacidade de gerar, emitir, receber e perceber
mensagens, interagir com outros indivíduos face a face ou a distância,
num contexto social particular.
Comunicar é processo através do qual se partilham mensagens com
o propósito de gerar e negociar significados; consiste numa troca, num
conjunto de comportamentos.
A comunicação não é algo tangível que se possa agarrar ou segurar,
mas sim uma dinâmica interpessoal em que participamos e da qual
nos tornamos parte.
Linguagem e Comunicação
Linguagem Comunicação

sistema estruturado de comunicação; permite aos seres humanos


produzirem um conjunto infinito de enunciados a partir de um
conjunto finito de elementos.

Linguagem serve para comunicar mas não se esgota com a


comunicação; por sua vez, a comunicação não se confina à
linguagem verbal usada pelos seres humanos.
Tipos de Comunicação
•Verbal: comunicação falada, em que se utilizam palavras para expressar o
que pensa e sente. Inclui não só palavras, mas também o tom e intensidade.
É a mais usada no dia a dia e a que mais afeta as nossas relações pessoais.
•Não-verbal: ocorre sem fala expressa, através de expressões, linguagem
corporal, gestos, sinais, códigos, imagens, ações, etc. (Ex.: Braços cruzados
indicam alguém mais defensivo.)
•Escrita: ato de imprimir símbolos (como letras, números, hieróglifos) para
transmitir informações. Tem a vantagem de deixar tudo registado para
referências futuras.
•Visual: uso de formas, imagens e movimento para a comunicação.
Estabelece o contacto através daquilo que se pode ver; permite esclarecer
algo de difícil compreensão ou que requer uma explicação complexa.
Modelo Transacional de Comunicação, adaptado por João Canossa Dias de West e Turner (2010) e de Adler e
Proctor II (2011) in Dias, J., Mineiro, A., & Damen, S. (2020).

A Comunicação é um direito humano.


O direito à comunicação está relacionado à
possibilidade de diálogo e participação
social, um instrumento para garantia de
outros direitos humanos e construção de
uma sociedade mais democrática.
Ser um comunicador eficaz permite:
•regular os próprios comportamentos e os dos demais;
•expressar pensamentos e emoções;
•pedir e receber informações;
•criar e manter relacionamentos;
•tomar decisões;
•recusar ou rejeitar;
•participar em atividades sociais;
A comunicação eficaz
•ser ouvido e compreendido: ocorre quando as intenções
e significados dos parceiros
•manifestar a individualidade de cada um;
são compreendidos,
•ser um membro ativo da comunidade. alcançando-se um
entendimento comum, um
“espaço partilhado”, entre
comunicadores.
Nem todas as pessoas acedem ao processo comunicativo com a mesma facilidade,
eficácia e riqueza, apresentando necessidades complexas de comunicação (NCC).

As pessoas com Necessidades Complexas de Comunicação (NCC) podem


apresentar:
• maior necessidade de um suporte por parte dos parceiros de
comunicação para participarem de forma ativa nas trocas comunicativas;
• restrições à participação em interações comunicativas porque se expressam
através de comportamentos comunicativos pré-verbais, menos convencionais
ou até multimodais, de mais difícil interpretação pelos parceiros;
• maiores dificuldades na compreensão de enunciados dos interlocutores e
maior necessidade de pistas adicionais por parte destes;
• necessidades de apoio na comunicação temporárias, ou persistentes ao longo
das várias fases da vida;
• dificuldades associadas a patologia adquirida ou relacionadas com alterações
do neurodesenvolvimento.
Comunicação Aumentativa e
Alternativa (CAA)
Permite “compensar e facilitar, permanentemente ou não, prejuízos e
incapacidades dos sujeitos com graves distúrbios da compreensão e
da comunicação expressiva (gestual, falada e/ou escrita) e em que
podem ser utilizadas todos os modos possíveis para comunicar.”
Comunicação Aumentativa e
Alternativa (CAA)
•Comunicação Alternativa - utiliza métodos, modos e
estratégias alternativos à fala.

•Comunicação Aumentativa – comunicação complementar


ou de apoio; (não substituindo) outros modos de
comunicação; promove e apoia a fala.
Conjunto de ferramentas e estratégias com a finalidade de
superar desafios comunicativos diários dos vários tipos de
comunicadores.
(Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala)
Comunicação Aumentativa e
Alternativa (CAA)
A CAA pode assumir várias formas pertencendo a uma rede multimodal:
•fala
•contactos visuais
•gestos
•símbolos pictográficos
•escrita
•expressões faciais
•toque
•fotografias
•objetos e partes de objetos
•sintetizadores ou digitalizadores de fala
(…)
Objetivos da CAA
1. Dar a possibilidade de transmitir mensagens, através das
quais possam interagir em conversações;

2. Participar em atividades em casa, na escola, no trabalho e


durante eventos recreativos;

3. Aprender a língua materna;

4. Estabelecer e manter os papéis sociais;

5. Conhecer as suas necessidades especiais.


Objetivos da CAA
6. Ser uma forma temporária de comunicação antes da aquisição
da fala funcional;
7. Ser uma forma permanente de comunicação se a fala
funcional não for adquirida ;
8. Facilitar o desenvolvimento da comunicação falada;
9. Facilitar o desenvolvimento de conceitos, estruturas
linguísticas e da literacia.
Utilizadores de CAA
• Perturbações congénitas e/ou do desenvolvimento;
Paralisia Cerebral;
Perturbações cognitivas;
Surdos-cegos;
Perturbações do espectro do autismo;
Dispraxias;
Perturbações especificas da linguagem
Síndromes genéticos diversos;
(...)

•Perturbações adquiridas.

•Qualquer um de nós (situações temporárias)


Sistema Aumentativo e
Alternativo de Comunicação
SAAC - é um grupo integrado de componentes que inclui
símbolos, produtos de apoio, técnicas de comunicação e
estratégias para melhorar a comunicação.
Tipos de SAAC
Sistemas sem ajuda: aqueles que não requerem o uso de
qualquer objecto ou dispositivo físico. Incluem-se neste
grupo os gestos de uso comum e a linguagem gestual.
Apenas podem ser utilizados por sujeitos com boa destreza
manual e coordenação motora contribuindo para uma boa
definição dos sinais gestuais utilizados.

Sistemas com ajuda: aqueles que requerem algum tipo de


assistência externa, instrumentos ou ajudas técnicas para
que possa ter lugar a comunicação. (p.ex.: papel e lápis,
livros ou quadros de comunicação, tablet, computador).
Sistemas com ajuda
1.Sistemas de comunicação por objetos

2. Sistemas de comunicação por imagens (fotografias e desenhos)

3. Sistemas de comunicação através de:


● símbolos gráficos (PIC, SPC, Bliss)
● sistemas combinados (Makaton)
● sistemas com base na escrita (alfabeto, palavras, frases)

4. Sistemas de comunicação por linguagens codificadas (morse, braille)


Símbolos
•Os símbolos gráficos são imagens que representam visualmente uma
palavra ou conceito com o objetivo de clarificar e facilitar a sua
compreensão; podem ajudar na comunicação, promover a
independência e a participação, desenvolver a literacia e a
aprendizagem, e permitir o acesso a informação.
•São usados por todas as pessoas no dia a dia e podem ser
particularmente úteis para pessoas que estão a aprender uma segunda
língua, pessoas com dificuldades de memória, demência ou outra
lesão cerebral, pessoas com dislexia, disartria ou dificuldades
espaciais/temporais/organizacionais, pessoas com deficiências
auditivas, pessoas com perturbações do espectro do autismo ou
pessoas que não saibam ler.
1. Sistema Bliss
2. Pictogramas
3. SPC – Símbolos Pictográficos para a Comunicação
4. Makaton
Produtos de Apoio para a
Comunicação
Conjunto de equipamentos e dispositivos que a pessoa utiliza para se
expressar.
São divididos em dois grupos: baixa tecnologia e alta tecnologia.
Baixa tecnologia: geralmente, são confecionados pelos próprios
familiares ou por técnicos que trabalham diretamente com a pessoa e
são, em geral, tabelas ou tabuleiros de letras, palavras, signos gráficos
ou fotografias.
Alta tecnologia: dispositivos que utilizam a tecnologia dos
computadores, tais como vocalizadores e sistemas de controlo
ambiental. Estas tecnologias devem ser portáteis, com vista a serem
transportadas para todos os contextos em que se desloca a pessoa.
Baixa Tecnologia

Quadros de comunicação
Alta Tecnologia

Digitalizadores de fala
Sistema integrado para a comunicação aumentativa e alternativa
(inclui software para comunicação, acessibilidade e controlo do ambiente)

https://www.youtube.com/watch?v=NmAeSIejnzY
Atividades
HISTÓRIA DO PEDRO E DO LOBO
Ergonomia
Ergonomia
ergon (trabalho) + nomos (regras)

Estudo da adequação da tecnologia e do ambiente das


atividades humanas às pessoas.

É importante a sua utilização para cumprir as metas


de saúde, segurança ocupacional e produtividade.
Ergonomia
A Ergonomia estuda vários aspetos da relação da pessoa
com as condições de trabalho, desde a sua postura e
movimentos corporais (sentados, em pé, estáticos e
dinâmicos, em esforço ou não), aos fatores ambientais (os
ruídos, vibrações, iluminação, clima e agentes químicos),
aos equipamentos, sistemas de controlo, cargos e tarefas
desempenhadas.
Se todos estes fatores forem conjugados adequadamente,
proporcionarão ambientes seguros, saudáveis, confortáveis
e eficientes, quer nos locais de trabalho, quer nos espaços
destinados à nossa vida quotidiana.
Bases cientificas
A ergonomia baseia-se em muitas disciplinas em seu estudo dos seres
humanos e seus ambientes:
•Antropometria
•Biomecânica
•Engenharia mecânica e industrial
•Design industrial d design da informação
•Cinesiologia
•Fisiologia
•Psicologia cognitiva e espacial
•Psicologia industrial e organizacional
Intervenção Ergonómica
Uma intervenção ergonómica pode pois realizar-se tanto na fase
de projecto de uma organização, como durante a instalação e
equipamento dos postos de trabalho, ou, finalmente, na correção
de problemas detetados à posteriori.

Ergonomia preventiva
É o estudo do posto de trabalho na fase de projeto, atualizado ao
longo do tempo, para que possa manter-se, tanto quanto
possível, adequado às necessidades e características das pessoas
que ali trabalham, e não o contrário.
Objetivos
•Reduzir o erro humano e os acidentes de trabalho
• Aumentar a produtividade
•Aumentar a segurança
•Aumentar a disponibilidade do sistema
•Aumentar o conforto com foco específico
na interação entre o sistema humano e o de
engenharia.
Áreas de Atuação
Ergonomia Física
Estuda as respostas do corpo humano às cargas físicas e
psicológicas do trabalho. Foca-se, assim, no arranjo físico de
postos de trabalho e análise de exigências profissionais.
Outros fatores como a repetição, vibração, força, postura
estática e outros relacionadas com lesões do sistema
músculo-esquelético são também foco de análise.
Áreas de Atuação
Ergonomia Cognitiva
Também conhecida engenharia psicológica, refere-se aos
processos mentais, como a perceção, a atenção, a cognição,
o controle motor e a memória. Debruça-se sobre o seu
impacto nas relações interpessoais e os outros elementos
da organização.
São analisadas, muitas vezes, a carga mental de trabalho, a
necessidade de vigilância e de tomada de decisão, a
probabilidade e o impacto do erro humano e a interação
humano-computador.
Áreas de Atuação
Ergonomia Organizacional
Relaciona-se com a otimização dos sistemas de trabalho do
ponto de vista técnico e procedimental. Inclui a estrutura
organizacional, as políticas organizacionais e a otimização
de processos de trabalho.
Define as consequências e vantagens do trabalho em
turnos, da programação de trabalho, que avalia a satisfação
no trabalho e aplica teorias motivacionais.
Para além disso, instaura processos de supervisão, de
trabalho em equipa, de trabalho à distância e zela pela ética
no local de trabalho.
Princípios ergonómicos
Para aplicar os princípios ergonómicos de forma eficaz são vários os aspetos
que têm de ser considerados:

- A tarefa a ser desempenhada e as exigências desta;

- O equipamento utilizado (tamanho, forma, a adaptabilidade);

- A informação utilizada (como é apresentada, acedida e alterada);

- A atmosfera onde é desempenhada a tarefa (temperatura, níveis de


humidade, iluminação, ruído, vibrações);

- Ambiente social (trabalho de equipa, apoio da administração).


Princípios ergonómicos
Categorias mais genéricas:

Capacidade física:
-Tamanho e volume do corpo do indivíduo;
- Resistência e força;
- Postura;
- Sentidos: visão, audição, tato;
- Resistência muscular e dos ligamentos;

Capacidade mental:
- Capacidades mentais;
- Personalidade;
- Conhecimento;
- Experiência;
Exemplos Ergonómicos
Objeto ergonómico é aquele que proporciona
comodidade ao utilizador, eficiência e um bom
nível de produtividade.
1. Apoio de pés
2. Apoio de antebraço
1. Tapete de rato
2. Apoio de notepad/portátil
1. Rato vertical
2. Almofada em gel
Como carregar pesos
A má postura e as lesões por esforços repetitivos, ao longo
do tempo, podem ter consequências que prejudicam e
comprometem a saúde do trabalhador.
Ergonomia e Deficiência
A capacidade de uma pessoa com deficiência para executar
uma função profissional depende essencialmente da
natureza das tarefas, da sua formação e dos meios de que
dispõe para minimizar as limitações derivadas da deficiência
e do Ambiente de Trabalho.
Num Ambiente de Trabalho onde as Tecnologias de
Informação são omnipresentes, existem mais
oportunidades para pessoas com deficiência, porque estão
dominadas as técnicas que contornam as limitações da
deficiência e do ambiente tecnológico.
Acessibilidade para a Deficiência
Motora
Ponteiro de Cabeça
É colocado na parte frontal de um
dispositivo em forma de capacete de forma
a permitir, com o movimento da cabeça, o
uso do teclado ou de outro dispositivo. É
ideal para pessoas tetraplégicas ou com
paralisia cerebral, mas com boa mobilidade
ao nível do pescoço.
Acessibilidade para a Deficiência
Motora
Teclado no Ecrã é um
programa que permite simular
um teclado convencional. Os
programas comerciais
possuem funcionalidades
acrescidas às que se
encontram presentes na
maioria dos programas
gratuitos (por exemplo,
o Utilitário de
Acessibilidade do Sistema
Operativo Microsoft Windows)
Acessibilidade para a Deficiência
Motora
Tracker permite que uma pessoa sem controlo dos
membros superiores, possa deslocar o ponteiro do
rato com movimentos de cabeça. Apoiado sobre o
monitor do computador, este dispositivo "segue" o
movimento de um pequeno refletor colocado na testa
do utilizador. Desta forma, quando o utilizador move
ligeiramente a cabeça, o Tracker converte este
movimento num movimento do ponteiro do rato do
computador. Pode ser utilizado em computadores
portáteis ou de secretária.
Acessibilidade para a
Deficiência Motora
TrackBall é um periférico
convencional, alternativo ao rato. A
bola que controla o movimento do
cursor está colocada na parte
superior e pode ser manipulada com
os dedos, com a palma das mãos ou
com um coto. A disposição das teclas
e a possibilidade de as programar são
outras características que podem
fazer a diferença. Pessoas
tetraplégicas com movimento
residual numa mão podem beneficiar.
Acessibilidade para a
Deficiência Motora
O Joystick pode funcionar como
dispositivo apontador do computador.
Existem algumas versões de Joysticks em
que as teclas estão apoiadas por saliências
(grelhas) de forma a facilitar a sua
utilização a quem tem dificuldades de
coordenação.
https://www.youtube.com/watch?v=7snl2l_WT0g
Curso Técnico Superior Profissional
Maneio de Equinos, Equitação Terapêutica e de Lazer

Fisioterapeuta Patrícia Silva


27 de Outubro 2023

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