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A proibição da analogia não deve, porém, ser confundida com a proibição de raciocínios
analógicos na aplicação da lei penal. A delimitação entre a analogia proibida e outras técnicas
de interpretação tem sido formulada a propósito das fronteiras entre interpretação extensiva e
analogia.
Crítica feita por Fernanda Palma: esta perspetiva converte o controlo da reserva de lei num
controlo institucional-jurisprudencial da lei penal, ultrapassando a racionalidade democrática
que está na origem da proibição da analogia. Enquanto apela à coerência sistemática e à
unidade do Direito definida pela jurisprudência, o autor remete a definição dos critérios de
interpretação da lei penal para a decisão de instâncias menos diretamente controladas pelos
cidadãos.
Assim, torna-se necessária a interpretação jurídica da proibição legal da analogia com todos os
instrumentos do pensamento jurídico que permitam compreender a sua ratio e a sua
possibilidade. Deste modo, para interpretarmos a lei, temos de desenvolver um conjunto de
raciocínios analógicos que nos permitam perceber se aquele comportamento em concreto se
pode integrar no comportamento que o legislador pretendeu proibir.
Quando se descobre que a razão de ser da proibição da analogia se prende com a segurança
jurídica e com o controlo democrático da aplicação da Lei penal, consubstanciando-se num
comando dirigido ao intérprete de não se substituir ao legislador, chega-se à conclusão de que
a distinção entre interpretação extensiva e analogia não permite traçar rigorosamente as
fronteiras da interpretação que não ofende a segurança jurídica.
É por isto que FERNANDA PALMA sustenta que, em vez de se proibir a interpretação extensiva
ou analógica, dever-se-ia antes, ao interpretar o art. 1º/3 CP, tentar perceber as situações em
que tais interpretações não serão permitidas, à luz dos princípios constitucionais do Direito
penal. Isto porque, na sua opinião, há situações de interpretação extensiva que não são
proibidas, porque não são contra legem nem praeter legem e que, por isso, não causam
insegurança.
Analogia das eximentes a casos não previstos – existe alguma tolerância quanto ao seu
alargamento, todavia, há um conjunto de casos que devem ser impedidos: aqueles casos em
que o alargamento da eximente vai ter um efeito de restrição da liberdade
A proibição da analogia não permite concluir que a interpretação extensiva seja proibida ou
permitida. O que a prática jurídica permite concluir é que não pode haver interpretação sem
raciocínios analógicos, sendo que haverá situações em que ainda se poderá falar de
interpretação extensiva, mas estar-se-á a fazer uma criação do Direito entre várias soluções
possíveis, não se lesando por isso a separação de poderes e a vontade democrática. 2. Papel do
elemento literal (sentido possível das palavras) na delimitação da interpretação proibida –
divergência entre FERNANDA PALMA e CASTANHEIRA NEVES: - CASTANHEIRA NEVES defende
que o texto legal é o produto da interpretação; não é o ponto de partida. A ideia de
interpretação como a determinação do sentido do Direito no caso concreto impede que se faça
uma distinção tradicional entre interpretação e aplicação (uma vez que esta não é
desempenhada pelo legislador). Para este autor, o objeto da interpretação deixa de ser o texto,
para se tornar os critérios jurídicos, apreensíveis nos textos legais, da decisão dos casos
concretos. O caso concreto é que suscita a interpretação e o produto da interpretação é a
formulação de uma norma para o caso concreto (texto legal). FERNANDA PALMA critica este
modelo, sustentando que a supressão, na interpretação, de um momento determinante de
compreensão do significado do texto normativo enfraquece o processo lógico de
fundamentação da decisão jurídica, não protegendo as garantias dos destinatários das normas
interpretação permitida será não só aquela que caiba no sentido logicamente possível das
palavras da lei, mas também a que revele os valores jurídicos que a lei pretende atingir e seja
compatível com outros valores do sistema e com a unidade do Direito definida pelas instâncias
que a devem assegurar
A redução teleológica exclui do âmbito da lei casos que a sua letra abrangeria, por tais casos
não deverem ser abrangidos pelos fins essenciais que a lei prossegue, embora ainda pudessem
ser referidos ao pensamento do legislador. A redução teleológica será incriminadora quando a
exclusão de casos se referir a normas que delimitam negativamente a tipicidade. Se no art.
142º/1 CP, relativo à exclusão da punibilidade da interrupção voluntária da gravidez, se se
interpretasse a restrição da incriminação nos casos de aborto terapêutico (art. 142º/1 b))
excluindo do conceito de grave e duradoura lesão para a saúde psíquica uma situação de grave
depressão, por exemplo, estar-se-ia a ampliar o âmbito da incriminação prevista no art. 140º
Se a redução teleológica não for incriminadora, não será proibida. Porém, se da sua aplicação
se levar ao alargamento da responsabilidade, por exemplo, já será proibida. A vinculação ao
texto jurídico, como fator predeterminante de interpretação, conduzirá a uma rejeição da
redução teleológica incriminadora, pois também corresponde ao sentido possível das palavras
a sua utilização no sentido comunicacional mais amplo, isto é, englobando todas as
possibilidades de entendimento
Não proibição de analogia e de redução teleológica das normas permissivas Quanto às normas
permissivas, não é proibida necessariamente a analogia, na medida em que tais normas não
são descrições típicas das condutas permitidas, mas um mero afloramento dos princípios ou
critérios gerais de solução de conflitos de interesses ou direitos. Nelas, o texto jurídico não é
predeterminante como nas normas incriminadoras.
redução teleológica de normas permissivas, podemos dizer que também existe um efeito
incriminador mediato derivado da redução teleológica de uma norma permissiva. Mas esse
efeito não está necessariamente subordinado às garantias que justificam a proibição da
analogia de normas incriminadoras. Considere-se, por exemplo, uma redução teleológica do
art. 32º CP que retire do seu âmbito “as defesas necessárias elevadamente desproporcionadas
à gravidade insignificante da agressão” com fundamento no princípio geral de que a legítima
defesa implica concretizações em que a defesa do Direito é menos valiosa do que a
preservação da dignidade da pessoa do agressor. Nesse caso, o efeito incriminador não
consiste num alargamento da norma incriminadora, mas na limitação do conteúdo da norma
permissiva, cuja prevalência sobre a norma incriminadora deixa de existir no caso concreto. O
alargamento das possibilidades de incriminação, na hipótese proposta, baseia-se, contudo, na
ponderação de valores subjacente à norma permissiva e no conteúdo do direito de defesa que
o Direito penal não pode autonomamente prever, mas que resulta de ponderações de valores
do sistema. Somente a consideração das causas de justificação reconhecidas no Direito penal
como direitos impediria raciocínios deste tipo. No entanto, as causas de justificação positivadas
não conferem necessariamente, a partir da sua configuração penal excludente da punibilidade,
direitos de intervenção. Não se poderá, por exemplo, falar materialmente de um direito ao
aborto por indicação eugénica, mas apenas na exclusão da sua punibilidade.
concurso de crime: aqui temos o aparente o efetivo- ver se existe algum que toma a força
preponderante, ou seja, se esgota todo o valor daquela situação global- se for punido por
aquele crime é punido por todo.
- tenho de estabelecer o critério: de acordo com o critério distingue-se o critério sem um dos
crimes esgota ou não o valor total-
- o bem jurídico tutelado
- se forem diferentes: concurso efetivo
- art.77º:no caso de concurso efetivo: calcula-se a pena parcelar de cada crime, cria-se a
moldura do concurso- que tem como limite mínimo a pana parcelar máxima e limite minimi
soma das penas parcelares e dps tenho de analisar todas as circunstâncias do caso tenho de
analisar qual será a pena
Critério meio fim: eu sequestro uma pessoa para fazer um roubo- vou ser punido pelos dois?
Não se o sequestro tiver sido realizado na estrita medida do necessário para fazer o roubo, este
sequestro foi instrumental- meio para conseguir o roubo.
Se o sequestrei para gozar com a pessoa- este sequestro terá autonomia e força própria, não
sendo feito na estrita medida.
Nem sempre a isntrumentalidade gera consunção
Dou um tiro no segurança para assaltar a faculdade- o assalto da faculdade não consome a
morte do segurança
A isntrumentalidade gerar consunção quando conseguimos olhar ara a isntrumentalidade e o
crime fim esgota toda a ilicitude do comportamento, e o crime meio não acrescenta nada aos
desvalor total da relação
FD: acaba com a distinção entre concurso aparente e efetivo- passado a a haver concurso de
norma ( subsadierade e especialidade) concurso de crimes- efetivo e aparente. A consunção
passa para crime aparente- reorganização feita pelo FD