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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ENGENHARIA DE PETRÓLEO

CAPÍTULO 7 - RECUPERAÇÃO DAS FRAÇÕES PESADAS QUE PODEM TER


UTILIZAÇÃO MAIS NOBRE

Existem vários processos para adequar o Gás Natural as condições desejadas pelos
consumidores internos ou não, bem como recuperar frações pesadas que podem ter
utilização mais nobre. São eles:
 Expansão de Joule - Thompson (J-T);
 Refrigeração simples;
 Absorção refrigerada;
 Turbo-expansão.
O tipo de processo a ser adotado depende, fundamentalmente, dos seguintes fatores:
 localização dos campos produtores de gás;
 distância aos pontos de consumo;
 composição do gás;
 pressão de gás disponível;
 recuperação desejada.

1) EXPANSÃO DE JOULE - THOMPSON (J-T)


Esse processo utiliza a queda de pressão do gás para a obtenção de baixa
temperatura, sendo que neste caso a expansão dá-se numa válvula, podendo também
recorrer a utilização de refrigeração auxiliar.
É o mais simples e barato dos processos, porém é também o de uso mais restrito,
devido às suas limitações técnicas.
Este processo não garante a especificação para venda do gás processado, por isso
não é considerado um processo completo, não sendo utilizado isoladamente no projeto
de uma unidade de processamento de gás natural.
Basicamente, é um processo utilizado para acerto de ponto de orvalho de gás
natural objetivando sua adequação para transporte. Dessa forma, o processo pode ser
utilizado para separar, com baixa eficiência, frações pesadas do gás natural e permitir
seu transporte em escoamento monofásico, de maior eficiência (elimina-se o risco de
condensação no interior dos gasodutos de transporte).

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2) REFRIGERAÇÃO SIMPLES
O princípio do processo é promover a condensação dos hidrocarbonetos mais
pesados por meio da redução de temperatura, sendo essa obtida pela utilização de um
fluido refrigerante em circuito fechado. O processo de recuperação de hidrocarbonetos
líquidos por refrigeração simples, como o próprio nome sugere, consiste meramente no
resfriamento do gás de modo a promover a condensação do propano e hidrocarbonetos
mais pesados. Este processo encontra aplicação quando o objetivo é recuperar
componente a partir do propano e não se exige recuperações muito elevadas.
O fluido refrigerante mais utilizado é o propano que permite atingir
temperaturas de até – 40°C
O sistema mais delicado de uma unidade que utiliza este processo é o ciclo de
refrigeração, o qual utiliza compressores de propano como fonte de frio para liquefação
das frações mais pesadas do gás natural.
Normalmente, unidades que utilizam este processo termodinâmico são do
tipo DPP (“dew point plant”) ou unidade de acerto de ponto de orvalho (UAPO).
Estas unidades têm como objetivo principal apenas especificar o gás processado, sem
grandes compromissos com a especificação do líquido gerado e separado.

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Apesar de também ser utilizado isoladamente, este processo termodinâmico


normalmente é complementado por uma etapa de absorção quando é necessário um
aumento da garantia de especificação de produtos e otimização do processo.
Principais características:
· Exige desidratação do gás natural;
· Atinge baixas temperaturas;
· Utilização de um ciclo de refrigeração a propano;
· Bom nível de recuperação de propano;
· Médio investimento.

5°C
10°C -35°C

30°C

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3) ABSORÇÃO REFRIGERADA
Todos os processos têm em comum o principio básico de promover a
condensação de hidrocarbonetos mais pesados por meio de redução de temperatura. O
processo de Absorção Refrigerada, no entanto, utiliza a refrigeração apenas como
auxiliar para obter maiores recuperações, sendo o óleo de absorção o agente
fundamental na recuperação dos hidrocarbonetos líquidos. Sua aplicação típica é
na recuperação de propano e mais pesados.
O processo de absorção para recuperação dos componentes pesados do gás se dá
através de uma absorção física promovida pelo contato do gás com o óleo de absorção.
O mecanismo deste processo é a diferença entre a pressão de vapor dos
componentes no óleo e a sua pressão parcial no gás. Como a primeira é menor que a
segunda, ocorre transferência de massa do gás para o óleo, com liberação de energia e
consequente aumento de temperatura.
Principais características:
· Processo físico e exotérmico;
· Utilização de solvente (óleo de absorção);
· Mecanismo de absorção: lavagem do gás em contra-corrente;
· Variáveis de controle importantes:
· Aspecto crítico: afinidade x seletividade do solvente;
· Alta recuperação de propano;
· Alto investimento.

Neste processo, o fundamento termodinâmico utilizado é a combinação da


refrigeração com o efeito da absorção de pesados do gás natural através do uso de um
solvente adequado, aqui neste caso, uma fração de hidrocarboneto na faixa do
hexano (aguarrás).
Neste processo temos a liquefação de parte das frações mais pesadas do gás
natural através do abaixamento de temperatura proporcionada por troca térmica com
utilização de um ciclo de propano e parte proporcionada pela absorção provocada pela
lavagem em contracorrente do gás natural com aguarrás que arrasta as moléculas mais
pesadas C3+ devido a maior afinidade entre o óleo de absorção e os componentes mais
pesados , obtendo-se uma alta recuperação de C3 em relação à refrigeração simples.

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4) TURBO-EXPANSÃO
Este processo é normalmente adotado quando se deseja recuperar etano e
componentes mais pesados. O esquema de recuperação de líquidos consiste
basicamente do resfriamento do gás por correntes frias da própria unidade seguido de
expansão no turbo-expansor. Com liberação da energia do gás há um brusco
abaixamento de temperatura e conseqüente condensação dos hidrocarbonetos. Neste
caso o gás é submetido à expansão numa turbina, originando, como conseqüência, uma
redução de temperatura do gás e a condensação dos hidrocarbonetos que se deseja
separar; pode-se também utilizar um fluido refrigerante para auxiliar o processo e obter-
se maior recuperação, sendo que neste caso tem-se a turbo-expansão refrigerada.
O processo de turbo-expansão é indicado quando se deseja alta recuperação
de etano, pois as temperaturas obtidas são suficientemente baixas para promover a
condensação do etano.

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O processo turbo-expansão é o mais eficiente processo termodinâmico


atualmente utilizado em unidades de processamento de gás natural. Possui excelente
rendimento na recuperação de propano, sendo capaz de praticamente zerar o teor
deste componente no gás processado.
Também é o único processo capaz de separar etano petroquímico, tendo um
alto rendimento na recuperação deste componente, de forma que o gás processado
gerado é constituído basicamente por metano.
Possui um alto custo, sendo necessário dessa forma, de uma vazão elevada que
garanta o retorno do investimento.
A liquefação dos componentes mais pesados do gás natural neste processo é
garantida pela expansão do gás natural em uma turbina, a qual libera energia que é
utilizada para acionar um compressor booster do sistema principal de compressão do
gás processado. Um conjunto turbo-expansor é responsável por esta etapa de expansão
isotrópica (expansão com entropia constante). Devido ao abaixamento de temperatura
proporcionado pela expansão isotrópica com a realização de trabalho, o processo
consegue atingir temperaturas da ordem de -90 °C.

Principais características:
· Proporciona a temperatura mais baixa de todos os processos;
· Maior eficiência (riqueza do gás processado tende a zero);
· Único com possibilidade de gerar etano para petroquímica;
· Total recuperação de propano;
· Alta recuperação de etano;
· Necessita de alto investimento.

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