JUÍZO DE DIREITO DA VARA DO ÚNICO OFÍCIO DA COMARCA DE PILAR – ALAGOAS

Autos nº 0700250-58.2016.8.02.0047

ADILSON DA SILVA FREITAS, já qualificado nos autos da ação penal em

epígrafe movida pela justiça pública, por conduto de seus advogados que esta subscreve
e habilitados legalmente mediante instrumento particular de procuração aqui anexado,
vem, respeitosamente, à presença de vossa excelência, apresentar sua resposta à
acusação, com fulcro no Art. 396 e 396-A do vigente Código de Processo Penal – CPP,
tudo consubstanciado nos motivos fáticos e fundamentos jurídicos expostos a seguir:

DOS FATOS
1
O réu Adilson da Silva Freitas foi denunciado e encontra-se processo pela
suposta prática de lesão corporal em sede de violência doméstica em desfavor de sua ex-
companheira, senhora Benícia Yara dos Santos Silva.

De acordo com a acusação no dia fatídico a vítima estava em sua residência

com a pessoa de Jaime, quando o denunciado totalmente descontrolado, motivado por
ciúmes, foi até sua porta, abriu o cadeado e colocou para fora o namorado da vítima e em
seguida passou a agredi-la com socos e pontapés, chegando inclusive a quebrar um
quadro em suas costas, vindo a lhe cortar inteira.

Nesse passo, continua narrado o RMP que logo após a conduta criminosa, o
denunciado proferiu ameaças de morte contra a vítima, dizendo que a mataria caso
encontrasse sua ex-companheira com alguém novamente.

Por fim, em seu interrogatório na fase investigativa o increpado confessou

que empurrou Benícia Yara dos Santos Silva, motivo pelo qual ela bateu com a cabeça.
Porém, alega que somente tentou se defender, já que a vítima comumente o agredia
quando sentia ciúmes.

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 Eis a exposição fática necessária; abaixo adentraremos ao mérito.

DO DIREITO
Ínclito julgador, a priori, a denúncia deve ser rejeitada, visto que não há
provas para a materialidade do crime em tela.

Assim Vejamos.

É bem sabido por todos, a teor do Art. 158 do CPP, que quando a infração
penal deixar vestígios será indispensável à realização do exame de corpo de delito,
direito ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Ainda nessa linha lógica, de acordo com o Art. 564, III, “b” do CPP, ocorrerá
nulidade por falta do exame de corpo de delito nos crimes que deixem vestígios. Desta
2
feita, hodiernamente quando da apresentação desta resposta à acusação, encontram-se
ausentes os requisitos de ordem material, necessários para condenação, se perfazendo
atípico e nulo o crime de lesão corporal em apreço (Art. 129, § 9° do CP).

Corroborando a tese aqui escandida, o doutrinador Guilherme de Souza

Nucci (Código de Processo Penal Comentado, 11ª edição, fls. nº 968) leciona que:
“quando o crime deixar vestígios é
indispensável à realização do exame de
corpo de delito, direto ou indireto,
conforme preceitua o Art. 158 deste Código.
Assim, havendo um caso de homicídio, por
exemplo, sem laudo necroscópico, nem
outra forma válida de produzir a prova de
existência da infração penal, deve ser
decretada a nulidade absoluta”.

Noutro giro, caso não se entenda pela rejeição da denúncia, outras

matérias de mérito serão aduzidas em momento futuro em sede de alegações finais.

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DOS PEDIDOS
Ante ao breve exposto requer a anulação ab initio do processo e caso assim
não se entenda, requer a rejeição tardia da denúncia por ausência de comprovação de
materialidade.

Outrossim, visando dar efetividade aos princípios constitucionais da

ampla defesa e do contraditório pugna que seja apresentadas testemunhas na audiência
de instrução e julgamento, independentemente, de intimação.

Finalmente, protesta pela produção de provas por todos os meios legais

em direito admitidos.

Termos em que pede e espera deferimento.

Maceió/AL, 04 de outubro de 2019.

3

VICTOR CAVALCANTE NASCIMENTO JÚNIOR

OAB/AL nº 7.757

ISLANY NASCIMENTO BRITO

OAB/AL nº 17.169

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