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ão

anglo

uc

7
Ed
ENSINO FUNDAMENTAL • ANOS FINAIS
os

ANO

2
CADERNO
m
So
CARLINHOS N. Marmo
João USBERCO
JOSÉ MANOEL Martins
Luiz Carlos FERRER
MARCOS Engelstein
RODRIGO Machado Martins

Ciências

ão

sumário
7 Componentes do ar atmosférico ................................................. 291
8 Propriedades do ar atmosférico................................................... 296

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9 Poluição do ar .............................................................................. 305
10 Poluição do ar interno.................................................................. 321
11 Condições para a saúde ............................................................... 335
12 Sistema imunitário e vacinação ................................................... 352
Ed
os
m

Dando continuidade ao nosso estudo de Ciências, o Caderno 2 inicia com


o estudo do ar atmosférico, suas propriedades, sua composição e aspectos re-
lativos à sua poluição. Estudaremos ainda o efeito estufa, o aquecimento global
e a camada de ozônio, temas necessários para se entender como é possível a
existência da vida, tal como a conhecemos, em nosso planeta. Na sequência,
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retornaremos ao estudo da poluição do ar, só que, desta vez, explorando o que


acontece no interior das residências, abordando seus efeitos e possíveis soluções.
Seguiremos com uma discussão que continua remetendo à vida e à manutenção
da saúde relacionada a doenças de veiculação hídrica, discutindo a importância
do saneamento básico. Por fim, estudaremos como algumas doenças podem ser
evitadas com a vacinação, relacionando isso com o sistema imunitário.
Eric Isselee/Shutterstock
Competências específicas das Ciências
da Natureza para o Ensino Fundamental

1. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como

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provisório, cultural e histórico.
2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de
questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e cola-
borar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social


e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a
curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos
conhecimentos das Ciências da Natureza.
4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para

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propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho.
5. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias
e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo
e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar
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e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética.
7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana,
fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às
suas tecnologias.
8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e deter-
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minação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões
científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios
éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018.
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290
Componentes do

7
MîDULO
ar atmosférico

ão

Perfurações experimentais
em calotas de gelo para a
extração de colunas de gelo

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das profundezas. A primeira
imagem é do Ártico; as demais
são da Antártida.
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British Antarctic Survey/SPL/Fotoarena


kojoku/Shutterstock
os

1. A composição atual de gases


m

da atmosfera terrestre é
diferente da atmosfera de
milhões de anos atrás. Como
podemos afirmar isso se
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apenas no início do século XX


começaram os registros sobre
a composição atmosférica?
British Antarctic Survey/SPL/Fotoarena

2. Que relação podemos


estabelecer entre a pesquisa
mostrada nas imagens e
o conhecimento sobre a
composição da atmosfera da
Terra?

291
Os componentes do ar
O ar é uma mistura de vários gases. Alguns deles são mais abundantes que outros. mistura: porção de matéria
Analise o gráfico. formada pela junção de
duas ou mais substâncias.
Apresenta propriedades não
Gases que compõem a atmosfera definidas, que podem variar
dependendo da quantidade
1%
de cada substância que
21% a compõe. No Caderno 1
do 6o ano, estudamos que

ão
Gás nitrogênio uma solução é uma mistura
homogênea de duas ou
mais substâncias.
Gás oxigênio
Principais gases do ar
atmosférico e as suas
Outros gases proporções na mistura


(valores aproximados). Gás
carbônico e vapor de água
78% estão incluídos no 1% de
outros gases.

Fonte: EARTH Fact Sheet. Nasa, abr. 2020. Disponível em: https://nssdc.gsfc.nasa.gov/

uc
planetary/factsheet/earthfact.html. Acesso em: 20 jul. 2020.

Os gases mais abundantes na atmosfera são o gás nitrogênio (78%) e o gás oxigênio
(21%). O 1% restante é composto de vapor de água e outros gases, como o argônio (o mais
abundante) e o gás carbônico. A quantidade de vapor de água no ar depende de muitos
Ed
fatores e, portanto, varia conforme a situação. Muitas atividades humanas, como as das
indústrias e a queima de combustíveis em veículos, influenciam a composição de gases na
atmosfera.

O gás oxigênio
A questão sobre a composição do ar foi muito explorada desde o século XVIII. Sabia-se
os

que sem ar não é possível viver, pois ele é essencial ao processo de respiração. Sabia-se
também que a queima de velas e a respiração de muitas pessoas ou outros animais em am-
bientes fechados tornavam o ar irrespirável (na época, dizia-se ar “injuriado” ou “esgotado”).
Hoje sabemos que o gás oxigênio, presente no ar atmosférico, é fundamental para a
vida da maioria dos seres vivos e que tanto a queima de substâncias como a respiração
m

dos animais consomem esse gás, o que faz diminuir sua quantidade no ambiente. Sem
o gás oxigênio, muitos organismos deixam de realizar um processo chamado respiração
celular, que é efetuado pelas células e fornece a energia necessária para a manutenção
So

da vida.

Saiba mais

A descoberta da existência do gás oxigênio


No século XVIII, já se sabia que a chama de uma vela dentro de um frasco de
vidro fechado logo se apagava. Também se sabia que animais colocados em um
ambiente fechado por muito tempo morriam por conta do ar tóxico produzido pela
própria respiração. Esse ar resultante de processos de queima, como o da vela e o
de processos de respiração, era chamado de ar flogisticado.

292 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

Em 1772, o químico inglês Joseph Priestley questionou se haveria alguma forma


de o ar flogisticado ser “restaurado” na natureza, caso contrário a vida não seria
possível por muito mais tempo devido à produção contínua desse ar tóxico.
Priestley verificou que um ramo de hortelã

Granger/Fotoarena/Coleção particular
deixado em um recipiente em que uma vela ha-
via sido queimada não morria e acabava flores-
cendo. A partir dessa observação, ele imaginou
que as plantas poderiam ser responsáveis pela

ão
restauração do ar vital (isto é, que permite a
vida). Para testar sua hipótese, ele realizou um
experimento: inicialmente, deixou que uma vela
queimasse em um frasco fechado, produzindo,
assim, um ar flogisticado. Depois, colocou um ra-


tinho nesse mesmo frasco fechado e constatou
que o rato logo morreu (nessa época não havia
restrições ao uso de animais em experimentos).
Porém, quando repetiu o mesmo experimento,

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acrescentando dessa vez uma planta dentro do
frasco, o rato sobreviveu.
Priestley então concluiu que o ar flogisticado
era restaurado pela vegetação, que assim pro-
duzia um “ar vital”. Aparato utilizado por
Ed
Mais ou menos na mesma época, o químico francês Antoine Laurent de Lavoisier rea- Priestley em seus
experimentos. Para criar
lizou vários experimentos que permitiram concluir que a queima de algumas substâncias ambientes isolados da
só acontecia se o ar tivesse certo componente, que ele chamou de oxigyne, o oxigênio. atmosfera, ele usava tubos
emborcados numa cuba
Hoje sabemos que o ar liberado pela queima de algumas substâncias e pela res- de ‡gua.
piração é rico em gás carbônico (que corresponderia ao “ar flogisticado de Priestley”)
e que o ar utilizado na respiração da maioria dos seres vivos e também necessário
os

para a ocorrência de queimas (o “ar vital de Priestley”) é rico em gás oxigênio.


Reprodução/Coleção particular

Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794)


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Químico francês, é considerado o precursor da transição da Ciência de uma perspectiva mais


qualitativa para uma mais quantitativa. Também é lembrado pela descoberta do papel do gás
oxigênio na combustão e pelo enunciado do princípio da conservação da matéria, segundo o
qual, na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. No estudo dos elementos
químicos, teve várias contribuições, como a atuação em sua nomenclatura e na descoberta
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de novos elementos. Foi membro aristocrata e administrador de recolhimento de impostos


pelo governo, o que o ajudou a financiar suas pesquisas. Durante a Revolução Francesa, foi
guilhotinado pela acusação de vender tabaco adulterado.
Granger/Fotoarena/Coleção particular

Joseph Priestley (1733-1804)


Ciências - Módulo 7

Químico inglês que, além de ter descoberto o ar desflogisticado (o gás oxigênio), foi um dos
pioneiros a propor que o ar era uma composição, uma mistura de várias substâncias. Também
caracterizou outros gases – como a amônia, o dióxido de enxofre, o óxido nitroso e o dióxido de
nitrogênio –, produziu trabalhos sobre eletricidade e inventou a borracha. Escreveu ainda sobre
política e viveu seus últimos anos nos Estados Unidos.

293
O gás carbônico
O gás carbônico existe em pequena quantidade no ar (cerca

nataliazhd/Shutterstock

madeaw_ec/Shutterstock
de 0,03%). Ele é liberado quando respiramos ou quando ocorre
a queima de algum material. Embora seja tóxico para os seres
humanos quando em grandes quantidades, ele é essencial para
muitos seres vivos, pois participa de um processo importante na
natureza, a fotossíntese, que é a produção de alimento realizada
por plantas, algas e alguns microrganismos (como as cianobacté-

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rias). Esse processo consome gás carbônico e produz gás oxigênio.
Em nosso cotidiano, o gás carbônico, além de ser eliminado
na respiração, é encontrado dissolvido nos refrigerantes. A água
Comprimidos antiácidos
mineral com gás (gaseificada) pode apresentar gás carbônico que contenham Uma das características
resultante da decomposição natural de determinados tipos de bicarbonato de sódio, marcantes de um


quando em contato com refrigerante é a formação
rocha, mas também pode ser produzida artificialmente dissol- a água, liberam gás de bolhas de gás
vendo-se esse gás em sua composição. carbônico (bolhas). carbônico.

O gás nitrogênio

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O gás nitrogênio é o mais abundante na atmosfera. Apesar de não ser utilizado em nossa
Lembre-se de que gases
respiração nem alimentar chamas, é um gás muito importante, pois é a partir dele que os podem ser dissolvidos na
seres vivos obtêm, direta ou indiretamente, o nitrogênio de que necessitam para produzir água; nesse caso, forma-se
uma solução saturada e o
certas substâncias, como as proteínas e o DNA. excesso aparece na forma
de pequenas bolhas.
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Yuvares Suwanpamort/Shutterstock

xpixel/Shutterstock

Elnur/Shutterstock
Pólvora, mistura de
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substâncias utilizada
na fabricação de
Fertilizante (adubo). artefatos explosivos.

proteínas: substâncias que


fazem parte de alimentos e
Rita Barreto/Fotoarena

são necessárias em todos


Ivan_Sabo/Shutterstock
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os órgãos de nosso corpo,


como músculos, pulmões,
rins, fígado, etc. Também
compõem os cabelos, as
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unhas e os pelos. Alguns


Amoníaco alimentos ricos em proteínas
(produto de
limpeza). Índigo, corante azul são: leite, queijos, ovos,
utilizado nos jeans. carnes, peixes, feijão, soja,
arroz integral e trigo integral
Náilon, utilizado em redes de pesca.
(em pães).
O nitrogênio também é utilizado pelo ser humano na fabricação de produtos de limpeza DNA: sigla para a
substância chamada ácido
(como o amoníaco), de fertilizantes (adubos), de explosivos (pólvora), de corantes (como o desoxirribonucleico.
índigo, corante azul usado nos jeans) e do náilon (fio usado em tecidos e linhas de pesca). Localiza-se dentro das
Outro exemplo interessante é o da indústria que exporta flores: para durar o tempo da células (no núcleo) e contém
viagem, elas são acondicionadas em embalagens com gás nitrogênio, que impede que elas as informações para a
produção das proteínas.
reajam com substâncias do ar, como o gás oxigênio, e fiquem escuras e murchas.

294 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atividade 1
1. Imagine um planeta fora do Sistema Solar, cuja atmosfera tenha apenas gás nitrogênio e gás argônio. Seria possível
existir vida nesse planeta tal qual a conhecemos? Por quê?

ão
2. Se na atmosfera do planeta da questão anterior também existisse gás carbônico e vapor de água, seria possível
a existência de vida como a que conhecemos? Por quê? Lembre-se de que todo planeta gira em torno de uma
estrela, como o Sol.


Teste
1. Sobre os gases que compõem a atmosfera, podemos afirmar que:
uc
Ed
a. o gás oxigênio é fundamental para a maioria dos seres vivos na Terra, pois é utilizado durante a fotossíntese.
b. o gás nitrogênio é a fonte direta ou indireta dos organismos na obtenção de parte da matéria-prima das proteínas.
c. o gás carbônico é um dos resultados do processo de respiração celular e da fotossíntese.
d. o vapor de água encontra-se em quantidade relativamente estável na atmosfera.
os

Em casa
1. Um pesquisador queria estudar os efeitos da respiração na composição do ar. Para isso, ele mergulhou duas cúpulas
m

de vidro, com as bocas viradas para baixo, numa cuba cheia de água. Desse modo, o ar dentro das cúpulas não
se misturou com o ar do laboratório. Numa das cúpulas (A) ele colocou um ratinho, deixando a outra (B) vazia.
Após algum tempo, ele retirou o ratinho e colocou uma vela dentro de cada uma das cúpulas, tomando cuidado
para que o ar de dentro delas não se misturasse com o ar do laboratório. Utilizando lentes de aumento e a luz
So

solar, o pesquisador acendeu as velas ao mesmo tempo. Qual vela você acha que apagou primeiro? Por quê?
Elementos fora
de propor•‹o
Ciências - Módulo 7

A B A B A B

TC ON-LINE: Para aprofundar os estudos, acesse o Plurall e realize as atividades extras dispon’veis.

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8
MîDULO
Propriedades
do ar atmosférico

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Pintura a óleo de árvore desfolhada em um
dia chuvoso de outono, de Mitzaz.


mitza/Digital Vision Vectors/Getty Images

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Ed
os
m
So

1. Nesta obra de arte, a artista buscou


inspiração na natureza, tentando
“capturar” o vento. Como podemos
perceber a ação do vento nesta pintura?
2. Em relação ao vento, como é possível
explicar algo que se sente e não se vê?
296 3. Como é possível mostrar que o ar existe?
Os fenômenos relacionados ao ar
Entre os fenômenos naturais, aqueles relacionados ao ar são particularmente intrigan-
tes. Vamos realizar uma série de atividades experimentais para verificar algumas de suas
propriedades.

Experimentando

O ar ocupa espa•o?

ão
Nesta atividade experimental, você vai verificar se podemos constatar que o ar ocupa
espaço, mesmo sendo invisível.

Material


• 1 vasilha pequena transparente
• 1 rolha (ou pedaço pequeno de isopor)
• 1 copo transparente

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Procedimento
1. Encha uma pequena vasilha transpa-
rente com água até a metade.
2. Coloque a rolha flutuando na água.
Ed
Emborque o copo sobre a rolha, de
modo que ela fique dentro dele.
3. Deixe o copo atingir o fundo da va-
silha; se necessário, segure-o firme-
mente para que não vire e empurre-o
para o fundo. Observe o que aconte-
os

ce e anote em seu caderno (comple-


mente a anotação com um desenho,
se achar mais fácil).

Emborque o copo sobre


m

Registro a rolha e deixe-o atingir


o fundo da vasilha.

1. O que aconteceu com o nível da água dentro do copo?


So

2. Afinal, o ar ocupa espaço? Justifique.


Ciências - Módulo 8

297
Experimentando

O ar oferece resistência à queda de corpos?


Nesta atividade experimental, você vai verificar a possível resistência do ar à queda
de corpos.

Material
• 1 folha de papel

ão
• 1 cronômetro (ou relógio que marque os segundos)

Procedimento
1. Forme dupla com um colega.


2. Um de vocês deve pegar uma folha de papel e segurá-la
na altura do peito, paralela ao solo, enquanto o outro deve
marcar o tempo que ela leva para atingir o chão.
3. O aluno responsável por marcar o tempo deve iniciar a
contagem no exato momento em que o colega soltar a

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folha. Anote o tempo de queda.
4. Repita o procedimento anterior, mas dessa vez com o
papel amassado, formando uma bolinha. Anote o tempo
de queda da bolinha de papel.
Ed
Registro Cronometre o tempo de
queda do papel no chão,
primeiro como folha
1. O que caiu mais rapidamente: a folha de papel aberta ou a bolinha? Proponha uma aberta e depois como
explicação para essa diferença. uma bolinha amassada.
os
m

Saiba mais
So

Danshutter/Shutterstock
Paraquedas
O paraquedas é um equipamento que, quando aberto, in-
terage com a resistência que o ar oferece à queda dos corpos.
Quanto maior ele for, maior será a resistência do ar e, portanto,
mais lenta será a queda.

Existem campeonatos de paraquedismo


desde a década de 1930 em todo o
mundo e com várias modalidades.

298 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Experimentando Atenção
Siga as instruções do
O que acontece quando o ar é aquecido? professor para evitar
acidentes. Nunca faça
Você já viu balões de ar quente, daqueles que levam pessoas em um cesto? Para subir, brincadeiras com a
chama ou com a água
o balonista aciona um queimador localizado abaixo da boca do balão. Nesta atividade
quente.
experimental, você vai descobrir o motivo.

Material

ão
• 1 balão (bexiga de ar utilizada em festas de aniversário)
• 1 garrafa plástica transparente
• 1 vasilha de boca larga de pelo menos 10 cm de largura com água aquecida (será
fornecida pelo professor)


• 1 vasilha de boca larga de pelo menos 10 cm de largura com água gelada (será
fornecida pelo professor)

Procedimento
1. Prenda o balão na boca da garrafa plástica, como indica a

uc
figura ao lado.
2. Mergulhe a garrafa em pé na vasilha com água quente,
deixando apenas o fundo dela na água. Mantenha-a nessa
posição por alguns instantes. Registre em seu caderno o
Ed
que você observou.
3. O que você acha que deverá acontecer se mergulharmos
a garrafa na vasilha com água gelada depois de alguns se-
gundos? Formule uma hipótese a respeito e registre-a em
seu caderno.
4. Em seguida, mergulhe a garrafa na vasilha com água gelada
os

Prenda o
e registre em seu caderno o que foi observado. balão na boca
da garrafa
plástica.
Registro
m

1. Verifique se sua hipótese foi confirmada pelos resultados obtidos, justificando.


So

2. Como se pode explicar os resultados obtidos nessa atividade? Ciências - Módulo 8

299
Olho vivo

Os balões de ar quente e o vento

Thitisan/Shutterstock
Os balões de ar sobem porque são preenchidos com certa quan-
tidade de ar aquecido, menos denso que o ar mais frio onde eles se
encontram. Como a tendência do ar menos denso (aquecido) é subir
e a do mais denso (frio) é descer, o balão cheio de ar quente sobe.
As radiações solares aquecem a superfície do nosso planeta,
que, por sua vez, aquece o ar próximo a ela. Como o ar aquecido,
que é menos denso, tende a subir, o ar frio, que é mais denso,

ão
ocupa o seu lugar — em geral, trata-se de uma massa de ar mais
fria. Esse deslocamento do ar é chamado de vento e ocorre de-
vido às correntes de convecção, que já estudamos no Módulo 3 Balão de ar quente com cesto.
do Caderno 1.


4 3

5
uc 2
Ed
1
os

Representação esquemática que mostra o Sol aquecendo a superfície terrestre (1), o que faz com que o ar próximo
a ela também se aqueça (2) e suba (3). No alto, o ar se resfria (4) e desce (5), quando novamente é aquecido.
Esse deslocamento do ar, por meio de correntes de convecção, forma os ventos.
m

Experimentando

O ar tem massa?
So

Massa pode ser entendida como a medida da quantidade de matéria de um corpo,


ou seja, de algo que ocupa lugar no espaço. Se o ar ocupa espaço, podemos supor que
ele deve ter massa. Nesta atividade, você vai verificar se isso de fato acontece.

Material
• 2 balões de aniversário
• 1 cabide de arame
• 1 fita adesiva
• 1 varal de fio de náilon (ou de outro material)
• 1 alfinete

300 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Experimentando

Procedimento
1. Encha os dois balões com a mesma quantidade de ar e prenda-os nas extremidades
do cabide. Você pode prendê-los pela ponta ou utilizar fita adesiva, cuidando para
que o tamanho da fita seja o mesmo para os dois balões.
2. Pendure o cabide no varal. Os balões presos devem estar equilibrados, como mos-
tra a ilustração. Nesse caso, por estarem equilibrados, eles apresentam a mesma
massa.

ão
3. Para verificar se o ar contido nos balões tem alguma massa, podemos furar um
deles com um alfinete. O que você acha que vai acontecer com o sistema monta- Os balões com a
do? Registre sua hipótese no caderno. mesma quantidade de
ar devem ser presos ao
4. Para furar o balão sem que ele estoure (o que prejudicaria nosso procedimento cabide de forma a ficar


experimental), cole um pequeno pedaço de fita adesiva, de mesmo tamanho, em equilibrados.
cada um dos balões. Com um alfinete, fure um deles exatamente em cima da fita
adesiva. Registre em seu caderno o que você observou.

Registro

uc
1. Sua hipótese foi confirmada pelos resultados obtidos? Justifique.
Ed
Experimentando

Podemos comprimir o ar?


Quando enchemos um balão, aumentamos a quantidade de ar em seu interior, que
os

Atenção
então exerce uma força sobre as paredes desse balão. Se o enchemos muito, ele pode
até estourar; isso acontece quando a força que o ar exerce nas paredes do balão é maior A quantidade de ar
do que elas podem suportar. dentro da seringa não
Quanto maior é a press‹o, ou seja, a força exercida por área, mais intensa é a força deve variar, pois não
deve haver ar entrando
exercida pelo gás em determinada área ou superfície. Pode-se aumentar a pressão
m

ou saindo.
aumentando a quantidade de ar no recipiente (como no caso do balão que enchemos
demais) ou, ainda, diminuindo o volume ocupado por certa quantidade fixa de ar, como
faremos nesta atividade experimental.
So

Material
• 1 seringa de 20 mL, sem agulha

Procedimento
1. Pegue a seringa sem agulha e puxe o êmbolo até a metade.
2. Feche com um dedo a abertura da seringa e, com a outra
Ciências - Módulo 8

mão, tente empurrar o êmbolo. Registre suas observações.


Feche com um dedo a
abertura da seringa e, com a
outra mão, empurre o êmbolo.

301
Experimentando

Registro
1. O que se pode concluir em relação à pressão e ao volume ocupado pelo ar?

ão
Experimentando

Qual é a relação entre pressão e volume?


Nesta atividade experimental, você vai investigar a relação que existe entre pressão


e volume de ar.
Material
• 1 balão (bexiga de ar de aniversário)
• 1 seringa de 20 mL, sem agulha

uc
Procedimento
1. Encha o balão de forma que caiba dentro da seringa usada na atividade anterior.
Amarre a ponta do balão para que o ar não saia.
2. Retire o êmbolo da seringa e introduza nela o balão. Depois, recoloque o êmbolo
Ed
e aperte-o um pouquinho.

Atenção
Não deve haver variação
Introduza o balão na quantidade de ar
dentro da seringa e dentro da seringa.
os

recoloque o êmbolo.

3. Tape com um dedo a abertura da seringa e empurre o êmbolo. Registre em seu


caderno o que aconteceu com o volume do balão.
4. Faça agora o procedimento contrário: tape a abertura da seringa com um dedo e puxe
o êmbolo. Anote em seu caderno o que você observou em relação ao volume do balão.
m

Registro
1. O que se pode concluir, a partir da análise dos resultados desta atividade, a respeito
So

da relação entre pressão e volume?

2. Um balão de festa cheio de gás hélio flutua no ar. Se o soltarmos em céu aberto, ele
vai subir cada vez mais, aumentando de volume à medida que sobe na atmosfera. Que
relação podemos estabelecer entre a pressão atmosférica e o volume do balão?

302 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

Artur Synenko/Shutterstock
A pressão atmosférica
O ar que envolve a Terra, que conhecemos como atmosfera, exerce pressão
sobre ela. Essa pressão é chamada de pressão atmosférica e varia conforme a
altitude, ou seja, quanto maior é a altitude, menor é a pressão. Por isso, no alto
das montanhas a pressão é menor do que à beira do mar.
Os aparelhos que medem a intensidade da pressão atmosférica são chamados de

ão
barômetros e são utilizados para prever o tempo. Veja um exemplo na foto ao lado.
Barômetro.

Bebendo de canudinho

asife/Shutterstock
Quando bebemos um líquido com canu- Ar sendo
sugado


dinho, inicialmente não estamos sugando Líquido subindo
o líquido, mas sim o ar que se encontra no
Pressão
interior do canudo. O movimento dos mús- atmosférica
culos da boca retira o ar do interior do canu-
dinho, diminuindo a pressão dentro dele e

uc
da boca. Assim, a pressão atmosférica exer-
cida na superfície do líquido o “empurra”
pelo canudinho até a boca.
Ed
Quando tomamos o líquido de um
copo com um canudinho, a pressão
atmosférica determina a subida desse
líquido até a boca, conforme mostra a
representação esquemática.
os

Teste
1. Um aluno amassou uma folha de papel e a colocou em um copo, de modo que ela ficasse presa no fundo. Depois,
emborcou esse copo em uma vasilha com água pela metade. Após a boca do copo atingir o fundo da vasilha, o
m

aluno retirou o copo com cuidado e verificou que o papel estava seco. Esse procedimento experimental permite
qual conclusão a respeito de uma das propriedades do ar?
a. O ar oferece resistência à queda dos corpos.
So

b. O ar diminui seu espaço quando resfriado.


c. O ar ocupa espaço (no caso, dentro do copo).
d. O espaço que o ar ocupa varia de acordo com a forma do recipiente (copo).
2. Um aluno colocou uma bexiga de aniversário vazia (sem ar) em uma balança, mediu sua massa e anotou o valor. Em
seguida repetiu o procedimento, mas agora com a mesma bexiga cheia de ar. Espera-se que o aluno verifique que:
Ciências - Módulo 8

a. A massa da bexiga vazia seja maior que a da bexiga cheia de ar, pois o ar é muito leve e por isso diminui a
massa da bexiga.
b. A massa da bexiga vazia seja menor que a da bexiga cheia de ar, pois o ar tem massa.
c. A massa da bexiga vazia seja menor que a da bexiga cheia de ar, pois o ar aumenta a massa da bexiga.
d. As duas medidas realizadas na balança sejam as mesmas, pois a massa do ar é desprezível.

303
3. Leia a tirinha a seguir.

Calvin & Hobbes, Bill Watterson © 1989


Watterson/Dist. by Andrews McMeel
Syndication
ão
Calvin alega que uma alta pressão poderia fazer desabar seus órgãos e ele acabaria por implodir (destruir, colapsar
para dentro). Essa suposição estaria ligada a qual relação entre pressão e volume?


a. A diminuição da pressão gera uma diminuição do volume.
b. O aumento da pressão gera um aumento do volume.
c. O aumento da pressão gera uma diminuição do volume.
d. O aumento ou a diminuição da pressão não altera o volume.

uc
Em casa
1. Faça o seguinte procedimento experimental: pegue um balão e coloque-o dentro de uma
garrafa, de modo que a boca do balão fique presa à borda da garrafa. Em seguida, tente
Ed
encher o balão assoprando dentro da garrafa. O que aconteceu? Como você explica o
resultado obtido?

2. É comum vermos aves, como os urubus, voando praticamente sem mover as asas. Observe que, mesmo sem
bater as asas, os urubus conseguem subir até grandes altitudes, voando em espiral. Considerando o que aprendeu
sobre as propriedades do ar, como você explica o voo ascendente dos urubus?
os

Cores fantasia
Elementos fora
de proporção
m

Ar resfriado

Massa de
ar quente
subindo
So

Nesta
representação
esquemática,
vê-se uma
“massa de ar”
Ar quente cada vez mais
Ar quente
alta e um urubu
acompanhando-a.

3. Faça um relatório da atividade realizada na seção Experimentando – Podemos comprimir o ar? nos mesmos moldes
do que você fez no 6º ano.

TC ON-LINE: Para aprofundar os estudos, acesse o Plurall e realize as atividades extras dispon’veis.

304 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


9
MîDULO

Polui•‹o do ar

ão
A poluição na cidade do Rio de Janeiro (foto superior, de 2009),
em certos períodos, supera a de São Paulo (foto inferior, de
2020), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).


Ismar Ingber/Pulsar Imagens

uc
Ed
1. Quais são os efeitos da poluição do
os

ar para a saúde humana? E para o


ambiente?
2. Quais são os fenômenos atmosféricos
que podem contribuir para a alteração da
m

qualidade do ar?
3. Os níveis de qualidade do ar vêm
melhorando em grandes cidades, como
São Paulo e Rio de Janeiro, nos últimos
So

anos? Por quê?


Nelson Antoine/Shutterstock

305
Poluentes atmosféricos
De modo geral, podemos dizer que a poluição é gerada pelo ser humano quando ele
altera as condições naturais de um ambiente. No caso da poluição do ar, ou poluição at-
mosférica, a ação humana provoca a emissão de certos gases em grandes quantidades,
principalmente provenientes de indústrias, escapamentos de automóveis, queimadas de
florestas e de lixo. Esses gases poluentes, ao serem adicionados à mistura do ar atmosférico,
alteram sua composição, podendo causar diversos impactos ambientais.
Entre os poluentes atmosféricos mais frequentes, podemos listar os óxidos de nitrogênio,

ão
os óxidos de enxofre, o monóxido de carbono, o gás carbônico, o gás metano, o ozônio e
o material particulado (MP). O quadro a seguir resume suas fontes e impactos à saúde e
ao meio ambiente.


Fontes e impactos à saúde e ao ambiente de alguns poluentes atmosféricos

Poluentes Fontes humanas Impactos à saúde e ao ambiente

Danos aos pulmões (asma e bronquite) e

uc
às vias respiratórias; irritação no nariz, na
Queima de combustíveis garganta e também nos olhos
Óxidos de nitrogênio fósseis (carvão, petróleo) no
Danos a determinadas espécies de plantas
e dióxido de enxofre processo industrial e em veículos
mais sensíveis, inibindo seu crescimento
motorizados
Danos a construções e materiais e acidificação
Ed
de rios, lagos e solos (chuva ácida)

Queima de combustíveis fósseis Redução da capacidade sanguínea de


Monóxido de
(carvão, petróleo) no processo transportar oxigênio; danos aos sistemas
carbono industrial (gasolina e diesel) cardiovascular, nervoso e pulmonar

Queima de combustíveis
os

fósseis (carvão, petróleo) no


Gás carbônico ou Aumento do efeito estufa, levando ao
processo industrial e em veículos
dióxido de carbono aquecimento global
motorizados; queimadas e
desmatamentos
m

Cultivo de arrozais, criação de


gado em escala industrial, aterros Aumento do efeito estufa, levando ao
Gás metano sanitários e gasodutos (gás aquecimento global
natural)
So

Irritação dos olhos; entupimento nasal, O oz™nio é nocivo


Produto da reação química entre redução da função pulmonar; diminuição quando se concentra na
algumas substâncias, na presença da resistência a infecções superfície da Terra; quando
Ozônio da luz solar, sendo, portanto, um se concentra a cerca
poluente secundário Danos a vegetação, borracha de pneus, de 32 km da superfície,
tecidos e tinturas protege-a contra raios
ultravioleta.

Queima de combustíveis e Alergias, asma e bronquite crônica


Material particulado de seus aditivos no processo
industrial e em veículos Câncer, no caso de partículas emitidas por
(MP)
(principalmente a diesel) veículos a diesel

306 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre
Os óxidos de nitrogênio podem ser gases incolores, como o óxido nítrico, que é produzido
em motores de automóveis, usinas industriais e queima de carvão, e até por certas bacté-
rias do solo. Também podem ser gases coloridos, como o dióxido de nitrogênio, que tem metabolismo: conjunto
cor castanha-avermelhada; esse gás resulta da reação do óxido nítrico com o gás oxigênio. de todas as transformações
de substâncias (reações
O gás conhecido como dióxido de enxofre é incolor e tem odor irritante. Processos na- químicas) que ocorrem em
turais, como erupções vulcânicas e metabolismo de algumas bactérias marinhas, podem um organismo. Fazem parte
produzir cerca de um terço desse gás na atmosfera. O restante provém de ações humanas, do metabolismo a obtenção
de energia, a produção de

ão
como queima de carvão contendo enxofre em usinas de energia e indústrias, refino de
proteínas, etc.
petróleo e fundição de minérios.

Chuva ácida
Alguns dos gases tóxicos lançados na atmosfera ricos em enxofre e nitrogênio, como


óxidos de enxofre e óxidos de nitrogênio, se unem à água presente na atmosfera e formam
novas substâncias com características muito ácidas. A chuva com essas substâncias é cha- Cores fantasia
mada de chuva ácida. Elementos fora
de proporção

uc
Poluentes ricos Transporte pelo vento e Ácidos com nitrogênio
em enxofre e nitrogênio reações químicas dos poluentes Ácidos com enxofre 2
Ed
Nuvens
1

3 Chuva ácida
4
Poluentes Chuva ácida Prédios e
caem no monumentos
solo
Escoamento pela
os

super cie
Mata
Área urbana com Mata Área
indústrias e veículos Rio urbana
Lago
m

Representação
esquemática mostrando
Na imagem acima, os fenômenos relacionados aos números 1 a 4 são descritos a seguir: as etapas de formação
da chuva ácida e suas
1. Poluentes liberados pelas indústrias e por veículos podem cair no solo de áreas consequências para o
urbanas e de mata. ambiente.
So

2. Na atmosfera, esses mesmos poluentes ricos em enxofre e nitrogênio sofrem trans-


formações (reagem com a água) e formam ácidos com nitrogênio e enxofre.
3. Esses ácidos se precipitam com a chuva, formando a chuva ácida, que cai sobre a
mata e pode escorrer até rios e lagos.
4. Como os ventos transportam esses poluentes, a chuva ácida pode precipitar também
Ciências - Módulo 9

em áreas urbanas, provocando a corrosão de construções e monumentos.


A chuva ácida pode causar danos ao ambiente e aos seres vivos ao prejudicar o solo e a
vida dos organismos que vivem em lagos e rios. Também pode afetar a vegetação, tornan-
do-a descorada e seca. Nas cidades, pode poluir reservatórios de água potável e corroer
encanamentos velhos, edifícios e obras de arte.

307
No Brasil, os efeitos da chuva ácida já foram verificados em várias cidades indus-
trializadas, como Cubatão (SP) e Tubarão (SC). A vegetação da serra do Mar, que fica
próxima à cidade de Cubatão, é a que mais sofre com os gases tóxicos gerados pelo
polo industrial que predomina na cidade. Em Tubarão, uma mineradora de carvão libera
óxidos de enxofre na atmosfera. Em lugares bem distantes desses polos, já se verifi-
caram prejuízos à vegetação, ao solo e a corpos de água, como rios, represas e lagos.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens


ão

uc
Ed
Poluição do ar gerada por indústrias pode afetar a vegetação dos arredores. Na fotografia,
os

complexo siderúrgico de Cubatão (SP), em junho de 2014.

Oz™nio
O ozônio (do grego ozein, que significa “mau cheiro”) tem esse nome porque, quando
m

é produzido numa descarga elétrica, como em um raio, sente-se no ar um forte cheiro


ruim. É um gás incolor e causa a chamada poluição fotoquímica quando se encontra na
troposfera, no nível do solo. Essa poluição é caracterizada pela formação do ozônio, na
So

presença da luz solar (por isso o prefixo “foto”, que significa “luz”), no nível do solo e pode
causar sérios distúrbios à saúde humana, como problemas respiratórios, além de danificar
plantas, borrachas de pneus, tecidos e tinturas.
No entanto, o ozônio se concentra na estratosfera, a cerca de 32 km de altitude, formando
uma camada. Essa camada de ozônio é capaz de filtrar os raios ultravioleta (UV) que provêm
do Sol e que aquecem a Terra, mas que, se não forem filtrados, podem trazer sérias conse-
quências para o ser humano, como queimaduras, aumento dos casos de câncer de pele, maior
incidência de catarata e enfraquecimento do sistema imunitário, que nos ajuda a combater
doenças. Esses raios também podem causar a morte de microrganismos, como o plâncton
marinho, e de plantas, que são muito sensíveis aos raios UV, o que pode desequilibrar as
cadeias alimentares, entre outras consequências.

308 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Buraco na camada de ozônio
Algumas substâncias, como o clorofluorcabono (CFC), são capazes de decompor o
ozônio formando um buraco na camada que envolve a Terra, diminuindo assim a proteção
contra os raios solares. O CFC é proveniente de atividades industriais, particularmente da
produção de sprays, aerossóis, estofados e revestimentos térmicos.
O buraco na camada de ozônio é, na verdade, uma região na camada que tem a concen-
tração de ozônio diminuída. Esse buraco, como já foi estudado em Geografia no 6º ano, veio
aumentando. Em 1987, representantes de 36 nações assinaram um acordo internacional, o

ão
Protocolo de Montreal, comprometendo-se a trabalhar para eliminar as emissões de CFC. Em
1992, depois de mais reuniões, os países signatários do Protocolo de Montreal se reuniram
e adotaram o Protocolo de Copenhague, visando acelerar a exclusão dos principais produtos
químicos que esgotam o ozônio. Esses protocolos marcam o esforço internacional para a
contenção de um problema planetário. Estima-se que, se esses tratados forem seguidos


pelas nações, por volta de 2068 teremos restaurado o ozônio na estratosfera aos níveis de
1980 e, em 2108, teremos recuperado os níveis encontrados em 1950.
Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que o nível de ozônio
na estratosfera fora das regiões polares tem aumentado de 1 a 3% por década desde 2000

uc
e que o buraco na camada de ozônio na Antártida tem se recuperado gradativamente. De
acordo com a Nasa, em 2019 foi registrado o menor tamanho desse buraco; embora isso
tenha ocorrido por causa de padrões climáticos específicos, o Protocolo de Montreal tem
gerado bons resultados em sua recuperação.
Ed
Setembro de 1979 Setembro de 2018 Setembro de 2019
Reprodução/NASA Ozone Watch

Reprodução/NASA Ozone Watch

Katy Mersmann/Goddard Space Flight Center/NASA


os
m

Ozônio total (unidades Dobson)


So

0 100 200 300 400 500 600 700

Imagens da Nasa, coloridas artificialmente, que mostram a cobertura da camada de ozônio sobre o continente antártico nos meses de setembro
de 1979, de 2018 e de 2019. As cores roxa e azul representam áreas em que a camada de ozônio é pouco espessa, e as cores amarela e
vermelha representam áreas em que há maior quantidade de ozônio. Dobson é uma unidade de medida criada para indicar a espessura da
camada de ozônio total da atmosfera.
Ciências - Módulo 9

Apesar de a camada de ozônio filtrar a maior parte dos raios ultravioleta, uma pequena
parcela ainda chega à superfície terrestre. Para nos protegermos contra os efeitos nocivos
da exposição prolongada a esse tipo de radiação, devemos usar chapéus, óculos de sol,
roupas de proteção contra UV e aplicar protetores solares, além de evitar horários quando
a radiação solar é mais intensa (entre dez da manhã e três da tarde).

309
Material particulado (MP)
O chamado material particulado (MP) é um conjunto de pequenas partículas sólidas e gotas
líquidas que são pequenas e leves o suficiente para permanecer em suspensão (“flutuando”) na
atmosfera por longos períodos. Cerca de dois terços dessas partículas provêm de fontes naturais,
como poeira, queimadas e aerossol marinho. O restante se origina de ações humanas, como fontes aerossol: formado pela
industriais, queima de carvão, desgaste de componentes de veículos e construção de estradas. suspensão, em um gás,
Um tipo importante de MP é a fuligem, que resulta da queima de diesel, carvão, lenha, de partículas sólidas ou
líquidas muito pequenas.
plantações, florestas e savanas.

ão
Devido ao seu tamanho minúsculo, as partículas podem irritar os olhos, o nariz e a gar-
ganta e podem atingir regiões internas do pulmão, causando sérios danos, além de agravar
a asma, a bronquite e outras complicações pulmonares. Algumas dessas partículas também
podem provocar alterações nas células, contribuindo para o desenvolvimento do câncer.
As partículas ainda podem causar problemas em objetos, como a corrosão de metais e a


descoloração de pinturas e roupas, além de prejudicar a visibilidade nas cidades.

Mon—xido de carbono, g‡s carb™nico e g‡s metano


O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro e extremamente tóxico. Sua fonte

uc
principal é a queima (combustão) de materiais que contêm carbono, como combustíveis
fósseis, carvão vegetal e madeira; a fumaça do cigarro também contém esse gás. No sangue,
o monóxido de carbono pode se ligar a uma substância, a hemoglobina, que é responsá-
vel por transportar o gás oxigênio até as células; com isso, o transporte de gás oxigênio é bioindicadores:
impedido. O monóxido de carbono pode se acumular no organismo em caso de exposição seres vivos que indicam
Ed
por longo período e agravar problemas no coração e nos pulmões. Em níveis altos torna-se alterações ambientais
por meio de mudanças
extremamente perigoso, podendo provocar enxaqueca, náuseas, sonolência, coma e morte. biológicas, químicas,
O gás carbônico é um gás incolor e inodoro. Cerca de 93% dele provêm de processos dos comportamentais,
seres vivos, como a respiração celular, mas também de fenômenos naturais, como processos ecológicas, fisiológicas,
genéticas ou
de combustão e erupções vulcânicas (veja, na página 313, o esquema sobre o ciclo do carbono
morfológicas que
na natureza). No entanto, a emissão de gás carbônico pela ação humana, principalmente por são proporcionais ao
os

meio da queima de combustíveis fósseis, provoca efeitos que já foram discutidos em Geogra- acúmulo de poluentes
fia, no 6o ano, e serão retomados mais adiante, quando abordarmos o aquecimento global. em seus organismos.
O gás metano é um gás incolor e resulta do processo de decomposição realizado por alguns
organismos, como certas bactérias que vivem no solo, em áreas úmidas ou no interior de alguns
m

seres vivos, como no sistema digestório de herbívoros como o gado de corte e as vacas leiteiras,
Liquens em
que o eliminam por meio do arroto. Também é emitido em arrozais, aterros, poços de gás natural, casca de árvore
entre outras fontes. O seu principal impacto para o ambiente ocorre quando, em grande quantida- localizada em
Petrópolis (RJ), em
de, contribui para o aumento do efeito estufa e, consequentemente, para o aquecimento global.
So

julho de 2019.

Luisaazara/Shutterstock
Saiba mais

Liquens, os bioindicadores naturais


Os liquens, uma associação entre fungos e algas ou entre fungos e cianobactérias, são
extremamente sensíveis a alterações ambientais. São os melhores bioindicadores conhecidos
dos níveis de poluentes atmosféricos, como o dióxido de enxofre, o monóxido de carbono e
óxidos de nitrogênio. A presença de liquens, como os da imagem ao lado, sugere baixo índice
de poluição, ao passo que seu desaparecimento indica agravamento da poluição ambiental.

310 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Efeito estufa e aquecimento global
A atmosfera retém parte da energia térmica na superfície terrestre, fenômeno conhe-
cido como efeito estufa. Você já estudou esse fenômeno em Geografia, no 6º ano, mas
vamos recordá-lo nesse momento imaginando uma pequena estufa de vidro contendo
alguns objetos e exposta à luz solar. Depois de atravessar o vidro da estufa, a luz chega aos
objetos e os aquece. Estes, por sua vez, aquecem o ar que os envolve e emitem um tipo de
radiação invisível aos olhos humanos denominada radiação infravermelha. O ar quente,
menos denso que o ar frio, sobe para as regiões mais altas da estufa, mas não consegue Luz solar
sair, pois ela se encontra fechada. Como esse processo é contínuo enquanto houver inci-

ão
dência de luz, a tendência é que a temperatura dentro da estufa aumente cada vez mais.
Além disso, a temperatura do ar no interior da estufa também aumenta pelo fato de que
o vidro, que pode ser atravessado pela luz visível, não pode ser atravessado pela radiação
infravermelha. Assim, boa parte dessa radiação acaba retornando aos objetos da estufa,


que se aquecem ainda mais.

Parte da energia na forma de

uc
luz e calor sai da estufa

Radiação
Ed
infravermelha

Cores fantasia
Elementos fora
de proporção
os
m
So

Ciências - Módulo 9

Ar aquecido sobe
na estufa
Luz solar aquece o solo

Representação esquemática do efeito estufa em uma estufa de plantas.


311
A atmosfera terrestre também funciona como uma espécie de estufa, pois parte da
energia solar que chega ao nosso planeta se converte em radiação infravermelha. Essa
radiação fica retida na atmosfera por gases que a compõem, os chamados gases de efeito
estufa (GEE), como o gás carbônico, o gás metano, o vapor de água, compostos ricos em
nitrogênio, como os óxidos de nitrogênio, entre outros. Esses GEE contribuem, portanto,
para a manutenção da temperatura média da Terra, o que possibilita a existência da vida
tal como a conhecemos.

ão
5
Um pouco do calor da

Ilustração produzida com base em: ALMANAQUE Abril. Disponível em: http://msalx.almanaque.abril.com.
Terra vai para o espaço.

1 O Sol emite sua energia pelo 7 Se não fosse o calor retido


espaço na forma de luz pelo efeito estufa, o planeta

br/2013/03/25/1232/aquecimento­global­grafico­01.jpeg?1364225667. Acesso em: 5 jun. 2015.



visível, radiação ultravioleta congelaria a uma temperatura
e infravermelha. de 15 °C negativos.

6 A maior parte do calor


é retido na atmosfera

uc
4 Aquecida, a pelos gases de efeito
superfície emite estufa, como vapor de
calor na forma de água e gás carbônico.
radiação
infravermelha.
Ed
3 O ar, os solos e as águas
absorvem cerca de
2 Parte da energia luminosa que 70% da radiação solar.
chega do Sol na Terra volta 8 Milhões de toneladas de
para o espaço (cerca de 30%), carbono lançados na atmosfera
refletida por poeira e nuvens pela ação humana amplificam o
(na atmosfera) e por neve efeito estufa, intensificando o
os

e gelo (na superfície). aquecimento do planeta.

Cores fantasia
Elementos fora
de proporção
m

Representação esquemática do efeito estufa na atmosfera e algumas ações antrópicas que intensificam o aquecimento global.
So

Nos últimos anos, no entanto, tem-se observado que a temperatura média da atmos-
fera terrestre vem aumentando. Uma das explicações para isso é que, com o aumento da
poluição, alguns gases, como os compostos de carbono (por exemplo, o gás carbônico),
estão se acumulando na atmosfera, o que aumenta a retenção de calor e amplifica o efeito
estufa. A essa intensificação do efeito estufa dá-se o nome de aquecimento global.
O gás carbônico é um dos principais “vilões” do aquecimento global, pois sua produção
tem se elevado com o aumento da queima de combustíveis fósseis provenientes do petróleo,
como gasolina, querosene e óleo diesel. O gás carbônico só é consumido pela fotossíntese
realizada por plantas, algas, cianobactérias e algumas bactérias. No entanto, esse consumo
do gás carbônico na fotossíntese não consegue compensar o grande aumento da liberação
desse gás na atmosfera, o que leva ao aquecimento global.

312 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Gás carbônico da atmosfera

Emissão
Grandes de vulcões
queimadas
Gás carbônico
dissolvido Respiração Fotossíntese
Combustão por Escapamentos na água dos seres vivos
indústrias

ão

Combustíveis

uc
fósseis

Detritos
O gás carbônico e soterrados
seu ciclo na natureza. por milhões
O ser humano pode aumentar de anos Decomposição
Ed
a quantidade desse gás na atmosfera
de detritos
por meio de queimadas, emissão por
automóveis e prática de algumas atividades,
como a industrial. Cores fantasia
Elementos fora
de proporção

O aquecimento global está gerando alguns efeitos em todo o planeta, por exemplo:
os

• derretimento das geleiras e da neve nos polos e nos cumes de montanhas;


• elevação do nível do mar;
• alteração no regime de chuvas;
• aumento das áreas desertificadas;
m

• crescimento da população de mosquitos que podem transmitir doenças, como ma-


lária, dengue e febre amarela;
• ameaça à biodiversidade de animais e plantas que vivem em climas mais frios;
• morte de bancos de corais;
So

• possível declínio da agricultura em geral, principalmente nas regiões tropicais e sub-


tropicais.
Para alguns cientistas, o que se considera aquecimento global pode, na verdade, fazer
parte de um ciclo natural da Terra e, portanto, a causa desse aumento na temperatura
média global estaria mais relacionada a esse evento cíclico do que às ações humanas. Isso
Ciências - Módulo 9

mostra que, apesar das várias evidências de um aquecimento global provocado pelo ser
humano, o consenso na Ciência muitas vezes é difícil de se conseguir.
No entanto, o aquecimento global é um fato, independentemente de sua origem. Embora
algumas medidas para gerar menos gases de efeito estufa (GEE) estejam sendo tomadas pelos
governos de vários países, a concentração desses gases na atmosfera continua aumentando.

313
Olho vivo

As condições para a vida na Terra


Estima-se que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 3,5 bilhões de anos. Ela se ca-
racterizava inicialmente por organismos microscópicos que conseguiam se autoduplicar,
assim como as bactérias atuais. Esses organismos surgiram em ambientes aquáticos e ali
permaneceram, evoluindo (se transformando) ao longo de milhões de anos. Mas por que
esses seres vivos microscópicos (e depois alguns maiores, multicelulares) não saíram logo
da água e exploraram os ambientes terrestres?
Alguns motivos não os permitiram fazer isso. Um deles era o fato de que não havia na

ão
atmosfera terrestre uma proteção contra os raios ultravioleta do Sol, como existe hoje a
camada de ozônio, que filtra esses raios. Essa camada demorou milhões de anos para se
constituir, só então permitindo que a vida tal como a conhecemos pudesse sobreviver em
ambientes terrestres onde a radiação solar fosse filtrada.


A vida tal como a conhecemos também não seria possível se o nosso planeta não tivesse
o efeito estufa exercido pela atmosfera, que permite reter parte da energia térmica prove-
niente do Sol próximo à superfície terrestre. Sem o efeito estufa, a temperatura média da
superfície terrestre seria –15 oC, e não 15 oC, como é hoje, inviabilizando qualquer forma
de vida conhecida.

uc
Portanto, a existência de vida na Terra só foi possível graças a uma série de fatores combi-
nados, como a presença de uma camada de ozônio e o efeito estufa exercido pela atmosfera.
Ed
Atividade 1
1. Há relatos de que as ilhas Bermudas, localizadas a 960 km da costa oceânica dos Estados Unidos, e as montanhas
amazônicas do sul da Venezuela enfrentam chuvas tão ácidas quanto as que caem nos países industrializados.
Como se explica esse fenômeno?
os

2. Como as baleias que vivem na Antártida podem ser atingidas pelo aumento do buraco na camada de ozônio?
m
So

3. Analisando alguns possíveis efeitos do aquecimento global no planeta, em relação ao seu município, quais deles
seriam sentidos a curto e médio prazos? Justifique.

314 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


4. Um carro com os vidros fechados em um dia de sol depois
de certo tempo fica com o ar interno muito aquecido. Com
Radiação
base na ilustração ao lado, explique como acontece esse infravermelha
fenômeno, comparando com o que ocorre em uma estufa
de plantas. Luz solar

ão
Cores fantasia
Elementos fora
de proporção


Poluentes atmosféricos, doenças
e saúde

uc
Como vimos, vários gases poluentes são tóxicos, ou seja, podem causar males à saúde
do ser humano e de outros seres vivos, além de afetar o ambiente.
Grande quantidade desses gases pode provocar dores de cabeça, cansaço, vertigens,
Ed
além de irritação nos olhos, no nariz e na garganta. Em alguns casos, podem agravar doen-
ças do pulmão, como a asma, e das vias nasais (do nariz). Portanto, o sistema respiratório
é um dos sistemas mais afetados do organismo em decorrência da poluição atmosférica.

Células epiteliais
Cavidade nasal

Cílios
os

Cavidade oral

Glândula
produtora
Faringe (garganta) de muco
m

Traqueia Muco

Brônquios
Bronquíolo
So

Pulmão direito
Alvéolos

Bronquíolos
Ciências - Módulo 9

Bolsa alveolar (seccionada)

Representação esquemática do sistema respiratório mostrando Cores fantasia


seus órgãos e alguns tecidos e células envolvidos em processos Elementos fora
de proporção
que desencadeiam doenças nesse sistema.

315
Asma, bronquite crônica, enfisema pulmonar

New Africa/Shutterstock
e rinite alérgica
No 6º ano, em Ciências, foram comentadas algumas doenças relacionadas aos poluentes
atmosféricos. Vamos relembrá-las e conhecer algumas outras.
A asma, também conhecida como asma brônquica ou bronquite asmática, caracteriza-se
pela inflamação dos brônquios do pulmão, que se estreitam devido à presença de muco
e acabam impedindo a passagem do ar. Isso provoca chiado no peito, tosse, sensação de
aperto no peito, fadiga e dificuldade para respirar.
Na bronquite crônica ocorre a produção excessiva de muco pelos brônquios, sempre

ão
acompanhada de muita tosse. Os poluentes provocam a produção de muco espesso pelas
glândulas mucosas. Esse muco estreita as vias respiratórias e dificulta a atividade dos cílios Para o tratamento de
das células que deveriam expulsar as partículas, agravando ainda mais o problema. Além crises de asma, os
médicos costumam
da tosse, ocorre falta de ar e chiado no peito. indicar o uso das
O enfisema pulmonar se caracteriza pela destruição das paredes dos alvéolos pulmona-


chamadas “bombinhas”,
res, que são minúsculos espaços dentro dos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas. Esses que têm medicamentos
que promovem a
espaços tornam-se então muito grandes, fazendo com que parte do ar não saia durante a dilatação dos brônquios
respiração, permanecendo nos pulmões e diminuindo as trocas gasosas. Com o passar do do pulmão, melhorando
tempo, esse problema pode levar ao desenvolvimento de câncer no pulmão. a passagem do ar.

uc
A rinite alérgica é a inflamação dos tecidos que revestem as mucosas do nariz. Os sin-
tomas são semelhantes aos de um resfriado, como espirros, nariz entupido ou escorrendo,
coceira nos olhos, no nariz e na boca, entre outros.
Além da poluição do ar (definida pela emissão de gases e partículas tóxicas), outros
fatores podem desencadear essas doenças, como poeira doméstica, mofo, grãos de pólen,
Ed
gripes, resfriados, ácaros e pelos de animais.
Os tratamentos, que devem ser realizados sob orientação médica, são variados; entre
eles está o uso de medicamentos específicos, como anti-inflamatórios. No entanto, medi-
das preventivas também devem ser tomadas, como evitar os fatores que causam as crises. Cores fantasia
Elementos fora
de proporção

Olho vivo
os

Invers‹o tŽrmica FLUXO NORMAL INVERSÃO TÉRMICA

Vimos no Módulo anterior que o calor do Sol tem


uma relação direta com a movimentação do ar e com a Ar mais frio Ar frio
formação dos ventos. Em condições normais, o ar quen-
m

te, que tem densidade menor, tende a subir para as


camadas superiores da atmosfera, e o ar frio, a descer
Ar frio Ar quente
para as camadas inferiores, facilitando a dispersão dos
gases tóxicos. Em outras palavras, o ar quente leva os
Ar quente Ar frio
So

gases tóxicos para as camadas mais altas, melhorando


as condições do ar nas camadas mais baixas.
Em certas épocas do ano, em especial no inverno, pode
acontecer de a camada mais fria, por ser mais densa, ficar es-
tacionada próxima à superfície, invertendo o processo. Esse
fenômeno se chama inversão térmica. Como o ar mais frio A inversão térmica impede a dispersão dos gases tóxicos,
não sobe, não se formam os ventos e o ar fica parado mais fazendo‑os ficar mais próximos do solo, prejudicando a
próximo do solo, o que dificulta a dispersão dos gases tóxicos. qualidade do ar.
Nessas ocasiões, muitas vezes ouvimos em telejornais ou lemos nos jornais que “houve aumento na emissão de gases
tóxicos”, mas lembre-se de que se trata, na verdade, de um fenômeno climático sem influência da ação humana. Portanto,
geralmente não ocorre aumento na emissão de gases tóxicos, mas sim uma maior concentração deles. O resultado final,
no entanto, é ruim para a nossa saúde, sendo as doenças pulmonares bastante comuns nessas situações.

316 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atividade 2
1. Segundo o médico Paulo Saldiva, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP),
em palestra na 71a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ocorrida em 2019,
a poluição do ar na cidade de São Paulo agrava o risco de morte por doenças respiratórias e cardiovasculares,
e esse risco se reflete na distribuição geográfica da população. Embora a emissão de poluentes seja maior na
região central da cidade, a taxa de doenças e óbitos relacionados é maior na periferia. Isso acontece porque os
moradores da periferia ficam mais tempo expostos a essa poluição, por exemplo, durante as horas diárias que
passam no trânsito ao deslocar-se para o trabalho.

ão
Em relação a aspectos ambientais, de que modo é possível contribuir para a diminuição do número de óbitos
decorrentes dos efeitos da poluição do ar em grandes cidades?


uc
2. Por que a poluição do ar tende a se agravar no inverno?
Ed
os

Mobilizando saberes

GEE em S‹o Paulo Ð uma an‡lise de sua evolu•‹o


Os gases de efeito estufa (GEE) são medidos por órgãos governamentais como a Compa-
nhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O acompanhamento da emissão dos GEE
m

é muito importante para traçar estratégias para sua diminuição, bem como para prevenir
possíveis problemas de saúde para a população e o ambiente.
Você e seus colegas vão construir um gráfico sobre a evolução das emissões de GEE no
So

estado de São Paulo nos últimos anos, analisar esses dados e elaborar hipóteses.
1. Construam um gráfico de curvas, no espaço da página a seguir, com os dados de gás
carbônico (CO2), um GEE, emitido por veículos entre os anos de 2006 a 2015 no estado
de São Paulo, como mostra a tabela abaixo. Criem um título para o gráfico.
Ciências - Módulo 9

Ano 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Milhões de toneladas
31 33 34 33 36 41 44 46 45 41
de CO2 emitidas
Fonte: BRUNI, Antônio de Castro et al. Emissões veiculares no estado de São Paulo 2015. São Paulo: Cetesb, 2016. Disponível em: https://
cetesb.sp.gov.br/veicular/wp­content/uploads/sites/6/2013/12/Relatorio­Emissoes­Veiculares­2015­v4_.pdf. Acesso em: 11 jun. 2020.

317
Mobilizando saberes

Título:

50

45

ão
40
Milhões de toneladas

35

30


25

20

15

10

uc
5

0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Anos
Ed
2. Analisem o gráfico e respondam: Qual é a tendência esperada para 2016 em relação
à emissão de gás carbônico por veículos no estado de São Paulo? Justifiquem.
os

3. No Brasil, desde 2006 a produção de carros flex (que funcionam tanto com gasolina
como com etanol) vem se intensificando. A queima de combustíveis fósseis produz
m

mais gás carbônico do que a queima de biocombustíveis, como o etanol, que é obtido
da cana-de-açúcar. Se a frota de veículos flex aumentou, era esperado que a emissão
de gás carbônico diminuísse nos anos seguintes. No entanto, isso não aconteceu de
imediato, apenas a partir de 2014.
So

Elaborem uma hipótese para explicar o resultado apresentado até 2013 e para o
que ocorreu em 2014 e 2015.

318 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Teste
1. Sobre a poluição do ar, podemos afirmar que:
a. as indústrias, principalmente as que utilizam combustão, são os principais poluidores nas grandes cidades.
b. Os gases tóxicos que afetam o ambiente não afetam as pessoas. Estas são afetadas por outros tipos de gases tóxicos.
c. Os gases tóxicos podem afetar a saúde de pessoas e de outros seres vivos que habitam as cidades.
d. Apenas as cidades são prejudicadas pela poluição do ar, pois é nelas que se encontram as fontes poluidoras.

ão
2. Leia o trecho a seguir de uma notícia de 11 nov. 2019 sobre o aquecimento global:
Divulgado em agosto [de 2019], o relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC,
da sigla em inglês) apontou uma situação alarmante: se o aumento de temperatura da Terra passar de 2 ºC enfrentaremos
crises ambientais alarmantes nos próximos anos. Oriundas de processos naturais, as mudanças climáticas passaram a


ocorrer com mais frequência devido à interferência humana, iniciada com o processo de industrialização. [...]
REVADAM, Rafael; LIMA, Júlia Ramos de; SILVA, Adriele Eunice da. O que dizem os cientistas sobre as mudanças climáticas? ComCiência,
11 nov. 2019. Disponível em: http://www.comciencia.br/o-que-dizem-os-cientistas-sobre-as-mudancas-climaticas/. Acesso em: 10 jun. 2020.

De acordo com o trecho da notícia, qual alternativa aponta, respectivamente, uma das principais causas do aque-

uc
cimento global e uma possível consequência desse fenômeno?
a. Desmatamento para diversos fins; diminuição da biodiversidade.
b. Queima de combustíveis fósseis; aumento da temperatura média da Terra.
c. Vulcanismo com liberação de gases ricos em enxofre; formação de chuvas ácidas.
Ed
d. Queimadas em florestas tropicais; empobrecimento e perda dos solos.

3. Sobre as doenças respiratórias associadas à poluição atmosférica foram feitas as seguintes afirmações:
I. A asma é uma doença mais frequente no inverno por ser a época do ano mais fria.
II. No enfisema pulmonar, persiste nos pulmões um ar residual que dificulta as trocas gasosas.
III. A produção excessiva de muco está relacionada com a asma e a bronquite crônica.
os

Está(ão) correta(s):
a. I e II. c. II e III.
b. I e III. d. somente uma afirmação.
m

4. Leia a tirinha a seguir.


So

Stone Soup, Jan Eliot © 1996 Jan Eliot/Dist. by Andrews


McMeel Syndication

Ciências - Módulo 9

319
Sobre o comportamento da garota da tirinha, podemos afirmar que:
a. ela se sentiu surpresa, pois a sugestão da mãe não se relaciona aos problemas por
ela mencionados, mas sim à prática de exercício físico.
b. ela está preocupada com uma situação que deveria ser resolvida por órgãos gover-
namentais, e acertadamente aponta que nada poderia fazer a respeito.
c. ela questionou a sugestão da mãe por deduzir corretamente que o seu papel como
cidadã é ficar indignada com uma situação que não pode ser mitigada. mitigar: diminuir, reduzir,
d. reflete o posicionamento de pessoas que não percebem que todos devem contribuir atenuar.
de alguma forma para mitigar problemas ambientais.

ão
Em casa
1. Durante o inverno na Antártida (a partir do mês de abril), os ventos costumam girar


em círculos, atraindo massas de ar provenientes de outras partes do planeta. Quando
o tempo fica mais quente (a partir de setembro), o ar tende a subir. Com base nesses
dados e no que você aprendeu até aqui, como você explicaria os buracos na camada
de ozônio encontrados justamente sobre a Antártida?

uc
2. Qual é a importância do efeito estufa para a vida na Terra? Como esse mesmo efeito pode
se tornar prejudicial à vida?

3. Entreviste seus familiares, vizinhos ou amigos de fora da escola sobre os efeitos da


poluição atmosférica para a saúde. Faça as seguintes perguntas:
Ed
• Você tem ou já teve alguma doença respiratória como asma, bronquite, enfisema
pulmonar ou rinite alérgica? Se sim, qual?
• Qual foi a causa dessa doença? Ela estava ligada à poluição atmosférica? (Para o en-
trevistado responder a essa pergunta, explique a relação das doenças citadas com a
poluição atmosférica, pois muitos poderão não conhecê-la.)
os

Faça pelo menos duas entrevistas e, com as respostas obtidas, escreva uma

Ziggy, Tom Wilson © 1976 Ziggy and Friends, Inc./


Dist. by Andrews McMeel Syndication
síntese do que pôde concluir a respeito.

4. Leia a tirinha ao lado.


• Você concorda com a fala do Ziggy? Responda usando argumentos que tratem
m

especificamente da poluição do ar. Lembre-se de que devemos pensar em


relação à taxa de emissão de gases poluentes na atmosfera.
So

Aquecimento global não dá rima com legal


Esse livro trata do aquecimento global, mas de uma maneira diferente: por meio de estrofes de literatura de cordel.
Você vai poder viajar e conhecer de perto o problema do derretimento das geleiras, dos ciclones e de como é
acometida a vida dos ursos-polares. Ainda vai poder conhecer mais a Amazônia e os problemas que ela enfrenta, TC ON-LINE
como o desmatamento, além de conhecer os saberes dos povos da floresta e alternativas de bioconstrução e
agricultura orgânica. Para aprofundar os estudos,
OBEID, César. São Paulo: Moderna, 2017. acesse o Plurall e realize as
atividades extras disponíveis.

320 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


10
MîDULO
Poluição do
ar interno

ão

Rita Barreto/Fotoarena

uc
Ed
os
m

1. A qualidade do ar que você Alimentos sendo cozinhados


em um fog‹o a lenha.
respira dentro de uma
So

residência é igual à qualidade


do ar fora dela?
2. Existem fatores que alteram
a qualidade do ar dentro de
casa. Quais são eles?

321
Componentes do ar em ambientes
internos
A poluição do ar atmosférico, tema tratado no Módulo anterior, é estudada e di-
vulgada pelos meios de comunicação há décadas, mas poucas pessoas se dão conta de
que muitas vezes a poluição pode ser maior dentro de casa, pois, além dos poluentes
provenientes do ar externo, existem aqueles que podem ser gerados por diversas ati-
vidades domésticas.

ão
De maneira geral, em um ambiente interno com intensa circulação de ar proporcio-
nada por janelas abertas, a composição do ar é praticamente a mesma do ar atmosférico.
Dessa forma, uma residência localizada numa cidade poluída tende a ter seu ar interno
também poluído, cujos principais poluentes atmosféricos foram descritos no Módulo 9.
Entretanto, em algumas situações cotidianas, como cozinhar, lim-


par a casa ou acender uma vela, os poluentes são gerados dentro da
própria residência e, diante de uma situação com má circulação de
ar, os níveis desses poluentes podem alcançar valores preocupantes,
o que pode impactar diretamente a saúde das pessoas.

uc
Cozinhar e utilizar aquecedor
a gás

MNami/Shutterstock
Cozinhar e utilizar aquecedor a gás são procedimentos domésticos
Ed
que envolvem a queima de combustíveis.
Cozinhar é uma das atividades mais fundamentais para o ser
humano e seu processo se dá por meio do calor liberado durante
a queima de combustíveis. Nas cidades, os combustíveis mais
comumente utilizados nos domicílios são o GLP (gás liquefeito de
petróleo) armazenado em botijões e o gás natural (que é composto
os

basicamente por metano). O gás natural é distribuído por meio


de encanamentos; logo, apartamentos que utilizam gás encanado
provavelmente estão consumindo gás natural. Tanto o GLP como
o gás natural são exemplos de combustíveis fósseis.
m

Botijão de gás contendo


GLP (gás liquefeito de
petróleo).
Saiba mais
So

GLP (g‡s liquefeito de petr—leo)


O GLP (gás liquefeito de petróleo) é, na verdade, uma mistura de gases derivados
do petróleo. Como é inflamável, exige muita atenção no manuseio dos botijões em que
é armazenado. Também não tem cheiro, por isso um composto à base de enxofre (o
mercaptano) é adicionado à mistura para revelar sua presença caso haja vazamento.
O GLP não é tóxico, mas é asfixiante. Por ser mais denso que o ar, quando ocorre
vazamento de GLP num local fechado, ele se acumula no nível do chão e expulsa gradu-
almente o gás oxigênio do ambiente, podendo causar asfixia em quem permanecer no
local. É por isso que um botijão com vazamento deve ser removido para um local aberto.

322 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

Acompanhe, a seguir, alguns cuidados que devem ser tomados com os botijões
de gás.

Cuidados com o botijão a gás

ão

Instalação Registro do botijão
Não instale o botijão em locais fechados, O registro do botijão permite
pois isso pode provocar acúmulo de gás a passagem do gás do botijão
no caso de um possível vazamento. Ao para o fogão. Quando o fogão
instalar a mangueira, evite que ela passe não estiver em uso, mantenha

uc
por detrás do fogão, uma vez que o o registro fechado. Essa é mais
aquecimento da mangueira pode danificá- uma medida para evitar o
-la, provocando vazamento de gás. vazamento do gás.
Ed
os

Compra e instalação
Instale o botijão de pé e nunca deitado. Logo após a conexão da mangueira no
botijão, verifique se há vazamento. Para isso, esfregue na borboleta de conexão
uma esponja com água e sabão e cheque se ocorre formação de bolhas; a presença
de bolhas indica vazamento. Compre o botijão em boas condições de uso (isto é,
sem estar amassado, enferrujado ou com o lacre violado) e de revendas autorizadas.
m

Elaborado com base em: CUIDADOS que devemos tomar com o botijão de gás. RJ Not’cias, 24 dez. 2015. Disponível em:
So

http://www.rjnoticias.com/2015/12/cuidados-que-devemos-tomar-com-o-botijao-de-gas/. Acesso em: 25 jun. 2020.

A queima (combustão) desses combustíveis gera diretamente alguns poluentes, como


gás carbônico, monóxido de carbono e fuligem (material particulado formado por carvão
finamente dividido).
Ciências - Módulo 10

Durante a queima, ocorrem reações químicas em que o gás oxigênio presente no ar


reage com o combustível produzindo poluentes contendo o elemento carbono. A reação
de combustão que gera gás carbônico é denominada completa, ao passo que as reações
que produzem fuligem e monóxido de carbono são denominadas incompletas.

323
Combustão completa
combustível + gás oxigênio → gás carbônico + água

Combustão incompleta
combustível + gás oxigênio → monóxido de carbono + água
combustível + gás oxigênio → fuligem + água

O que faz uma combustão ser completa ou incompleta é a quantidade de gás oxigênio que

ão
reage com o combustível. Considerando uma mesma quantidade de combustível, a combustão
completa consome maior quantidade de gás oxigênio em relação à combustão incompleta.
O fogão doméstico é regulado para que a combustão seja completa, pois, nesse tipo
de combustão, é gerada maior quantidade de calor, o que promove maior economia de
combustível. Além disso, na combustão completa se produz gás carbônico, que é menos


tóxico que o monóxido de carbono e a fuligem. Dessa forma, quando se troca o tipo de
combustível do fogão, GLP para gás natural ou vice-versa, é fundamental chamar um es-
pecialista para fazer a adaptação do fogão para o novo combustível e, com isso, garantir
uma queima completa.

uc
Para saber se a queima do gás é completa ou incompleta, basta observar a coloração
da chama. A combustão completa produz chama de cor azulada; a combustão incompleta
produz chama de cor amarelada.

A B
Yury Stroykin/iStockphoto/Getty Images
Timofey Zadvornov/Shutterstock

Ed
A chama azulada (A)
indica predomínio de
combustão completa.
os

Já a chama amarelada (B)


indica a ocorrência
predominante de
combustão incompleta.

Outro aspecto visual que indica a ocorrência de combustão incompleta é a formação


de fuligem. Nesse caso, por exemplo, o fundo de uma panela colocada em contato com
m

combustão incompleta fica preto.


Lizard/Shutterstock
So

Panela com partes recobertas


por fuligem devido ao contato
com combustão incompleta.

324 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


O uso da chama do fogão em ambientes fechados e sem sistema de exaustão pode levar
a um grande aumento na emissão de poluentes do ar atmosférico, o que pode provocar
consequências importantes na saúde humana, como discutimos no Módulo anterior. Dessa
forma, é importante que o preparo e o cozimento de alimentos sejam feitos em local ven-
tilado, de modo a dificultar o acúmulo de poluentes no ambiente interno.

Saiba mais

Fogão a lenha ou a carvão

Chico Ferreira/Pulsar Imagens


ão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) es-
tima que mais de três bilhões de pessoas no
mundo dependem de combustíveis sólidos,
como a lenha e o carvão, para realizar tarefas


básicas, como cozinhar, esquentar água e aque-
cer o ambiente.
As pessoas que utilizam esses combustíveis
geralmente são aquelas que não têm condições

uc
de comprar um fogão ou mesmo adquirir um
botijão de gás, ou seja, são as pessoas mais ca-
rentes do ponto de vista socioeconômico.
A queima que ocorre nos fogões a lenha ou Pessoa cozinhando em
a carvão é extremamente ineficiente, gerando muitos compostos perigosos, como
Ed
um fogão a lenha em
Jacobina (BA), em julho
material particulado (incluindo a fuligem), monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, de 2019.
óxidos de enxofre, entre outros. Além disso, esses fogões costumam ficar localizados
em locais de pouca ventilação, fazendo com que a quantidade de poluentes se exceda
de dez a vinte vezes mais em relação ao ambiente externo.
os

O aquecimento de água em muitas


residências é feito por aquecedores a MStock00/Shutterstock

gás. Esses aquecedores são disposi-


tivos que aquecem a água por meio
m

da queima de combustíveis fósseis


(GLP ou gás natural). A água aqueci-
da é então distribuída pela residência,
podendo ser utilizada em torneiras e
So

chuveiros.

Ciências - Módulo 10

O aquecedor a gás deve ser


instalado em local de grande
circulação de ar.

325
A poluição interna provocada por esse dispositivo é muito semelhante àquela discutida
no uso dos fogões. Antigamente, esses dispositivos costumavam ser instalados dentro de
banheiros. Como esses cômodos geralmente têm uma circulação de ar deficitária, havia o
sério risco de os aquecedores a gás provocarem a morte de pessoas por intoxicação com
monóxido de carbono. Para evitar esses acidentes, a legislação passou a exigir que a insta-
lação desses dispositivos passasse a ser feita em locais com boa ventilação.
O mesmo problema pode ser encontrado nos sistemas de calefação, que são sistemas de
aquecimento do ambiente utilizados em países de clima frio. Como muitos desses sistemas se
baseiam na queima de combustíveis fósseis como fonte de calor, caso o sistema de ventilação

ão
não seja adequado, pode ocorrer acúmulo de monóxido de carbono no ambiente interno.
Existem no mercado sensores de monóxido de carbono que informam quando a con-
centração desse gás no ambiente atinge valores críticos.

Olho vivo


Como se prevenir contra intoxicação por monóxido de carbono
O governo brasileiro criou uma cartilha com o intuito de orientar as pessoas a se preve-
nirem contra intoxicação por monóxido de carbono. Algumas orientações elencadas nessa

uc
cartilha são reproduzidas a seguir:
[...]
• Não deixe o seu veículo aquecendo em locais fechados e sem ventilação.
Sempre o retire da garagem caso necessite aguardar pelo seu aquecimento.
• Se em seu estabelecimento existirem chuveiros a gás, faça sua manutenção
Ed
conforme as orientações do fabricante.
• Sempre que for acender lareiras, lembre-se de abrir ao menos uma janela no
mesmo ambiente da fonte de calor para garantir a renovação do ar. Verifique se
os gases da combustão estão sendo eliminados para o exterior normalmente.
Anualmente, mande inspecionar e limpar as chaminés da lareira.
• Jamais utilize o forno para aquecer o ambiente.
os

• Não deixe ligados por longos períodos os aparelhos de aquecimento móveis,


a gás ou a derivados de petróleo, em locais pouco ventilados.
• Evite instalar aparelhos de queima e outros aparelhos de aquecimento em
banheiros, quartos de dormir e salas de estar.
[...]
m

• Faça a limpeza regular dos queimadores dos fogões a gás. Para verificar se
o fogão a gás funciona corretamente, existe um método muito simples: se a
chama estiver amarela ou alaranjada, há maior formação de CO. Se a chama
So

estiver azul, não há problema.


[...]
Fonte: GOVERNO de Minas. Riscos de envenenamento por monóxido de carbono (CO). Disponível em:
http://www.quimica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/cart_cuidados_monoxidos_carbono.pdf.
Acesso em: 12 jan. 2021.

Fumaça de cigarro
A fumaça do cigarro é um aerossol formado pela mistura de diversas substâncias distribuídas
em materiais particulados e gases. É considerada o principal poluente de ambientes internos,
principalmente se levarmos em conta a quantidade de pessoas expostas. A fumaça do cigarro
afeta também os não fumantes que convivem com fumantes, os chamados fumantes passivos.

326 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


A fumaça que sai da ponta de um cigarro aceso e se espalha homo-
geneamente no ambiente contém, em média, três vezes mais nicotina,
três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias
Anglo_EF2_7_Cad2_
cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala. A exposição passiva Mod10_Cie_CA_F008
à fumaça do cigarro pode provocar desde reações alérgicas (como rinite,

RAYphotographer/Shutterstock
tosse, conjuntivite, asma) após exposições de curta duração, até doenças
pulmonares, como enfisema, bronquite crônica e câncer, e infarto em
adultos expostos por longos períodos.
Não há um nível seguro de exposição ao tabagismo passivo. Para proteger

ão
adequadamente fumantes e não fumantes da poluição interna causada por
fumaça de cigarro, deve-se eliminar por completo a prática do tabagismo em
ambientes fechados.
Há muitas evidências científicas sobre
No entanto, tanto em ambientes internos como externos, o hábito de fu- os malefícios do cigarro, portanto


mar deve ser sempre evitado, devido a todos os graves malefícios associados o hábito de fumar deve ser evitado
sempre, tanto em ambientes internos
a essa prática e que são devidamente evidenciados pela Ciência. como externos.
Governo Federal/Ministério da Saúde

uc
Ed
os
m
So

Ciências - Módulo 10

Cartaz de campanha promovida pelo Ministério da Saúde contra o tabagismo.

327
Atividade 1

frank60/Shutterstock
1. Durante a noite, a falta de energia elétrica faz com que pessoas acendam velas para iluminar
ambientes internos. Observe a fotografia e responda.
a. A combustão da parafina, material que compõe a vela, produz, predominantemente, uma
chama de qual cor?

ão
b. Qual tipo de combustão predomina na queima da vela? Justifique.


c. Imagine uma pessoa que, na falta de energia elétrica, resolva acender duas velas no quarto antes de dormir,
alegando que não se sente à vontade no escuro absoluto. A figura a seguir retrata o quarto dessa pessoa e os

uc
locais de disposição das velas.

Atenção
Esta imagem retrata
Ed
situações de alto risco.
Preste muita atenção para
que situações similares
não ocorram em seu
cotidiano nem no de seus
colegas e familiares.
os

ÁLCOOL
EM GEL

ÁLCOOL
EM GEL
m
So

A análise da imagem permite notar três situações de risco, sendo uma delas diretamente relacionada à poluição
interna. Descreva essas três situações.

328 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


2. O botijão de gás nos fornece alguns indícios quando seu conteúdo está acabando; um deles é a massa do boti-
jão. O GLP, combustível encontrado no botijão, encontra-se no estado líquido quando é armazenado. Ao sair do
botijão, esse líquido se transforma em gás e é conduzido até o fogão para ser queimado. Quando o combustível
está chegando ao fim, o botijão fica muito mais leve. A massa do botijão, no entanto, não é a melhor forma de se
verificar que o combustível está acabando. Outra forma mais prática implica verificar a cor da chama, que passa
de azulada para amarelada.
a. Qual é o nome da mudança de estado físico que o GLP sofre quando sai do botijão?

ão
b. Do ponto de vista químico, o que significa a mudança de cor da chama quando o combustível contido no botijão
está acabando?


uc
c. Qual é o perigo indicado pela mudança de cor da chama?
Ed
Produtos de limpeza
Os produtos de limpeza são a segunda maior causa de intoxicação em ambientes domés-
ticos, perdendo apenas para a intoxicação por medicamentos. Grande parte dessa intoxicação
os

se refere à ingestão dos produtos por crianças de 1 a 4 anos; porém, os gases exalados por
alguns produtos de limpeza também podem trazer prejuízos à saúde quando acumulados em
ambientes fechados.
Os principais produtos de limpeza doméstica que contêm substâncias tó-

Chutima Chaochaiya/Shutterstock
m

xicas são aqueles à base de amoníaco (produtos desengordurantes), os quais


exalam gás amônia, e a água sanitária, que contém hipoclorito de sódio como
principal composto, podendo liberar gás cloro.
A amônia é um gás de cheiro forte e irritante, que pode causar irritação
So

nos olhos, no nariz, na garganta e no trato respiratório. Já o hipoclorito de


sódio pode sofrer decomposição liberando gás cloro, que, assim como a
amônia, também pode causar irritação nos olhos, no nariz, na garganta e no
trato respiratório. A manipulação desses produtos, portanto, deve ser feita
com janelas e portas abertas, de modo a evitar o acúmulo desses gases no
ambiente.
Ciências - Módulo 10

Uma crença comum entre algumas pessoas, porém bastante perigosa,


é a de que a mistura de diferentes produtos aumenta o poder de limpeza.
Uma dessas misturas é a de água sanitária com amoníaco, que gera um gás
tóxico chamado cloroamina. O excerto da reportagem a seguir descreve um
caso como esse. Produtos de limpeza.

329
[...] A dona-de-casa Yolanda Massera Moisés, 45, misturou os dois e perdeu totalmente o
olfato.
Vinda do interior de São Paulo para a capital, ela não estava acostumada a usar grande
variedade de produtos de limpeza. Ao limpar o banheiro, achou que seria melhor juntar água
sanitária, amoníaco e sabão em pó.
“A mistura entrou em efervescência e começou a sair uma fumaça. Não conseguia
respirar e meus olhos, nariz e garganta começaram a arder de maneira insuportável. Saí
correndo à procura de uma janela aberta para poder voltar a respirar.”

ão
Depois que o desconforto passou, ela percebeu que tinha perdido o olfato. O acidente
ocorreu há 20 anos.
Segundo o médico Anthony Wong, Yolanda teve muita sorte. “Ela poderia ter pegado
pneumonite química (um tipo de pneumonia) ou bronquite permanente, sem falar nas
queimaduras que poderia ter tido se o líquido tivesse explodido.”


ÁGUA sanitária com amoníaco pode provocar explosão. Folha de S.Paulo, 9 out. 2000. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u11673.shtml. Acesso em: 29 jun. 2020.

Saiba mais

uc
çlcool em gel
Por causa da pandemia do novo coronavírus (nomeado pelos pesquisadores como
Sars-Cov-2, abreviação em inglês de “coronavírus da síndrome respiratória aguda 2”), o
Ed
consumo de produtos de limpeza como álcool em gel, água sanitária e desinfetante au-
mentou bastante. O álcool em gel, no entanto, ficou em primeiro lugar na lista de consumo
desses produtos.
CGN089/Shutterstock

os
m

Durante a pandemia do novo


coronavírus, o álcool em gel passou a
ser o produto de limpeza mais utilizado.

O aumento do consumo de álcool em gel também elevou os casos de intoxicação por


So

esse produto. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), houve aumento
de mais de seis vezes nos relatos de intoxicação. A maioria desses casos envolve crianças,
cuja intoxicação geralmente se dá por via oral, quando a criança ingere a substância.
A comercialização do álcool em gel começou muito antes da pandemia do Sars-Cov-2.
Em 2013, a Anvisa proibiu a comercialização de álcool líquido concentrado, em vista do gran-
de número de acidentes envolvendo queimaduras graves por causa desse tipo de álcool.
O álcool em gel, apesar de também ser inflamável, apresenta uma combustão mais
lenta e com baixa capacidade de espalhamento da chama. O álcool líquido concentrado,
ao contrário, queima e se espalha com muita facilidade.

330 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Compostos orgânicos voláteis (COVs) Atenção
Os compostos orgânicos voláteis (COVs) são substâncias encontradas em uma série de Em caso de intoxicação,
produtos, como tintas, vernizes, produtos de limpeza, adesivos, colas e selantes. O cheiro entre em contato
forte de tinta ou mesmo de gasolina que muita gente já sentiu indica a presença desses com o canal
Disque-Intoxica•‹o
compostos. Existem mais de 200 substâncias que são classificadas como COVs. criado pela Anvisa.
A aplicação desses produtos no acabamento de construções ou de móveis faz com que A população e os
COVs se desprendam da superfície deles, podendo causar dor de cabeça, tontura e fraque- profissionais de saúde
za. Para evitar esses sintomas, deve-se deixar o local bem ventilado durante a aplicação contam com um 0800
para tirar dúvidas e fazer

ão
dos produtos e, após alguns dias, utilizar equipamentos de segurança, como máscaras, ao
denúncias relacionadas a
manipular os objetos tratados. intoxicações.
O Disque-Intoxicação
atende pelo número
0800-722-6001.


uc
Ed
Daxiao Productions/Shutterstock

A tinta que usamos


para pintar a parede
interna de uma casa
os

apresenta COVs.

Contaminantes biológicos
Além das substâncias não biológicas estudadas anteriormente, o ar interno também
m

pode ficar contaminado por organismos, como bactérias, fungos e ácaros. Materiais molha-
dos ou úmidos, ar-condicionado sem limpeza, umidificadores, tapetes, carpetes, cortinas e
respiro de tubulação de esgoto são alguns focos desses contaminantes.
So

A dispersão dos contaminantes biológicos acontece pelo ar na forma de bioaerossóis,


que, ao alcançar o trato respiratório, podem provocar irritações e alergias. Em alguns casos,
como em bebês, idosos e pessoas com algum tipo de doença preexistente, como a asma,
as consequências da contaminação por determinados tipos de agentes biológicos podem
ser graves.
De forma a minimizar o acúmulo e a proliferação de contaminantes biológicos, devem-se
Ciências - Módulo 10

tomar medidas como: manter o ambiente ventilado e seco, fazer manutenção adequada do
ar-condicionado e dos umidificadores, evitar o uso de carpetes, dar preferência a tapetes
e cortinas de materiais sintéticos (pois eles dificultam o acúmulo de poeira e ácaros, além
de serem mais facilmente higienizados) e evitar o acúmulo de pelos (em caso da existência
de animais de estimação no local).

331
Saiba mais

Perigo no bicho de pelœcia


Essa fofura parece inofensiva, mas é um dos maiores esconderijos
de ácaros, capazes de abalar a saúde respiratória da criançada
BK666/Shutterstock

ão

uc
Animais de pelúcia
acumulam poeira
e ácaros, por isso
merecem cuidados
especiais.
Ed
Ursinhos de pelúcia são tão perigosos quanto o ditador alemão Adolf Hitler.
Loucura? Pois uma campanha norueguesa fez a comparação para alertar sobre os
ataques alérgicos que esses brinquedos podem causar nos pequenos. Apesar de
agressiva, a ação publicitária tem motivo de ser. Segundo Renata Rocco, alergista do
Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, os peludos acumulam pó e ácaros.
os

Esses microrganismos são os principais deflagradores de crises de asma e bronquite.


“Mas eles prejudicam as crianças que têm uma predisposição genética para quadros
alérgicos”, esclarece a médica. Nesses casos, é bom não deixar a garotada arrastar o
brinquedo pela casa e higienizá-lo vez por outra. “Isso evita o acúmulo de mais pó, o
que só irá agravar as crises”, avisa.
m

Não precisa dar adeus ao ursinho


Basta submetê-lo a um passo a passo de higiene periodicamente
Lave na máquina
So

Dê um banho no brinquedo uma vez por semana com sabão neutro. Para secar,
pendure em local arejado.
Bote no congelador
Uma boa maneira de eliminar os ácaros é colocar o brinquedo em uma sacola
plástica e resfriá-lo.
Exponha ao sol
Ele mata os ácaros. Mas atenção: suas carapaças, que também causam ataques
alérgicos, permanecem ali.
NEPOMUCENO, Thiago. Perigo no bicho de pelúcia. Veja Saœde, 6 jun. 2016. Disponível em:
https://saude.abril.com.br/bem-estar/perigo-no-bicho-de-pelucia/. Acesso em: 26 jun. 2020.

332 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atividade 2
1. Segundo a Anvisa, os rótulos dos produtos de limpeza devem conter as seguintes informações: composição do
produto, modos de aplicação, alerta sobre perigos de intoxicação e dados do fabricante. Observe o rótulo do
produto abaixo e responda às perguntas.

ão

uc
Ed
a. Qual é a finalidade do produto?
os

b. Qual é a composição do produto? Essa composição é semelhante a qual produto de limpeza estudado?
m
So

c. Como o produto deve ser aplicado?

Ciências - Módulo 10

d. Quais são os cuidados que devem ser tomados durante a aplicação do produto?

333
Teste

1. O uso de aquecedores a gás para aquecimento de água requer uma série de cuidados, como uma boa ventilação
no local de instalação e a manutenção adequada do equipamento. A falta desses cuidados pode acarretar conse-
quências fatais, pois a combustão incompleta do gás somada à ventilação deficitária provocam o acúmulo de uma
substância extremamente tóxica no ambiente, que impede o transporte de oxigênio para as células do corpo. A
substância em questão é o:
a. GLP. b. gás natural. c. gás carbônico. d. monóxido de carbono.

ão
2. Durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), muitos vídeos surgiram na internet prometendo misturas
eficazes no combate ao vírus. Um deles ensinava a produção de álcool em gel a partir de gel de cabelo e álcool
líquido. O produto obtido, além de não apresentar o efeito desejado, podia causar dermatite, facilitando a entrada
do vírus no organismo.


Qual recomendação presente no rótulo dos produtos não deve ter sido cumprida na manipulação descrita no texto?
a. Armazenar os produtos em locais adequados.
b. Observar o prazo de validade dos produtos.

uc
c. Não realizar misturas que não estão indicadas nos rótulos dos produtos.
d. Manipular os produtos com óculos e luvas.

Em casa
Ed
1. Observe a placa da imagem e responda: o que você 2. As fotografias mostram dois ambientes diferentes.
entende do alerta contido na placa? Justifique.

Africa Studio/Shutterstock
A
Eduardo Enomoto/Futura Press
os
m

B
Antoha713/Shutterstock
So

Trecho da Rodovia dos Imigrantes, São Paulo (SP),


Em qual dos dois ambientes pode ocorrer maior pro-
em nov. 2010. liferação de ácaros e fungos? Justifique.

TC ON-LINE: Para aprofundar os estudos, acesse o Plurall e realize as atividades extras dispon’veis.

334 Ensino Fundamental - Anos Finais 7¼ ANO


11
MîDULO
Condições
para a saúde

ão
Ícones relacionados à manutenção de condições para a saúde
e a boa qualidade de vida.


uc
Ed
1. O que significam os
ícones representados
nesta página?
os

2. Qual é a relação desses


ícones com o título
deste Módulo?
3. Quais temas já
m

estudados até aqui


você relacionaria a
esses ícones?
So

335
Saneamento básico e suas ações
No 6º ano, estudamos o que significa saneamento básico. Vamos recordar um pouco esse
tema e relacioná-lo ainda mais com a manutenção da saúde com o auxílio do boxe a seguir.

Você já estudou

Saneamento b‡sico
Fazem parte das ações do saneamento básico:

ão
O armazenamento, a coleta e a disposição

Chico Ferreira/Pulsar Imagens


correta dos resíduos sólidos, privilegiando
as formas menos impactantes ao ambiente
e à saúde das pessoas, como a composta-


gem, a reciclagem e a disposição em aterros
sanitários.
Trabalhadores separando material reciclável
na Central Mecanizada de Triagem Carolina
Maria de Jesus, localizada na cidade de

uc
São Paulo, em abril de 2016. A reciclagem é
uma categoria de destinação dos resíduos
sólidos que contribui para impactar menos o
ambiente e a saúde da população.
A captação de água em mananciais, seu tratamento em estações de tratamento de água
(ETAs) e o abastecimento de residências, comércios e indústrias com a água proveniente
Ed
dessas estações.
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

As estações de
tratamento de
água (ETAs) são
fundamentais para
tratar a água antes
de fornecê-la à
os

sociedade. Na
fotografia, ETA
localizada em
Santa Maria (RS).
m

A condução do esgoto, produzido em


Delfim Martins/Pulsar Imagens

residências, comércios, indústrias e tam-


bém em aterros sanitários (no caso, o
So

chorume), a estações de tratamento de


esgoto (ETEs), onde é tratado antes de
ser devolvido ao ambiente.
Construção de rede de esgoto
em Altamira (PA), em 2014. Esse
tipo de construção permite que
o esgoto gerado por diferentes
atividades da sociedade seja
conduzido às estações de
tratamento de esgoto (ETEs), de
modo a ser devidamente tratado e
então descartado no ambiente.

336 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Além dos aspectos já estudados, há mais um que devemos considerar quando se fala águas pluviais: águas
em saneamento básico: o manejo de águas pluviais urbanas. oriundas das chuvas e
São muitas as questões que poderíamos abordar a respeito da captação e da drenagem coletadas pelas chamadas
galerias de águas pluviais
das águas pluviais, mas vamos considerar apenas alguns que estão mais voltados às questões em um sistema de
de manutenção do equilíbrio no ambiente urbano e de saúde das pessoas. tubulações distinto daquele
O manejo de águas pluviais urbanas deve ser iniciado com um estudo sobre a bacia hidro- que coleta o esgoto. Esse
gráfica em que se encontra o município: como ela era no passado e como está atualmente. sistema capta também
outros despejos de água que
Em seguida, o estudo deve considerar a infraestrutura existente (ou não) de captação e dre- ocorrem nas ruas, como na
nagem de águas pluviais. Dessa forma, pode-se fazer um planejamento das ações necessárias. lavagem de calçadas com

ão
Quando ocorre grande quantidade de chuvas, percebe-se o papel importante do manejo água de reúso.
das águas pluviais urbanas. Se a rede de captação e drenagem dessas águas não funciona ade-
quadamente (ou até mesmo não exista), isso pode resultar em enchentes e deslizamentos de
encostas, fenômenos muito comuns em certos municípios brasileiros, principalmente nos perío-


dos em que as chuvas são mais frequentes e intensas. O acúmulo de resíduos nas vias públicas
também pode provocar o entupimento de bueiros do sistema de drenagem das águas pluviais,
potencializando as enchentes. Além disso, a construção de moradias em locais inapropriados,
como encostas de morros, o que muitas vezes se dá na forma de ocupações irregulares e com
a remoção da vegetação, aumenta o risco de ocorrência de deslizamentos de terra.

uc
A
Bruno Rocha/Fotoarena

Ed
os

B
Wagner Meier/Fotoarena

m
So

Em A, enchente em São Paulo (SP) ocorrida em


março de 2019, que arrastou carros em várias
ruas da capital paulista . Em B, deslizamento
de encostas em Nova Friburgo (RJ) ocorrido em
janeiro de 2011, uma das piores tragédias desse
tipo já registradas no Brasil.
Ciências - Módulo 11

Enchentes e deslizamentos de encostas trazem muitas consequências indesejáveis ao


ambiente e à saúde das pessoas. Eles podem provocar desastres de diferentes proporções,
deixando famílias desalojadas e com prejuízos materiais imensos, e até causando a morte
de pessoas. As enchentes, em particular, também podem afetar a saúde por meio da trans-
missão de doenças de veiculação hídrica, como veremos mais adiante.

337
Atividade 1
1. Analise a imagem e responda.

Edson Grandisoli/Pulsar Imagens

ão

Cerca de 35 milhões
de brasileiros vivem
em comunidades
que enfrentam
vários problemas

uc
ambientais, como
os que podem ser
evidenciados nesta
fotografia tirada em
São Paulo (SP), em
março de 2018.
Ed
a. Quais problemas ambientais relacionados ao saneamento básico podem ser identificados nesta imagem?
os

b. Que consequências os problemas ambientais identificados podem trazer para o ambiente e para a saúde das
pessoas?
m
So

Doenças transmitidas pela água


A água pode ser um dos meios pelos quais muitas doenças chegam às pessoas. Isso pode
acontecer ao ingerirmos água contaminada com microrganismos causadores de doenças
(agentes causadores), usando-a para lavar alimentos ou, até mesmo, para realizar nossa
higiene pessoal. Indiretamente, a água também pode estar associada a vetores de doenças,
os agentes transmissores (veja o boxe Olho vivo – Agentes causadores e transmissores),
pois muitos deles se proliferam nela.

338 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

5 second Studio/Shutterstock
ão

Para evitar doenças transmitidas pela água, devemos
beber água tratada e lavar frutas, legumes e verduras
sempre com água corrente e sabão biodegradável.
Também é recomendável deixá-las de molho por cerca
de 20 minutos em solução de hipoclorito de sódio, na

uc
dosagem recomendada pelo rótulo do produto. Esses
processos ajudam a remover eventuais microrganismos
da superfície desses vegetais.

Olho vivo
Ed
Agentes causadores e transmissores
O agente causador de uma doença é aquele que se instala no nosso corpo causando
prejuízo à nossa saúde. Podem ser bactérias, protozoários, vírus ou vermes.
O agente transmissor de uma doença é o organismo que transporta o agente causador
até o nosso corpo. Agentes transmissores podem ser animais como moscas, mosquitos,
os

ratos, pombos, baratas, carrapatos, etc.


No caso da dengue, por exemplo, o agente causador da doença é um vírus, que chega
até o ser humano transportado por um mosquito, que é o agente transmissor. Para que isso
aconteça, é necessário que o mosquito tenha antes picado uma pessoa doente.
Entre os menores organismos conhecidos estão as bactérias. O vibrião, por exemplo, é
m

um tipo de bactéria que apresenta formato de vírgula. Embora algumas espécies causem
doenças, a maioria das bactérias é responsável por processos essenciais na natureza para a
manutenção da vida no planeta, como a decomposição de matéria orgânica e a fertilização
do solo.
So

Os protozoários formam um grupo de microrganismos maiores que as bactérias. Grande


protozoário: termo que
parte deles vive no ambiente aquático (água doce ou salgada), mas algumas espécies são significa “animal primitivo”;
parasitas e causam doenças, como a malária, a leishmaniose e a doença de Chagas. é muito antigo e foi criado
Os vírus são acelulares e, em geral, bem menores que as bactérias. Para se reproduzir, quando ainda se considerava
eles precisam estar dentro de células de outros organismos (bactérias, protozoários, fungos, que os protozoários
plantas e animais). Além disso, são responsáveis por muitas doenças, como gripe, aids, ca- pertenciam ao grupo dos
Ciências - Módulo 11

animais. Atualmente, esse


tapora, herpes, poliomielite, dengue, raiva, sarampo, febre amarela, entre outras.
termo é usado para se referir
Os vermes são animais de corpo mole e alongado. A maioria vive livremente no ambiente, a seres unicelulares que têm
mas alguns são parasitas do ser humano e de outros animais e até mesmo de plantas. Eles o material genético contido
causam doenças como o amarelão e a esquistossomose. em um núcleo e que não
produzem o próprio alimento.

339
Nas águas de

Fotoarena
uma enchente

Cnri/SPL/
Cólera
Agente causador: vibrião colérico (bactéria).
Transmissão: ingestão de água contaminada por fe- o
rico (Vibri utador
zes ou vômitos com o vibrião e, menos frequentemen- a d e v ib rião colé n o c o m p
rografi rizada
Eletromic b a c té ri a foi colo 0 vezes.
te, por alimento contaminado. Também pode ocorrer ). A 00
cholerae rca de 20
pliada ce
contaminação de uma pessoa por outra, pois alguns e está am

ão
portadores sadios da doença podem transmiti-la por
via oral sem saber que estão infectados.
Sintomas: vômitos e forte diarreia, dores abdomi-
nais (na região da barriga), desidratação (perda de


água), podendo levar à morte se não for tratada.
Prevenção: manter hábitos de higiene, como lavar
as mãos com frequência (por exemplo, antes das re-
feições e antes e após usar o banheiro); usar somente
água filtrada ou clorada; evitar alimentos que não se-

uc
jam preparados em condições de higiene adequadas.

Giardíase e amebíase
a
e/SPL/Fotoaren

Agente causador: giárdia (giardíase) ou ameba


Ed
(amebíase), que são protozoários.
Transmissão: ingestão de água ou alimentos con-
Eye Of Scienc

taminados por esses microrganismos, que são elimi-


nados nas fezes dos doentes. No caso da amebíase,
moscas, baratas e outros insetos (vetores) podem ser Eletro
micrografia de
contaminados e contaminar alimentos e a água por giárdias foram co Giardia lambl
ia. As
estão amplia lo riz adas no com
putador e
os

meio do contato. das cerca de


1 000 vezes.
Sintomas: náuseas (enjoo), vômitos e diarreia.
Prevenção: evitar a contaminação de alimentos e água
com fezes (por meio do saneamento básico), lavar ade-
quadamente os alimentos e manter a higiene pessoal.
m

Doen•as diarreicas agudas (DDA)


As chamadas doenças diarreicas agudas (DDA) são doenças que se caracterizam por gerar
So

inflamações no estômago e no intestino, provocando fortes diarreias. Elas são causadas por
microrganismos infecciosos, como bactérias, vírus e outros parasitas, como os protozoários. O
cólera, a giardíase, a amebíase e algumas viroses podem ser classificadas como DDAs. Em 2016,
em todo o mundo os casos de diarreia eram a segunda causa de morte entre crianças até 5 anos
(a primeira eram as infecções respiratórias agudas, como a pneumonia).
No Brasil, dados de 2017 mostram que a taxa de mortalidade infantil voltou a subir no país,
embora estivesse em queda desde a década de 1990. A taxa de DDAs também aumentou, repre-
sentando uma alta de 12% nas mortes de menores de 5 anos no período de 2015-2016, sendo as
regiões Nordeste (25%), Norte (8%) e Centro-Oeste (47%) as que mais registraram crescimento,
correspondendo a 74% do total de mortes.

340 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Hepatites A e E
Agente causador: vírus. hepatite: formada pela
Transmissão: ingestão palavra grega hepar, que
de água ou alimentos con- significa “fígado”, e pelo
taminados por fezes dos sufixo “-ite” (do grego itis),
que significa “inflamação”.
portadores do vírus.
Sintomas: em alguns casos ocorrem febre baixa,
cansaço, mal-estar e icterícia (amarelamento da pele).

ão
Prevenção: adotar medidas de saneamento básico
e higiene pessoal.

/Alamy/Fotoarena

James Cavallini/BSIP
uc
us foram
hepatovírus. Os vír
Eletromicrografia de tão am pli ados
utador e es
colorizados no comp
ze s.
cerca de 300 000 ve
Ed
Leptospirose
Agente causador: Leptospira (bactéria).
Transmissão: geralmente por contato com
água contaminada com a urina de animais infec-
tados, como porcos, bois e, principalmente, ratos.
os

Sintomas: dor de cabeça, dor muscular,


calafrios e febre; também podem ocorrer pro-
blemas nos rins e sangramentos nos pulmões,
o que pode levar à morte do indivíduo.
Prevenção: manter saneamento básico e
m

higiene pessoal, combater os ratos e evitar o


contato com a água de enchentes.
So

leptospirose: formada pela


Cnri/SPL/Fotoarena

palavra grega léptos, que


significa “fino”, “delgado”,
pela palavra latina spira,
que significa “espiral”,
e pelo sufixo “-ose”,
Ciências - Módulo 11

que designa “doença”,


referindo-se, portanto,
à doença causada pela
bactéria Leptospira, cujo
Eletromicrografia de Leptospira
interrogans. As formato é fino e espiralado.
bactérias foram colorizadas no com
putador e estão
ampliadas cerca de 10 000 veze
s.

341
Atividade 2
1. Em qual (quais) das situações a seguir os moradores estão sujeitos a adquirir doenças provenientes da água?
Justifique sua(s) escolha(s).
I. Uma família que consome água diretamente de um rio.
II. Moradores de uma residência que fazem uso direto da água extraída de um poço.
III. Moradores de uma casa abastecida com água tratada, que chega por meio de tubulações.

ão

2. Associe as doenças com os agentes transmissores e as formas de prevenção.

uc
Atenção
Doença Agente causador Prevenção
Algumas formas de
1 Cólera A Vírus I Evitar contato com água de enchentes prevenção e alguns
2 Giardíase B Bactéria II Realizar higiene pessoal adequada agentes transmissores
podem se repetir ou não
3 C
Ed
Hepatite Verme III Evitar ingestão de carne malcozida ser utilizados.
4 Leptospirose D Protozoário IV Adotar medidas de saneamento básico
os

Doenças transmitidas por vetores


m

No 6º ano, estudamos algumas doenças e seus vetores, principalmente aquelas relacio-


nadas à disposição inadequada de resíduos sólidos, por exemplo, em lixões. Nesses locais, a
proliferação de organismos transmissores de doenças é muito grande. A tabela a seguir retoma
o que já foi estudado e traz algumas outras doenças relacionadas à falta de saneamento básico.
So

Algumas das principais doenças transmitidas por vetores


Agentes Forma de
Doenças Vetores ou portadores Prevenção
causadores transmissão
Dengue clássica Mosquito Eliminar criadouros dos
Tacio Philip Sansonovski/Shutterstock

e dengue Aedes aegypti mosquitos: verificar se


hemorrágica (5 mm de a caixa-d'água está bem
comprimento) fechada; não acumular
Vírus Picada do mosquito vasilhames abertos no
Febre amarela quintal; checar se as calhas
não estão entupidas;
Zika e colocar areia nos pratos dos
chikungunya vasos de plantas; etc.

342 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Algumas das principais doenças transmitidas por vetores
Agentes Forma de
Doenças Vetores ou portadores Prevenção
causadores transmissão
Mosquito-palha

Ray Wilson/Alamy/Fotoarena
(Lutzomyia
spp.) (3 mm de
Protozoário
comprimento)
da espécie
Leishmaniose Picada do mosquito
Leishmania
chagasi
Evitar o contato com os
insetos vetores (usar

ão
repelentes, telas nas
Mosquito-prego janelas e mosquiteiros

Sinclair Stammers/SPL/Fotoarena
(Anopheles para dormir) ou
spp.) (5 mm de eliminá-los.
Plasmódio,
comprimento)
protozoário


Malária Picada do mosquito
do gênero
Plasmodium

Mosca e barata

uc
Eksapedia Gallery/
Shutterstock
(cerca de 10 mm
e 5 cm de
comprimento, Consumo de
respectivamente) Bactéria
alimentos que
da espécie
Febre tifoide tiveram contato com
Salmonella
insetos portadores
Ed Shutterstock
luis2499/

typhi
da bactéria
Tomar medidas de higiene
e saneamento básico e
controlar a população de
vetores.
Pulga do rato
Vera Larina/Shutterstock

(Xenopsylla
cheopis) (1 mm Bactéria
os

a 5 mm de da espécie Picada da pulga do


Tifo endêmico comprimento) Rickettsia rato
mooseri
m

Gato, mas Consumir carne bem


mariesacha/Shutterstock

também cozida; tomar cuidado ao


suíno, Toxoplasma Ingestão de carne manipular caixinhas de areia
bovino, ave da espécie crua ou malcozida dos gatos e lavar bem as
So

Toxoplasmose Toxoplasma de aves, suínos e mãos após o procedimento;


gondii, um bovinos; contato com não deixar que os gatos vão
protozoário fezes de gatos para a rua, assim eles não
correm o risco de caçar e se
contaminar.
Barbeiro (2 mm Contato com as
schlyx/Shutterstock

a 3 mm de fezes de um barbeiro
Ciências - Módulo 11

comprimento) Tripanossomo Higienizar bem os


Doença de contaminado com
da espécie alimentos e construir
Chagas ou o protozoário, seja
Trypanosoma casas de alvenaria para a
mal de Chagas coçando o local da
cruzi, um população rural.
(tripanossomíase) picada ou ingerindo
protozoário
alimentos com as
fezes contaminadas

343
Olho vivo

Malária no Brasil e no mundo


A malária ocorre em regiões quentes e úmidas da América Latina, da Ásia e da África. No
Brasil, ocorre principalmente na região Amazônica. Há 5 mil anos já era conhecida no Egito
e ainda hoje é uma das doenças que mais matam no planeta.
O protozoário causador (os plasmódios das espécies Plasmodium vivax, P. falciparum e
P. malariae) é transmitido pela picada de um mosquito-prego (Anopheles spp.) infectado

ão
e ataca e destrói os glóbulos vermelhos dos doentes, que então passam a apresentar um
quadro de anemia e ficam muito fracos. Essa doença causa episódios de febre que duram anemia: palavra que
de poucas horas a um dia inteiro. Nos primeiros dias, esses episódios são diários, depois provém do grego an, que
significa “sem”, e haimas,
passam a acontecer a cada dois ou três dias. Caso a doença não seja tratada, esses ataques
que significa “sangue”.
periódicos podem durar anos, podendo ocorrer recaídas (isto é, o reaparecimento depois


de um tempo sem manifestação) ou até mesmo levar à morte.
O tratamento da malária se baseia em um medicamento que é usado desde o século
XVIII, feito à base de quinina, substância extraída da casca de uma árvore chamada cinchona
(Cinchona spp.). Alguns outros medicamentos, como a artemisinina, também são utilizados,

uc
e vacinas vêm sendo desenvolvidas e testadas.
Estima-se que mais de 400 mil pessoas morrem de malária no mundo a cada ano. Em
2017, foram 435 mil mortes segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo 93%
delas na África subsaariana (ao sul do deserto do Saara) e a maioria (61%) representada por
crianças com menos de 5 anos de idade.
Ed
No Brasil, aproximadamente 99% dos casos de malária ocorrem na Amazônia Legal,
que compreende os seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima,
Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Desde 2006, os casos de malária vêm diminuindo
no país, o que já rendeu alguns prêmios ao Programa Nacional de Controle da Malária da
Secretaria de Vigilância em Saúde (CGPNCM/SVS), como o Malaria Champions of the Ame-
ricas Award 2015, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS). No entanto, em
os

2016, o número de casos permaneceu praticamente o mesmo de 2015 e cresceu em 2017,


mantendo-se nesse patamar em 2018. Em 2019, voltou a cair novamente, tendência que
tem se mantido em 2020.
600
549,4
m

480 456,4
Número de casos (em milhares)

360 333,5
So

314,9 308,4
265,9
241,4
240
193,9 193,8
177,5
143,9 156,6
126,6 128,8
120

0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Ano

BRASIL. Ministério da Saúde. Dia Mundial da Malária: 25 de abril. In: Boletim epidemiol—gico, v. 51, n. 17, abr. 2020. Disponível
em: http://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/24/Boletim-epidemiologico-SVS-17-.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.

344 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


National Library Of Medicine/SPL/Fotoarena
Saiba mais

Oswaldo Cruz e Carlos Chagas


A tripanossomíase é uma doença mais conhecida como doença de
Chagas ou mal de Chagas, pois foi estudada pioneiramente pelo médico
sanitarista brasileiro Carlos Chagas (1879-1934), nascido em Oliveira (MG).
O agente causador da doença de Chagas é o tripanossomo da espécie
Carlos Chagas
Trypanosoma cruzi, protozoário cujo nome científico homenageia outro (1879-1934)

ão
médico sanitarista brasileiro: Oswaldo Cruz (1872-1917), nascido em São
Luís do Paraitinga (SP). Cruz, enquanto diretor-geral de Saúde Pública

Hulton Archive/Getty Image


do Brasil de 1903 a 1909, foi responsável por campanhas sanitárias de
sucesso, como a da peste bubônica e as de vacinação, como a da varíola
e a da febre amarela. Esta última gerou a Revolta da vacina, em 1904, na


cidade do Rio de Janeiro.
Chagas, que havia sido aluno de doutorado de Cruz, tornou-se di-
retor do Instituto Oswaldo Cruz em 1917, após a morte de Cruz. Entre
1908 e 1909, Chagas descobriu o agente causador da tripanossomíase

uc
Oswaldo Cruz
e o vetor que o transmitia, o barbeiro. Esse feito o fez ser reconhecido (1872-1917).
internacionalmente e, em 1912, foi agraciado com o prêmio Schaudinn
de Protozoologia, concedido pelo Instituto de Medicina Tropical de Ham- Protozoologia: área da
Biologia dedicada ao estudo
burgo, Alemanha. dos protozoários.
Ed
Atividade 3
1. Analise a tabela sobre as principais doenças transmitidas por vetores (páginas 342 e 343) e responda.
os

a. Quais são as doenças transmitidas por insetos?


m

b. Cite a(s) doença(s) transmitida(s) por vertebrados.


So

c. Qual é a relação entre essas doenças e as medidas de saneamento básico?


Ciências - Módulo 11

345
2. Segundo o Ministério da Saúde, em 2015 foi registrado o maior surto de dengue no Brasil, com aproximadamente
1 680 000 casos prováveis e 986 mortes. Como é possível explicar o maior destaque dado pela mídia para o surto
de dengue do que para o que estava ocorrendo em relação à malária durante esse período?

ão
Mobilizando saberes
surto: acontece quando


o número de casos de
Análise do ranking de saneamento básico uma doença, em uma
determinada região,
Como vimos, uma série de doenças está intimamente relacionada à falta ou inade- aumenta muito rápido e de
quação de saneamento básico. Para promover e garantir a saúde da população, é preciso forma inesperada; quando
esse aumento atinge

uc
que diversas condições sejam satisfeitas: saneamento básico adequado, alimentação e
várias regiões, fala-se em
dieta balanceadas, noites de sono bem dormidas, prevenção contra doenças por meio epidemia.
de vacinas, hábitos de lazer, prática de esportes, não utilização de drogas, etc., como já
estudamos no 6º ano.
Estudos recentes realizados pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Reinfra
Ed
Consultoria, analisaram os dados de internação, tempo de permanência hospitalar, óbitos
e outros indicadores relacionados a uma série de doenças – como diarreia, dengue e
leptospirose – nos 100 maiores municípios do país. Os resultados a seguir dão destaque
aos 10 melhores e 10 piores municípios, de acordo com o Ranking do saneamento básico
nas 100 maiores cidades (dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS), Ministério das Cidades, 2015).
os

10 melhores 3 10 piores municípios em saneamento básico e doenças (diarreia, dengue e leptospirose)


SNIS1 (2015) Total de internações (2007-2015)
Posição
População Índice de Índice de
no
m

Município (hab.) em população população


ranking Diarreia Dengue Leptospirose
2015 com coleta com água
(2017)
de esgoto (%) tratada (%)
460 23 1
So

1 Franca 342 112 99,96 99,96

2 Uberlândia 662 362 97,23 100,00 3 107 477 8

3 São José dos Campos 688 597 96,12 99,96 1 560 430 46

4 Santos 433 966 99,88 100,00 565 969 66

5 Maringá 397 437 100,00 99,98 1 667 1 246 11

6 Limeira 296 440 97,02 97,02 946 220 5

7 Ponta Grossa 337 865 100,00 99,98 3 408 6 33

346 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Mobilizando saberes

10 melhores 3 10 piores municípios em saneamento básico e doenças (diarreia, dengue e leptospirose)


SNIS1 (2015) Total de internações (2007-2015)
Posição
População Índice de Índice de
no
Município (hab.) em população população
ranking Diarreia Dengue Leptospirose
2015 com coleta com água
(2017)
de esgoto (%) tratada (%)
8 Londrina 548 249 100,00 99,98 1 551 939 31

ão
9 Cascavel 312 778 93,26 99,98 808 33 10
10 Vitória da Conquista 343 230 80,73 100,00 8 674 385 1
Total +10 – 4 363 036 22 746 4 728 212


91 Duque de Caxias 882 729 44,14 86,24 3 681 2 597 56
92 Nova Iguaçu 807 492 45,05 93,6 8 801 2 105 81
93 Várzea Grande 268 594 27,3 96,97 5 343 2 404 0

uc
94 Gravataí 272 257 25,55 82,21 629 3 82
95 Manaus 2 057 711 10,4 85,42 17 417 4 953 250
96 Macapá 456 171 5,44 36,39 3 119 1 168 238
Ed
97 Porto Velho 502 748 3,71 33,96 3 444 796 68
98 Santarém 292 520 SI2 48 5 835 347 108
99 Jaboatão dos Guararapes 686 122 6,66 74,05 7 596 1 016 181
100 Ananindeua 505 404 2,09 28,81 36 473 3 713 60
os

Total 210 – 6 731 748 92 338 19 102 1 124


1
SNIS: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.
2
SI: sem informação.
REINFRA Consultoria; TERRA Brasil. Estudo mostra que diarreia, dengue e leptospirose crescem em cidades
com saneamento básico precário. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/doencas/press-release.pdf.
m

Acesso em: 9 jul. 2020.

Analise a tabela e responda às questões.


1. Identifique a quais estados pertencem os 20 municípios listados na tabela. Utilize um
So

atlas geográfico ou pesquise na internet (por exemplo, no site do IBGE: https://www.ibge.


gov.br.
Ciências - Módulo 11

347
Mobilizando saberes

2. A respeito dos 10 melhores municípios, quais regiões brasileiras concentram eles?


Indique os números de municípios para justificar sua resposta.

3. A respeito dos 10 piores municípios, quais regiões brasileiras concentram eles?


Indique os números de municípios para justificar sua resposta.

ão

4. Comparando os 10 melhores municípios com os 10 piores, o que é possível afirmar
sobre a quantidade de habitantes?

uc
5. O que se pode comentar sobre o índice de população com coleta de esgoto entre os
10 melhores e os 10 piores municípios do ranking?
Ed
os

6. O que se pode comentar sobre o índice de população com água tratada entre os
10 melhores e os 10 piores municípios do ranking?
m
So

348 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Mobilizando saberes

7. Ao analisar o total de internações entre os anos de 2007 e 2015 para os casos


de diarreia, dengue e leptospirose, é possível estabelecer uma relação entre os
municípios com melhor e pior posicionamento no ranking. Indique qual é essa
relação e como ela pode ser explicada em função do saneamento básico.

ão

uc
Teste
1. Leia a charge a seguir.

Tony Auth © 2007 Auth/Dist. by Andrews McMeel Syndication


Ed
os
m
So

O problema mais diretamente relacionado ao saneamento básico que aparece na charge é:


Ciências - Módulo 11

a. disposição incorreta dos resíduos sólidos no ambiente urbano.


b. falhas na manutenção do sistema de drenagem de águas pluviais.
c. emissão de gases tóxicos pelas indústrias no ambiente urbano.
d. ausência de uma rede de coleta de esgotos e águas pluviais.

349
2. O combate aos ratos em uma região pode ser uma medida que favorece o saneamento
básico para se prevenir de:
a. cólera. c. amebíase.
b. giardíase. d. leptospirose.
3. Sobre doenças causadas por protozoários, foram feitas as seguintes afirmações:
I. A leishmaniose é uma doença causada pelo mosquito-palha, por meio de sua
picada.
II. A malária pode ser transmitida entre seres humanos por meio de alimentos ou

ão
água contaminados.
III. O tripanossomo causador do mal de Chagas pode, em determinadas circunstân-
cias, ser transmitido por meio de alimentos contaminados.
Está(ão) correta(s):


a. I e II. c. II e III.
b. I e III. d. somente uma afirmação.
4. Sobre as doenças transmitidas pela água estudadas neste Módulo, pode-se afirmar que:

uc
a. a principal forma de se contaminar com essas doenças é pela ingestão de água ou
de alimentos contaminados.
b. a maioria das bactérias que existem no ambiente causa doenças e é transmitida pela
água contaminada.
Ed
c. malária, leishmaniose e doença de Chagas são exemplos de doenças de veiculação
hídrica e são causadas por protozoários.
d. doenças como a dengue são causadas pela água, porque seus agentes transmissores
precisam de água para se reproduzir.
os

Em casa

1. Que perguntas devem ser feitas para executar um estudo sobre a bacia hidrográfica em
que se encontra um município, com a finalidade de se realizar um projeto de manejo
m

de águas pluviais urbanas?


2. Reescreva o texto a seguir completando as lacunas com os trechos indicados no quadro
da próxima página. A primeira lacuna já foi preenchida como exemplo.
So

Emanuel, sentindo dores abdominais e com intensa diarreia, vai ao banheiro. Sem
que ele perceba, bactérias são eliminadas pelas suas fezes e são lançadas no esgoto.
*********************** que corre em direção à plantação de alface de seu Toshiro.
*********************** sem passar por nenhum tratamento.
Dona Mariana compra alguns pés de alface de seu Toshiro na feira para a preparação
de sanduíches em sua lanchonete. ***********************, já que dona Mariana está
com pressa, pois é quase hora do almoço e os fregueses estão chegando.
Aílton, que trabalha no posto de gasolina em frente à lanchonete de dona Mariana,
sempre pede um sanduíche para o seu almoço. Aílton come o sanduíche preparado com
a alface, sem se dar conta da incrível jornada que as bactérias de Emanuel percorreram

350 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


até chegar ao seu organismo. ***********************, Aílton começa a sentir fortes
dores abdominais e a apresentar intensa diarreia.

Aten•‹o
a. bactérias são eliminadas pelas suas fezes
Nem todos os itens serão
b. a alface é bem lavada em água corrente utilizados.
c. o esgoto é, então, despejado sem tratamento em um rio
d. a alface é lavada em uma tigela com água

ão
e. a água do rio é captada, tratada e utilizada na irrigação da plantação
f. o esgoto é, então, tratado antes de ser despejado em um rio
g. alguns dias depois de ter comido o sanduíche
h. a água do rio é captada para a irrigação da plantação


i. instantes depois de ter comido o sanduíche

3. Reproduza a tabela a seguir em seu caderno e preencha-a com características da leishma-

uc
niose e do mal de Chagas. Para isso, pesquise em livros e na internet, buscando os nomes
das doenças no índice dos livros ou em um site de buscas. No caso da internet, escolha
sites confiáveis, ou seja, que apresentam as referências das informações apresentadas.
Ed
Características Leishmaniose Mal de Chagas
Agente transmissor ********* *********

Agente causador ********* *********

Sintomas/consequências para o ser humano ********* *********


os

Métodos de prevenção ********* *********

Fontes consultadas (bibliografia) ***************************

4. Aponte algumas ações que poderiam ser adotadas, em termos de políticas públicas
m

destinadas à saúde, para melhorar o quadro dos 10 piores municípios do ranking ex-
plorado na seção Mobilizando saberes.
So

Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar


Livro que aborda o saneamento básico sob uma perspectiva histórica, desde civilizações antigas até os dias de
hoje, com foco na situação brasileira. Por meio de exemplos do cotidiano, a importância do saneamento básico é
discutida, apontando-se problemas e uma série de soluções possíveis.
CAVINATTO, Vilma Maria. São Paulo: Moderna, 2016.
Ciências - Módulo 11

TC ON-LINE: Para aprofundar os estudos, acesse o Plurall e realize as atividades extras disponíveis.

351
Sistema

12
MîDULO
imunitário
e vacinação

ão

Enfermeira vacinando
criança indígena contra o
1. Por que as vacinas são tão importantes? sarampo na Terra Indígena

uc
2. Por que algumas pessoas não podem Utiariti, em Campo Novo
do Parecis (MT), em
tomar vacina sem uma avaliação agosto de 2018.
médica prévia?
3. Por que algumas pessoas desconfiam
das vacinas?
Ed
os
m
So
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

352
Antes de mais nada, o sangue
Neste Módulo, vamos discutir o funcionamento do sistema imunitário e a importância
da vacinação como instrumento de saúde pública. Para isso, vamos iniciar pelo estudo do
sangue, uma vez que ele tem tudo a ver com o sistema imunitário, apesar de fazer parte
do sistema cardiovascular.
No Caderno 3 do 6º ano, você estudou o sangue como exemplo de tecido conjuntivo,
além de sua composição. Como vimos, o sangue é um tecido conjuntivo de cor avermelha- Utilizamos o termo
“elementos celulares”,
da, transportado pelo sistema cardiovascular. É formado pelo plasma, uma solução líquida,

ão
porque os componentes
que contém elementos celulares circulando – as hemácias os leucócitos e as plaquetas. sólidos do sangue são
As células sanguíneas são produzidas na medula vermelha de ossos – parte interna células (hemácias e
leucócitos) e fragmentos
e central dos ossos –, como costela, pélvis, fêmur e coluna vertebral. Quando nascemos, de células (plaquetas).
quase todos os ossos do corpo produzem esses elementos celulares, porém, à medida que


crescemos, apenas algumas regiões continuam executando essa tarefa.

O plasma
O plasma é uma solução aquosa formada por aproximadamente 91% de água, 7% de
proteínas e 2% de sais, açúcares, aminoácidos (unidades que formam as proteínas), vita-

uc
minas, gases, hormônios e substâncias tóxicas a serem eliminadas. O transporte de quase
todas essas substâncias é feito por meio da sua dissolução na água.

Os elementos celulares
Ed
Existem três tipos de elementos celulares no sangue: as hemácias, os leucócitos e as
plaquetas.

Dennis Kunkel Microscopy/SPL/Fotoarena


Plaqueta
os

Hemácia
m

Leucócito
So

Eletromicrografia de
Ciências - Módulo 12

varredura mostrando
os elementos celulares
do sangue. Esses
elementos foram
colorizados no
computador e estão
ampliados cerca de
4 000 vezes.

353
Steve Gschmeissner/SPL/Fotoarena
As principais funções dos elementos ce-
lulares são:
• Hemácias: também chamadas de eri- Monócito
Linfócito
trócitos (do grego erythrós, “vermelho”,
Neutrófilo
e kýtos, “célula”, significa “célula verme-
lha”) ou glóbulos vermelhos, são célu-
las anucleadas (isto é, sem núcleo) que
contêm grande quantidade da proteína
hemoglobina, responsável pelo trans-

ão
porte de gás oxigênio pelo corpo e pela
Eosinófilo
coloração vermelha do sangue.
• Leucócitos (do grego leukós, “branco”,
e kýtos, “célula”, significa “célula bran-


ca”): também chamados de glóbulos Basófilo
brancos, têm a função de reconhecer
Linfócito
agentes infecciosos e defender o or-
ganismo contra a ação deles. Na foto- Fotomicrografia mostrando alguns tipos de leucócitos. As células foram

uc
micrografia ao lado, são apresentados coradas em laboratório e estão ampliadas cerca de 800 vezes.

alguns de seus tipos.


• Plaquetas: também chamadas de trombócitos (do grego thrómbos, “coágulo”, e kýtos, “célula”, significa “célula
de coagulação”), são fragmentos de células formadas na medula óssea vermelha e responsáveis pela coagulação
Ed
(solidificação) do sangue.
Os leucócitos serão o foco do estudo neste Módulo.

Atividade 1
1. A tabela abaixo mostra o exame de sangue de 3 pacientes.
os

Componentes do Valores normais (por


Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3
sangue mm3 de sangue)

Hemácias 4,6 a 6,2 milhões 5,0 milhões 5,3 milhões 3,5 milhões
m

Leucócitos 3 600 a 10 000 14 500 4 000 6 700

Plaquetas 150 000 a 400 000 210 000 90 000 204 000
So

a. Que paciente poderia estar com uma infecção? Justifique.

b. Que paciente poderia ter problemas de coagulação? Justifique.

354 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


c. Que paciente poderia apresentar fadiga, cansaço? Justifique.

2. Após passar por certos órgãos, o plasma sanguíneo sofre pequenas alterações em sua composição em virtude
das atividades celulares. No entanto, em alguns órgãos essas alterações são maiores. Em qual dos órgãos abaixo
ocorre menos alterações no plasma? Justifique.

ão
I. Pulmão II. Coração III.Intestino delgado IV. Rins


Mecanismos de prote•‹o do corpo

uc
Estamos constantemente sujeitos à entrada de microrganismos, partículas de poluição
ou outras substâncias nocivas no nosso corpo. Medidas de higiene, como lavar as mãos,
tomar banho e conservar bem os alimentos, são atitudes que diminuem o risco dessas
contaminações.
Ed
Nosso organismo apresenta diferentes mecanismos de proteção contra agentes infeccio-
sos. Algumas células do sangue – os leucócitos – e os órgãos envolvidos em sua produção,
maturação e multiplicação fazem parte do sistema imunitário ou sistema imune.
Não é incomum que, em situações de estresse, a pessoa fique doente. Isso acontece
porque, nessas circunstâncias, tende-se a repousar pouco e se alimentar mal, fatores fun-
damentais para o bom funcionamento do
sistema imunitário. A idade e algumas ca-
os

Marek Mis/SPL/Fotoarena
racterísticas genéticas também são fatores
que interferem nesse processo.
As alergias, como vimos nos Módulos 9
e 10, podem ser provocadas, por exemplo,
m

quando se entra em contato com material


particulado no ar; elas se caracterizam por
reações excessivas que o organismo desen-
cadeia a certas substâncias, chamadas alér-
So

genos (ou alergênios), e estão relacionadas


ao sistema imunitário. Essas reações são
muito diversas, variando de pessoa para
pessoa, e podem ser desde uma simples
vermelhidão na pele (no local de contato
com o alérgeno) até uma reação mais gra-
Ciências - Módulo 12

ve, como vermelhidão por todo o corpo ou


dificuldades respiratórias. Estima-se que Os alérgenos variam bastante. Existem pessoas que são alérgicas a camarão, grãos
um terço da população brasileira (cerca de de pólen, corantes vermelhos de alguns alimentos ou de seus componentes (como
gelatinas, iogurtes e glúten) e até mesmo certos metais com que são feitos brincos
70 milhões de pessoas) tenha algum tipo (geralmente o níquel). Na imagem, fotomicrografia de grãos de pólen de milho (Zea
de alergia. mays); eles estão ampliados cerca de 150 vezes.

355
Microrganismo
Resposta imune invasor

Qualquer substância que os leucó- Epiderme


citos não reconheçam como parte do
organismo é tratada como invasora.
Essas substâncias, que podem perten-
cer a um microrganismo, ou ser uma Leucócito

substância ingerida ou inalada, rece-


Vaso
bem o nome de antígenos (que provém sanguíneo
das palavras gregas anti, que significa

ão
“contra”, e gennao, que significa “eu Cores fantasia
Elementos fora
produzo”; portanto, “antígeno” seria de proporção

“algo contrário ao que gera”, isto é,


“algo que pode impedir a continuidade Vários tipos de leucócitos


da descendência”). A presença de antígenos gera o que chamamos de resposta imune. atacam os microrganismos
invasores, mas não
A resposta imune pode ser classificada em dois tipos diferentes, de acordo com o seu conseguem destruir
surgimento. Quando ela existe desde o nosso nascimento, é considerada uma resposta todos eles. Essa ação é
considerada uma resposta
imune inata, sendo a primeira resposta genérica contra um antígeno e funcionando da imune. Esta representação

uc
mesma maneira contra qualquer tipo de invasor. Quando a resposta imune é “aprendida” esquemática retrata um
trecho da pele.
pelo organismo ao longo da vida, ela é considerada uma resposta imune adaptativa, sendo,
dessa forma, específica contra cada tipo de antígeno com que entra em contato.

Resposta imune inata


Ed
O nosso corpo apresenta uma série de barreiras contra possíveis antígenos. Conheça
algumas delas na figura a seguir.

Lisozima: substância
os

presente nas lágrimas


e que destrói
Pelos e muco: retêm e
microrganismos.
removem partículas.

Pele: barreira física.


m

Muco e cílios de células:


presentes nos brônquios,
retêm microrganismos e
partículas.
So

Glândulas sebáceas:
produzem substâncias
que dificultam o
desenvolvimento de
microrganismos.

Ácido: presente no
estômago, inibe o Representação
desenvolvimento de esquemática que mostra
Cores fantasia
microrganismos. exemplos de mecanismos
Elementos fora inatos de resistência do
de proporção
nosso organismo.

356 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


A nossa pele tem uma camada mais externa – a epiderme –, que apresenta células
com queratina (que é uma proteína impermeável); essas células ficam bem unidas, o que
dificulta a entrada de agentes estranhos. Da mesma forma, as células das mucosas (que são
tecidos epiteliais que revestem órgãos internamente), apesar de terem pouca queratina,
produzem muco (fluido pegajoso composto de várias substâncias), o que também ajuda a
nos proteger. Ambas formam a primeira linha de defesa do organismo, uma barreira física.
Existem também barreiras químicas, como as lágrimas e a saliva, que contêm lisozima,
substância capaz de destruir bactérias.
As glândulas sebáceas produzem uma substância oleosa sobre a pele, o sebo, que auxilia

ão
na redução da perda de água por transpiração e contém substâncias antimicrobianas (que
podem matar bactérias, fungos e outros microrganismos).
Se algum microrganismo invasor rompe essa primeira linha de defesa, existe uma se-
gunda linha que é ativada; ela é formada por alguns tipos de leucócitos do sangue, capazes


de sair dos vasos sanguíneos e chegar aos tecidos infectados, onde englobam e destroem
os elementos invasores.
Muitos leucócitos morrem ao tentar destruir esses agentes invasores; esse processo
acaba formando o pus que observamos em machucados infeccionados principalmente
por bactérias.

uc

Biophoto Associates/Science Source/Fotoarena


Steve Gschmeissner/SPL/Fotoarena

A B
Ed
os
m

Fotomicrografias de dois tipos de leucócitos que combatem microrganismos invasores: os neutrófilos (A) e os macrófagos (B).
Esses leucócitos englobam, matam e digerem os microrganismos. As imagens A e B estão ampliadas cerca de 1 200 e 20 000 vezes,
So

respectivamente.

Resposta imune adaptativa


A resposta imune adaptativa é bem mais complexa que a resposta imune inata porque
alguns outros tipos de leucócitos também participam do processo. Em resumo, um tipo de
leucócito, o chamado linfócito B, é acionado a partir da ação de outros linfócitos e passa,
Ciências - Módulo 12

então, a fabricar substâncias que podem combater antígenos específicos. Essas substâncias
são conhecidas como anticorpos.
Os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, são proteínas que atacam al-
vos específicos. Eles são lançados na corrente sanguínea e aderem ao antígeno presente
no invasor.

357
A ligação entre o anticorpo e o antígeno pode neutralizar a ação do antígeno, que pode
ser uma substância tóxica, por exemplo. Essa adesão do anticorpo ao antígeno pode ainda
sinalizar a alguns leucócitos o ataque a esse antígeno, de modo a destruí-lo. Esse ataque pode
ser desencadeado, por exemplo, quando anticorpos se ligam a antígenos de certas bactérias.

A Anticorpo
B Cores fantasia
Elementos fora
de proporção

ão
Bactéria

Vírus Anticorpo Antígeno

Leucócito


Antígeno Um anticorpo pode neutralizar
um antígeno, como aparece em
(A), isolando um vírus, ou sinalizar
para que um leucócito reconheça
a ligação antígeno-anticorpo (B) e
então englobe e destrua o agente
portador do antígeno.

uc
Memória imunológica
Os linfócitos B, uma vez estimulados a produzir anticorpos, podem se diferenciar (se trans-
formar) em células de memória (de vida longa), que são especializadas em reconhecer antíge-
Ed
nos específicos durante anos e até mesmo pelo resto da vida. Assim, se um mesmo antígeno
é detectado novamente, as células de memória iniciam uma resposta mais rápida do que na
primeira vez, de forma que o paciente pode não apresentar sintomas ou apresentá-los de
forma mais amena.
Essas células de memória são específicas, isto é, atacam apenas os antígenos já conhe-
cidos; se o antígeno é diferente e, portanto, novo para o organismo, uma nova resposta
os

imune é iniciada. Essa reação de ativação das células de memória é a razão pela qual só
pegamos algumas doenças uma vez na vida.
As células de memória geralmente têm vida longa; em outros casos, podem desapa-
recer depois de alguns anos. Em uma eventual nova exposição ao antígeno, essas células
entram em ação e se multiplicam: uma parte se torna células de memória e a outra, células
m

produtoras de anticorpos.
Células de memória Cores fantasia
Elementos fora
So

de proporção

Antígenos

Linfócito B

Alguns linfócitos B se ligam a antígenos


específicos por meio dos anticorpos que
“aprenderam” a produzir. Eles então se
multiplicam e podem se transformar em
células de memória (de vida longa) ou
Linfócito B em outros tipos de linfócitos B (de vida
Anticorpos curta), prontos para produzir e liberar
anticorpos.

358 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

Hemograma
Hemograma é um exame que avalia e indica a contagem dos elementos celulares do sangue, podendo indicar possí-
veis distúrbios no organismo. Por exemplo, quando a série vermelha (eritrócitos, hemoglobina e hematócrito) apresenta
resultados inferiores ao esperado para a normalidade, pode ser indício de um quadro de anemia; quando a série branca
está com resultados alterados, em geral acima dos valores esperados para a normalidade, pode ser indicativo de reações
do sistema imunitário – o aumento na quantidade de leucócitos pode sugerir alguma infecção, por exemplo.

ão
Exame Resultado Valor de refer•ncia

Hemograma com contagem de plaquetas


(Material: sangue total) (Método: sistema automatizado Couller)


Série vermelha
Eritrócitos 5,23 106/mL de 4,50 até 5,90 106/mL
Hemoglobina 16,8 g/dL de 13,5 até 17,5 g/dL
Hematócrito 48,9 % de 41,0 até 53,0 %

uc
Série branca /ÂmL %
Leucócitos totais 7.400 100 de 4.500 até 11.000 /mL
Neutrófilos 4.299 58,1 de 45,5 até 73,5 %
Ed
Eosinófilos 222 3,0 de 0,0 até 4,4 %
Basófilos 15 0,2 de 0,0 até 1,0 %
Linfócitos 2.205 29,8 de 20,3 até 47,0 %
Monócitos 659 8,9 de 2,0 até 10,0 %

Contagem de plaquetas 199.000 /mL de 140.000 até 500.000 /mL


os

Hemograma apresentando resultados dentro da normalidade esperada para os itens analisados.


m

Atividade 2
1. Suponha a situação de uma pessoa entrando em contato com a fumaça expelida por um caminhão com motor
So

desregulado. Nessa fumaça há grande concentração de material particulado, como a fuligem. Descreva como
atuariam as possíveis defesas do corpo dessa pessoa nessa situação.

Ciências - Módulo 12

359
2. Nos intestinos dos seres humanos, existem colônias de bactérias que são benéficas ao organismo hospedeiro.
Muitas delas podem produzir vitaminas que são utilizadas pelo hospedeiro, além de competir com bactérias que
são parasitas. Por que os pesquisadores consideram que a relação entre essas bactérias benéficas e o organismo
hospedeiro é uma forma de resposta imune do indivíduo adulto?

ão
3. O gráfico abaixo apresenta dados que refletem o funcionamento do sistema imunitário. Analise-o e faça o que se
pede.


Resposta secundária
(antígeno A)
4
10
Concentração de anticorpos

uc
3
10
(unidade arbitrária)

2
10

Anticorpos para o antígeno A


Ed
Resposta primária
10
1 (antígeno A)

0
10
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (semanas)
os

Primeiro contato com Segundo contato com


o antígeno A o antígeno A

a. Por que a concentração de anticorpos é uma boa forma de inferir o funcionamento do sistema imunitário?
m
So

b. O que podem significar, no nosso cotidiano, o primeiro e o segundo contato com o antígeno A?

360 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


c. Compare as respostas primária e secundária quanto à concentração de anticorpos máxima com o tempo trans-
corrido para se atingir as respectivas quantidades de anticorpos.

d. Relacione a resposta secundária com o fato de algumas doenças desencadearem sintomas apenas uma vez.

ão

Vacinas e soros
Os conhecimentos sobre o sistema imunitário e, principalmente, sobre a existência de

uc
células de memória e a ação dos anticorpos permitiram o desenvolvimento de vacinas e soros.
As vacinas e os soros têm a função comum de proteger o nosso organismo; no entanto,
eles apresentam diferenças quanto às formas de produção e utilização, como veremos a seguir.

Vacinas
Ed
As vacinas são produtos geralmente fabricados com seres patogênicos (isto é, causadores
de doenças, como vírus e bactérias) atenuados (enfraquecidos) ou mortos, ou fragmentos
deles. Sua função é proteger o organismo contra determinadas infecções por meio da es-
timulação de uma resposta primária do sistema imunitário.
Os patógenos presentes na vacina não são capazes de provocar doença, mas são ca-
os

pazes de estimular a produção de anticorpos específicos e desenvolver a memória imu-


nológica. Essa memória se manifesta quando o organismo entra em contato novamente
com o antígeno para o qual foi imunizado, permitindo às células do sistema imunitário que
então reconheçam o agente infeccioso e gerem uma produção de anticorpos mais rápida e
eficaz. Isso aumenta as chances de eliminação do patógeno, mesmo antes de o organismo
m

apresentar sintomas.

Olho vivo
So

A hist—ria das vacinas


Até o presente momento, na história da humanidade a varíola é a única doença humana
erradicada do planeta. Enquanto existiu, matava cerca de 30% dos enfermos e deixava pro-
fundas cicatrizes, principalmente no rosto daqueles que sobreviviam, causadas por feridas
que se formavam, supuravam (produziam pus) e depois criavam uma crosta que, ao cair,
Ciências - Módulo 12

expunha as cicatrizes. Devido à aparência deixada na pele, a doença passou a ser chamada
popularmente de bexiga. Em 1980, esse flagelo acabou.
Na antiga China, produzia-se um pó feito das cascas das feridas dos doentes que haviam
sobrevivido à varíola humana. Esse pó era inalado e a pessoa geralmente adquiria uma forma
branda da doença, mas não pegava a varíola que podia ser fatal.

361
Olho vivo

Os árabes usavam uma técnica diferente, mas com o mesmo prin-


cípio. O material extraído da ferida era esfregado em pequenos cortes
feitos no braço, e o resultado era o mesmo dos chineses.
No século XVI, o médico turco Emmanuel Tomoni se entusiasmou
com essa técnica e a levou para a Inglaterra. Inicialmente teve pouco
sucesso, mas aos poucos esse tipo de imunização, conhecido como
variolização, passou a ser usado. Os resultados indicavam que a taxa

Granger/Fotoarena/Coleção particular
de mortalidade ficava na casa dos 12%, melhor que a média da épo-

ão
ca, mas ainda muito alta.
Em 1798, o médico inglês Edward Jenner conduziu um importante
experimento. Sabendo que mulheres que ordenhavam vacas nunca
adquiriam a forma humana da varíola, altamente letal, pois haviam


sido previamente expostas a uma variante mais branda, a bovina,
Jenner pressupôs que a forma bovina prevenia a forma humana e
Jenner usava o pus
injetou pus, extraído de vacas doentes, em pessoas sadias. Estas então adquiriam a doença
de vacas com a forma
bovina, que era branda, mas ficavam protegidas da forma humana, pois não apresentavam bovina da varíola para
nenhum tipo de reação quando submetidas a ela. Durante muito tempo, essa foi a única for- imunizar as pessoas

uc
contra a varíola humana.
ma de proteção contra a doença. (MELINGUE, Georges
O termo vacina provém da palavra latina vacca (“vaca”), em reconhecimento à importância Gaston. 1879. The First
Vaccination by Edward
do trabalho de Jenner. Jenner, 14 May 1796.
Fonte dos dados: FRIEDMAN, Meyer; FRIEDLAND, Gerald W. As dez maiores descobertas da Medicina. Fotogravura após pintura.
São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 60,96 cm 3 91,44 cm.)
Ed
Existem vários tipos de vacina (ver boxe Saiba mais – Diferentes tipos de vacina), todas
contendo os antígenos necessários para desencadear uma resposta imune primária es-
pecífica. A maioria das vacinas protege de 90% a 100% das pessoas que as tomam; além
disso, todas as vacinas liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são
os

totalmente seguras. Devido à eficiência das vacinas, doenças como a coqueluche (que
é bacteriana) encontram-se controladas entre a população, não apresentando riscos de
novos surtos. Já a varíola, doença provocada por vírus e responsável por muitas mortes ao
longo da história da humanidade, é considerada erradicada em todo o mundo. No Brasil,
é importante destacar a paralisia infantil (também conhecida como poliomielite), doença
m

viral erradicada em território nacional desde 1990.

Saiba mais
So

Diferentes tipos de vacina


Algumas vacinas são produzidas com microrganismos atenuados pela ação do calor
ou de algumas substâncias químicas. Como se encontram vivos, eles conseguem se mul-
tiplicar no interior do organismo, aumentando a eficiência da resposta imune primária.
Esse tipo de vacina pode causar reações semelhantes às da doença, mas um organismo
saudável reage de forma adequada e os sintomas costumam ser brandos. Pessoas imu-
nocomprometidas, isto é, cujo sistema imunitário não responde adequadamente, como
portadores do vírus HIV que não fazem tratamento, pessoas com câncer, gestantes e

362 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

idosos, só podem tomar esse tipo de vacina se forem orientadas pelos seus médicos.
São exemplos de vacinas que utilizam microrganismos atenuados aquelas contra febre
amarela, poliomielite (Sabin), rubéola, sarampo, caxumba, catapora e tuberculose.
Nas vacinas produzidas com microrganismos inativados, estes se encontram mor-
tos, mas apresentam o antígeno capaz de estimular a resposta imune primária. Nesse
caso, dificilmente se observam reações e sintomas, pois não ocorre multiplicação
dos microrganismos, o que permite sua utilização por imunocomprometidos. São
exemplos dessas vacinas aquelas contra hepatite A, raiva, cólera, gripe, pólio (Salk),

ão
febre tifoide, coqueluche e tétano.
Existem também vacinas que contêm apenas fragmentos dos patógenos; esses
fragmentos portam antígenos capazes de estimular a resposta imune primária, sendo
conhecidas como vacinas de subunidades. É o caso das vacinas contra hepatite B,
pneumonia causada por Streptococcus pneumoniae, HPV e meningite.


Existem ainda outros tipos de vacinas, como aquelas feitas com RNAm, uma subs-
tância que ajuda a fabricar proteínas do patógeno e que foi empregada no combate
ao vírus causador da covid-19, em 2020 e 2021.

uc
Soros
Diferentemente da vacina, o soro é produzido em outros seres vivos (como cavalos e
cabras) por meio da inserção de doses não letais de determinado antígeno no organismo
Ed
deles. Como resposta imune, são produzidos anticorpos. Na sequência, extrai-se parte do Cores fantasia
sangue do animal e separa-se – por meio de processos realizados em laboratório – o plasma, Elementos fora
de proporção
no qual se encontram os anticorpos que serão utilizados.
Anticorpos Células
produzidos pelo sanguíneas
cavalo
os

Anticorpos
contra o veneno

Veneno de Sangue do
m

serpente cavalo

Parte líquida do
sangue (soro)
So

O soro geralmente é utilizado para combater e tratar intoxicações que acometem o or- Representação
esquemática das etapas
ganismo quando este não tem tempo suficiente para produzir seus próprios anticorpos. Isso da produção de soro
ocorre em casos de contato com o veneno de animais (como aranhas, serpentes e escorpiões) por meio da inserção de
e toxinas (como as que resultam de atividades do vírus da raiva, as que são produzidas pela antígenos no organismo
do cavalo.
bactéria causadora do tétano e a toxina botulínica, que é produzida pela bactéria que provoca
Ciências - Módulo 12

o botulismo). Com a aplicação do soro, os anticorpos que o compõem inativam as substâncias


tóxicas de maneira ágil, evitando danos (e até mesmo a morte) ao organismo.
Ao contrário das vacinas, o soro não tem função preventiva, ou seja, ele não imuniza
quem o recebe. O soro é utilizado apenas como tratamento após a exposição a determi-
nados agentes infecciosos.

363
Febre amarela e sarampo, negligências recentes
A febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos. Inicialmente, ela pro-
voca febre alta, mal-estar, dor de cabeça, cansaço e vômitos. Se não houver melhora, a
segunda fase da doença pode incluir a icterícia, que causa o amarelamento da pele e dos
olhos devido ao acúmulo de substâncias que são eliminadas pelo fígado, e o quadro pode
evoluir para óbito.
Não há tratamento específico para a febre amarela, apenas o cuidado com os sintomas.
Como prevenção, deve-se evitar o contato com os mosquitos vetores (gêneros Haemagogus

ão
e Sabethes) nas matas e combater os mosquitos Aedes aegypti nos centros urbanos; além
disso, existe uma vacina eficiente, que é produzida com vírus atenuado.
A vacina contra febre amarela pode ser tomada em dose única, o que permite desen-
volver imunização permanente, ou em dose fracionada (um quinto da dose única), o que
gera uma imunização de pelo menos oito anos. Esta última vem sendo utilizada no Brasil,


exceto em casos de pessoas que viajam para países que exigem a imunização permanente.
Segundo o Ministério da Saúde, o recomendado é que populações expostas ao risco
de surtos de febre amarela devem ter taxas de vacinação de 95%. Porém, apenas cerca de
21% dos municípios das regiões Sul e Sudeste localizados em áreas com recomendação de

uc
cobertura vacinal atingiram essa taxa até novembro de 2018.
Diante disso, podemos questionar: por que a vacinação contra febre amarela não tem
tido a adesão desejada? Entre as explicações possíveis, vamos comentar duas delas: o medo
de reações à vacina e a falta de confiança na vacina fracionada, mesmo entre os profissionais
da saúde. O primeiro caso não se justifica, pois as complicações causadas pela vacina são
Ed
raras, sendo registrado somente um caso a cada 500 mil vacinações. Em relação ao segundo
caso, existem trabalhos publicados em revistas científicas de alto impacto que corroboram
a eficiência da dose fracionada.

Reprodução/Secretaria de Saúde/Prefeitua Municipal de Garopaba


DE 25 A 29 DE MARÇO
os

DAS 8H ÀS 12H E DAS


13H ÀS 18H NA
POLICLÍNICA
m

PÚBLICO-ALVO
So

Todas as pessoas de 9 meses a 59 anos de idade


e que ainda não tenham sido vacinadas.
Obs: Pessoas acima de 60 anos deverão apresentar
prescrição médica para receber a vacina.

Gestantes, pessoas autoimunes, mulheres


amamentando e crianças menores de 9 meses
não deverão ser vacinadas.

Cartaz convocando a
população de Garopaba
(SC), em março de 2019,
para a vacinação contra a
febre amarela.

364 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


O sarampo é uma doença viral que se espalha pelo ar por meio da respiração, da tosse
ou de espirros. Os sintomas são febre alta, coriza, tosse, olhos avermelhados e manchas
vermelhas pelo corpo. Em alguns casos, pode haver complicações mais sérias, como diarreia,
cegueira, inflamação do cérebro e pneumonia, podendo, inclusive, levar a óbito.
A única forma efetiva de prevenção é a vacinação. As vacinas que previnem o sarampo
são a tríplice viral (que imuniza contra três doenças: sarampo, caxumba e rubéola) e a
tetraviral (que imuniza contra quatro doenças: sarampo, caxumba, rubéola e catapora).
O sarampo estava praticamente sob controle no Brasil até 2016, quando o país até
recebeu o certificado oficial de erradicação do sarampo. Em 2019, porém, o país registrou

ão
surtos da doença em diferentes cidades brasileiras, principalmente nos estados de São
Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Mas por que isso ocorreu?
Um dos motivos se deve ao fato de parte da população migrante da Venezuela para o
Brasil nesse período não ser vacinada e ter trazido o vírus para o território brasileiro. Isso


mostra como questões individuais (como a de não ser vacinado) pode afetar a coletividade,
possibilitando a circulação da doença.
Outro motivo foi a queda da cobertura vacinal no país: a vacinação pela tríplice viral
em crianças até 1 ano de idade caiu de 96% em 2015 para 57% em setembro de 2019,
de acordo com o Ministério da Saúde. No entanto, entre outubro e novembro de 2019, o

uc
Governo Federal lançou uma campanha nacional de vacinação pela tríplice viral, elevando
a cobertura vacinal para 99,4%. As vacinas NÃO fazem
Mas o que pode ter gerado essa queda na cobertura vacinal? Primeiro, a crença de mal às pessoas! Todas
alguns pais ou responsáveis de que, como a incidência de doenças como sarampo, difte- elas passam por um
processo bastante rígido
Ed
ria, coqueluche e outras se tornou cada vez mais rara, há motivos para um relaxamento e criterioso antes de
em manter a vacinação das crianças em dia. Outro motivo se relaciona aos movimentos serem disponibilizadas
para a população. Você
antivacinas, que, nos últimos tempos, têm tentado convencer as pessoas, principalmente PODE e DEVE se vacinar
com o uso das redes sociais, de que as vacinas fazem mal. Esses movimentos se baseiam para se prevenir de várias
doenças.
em argumentos não fundamentados em evidências científicas, portanto representam um
grande equívoco.
os
Governo Federal/MinistŽrio da Saœde

m
So

Ciências - Módulo 12

Cartaz da campanha de vacinação


contra a poliomielite e o sarampo em
Marabá (PA).

365
Atividade 3
1. Uma criança sofreu um ferimento na perna enquanto brincava na terra, ambiente no qual a bactéria causadora
do tétano produz esporos que podem penetrar no corpo através de lesões na pele. Na corrente sanguínea, o
microrganismo libera toxinas que atuam sobre os nervos motores, provocando fortes contrações musculares e
ocasionando a morte por parada respiratória e cardíaca se a pessoa não for tratada a tempo. Com base nessas
informações, responda.
a. Qual é o procedimento mais seguro a ser adotado para evitar o aparecimento dos sintomas do tétano na criança,

ão
considerando a urgência da situação: aplicação de soro ou vacina? Justifique.


b. Analise os gráficos A e B. Qual deles corresponde ao que ocorre no organismo da criança, de acordo com sua
resposta ao item anterior? Justifique.

A B

uc
Nível de Nível de
anticorpos anticorpos
Ed
Tempo Tempo
os

2. O uso de soro protege as pessoas contra futuras infecções pelo mesmo agente infeccioso? Justifique.
m
So

Teste
1. Assinale a alternativa que associa corretamente os elementos celulares da tabela a seguir em uma frase coerente.

I II III
Hemácias Fragmentos de células Infecção
Leucócitos Células anucleadas Coagulação
Plaquetas Células nucleadas Anemia

366 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


a. As hemácias são células anucleadas que combatem agentes estranhos ou infecciosos ao organismo.
b. As plaquetas são formadas por fragmentos de células responsáveis pelo combate à anemia que ocorre após
transfusões sanguíneas.
c. Os leucócitos são formados por células anucleadas responsáveis pelo combate à anemia que ocorre após
transfusões sanguíneas.
d. Os leucócitos são células nucleadas que combatem a infecção causada por agentes estranhos ou infecciosos
ao organismo.

ão
2. O contato com agentes causadores de doenças infectocontagiosas estimula a resposta imune inata porque:
a. desencadeia a produção de substâncias que combatem esses agentes.
b. são atacados antígenos específicos dos agentes causadores dessas doenças.
c. é estimulada a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea.


d. esse contato é suficiente para a destruição do agente causador da doença.

3. O gráfico a seguir representa a presença de um antígeno no nosso organismo e a ação do sistema imunitário. A
espessura de cada variável (antígeno, imunidade inata e imunidade adaptativa) representa o nível de participação

uc
de cada uma delas ao longo da resposta imune.

Antígeno
Ed
Imunidade inata

Imunidade adaptativa
os

Minutos Horas Dias Semanas


Tempo

Sobre a relação entre o aumento e a diminuição de cada variável, foram feitas as seguintes afirmações:
m

I. A grande quantidade do antígeno que aparece no início do gráfico indica a invasão do agente infeccioso no
organismo, o que rapidamente mobiliza a resposta imune inata.
II. Após o início da resposta imune adaptativa, ocorre uma acentuada queda da quantidade do antígeno até que
So

ele desapareça completamente.


III.À medida que a resposta imune adaptativa progride, ocorre diminuição da quantidade do antígeno, ao mesmo
tempo que começam a aparecer os efeitos da resposta imune inata.

Estão corretas as afirmações:


Ciências - Módulo 12

a. I e II.
b. I e III.
c. II e III.
d. I, II e III.

367
4. Leia a tirinha a seguir.

Peanuts, Charles Schulz © 1967 Peanuts


Worldwide LLC/Dist. by Andrews McMeel
Syndication
ão
Sobre os comentários feitos pelos irmãos Linus e Lucy, é possível afirmar que:
a. Linus tem razão, pois as recomendações de gente antiga na prevenção contra o sarampo se baseiam em evi-
dências científicas.


b. Linus confunde o saber científico com o saber popular que, nesse caso, tem uma ideia errada sobre a prevenção
contra o sarampo.
c. Lucy está desconsiderando os saberes populares de gente antiga, que, nesse caso, são coerentes com a pre-
venção contra o sarampo.

uc
d. Linus tem razão em confiar nas simpatias de gente antiga, pois elas ajudam a criar mais anticorpos contra o
sarampo do que as vacinas.
Ed
Em casa

1. Complete o mapa conceitual a seguir, que resume os componentes do sangue e suas funções.

Sangue
os
m

é formado por
So

Substâncias a Hemácias
serem eliminadas

Proteínas e
aminoácidos são responsáveis pelo são
Hormônios

Sais
Gases
Células especializadas Coagulação
Açúcares na defesa do organismo do sangue

368 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


2. O que é necessário para se determinar que o sistema imunitário está atuando de forma
eficaz? Considere os diferentes estágios de ação do sistema imunitário.

3. Crie uma história em quadrinhos (HQ) mostrando como funciona nosso sistema imu-
nitário. Para isso, pesquise sobre as características de cada célula para compor “suas
personagens”. Capriche nos detalhes!

4. Leia com atenção o cartaz que convoca para

Governo Federal/Ministério da Saúde


vacinação contra a meningite C e o HPV.

ão
Considere apenas as informações a respei-
to do HPV, vírus que pode causar câncer do
colo de útero. Acesse sites da internet, como
o do Ministério da Saúde (http://www.por
talsaude.saude.gov.br), para pesquisar in-


formações que lhe permitam responder às
questões propostas.
a. O que significa HPV?

uc
b. Quais são os sintomas do HPV?
c. Que exame deve ser feito como preven-
ção a essa e outras doenças relacionadas
ao sistema genital feminino? Do que se
Ed
trata esse exame?
d. Por que a campanha convoca meninas
adolescentes, e não apenas jovens e
adultas?
e. A vacina é considerada segura? Que re-
ações adversas podem ocorrer?
os

f. Quantas doses da vacina devem ser mi-


nistradas nas meninas?
m
So

Cartaz de campanha de vacinação contra a meningite C e o HPV


promovida pelo Ministério da Saúde.

Doenças mortais
Neste livro, você vai poder, de forma divertida e dinâmica, conhecer o que acontece
com o nosso corpo quando ele é atacado por microrganismos, como as bactérias.
Ciências - Módulo 12

ARNOLD, Nick. São Paulo: Melhoramentos, 2003. TC ON-LINE


Monstros microscópicos
Para aprofundar os estudos, acesse o Plurall, realize
Acompanhe a viagem divertida e “nojenta” do personagem Dinó Nastrips pelo
as atividades extras disponíveis e veja o vídeo
micromundo de alguns seres microscópicos.
relacionado ao assunto do próximo Caderno.
ARNOLD, Nick. São Paulo: Melhoramentos, 2004.

369
Anota•›es

ão

uc
Ed
os
m
So

370 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO

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