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RESUMO.

O Neoconstitucionalismo é uma corrente jurídica que surgiu nas


últimas décadas do século XX, propondo uma revisão dos
fundamentos tradicionais do Direito Constitucional. Em contraposição ao
positivismo legalista, o Neoconstitucionalismo destaca a centralidade
da Constituição, conferindo-lhe status de norma suprema e dotando-a
de eficácia direta e imediata. Essa abordagem reconhece a força
normativa dos princípios constitucionais, valorizando não apenas a letra
da lei, mas também sua interpretação conforme os valores fundamentais
da sociedade.
O Neoconstitucionalismo enfatiza a necessidade de uma interpretação
jurídica voltada para a concretização dos direitos fundamentais,
promovendo uma maior proteção às liberdades individuais e aos
princípios democráticos. Além disso, destaca a importância dos órgãos
judiciais na efetivação dos direitos constitucionais, conferindo-lhes um
papel mais ativo na interpretação e aplicação das normas.
Essa abordagem também promove o diálogo entre diferentes ramos do
Direito, integrando aspectos sociais, políticos e econômicos na análise
das questões jurídicas. O Neoconstitucionalismo representa uma
evolução no pensamento jurídico, buscando conciliar a rigidez das
normas constitucionais com a necessidade de adaptação a novos
desafios e valores da sociedade contemporânea.

O Neoconstitucionalismo foi influenciado por diversos juristas que


contribuíram para o desenvolvimento dessa corrente jurídica. Alguns dos
expoentes mais destacados do Neoconstitucionalismo incluem:

1 - Luigi Ferrajoli: Jurista italiano, Ferrajoli é conhecido por suas


contribuições para a teoria do garantismo jurídico, que enfatiza a
importância das garantias individuais e dos direitos fundamentais como
princípios orientadores do sistema jurídico.

2 – Häberle e Konrad Hesse: Ambos juristas alemães, Häberle e Hesse


contribuíram para o Neoconstitucionalismo com suas reflexões sobre a
eficácia e a aplicação dos princípios constitucionais, destacando a
relevância da normatividade da Constituição.

3 – Robert Alexy: Jurista alemão, Alexy é conhecido por sua teoria dos
direitos fundamentais e por sua defesa da ponderação de princípios,
estabelecendo critérios racionais para resolver conflitos entre direitos
fundamentais.

4 – Ronald Dworkin: Embora não seja exclusivamente considerado um


teórico do Neoconstitucionalismo, Dworkin influenciou a corrente com
sua teoria do direito como integridade, enfatizando a interpretação moral
e ética das normas jurídicas, incluindo as constitucionais.

5 – Miguel Carbonell: Jurista mexicano, Carbonell é reconhecido por


suas contribuições para o desenvolvimento do Neoconstitucionalismo na
América Latina, enfocando a importância dos direitos humanos e da
justiça constitucional.

6 – Peter Häberle: Jurista alemão, Häberle é conhecido por sua


contribuição para o constitucionalismo moderno ao desenvolver a ideia
de "sociedade aberta dos intérpretes da Constituição", promovendo a
participação ativa na interpretação das normas constitucionais.
Estes juristas desempenharam papéis cruciais na formulação e expansão
das ideias do Neoconstitucionalismo, contribuindo para a
transformação do pensamento jurídico contemporâneo e para a
consolidação da Constituição como uma norma central e efetiva no
ordenamento jurídico.

O texto explora diferentes sentidos da Constituição no contexto do


Direito Constitucional. Destacam-se cinco abordagens principais:

1 - SENTIDO SOCIOLÓGICO: Representado por Ferdinand Lassalle,


enfatiza que a legitimidade de uma Constituição está na sua capacidade
de refletir a vontade popular, sendo uma expressão dos fatores reais
de poder na sociedade.

2 - SENTIDO POLÍTICO: Carl Schmitt concebe a Constituição como uma


decisão política fundamental, destacando que sua validade não
repousa na justiça das normas, mas na decisão política que a cria.
Diferencia Constituição de leis constitucionais, reservando à primeira as
questões de grande relevância jurídica.

3 - SENTIDO JURÍDICO: Hans Kelsen defende que a Constituição existe


no mundo do "dever ser", como uma norma pura desvinculada de
considerações sociológicas, políticas ou filosóficas. Apresenta vertentes
lógico-jurídicas e jurídico-positivas, sendo a norma fundamental
hipotética e o fundamento de validade das demais normas.

4 - SENTIDO NORMATIVO: Desenvolvido por Konrad Hesse, destaca a


Constituição como uma ordem jurídica fundamental dotada de força
normativa suficiente para vincular e impor seus comandos,
influenciando a realidade política e social.
5 - SENTIDO CULTURALITA: J. H. Meirelles Teixeira propõe que a
Constituição é um produto cultural, influenciado pela sociedade e
capaz de exercer impacto sobre ela. Introduz o conceito de "Constituição
Total", abrangendo aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e
filosóficos.
O texto destaca a diversidade de perspectivas na definição da
Constituição, enfatizando a importância de compreender esses sentidos
para uma abordagem abrangente e contextualizada do Direito
Constitucional.

Aqui estão os principais pontos destacados sobre a classificação das


Constituições:
1 – Quanto à Origem:
Promulgada: Resulta do trabalho de uma Assembleia Nacional
Constituinte, eleita pelo povo (ex.: Constituições brasileiras de 1891,
1934 e 1946).
Outorgada: Imposta pelo governante, sem participação popular direta
(ex.: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967/1969).
Cesarista: Outorgada, mas com participação popular através de
referendo (ex.: Constituição chilena sob Pinochet).
Pactuada: Resulta de um compromisso entre o rei e o Poder Legislativo
(ex.: Magna Carta de 1215).

2 – Quanto à Forma:
Escrita: Organizada em um único documento (ex.: Constituições
brasileiras).
Costumeira: Não escrita, baseada em usos, costumes e jurisprudência
(ex.: Constituição inglesa).

3 – Quanto ao modo de eleboração:


Dogmática: Elaborada em um momento específico por um órgão
constituinte (ex.: CF/1988).
Histórica: Resulta da lenta formação histórica e tradições de uma
sociedade (ex.: Constituição inglesa).

4 – Quanto à extensão:
Analítica: Detalhada e prolixa, abordando minúcias (ex.: CF/1988).
Sintética: Contém princípios essenciais e perdura por mais tempo (ex.:
Constituição dos EUA).

5 – Quanto ao conteúdo:
Material: Trata apenas de matérias constitucionais (ex.: Constituição dos
EUA).
Formal: Inclui temas que não são estritamente constitucionais (ex.:
CF/1988).
6 – Quanto à estabilidade ou alterabilidade:
Rígida: Exige processo legislativo mais complexo para alteração (ex.:
CF/1988).

7 – Quanto ao conteúdo ideológico:


Liberal: Preocupa-se em limitar a atuação do Estado.
Social: Incorpora direitos de segunda dimensão e direciona ações
governamentais.

8 – Quanto à ideológia:
Ortodoxa: Reflete um único pensamento ideológico.
Eclética: Resultado da conjunção de diferentes ideologias (ex.:
Constituição brasileira).

9 – Quanto à correspondência com a realidade – (critério


ontológico):
Normativa: Há correspondência entre teoria e prática.

10 – Quanto à finalidade:
Dirigente: Possui normas programáticas, direcionando a atuação dos
órgãos estatais.

11 - Quanto aos sistemas:


Principiológica: Baseada em princípios constitucionais (ex.:
Constituição brasileira).

12 - Quanto à unidade documental:


Orgânica: Escrita e sistematizada em um único documento (ex.:
Constituição brasileira).

13 - Quanto à origem de sua decretação:


Homoconstituição: Redigida e aplicada no mesmo país.

14 - Quanto à função:
Definitiva: Pretende ser o produto final do processo constituinte (ex.:
Constituição de 1988).

15 – Outras classificações mencionadas:


Constituição.com ou Crowdsourcing.
Constituição Suave (ou dúctil).
Constituição Ubíqua: Referência onipresente a normas e valores
constitucionais no direito pós-Constituição de 1988.
Constituição Subconstitucional: Normas constitucionais que não são
verdadeiramente constitucionais.
O texto também aborda conceitos de constitucionalistas como Karl
Lowestein, Bernardo Gonçalves Fernandes, Gustavo Zagrebelsky, e
outros, oferecendo uma visão crítica e contextualizada sobre a
Constituição brasileira atual.

RESUMO DA ÓPERA: a Constituição brasileira de 1988 é:


- promulgada (origem);
- escrita (forma);
- dogmática (modo de elaboração);
- analítica (extensão);
- formal (conteúdo);
- rígida (estabilidade);
- social (conteúdo ideológico);
- eclética (ideologia);
- normativa (correspondência com realidade);
- dirigente (finalidade);
- principiológica (sistemas);
- orgânica (unidade de documentação);
- autoconstituição (modo de decretação); e,
- definitiva (função).
O PULO DO GATO.
A CONSTITUIÇÃO É PEDRA (Promulgada, Escrita, Dogmática, Rígida e
Analítica).

A classificação dos elementos das constituições, conforme proposto pelo


Professor José Afonso da Silva, com destaque para cinco categorias de
elementos:
Elementos Orgânicos: São as normas que regulam a estrutura do Estado e do
Poder.
Ex: Título III – Organização do Estado; Título IV – Organização dos Poderes.
DICA: os elementos orgânicos tratam da Organização do Estado e da Organização
dos Poderes.
Elementos Limitativos: Os elementos limitativos limitam a ação dos poderes
estatais, estabelecendo balizas do Estado de Direito e consubstanciando o rol dos
direitos fundamentais.
Ex: Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais.
DICA: os direitos e garantias do artigo 5º da Constituição estão dentro da 1ª geração ou
dimensão dos direitos fundamentais, surgida para proteger os cidadãos contra o Estado.
Em outras palavras, eles impõem limites ao Estado. Daí o nome!
Elementos Socioideológicos: os elementos socioideológicos são ligados aos
Direitos Sociais (artigos 6º a 11) e à Ordem Social (artigos 193 a 232).
Enquanto os elementos limitativos estão mais próximos da 1ª geração ou dimensão dos
direitos fundamentais, os elementos socioideológicos se ligam à 2ª geração ou
dimensão.
E é na 2ª geração ou dimensão que nasce a ideia de atuação positiva do Estado, que
atuará dentro da ideia do welfare state ou Estado do bem-estar social, que ganhou força
principalmente no período posterior à Primeira Guerra Mundial.
Elementos de Estabilização Constitucional: quando estamos numa situação
de grave perturbação, precisamos de instrumentos para restabelecer a ordem social. É aí
que entram, por exemplo, as figuras do Estado de Sítio e do Estado de Defesa.
Nesse mesmo balaio aí eu colocaria a Intervenção, tanto federal quanto estadual. Isso
porque a característica central de uma Federação é a autonomia dos Entes Federados. A
intervenção, medida extrema, mexe diretamente com a autonomia. Ou seja, ela deve ser
usada de modo excepcional.
Insere-se também nos elementos de estabilização a ação direta de inconstitucionalidade
(ADI), o que pode causar certa estranheza numa primeira análise.
Mas se você pensar bem, a ADI existe para retirar do ordenamento normas que sejam
inconstitucionais. Dito de outro modo, ela (a norma inconstitucional) estará
desestabilizando o sistema normativo vigente. É esse o motivo de colocação da ADI no
rol dos elementos de estabilização.
Elementos Formais de Aplicabilidade: nos elementos formais de
aplicabilidade o Preâmbulo (vem antes do texto constitucional) e o Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT –, que aparece depois do artigo
250 da Constituição.
Para fechar, acrescente o artigo 5º, § 1º, da Constituição, segundo o qual “as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”.
Repito mais uma vez: prestando atenção apenas às palavras você acertaria o item,
pois é elemento formal de aplicabilidade o dispositivo que fala em aplicação
imediata dos direitos fundamentais.
SISTEMATIZANDO:
ELEMENTO ORGÂNICO: Regulam a estrutura do Estado e do Poder. Ex.: Títulos III e IV -
Organização do Estado e Organização dos Poderes.
ELEMENTO LIMITATIVO: Limitam a ação dos poderes estatais. Ex.: Título II – Direitos e
Garantias Fundamentais.
ELEMENTO SOCIOIDEOLÓGICO: Está ligado aos direitos sociais (artigos 6º a 11) e à
Ordem Social (artigos 193 a 232). Direitos de 2ª geração ou dimensão.
ELEMENTO ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: Usados em situação de grave
perturbação. Ex.: estado de defesa e estado de sítio. A ADI também entra aqui, porque serve para tirar
normas inconstitucionais do sistema.
ELEMENTO FORMAIS DE APLICABILIDADE: Engloba o preâmbulo, o ADCT e o
artigo 5º, § 1º.

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