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Conceito de norma: um dos pontos fundamentais é perceber que cada um fala de um jeito único.

Traços específicos da fala que marcam o individuo por mais que compartilhe do sistema comum a
todos.

A língua em Saussure é uma abstração teórica. Essa abstração implica reconhecimento da


heterogeneidade linguística. Para fins de uma fundamentação cientifica, o esforço foi no sentido de
criar uma disciplina orientada pra um objeto homogêneo. Nenhuma língua é uma realidade unitária e
homogênea. Só o é de fato nas representações imaginarias de uma cultura e nas concepções politicas
de uma sociedade.

Necessidade de unificação – função politica. Muitas vezes o conceito de língua está associado a uma
dimensão politica do que a uma dimensão especifica do objeto.

Plano teórico – abstrações, recortes. Língua envolve um conjunto enorme de variedades. Cada um
dos subconjuntos do conjunto maior língua é uma abstração per se. Estão considerando mais as
similaridades do que as diferenças. Quanto mais se particulariza as comunidades, mais heterogêneo.

A língua é o próprio conjunto das variedades. Mas por que as línguas são heterogêneas, constituídas
de elementos distintos entre si? A língua é heterogênea porque a sociedade é heterogênea, por mais
que se tentem homogeneizar comunidades, comportamentos.

A realidade linguística é um mosaico de normas sociais. Controle social – a norma normativa busca
homogeneizar a língua. Mas o normativo não é o normal – normatividade =/= normalidade.
Normativo é imposição de valores. Normal é tradicional, costumeiro, habitual. Normativo é uma
idealização, o que se espera que aconteça.

Norma padrão x norma culta = Norma padrão é prescritiva, contida nas gramaticais. Norma culta está
associada a segmentos sociais altamente escolarizados. Existe uma tensão entre a norma culta e a
norma padrão – distinção entre normatividade (padrão) x prática (culta); o que se espera x o que de
fato acontece.

Plenas capacidades expressivas = domínio do uso da língua

Normas são como campo de força que interagem entre si; a norma culta é considerada próxima a
padrão / uma pode reforçar a outra, quando se faz questão de se distanciar de padrões impostos,
criar identidade de grupo, etc.

Cada norma se organiza como um certo arranjo de possibilidades admitidas pelo sistema; apesar das
diferenças, se reconhece algo de comum. A norma surge como elemento intermediário para dar
conta dos elementos que se distanciam embora conservem similaridades.

Sistema = o que se pode dizer; norma = o que é normal dizer

O sistema envolve desde pronuncias ate construções possíveis.

Não é o sistema que se impõe ao individuo, mas sim uma adequação a norma, que são sistemas de
obrigações, de imposições culturais.

Cada comunidade apresenta um conjunto normal de arranjos.


Norma e sistema não são conceitos arbitrários e sim formas que se manifestam no próprio falar.

As normas variam; justamente porque ela se apresenta como imposição que varia de acordo com
cada comunidade. Existem dois grandes grupos de variação linguística:

Variação estilística – na fala do individuo consoante a situação em que se encontra;

Variação social – diferenças na fala de diversos segmentos sociais.

O que interessa é que há regularidade de comportamento, tanto na variação estilística quanto na


social.

A norma enquanto um conjunto de fenômenos linguísticos sempre vai envolver tudo o que é correto,
costumeiro, habitual. O que interessa é que toda e qualquer norma é dotada de complexidade de
organização.

Norma – o conceito de norma aparece como um intermediário entre o sistema e a fala – execução
desse sistema. O sistema do português aceita grandes variações

Emerge em função de estudos empíricos sobre a língua – Saussure

Diferentes comunidades opera sob diferentes normas – há muitas normas normais

A norma culta é associada a extratos letrados, não é a norma padrão – idealização prevista nas
gramaticas normativas

O caos aparente não impossibilita a comunicação

A língua é heterogênea e variável – qual o fator de normalização e estabilização? A escrita.

Unificar os modos de escrita, as diferentes representações da oralidade

A variabilidade da fala também é passível de sistematização, ao contrario do que Saussure defendia

O estruturalismo linguístico admite que a língua é social – remete a pluriindividualidade – mas recusa
o que existe de social – preocupa-se com a organização dos sons somente – foco na organização dos
fonemas e morfemas

Foco da sociolinguistica: estratificação social da língua e parâmetros de variação

A língua é ao mesmo tempo um fato social e um sistema que tudo contem – língua e sociedade

Uma das maiores tarefas da sociolinguística é mostrar que a variação não é caótica, mas tem
correlação com diferenças sociais sistemáticas

A diversidade é condicionada por alguns fatores: identidades do falante, do destinatário, e do


contexto – elementos que condicionam a diversidade linguística

Variação, variante e variável – Labov. Variação é a coexistência de duas ou mais formas de se dizer
uma mesma coisa em um mesmo contexto. As formas em variação são chamadas de variantes. Ao
conjunto de variantes dá-se o nome de variável.
Níveis de variação – a variação ocorre em todos os níveis linguísticos

Nível fonológico, nível morfológico (alternância de sufixos derivacionais), nível sintático (variação na
construção de relativas), nível lexical (nível das palavras).

No plano sincrônico encontra-se dois tipos de variação: variação geográfica ou diatópica = diferenças
linguísticas distribuídas no espaço físico; e variação social ou diastrática: diferenças relacionadas a
identidade dos falantes e a organização sociocultural da comunidade de fala.

Variação diatópica = abertura das pre-tonicas x fechamento das pre-tonicas

Variação diastrática = fatores de classe social = baixo letramento = dupla negação, gírias, r vibrante,

Plural em sintagmas nominais = constituinte frasal mínimo = um núcleo substantivo obrigatório. Do


ponto de vista sincrônico, a marcação do plural no sintagma nominal esta em estado de variação.

O grau de escolaridade influencia o uso de formas padrão da língua. O estigma ou prestigio das
formas, portanto, liga-se ao perfil social do falante. As reações, atitudes e percepções dos falantes
diante da heterogeneidade linguística.

Atitudes e comportamentos linguísticos – neutro so detergente

Língua é um instrumento de comunicação – calvet diz que essa metáfora é pouco produtiva, dizendo
que leva a crer que somos neutros em relação a língua

Pode-se amar um martelo, mas isso pouco altera a forma como martelamos

Já o sentimento em relação a língua influencia o comportamento e o julgamento linguísticos sobre os


outros falantes e sobre nós mesmos – a tese da neutralidade entra em xeque

Atitudes, sentimentos e comportamentos atuam tanto no plano individual e coletivo – quando atuam
no coletivo são atitudes face ao movimento de mudança linguística – importante

Hierarquização segundo critérios estéticos/funcionais

Atitudes, sentimentos, comportamentos são direcionados a realidade linguística, e são operados em


relação a um modelo idealizado – norma – não necessariamente a padrão, mas a de preferencia de
uma comunidade.

Modelo idealizado – forma ou língua legitima – forma correta de se expressar numa língua – formas
melhores de se instrumentalizar a comunicação

As muitas possibilidades – variantes – da língua cumprem sua função, a depender da comunidade


linguística.

A crença sobre o caráter instrumental dificulta a percepção de que a variedade culta e prestigiada é
APENAS uma variedade. A ausência de sotaque exclui a presença de diversos sotaques – a ideia de
neutralidade pressupõe exclusões

Sotaque neutro – variedade prestigiada – higienização do sotaque – adaptação a uma norma normal
considerada socialmente prestigiada
Os comportamentos são ao mesmo tempo linguísticos e sociais

Quaisquer formas estigmatizadas são por preferencia a uma forma tida como legitima

Os comportamentos geram a norma espontânea – vai desenvolver dois tipos de consequência: como
os falantes encaram a própria fala – segurança x insegurança – valorização ou desvalorização

Tendência de adequação a forma prestigiosa

E como encaram a fala dos outros – heterocentrado – preconceito x prestigio – valorização ou


desvalorização de variantes – impactos profundos nas relações sociais

Ambos indicam que o comportamento linguístico é derivado do social mais geral

Um exemplo da insegurança é a hipercorreção – comportamento em direção a norma padrão – pode


gerar uma restituição exagerada das formas prestigiosas. Envolve duas estratégias – fazer crer que se
domina a forma prestigiosa e apagar suas próprias origens

A hipercorreção é testemunha da insegurança linguística. Tem um efeito negativo para quem domina
a forma padrão. Hipercorreção está associada a distinção social

Os comportamentos geram a Norma espontânea – direcionamento para uma norma normal

Dois eixos que organizam – segurança x insegurança

A segurança indica valorização, a insegurança indica desvalorização

Comportamento heterocentrado – visão pessoal em relação a fala de terceiros

preconceito x prestigio

o comportamento linguístico é derivado de um comportamento social mais geral

segurança – os falantes não se consideram questionados – a sua norma é a norma

insegurança – seu modo de falar é pouco valorizado e tem em mente outro modelo mais prestigioso
mas que não praticam

hipercorreção – pode gerar restituição exagerada de formas prestigiosas

envolve duas estratégias – fazer crer que se domina a forma prestigiosa e apagar as próprias origens

uma hipótese errada que o falante realiza no esforço para se ajustar a norma padrão – erro

ter dinheiro não significa ter acesso a bens simbólicos

a hipercorreção é uma testemunha da insegurança linguística – considera o próprio modo de falar


pouco prestigioso

o efeito é negativo aos olhos de quem domina as normas padrão

hipercorreção está associada a distinção social – comportamento sociológico de classes de distinguir


das outras que se aproximam em termos de poder aquisitivo
vulgaridade popular – distinção burguesa

forma mais sofisticada de falar

perfil social se associa ao sotaque – caipira – opõe-se ao urbano/civilizado

forma como a comunidade fala x urbano, correto, bonito

traços de oralidade x gramatica normativa

prestigio da norma normal urbana x estigmatização da norma normal rural

representação da variação social na escrita

exemplos diatópicos=regionais indicam que há normas consideradas legitimas e oferecem indícios de


configuração social mais geral = rural-atrasado x urbano-atualizado

exemplos diastráticos = gêneros, homens e mulheres

quais os principais motores da valorização e difusão das formas legitimas? – escola/academia,


religião, mídia, família

a pergunta que interessa a sociolinguística é: a língua da mídia e da politica pode influenciar os


falantes que, diante dela, são apenas receptores, ouvintes? Para responder a essa pergunta, deve-se
ter em mente que a mídia é um dos lugares de reprodução e manutenção da língua legitima

tendência a desaparecimento de normas normais na mídia

o sotaque supostamente neutro teria que dar conta de todos ao mesmo tempo ou de nenhum ao
mesmo tempo

a resposta a essa pergunta é positiva considerando processos como hipercorreção

não existe preconceito sem a contraparte do prestigio

Escolher 2 capítulos e fazer uma resenha livre com os conceitos apresentados / ou questionário

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