O Memorial da Cabanagem foi alçado em Belém por Oscar Niemeyer a pedido de Jader

Barbalho, então governador do Pará, comemorando o sesquicentenário da Cabanagem, que

aconteceu em 7 de janeiro de 1985.

A cabanagem aconteceu na época da regência de Diogo Antônio Feijó, logo após a

Independência do Brasil, a Cabanagem emergiu como um movimento que uniu diversos grupos
sociais, incluindo indígenas tapuias, mestiços, negros e a classe média. Essa revolta foi liderada por
Antônio Vinagre e surgiu como uma resposta às condições precárias de vida, miséria, doenças e
fome enfrentadas pela população, bem como ao abandono por parte do governo central.

O presidente autoritário da Província, Bernardo Lobo de Sousa, foi uma figura central nesse
conflito e acabou sendo morto pelos revoltosos no início da Cabanagem. Os cabanos, como ficaram
conhecidos, assumiram o controle da Província do Grão-Pará em 1835.
A Guerra dos Cabanos persistiu até 1840, marcada por uma série de confrontos violentos e
lutas pelo poder popular. Esse episódio histórico é lembrado como um dos movimentos sociais mais
significativos do Brasil durante o período regencial, representando as tensões e descontentamentos
sociais da época.

Para homenagear esse movimento, aa estrutura de concreto é descrita como uma rampa
elevada em direção ao céu com uma inclinação acentuada apontando para um ponto sem fim, tendo
no meio uma "fratura", um pedaço do monumento que jaz no chão. Segundo Niemeyer, A rampa
elevada em direção ao céu simboliza a imponência da revolta popular que esteve à beira de alcançar
seus propósitos, enquanto a "fratura" evoca o rompimento do movimento revolucionário. Ainda que
tenha sido reprimida, a Cabanagem perdura na memória do povo. Portanto, o bloco continua sua
ascensão infinita, representando a persistência dos princípios, ideais e a luta dos cabanos na história
do país. O monumento aponta para a vila de Icoaraci onde muitos combatentes cabanos foram
mortos e enterrados.
 O monumento segue a arquitetura moderna, tangendo a arquitetura engendrada pelo
realismo socialista oficializado pelo PCUS no início de 1930 na ex URSS como estética da nação.
Muito embora seu modernismo tenha caraterísticas próprias ao realismo socialista, focando muito
no espetáculo visual, um caprichoso e insolente jogo de formas que exige grandes malabarismos
estruturais e muitas vezes a custa do melhor atendimento da sua função de destino, sem falar em um
custo muitas vezes maior, sempre na ideia de progresso modernizador, com figuras pouco
funcionais ou didáticas e formas pouco realistas para o realismo socialista, lembrando talvez um
sonho abstrato com algum significado oculto para olhos atentos apreciarem como biscoito fino, o
que diverge da ideia de “cultura para todos” proposto pelo realismo.

Mas o chama atenção é a contradição entre uma declaração de princípios sociais de Oscar,
que luta pela igualdade, e os seus edifícios aristocráticos e abstratos. No entanto, apesar de seus
vícios, como o próprio Oscar afirma “A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”.
Portanto, talvez a maior função social de sua arquitetura seja a de ser justamente um sonho abstrato,
ou projeção, de um país moderno e desafiador num país que até então não conquistou plena
independência dos interesses e tecnologias externas. Também, quando perguntado sobre a função
social de sua arquitetura, ele afirma “Deveria ter. Mas, quando ela é bonita e diferente, proporciona
pelo menos aos pobres e ricos um momento de surpresa e admiração. A vida é mais importante do
que a arquitetura. A arquitetura não muda nada, mas a vida pode mudar a arquitetura.”

Atualmente, o Monumento à Cabanagem integra o complexo viário do Entroncamento e está

distante de desempenhar sua função como museu, uma vez que não está aberto ao público e,
infelizmente, tem sido alvo de vandalismo perpetrado por moradores de rua. Este monumento sofre
repetidos episódios de arrombamentos, atos de pichação e atos de vandalismo. Além disso,
ocasionalmente, o memorial é utilizado de forma inadequada como uma pista de skate.