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Bom dia

Após longa reflexão e assimilação da ultima reunião que tive com os meus superiores cumpre-me
dizer o seguinte:

Foi com tristeza que recebi a vossa avaliação de desempenho correspondendo ao nível Q1.

De referir que acho este método de avaliação injusto, porque obviamente, sendo feita por pessoas,
sobra um amplo e ambíguo espaço de subjetividade, que permite justificar qualquer tipo de
parcialidade que, sejamos francos, é inerente a todos nós.

Cumpre-me ainda realçar a indignidade que tal avaliação se reflita tão injustamente, no ínfimo
aumento salarial que irei receber, tendo em conta os anos que já trabalho como operadora de
hipermercado.

Não concordando com o modo de avaliação e muito menos com os argumentos usados para definir o
“nível de desempenho” em que me situo , mas tendo a perfeita noção que nada posso fazer para os
alterar, resta-me deixar desta forma registado o meu protesto, bem como os meus argumentos para
tal:

1. Foco no cliente: Há, de facto momentos em que devemos pensar o que responder ao cliente, e
constituem esses momentos a gritante maioria dos meus 10 anos ao serviço da gasolineira. Há no
entanto uma ínfima parte, em que ataques à minha pessoa, ao meu bom nome, à minha dignidade e
mesmo à minha família, que inviabilizam essa proeza literária que consta da minha avaliação, de “não
responder ao cliente, e não nos deixarmos afetar pelo que ele nos diz, de modo a não perdermos a
razão.”. Nunca partiu de mim qualquer tipo de agressão verbal a qualquer cliente. Nunca insultei
qualquer cliente. Mesmo sendo assertiva com alguns, nunca mas nunca fui incorreta ou desrespeitosa
com qualquer cliente.

2. Colabora. Trabalhar em equipa sempre foi e sempre será a única maneira de trabalhar. Ajudar,
quem começa, cumprir horários, respeitar e integrar toda a equipa para conseguir resultados está no
meu ADN de operadora de hipermercado. Admito que sendo mais assertiva do que outros colegas e
se calhar, pecando por excesso na forma como vivo e penso o meu trabalho no dia a dia, posso
tornar-me mais combativa do que até eu própria gostaria. Ainda assim, todos os “conflitos”ocorridos
em ambiente de trabalho, se deveram a situações com as quais não concordei e que diziam respeito
precisamente a questões de trabalho. A maioria foi resolvida na hora, quase todos os outros, em
curto espaço de tempo. De referir que esses “conflitos”partiram de mim em relação a um ou outro
colega, mas também partiram de um ou outro colega em relação a mim. A diferença é que alguns de
nós escolhem manter estas divergências de opinião entre a equipa da gasolineira, por oposição a
informar constantemente quem nos avalia de toda e qualquer minudência. Serão escolhas individuais
que teremos que respeitar.

3. Adaptabilidade a situações diferentes. Falando de critérios subjectivos, penso que este será um
caso flagrante. Ser “mais flexível, agindo de acordo com o solicitado” pode significar tudo...ou nada,
pelo menos do ponto de vista do leitor. Maior flexibilidade para cumprir o estipulado significa nada
questionar? Ou dar apenas feedbacks positivos nos grupos que interessam? Na minha ótica
questionar algo em contexto de trabalho significa que me importo com resultados e performance,
talvez possa ser interpretado como excesso de zelo, mas nunca inflexibilidade, porque disso, ou
mesmo de não acatar ordens ninguém me pode acusar.

4. Resumo do gestor. Só posso supor que o que é rotulado de insegurança se refira ao facto de eu
contar 3 vezes o meu fundo aquando do fecho, ou verificar todos os procedimentos e protocolos a
meu cargo pelo menos 2 vezes para garantir o mínimo possível de falhas da minha parte. Poderia
aceitar excesso de zelo, insegurança não aceito. A minha impulsividade é reconhecidamente o meu
calcanhar de Aquiles. Reconheço que a intensidade com que abordo os temos em contexto de
trabalho pode e deve ser trabalhada. Reitero, no entanto que ajo dessa forma em contexto de
trabalho e sempre numa tentativa de, à minha maneira melhorar a forma como a nossa equipa
trabalha. Acho que a minha experiência de 10 anos na gasolineira deveria ser encarada como uma
mais-valia e sinto que neste momento tal não acontece. Sinto-me desconsiderada, rebaixada e
desapreciada por quem deveria como líder fazer exatamente o oposto.

Com referi no inicio tenho a perfeita noção que nada disto que escrevo aqui vai alterar o que quer
que seja. Afinal somos todos humanos e todos temos direito às nossas opiniões. Infelizmente algumas
delas carregam mais peso na vida (e no sustento) das pessoas do que outras.

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