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George é a decisão, Georgina as consequências dela. E Gi? Alguém que se perdeu (de forma
propositada ou não) durante esse processo.
TEMPO – fragmentado e superposto (passado, presente e futuro intercetam-se).
Tempo histórico – Portugal do Estado Novo (?), um tempo de estagnação e isolamento de Portugal.
ESPAÇO – espaço interior e exterior mesclam-se. Os espaços exteriores são apresentados de forma
extremamente significativa, já que, ao encontrar Gi, George está numa rua (espaço de trânsito) e,
quando se defronta com Georgina, a personagem está num comboio (igualmente um espaço de
trânsito). Tais espaços ligam-se à temática apresentada no conto, já que a personagem é uma eterna
errante: parte para chegar a algum lugar, com o único intuito de, depois, novamente partir. Busca
constantemente novos espaços onde, entretanto, não assenta morada permanente.
Os espaços físico/social aludidos são contrastantes: uma vila portuguesa parada no tempo/ os valores
tradicionais, as mentalidades retrógradas, a ignorância, a mulher vista como esposa e mãe…) vs. os
diversos espaços cosmopolitas (espaços de civilização, avançados, artísticos, a mulher emancipada…)
pelos quais George circula.
O espaço psicológico da vila é um espaço de mal-estar (“Calor e também aquela aragem |…| de forno
aberto”; “– Que calor, cheira a queimado, o ar.”); o bem-estar só é recuperado no final do conto (“O
calor de há pouco foi desaparecendo e agora já não há vestígios daquela aragem de forno aberto. O ar
está muito levemente morno e quase agradável. George suspira, tranquilizada”), através do
afastamento do passado e do futuro e da fixação no espaço escolhido no presente.
TEMAS DE REFLEXÃO
George larga Gi, o seu noivo, os seus pais e o seu enxoval na vila. PORQUÊ?
Será George apenas um ser disposto a subverter a sociedade machista portuguesa com um
pseudónimo masculino e estrangeiro?
Terá George amores femininos e por isto largou (ou perdeu?) o noivo português? O que tem o nome
George a dizer-nos da personagem? Será uma personagem biologicamente mulher, porém com
identidade de género masculina?
Serão, respetivamente, Gi, George e Georgina a pátria antes da guerra, durante a guerra e no pós-
guerra (país desfigurado)?
Será, também, a casa um símbolo para a pátria mãe, lugar onde muitos não queriam estar e por isto
migravam?