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Detalhes da Jurisprudência
2º Grau
Processo
NOVO
Documentos do processo
Inteiro Teor Decisão
STJ - 14/03/2014
Decisão
TJ-MG - 09/11/2012
EMENTA: Apelações cíveis. Ação de indenização. Dano moral. Violência
sexual em estabelecimento da APAE. Causador do dano. Agente incapaz. Art. Acórdão
TJ-MG - 20/04/2012
928 do Código Civil de 2002. Responsabilidade subjetiva mitigada ou
subsidiária. Dano moral existente. Reparação devida. Valor da indenização.
Arbitramento correto . Recursos não providos. 1. A responsabilidade civil por
ato ilícito pressupõe uma conduta antijurídica, uma lesão efetiva e o nexo
entre uma e outra. 2. O Código Civil de 2002 substituiu o princípio da
irresponsabilidade absoluta do absolutamente incapaz por doença ou
deficiência mental pelo princípio da responsabilidade mitigada e subsidiária.
3. De acordo com o art. 928 do Código Civil de 2002, as pessoas naturais sem
discernimento respondem pelos prejuízos que causarem se os responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes para
tanto. 4. A indenização prevista no art. 928 do Código Civil de 2002, deverá
ser equitativa e não poderá privar do necessário o incapaz ou as pessoas que
dele dependem. 5. Apelações cíveis conhecidas e não providas, mantida a
sentença que acolheu em parte a pretensão inicial.
ACÓRDÃO
(SEGREDO DE JUSTIÇA)
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
VOTO
Segunda apelação.
A testemunha E.S., f. 487, afirmou que a mãe da primeira apelante lhe disse
que iria embora da cidade porque a filha dela não queria mais ir à escola em
decorrência da violência sofrida.
A testemunha S.L.S., ff. 664/665, afirmou que foi ela quem fez o exame de
corpo de delito na primeira apelante a pedido da APAE, após conversas de que
a primeira recorrente havia sido violentada naquela instituição. Asseverou
que, na época do exame, não havia ocorrido ruptura de hímen da primeira
apelante. Acrescentou que conhecia o segundo apelante e que ele era
prestativo e nunca ouviu dizer que ele fosse agressivo. Afirmou que ouviu
comentários que o segundo apelante seria homossexual, mas não pode afirmar
se isso era verdade. Estes os fatos.
Logo, a partir do Código Civil de 2002, o incapaz que praticar ilícito e causar
dano a outrem tem a obrigação, também, de indenizar a vítima.
Primeira apelação.
VOTO
Peço vênia ao em. Des. Relator para ousar divergir de seu judicioso
entendimento, pelo que passo a dispor.
A regra geral para que haja a responsabilização civil consiste em que reste
configurada uma ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência que
viole ou cause prejuízo a outrem, conforme dispõem os arts. 186 do CC/1916 e
927 do CC/2002. E, faz-se imprescindível a comprovação da existência de: a)
ato ou omissão antijurídico (culpa ou dolo), b) dano e c) nexo de causalidade
entre ato ou omissão e dano.
"Certa vez conversando com a mãe da autora indagou-lhe porque ela estava
pretendendo ir embora desta cidade, que segundo a mãe da autora estaria
indo embora porque sua filha não queria mais ir as aulas, pois durante o
intervalo um menino teria mexido com ela (...). (...) que segundo a mãe da
autora depois dos relatos de sua filha tirou suas roupas e verificou que a
autora realmente tinha sido 'mexida' (...)" Elizabeth Silva (f. 481).
" Que foi professora da autora em 1999. (...) que o recreio é de 15 minutos e
monitorado por dois funcionários, que havia em torno de 60 alunos, em dois
turnos, contando o estabelecimento com 30 funcionários (...) ". Maria de
Fátima Rodrigues (f. 459).
Logo, entendo que o absolutamente incapaz não tem maturidade das funções
cerebrais que lhe permitam o conhecimento da gravidade do fato e de suas
conseqüências.
Assim, entendo que o valor dos danos morais deve ser distribuído no importe
de R$ 5.000,00 (cinco mil reis) para a APAE e R$ 2.000,00 (dois mil reais)
para o segundo apelante, tendo em vista que restou provada a omissão culposa
da APAE, uma vez que não tomou os cuidados necessários para evitar o fato
ocorrido entre as partes. E, ainda, levando em consideração o retardo mental
do réu, tenho que não é capaz de conhecer a gravidade do fato ocorrido e suas
conseqüências.
Suspenso a exigibilidade dos ônus sucumbenciais fixadas acima, uma vez que
ambas as partes litigam sob o pálio da justiça gratuita.
Sr. Presidente.
À vista disso e de acordo com todos os fatos trazidos para os autos, condoído,
evidentemente, com a situação que envolve a aluna, e reconhecendo que o
aluno também não tem o seu desenvolvimento mental regular, tanto que
integra o corpo discente daquela instituição, entendo que a solução
encontrada por V. Exª., no sentido de não prover o recurso e assim manter a
decisão de primeiro grau, atende ao preceito que normatiza a indenização, ou
seja, serve a um primeiro plano como reprimenda, mas, muito mais que isso,
tem uma função didática e serve para construção de um local melhor, mais
adaptado às circunstâncias desses alunos excepcionais. Então, acredito que
aumentar o valor da indenização para que a APAE com ela arque, seria uma
forma de punir aquela entidade que presta relevantes serviços a esses alunos
excepcionais.
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