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Carolina Maria Moreira Alves e Almeida, Alexandre Canhão, Ana Rita Teles, Daiane Nunes, Celina Melo, João

Ruivo

Departamento de Investigação e Ação Penal

Lisboa

Exmo.(a) Senhor(a) Procurador(a) –


Adjunto(a) do DIAP de Lisboa,

ANTÓNIO GREGÓRIO,

Engenheiro Industrial, casado, NIF 21455562, portador do cartão de cidadão n.º 4669567
0XY7, válido até 01-02-2028, emitido a 02-02-2020 pela República Portuguesa, residente na
Avenida Infante D. Henrique, n.º928 – 1.ºDto., Lisboa, vem apresentar, nos termos e para os
efeitos do art.49.º do Código do Processo Penal:

QUEIXA – CRIME contra

CARLOS SANTINHO,

maquinista industrial, solteiro, maior, NIF 2259895, portador do cartão de cidadão n.º 5168456
0ZX7, válido até 05-06-2029, emitido a 02-05-2021 pela República Portuguesa, residente na
Rua Dom Aleixo Antunes Sá, R/C esq., Lisboa,

pelos factos e com os seguintes fundamentos:

1.º

No dia 15 de agosto de 2019, por volta das 22h00, desfrutava o Queixoso António Gregório das
suas férias em família, com a sua mulher e os seus dois filhos, caminhando pelas
movimentadas ruas de Portimão quando,

2.º

Quase a chegar ao encontro dos seus amigos, com quem havia combinado o habitual jantar de
verão, foi o Queixoso António surpreendido com uma abordagem inadmissível para qualquer
cidadão diligente.

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3.º

Aproximando-se de forma repentina, apresenta-se Belmiro Jacinto, ex-colaborador do


Queixoso António, importunando-o com impropérios, num discurso ofensivo e descabido.

Assim não bastando,

4.º

Enquanto tentava digerir as afrontas que lhe acabavam de ser dirigidas, eis que se aproxima
Carlos Santinho, aqui Acusado, que - à má-fé - investe contra o Queixoso.

5.º

E que, sem motivo aparente, desfere um pontapé nas costas do Queixoso António,
desequilibrando-se, assim, de imediato, acabando por cair violentamente no chão.

6.º

Nem mesmo observando o estado do Queixoso, que se manteve no chão um tempo,


imobilizado pela pancada, o Acusado alterou o seu comportamento.

7.º

Compreendendo a integridade física um bem jurídico inviolável à luz da Constituição da


República Portuguesa, consagrando-a no art. 25.º do diploma,

8.º

Encontra-se a respetiva incriminação prevista no art. 143.º n.º1 do Cód. Processo Penal,
dispondo o preceito que “Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com
pena de(….)”.

Ora,

9.º

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Constituindo elementos constitutivos do crime de ofensa à integridade física, previsto no art.


143.º CPP o tipo objetivo que, como já se viu, se verifica e o tipo subjetivo,

10.º

E evidenciando o Acusado total desconsideração e prazer com a conduta que adotara, é


manifesta a verificação do elemento subjetivo, o dolo, exprimido na vontade de praticar o
facto.

Com efeito, no mais,

11.º

Elucida Paula de Faria (in Paula de Faria Comentário Conimbricense do Código Penal, Tomo I,
pág. 205) que “A lei distingue duas modalidades de realização do tipo: a) ofensas no corpo e b)
ofensas na saúde. Muitas das vezes haverá coincidência entre estas duas formas de realização
do tipo; (…)Mas não necessariamente. Casos há em que existe uma lesão no corpo sem que
concomitantemente haja lesão da saúde”.

12.º

Entendendo-se, por isso, preenchido o tipo legal do art.143.º “mediante a verificação de


qualquer ofensa no corpo ou na saúde, independentemente da dor ou sofrimento causados”,
conforme esclarece o Tribunal da Relação de Coimbra (vide TRC, de 06-10-2010, proc. 66/09.
8GAOHP.C1).

13.º

O Queixoso é parte legítima e está em tempo.

Nestes termos e nos melhores de Direito, vem requerer a V.


Exa. se digne a instaurar o adequado e competente
procedimento criminal, ordenando a abertura do inquérito.

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Mais se declara que oportunamente se constituirá assistente no processo.

Junta: procuração forense, DUC e comprovativo de pagamento do DUC.

O Advogado/a

(Ponderações consideradas no caso)

Ressalve-se que, à luz do entendimento do Tribunal da Relação de Coimbra (Ac. TRC, de 13-01-
2016, proc. 569/13.0PBCTB.C1) apurando-se que a ilicitude do facto é reduzida, uma vez que
tudo acontece no decurso de uma má relação laboral anterior em que o contacto físico é de
baixa intensidade e do qual não resultaram consequências significativas, não havendo sequer
uma lesão física a reportar e dada a pré-existência do problema, considerar-se-ia, com alguma
probabilidade, que a culpa do acusado é diminuta. E, nesse caso, “não existindo lesões não há
danos a ressarcir ou a compensar e, considerando a inexistência de antecedentes criminais e a
inserção social e laboral do arguido, estão verificados os requisitos previstos no nº 1 do art. 74º
do C. Penal inexistindo razões de prevenção que se oponham à dispensa de pena”.
Poderá o procedimento que ora se requer tornar-se infrutífero ex vi da interpretação e
entendimentos jurisprudenciais em situações de tal índole. Em todo o caso, competirá ao MP
apurar da existência ou não de indícios suficientemente fortes, de tal forma a que a
condenação do arguido resulte mais provável que a sua absolvição.
Não obstante, enquanto mandatário do queixoso, compete ao mesmo a prossecução dos seus
interesses e proteção da sua esfera, sendo esse o motivo pelo qual se optou pela apresentação
de queixa. Acresce que para a condenação de António pelo crime que eventualmente terá
cometido e será condenado, poderá revelar-se útil a situação em que é, em momento anterior,
a vítima, para efeitos de determinação da pena.

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