Você está na página 1de 20

ENVIRONMENTAL, Social &

Governance – esg
Profa. Luciene Lopes Baptista

2023.1
O que é o ESG?
• É um movimento pelo qual as empresas listadas em bolsa, são instadas pelo mercado,

preponderantemente o de investidores, a implementar princípios ambientais, sociais e de

governança em seus processos, estabelecer metas, avaliar as ações tomadas e medir,

autenticar e reportar os resultados alcançados.

• É um modo de as organizações de toda natureza realizarem os seus objetivos, guiando-se por

princípios ambientais, sociais e econômicos responsáveis, supervisionados por uma

governança robusta,

• É buscar incluir os anseios das partes interessadas em suas estratégias, com a avaliação

e tratamento de riscos, e oportunidades associadas, e a promoção da transparência dos

resultados dessa conduta.

https://abqualidade.org.br/esg-e-sua-contribuicao-para-sustentabilidade-e-qualidade/(sábado, março 11, 2023)


Como nasceu o ESC...

• O conceito de sustentabilidade organizacional está intimamente relacionado com o


resultado da 1ª Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente realizada em 1972,
também conhecida como Conferência de Estocolmo.
• O resultado dessa Conferência foi consolidado na DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO sobre
o Meio Ambiente e na criação da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. O trabalho dessa Comissão foi consolidado, em 1987, no
documento “Our Common Future” (Nosso Futuro Comum) ou, como é bastante
conhecido, Relatório Brundtland.
• Esse documento apresentou os problemas mais críticos em relação ao
desenvolvimento do meio ambiente e propôs soluções. Nele, também foi estabelecido
o conceito de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: “Aquele que responde às
necessidades do presente de forma igualitária, mas sem comprometer as
possibilidades de sobrevivência e prosperidade das gerações futuras”.
Como nasceu o ESC...

• No período entre 1987 e 2000, a repercussão positiva do Relatório foi notável e


surgiram variadas iniciativas e proposições baseadas na ideia da SUSTENTABILIDADE
como o triple bottom line (linha de total tripla – econômica, social e ambiental),
propagados por John Elkington, reforçando o papel da governança como direcionador
da atuação organizacional.
• Enquanto isso, em 2000, a ONU emitia os oito Objetivos do Milênio para 2015, com
vetor mais social do que ambiental e sem enfatizar a governança, visando a
impulsionar a cultura da sustentabilidade em instituições e empresas por meio
do Global Compact (Pacto Global).
• Em 2002, no âmbito da Comissão Europeia, nasce o movimento “PPP – Pessoas,
Planeta, Prosperidade”, atualizado em 2017 para os 5P´s – Pessoas, Planeta,
Prosperidade, Paz, Parcerias.
Como nasceu o ESC...
• A ONU, no âmbito do Global Compact (Pacto Global), estimulando a busca de uma abordagem mais
focada na aplicação por meio do Sec. Geral Kofi Annan, engajou 18 entre as maiores instituições
financeiras do mundo, de 9 países, representando US$6 trilhões em ativos, para criar um guia e
recomendações para integrar questões de meio ambiente, sociais e de governança corporativa com a
gestão de ativos, corretagem de títulos e atividades associadas.

• Esse grupo produziu um relatório final denominado “Who Cares Win”, de 2005, onde os termos como
sustentabilidade, desenvolvimento sustentável foram pontualmente referenciados e outros não foram
referenciados, como cidadania corporativa, para evitar mal-entendidos decorrentes de diferentes
interpretações e definições não formuladas de alguns desses termos.

• O guia de recomendações, esquematizadas na figura “Graphical summary of key recomendations”,


instituiu a sigla ESG (Environmental, Social and Governance) para sintetizar o movimento desejado.
Como nasceu o ESC...
• Com o advento do consenso, em 2015, sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS) para 2030, do objetivo NetZero para 2050, estabelecido pela 26ª COP (Conferência das
Partes sobre o clima), de 2021 e a recente orientação estratégica dos Princípios para o
Investimento Responsável nessa direção, como divisores de água, emerge uma “2ª geração” de
ESG, bem mais exigente em termos de engajamento de empresas, instituição e reguladores.

• Em função dos novos desafios desse ESG, o Fórum de Governança Corporativa de Harvard Law
School, reconheceu em 2021 a necessidade de desenvolvimento de um novo perfil de
liderança para o ESG 2.0. As exigências vêm se refletindo no endurecimento de protocolos de
indexação ESG existentes no mercado de capitais e na regulação como um todo, e que podem
variar entre regiões e setores.
OBJETIVOS DO ESG
• Conscientizar, estimular e instanciar ações nas organizações para se tornarem agentes mais participativos

de transformação da sociedade, com vistas a adotar consensos globais, normas ou regulamentações

internacionais e locais, relativos ao desenvolvimento sustentável, atraindo dessa forma o crescente

interesse do capital disponível para investimentos sustentáveis.

• Se posicionar no mercado com as credenciais ESG no seu negócio. O ESG tem como finalidade oferecer

uma visão de que os tomadores de recursos financeiros têm boas práticas de governança e atuam

ativamente para melhorar a sociedade e o meio ambiente, enquanto criam valor para o acionista,

oferecendo menores riscos para a perenização do negócio e, consequentemente, para os investidores.

• A perspectiva do mercado financeiro para o ESG volta-se para investimentos, riscos e oportunidades. o ESG

possibilita uma melhor avaliação de riscos, oportunidades e investimentos.


Benefícios do ESG
Para a sociedade:
• Garantia de atendimento às necessidades das futuras gerações;
• Melhoria da qualidade de vida para as gerações atuais;
• Desenvolvimento da cultura 5P’s – Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria;
• Ampliação da rede de adesão de empresas, instituições e reguladores aos grandes
consensos mundiais e seus desdobramentos pelo mercado;
• Obtenção e disseminação de exemplos de atuação socioambiental e de governança
responsáveis por empresas e instituições;
• Estímulo à diversidade de ideias sobre a atuação responsável na sociedade.

Ponto crítico: Ter elementos confiáveis para reconhecer as boas práticas de ESG.
Benefícios do ESG
Para as organizações:
• Para empresas listadas, maior atratividade de fundos de investimento signatários e
praticantes dos Princípios do Investimento Responsável;
• Maior equidade, transparência e melhor avaliação de riscos e oportunidades diferenciais
importantes como critério de alocação de recursos por parte de investidores;
• Acesso às linhas de crédito verde, ou seja, aquelas voltadas para o financiamento de
projetos sustentáveis e que contam com taxas de juros menores e prazos mais acessíveis;
• Imagem e reputação de empresa praticante da sustentabilidade nos seus negócios;
• Fidelização de clientes que valorizam o consumo de produtos e serviços sustentáveis;
• Mitigação de possíveis riscos socioambientais
• Redução de interferências regulatórias e legais, incluindo sanções como multas e outras
penalidades;
Benefícios do ESG
Para as organizações:
• Acesso a novos mercados que valorizem a sustentabilidade praticada pela organização,
principalmente manifesta em seus produtos e serviços;
• Possibilidade de emitir green bonds, isto é, títulos de dívida com destinação exclusiva para
projetos que promovam impactos positivos no meio ambiente;
• Potencial de melhores índices de satisfação, atração e retenção de talentos entre os
funcionários e candidatos às vagas;
• Maior diversidade social, que permite opiniões e pontos de vista diferentes, os quais
contribuem positivamente para melhorar o processo decisório da empresa;
• Potencial ganho de vantagem competitiva frente aos concorrentes no longo prazo, tendo
em vista a antecipação de critérios regulatórios e legais.
Ponto crítico: Fazer o que prega com transparência e integridade, caso contrário os
benefícios serão cancelados.
Benefícios do ESG
Para os investidores e acionistas:
• Maior segurança do investimento e retorno no longo prazo;
• Tomada de decisão com base em riscos, e oportunidades a partir de uma análise
mais ampla e completa dos riscos e oportunidades organizacionais;
• Associação do investimento à causa da sustentabilidade, favorecendo a sua
reputação e imagem no mercado e sociedade;
• Potencial maior de retorno econômico pela valoração dos ativos e preferência do
mercado, decorrente de reconhecimentos socioambientais e ESG públicos.

Ponto crítico: Realizar uma avaliação confiável sobre o risco e oportunidade no


processo de decisão sobre investimentos.
Benefícios do ESG
Para os consumidores:
• Comprometimento com as necessidades dos consumidores das gerações futuras e
para a vida no planeta;
• Exercício do poder de preferência por produtos responsáveis, do ponto de vista
socioambiental;
• Maior segurança de perenidade dos fornecedores com padrões exigentes de
governança;
• Desenvolvimento da cultura de responsabilidade social individual, favorecendo o
consumo responsável.

Ponto crítico: Ter elementos confiáveis para valorizar as marcas e reconhecer que a
empresa tem boas práticas de ESG.
Métricas do ESG
• Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM’s) forneceram uma
estrutura importante para o desenvolvimento e obtiveram sucesso em
diversas áreas, tais como a redução da pobreza e a melhoria da saúde e da
educação nos países em desenvolvimento.
• A prática do ESG, pelas organizações, pode se dar pela adesão aos ODS por
meio de ações afirmativas que vão além da simples execução da missão
associada a qualquer um deles, mas buscando ações compatíveis com
demais objetivos, avaliando os resultados dessas ações, estabelecendo
metas, mobilizando pessoas e parceiros e procurando servir de exemplo
para outras organizações.
• As ações ESG que contribuem para os ODS’s podem ser individualmente
avaliadas por meio de: avaliação consensual do grau de alcance das ações
(método Delphi); evolução de indicadores de produção ou de desempenho;
da intensidade das metas; competitividade de indicadores de desempenho
associados ou por um conjunto ponderado de todos esses elementos.
Métricas do ESG
• Entre os ratings internacionais destacam-se o
Bloomberg ESG Data Service, Corporate Knights Global
100,
Dow Jones Sustainability Index (DJSI), ISS Quality
Score/ISS-Ethix, MSCI ESG Research, RepRisk,
Sustainalytics Company ESG Reports e Thomson
Reuters ESG Research Data (sintetizados, comparados
e atualizados pelo Forum “Harvard Law School Forum
on Corporate Governance” em dezembro de 2022).
• No Brasil destacam-se o ISE-B3 (Índice de
Sustentabilidade Empresarial da B3) e o recente ABES
ESG Index, voltado às partes interessadas da esfera do
saneamento ambiental, tendo em vista os US$7,6bi de
investimentos previstos no setor até 2033 em
decorrência do marco regulatório de 2022.
• Entre as práticas essenciais encontram-se as de
governança, de planejamento estratégico e de
gerenciamento de riscos, e oportunidade bem como os
resultados associados, incluindo relativos às sanções
recebidas e potenciais.
Métricas do ESG

• A ISO – International Organization for Standardization, tendo em vista o conjunto


de Normas Internacionais vigentes em temas relacionados ao ESG, instituiu em
junho de 2021, um grupo estratégico de estudos – SAG para desenvolvimento de
uma estratégia e recomendações sobre a contribuição da ISO no fortalecimento
das práticas ESG. As pesquisas e a análise da ISO para ampliar sua contribuição
ao movimento ESG indicou considerar em normativas, temas sociais, no tocante
a direitos humanos, relações com partes interessadas e a mensuração de
impactos sociais. São as seguintes as conclusões do ISO ESG SAG em 2022:
Guia para implantação do ESG
1) Adoção de um modelo ESG norteador, que pode ser um modelo de indexação ESG, um modelo de gestão
ESG, um conjunto de normas associadas ao ESG, ou um modelo de gestão empresarial existente na
organização e que possa atender ao ESG;
2) Metodologia participativa, que possibilite a formação de influenciadores e facilitadores internos; e
3) Engajamento, e a capacitação em ESG avançado, da alta direção, e a designação de membro responsável,
uma vez que será necessário gerir projetos, orçamentos e investimentos associados à iniciativa. Esse
responsável geralmente está associado a áreas de gestão de riscos, compliance, relações com investidores ou
gestão corporativa.
Principais temas a serem considerados ao longo da implantação ESG:
• E: Emissões de gases do efeito estufa e poluentes, eficiência energética, uso de recursos hídricos, cuidados
com a biodiversidade, economia circular, geração de resíduos, pegada de carbono, impactos em mudanças
climáticas, stress hídrico, e fontes de recursos naturais. Oportunidades relacionados ao meio ambiente;
tecnologia limpa, Green Building e energia renovável;
• S: Saúde, segurança, bem-estar e direitos do trabalhador, ética nas relações, diversidade,
impactos na comunidade, clientes e sociedade, atuação social inclusiva e não só
assistencialista, desenvolvimento do capital humano, acesso a financiamento, acesso a
comunicação, acesso a saúde.
• G: Planejamento estratégico ESG, direitos e materialidade de partes interessadas, compliance (legalidade e
conformidade estatutária), riscos e oportunidades, transparência, ética no negócio;
• Vale ressaltar que os 17 ODS’s são inspiradores de ações nos três eixos ESG para qualquer organização.
17
ODS’S
Fonte: https://pensamentocorporativo.com/2021/07/11/nove-passos-para-implementar-um-programa-esg-na-empresa/
Etapas da implantação do ESG
1.Incorporação no portifólio de estratégias com metas;
2.Seleção do modelo norteador com métrica de progresso;
3.Educação para ESG (Alta direção, gestores e facilitadores);
4.Preparação do mapa de materialidade de partes interessadas, incluindo métricas de atendimento de
necessidades;
5.Análise dos riscos e oportunidades para o negócio e para as partes interessadas;
6.Levantamento das práticas essenciais – governança, planejamento estratégico, riscos e oportunidades
7.Inventário de sanções e adversidades;
8.Inventário sobre as ações ESG da organização e métricas associadas, não existindo, avaliar por fator;
9.Verificação com práticas e ações requeridas pelo modelo adotado;
10.Definição e implementação de plano de melhoria ESG;
11.Alinhamento das melhorias no sistema de gestão;
12.Reporte e compartilhamento das práticas, ações e resultados segundo modelo ESG adotado;
13.Avaliação e melhoria do ciclo.

A implementação efetiva requer a construção de uma cultura organizacional responsável e alinhada com os
princípios ESG, bem como assumir compromissos públicos, avaliar o progresso e relatar práticas, ações e
resultados de sustentabilidade.

Você também pode gostar