10/11/2023 UNEX | UNIFTC
Burnout
Objetivos
• Estudar os fatores desencadeantes e de
risco;
• Estudar a fisiopatologia de Burnout;
• Estudar as complicações e o quadro
clínico;
• Compreender os critérios diagnóstico.
A exposição prolongada ao estresse
ocupacional caracteriza a síndrome de
burnout. O termo burnout é definido, segundo
um jargão inglês, como aquilo que deixou de
funcionar por absoluta falta de energia.
Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que
chegou ao seu limite, com grande prejuízo em
seu desempenho físico ou mental.
É definida como um tipo de resposta
prolongada a estressores emocionais e
interpessoais crônicos no trabalho. É uma
síndrome conhecida relativamente há pouco
tempo, descrita como resultante da vivência
profissional em um contexto de relações
sociais complexas.
A síndrome geralmente é caracterizada em um
trabalhador que antes era muito envolvido
afetivamente com seus clientes, pacientes ou
com o trabalho em si e, em um certo momento,
desgasta-se dessas relações e passa a
apresentar desânimo, perda de energia,
exaustão, negativismo ou desistência completa
do trabalho. O trabalhador evolui para perda
do sentido da sua relação com o trabalho e
desinteresse, no qual qualquer esforço lhe
parece inútil. A síndrome é composta por três
elementos principais:
• Exaustão emocional: caracterizada por
cansaço extremo e sensação de não ter
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energia para enfrentar o dia de
trabalho.
• Despersonalização: adoção de atitude
de insensibilidade (negativa) ou
hostilidade em relação às pessoas que
devem receber o serviço/cuidado.
• Perda da realização pessoal:
sentimentos de incompetência e de
frustração pessoal, profissional e sem
sucesso no trabalho.
Epidedemiologia
A síndrome afeta principalmente profissionais
que possuem contato direto com o usuário de
determinados serviços como:
• Trabalhadores da educação;
• Profissionais da área de saúde;
• Policiais;
• Assistentes sociais;
• Agentes penitenciários;
• Professores.
Fatores de risco
Os trabalhadores que estão sob maior risco de
desenvolvimento da síndrome são aqueles que
vivem sob ameaça de mudanças da jornada de
trabalho, metas inalcançáveis, competitividade
exacerbada no ambiente de trabalho, perda de
controle de autonomia no trabalho, ausência
de suporte social, dentre outros.
• Em relação a dados mais objetivos,
sabe-se que 32% dos trabalhadores
estão propensos ao desenvolvimento
dessa síndrome;
• 92% dos portadores da síndrome
continuam trabalhando;
• Afeta em média 26% dos professores;
• 40% dos médicos.
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Quadro clínico e diagnóstico
Em geral, o paciente pode relatar:
1. História de grande envolvimento
subjetivo com o trabalho, função,
profissão ou empreendimento
assumido, que muitas vezes ganha o
caráter de missão;
2. Sentimentos de desgaste emocional e
esvaziamento afetivo (exaustão
emocial);
3. Queixa de reação negativa,
insensibilidade ou afastamento
excessivo do público que deveria
receber os serviços ou cuidados da
pessoa afetada;
4. Queixa de sentimento de diminuição da
competência e do sucesso no trabalho.
5. Um predomínio de sintomas como
cansaço mental ou emocional, fadiga e
depressão;
6. Os sintomas são necessariamente
relacionados ao trabalho.
Também podem aparecer na história alguns
sintomas inespecíficos como insônia, fadiga,
irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia,
angústia, tremores e inquietação, que podem
caracterizar uma síndrome depressiva e/ou
ansiosa.
Na recém-lançada CID-11, quando há
diagnósticos de transtornos de ajustamento,
transtornos relacionados ao estresse,
transtornos ansiosos e transtornos do humor,
a síndrome de burnout não deve ser
diagnosticada. Portanto, se situações de
trabalho estressantes e mal gerenciadas já
levaram à eclosão de algum transtorno
psiquiátrico, o código de burnout não pode
mais ser utilizado.
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A CID-11 destaca o caráter ocupacional da
síndrome, mas a mantém dentro dos fatores
que influenciam o estado de saúde e o contato
com os serviços de saúde. Assim, não é
considerada uma doença ou transtorno em si,
mas, sim, uma condição pré-adoecimento, que
poderá levar a um adoecimento mental se não
identificada, prevenida e manejada de maneira
adequada.
Na avaliação clínica, deve-se realizar uma
anamnese cuidadosa, sendo imprescindível
detalhar, além da história da moléstia atual e
seus correlatos, o histórico profissional e todos
os possíveis fatores psicossociais de risco no
ambiente de trabalho, como:
• forma de organização do trabalho atual;
• presença ou não de jornadas exaustivas;
• exigência de produtividade inatingível,
monotonia e repetitividade;
• trabalho em turno alternado;
• salário não condizente com as
demandas exigidas;
• objetivos e metas abusivos;
• falta de um plano de carreira ao
colaborador;
• não reconhecimento do esforço
empreendido;
• impossibilidade de socialização e
estabelecimento de relacionamentos
interpessoais.
A análise das características do indivíduo
também é fundamental. Trigo destaca que
indivíduos com superenvolvimento,
pessimistas, perfeccionistas, com alta
expectativa e idealismo em relação à profissão,
os que possuem locus de controle externo, os
controladores, os passivos e os de padrão de
personalidade tipo A (competitivo, esforçado,
impaciente, com excessiva necessidade de
controle das situações e dificuldade em tolerar
frustrações) são mais propensos ao
desenvolvimento da síndrome.
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O raciocínio clínico somado à anamnese
minuciosa permitirá a conclusão de hipótese
diagnóstica assertiva e sua etiologia e,
consequentemente, o tratamento mais
adequado ao caso.
Tratamento:
Terapias farmacológicas pertinentes ao
paciente e acompanhamento psicológico. O
tratamento psicológico é importante, pois o
paciente necessita de tempo e espaço para
repensar e ressignificar sua inserção no
trabalho.
Farmacológico: prescrição de antidepressivos e
ansiolíticos deve ser indicada a depender da
gravidade dos sintomas depressivos e ansiosos
do paciente.
Em casos graves, a indicação de afastamento
deve ser tomada juntamente com o paciente,
sensibilizando-o quanto à gravidade de seus
sintomas, os riscos a que estará submetido na
manutenção da atividade e os benefícios do
afastamento até remissão dos sintomas. A
elaboração de relatório médico detalhado,
explicitando a hipótese diagnóstica, manejo e
prognóstico, permitirá melhor conduta do
médico do trabalho para corroborar o
afastamento e realizar possíveis medidas de
reabilitação ou readaptação necessárias. A
equipe de saúde deve estar apta a orientar o
paciente e sua família quanto aos direitos que
o paciente tem até que retorne a sua
capacidade total de trabalho, como benefícios
governamentais.
Diferentes fases podem ser distinguidas no
tratamento do burnout clínico: (1) crise, (2)
recuperação e alguns descrevem (3)
crescimento pós-traumático. Esse crescimento
pós é evidenciado em pessoas expostas até
mesmo aos eventos mais traumáticos podem
perceber pelo menos algum bem emergindo
de sua luta com tragédias.
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Prevenção
A prevenção da síndrome de Burnout deve
começar por mudanças na cultura da
organização do trabalho, estabelecimento de
restrições à exploração do desenvolvimento
individual, diminuição das jornadas e
intensidade do trabalho, diminuição da
competitividade entre os trabalhadores e
busca de metas coletivas e alcançáveis. A
realização dessas mudanças deve envolver
uma ação integrada entre os setores
assistenciais e de vigilância.
Além das mudanças coletivas, deve também
haver mudanças individuais nos trabalhadores
como participação em atividades de lazer com
amigos e família, realizações de atividade que
“fujam” da rotina, realização de atividades
físicas regulares, evitar consumo de bebidas
alcoólicas, tabaco ou outras drogas e um
acompanhamento pessoal com uma equipe
multiprofissional, com abordagem
interdisciplinar e que aborde aspectos do
sofrimento psíquico do trabalhador e dos
aspectos sociais de intervenção no ambiente
de trabalho.
O quadro tradicional de estresse não envolve
atitudes e condutas especificamente
relacionadas ao trabalho, sendo um
esgotamento pessoal que interfere em outras
esferas da vida do indivíduo, mas não
diretamente na sua relação com o trabalho.
O que fazer se houver suspeita ou
confirmação de doença relacionada ao
trabalho?
1. Informar ao trabalhador;
2. Examinar os expostos aos mesmos fatores de
risco, buscando identificar outros casos;
3. Notificar o caso aos sistemas de informação
em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de
saúde do trabalhador), por meio dos
instrumentos próprios, à DRT/TEM e ao
sindicato da categoria;
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4. Emitir a CAT, caso o trabalhador seja
assegurado pelo Seguro de acidente de
trabalho (SAT) da previdência social;
5. Orientar o empregador para que adote
recursos técnicos e gerenciais adequados para
eliminação ou controle dos fatores de risco.

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