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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) 2.º VICE-


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
TRATA-SE DA ORDEM DE HABEAS
CORPUS N.º 8 IMPETRADA PELO SUBSCRITOR, NO
ANO DE 2022, EM RAZÃO DA DEMORA
DESARRAZOADA DA VARA DE EXECUÇÃO PENAIS EM
APRECIAR PEDIDOS.

TJRJ 202200029023 25/01/2022 13:01:36 HM=: Petição Inicial Eletrônica


DENIS DE OLIVEIRA PRAÇA, Defensor Público titular da 1.ª
DP do Interior de Defesa da Pessoa Presa do Núcleo do Sistema
Penitenciário da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, vem,
perante Vossa Excelência, impetrar

HABEAS CORPUS

Em favor de GILBERTO NARCISO BARROS, inscrito no Registro Geral sob o n.º


20.716.655-4, por força de ilegalidade cometida pelo JUÍZO DE DIREITO DA
VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, com
fulcro no inciso LXVIII do artigo 5.º da Constituição da República e nos artigos 647
e 648 e incisos do Código de Processo Penal, requerendo seja a presente ação
distribuída a uma das Colendas Câmaras Criminais deste Egrégio Tribunal de
Justiça.

Volta Redonda, 25 de janeiro de 2022.

DENIS DE OLIVEIRA PRAÇA


Defensor Público

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


COLENDA CÂMARA CRIMINAL
EXCELENTÍSSIMOS DESEMBARGADORES

Impetrante: Denis de Oliveira Praça


Paciente: Gilberto Narciso Barros
Impetrado: Juízo de Direito da Vara de Execuções Penais do Estado do Rio de
Janeiro

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DENIS DE OLIVEIRA PRAÇA, Defensor Público titular da 1.ª
DP do Interior de Defesa da Pessoa Presa do Núcleo do Sistema
Penitenciário da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, diante de
ilegalidade cometida pelo JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES
PENAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, que impõe prejuízo ao paciente
GILBERTO NARCISO BARROS, impetrou ordem habeas corpus que deflagrou
processo distribuído a esta Colenda Câmara Criminal.

I – DOS FATOS

O paciente cumpre pena privativa de liberdade, que está


sendo executada pela Vara de Execuções Penais do Estado do Rio de Janeiro,
em razão da prática dos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico
(tela do Sistema Eletrônico de Execução Unificado em anexo).
Ao deferir a progressão do paciente para o regime
semiaberto, o juízo singular fixou o dia 02 de outubro de 2020 como nova data-
base da progressão de regime, haja vista que nesta data o paciente preencheu o

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requisito objetivo-temporal necessário à progressão para o regime intermediário


(decisão em anexo).
Ocorre que o cálculo de pena que indicava tal data, não
considerava a entrada em vigor de nova lei penal mais benéfica, que passou a
exigir o cumprimento de 16% (e não mais de 1/6) da pena do crime de associação
para o tráfico para fins de progressão de regime.
Diante desse quadro, a defesa técnica formulou pedido de
aplicação retroativa da nova lei penal mais benéfica com a respectiva correção da
data-base da progressão de regime, eis que considerada a nova lei, o paciente

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teria cumprido o tempo de pena necessário à primeira progressão antes de 2 de
outubro de 2020 (petição em anexo).
No dia 30 de junho de 2021, o juízo singular aplicou ao caso
concreto, de forma retroativa, nova lei penal mais benéfica, determinando a
retificação da data-base da progressão de regime. Além disso, deferiu a remição
de parte da pena em razão das atividades laborativas desenvolvidas pelo
apenado nos meses de outubro e novembro de 2020 (decisão em anexo).
Contudo, a serventia não alterou o cálculo de pena, que
continua desconsiderando os dias remidos por força das atividades laborativas
mencionadas e continua considerando o dia 2 de outubro de 2020 como data-
base da progressão de regime (cálculo de pena em anexo).
A defesa técnica, então, impugnou o cálculo de pena para que
a decisão proferida pelo juízo singular fosse cumprida, mediante petição
protocolizada no dia 6 de julho de 2021 (petição em anexo).
O pedido foi reiterado em 19 de outubro de 2021 (petição em
anexo).
Nada obstante o exposto, passados quase sete meses da
formulação da impugnação ao cálculo de pena, não houve apreciação, valendo
notar que não houve qualquer movimentação da marcha processual desde que a
impugnação original foi realizada, com exceção da reiteração do pedido

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apresentada pela própria defesa técnica (tela do Sistema Eletrônico de Execução


Unificado em anexo).
Não nos parece razoável que singelo pedido demore meses
para ser apreciado, o que não deixou outra alternativa à defesa técnica que não a
presente impetração.

II – DO DIREITO

A Constituição da República consagra o direito fundamental à

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inafastabilidade do controle jurisdicional, assegurando que sequer a lei pode
afastar da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5.º,
XXXV da CRFB/88).
Portanto, a mais singela interpretação do dispositivo
constitucional em comento nos permite concluir que a norma constitucional
impede o Poder Legislativo de produzir diploma legal que vede ou restrinja em
demasia o acesso aos órgãos do Poder Judiciário.
Esta simples concepção do princípio da inafastabilidade do
controle jurisdicional autoriza a afirmação de que a difícil situação que assola a
Vara de Execuções Penais, decorrente da notória insuficiência de recursos
humanos, não pode impedir o Poder Judiciário de apreciar a lesão ao direito de
liberdade de locomoção do paciente, tendo em vista que sequer a lei poderia
fazê-lo.
A lição de Fredie Didier Júnior corrobora todas as nossas
assertivas iniciais ao tratar do princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional:

“Este princípio não se dirige apenas ao


Legislativo – impedido de suprimir ou restringir o direito à
apreciação jurisdicional -, mas também a todos quantos
desejem assim proceder, pois, ‘se a lei não pode, nenhum ato

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ou autoridade de menor hierarquia poderá’ excluir algo da


apreciação do Poder Judiciário.” (In Curso de Direito
Processual Civil, Salvador: Podivm, 10.ª edição, 2008, p. 87).

Some a isso que o princípio em comento não se limita a


impedir a construção de óbice legal à apreciação de lesão ou ameaça a direito
pelo Poder Judiciário, exigindo também que o Estado-juiz preste tutela
jurisdicional qualificada, ou seja, rápida, efetiva e adequada.
Novamente nos socorremos do professor Fredie Didier Júnior:

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“O conteúdo desta garantia era entendido,
durante muito tempo, apenas como a estipulação do direito de
ação e do juiz natural. Sucede que a mera afirmação destes
direitos em nada garante a sua efetiva concretização. É
necessário ir-se além. Surge, assim, a noção de tutela
jurisdicional qualificada. Não basta a simples garantia formal
do dever do Estado de prestar a Justiça; é necessário
adjetivar esta prestação estatal, que há de ser rápida, efetiva
e adequada.” (In Ob. cit. p. 89).

Assim, não bastasse a morosidade contumaz que assola o


juízo singular constituir verdadeiro obstáculo à apreciação da lesão ao direito de
liberdade do paciente, verifica-se que frustra qualquer rapidez da tutela
jurisdicional.
Saliente-se que ao tratar do procedimento no processo de
execução penal, a Lei de Execução Penais estabelece que:

“Art. 194. O procedimento correspondente às


situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se
perante o Juízo da execução.

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“Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de


ofício, a requerimento do Ministério Público, do interessado, de
quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente,
mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da
autoridade administrativa.

“Art. 196. A portaria ou petição será autuada


ouvindo-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério

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Público, quando não figurem como requerentes da medida.

“§ 1.º Sendo desnecessária a produção de


prova, o Juiz decidirá de plano, em igual prazo.

“§ 2.º Entendendo indispensável a realização de


prova pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a
produção daquela ou na audiência designada.”

Não há dúvida, portanto, de que o prazo legal para apreciação


do pedido em comento é curtíssimo e já restou há muito esgotado.
Não se pode olvidar que o ordenamento jurídico fixa em dez
dias o prazo máximo para a prolação de sentença (art. 403, parágrafo 3.° do
CPP), provimento jurisdicional de grande complexidade, eis que exige a valoração
de toda prova produzida ao longo do processo, além do enfrentamento das teses
construídas pelas partes do processo.
Nesse contexto, não se pode admitir que a apreciação de
pedido singelo, despido de maior complexidade, demore meses para ser
realizada.

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Com efeito, deve ser concedida a ordem, determinando-se a


apreciação, em um prazo máximo de três dias, da impugnação ao cálculo de
pena.

III – DO PEDIDO

Ante todo o exposto, requer a Vossas Excelências:

a) A concessão da ordem, determinando-se a apreciação,

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em um prazo máximo de três dias, da impugnação ao cálculo
de pena.

Volta Redonda, 25 de janeiro de 2022.

DENIS DE OLIVEIRA PRAÇA


Defensor Público

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