Você está na página 1de 33

1 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof.

Betto)

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Análise Global

As questões objetivas que pedem o conhecimento da análise estrutural são perguntas solicitando:

Qual o tema central do texto?

Qual a idéia principal do texto?

Qual o melhor título?

Que alternativa melhor resume o texto?

Qual é a idéia mais importante de acordo com o texto?

Qual a palavra-chave capaz de sintetizar o texto?

O texto responde a que pergunta?

Qual o centro temático do texto?

Algumas questões avaliam a capacidade do candidato em analisar informações do texto referentes à


sua estrutura. Nesse caminho, a prova questiona o ponto de vista do autor, ou o objetivo do texto, ou seja, o
caráter geral do texto.

Na busca da identificação do foco central de um texto dissertativo, criamos duas estruturas


diferenciadas para ajudá-lo a melhor identificar as idéias nucleares.

Existem duas possibilidades de apresentação de um texto dissertativo do ponto de vista de sua


montagem da arquitetura estrutural: (1) a forma clássica e (2) a forma literária.

CLÁSSICO
Apresenta o Retoma o tema
tema central e encerra
INTRODUÇÃO

Argumenta
O texto clássico é o mais comum de ser
analiticamente
apresentado em provas de concursos públicos
modernos. Isso ocorre porque esse texto segue o
2 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
modelo mais formal e claro do ponto de vista da
organização. A introdução sempre apresenta a
idéia central – geralmente de maneira denotativa –
claramente explicitada. Outro espaço gráfico que
comumente apresenta a idéia central é a
conclusão, pois o autor retoma a fim de conferir um
caráter de maior coesão interna no parágrafo ou no
texto. O texto dissertativo de caráter literário
apresenta-se com um perfil dissertativo, porém com
passagens – por vezes bastante amplas –
narrativas. Pode-se reparar que a passagem
LITERÁRIO
narrativa está tratando sempre de uma determinada
temática e aí está situado o tema central do texto. È
Usa a
como se o autor contasse uma narrativa com fim de
estrutura
narrativa para exemplificar, esclarecer ou fundamentar a temática
tratar de um central do texto.
tema analítico.

Exercícios

Leia o texto abaixo e responda a questão 1.

Brasília, 1º/07/08 (MJ) - “Após a invasão de camelôs nas ruas brasileiras vendendo produtos falsos,
agora esse tipo de mercado migra para a Internet, com potencial ofensivo muito maior. Verdadeiras redes estão
se estruturando e há vinculação de várias delas com o crime organizado, como o tráfico de drogas e de
armamentos”. A declaração é do presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Luiz Paulo Barreto,
também secretário-executivo do Ministério da Justiça. Segundo o secretário, o trabalho da Polícia Federal na
Operação I-Commerce 2, que teve início nesta terça-feira (1º) é de fundamental importância, para acabar com o
problema na raiz, antes que comece a se alastrar. Barreto informou que se trata de uma segunda fase da
operação, que começou em 2006, em que a PF deu início à repressão da pirataria na Internet em 13 estados e
no Distrito federal.

“A pessoas, por Download, estão comprando gato por lebre. Nossa ação é positiva, não apenas pelas
prisões, mas principalmente pela desarticulação das quadrilhas, numa forte demonstração de que o Governo
está atento, para não permitir que a Internet se torne um campo livre de práticas ilícitas”, disse o secretário.
“Não há como punir o consumidor, mas devemos educar e alertar para os fins que o dinheiro da pirataria é
utilizado, como o narcotráfico”. Luiz Paulo Barreto informou, ainda, que o a pirataria provoca uma redução de
dois milhões de postos de trabalho no mercado formal. O Brasil, de acordo com o secretário, perde, por ano, R$
30 bilhões em arrecadação de impostos. No mundo, a Interpol (Polícia Internacional) já considera a pirataria o
crime do século, movimentando U$ 522 bilhões/ano, bem mais do que o tráfico de entorpecentes, de U$ 360
bilhões/ano.

(Disponível em: http://www.mj.gov.br, acesso: 16/08/2008)

1. (FUNRIO – 2008) De acordo com o texto, a Operação I-Commerce 2 objetiva:


3 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
(a) acabar com a pirataria na internet.

(b) coibir a ação de camelôs nas ruas brasileiras.

(c) corrigir os rumos de uma operação anterior.

(d) identificar e punir os consumidores de pirataria.

(e) dar início à repressão da pirataria em 13 estados e no distrito federal.

Leia o texto a seguir e responda a questão 2.

As categorias que um leitor traz para uma leitura e as categorias nas quais essa leitura é colocada – as
categorias cultas sociais e políticas, além das categorias físicas em que uma biblioteca se divide – modificam-se
constantemente e afetam umas às outras, de maneira que parecem, ao longo dos anos, mais ou menos
arbitrárias ou mais ou menos imaginativas. Cada biblioteca é uma biblioteca de preferências, e cada categoria
escolhida implica uma exclusão.

Há bibliotecas cujas categorias não estão de acordo com a realidade. O escritor francês Paul Masson,
que trabalhara como juiz nas colônias francesas, notou que a Biblioteca Nacional de Paris tinha deficiências de
livros em italiano e latim do século XV e decidiu remediar o problema, compilando uma lista de livros
apropriados sob uma nova categoria que “salvaria o prestígio do catálogo” – uma categoria que incluía somente
livros cujos títulos ele inventara. Quando perguntaram-lhe que utilidade teriam livros que não existiam, Masson
deu uma resposta indignada: “Ora, não esperem que eu pense em tudo!”.

Uma sala determinada por categorias artificiais, tal como uma biblioteca, sugere um universo lógico, um
universo de estufa onde tudo tem seu lugar e é definido por ele. Numa história famosa, o escritor Borges levou
esse raciocínio às últimas conseqüências, imaginando uma biblioteca tão vasta quanto o universo. Nessa
biblioteca (que, na verdade, multiplica ao infinito a arquitetura da velha Biblioteca Nacional de Buenos Aires, da
qual Borges era o diretor cego), não há dois livros idênticos. Uma vez que as estantes contêm todas as
combinações possíveis do alfabeto e, assim, fileiras e fileiras de algaravia indecifrável, todos os livros reais ou
imagináveis estão representados: “a história minuciosa do futuro, as autobiografias dos arcanjos, o catálogo fiel
da Biblioteca, milhares e milhares de catálogos falsos, a demonstração da falácia desses catálogos, uma versão
de cada livro em todas as línguas, as intercalações de cada livro em todos os livros ...”. No final, o narrador de
Borges (que também é bibliotecário), perambulando pelos exaustivos corredores, imagina que a própria
Biblioteca faz parte de outra categoria dominante de Bibliotecas e que a quase infinita coleção de livros repete-
se periodicamente pela eternidade. E conclui: “Minha solidão alegra-se com essa elegante esperança.”

Salas, corredores, estantes, prateleiras, fichas e catálogos computadorizados supõem que os assuntos
sobre os quais nossos pensamentos se demoram são entidades reais, e, por meio dessa suposição,
determinado livro pode ganhar um tom e um valor particulares. Classificado como ficção, As Viagens de
Gulliver, de Jonathan Swift, é um romance de aventuras engraçado; como sociologia, é um estudo satírico da
Inglaterra no século XVIII; como literatura infantil, uma fábula divertida sobre anões e gigantes e cavalos que
falam; como fantasia, um precursor da ficção científica; como literatura de viagem, um roteiro imaginário; como
clássico, uma parte do cânone literário ocidental. Categorias são exclusivas; a leitura não o é – ou não deveria
ser. Não importa que classificações tenham sido escolhidas; cada biblioteca tiraniza o ato de ler e força o leitor
– o leitor curioso, o leitor alerta – a resgatar o livro da categoria a que foi condenado.

2. (FAURGS) Considere os seguintes conceitos:


4 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
I – categorização

II – preferência

III – tirania

Quais deles estão associados às bibliotecas, de acordo com o texto?

(a) apenas I

(b) apenas I e II

(c) apenas I e III

(d) apenas II e III

(e) I, II e III

Leia o texto abaixo e responda a questão 3.

Outra prioridade

A redução da pobreza e das desigualdades sociais no Brasil é um processo que depende não só do
crescimento econômico com geração de renda e emprego, mas também da transposição de barreiras culturais.
Há pouco mais de cinqüenta anos o país tinha uma população predominantemente rural e analfabeta, sem
possibilidade de acesso à educação e às comodidades da vida moderna.

Desde então, o Brasil se transformou em um país essencialmente urbano e atualmente cada vez mais
próximo de universalizar os serviços básicos. Embora a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE não
tenha o objetivo de diagnosticar a qualidade de vida da população, mas sim detectar o peso dos diversos itens
nos gastos domésticos para permitir que os índices de preços ao consumidor refletiam melhor a realidade, tal
levantamento permite que se tire algumas conclusões sobre a situação financeira dos brasileiros.

E o que outras pesquisas já haviam apontado é agora mais uma vez referenciado pelo POF: o grau de
instrução é de suma importância na formação de renda das famílias.

Famílias nas quais nenhum de seus membros tinha diploma de curso superior ( e elas correspondiam a
84% do total até 2003) não conseguiam poupar. Já as famílias com pelo menos um membro diplomado
triplicavam sua renda média e passavam a poupar.

Evidente que não basta pôr um diploma debaixo do braço para que a renda brote por milagre. No
entanto, não há dúvida de que as pessoas com mais tempo de instrução também têm mais facilidade para se
qualificar profissionalmente e aproveitar as oportunidades que surgem no mercado.

Praticamente todos os jovens até 14 anos freqüentam a escola, mas nem todos chegam a concluir o
ensino fundamental. O primeiro desafio: criar escola para todos foi vencido, e daqui para a frente as barreiras a
serem transpostas são a da qualidade de ensino e a da motivação. Em face dessa terrível herança cultural
(grande número de famílias analfabetas) o Brasil precisa redobrar seus esforços para aumentar a capacidade
de aprendizado dos nossos jovens, especialmente os de renda mais baixa.

Eis a razão pela qual o governo deveria dar uma prioridade à educação pública maior do que a
concedida ao assistencialismo. Com este, políticos podem garantir vitórias eleitorais a cada quatro anos. Já o
5 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
apoio à educação tornará a população capaz de traçar seu destino sem o paternalismo estatal, por ficar em
condições de empregar-se num mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo.

(O Globo, 30/08/2007)

3. (CONSULPLAN – 2008) A outra prioridade que o texto se refere é:

(a) Projetos assistencialistas do governo.

(b) Educação básica pública.

(c) Diagnóstico da qualidade de vida do povo.

(d) Criação de projetos que atendam às necessidades dos pobres.

(e) Crescimento econômico do país.

Leia o texto abaixo e responda a questão 4.

A RIO-SÃO PAULO TEM 61 ANOS

Jornal dos Transportes – julho de 1969

01. A primeira viagem de automóvel entre o Rio e São Paulo foi realizada em 876 horas. O herói da

02. façanha foi o Conde Lesdain, que trouxe da França o seu carro “Brassiler”. A viagem teve início às

03. cinco horas do dia 7 de março de 1908, há portanto, 61 anos, e terminou às 17,24h de 12 de abril,

04. percorrendo os mesmos caminhos do Século XVIII.

05. Depois da duplicação da Rodovia Presidente Dutra, feito expressivo da nossa engenharia, que

06. exigiu a maior concentração de máquinas rodoviárias jamais verificada entre nós, o percurso entre as

07. duas principais cidades brasileiras pode ser coberto em seis horas apenas.

08. Com a duplicação, o movimento diário da estrada elevou-se a duzentos mil veículos. O índice de

09. acidentes, por outro lado, também aumentou, porque as novas pistas de mão única favorecem a

10. imprudência dos motoristas, principalmente nos fins de semana.

11. A imprudência dos motoristas é observada por toda parte. Nas rodovias, porém, assume

12. proporções alarmantes. Ao contrário do que muitos imaginam, dirigir nas estradas não é tarefa das

13. mais fáceis, porque, além de perícia e habilidade, exige contínua e redobrada atenção, em função da

14. velocidade e da distância a percorrer.

15. [....] As estatísticas demonstram que o número de mortos e feridos em desastres rodoviários na

16. maioria dos países industrializados é, hoje em dia, maior que o de qualquer outro tipo de acidentes,
6 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
17. como acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde, nas suas magníficas estradas, registram-se

18. os mais elevados índices. A solução, portanto, é atender rapidamente os feridos, no próprio local do

19. acidente, quando necessário, para salvar o maior número de vítimas. Foi observado, em relação à

20. nossa principal rodovia, que, graças a medidas postas em prática, tem diminuído o número de

21. mortes, embora o de desastres continue em escala crescente.

4. (NCE – 2005) Segundo o que se depreende da leitura global do texto, sua principal motivação é:

(a) comemorar o aniversário da Rodovia Presidente Dutra;

(b) chamar a atenção para a duplicação da Rodovia Presidente Dutra;

(c) condenar o progresso sem as necessárias medidas de proteção;

(d) alertar para o perigo de acidentes nas estradas;

(e) elogiar a redução de mortos e feridos em nossas estradas.

Leia o próximo texto para responder as questões 5, 6 e 7.

Para entender nossa multifacetada crise cultural, precisamos adotar uma perspectiva extremamente ampla e
ver a nossa situação no contexto da evolução cultural humana. Temos que transferir nossa perspectiva do final do
século XX para o período de tempo que abrange milhares e anos; substituir a noção de estruturas sociais estáticas por
uma percepção de padrões dinâmicos de mudança. Vista desse ângulo, a crise apresenta-se como um aspecto da
transformação. Os chineses, que sempre tiveram uma visão inteiramente dinâmica do mundo e uma percepção aguda
da história, parecem estar bem cientes desta profunda conexão entre crise e mudança. O termo que eles usam para
“crise”, wei-ji, é composto dos caracteres: “perigo” e “oportunidade”.

Os sociólogos ocidentais confirmaram essa intuição antiga. Estudos de períodos de transformação cultural em
várias sociedades mostraram que essas transformações são tipicamente precedidas por uma variedade de indicadores
sociais, muitos deles aos sintomas de nossa crise atual. Incluem uma sensação de alienação e um aumento de
doenças mentais, crimes violentos e desintegração social, assim como um interesse maior na prática religiosa; tudo
isso foi também observado em nossa sociedade na década passada. Em tempos de mudança cultural histórica, esses
indicadores tendem a manifestar-se de uma a três décadas antes da transformação central, aumentando a freqüência e
intensidade à medida que a transformação se avizinha, e novamente declinando após sua ocorrência.

As transformações culturais desse gênero são etapas essenciais ao desenvolvimento das civilizações. As
forças subjacentes a esse desenvolvimento são complexas, e os historiadores estão longe de elaborar uma teoria
abrangente da dinâmica cultural; mas parece que todas as civilizações passam por processos cíclicos semelhantes de
gênero, crescimento, colapso e desintegração.

5. A idéia central do texto é:

(a) As sociedades passam por períodos de crise que indicam alterações em seus padrões de comportamento.
(b) As sociedades orientais passaram por momentos de rupturas drásticas e inevitáveis.
7 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
(c) A sociedade contemporânea é idêntica à de milhares de anos atrás.

(d) A sociedade brasileira atravessa um período crítico, com aumento de doenças e de crimes.

(e) A sociedade chinesa venceu uma etapa de crise e preparou-se para a transformação.

6. O texto pode ser resumido em torno de algumas palavras-chave que se encontram expressas na alternativa:

(a) perigo e decadência

(b) oportunidade e desintegração

(c) mudança e desequilíbrio

(d) dinâmica e declínio

(e) crise e renovação

7. O texto possibilita que se responda à seguinte questão:

(a) Que transformação é necessária num período de crise?


(b) Como a sociedade chinesa agiu em um momento de transformação?

(c) Como evitar as doenças mentais numa época de crise?

(d) Como o homem deve se preparar para a mudança?

(e) Que é necessário para compreender a abrangente crise cultural que vive a sociedade atual?

Leia o texto e, a partir dele, responda a questão de número 8.

A pena de morte deve ser vista não apenas como um castigo, mas sobretudo como uma defesa da
sociedade. Uma onda de violência avassala o mundo de hoje, e os homens de bem precisam combatê-la com
energia. Estabeleceu-se uma guerra violenta entre os criminosos e o povo, na qual apenas os bandidos têm armas. Os
cidadãos entram com suas vidas. O homem simples da madrugada receia mais os ladrões assaltantes, os latrocidas,
que um eventual conflito nuclear. Precisamos adotar a pena de morte até mesmo por uma razão ecológica. Ao
matarmos uma cobra, não pretendemos castigá-la, mas evitar que a mesma venha a nos atacar.

Há poucos dias, em São Paulo, três feras surpreenderam um rapaz e três moças que voltavam de um baile.
Amarraram o rapaz e o a tiraram numa lagoa. Estupraram as moças e as esfaquearam em seguida. Tais indivíduos,
se apanhados e condenados, serão conduzidos por alguns poucos anos, à Casa de Detenção ou alguma penitenciária,
onde custarão 35.000 cruzeiros por mês ao Estado. Se forem levados a penitenciária de Araraquara, então serão
tratados com menu publicado no Diário Oficial, “solarium”, assistência médica, dentária e hospitalar de primeira,
quadras de basquete, campo de futebol e televisão em cores.

Ressurge, assim, a idéia da pena de morte, que antes de mais nada tem uma função intimidatória. No período
em que houve pena de morte para assaltos a bancos, esse tipo de delito deixou de acontecer. Hoje, ocorrem cinco por
dia. Um perigoso delinqüente, entrevistado recentemente pela televisão, confessou que não teria cometido tantos
crimes se estivesse sujeito à pena de morte. “Mate um, apavore 10.000”, diz um provérbio chinês. Os criminosos são
8 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
produto da sociedade, da mesma forma que os tumores o são do corpo humano. Precisamos extirpá-los, antes que
eles nos matem.

8. Supondo que o título contenha a idéia essencial do texto, assinale a alternativa que melhor caberia como
título do texto acima.

(a) Pena de morte: a vingança do cidadão de bem


(b) A Pena de morte como defesa da sociedade

(c) Pena de morte: uma injustiça social

(d) Pena de morte: produto da sociedade

(e) A pena de morte e o equilíbrio ecológico

A questão de número 9 refere-se ao texto abaixo:

01. Seguindo o costume, meu bisavô 17. os dois homens concordaram que, se o bebê

02. casou-se cedo, aos catorze anos, com uma 18. fosse homem, seria casado com a sobrinha de

03. mulher seis anos mais velha. Considerava-se 19. seis anos. Os dois jovens nunca se viram

04. um dos deveres da esposa ajudar a criar o 20. antes do casamento. Na verdade, apaixonar-

05. marido. A história desta esposa, minha bisavó, 21. se era considerado quase uma vergonha, uma

06. foi típica de milhões de mulheres de seu 22. desgraça para a família. Não porque fosse

07. tempo. Vinha de uma família de tanoeiros 23. tabu - afinal, havia uma venerável tradição de

08. chamada Wu. Como a família não era 24. amor romântico na China - mas porque se

09. intelectual nem tinha nenhum cargo oficial, e 25. esperava que os jovens não se expusessem a

10. como ela era menina, não recebera nome 26. situações em que acontecesse uma coisa

11. algum. Sendo a segunda filha, era 27. dessas, em parte porque era imoral se

12. simplesmente chamada “menina Número 28.encontrarem, e em parte porque o casamento

13. Dois”(Er-ya-tou). O pai morrera quando ela era 29. era visto acima de tudo como uma obrigação,

14. bebê, e ela fora criada por um tio. Um dia, 30. um acordo entre duas famílias. Com sorte, a

15. quando tinha seis anos, o tio jantava com um 31. pessoa podia apaixonar-se depois de casada.

16. amigo cuja esposa estava grávida. No jantar,

9. Pode-se identificar como tema mais desenvolvido neste texto:

(a) o casamento precoce do bisavô da autora, como se pode inferir da leitura do primeiro parágrafo.

(b) as circunstâncias da vida da bisavó da autora, conforme aponta a narrativa constante do segundo parágrafo.
9 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
(c) o casamento na China, como indicam as constantes referências a ele ao longo do texto.

(d) a vida da mulher chinesa, como se pode deduzir da palavra típica (linha 6)

(e) a moral chinesa tradicional, conforme aponta o emprego da expressão venerável tradição (linha 23)

Tipologia Textual

Um texto poderá apresentar três estruturas básicas de redação:

DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO e DISSERTAÇÃO

Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação. Existem três modalidades básicas de
redação: descrição, narração e dissertação. É importante que você consiga perceber a diferença entre elas.

Descrição

A descrição se caracteriza por ser o retrato verbal de pessoas, objetos, cenas ou ambientes. A
descrição trabalha com imagens, permitindo uma visualização do que está sendo descrito.

Entretanto, uma descrição não se resume à enumeração pura e simples. É necessário algo mais: o
essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele ser descrito de todos os demais de
sua espécie.

Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descritivo. O que ocorre mais comumente é você
encontrar textos descritivos inseridos em um texto narrativo ou dissertativo, por exemplo, em qualquer romance
(que é um texto narrativo por excelência) você perceberá várias passagens descritivas, seja de personagens,
seja de ambientes.

Narração

Narrar é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinados personagens, em local e tempo
definidos, em outras palavras, é contar uma história, que pode ser real ou imaginária.

Quando você redige uma história, a primeira decisão a tomar é se você vai ou não fazer parte da
narrativa, tanto é possível contar uma história que ocorreu com outras pessoas quanto narrar fatos acontecidos
com você. Essa decisão determinará a característica de seu texto.
10 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
Todo texto narrativo conta um fato que se passa em determinado tempo e lugar com o verbo
geralmente no passado. A narração só existe na medida em que há ação; esta ação é praticada pelos
personagens.

Dissertação

Dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma idéia, de um ponto de vista; ou então,
pelo questionamento acerca de um determinado assunto. A redação dissertativa é, então, aquele em que
expressamos nossas idéias a respeito de um assunto, aquela em que apresentamos pontos de vista e
argumentos ou informações em defesa de posições nossas ou de outros.

Dissertar é discutir temas, debater idéias, desenvolver argumentações. Uma experiência de raciocínio
lógico-expositivo, em que somos levados a pensar criticamente alguma dimensão da realidade e somos
levados, principalmente, a desenvolver a capacidade de fundamentar as nossas opiniões. Apresentar uma tese.
Apresentar o(s) porquê(s). Apresentar exemplos, hipóteses, conclusões a respeito de um tema.

Texto 1
Um garoto desapareceu depois de uma irrupção de índios, foi dito que os índios o roubaram.
Seus pais procuraram-no inutilmente; ao cabo de anos, um soldado que vinha do interior lhes falou de
um índio de olhos celestes que bem podia ser seu filho. Por fim deram com ele (...) e acreditaram
reconhecê-lo.

(Jorge Luís Borges)

Neste texto ocorre a presença de fatos consecutivos, portanto, narração. O verbo predomina no
passado Logo, este texto apresenta uma estrutura narrativa.

Texto 2
A beleza escultural dela era tão sublime que passava a ser um obstáculo à aproximação. A pele
rosada destacava o brilho e a maciez de uma forma divina. Reentrâncias e saliências desenhavam a
perfeição daquele corpo que era suculento e desejoso de ser devorado.

O texto revela a ocorrência de fatos simultâneos e, portanto, não há progressão temporal ou não
existe a presença de fatos consecutivos O verbo predomina no passado mas poderia ser presente. Por isso a
estrutura deste texto é descritiva.
11 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
Texto 3
O objetivo final do seu impulso sexual é fazer aquilo (do latim “aquilus”, que quer dizer “você
sabe”). Mas isso não significa que sexo seja só aquilo e boa noite. Existe a aproximação, o primeiro
contato, os preparativos. (...)

O primeiro contato pode ser um roçar de dedos, um esbarrão aparentemente acidental, um


guarda-chuva compartilhado ou um apertão na nádega seguido de desculpas: “Meu Deus, confundi você
com uma antiga professora.”

(Luís Fernando Veríssimo)

Neste último texto ocorre análise dos fatos não importando se são, ou não, simultâneos. O verbo
predomina no presente Então o texto apresenta uma estrutura dissertativa.

Leia os textos e identifique a alternativa que melhor reflete o caráter geral de cada texto.

Na publicação de Annalen der Physik de 1905, Einstein publicou seu primeiro esboço da Teoria da
Relatividade. Dizem que 1905 foi o ano mágico para Einstein assim como 1766 foi para Newton. Neste ano
Einstein fez as descobertas que mudaram para sempre o nosso entendimento do que significa realmente tempo
e espaço. Existe porém uma descoberta feita nesta publicação de 1905 que provavelmente é a fórmula mais
conhecida da humanidade, já que não é conhecida apenas por físicos. Seu significado, no entanto, requer um
pouco de análise mais aprofundada.

10. Qual a melhor alternativa?

a) narrativo b) descritivo c) dissertativo

Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-
se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta
desse lago pairam, imponentes, árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se
sucederam pelas gerações.

11. Qual a melhor alternativa?

a) narrativo b) descritivo c) dissertativo

As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais
rigorosa censura da mãe. Não tinha qualquer cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro,
Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal
em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. A mãe chegou e
logo foi ao banheiro da casa.

12. Qual a melhor alternativa?

a) narrativo b) descritivo c) dissertativo


12 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
o
Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12 andar de um edifício da Avenida Paulista.
De lá avistava todos os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os freqüentes congestiona-
mentos dos automóveis e a beleza das arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida.
Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas.

13. Qual a melhor alternativa?

a) narrativo b) descritivo c) dissertativo

Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que o homem vem
causando ao meio ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra, transformando-as em
verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança de muitas espécies são apenas
alguns dos aspectos a serem mencionados.

14. Qual a melhor alternativa?

a) narrativo b) descritivo c) dissertativo

Baseado no texto abaixo, responda a questão 15.

“Sem sombra de dúvida, o elemento que mais chama a atenção no contexto político africano é a
extravagância das fronteiras internacionais do continente. Apesar disto, ou talvez por causa disto, a
intangibilidade das fronteiras herdadas da colonização permanece como um dos principais pontos da carta da
Organização da Unidade Africana (OUA). Não conseguindo encontrar em seus concidadãos uma fidelidade à
nação, os atuais dirigentes africanos professam um ‘nacionalismo de estado’ que mantém o ‘status quo’ entre
os diferentes países e encobre os antagonismos étnicos no interior das fronteiras africanas.”

15. O caráter geral do texto é de:

(a) refutação
(b) exemplificação

(c) analogia

(d) análise

(e) hipótese

Leia o texto e responda a questão número 16.


A disposição final do lixo é uma das grandes dores de cabeça de todo prefeito, especialmente nas
cidades grandes, onde a coleta alcança milhares de toneladas todos os dias.
Existem soluções simples, baratas, ecológicas e socialmente interessantes, mas são vários os fatores
que conspiram para que estas soluções não sejam conhecidas e aplicadas.

Em primeiro lugar está a ideologia da sociedade de consumo que, na reciclagem de materiais valiosos e
irrecuperáveis, só vê a economicidade monetária para a entidade recicladora, não o benefício social e o
interessante das gerações futuras. Uma sociedade que fosse racional em termos de uso justo de recursos
finitos não produziria o tipo de lixo que produzimos hoje.

Por outro lado, as soluções oferecidas pela tecnocracia requerem investimentos tão enormes e custos de
13 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
operação tão elevados, sem deixar lucros, que elas não estão ao alcance da grande maioria de nossas
administrações municipais, financeiramente exauridas pelo incidente modelo centralista que ainda nos assola.
16. O texto é predominantemente:
(a) narrativo (d) dissertativo-narrativo

(b) dissertativo (e) dissertativo-descritivo

(c) descritivo

Leia o texto abaixo e responda a questão 17.

Brasília, 1º/07/08 (MJ) - “Após a invasão de camelôs nas ruas brasileiras vendendo produtos falsos,
agora esse tipo de mercado migra para a Internet, com potencial ofensivo muito maior. Verdadeiras redes estão
se estruturando e há vinculação de várias delas com o crime organizado, como o tráfico de drogas e de
armamentos”. A declaração é do presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Luiz Paulo Barreto,
também secretário-executivo do Ministério da Justiça. Segundo o secretário, o trabalho da Polícia Federal na
Operação I-Commerce 2, que teve início nesta terça-feira (1º) é de fundamental importância, para acabar com o
problema na raiz, antes que comece a se alastrar. Barreto informou que se trata de uma segunda fase da
operação, que começou em 2006, em que a PF deu início à repressão da pirataria na Internet em 13 estados e
no Distrito federal.

“A pessoas, por Download, estão comprando gato por lebre. Nossa ação é positiva, não apenas pelas
prisões, mas principalmente pela desarticulação das quadrilhas, numa forte demonstração de que o Governo
está atento, para não permitir que a Internet se torne um campo livre de práticas ilícitas”, disse o secretário.
“Não há como punir o consumidor, mas devemos educar e alertar para os fins que o dinheiro da pirataria é
utilizado, como o narcotráfico”. Luiz Paulo Barreto informou, ainda, que o a pirataria provoca uma redução de
dois milhões de postos de trabalho no mercado formal. O Brasil, de acordo com o secretário, perde, por ano, R$
30 bilhões em arrecadação de impostos. No mundo, a Interpol (Polícia Internacional) já considera a pirataria o
crime do século, movimentando U$ 522 bilhões/ano, bem mais do que o tráfico de entorpecentes, de U$ 360
bilhões/ano.

(Disponível em: http://www.mj.gov.br, acesso: 16/08/2008)

17. (FUNRIO – 2008) Pode-se afirmar que o texto I é:

(a) lírico. (d) informativo.

(b) narrativo. (e) antitético.

(c) figurado.

Leia o texto abaixo e responda a questão 18.

TEXTO – DIAGNÓSTICO

Em oito anos, o número de turistas no Rio de Janeiro dobrou, enquanto os assaltos a turistas foram
multiplicados por três, alcançando hoje a média de dez casos por dia. Considerando a importância que o
turismo tem para a cidade - que anualmente recebe 5,7 milhões de visitantes de outros estados e do
estrangeiro, destes, aliás,quase 40% dos que chegam ao Brasil têm como destino o Rio – é alarmante esse
grau crescente de insegurança.
14 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
Por maior que tenha sido a indignação manifestada pelo governo federal, são números que reforçam o
alerta do Departamento de Estado americano a agências de turismo dos Estados Unidos, divulgado no início do
mês,a respeito do perigo que apresentam o Rio e outras grandes cidades brasileiras.

Não é exagero classificar de urgente a tarefa de fazer o turista se sentir mais seguro no Rio,
considerando que os visitantes movimentam 13% da economia da cidade e que dentro de três anos teremos
aqui o Pan. Parte da solução é simples: reforçar o policiamento ostensivo. A Secretaria de Segurança do
Estado informa que há quase duas centenas de policiais patrulhando a orla, do Leblon ao Leme, mas não é o
que se vê – nem é o que percebem os assaltantes. Muitos destes aliás, são menores de idade com que o poder
público simplesmente não sabe lidar, por falta de ação integrada entre autoridades estaduais e municipais,
empenhadas num jogo de empurra sobre a responsabilidade por tirá-los das ruas. O que lhes confere uma
percepção de impunidade que só faz piorar a situação.

Impunidade é também a sensação que resulta do deficiente trabalho de investigação policial: se não se
consegue impedir o crime, sua gravação pelas câmeras da orla de pouco serve, pois não há um esquema
eficaz de inteligência nem estrutura técnica adequada para seguir pistas.

É fácil atribuir todos os problemas à falta de verbas. Mas é mais justo falar em dinheiro mal aplicado. As
próprias autoridades anunciam fartos investimentos Em aparato tecnológico contra o crime; o retorno que
deveria produzir a aplicação eficiente desse dinheiro seria o que não está acontecendo: a redução a níveis
mínimos dos assaltos a turistas.

18 -(Polícia Civil NCE) O texto da prova, por sua estrutura e características, deve ser prioritariamente classificado como:

(a) expositivo; (c) informativo; (e) descritivo.

(b) narrativo; (d) argumentativo;

Leia o texto abaixo e responda a questão que segue.

Uma nova economia surgiu em escala global no último quartel do século XX. Denominada
informacional, global, em rede, para identificar suas características fundamentais e diferenciadas e enfatizar sua
interligação. É informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes dessa
economia — sejam empresas, sejam regiões, sejam nações — dependem basicamente de sua capacidade de
gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as
principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes — capital, trabalho,
matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados — estão organizados em escala global,
diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos. É em rede porque, nas novas
condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interação entre
redes empresariais. Essa nova economia surgiu no último quartel do século XX porque a revolução da
tecnologia da informação forneceu a base material indispensável para sua criação.

19. (CESPE – 2008) Quanto à tipologia, o texto acima classifica-se como um:

(a) fragmento narrativo, em que o autor apresenta as fases da economia global.

(b) texto dissertativo, cuja idéia principal, apresentada nos dois primeiros períodos sintáticos, é explicada nos
períodos subseqüentes.

(c) texto descritivo, pois enumera as características fundamentais e diferenciadas da globalização.


15 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
(d) relato de experiência pessoal do autor em face da nova economia que surgiu nos últimos vinte e cinco anos
do século XX.

Leia o texto abaixo e responda as questões 20 e 21.

Gargalos e a renda estrangulada

A política de crescimento do governo Lula repousa, docemente, sobre uma contradição. Ela consiste
em reduzir cautelosamente a taxa-Selic e apostar no crescimento, nem tão cauteloso, da demanda por crédito.
Mas, enquanto isso, no mercado financeiro, os bancos pensam em como superar um dilema.

Está claro que a redução esperada e projetada da taxa-Selic diminuiu a rentabilidade dos bancos, o que
os empurra a dar crédito para o setor privado e para as pessoas físicas. E, no entanto, a escassez da demanda
por crédito impede os bancos de produzir o volume de empréstimos que seria necessário para manter a
rentabilidade do sistema praticamente intocada quando emprestar dinheiro ao governo deixar se é que vai
algum dia de ser tão promissor e interessante.

O fato é que o caminho está minado pela falta de renda. E o tempo de transição é que vai determinar o
que os bancos vão perder ou não perder de lucro. Assim, a cautela do BC tem lá sua serventia, já que posterga
a corrida certa dos bancos em busca da rentabilidade perdida. Ou, se preferirem, a cautela mantém a
rentabilidade, e os bancos continuam a aplicar seus recursos em títulos do governo, enquanto não se acha o
jeito de fazer o ovo de Colombo ficar de pé.

Esse lapso, é óbvio, também será preenchido, esperam o governo e os próprios bancos, com a adoção
de medidas que tornem essa travessia menos arriscada. Não é por acaso que todas as medidas já adotadas ou
ainda na prancheta para aprovação tenham um só sentido: reduzir o risco de emprestar. E o risco de emprestar
é sempre o de não receber.

Juízes podem decidir que não se pague ou que se pague, mas não no tempo estimado pelos bancos. O
que se faz? Buscam-se regras e leis para tornar menos "paternalista" a decisão dos juízes, para tomar
emprestado o termo usado pelo ex-ministro Pedro Malan, hoje membro do conselho de administração de um
banco privado. As garantias do empréstimo, qualquer empréstimo, têm de ser executáveis. Por que isso faria
com que o juro cobrado fosse menor? Certamente porque o risco de emprestar seria menor. Não se está
dizendo aqui que tais medidas sejam, por definição, equivocadas. Nos EUA, um acordo escrito num
guardanapo de botequim é visto pela Justiça como um contrato, que deve ser cumprido pelas partes. Está se
dizendo, isso sim, que há uma lógica no ritmo cauteloso do BC, e ela não é determinada apenas pelo
comportamento da inflação futura ou só pelo nível de atividade presente. A dinâmica das decisões econômicas
obedece aos interesses em jogo dos agentes envolvidos.

O que está ocorrendo é que os interesses que prevaleceram quando o PT decidiu dar um cavalo-de-
pau na economia continuam a prevalecer quando a decisão é fazer o país andar. No primeiro momento, o
governo Lula buscou "acalmar" o mercado com golpes de ortodoxia, e, agora, o que se está fazendo é buscar
"acalmar" os que temem perder lucros na fase de transição. Os bancos ganharam antes e, sinaliza o governo,
vão continuar ganhando.

O detalhe, infelizmente trágico para o país, dessa equação é que o ritmo da transição da taxa-Selic vai
assistir, muito provavelmente, a uma elevação dos juros americanos, a ser promovida pelo Fed, o que deve
marcar o início da mudança do cenário de liquidez no mercado internacional antes, portanto, de o Brasil ter
atingido o pico do crescimento possível em 2004. Ou seja, há uma possibilidade, não desprezível, de o país
perder, mais uma vez, uma janela de oportunidade. E só então o país vai começar a perceber que não tem
16 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
apenas dois gargalos estruturais ao crescimento a vulnerabilidade externa e a escassez da oferta de energia.
Tem mais. E um deles é esse arranjo macroeconômico que, com inegável apetite fiscal e "cautela" no trato
monetário, estrangula a renda.

20. (FGV) O texto pode ser caracterizado como:

(a) basicamente narrativo.

(b) eminentemente descritivo.

(c) argumentativo opinativo.

(d) puramente expositivo.

(e) narrativo-descritivo.

21. (FGV) Para alcançar seus objetivos, o texto só NÃO se vale de:

(a) comparações.

(b) estruturação pergunta-resposta.

(c) interferências de caráter pessoal.

(d) dados estatísticos.

(e) metáforas.

22. Destaque a alternativa cujo trecho textual corresponde a um texto dissertativo:

(a) O carro está totalmente danificado, com avarias no motor, nos pneus, na lataria, e, ainda, tem mais de três
mil reais de multas.

(b) Era uma vez um sábio chinês que um dia sonhou que era uma borboleta.

(c) Em minha opinião, a oposição e a situação deveriam parar de brigar e trabalhar com seriedade e respeito à
população.

(d) A inglesa Mary Shelley era filha de um filósofo anarquista e de uma das primeiras feministas da história.

Leia o texto abaixo e responda a questão que segue.

Pensamento Metropolitano

Colonizadores ingleses no meio da selva, mantendo os costumes da metrópole - traje a rigor para o
jantar e um bom claret com a lagartixa - enquanto os nativos em volta sucumbem à peste. É a imagem que me
ocorre quando ouço ou leio analistas econômicos que desdenham, com superioridade colonial, qualquer
17 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
tentativa dos nativos de escaparem das ortodoxias imperativas. A ortodoxia dos credores, pagar e não chiar
senão não tem mais, e a da globalização com proveito só para um lado, que é abrir e entregar tudo, senão vai
ter.

A moral dominante, segundo a qual o calote e a desobediência a Washington são mais escandalosos
do que a fome, é a dos ricos do mundo. Os que a encampam, aqui nas colônias, não são ingleses, mas
cultivam os hábitos e o pensamento metropolitano e não conseguem ser e pensar de outro jeito. Está certo que
é preciso resistir ao simplismo de achar que o Brasil pode abandonar completamente a engrenagem e seguir
seu próprio romântico caminho, tudo com a gente e vamo lá. Mas o pensamento metropolitano não defende o
bom senso, defende o bom-tom, o nosso conceito entre as nações finas.

Preocupa-se não com a relação direta entre a sangria da dívida e do custo da nossa submissão e as
nossas carências, mas com o que o Wall Street Journal vai pensar de nós.

Para o pensamento metropolitano, não há como fugir da engrenagem e quem pensa que há é um
ingênuo, um primitivo ainda não iniciado nas duras verdades econômicas do mundo moderno. Já os nativos
sabem que, seja qual for a rota de fuga, o seu primeiro passo certamente é abandonar o pensamento
metropolitano e adotar a emergência à sua volta como matéria de raciocínio.

E o que essa gente está fazendo de smoking nos trópicos, afinal?

Luís Fernando Veríssimo

23. (CONESUL – TRENSURB 2006) O Pensamento Metropolitano pertence a um tipo de texto denominado

(a) narrativo.

(b) dissertativo.

(c) lírico.

(d) descritivo.

(e) literário.

Leia o texto abaixo e responda.

A idade e a liberdade

Os ingredientes da receita para a juventude. Qual a formula?

Cristiane Felipe – psicóloga

Pilar das revoluções que transformaram o mundo a partir do século XVII, a liberdade é um dos bens
mais preciosos de que dispomos. O poder de ir, e vir, agir e pensar é pressuposto básico para a manifestação
da nossa essência. Não e por acaso que em qualquer sociedade, desde os mais remotos tempos, a forma mais
usual de punição àqueles que comentem algum delito é a prisão. Mas, e quando a doença ou as perdas
naturais do processo de envelhecimento nos priva da liberdade?

Nas implicações naturais decorrentes do processo de envelhecimento estão previstas perdas gradativas
de muitas de nossas principais capacidade. E isso é perceptível ainda muito cedo. Uma ginasta olímpica na
faixa dos vinte e poucos anos já não realiza com a mesma destreza e desenvoltura os movimentos que
18 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
praticava na adolescência. Um jogador de futebol, ao ultrapassar os 35 anos já se prepara para a
aposentadoria. A visão de um sexagenário não tem a mesma definição dos primeiros anos da juventude.

Consciente do que Ihe é efêmero o homem busca incansavelmente meios de prolongar a sua vida útil.
Já sabemos que os progressos alcançados no campo da Medicina - em especial na área da Geriatria e
Gerontologia - permitem a prevenção e a detecção precoce de inúmeras moléstias típicas da idade avançada.
Novas terapias, técnicas cirúrgicas e medicamentos com maior precisão de cura, também contribuem para esse
avanço.

No entanto mais do que o tratamento adequado o que pressupõe o envelhecimento saudável é a


manutenção das independências física, social e econômica. São esses os pré-requisitos que possibilitarão a
preservação da liberdade do indivíduo na idade avançada. E. assim como faz o tempo, a mais por meio da
prática sistemática, dia após dia. Atividade física faz bem em qualquer fase da vida alimentação adequada
também. A prática de meditação e o cuidado com a espiritualidade (independente de religião) não possuem
contra-indicações. No nível profissional, o caminho é encontrar o equilíbrio entre a satisfação pessoal e
financeira. E se a esse conjunto de práticas somar-se uma pitada de alegria, está dada a receita.

Mas todos sabemos que essa receita não tem nada de simples. A vida não tem regras Claras. O
convívio com as perdas pode levar à depressão e ao desanimo. As novas situações geram ansiedade perda da
auto-estima e uma série de outros complicadores. Nesses momentos, a saída não é se isolar não se esquecer
de que inúmeras pessoas estão vivenciando a mesma situação. Um caminho possível ao encontro delas. Um
bate-papo em grupo pode resgatar a confiança perdida. Um baile no fim-de-semana pode mudar a vida de
alguém. Porque a vida pode ser reinventada a cada minuto. E só dar asas à liberdade (e. de preferência,
compatibilizá-la com alegria). Como ensina Montaigne. "a verdadeira liberdade é poder tudo sobre si". E como
canta Gilberto Gil (um sessentão pra lá de jovem). "a alegria é a prova dos nove".

24. (CONESUL 2009 – Pref. Porto Alegre) Pelas características que apresenta, o texto é

(a) uma notícia

(b) um artigo científico

(c) uma novela

(d) uma narração.

(e) um relatório
19 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
Níveis de Linguagem

Mais do que o conhecimento das normas regentes do funcionamento da língua portuguesa, hoje cobra-
se dos participantes de concursos públicos o conhecimento dos níveis de linguagem no qual está inserido este
ou aquele ato lingüístico.

1. Nível Técnico:

Pode ser identificado como o jargão de uma determinada área. O nível técnico de linguagem
caracteriza-se pelas peculiaridades vocabulares de um determinado grupo (geralmente profissional).

Conversa na fila

Conversavam na longa fila do cinema:

- E o seu caso com a Belmira?

- Encerrado, depois de um incidente onfálico. Observei-lhe que não ficava bem ir à praia de tanga, quando
ainda emergia daquele problema de cirsônfalo.

Carlos Drummond de Andrade

2. Nível Culto:

Muitas vezes chamado de nível padrão, formal, normativo ou gramatical. O nível culto
de linguagem respeita perfeitamente as normas lingüísticas.

Revolução tecnocientífica – a rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação


(computadores, telefones e televisão) têm sido fundamentais para agilizar o comércio e as transações
financeiras entre os países. Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas
ao mesmo tempo. Atualmente, com a invenção dos cabos de fibra óptica, esse número sobe para 1,5 milhão.
Uma ligação telefônica internacional de 3 minutos, que custava cerca de US$ 200 em 1930, hoje em dia é feita
por US$ 2. O número de usuários da Internet, rede mundial de computadores, é de cerca de 50 milhões e
tende a duplicar a cada ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce no mundo.

3. Nível Popular:

Tratado muitas vezes como nível coloquial de linguagem, o nível popular caracteriza-se por
representar a linguagem utilizada no cotidiano.

4. Nível Regional:
20 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
Respeita as peculiaridades tonais e vocabulares da linguagem em uma determinada região.

“Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro com a guaiaca empanzinada
de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Caromilha, onde
devia pousar. (Simões Lopes Neto)

5. Nível Literário:

É uma linguagem metafórica e plurissignificativa. No nível de linguagem literário a comunicação se


utiliza de recursos conotativos para que o autor possa expressar geralmente sentimentos e emoções.

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais
longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque com seu hálito perfumado. (...) “Iracema”- José de Alencar

Campo Semântico

Todas as palavras apresentam valores de significado ligados à sua etimologia e ao seu efetivo uso da
língua. O aspecto semântico da palavra tem sido pouco contemplado pelas avaliações dos estudiosos da língua
que normalmente se voltam mais para a avaliação gramatical (plano sintático ou morfológico).

Modernamente a palavra significado tem sido alterada, nas provas de concursos públicos, pela
expressão sentido. Isso ocorre porque a palavra sentido confere um valor mais aproximado, digamos que mais
relativo do que a expressão significado que parece mais estanque.

Para atribuirmos um valor semântico, devemos levar em conta, basicamente, três aspectos:

Relacionar a palavra a outras no texto.

Verificar o sentido comumente empregado.

Identificar o aspecto denotativo ou conotativo que está sendo utilizado.


21 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)

Observe os três casos.

1. Relacionar a palavra com outras no texto

Leia o texto abaixo busque o sentido das palavras sublinhadas.

A secretária, além de esquecer-se de apresentar as notas de sua última viagem, ainda não trouxe a ata da
reunião passada para essa reunião tão importante. Essas blungatides acabarão resultando em demissão por seus
pludores.

Repare que as palavras blungatides e pludores podem ter o seu valor semântico resgatado no texto a
partir da relação correta com outras palavras no texto.

2. Verificar o sentido usual

O valor semântico de uma palavra, por outro lado, também pode ser verificado pela carga semântica que
a palavra traz devido ao seu emprego constante na língua.

Leia as frases abaixo e verifique as diferenças semânticas.

• Mariana estava nua na revista.


• Mariana estava despida na revista.
• Mariana estava pelada na revista.

3. Distinguir o sentido conotativo do denotativo

CONOTATIVO ► Sentido simbólico ("Vou te botar no meio da rua" - Significa: serás demitido)

DENOTATIVO ► Sentido literal ("E se eu morrer atropelado?" - Significa: ser atropelado mesmo)

As palavras por vezes não alcançam o sentido que o autor quer conferir à expressão de um
determinado pensamento, em virtude disso muitas vezes ele acaba fazendo uso de linguagem metafórica –
sentido conotativo – para expressar suas idéias.
22 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
Sabe-se que a palavra urubu apresenta, na linguagem popular, um sentido (conotativo) depreciativo,
negativo. Tanto que o verbo urubuzar no Aurélio Século XXI dá como sinônimo (sentido denotativo) azarar,
olhar com intenção malévola.

Sabe-se também que o adjetivo verde representa (conotativamente) vida e esperança simbolicamente.

Mário Quintana, uma das maiores expressões da poesia gaúcha em todos os tempos, utiliza toda a
sua sensibilidade de poeta afirmar – provavelmente – que a esperança é um sentimento ruim com
possibilidades de boa solução.

“A esperança é um urubu pintado de verde.”

Mário Quintana, Caderno H

Exercícios

Leia o texto abaixo e responda a questão 25.

01. O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança junto às belas casas, os
02. jardins, as piscinas, mas destacava-se acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada por um muro
03. alto. No portão principal, muitos guardas controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam
04. no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados, portando crachá. Mas os
05. assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.
06. Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro0 alto, nos quatro lados. As
07. inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram
08. obrigados a usar crachá.
25. Todas as palavras abaixo são equivalentes do adjetivo rigorosas (l. 7), EXCETO
(a) inflexíveis.
(b) prejudiciais.
(c) severas.
(d) rígidas.
(e) intransigentes.

26. (NCE – 2005) “A viagem teve início...”; o segmento “teve início” pode ser corretamente substituído por
“começou” ou “principiou”; o item abaixo em que o segmento sublinhado NÃO apresenta uma substituição
adequada é:

(a) o problema teve solução = solucionou;

(b) a viagem teve fim = terminou;

(c) o conde teve disposição = dispôs-se a;

(d) o conde teve prazer em viajar = gostou de;

(e) os carros têm obrigação de parar nos sinais = devem.


23 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
05. essa questão para as demais manifestações
Leia o texto abaixo e responda a questão 27.
06. artísticas – música, cinema, teatro e artes
01. Todo mundo ri das desgraças dos
07. plásticas. De há muito, o futebol se infiltrou de
02. outros. Como diz a velha marchinha de
08. tal forma no tecido social brasileiro que está
03. carnaval, “pimenta nos olhos do outro é
09. presente no nosso dia-a-dia de maneira
04. refresco”. É realmente engraçado que o
10. sufocante. Respiramos futebol e falamos de
05. riso seja, quase sempre provocado pelo
11. futebol, quer gostemos ou não de futebol. Ele
06. ridículo, pela situação incômoda, pelo
12. já faz parte da própria natureza do brasileiro.
07. grotesco, pela tristeza. Em épocas de paz
13. Mas isso não está devidamente expresso na
08. (se as há) nunca se viu ninguém
14. poesia ou na prosa, nem impresso nas obras
09. ridicularizando ninguém. Nas outras – menos
15. espalhadas pelas galerias de arte, tampouco
10. calmas, mais vigiadas – o humor burla
16. projetado nas telas de cinema, representado
11. a proibição com a irreverência, com
17. devidamente nos palcos ou capturado em seu
12. a ridicularização dos prepotentes e com a
18. rico gestual pelas coreografias de balé.
13. subversão dos costumes (nem tão
19. Talvez a resposta esteja com o professor,
14. comportados assim).
20. ensaísta, poeta, escritor e gênio em geral,

21. Décio Pignatari, que, a propósito, me disse


27. O sentido veiculado no texto pelos termos
22. certa vez. “É que o futebol é muito maior do
“realmente” (linha 4), “burla” (linha 10) e
“irreverência” (linha 11) corresponde 23. que a criação artística.” O que o mestre queria
respectivamente, a
24. dizer, se entendi, é que o futebol incorpora a
(a) sem dúvida, contraria, irresponsabilidade
25. graça do balé, a dinâmica do cinema, a
(b) de fato, engana, desacato
26. expressão do ser e dos movimentos das artes
(c) igualmente, ironiza, desrespeito
27. plásticas; ele cria os mais inverossímeis
(d) de fato, contraria, irresponsabilidade
28. personagens, tece as tramas mais insólitas
(e) igualmente, ironiza, desacato
29. que a ficção possa conceber e nos derrama

30. um belo verso, ao menos, a cada partida.

A questão de número 28 refere-se ao texto abaixo 31. Assim, criou sua própria semântica, uma

01. Por que cargas d’água o futebol não tem 32. linguagem que dispensa as demais.

02. na literatura brasileira a correspondência de

03. sua verdadeira dimensão na nossa 28. Em muitas passagens do texto, o autor explora
um uso mais abstrato de palavras que têm um
04. sociedade? Na verdade, pode-se expandir significado mais concreto em outros contextos. Um
24 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
exemplo disso é a utilização do verbo esmagar para 20. que a imagem da preguiça se derivou do
dizer que um time esmagou outro, significando que
21. discurso discriminatório contra os negros e
venceu o outro com larga vantagem; nesse caso, o
verbo não tem o significado concreto de destruição 22. mestiços, que são 79% da população da
ou pressão física sobre o objeto. Este fenômeno
ocorre com todas as palavras listadas abaixo, à 23. Bahia. “A elevada porcentagem de negros e
exceção de
24. mestiços não é uma coincidência. A atribuição
(a) se infiltrou (linha 7)
25. da preguiça aos baianos tem um teor racista.
(b) tecido (linha 8) 26. O estudo mostra que a imagem de povo

(c) capturado (linha 17) 27. preguiçoso se enraizou no próprio Estado por

(d) entendi (linha 24) 28. meio das elites de origem européia, que

(e) derrama (linha 29) 29. consideravam os escravos “indolentes”.

30. Depois, se espalhou de forma acentuada no

As questões de 29 e 30 referem-se ao texto abaixo. 31. Sul e no Sudeste a partir das migrações da

01. A famosa “malemolência” ou preguiça 32. década de 40. “Todos os que chegavam do

02. baiana não passa de racismo segundo 33. Nordeste viravam baianos. Chamá-los de

03. concluiu uma tese de do doutorado defendida na 34. preguiçosos foi a forma encontrada para

04. USP. O estudo durou quatro anos. 35. depreciar os trabalhadores desqualificados,

05. A tese defendida pela professora de 36. para estabelecer fronteiras entre os dois

06. antropologia Elisete Zanlorenzi sustenta que o 37. mundos”, diz.

07. baiano é tão eficiente quanto o trabalhador 38. Segundo a tese, outro segmento

08. das outras regiões do Brasil e contesta a visão 39. apropriou-se da preguiça: a indústria do

09. de que o morador da Bahia vive em clima de 40. turismo, que incorporou a imagem para vender

10. “festa eterna”. 41. uma idéia de lazer permanente.

11. “Pelo contrário, é justamente no período


29. Assinale a alternativa em que a palavra da
12. de festas que o baiano mais trabalha. Como segunda coluna constitui um sinônimo adequado
para a respectiva palavra da primeira coluna,
13. 51% da mão-de-obra da população atua no
considerando o contexto em que esta ocorre.
(a) sustenta (l. 6) – confronta
14. mercado informal, as festas são uma

15. oportunidade de trabalho. Quem se diverte é o


(b) contesta (l. 8) – atesta

16. turista” , diz a autora. (c) teor (l. 25) – conteúdo

17. Segundo a antropóloga, o objetivo da (d) se enraizou (l. 27) – se camuflou

18. tese foi descobrir como a imagem da preguiça (e) depreciar (l. 35) – avaliar

19. baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu


25 Prof. Carlos Gilberto Santos (Prof. Betto)
30. A palavra preguiça tem, no texto, sentido
equivalente ao das palavras abaixo, à exceção de

(a) ociosidade

(b) licenciosidade

(c) pachorra

(d) moleza

(e) morosidade
Leia o texto abaixo e responda a questão que segue.

Pensamento Metropolitano

Colonizadores ingleses no meio da selva, mantendo os costumes da metrópole - traje a


rigor para o jantar e um bom claret com a lagartixa - enquanto os nativos em volta sucumbem à
peste. É a imagem que me ocorre quando ouço ou leio analistas econômicos que desdenham,
com superioridade colonial, qualquer tentativa dos nativos de escaparem das ortodoxias
imperativas. A ortodoxia dos credores, pagar e não chiar senão não tem mais, e a da
globalização com proveito só para um lado, que é abrir e entregar tudo, senão vai ter.

Luís Fernando Veríssimo

31. (CONESUL – TRENSURB 2006) Os verbos sucumbir e desdenhar significam,


respectivamente

(a) abolir - gabar

(b) perder o ânimo - prezar

(c) não resistir - tratar com desprezo

(d) cair debaixo - desleixar

(e) contrair - sublimar

Inferência

Inferência = garantia

O raciocínio inferencial, muito solicitado nas provas de concursos públicos, é


simplesmente uma dedução lógica permitida pelas informações do texto. Se o texto permitir
uma determinada conclusão a partir das idéias nele registradas, isso é uma inferência. Portanto
envolve informação garantida pelo texto. Outras formas de ser solicitada este tipo de análise
são as perguntas do tipo:

• Depreende-se do texto ...


• Conclui-se a partir do texto ...
• Podemos deduzir do texto ...
• O texto garante que ...
• Podemos inferir do texto ...

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
Leia o texto abaixo e a seguir marque (V) para as informações garantidas pelo texto –
inferências – e marque (F) para as falsas inferências.

Texto
32. “A principal forma de dignidade humana é auxiliar o menos favorecido.”
( ) Quem auxilia o menos favorecido é digno.
( ) Quem auxilia o mais abastado não é digno.
( ) Auxiliar outra pessoa pode ser digno.
( ) Quem auxilia outra pessoa pensa em ser digno.
( ) Os menos favorecido necessitam de auxílio.
A alternativa correta é:
(a) F-F-V-V-F
(b) V-F-V-F-F
(c) V-F-F-V-F
(d) F-V-F-F-F
(e) V-V-V-F-F

33. A frase que equivale, em sentido, a “Apenas neste século as mulheres passaram a ter a
oportunidade de agir mais diretamente na construção da cidadania” é

(a) Neste século, apenas as mulheres passaram a ter a oportunidade de agir mais diretamente
na construção da cidadania.

(b) As mulheres passaram a ter, neste século, apenas a oportunidade de agir mais diretamente
na construção da cidadania.

(c) Neste século, as mulheres passaram a ter a oportunidade de apenas agir mais diretamente
na construção da cidadania.

(d) Neste século apenas, as mulheres passaram a ter a oportunidade de agir mais diretamente
na construção da cidadania.

(e) As mulheres passaram a ter, neste século, a oportunidade de agir mais diretamente apenas
na construção da cidadania.

A questão de número 34 refere-se ao texto abaixo.

01. Além do óbvio apelo à tradição cristã do

02. povo, que facilitava a transmissão da imagem

03. de um Cristo cívico, poder-se-ia perguntar por

04. outras razões do êxito de Tiradentes como

05. herói republicano, porque não foi sem

06. resistência que ele atingiu tal posição.

07. Tiradentes tinha competidores históricos

08. ao título de herói do novo regime instalado em

09. 1889, entre os quais Frei caneca, mártir das

10. causas liberais no Nordeste, que acabou

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
11. fuzilado. Possivelmente o motivo central da

12. escolha do mineiro foi o fato de a conjuração

13. de que participou jamais ter alcançado a ação

14. concreta, poupando ao país violência e

15. derramamento de sangue e rendendo-lhe a

16. aura de mártir imaculado.

34. Segundo lemos no texto,

(a) O autor não tem certeza de que Tiradentes tenha sido considerado herói republicano, como
se pode perceber na dúvida expressa pela palavra "possivelmente" (l. 11).

(b) Há uma correlação entre a inexistência de ação concreta e a razão da escolha do mineiro,
como se observa na afirmativa centrada na passagem "foi o fato" (l. 12)

(c) Houve vários mártires das causas liberais no Nordeste além de Frei Caneca, como se pode
inferir na passagem "entre os quais" (l. 9).

(d) O autor do texto reprova o excesso de liberalismo de Frei Caneca e vê nele o motivo central
de seu triste destino, como se pode ver na passagem "que acabou fuzilado" (l. 10 e 11)

(e) Já na época da instalação do novo regime, em 1889, perguntava-se pelas razões do êxito
de Tiradentes, como depreendemos pelo uso do tempo do verbo "poder-se-ia" (l. 3).

A questão de número 35 refere-se ao texto abaixo.


01. Língua é caráter. O português brasileiro é

02. mais anasalado do que o de Portugal. Eles

03. dizem “ao” onde nós dizemos “ão”, por isso a

04. nossa “corrupção” parece maior, tem a força

05. descritiva de um superlativo. É como se

06. existisse a palavra “corrupcinha”, mas, de tão

07. pouco adequada aos nossos hábitos, se

08. tivesse perdido no tempo, substituída para

09. sempre pelo seu oposto Nosso português

10. liberado pelo nosso tamanho nos compeliria

11. só aos grandes pecados. A culpa não é nossa,

12. é da nossa geografia. É dos nossos

13. superlativos. Espaço é destino. Ditongo nasal

14. é destino. O que, mais do que uma tese, é um

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
15. álibi.

35. Considere as alternativas abaixo.

I. “Corrupção” e “corrupcinha” são os exemplos utilizados pelo autor para refutar a afirmação
contida na primeira frase do texto.

II. O autor elabora uma argumentação não científica, porém consistente, para justificar as
afirmações feitas a partir da segunda frase.

III. Ser o “ao” mais ou menos anasalado, segundo o autor, depende da língua em que ele é
realizado.

Quais estão corretas?

(a) Apenas I

(b) Apenas II

(c) Apenas III

(d) Apenas II e III

(e) I, II e III

Leia o texto abaixo e responda a questão que segue.

Em um país cujo governo se acostumou a controlar tudo — inclusive a Internet,


monitorada 24 horas por dia por milhares de censores —, não surpreende que se tente domar
a meteorologia. Agosto, mês em que serão disputados os Jogos Olímpicos, é uma época
chuvosa em Pequim. Para que um temporal não estrague as cerimônias de abertura e de
encerramento, os chineses decidiram recorrer a uma técnica conhecida como nucleação de
nuvens. Bombardearão os céus com iodeto de prata, substância catalisadora de chuva. Se
nuvens negras se aproximarem de Pequim nos dias de início e fim das Olimpíadas, lançadores
de foguetes estarão a postos para induzir a chuva antes que ela chegue ao Estádio Olímpico.

A nucleação de nuvens não é uma técnica nova. O custo elevado em relação aos
benefícios faz com que seu uso seja apenas ocasional, mesmo nos Estados Unidos da
América, país onde surgiu, nos anos 40. Na China, ela é empregada em grande escala para
corrigir desigualdades entre regiões secas e chuvosas.

36. (CONSULPLAN – 2008) Com referência às idéias do texto acima, assinale a opção correta.

(a) De acordo com o texto, nada — nem a Internet, nem a meteorologia, nem as Olimpíadas —
escapa ao rígido controle do governo chinês.

(b) Durante as Olimpíadas de 2008, os chineses bombardearão os céus com iodeto de prata
para que não chova em Pequim.

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
(c) Na China, apesar do custo elevado da nucleação de nuvens, essa técnica, utilizada
freqüentemente em grandes eventos, será usada nas Olimpíadas, que ocorrerão em agosto
deste ano, época chuvosa em Pequim.

(d) Infere-se da leitura do texto que os chineses estão preocupados com o sucesso das
cerimônias de abertura e de encerramento das Olimpíadas.

37. (FUNRIO – 2007) “Após alguns anos ministrando cursos in company”, a autora pôde
concluir que o homem de negócios “é um artista por excelência”. Tal conclusão supõe uma
idéia do que seja o artista e uma idéia do que seja o homem de negócios. De acordo com as
informações e os elementos contidos no texto, assinale a alternativa que mais
CORRETAMENTE expressa tal analogia entre o artista e o homem de negócios:

(a) assim como o artista, o homem de negócios precisa dominar todo um intrincado conjunto de
estratégias para que o objetivo final seja alcançado

(b) tanto o homem de negócios quanto o artista estão às voltas, como tarefas inerentes a suas
atividades principais, estão às voltas com telefonemas, e-mails, cotações, relatórios, ofícios e
almoços com representantes

(c) o artista, como o músico, por exemplo, e o homem de negócios, para o correto desempenho
de suas atividades precípuas, devem ter como estratégias a serem dominadas e utilizadas com
absoluta precisão o “bem falar” e o “bem escrever”

(d) o homem de negócios necessita de uma relação íntima com a palavra para não acabar
dando com os burros n’água

(e) o homem de negócios que não estiver iniciado na arte palavra estará sujeito a não fechar
negócios com facilidade

Leia o texto abaixo e responda a questão 38.

“Velhos e novos”

Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2006.

Quero discutir uma questão que vem há muito me incomodando.


Há alguns anos, o governo e a sociedade se preocupam com o ingresso no
mercado de trabalho de jovens e idosos (o que acho válido). E a faixa
intermediária, como fica? Sendo velhos para o mercado de trabalho e
novos para se aposentarem, ficam esquecidos, sujeitos a todo tipo de
humilhação, caindo muitas vezes na depressão, no alcoolismo, com baixa
auto-estima. Por que até o momento ainda não foram lembrados? Alguém
já fez alguma pesquisa a esse respeito, para saber o número dos cidadãos
brasileiros que passam por esse momento?

Atenciosamente,

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
Jussimar de Jesus

(por e-mail, Jornal O Globo, 23/10/06.)

38. Considerando as idéias contidas no texto, a posição (tese) defendida pelo autor é que há
uma

(a) preocupação dos governos com o ingresso dos jovens no mercado de trabalho.

(b) faixa etária intermediária a ser lembrada pela sociedade na preocupação com o mercado de
trabalho.

(c) preocupação da sociedade em inserir os idosos no mercado de trabalho.

(d) percentagem de brasileiros sujeitos ao alcoolismo que precisa ser pesquisado com
urgência.

(e) faixa da população idosa sujeita à humilhação, à depressão e à perda da auto-estima.

Leia o texto abaixo e responda a questão que segue.

Pensamento Metropolitano

Colonizadores ingleses no meio da selva, mantendo os costumes da metrópole - traje a


rigor para o jantar e um bom claret com a lagartixa - enquanto os nativos em volta sucumbem à
peste. É a imagem que me ocorre quando ouço ou leio analistas econômicos que desdenham,
com superioridade colonial, qualquer tentativa dos nativos de escaparem das ortodoxias
imperativas. A ortodoxia dos credores, pagar e não chiar senão não tem mais, e a da
globalização com proveito só para um lado, que é abrir e entregar tudo, senão vai ter.

A moral dominante, segundo a qual o calote e a desobediência a Washington são mais


escandalosos do que a fome, é a dos ricos do mundo. Os que a encampam, aqui nas colônias,
não são ingleses, mas cultivam os hábitos e o pensamento metropolitano e não conseguem ser
e pensar de outro jeito. Está certo que é preciso resistir ao simplismo de achar que o Brasil
pode abandonar completamente a engrenagem e seguir seu próprio romântico caminho, tudo
com a gente e vamo lá. Mas o pensamento metropolitano não defende o bom senso, defende o
bom-tom, o nosso conceito entre as nações finas.

Preocupa-se não com a relação direta entre a sangria da dívida e do custo da nossa
submissão e as nossas carências, mas com o que o Wall Street Journal vai pensar de nós.

Para o pensamento metropolitano, não há como fugir da engrenagem e quem pensa


que há é um ingênuo, um primitivo ainda não iniciado nas duras verdades econômicas do
mundo moderno. Já os nativos sabem que, seja qual for a rota de fuga, o seu primeiro passo
certamente é abandonar o pensamento metropolitano e adotar a emergência à sua volta como
matéria de raciocínio.

E o que essa gente está fazendo de smoking nos trópicos, afinal?

Luís Fernando Veríssimo

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
39. (CONESUL – TRENSURB 2006) Considere as seguintes afirmativas.

1. Os ingleses que vivem no Brasil costumam usar smoking e tomar claret, mesmo
morando na selva.

2. Os analistas econômicos são seres superiores que defendem os interesses de nosso


país.

3. Não podemos considerar nosso conceito frente às nações finas mais importante que
nossos problemas mais urgentes.

4. Somente uma atitude simplista fará com que o Brasil consiga fugir da engrenagem e
seguir seu próprio caminho.

De acordo com o texto, qual(is) está(ão) incorreta (s)?

(a) Apenas uma.

(b) Apenas duas.

(c) Apenas três.

(d) Nenhuma delas.

(e) Todas elas.

Sugestões de Leitura:

Textos eventuais e curtos de filosofia.

Zero Hora (seção de Artigos e Editoriais)

Colunas: David Coimbra; Martha Medeiros e Arnaldo Jabor (Folha de São Paulo)

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888
GABARITO

1. A 6. E 11. B 16. B 21. D 26. A 31. C 36. D

2. E 7. E 12. A 17. D 22. C 27. B 32. B 37. A

3. A 8. B 13. B 18. D 23. B 28. D 33. D 38. B

4. D 9. C 14. C 19. B 24. B 29. C 34. B 39. C

5. A 10. C 15. D 20. C 25. B 30. B 35. B

Rua Vicente da Fontoura, 1578 Santana Porto Alegre/RS 90640-002


www.idc.org.br www.ead.idc.org.br idc@idc.org.br (51) 3028-4888

Você também pode gostar