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Desde a década de 1910, a comunicação nos Estados Unidos encontra-se ligada ao projeto de
construção de uma ciência social sobre bases empíricas. A Escola de Chicago é sua sede. Seu
enfoque microssociológico dos modos de comunicação na organização da comunidade
harmoniza-se com uma reflexão sobre o papel da ferramenta científica na resolução dos grandes
desequilíbrios sociais. A supremacia dessa escola durará até as vésperas da Segunda Guerra
Mundial. Os anos 40 vêem intalar-se outra corrente: a Mass Communication Research, cujo
esquema de análise funcional desloca a pesquisa para medidas quantitativas, mais aptas a
responder à exigência proveniente dos administradores da mídia (MATTELART;
MATTELART, 2005, p. 29).
Entre os membros da Escola de Chicago, uma figura se destaca, a de Robert Ezra Park (1864-
1944). Autor de uma tese de doutorado, preparada em Heidelberg, sobre “a massa e o público”
(1903), repórter experimentando em grandes investigações jornalísticas, militante da causa
negra, Park entra para universidade apenas em 1913. Transforma sua prática de jornalista e
concebe como forma superior de reportagem as pesquisas sociológicas que irá realizar nos
bairros da periferia. Seguiu os ensinamentos de Georg Simmel, que se interroga sobre a cidade
como “estado de espírito”, e vê o fundamento psicológico da “personalidade urbana” na
“intensificação do estímulo nervoso”, na “mobilidade” e na “locomoção” [Simmel, 1903]. É um
dos introdutores dos pensamentos de Gabriel Tarde nos EUA (MATTELART; MATTELART,
2005, p. 30).
Em 1921, Park e seu colega E.W. Burgess identificam sua problemática pela denominação
“ecologia humana”, referência ao conceito inventado em 1859 por Ernest Haeckel. Esse biólogo
alemão define a ecologia como a ciência das relações do organismo com o ambiente,
compreendendo, em sentido amplo todas as condições de existência. Com fartas citações de
contribuições de botânicos e zoólogos, referindo-se a Spencer, Park e Burgess apresentam seu
programa como uma tentariva de implicação sistemática do esquema teórico da ecologia vegetal
e animal ao estudo das comunidades. (MATTELART; MATTELART, 2005, p. 31)