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ÍNDICE

SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO


1.CONDUÇÃO ECONÓMICA E AMBIENTAL 5
1. 1. Otimização do consumo de combustível e utilização das relações da caixa de
5
velocidades em função da carga do veículo e do perfil da estrada
2. ACONDICIONAMENTO DA CARGA, RESPEITANDO AS INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA
7
E A BOA UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO
2. 1. Verificação diária do veículo, preparação da viagem e sua importância 9
2. 2. Forças aplicadas aos veículos em movimento 11
2. 3. Utilização das relações da caixa de velocidades em função da carga do veículo e do
11
perfil da estrada
2. 4. Cálculo da carga e do volume útil 12
2. 5. Repartição da carga 12
2. 6. Consequências de sobrecarga nos eixos 13
2. 7. Estabilidade do veículo e centro de gravidade 14
2. 8. Tipos de embalagens e suportes para a carga 15
2. 9. Principais categorias de mercadorias que necessitam de acondicionamento: 15
2. 10. Técnicas de colocação de calços e acondicionamento 31
2. 11. Utilização de precintas de acondicionamento 34
2. 12. Verificação dos dispositivos de acondicionamento 40
2. 13. Utilização dos meios de manutenção 41
2. 14. Colocação e retirada de redes e toldos 42
3. CONDUÇÃO DEFENSIVA 42
3. 1. O sistema de circulação rodoviária 42
3. 2. Condução defensiva 43
3. 3. Elementos de segurança ativa e passiva 44
3. 4. A velocidade 44
3. 5. Adaptação da condução às caraterísticas do veículo, da via e das condições atmosféricas 45
3. 6. Distâncias 49

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ÍNDICE

SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS


1. TIPOLOGIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO NO SECTOR DOS TRANSPORTES ENVOLVENDO
29
51
VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
1. 1. Introdução 51
1. 2. Acidentes de trabalho no sector dos transportes rodoviários 51
1. 3. Fatores de risco de acidentes em trabalho 51
1. 4. Fatores de risco de automóveis pesados de mercadorias 52
1. 5. Tipos de acidentes em estaleiro 52
1. 6. Tipos de acidentes rodoviários em missão envolvendo pesados de mercadorias 52
1. 6. 1. Colisões 53
1. 6. 2. Despistes 56
1. 6. 3. Atropelamentos 56
2. SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA 57
2. 1. Sinistralidade Geral em Portugal 57
2. 2. Caraterização da mortalidade rodoviária em Portugal segundo o tipo de utente de
58
2004 a 2008
2. 3. Taxa de implicação em acidentes com vítimas 58
2. 3. 1. Taxa de implicação dos veículos pesados de mercadorias 59
2. 4. Acidentes com vítimas, envolvendo pelo menos 1 veículo pesado de mercadorias 59
2. 5. Distribuição dos acidentes com vítimas, vítimas mortais e feridos graves 59
2. 6. Acidentes com vítimas e vítimas graves, envolvendo pelo menos 1 veículo pesado de
60
mercadorias, por natureza
2. 6. 1. Índice de gravidade dos veículos pesados de mercadorias de 2004 a 2008 60
2. 7. Acidentes e vítimas segundo a hora do dia, envolvendo as várias categorias de veículos 60
2. 7. 1. Vítimas mortais e feridos graves por horas do dia 61
3. CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES EM TERMOS HUMANOS, MATERIAIS E FINANCEIROS 61
3. 1. Consequências a nível humano 61
3. 2. Consequências a nível material 62
3. 3. Consequências a nível financeiro 63
Bibliografia 64
Glossário 65
3
ÍNDICE

ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR


1. CONHECER A REGULAMENTAÇÃO RELATIVA AO TRANSPORTE DE MERCADORIAS 66
1. 1. Regulamentação nacional e internacional 66
1. 2. Títulos para o exercício da atividade de transporte 73
1. 3. Obrigações dos contratos-modelo de transporte de mercadorias 74
1. 4. Redação dos documentos que constituem o contrato de transporte 77
1. 5. Autorizações de transporte internacional 77
1. 6. Obrigações da Convenção relativa ao contrato de transporte internacional de
78
mercadorias por estrada (CMR)
1. 7. Redação da declaração de expedição 79
1. 8. Passagem das fronteiras 80
1. 9. Transitários 82
1. 10. Documentos especiais de acompanhamento da mercadoria 83
2. AMBIENTE SOCIAL DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO E A SUA REGULAMENTAÇÃO 85
2. 1. Durações máximas do trabalho específicas para os transportes 85
2. 2. Princípios, aplicação e consequências dos Regulamentos 561/2006 e 3821/85 86
2. 3. Sanções em caso de não utilização, má utilização ou falsificação do tacógrafo 93
2. 4. Conhecimento do ambiente social do transporte rodoviário – direitos e obrigações
95
dos motoristas em matéria de qualificação inicial e formação contínua)
2. 5. Igualdade de oportunidades e regulamentação aplicável 97
Anexo I - Convenção CMR (Cargo Movement Requirement) 98
Anexo II – DL 257/2007 (alterado pelo DL 136/2009) 108
Anexo III – Lei nº 27/2010 117

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1. Condução Económica e Ambiental


1. 1 - Otimização do consumo de combustível e utilização das relações da caixa de
velocidades em função da carga do veículo e do perfil da estrada
A indústria automóvel tem vindo a desenvolver veículos com CONDUZA A BAIXAS ROTAÇÕES
consumos de combustível e emissões de gases poluentes e de CO2 Sempre que possível opte por utilizar rotações do motor mais
cada vez menores. Contudo, poucos são os condutores que sabem baixas. Para tal, ao gerir a caixa de velocidades utilize mudanças
como explorar da melhor forma estas potencialidades. mais altas. Mantenha o conta rotações na zona verde.

A eco condução consiste na adoção de hábitos de condução que ACELERE E DESACELERE SUAVEMENTE
permitem tirar o maior partido dos veículos, tendo em atenção as Acelerações bruscas levam a que o seu veículo consuma mais
caraterísticas dos sistemas de propulsão e transmissão, combustível e emita mais poluentes atmosféricos. Adicionalmente,
otimizando os consumos, numa ótica de eficiência energética. A as repetidas acelerações e travagens provocam um maior desgaste
eco condução exige pequenas alterações nos procedimentos de mecânico, aumentando ainda o desconforto a bordo.
condução, que podem resultar numa poupança de combustível na
ordem dos 25%. EVITE SITUAÇÕES AO RALENTI
Um automóvel pesado gasta 2 a 3 litros de combustível, por hora,
A eco condução é uma forma de condução eficiente que permite ao ralenti. Assim, em poucos segundos, o gasto energético
reduzir: associado à ligação do motor é compensado pelo período em que
• O consumo de combustível; o motor permaneceu desligado. Adicionalmente, um automóvel ao
• A emissão de gases poluentes (principalmente óxidos de azoto ralenti contribui para o ruído ambiente e para o aumento da
e de enxofre) poluição atmosférica. Em paragens superiores a 5 minutos
• A emissão de partículas resultantes da insuficiente combustão desligue o motor.
dos hidrocarbonetos;
• A emissão de gases com efeito de estufa (GEE), sobretudo NAS DESCIDAS E TRAVAGENS, MANTENHA UMA MUDANÇA
dióxido de carbono (CO2), que contribuem para o aquecimento ENGRENADA
global; Um veículo com tecnologia moderna corta a injeção de
• A sinistralidade, tendo em conta que se diminuem as combustível quando se retira o pé do acelerador e se mantém uma
acelerações bruscas e as travagens, tornando a viagem também mudança engrenada. Esta situação permite o aproveitamento da
mais confortável. energia cinética do veículo para prolongar o seu movimento, sem
ser necessário consumir combustível. Assim, ao retirar o pé do
Se adotar hábitos de condução mais eficientes, ecológicos e acelerador, mantendo sempre o carro engatado, em descidas ou
seguros, tira maior partido das capacidades dos veículos, otimiza situações de travagem controlada (por exemplo na aproximação
os consumos, reduz a poluição e o ruído, e está a contribuir para a a uma portagem) pode aproveitar mais eficientemente a energia
diminuição do número de acidentes rodoviários. utilizada.

SAIBA ANALISAR OS SEUS CONSUMOS


CONDUZA POR ANTECIPAÇÃO Para que possa melhorar o seu desempenho é essencial perceber
Não se limite a observar o veículo da frente. Treine a sua visão a como gasta o seu combustível. Ganhe sensibilidade aos seus
observar a envolvente, pois uma condução por antecipação reduz consumos e procure analisar o seu perfil de condução. Atualmente
o número de acelerações e travagens, melhorando os consumos há diversos equipamentos (alguns instalados de origem no veículo
médios, aumentando o conforto a bordo. Adicionalmente, ao e outros instalados pelo próprio condutor) que permitem
adotar uma condução antecipada terá maior tempo de reação, monitorizar as viagens e obter alguns parâmetros associados ao
prevenindo situações de perigo, contribuindo assim para uma seu estilo de condução. Utilize-os sempre que possível.
maior segurança rodoviária.

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VERIFIQUE REGULARMENTE A PRESSÃO DOS PNEUS A ocorrência de um acidente, para além dos riscos físicos para os
A pressão dos pneus deve ser verificada regularmente, envolvidos, resulta também em custos pessoais e económicos e na
especialmente antes de um percurso longo, e sempre com os pneus imagem da empresa. A imagem de uma viatura de determinada
a frio (não ter rodado mais de 3 km). A utilização de pneus com empresa envolvida num acidente tende a afastar eventuais
pressão adequada diminui o seu desgaste e reduz o consumo de clientes, independentemente da culpa.
combustível. Adicionalmente, a utilização de pneus com menor
atrito de rolamento pode reduzir o consumo em cerca de 5%. A prevenção será sempre a atitude mais económica e inteligente:
Mais vale prevenir que remediar.
EVITE PESOS DESNECESSÁRIOS NO CARRO
Faça uma seleção regular dos objetos transportados e evite andar Um estilo de condução suave e descontraída resulta num aumento
com pesos desnecessário no veículo. da comodidade, numa melhoria das condições de segurança e em
Em percursos urbanos o efeito do peso é particularmente economia de recursos (combustível, travões, etc).
importante, devido às constantes acelerações em situações de
pára-arranca. Neste aspeto, ganha particular realce o estilo de condução do
motorista. Exige-se um grande grau de concentração, mas também
SEMPRE QUE PUDER, ABDIQUE DE ACESSÓRIOS QUE REDUZEM muita calma na resolução de conflitos.
A AERODINÂMICA
Em autoestrada o principal responsável pelo aumento do consumo Ao atravessar zonas escolares ou frequentadas por crianças, o
de combustível é o atrito aerodinâmico. condutor deve tomar precauções extras, sabendo-se da
imprevisibilidade do comportamento das crianças.
SEJA RACIONAL NA UTILIZAÇÃO DO AR-CONDICIONADO
Em percursos muito curtos, particularmente em tráfego urbano, Um estilo de condução suave contribui para a redução dos
a utilização do ar-condicionado pode ser pouco vantajosa, uma consumos, que, como se sabe, ocupa uma parcela significativa da
vez que a refrigeração do habitáculo poderá demorar mais tempo estrutura de custos das transportadoras. Ou seja, melhora a sua
que a própria viagem. Adicionalmente, é nas situações de maior saúde financeira.
tráfego que o sistema de ar-condicionado consome mais, podendo
chegar a representar cerca de 20% do combustível utilizado. Travagens e acelerações devem se feitas o mais suavemente
possível, a fim de minimizar consumos, desgaste e risco de
CONDUZA A UMA VELOCIDADE O MAIS CONSTANTE POSSÍVEL acidente.
Evitando acelerações/desacelerações e travagens bruscas pode
poupar 15% de combustível conduzindo a 80 Km/h, em vez de 100 Uma condução suave resulta numa sensação de segurança para o
Km/h. cliente. Mais do que a urgência da entrega, o cliente pretende que
a mercadoria chegue ao destino intata. Um condutor com estilo
CUMPRA OS LIMITES DE VELOCIDADE de condução agressiva aumenta exponencialmente os consumos e
Um aumento de 10% na velocidade pode provocar um aumento de afasta clientes.
15% no consumo de combustível. Evite mudar de via de trânsito.
Em suma, uma condução suave:
PLANEIE A SUA VIAGEM - Reduz o consumo de combustível
Escolha o melhor percurso nas deslocações e tente antecipar o - Reduz a sinistralidade
fluxo de trânsito. Uma viagem bem planeada pode poupar até - Melhora a imagem do motorista e da empresa
5% de combustível. Evite usar o automóvel em deslocações curtas. - Reduz o desgaste do material
Poupa combustível e contribui para o seu bem-estar físico.

Um Eco condutor é um condutor mais seguro e inteligente

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2. Acondicionamento da carga, respeitando as instruções de segurança
e a boa utilização do veículo
Acondicionamento da carga • Sempre que uma carga for carregada/descarregada ou
redistribuída, é necessário inspecionar a carga e verificar se existe
Se uma carga não for acondicionada de forma adequada, excesso de carga e/ou se o peso da carga esta mal distribuído
constituirá um perigo para as pessoas envolvidas nas operações de antes de iniciar o transporte. Certificar-se de que a carga esta bem
transporte e para terceiros. A carga mal acondicionada pode distribuída, de modo a que o centro de gravidade da totalidade
tombar do veículo, provocar congestionamento de tráfego e a da carga assente o mais perto possível do eixo longitudinal e seja
morte ou lesões a terceiros. A carga mal acondicionada pode mantido o mais baixo possível: as mercadorias mais pesadas por
provocar a morte ou lesões aos ocupantes do veículo aquando de baixo e as mais leves por cima.
uma travagem de emergência ou de uma colisão. Também a
mudança de direção de um veículo pode ser afetada pela forma • Sempre que possível, verificar periodicamente o
como a carga se encontra distribuída e/ou acondicionada, acondicionamento da carga durante o percurso. A primeira
dificultando o controlo do veículo. inspeção deve ser feita, de preferência, depois de percorridos
Os condutores devem ter consciência do risco adicional que alguns quilómetros, num local de paragem seguro. Alem disso,
representa a deslocação da carga, ou partes da mesma, durante a o acondicionamento da carga deve ser inspecionado após uma
condução do veículo. travagem de emergência ou qualquer outra situação anormal que
ocorra durante o percurso.
É, pois, fundamental que o condutor adopte alguns procedimentos
de segurança, nomeadamente: • Sempre que possível, utilizar equipamento que facilite o
acondicionamento da carga, por exemplo, materiais de atrito,
• Antes de carregar o veículo, verificar se a plataforma de carga, divisórias de carga, correias ou cintas, cantoneiras, etc.
a carroçaria e o equipamento de fixação da carga se encontram em
boas condições de funcionamento. • Certificar-se de que os dispositivos de acondicionamento não
danificam as mercadorias transportadas.
• A carga deve ser acondicionada de modo a que não possa
mover-se, rolar, oscilar devido a vibrações, cair do veículo ou fazer • Conduzir suavemente, ou seja, adaptar a velocidade às
com que este se volte. circunstâncias de modo a evitar alterações bruscas de direção e
travagens de emergência. Se esta recomendação for seguida,
• Determinar o(s) sistema(s) de acondicionamento que melhor as forcas exercidas pela carga manter-se-ão baixas e não devem
se adapte(m) às caraterísticas da carga (travamento ou bloqueio, ocorrer problemas.
amarração direta, amarração de topo ou uma combinação destas).
Necessidade de acondicionamento da carga
• Verificar se as recomendações do fabricante relativas ao veículo
e ao material de travamento são observadas. O princípio físico básico subjacente às forças exercidas pela carga
no seu ambiente consiste na ideia de que um objeto em
• Verificar se o equipamento de fixação da carga é proporcional movimento, se não forem exercidas forças, continuará a
às condições da viagem. As travagens de emergência, as viragens deslocar-se numa linha reta à mesma velocidade.
bruscas para evitar obstáculos, as estradas em mas condições ou
as condições meteorológicas adversas são situações que devem A velocidade de um objeto pode ser representada por uma seta:
ser consideradas como circunstâncias normais que podem ocorrer o comprimento da seta é proporcional à velocidade do objeto; a
durante os percursos. O equipamento de fixação deve ser capaz de direção da seta indica a linha reta que o objeto seguiria se não
suportar estas condições. fossem exercidas quaisquer forças.

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Alterar a velocidade do objeto, isto é, alterar o comprimento e/ou Equipamento dos veículos
a direção da seta que o representa, gerará forças.
É necessário ter em consideração que quaisquer acessórios ou
Por outras palavras, a única situação em que uma carga não equipamentos, permanentes ou temporários, transportados pelo
exerce qualquer força no seu ambiente (exceto pelo seu peso, veículo, são também considerados carga e, como tal, o seu
evidentemente) é aquela em que a condução é efetuada numa acondicionamento é da responsabilidade do condutor. Os danos
linha reta a uma velocidade constante. que um pé de fixação mal seguro pode provocar se distender
enquanto o veículo está em movimento são enormes, tal como
Quanto mais esta situação for alterada (por exemplo, travagem algumas experiências fatais comprovaram.
de emergência, forte aceleração, viragem difícil num cruzamento,
mudança rápida de faixa, etc.), mais fortes serão as forças que a AVISO: Os pés de fixação, as gruas, os taipais traseiros, etc., devem
carga exerce no seu ambiente. No caso do transporte rodoviário, ser estivados e travados em conformidade com as instruções do
estas forças são principalmente horizontais. Nestas situações, o fabricante antes do veículo circular. Um veículo no qual uma
atrito raramente é suficiente para evitar o deslizamento de uma tal peça ou equipamento não possam ser travados não deve ser
carga mal acondicionada. Seria incorreto assumir que o peso da utilizado até que sejam efetuadas as reparações necessárias para
carga será suficiente para a manter em posição. corrigir a falha. As correntes soltas dos veículos pequenos sem
carga devem igualmente ser fixadas, de modo a não constituírem
Durante uma travagem de emergência, por exemplo, a força perigo para os outros utentes das vias.
exercida pela carga em direção à parte dianteira do veículo pode
ser muito elevada e praticamente igual ao peso da mesma. AVISO: Os veículos não devem nunca ser conduzidos, por muito
curta que seja a distância, com equipamentos distendidos ou numa
Deste modo, durante uma travagem de emergência, uma carga posição não travada.
com 1 tonelada “empurrará” na direção da parte da frente do
veículo com uma força aproximada de 1000 daN (isto é, 1 Os equipamentos soltos, tais como cintas, cabos, coberturas, etc.,
tonelada em linguagem corrente; ver a secção seguinte para mais devem igualmente ser transportados de modo a não constituírem
explicações sobre massa e peso) No entanto, podem ser perigo para os outros utentes das vias. Uma boa prática consiste
encontradas forças maiores se o veículo, por exemplo, for em possuir um compartimento separado onde possam ser
envolvido num acidente. Os princípios relativos ao armazenados em segurança estes elementos quando não estão a
acondicionamento da carga devem, deste modo, ser considerados ser utilizados. No entanto, se forem mantidos na cabina do
como requisitos essenciais. condutor, devem ser estivados de modo a que não possam
interferir com qualquer dos controlos do condutor.
Em resumo, se um veículo travar, a carga continuará a deslocar-se
na direção original. Quanto mais forte for a travagem, maior será
a força com que a carga “empurrará” para a frente. Se a carga
não estiver adequadamente acondicionada, continuará a
deslocar-se para a frente, independentemente da direção do
veículo!

A recomendação geral consiste em: acondicionar sempre a carga


de forma adequada e conduzir suavemente, isto é, qualquer
desvio a uma situação de linha reta/velocidade constante deve ser
efetuado lentamente. Se esta recomendação for seguida, as forças
exercidas pela carga manter-se-ão baixas e não devem ocorrer
problemas.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

2. 1 - Verificação diária do veículo, preparação da viagem e sua importância


A quantidade de veículos pesados envolvidos em acidentes é respeito pela vida humana - a sua e a dos outros. Use os tempos de
reduzida, no conjunto global da sinistralidade. Contudo, quando repouso... para repousar!
fazemos a análise em função da quantidade de viaturas em
circulação, verifica-se que são o segundo grupo de veículos mais Não beba álcool antes e durante a condução,
envolvidos em acidentes, a seguir aos motociclos. nem tome qualquer tipo de droga ou
medicamentos que possam prejudicar as suas
Quando se envolvem num acidente, os veículos pesados provocam capacidades de condução. Evite refeições
impatos muito violentos, com natural reflexo nos danos avultados pesadas antes e durante a condução, já que estes podem aumentar
e na gravidade dos sinistrados. a sonolência.

Parte dos acidentes resultam de falhas mecânicas que Não prossiga a viagem se sentir sonolência.
eventualmente podem ser detetadas através da verificação diária PARE! Saia do veículo, estique as pernas,
do veículo. respire ar fresco e se necessário descanse.

Como condutor de automóveis pesados, você precisa conduzir Verifique os travões, os pneus (pressão e
sempre de maneira altamente responsável e demonstrar o seu relevo), liquido de refrigeração do motor e
profissionalismo antecipando e perdoando comportamentos lubrificante. Verifique o estado dos espelhos
estúpidos e perigosos de outros condutores, por muito irritantes retrovisores, das janelas, pára-brisas, luzes e
que sejam. O seu comportamento pode ajudar a salvar vidas e indicadores de mudança de direção (piscas).
melhorar a imagem da profissão. Certifique-se do bom estado de outros
equipamentos especiais, como extintores e
A condução profissional é muito exigente, pelo correntes de neve. Verifique ainda se existe algum dano visível na
que você precisa manter-se apto, física e viatura e se esta se encontra limpa.
mentalmente. Comer e beber de forma
saudável e fazendo exercícios regularmente Não se esqueça da sua documentação. Insira
fará com que você se sinta melhor, conduza melhor e viva mais disco de tacógrafo/cartão. Verifique se dispõe
tempo! abordo dos discos de tacógrafo legalmente
exigidos. Verifique toda a documentação
Ajuste o seu assento para que fique sentado relativa ao veículo e cargo, nomeadamente a guia de transporte.
o mais confortavelmente possível, com fácil
acesso a todos os comandos. Garanta que Verifique se o seu percurso. Certifique-se que
a sua cabeça está posicionada de forma a o seu veículo consegue passar em todos os
beneficiar do apoio de cabeça, em caso de acidente. Sente-se bem túneis, pontes, etc, devido às suas dimensões
para trás na cadeira, evitando esticar as costas. e peso. Use autoestradas sempre que possível
e evite zonas residenciais. Planeie a sua viagem para que possa
Use o cinto de segurança, caso exista e não fazer as pausas obrigatórias no momento certo. Não se esqueça de
se esqueça de confirmar que o seu co- piloto verificar as previsões meteorológicas.
também está a usar. Atravessar o pára-brisas
não será bom para si! Lembre-se o “ângulo morto” impede-o de ver
pequenos utilizadores da estrada (automóveis,
Respeite os requisitos legais relacionados com motociclistas, ciclistas, peões) perto de seu
os tempos de condução e de repouso. O não veículo. Preste particular atenção ao mudar de
cumprimento destas regras ou a manipulação direção, realizar marcha a trás e durante a condução em um lado
do tacógrafo é ilegal e representa falta de diferente da estrada daquele que você está acostumado.

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Não ultrapasse sem ter a certeza que tem Estacione somente onde for permitido. Tome
espaço suficiente e que não vai prejudicar a cuidado para não obstruir o tráfego ou a visão
fluidez do trânsito. de outros utentes da estrada e evite as zonas
residenciais. Certifique-se que o veículo não
Mantenha uma distância segura do veículo à se move quando desligado. Não deixe o motor em funcionamento
sua frente. Não esqueça que quanto maior a desnecessariamente.
velocidade, maior será o espaço que precisa
para parar, pelo que maior deverá ser a Use áreas de estacionamento seguras sempre
distância ao veículo à sua frente. Aumente as distâncias de que possível. Não estacione em zonas isoladas
segurança com chuva, lama, gelo e neve, bem como em túneis. ou sem iluminação, especialmente à noite.
Não comente com estranhos sobre os seus
Parar se o seu motor, travões ou retardador passageiros ou itinerário. Inspecione o seu veículo antes de
estiverem sobreaquecidos. Não prosseguir até retomar a viagem, procurando sinais de entrada não autorizada
ter certeza de que não existe qualquer risco ou arrombamento.
adicional de sobreaquecimento ou falhas.
A manipulação de telemóvel durante a
Tente antecipar problemas. Evite travagem e condução é proibida. Se você precisa
acelerações repentinas, as quais podem ser comunicar em movimento, adquira um
perigosas para os outros utentes da estrada, sistema “mãos livres”.
causam desconforto aos passageiros,
aumentam o consumo de combustível e geram poluição extra. Após a viagem informe a sua empresa sobre
qualquer problema com seu veículo, rotas que
Respeite sempre os limites de velocidade e as usou, ou os lugares que visitou, a fim de se
restantes regras de trânsito. Não adopte os proceder aos necessários ajustes e correções
maus hábitos dos outros utentes da estrada. para a próxima viagem.
Conduzir com segurança protege a sua vida, a
vida dos outros e garante o seu trabalho!

Em caso de avaria, acidente ou outro incidente


grave, informe a sua empresa e os serviços COMPORTE-SE COMO UM PROFISSIONAL E SERÁ RESPEITADO POR TODOS
de emergência imediatamente. Programe os O motorista profissional desempenha um papel fundamental para a
números de emergência no seu telemóvel. economia e para a sociedade. Orgulhe-se do seu trabalho, orgulhe-se
da sua condução!
À noite, utilize os médios ao cruzar-se com os
outros utentes. Certifique-se que as luzes da
viatura se encontram ajustadas. Melhore a
visibilidade da sua viatura mantendo as luzes
e refletores limpos.

Adapte a sua condução às condições atmos-


féricas. Quando as estradas estão escorre-
gadias, com chuva, lama, gelo ou neve (não
se esqueça das correntes de neve), reduza
a velocidade. Faça o mesmo com nevoeiro, no crepúsculo e nos
túneis.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

2. 2 - Forças aplicadas aos veículos em 2. 3 - Utilização das relações da caixa de


movimento velocidades em função da carga do veículo e
Em movimento carga do veículo está sujeita a diversos tipos de do perfil da estrada
forças, nomeadamente:
A caixa de velocidades é órgão do veículo que serve para
FORÇAS VERTICAIS, resultantes da passagem do veículo pelas rentabilizar a potência disponível do motor. A boa utilização deste
irregularidades do piso. Quanto mais irregular for o piso maior órgão perante as condições de tráfego e a configuração do terreno
serão as oscilações das molas da suspensão e, consequentemente, permite aumentar a segurança e reduzir os consumos.
da carga. O condutor pode reduzir estas oscilações circulando a
velocidades mais reduzidas. A potência de um motor varia com a sua velocidade de rotação,
cujo valor máximo varia com o tipo de motor e está compreendido
FORÇAS HORIZONTAIS LATERAIS, resultantes da alteração de entre as 2000 e as 8000 rotações por minuto.
trajetória do veículo, nomeadamente em curvas, mudanças de
direção ou de via de trânsito. O condutor pode reduzir este efeito O motorista deve combinar a mudança com a velocidade de
mudando de trajetória suave e antecipadamente. marcha, mantendo o ponteiro do conta rotações na zona verde,
caso exista.
FORÇAS HORIZONTAIS LONGITUDINAIS,
resultantes das alterações de Quando um veículo circulando num plano horizontal entra numa
velocidade. Numa travagem a carga subida de forte inclinação, a resistência que se opõe ao seu
tende a circular à mesma velocidade movimento vai-lhe reduzindo a velocidade e, ao mesmo tempo, a
que possuía, pelo que empurra o potência do motor diminuirá também.
veículo para a frente. Numa aceleração
a carga resiste ao aumento de velocidade e tende a prender o Consegue-se manter a velocidade do veículo, ou até aumentá-la,
movimento da viatura. O condutor pode minimizar este efeito através da desmultiplicação na caixa de velocidades, isto é,
fazendo uma condução preventiva, aumentando a distância de utilizando uma mudança que, embora seja mais lenta permite
segurança, de forma a travar de forma suave. O arranque deve ser que o motor funcione com mais rotações e portanto com maior
o mais suave possível. potência.

O atrito não pode ser a única força responsável por evitar o Quando o veículo se encontra muito carregado o procedimento é
deslizamento da carga mal acondicionada. semelhante ao descrito para as subidas de forte inclinação. Isto é,
deve circular-se mais devagar utilizando mudanças reduzidas.
Quando o veículo está em circulação, os movimentos verticais
provocados pelas pancadas e vibrações da estrada reduzirão a A maioria dos veículos permite que se inicie a marcha em 2ª
força de retenção provocada pelo atrito. O atrito pode mesmo ser velocidade. Habitualmente utiliza-se a 1ª velocidade apenas para
reduzido a zero se a carga abandonar momentaneamente a a realização de manobras, ou para iniciar a marcha com o veículo
plataforma do camião. Os dispositivos de amarração superior ou muito carregado.
outros sistemas de retenção, além do atrito, contribuem para o
acondicionamento adequado da carga. As forças de atrito Quando os veículos se encontram carregados, sucede
dependem das caraterísticas mútuas das superfícies em contato da frequentemente que ao circular numa mudança o motor se
carga e da plataforma do camião. encontra em esforço, mas se se engrenar a mudança seguinte o
motor não tem força suficiente. É como se fosse necessária uma
Mesmo que a carga esteja impedida de deslizar através de meia mudança.
dispositivos de travamento, podem ser necessários sistemas de
retenção adicionais para evitar inclinações. O risco de inclinação Para tentar ultrapassar essa situação grande parte dos veículos
depende da altura do centro de gravidade e das dimensões da possui as chamadas “caixas de mudança de gamas”. A caixa de
secção de carga. mudança de gamas está montada à saída da caixa de velocidades

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

normal, de modo a fazer com que o movimento de rotação do conjunto veículo/carga será alterado em conformidade, devendo
seu veio secundário seja transmitido à velocidade normal quando ser considerados todos os aspetos aquando do carregamento do
utiliza a “gama alta”, ou à velocidade reduzida se utiliza a “gama veículo.
baixa”.
O capotamento do veículo é um dos acidentes mais frequentes
Utilizando-se a “gama baixa” faz-se uma desmultiplicação da provocados por uma incorreta distribuição da carga.
rotação do veio de transmissão. Quer isto dizer que a velocidade
de saída é menor que a velocidade de entrada. A velocidade é
menor, mas ganhasse em potência.
Carroçaria do veículo e equipamento
adequado para travamento em veículos
Desta forma o condutor utiliza as “gamas altas” em condução
normal e a “gama baixa” quando o veículo está em esforço. O condutor deve examinar as caraterísticas do veículo antes de ser
iniciada a operação de carga, devendo igualmente serem seguidas
as recomendações do fabricante do veículo e do equipamento de
travamento.
2. 4 - Cálculo da carga e do volume útil
Os taipais traseiros e laterais instalados nos veículos, se
A carga útil do veículo corresponde ao peso máximo que a viatura
construídos adequadamente, permitem conter o deslocamento
pode transportar e resulta da diferença entre o peso bruto e a tara
da carga. É importante que as forças exercidas pela carga sejam
do veículo.
distribuídas de forma tão uniforme quanto possível sobre a menor
parte possível de qualquer dispositivo de travamento. Devem ser
A título de exemplo, a carga útil de um veículo com peso bruto de
evitadas cargas elevadas, isto é, forças concentradas em partes
20 toneladas e tara de 5 toneladas é de 15 toneladas.
relativamente pequenas da estrutura.
20.000 (Peso Bruto) – 5.000 (Tara) = 15.000 (Carga Útil)
Painel de proteção da cabina
O volume útil corresponde ao volume máximo que o veículo pode
transportar, confinado à caixa de carga. O painel de proteção da cabina dos camiões e reboques deve ser
capaz de suportar uma força equivalente a 40% do peso máximo
da carga, mas não superior a 5.000 daN, direccionada para a
frente e uniformemente distribuída ao longo do painel, sem
2. 5 - Repartição da carga deformação residual excessiva. Se a carga for imobilizada contra o
painel de proteção da cabina, a capacidade deste deve ser tida em
Quando é colocada uma carga num veículo, as dimensões, eixos e consideração ao calcular o número de dispositivos de amarração.
pesos brutos máximos autorizados não devem ser excedidos.
Conforme mencionado
As cargas mínimas por eixo devem ser igualmente consideradas supra, estas regras
para garantir estabilidade, viragem e travagem adequadas. não significam que um
veículo seja capaz de
As dificuldades com a distribuição da carga no veículo ocorrem suportar estas forças,
se este for parcialmente carregado ou descarregado durante o forças inferiores ou
percurso. O efeito no peso bruto, nas cargas por eixo individuais, mesmo superiores. As caraterísticas efetivas do veículo, no que
no acondicionamento e na estabilidade da carga não deve ser respeita a esta questão e a todas as questões seguintes, devem ser
negligenciado. Embora a remoção de parte da carga reduza o inspecionadas antes da carga ser acondicionada ou mesmo antes
peso bruto do veículo, a alteração na distribuição do peso pode do carregamento do veículo.
sobrecarregar os eixos individuais (conhecido como o efeito de
diminuição da carga). O centro de gravidade da carga e do

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Painéis laterais Reboque com abertura lateral


(reboques com cobertura rígida/não rígida ou
Os painéis laterais dos camiões e
reboques deve ser capaz de reboque de lona)
suportar uma força equivalente a
30% do peso máximo da carga, Os taipais laterais dos reboques com cobertura rígida/não rígida
direccionada lateralmente e ou reboque de lona podem, até certo ponto, ser utilizados para
distribuída uniformemente ao acondicionamento de carga. Os taipais laterais destas carroçarias
longo do painel, sem deformação devem ser capazes de suportar uma força horizontal interna
residual excessiva. Se a carga equivalente a 30% do peso máximo da carga.
for imobilizada contra o painel lateral, a capacidade deste deve
ser tida em consideração ao calcular o número de dispositivos de A força é distribuída uniformemente na horizontal, com 24% do
amarração. peso máximo da carga concentrado na parte rígida do taipal
lateral e 6% na parte flexível (norma EN12642). Se a carga for
Este requisito é igualmente aplicável aos modelos com cobertura imobilizada contra o taipal lateral, a capacidade deste deve ser
rígida/não rígida com painéis laterais. tida em consideração ao calcular o número de dispositivos de
amarração.

Painéis traseiros
O painel traseiro deve 2. 6 - Consequências de sobrecarga nos eixos
ser capaz de suportar
uma força equivalente O conceito de sobrecarga está associado ao transporte de
a 25% do peso mercadorias ou pessoas em quantidade superior ao estabelecido
máximo da carga, pelo fabricante do veículo ou imposta pela legislação.
mas não superior a
3,100 daN, direccionada para trás e uniformemente distribuída ao A sobrecarga das viaturas aumenta a concentração de peso por
longo do painel, sem deformação residual excessiva. Se a carga eixo, o que prejudica a sua dirigibilidade e acelera o desgaste
for imobilizada contra o painel traseiro, a capacidade deste deve dos componentes dos veículos. Os pneus, por exemplo, sofrem
ser tida em consideração ao calcular o número de dispositivos de maior aquecimento e têm sua vida útil reduzida, acelera também
amarração. o desgaste do conjunto da suspensão, como rolamentos, molas
e articulações, que ficam mais sobrecarregados e aumentam a
possibilidade de fadiga e defeitos.
Carroçaria tipo caixa
O excesso de peso exige maior solicitação dos travões, que quando
Os taipais laterais das carroçarias muito utilizados aquecem e perdem parte da eficiência,
tipo caixa devem, ser capazes de aumentando as distâncias de travagem. O excesso de carga está
suportar uma força uniformemente direta e indiretamente relacionado com a sinistralidade
distribuída equivalente a 30% rodoviária envolvendo viaturas pesadas. Se por um lado o
do peso máximo da carga sem aumento das distâncias de travagem e paragem resultam em
deformação residual excessiva. Se acidentes, quanto maior for a carga, maior será o impato e mais
a carga for imobilizada contra o graves serão os resultados.
taipal lateral, a capacidade deste
deve ser tida em consideração ao calcular o número de dispositivos Ainda sob o ponto de vista da segurança, devemos considerar que
de amarração. o excesso de carga provoca deformações no pavimento que por sua
vez podem vir a ser causadoras de acidentes graves.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

As deformações tendem a acumular água em períodos de chuva, 2. 7 - Estabilidade do veículo e centro de


ocultando buracos e favorecendo a aquaplanagem.
As irregularidades provocadas no asfalto pelo excesso de gravidade
carga afetam também a estabilidade da viatura e aderência do
pneumático ao solo. O centro de gravidade de um objeto é a média da distribuição da
massa no objeto.
Quando o excesso de carga ocorre em pontes e viadutos, para
além da deformação do pavimento temos de considerar o desgaste Se a massa de um objeto estiver distribuída uniformemente, o
prematuro da própria infraestrutura. Muitas vezes a acumulação centro de gravidade do objeto será idêntico ao seu centro
de viaturas em sobrecarga leva a que a infraestrutura se aproxime geométrico (por exemplo, o centro de gravidade de um cubo ou
do seu limite. de uma esfera homogéneos seria o centro desse cubo ou dessa
esfera).
Para se ter uma ideia da influência deste excesso sobre o
pavimento, um veículo pesado com sobrecarga por eixo da ordem Se a massa de um objeto não estiver distribuída uniformemente, o
de 10%, causam um desgaste prematuro no restante da vida útil seu centro de gravidade aproximar-se-á do ponto em que o objeto
do pavimento em cerca de 50%. Considerando que, por norma as for mais pesado. Para apresentar um exemplo extremo, se um
estradas são projetadas para uma vida útil entre 8 e 10 anos, a objeto fosse feito de uma parte em aço colada a uma parte em
manutenção que deveria ocorrer somente após o seu 10º ano, cartão, o seu centro de gravidade seria certamente localizado na
ocorrerá com somente 5 anos de uso. parte em aço, dado que seria nessa parte que a sua massa estaria
concentrada.
É difícil estabelecer quem ganha com o excesso de carga, mas
estamos certos que todos perdem. Os elevados custos de
manutenção/recuperação das vias acabam por se repercutir nos
impostos cobrados aos utilizadores da via, nomeadamente às
transportadoras.
Acresce que durante os trabalhos de recuperação as vias ficam
com uma utilização limitada, o que acaba por vir a prejudicar as
próprias transportadoras.
O centro de gravidade de um objeto não se encontra
O excesso de carga é ainda considerado um meio de concorrência necessariamente no objeto. Por exemplo, um objeto em forma de
desleal, uma vez que tira oportunidade de frete a outras “boomerang” teria um centro de gravidade localizado num ponto
empresas. a meia distância entre as extremidades do “boomerang”, fora do
objeto.
Nalguns países, tais como a França (a sul de Limoges) foram
instalados dispositivos de pesagem de camiões em movimento. O IMPORTÂNCIA PARA O ACONDICIONAMENTO DA CARGA:
sistema foi concebido para detetar veículos pesados com excesso Quanto mais elevado for o centro de gravidade de uma carga,
de carga, e deverá ser estendido a outros eixos viários. Sensores mais esta tenderá a voltar-se quando sujeita a forças horizontais.
inseridos no piso estão ligados a um módulo de medição. O Se o centro de gravidade de uma carga se situar verticalmente fora
objetivo é melhorar a eficácia da controlos veículos pesados com do centro relativo da projeção no solo (“footprint”) da carga, esta
excesso de carga, para regular o sector transporte rodoviário, tenderá a voltar-se sobre a direção em que o centro de gravidade
combater a fraude e travar a deterioração das estradas. está mais próximo dos limites dessa projeção. Para uma carga
muito pesada, a posição do centro de gravidade pode ser
As medidas – peso por eixo e peso total – assim como a velocidade importante para um posicionamento e acondicionamento
e uma foto do veículo são enviadas para uma estação localizada corretos dessa carga no veículo, de modo a garantir a sua
a cerca de dez quilómetros, na área de serviço de Valletta, onde adequada distribuição.
a polícia pode intercetar agir os infratores. Não esquecer que o
excesso de carga resulta ainda em sanções para o motoristas. Quanto mais elevado for o centro de gravidade do conjunto

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

veículo/carga considerado como um todo, maior será a Contentores ISO


probabilidade de o conjunto capotar.
O contentor é uma unidade
2. 8 - Tipos de embalagens e suportes para para transporte de carga
estando normalmente equipado
a carga com um encaixe em cada um
Euro palete dos cantos, a fim de permitir a
sua movimentação através de
A palete mais comum utilizada no transporte de mercadorias é a equipamento especial. Poderá apresentar-se sob a forma de caixa,
EURO palete (ISO 445-1984). É feita essencialmente em madeira, “grade”, ou tanque especialmente concebido para o transporte
sendo as dimensões normalizadas 800 x 1200 x 150 mm. porta-a-porta por via marítima, aérea, rodo ou ferroviária.

O contentor obedece a dimensões normalizadas definidas pelos


padrões ISO, o que facilita a sua manipulação, acondicionamento
e transporte.

2. 9 - Principais categorias de mercadorias


Quando são carregadas numa palete caixas de carga com tamanho
igual ou inferior à mesma, a palete constitui um porta cargas que necessitam de acondicionamento
idêntico a uma plataforma de carga sem painéis laterais. Devem
ser adoptadas medidas para evitar que a carga oscile ou tombe As secções seguintes apresentam exemplos de possíveis formas de
da palete, nomeadamente através de dispositivos de amarração acondicionamento de vários tipos de volumes e cargas. A variedade
idênticos aos descritos supra. O atrito entre as superfícies da carga de cargas, veículos e condições de operação tornam impossível
e da palete é, por conseguinte, importante para o cálculo do abranger todas as situações que é possível encontrar e, nesse
acondicionamento da carga. Devem igualmente ser tidos em conta sentido, as presentes orientações não devem ser consideradas
o peso da carga e a relação altura/largura da palete carregada. exaustivas ou exclusivas. Existem atualmente métodos
Neste caso, o peso da palete carregada corresponde ao peso de alternativos de acondicionamento da carga satisfatórios – que
uma secção de carga. proporcionam níveis de segurança equivalentes em matéria de
acondicionamento – e outros serão desenvolvidos no futuro. No
Pode ser utilizada qualquer forma de entanto, os princípios básicos descritos nas presentes orientações
acondicionamento da carga na palete, continuarão a ser aplicáveis, independentemente do método
por exemplo, dispositivo de amarração, utilizado para acondicionar a carga.
capa de película retrátil, etc., desde que
a palete consiga suportar um ângulo de Rolos, tambores ou cargas cilíndricas
inclinação mínimo de 26° sem qualquer
sinal de distorção. Rolos rígidos, tambores ou cargas cilíndricas, com formas rígidas,
podem ser estivados com o diâmetro na horizontal ou na vertical.
A posição com o diâmetro na horizontal é geralmente utilizada se
Palete com rodas for necessário proteger e preservar a superfície da capa e a forma
cilíndrica (por exemplo, rolos de papel).
As paletes com armação metálica são Os rolos ou volumes cilíndricos com o diâmetro na posição
frequentemente utilizadas para transporte horizontal devem, preferencialmente, ser colocados com os
de géneros alimentícios. O acondicionamento respetivos eixos ao longo do veículo, de modo a que a tendência
das paletes com rodas com recurso a disposi- de rolamento, geralmente evitada com a colocação de calços de
tivos de travamento é particularmente eficaz; travamento ou calços de apoio, seja direccionada para a frente ou
no entanto, podem ser utilizados sistemas para trás.
alternativos.
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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

O acondicionamento de volumes cilíndricos deve ser efetuado Caixas


de modo a que a carga possa ser descarregada de forma segura
e controlada. A utilização de calços pontiagudos permite obter As caixas, tais como outras mercadorias, devem ser carregadas de
condições de carga e descarga seguras e controladas. modo a evitar que se desloquem em qualquer direção. Sempre que
possível, devem estar interligadas e ser carregadas a uma
Rolos de papel altura uniforme em cada linha ao longo do veículo (secção de
carga). Para calcular a quantidade de carga a acondicionar a fim
Exemplo de rolos de papel dispostos em duas camadas e duas de evitar o deslizamento e a queda, devem ser tidos em conta o
filas, com a camada superior incompleta, estivados numa tamanho e o peso de cada secção. Se a altura da carga exceder
plataforma plana equipada com painéis laterais: a altura dos painéis laterais e não forem utilizadas vigas de
bordadura, deve existir, no mínimo, um dispositivo de amarração
por cada secção.

Sacos, fardos e sacas


As sacas não têm normalmente uma forma rígida e devem, por
isso, ser amparadas. Este fato é particularmente verdadeiro nos
casos em que o painel de proteção da cabina e os painéis laterais
e traseiros não possam ser utilizados para travamento. É possível
utilizar materiais de enchimento, painéis, divisórias de carga e
protetores de extremidades para obter um efeito de travamento.

Tambores
Assistiu-se, nos últimos anos, a um aumento significativo da
utilização de tambores e barris com os tamanhos e formas mais
variados, fabricados em plástico em vez de metal. As superfícies
plásticas, especialmente quando húmidas, são muito
escorregadias, devendo ser tomadas precauções adicionais durante O acondicionamento de fardos é idêntico ao acondicionamento
o carregamento, descarregamento e a cobertura. É particularmente das sacas. A diferença consiste em que, normalmente, o material
importante saber que o plástico pode deformar-se quando é a transportar em fardos (resíduos de papel, forragem, roupas,
aplicada uma pressão. etc.) pode não estar bem acondicionado na respetiva embalagem.
Assim, se existirem possibilidades de qualquer parte da carga se
libertar, esta deve ser totalmente coberta com um toldo depois de
estar acondicionada.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Chapas metálicas planas de topo ou em laço são capazes de proporcionar retenção lateral
adequada mas, se utilizados isoladamente, a retenção frontal será
Quando são transportadas chapas ou folhas laminadas de vários fornecida unicamente pelo atrito. É possível obter uma
tamanhos, as de menor dimensão devem, normalmente, ser quantidade de atrito adequada para impedir movimentos
carregadas em cima e na parte da frente do veículo contra o painel longitudinais, através de um número suficiente de dispositivos
de proteção da cabina ou outro dispositivo de travamento, de de amarração para produzir a força descendente necessária; no
modo a que não possam oscilar frontalmente. entanto, deve ser utilizado um sistema adicional de retenção
longitudinal, tal como um sistema de travamento ou de amarração
As chapas metálicas “oleadas” devem ser agrupadas. Para efeitos com lançantes.
de acondicionamento da carga, estes grupos devem ser tratados
como caixas comuns. As chapas planas podem, por vezes, ser Sempre que possível, de modo
carregadas e fixadas nas paletes. a proporcionar retenção
longitudinal, a carga deve estar
Segue-se um exemplo de chapas ou painéis numa plataforma em contato com o painel de
plana equipada com escoras laterais. Para cargas deste tipo, com proteção da cabina ou com o
elevada densidade, é particularmente importante ter em painel traseiro ou ser
consideração a distribuição da carga. adequadamente acondicionada
por travamento. A altura da
carga não deve nunca exceder a altura do painel de proteção da
cabina, recomendando-se que sejam utilizados pinos laterais ou
escoras, no mínimo, à mesma altura da carga, de modo a
proporcionar retenção lateral adicional e facilitar o
descarregamento seguro da carga.

Se os volumes forem empilhados, os mais pesados devem ser


colocados no fundo e os mais leves no cimo. Nenhuma camada
deve ser mais larga do que a camada que lhe está imediatamente
Secções longas abaixo.

As secções longas são normalmente transportadas ao longo do


comprimento do veículo e podem colocar problemas específicos, Vigas
uma vez que uma secção pode atravessar facilmente o painel de
proteção da cabina ou mesmo a cabina do condutor se for As vigas e os perfis devem ser normalmente estivados em calços de
permitido o seu deslocamento. Por esse motivo, é essencial que o apoio e fixados com dispositivos de amarração com cintas de fibra
veículo seja carregado e acondicionado de modo a que o sintética em laço. O exemplo seguinte mostra vigas ou perfis numa
conjunto total da carga forme uma unidade e nenhuma parte plataforma plana sem escoras laterais. A fixação longitudinal não
possa mover-se independentemente. Uma parte saliente posterior foi considerada no exemplo.
longa também pode provocar problemas consideráveis no que
respeita à distribuição do peso e pode resultar em perda de
estabilidade, direção ou capacidade de travagem devido a uma
baixa carga axial na frente.

A carga deve ser sempre imobilizada por meio de dispositivos de


amarração, preferencialmente correntes ou cintas que devem ser
presas ao veículo através de pontos de amarração adequados. É
fundamental ter consciência de que os dispositivos de amarração

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Bobinas de amarração para proporcionar a necessária retenção da carga.


Em alternativa, por exemplo, quando não existem veículos
Para evitar confusões de terminologia, nos parágrafos seguintes, especializados disponíveis, as bobinas podem ser transportadas em
uma bobina com o centro oco ou o diâmetro na posição horizontal paletes com calços de apoio, conforme mostrado abaixo.
é referida como “com diâmetro horizontal” e uma bobina com
o centro oco ou o diâmetro na vertical é referida como “com Para cargas deste tipo, com elevada densidade, é particularmente
diâmetro vertical”. Uma bobina pode ser uma bobina única ou um importante ter em atenção a distribuição da carga.
conjunto de bobinas agrupadas com os diâmetros em linha, de
modo a formar uma unidade cilíndrica. As bobinas devem ser firmemente presas ao “berço” com, pelo
menos, dois dispositivos de amarração com cintas ou por um
Antes do carregamento, as cintas e a embalagem da bobina devem sistema homologado de cintas de aço. Os dispositivos de
ser examinadas a fim de verificar se estão intatas e não existe o amarração devem estar em contato com as superfícies da bobina e
risco de se separarem durante o percurso. Quando são utilizadas dos calços de madeira mole.
cintas para fixar bobinas e paletes juntas, é importante notar que
as cintas apenas são suficientemente fortes para manter a bobina Se não for utilizada uma calha, as bobinas, ou as unidades bobina
e a palete juntas durante a carga e a descarga, não durante o e berço, devem ser acondicionadas por meio de correntes ou cintas
percurso. com dispositivo de tensionamento incorporado. Para efeitos de
fixação, cada linha de bobinas, ao longo da secção de carga do
Deste modo, é necessário fixar toda a unidade ao veículo. Fixar só veículo, deve ser considerada e amarrada separadamente.
a palete não é suficiente.
As bobinas pesadas de chapa metálica são normalmente estivadas
em calços de apoio e com dispositivos de amarração com cintas de
fibra sintética em laço.

BOBINAS DE FOLHA LARGA - DIÂMETRO HORIZONTAL

As bobinas com diâmetro vertical são normalmente carregadas em


veículos com plataforma e constituem uma das cargas mais difíceis
de acondicionar. A figura abaixo mostra um sistema de retenção
adequado que emprega um dispositivo cruciforme que pode ser
utilizado com correntes ou cintas para acondicionar bobinas de
grandes dimensões com diâmetro vertical. A bobina é colocada no
centro do veículo e o dispositivo cruciforme é colocado no cimo da
bobina com os encaixes localizados no interior do diâmetro.

Estas bobinas, quando carregadas com diâmetro horizontal, O dispositivo cruciforme deve ser posicionado com o canal de
devem ser transportadas preferencialmente em veículos com uma abertura ao longo da linha do veículo para acomodar um
calha para bobinas (calço de apoio) na plataforma de carga. Sem dispositivo de amarração convencional com correntes de
fixação adicional, é provável que as bobinas se movam na calha, amarração. As amarras devem ser fixadas nos pontos de
pelo que deve ser utilizado um número suficiente de dispositivos ancoragem do veículo e tensionadas da forma normal.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

É possível acondicionar estas Devem ser colocados calços de travamento, com 50 x 50 mm, ao
bobinas sem utilizar o gancho longo e por baixo dos rolos, de modo a mantê-los imóveis
mencionado, mas as cintas ou as quando os rolos da camada superior são carregados e colocados
correntes devem ser posicionadas nos “encaixes” formados pela camada inferior.
cuidadosamente a fim de impedir
por completo qualquer movimento. De acordo com a figura seguinte, são utilizadas amarrações
envolventes (2) firmemente entre as camadas, de modo a que a
As cargas densas de volume camada inferior forme um travamento firme da camada superior.
relativamente pequeno, tais como Devem ser utilizadas amarrações em laço (1) e com cintas à volta
as bobinas, podem requerer uma concentração de pontos de dos rolos da camada inferior, de modo a “formar” travamentos
ancoragem fortes para obter uma localização adequada dos suspensos de ambos os lados de todos os rolos da camada.
dispositivos de tensionamento.

Para bobinas de elevada densidade, é particularmente importante


Unidades de grande porte e peças vazadas
ter em consideração a distribuição da carga.
As unidades de grande porte e as peças vazadas devem,
normalmente, ser acondicionadas através de correntes de
As bobinas mais leves são, por vezes, embaladas em paletes. Estas
amarração e dispositivos de travamento adequados.
unidades devem ser tratadas em conformidade com as orientações
fornecidas para o acondicionamento de bobinas com diâmetro
horizontal embaladas em paletes.

Fios metálicos em bobinas, hastes ou barras


Fios metálicos em bobinas, hastes ou barras devem,
preferencialmente, ser agrupados de modo a formarem rolos
contínuos e firmes e estivados ao longo da plataforma, conforme
apresentado na figura abaixo. Estes grupos devem ser dispostos de
modo a que seja obtido um intervalo de aproximadamente 10 cm O volume é colocado numa base de madeira (3) e fixado
entre a carga e a aresta lateral da plataforma. lateralmente por meio de correntes com amarração em laço (2)

O primeiro e o último rolo da camada base devem ser firmemente O volume é acondicionado longitudinalmente por meio de
estivados contra o taipal frontal e o travamento posterior. Os travessas de travamento à frente (4) e atrás (5). Para obter um
outros rolos da camada base são distribuídos uniformemente entre travamento eficaz neste caso, a travessa de travamento deve ser
o primeiro e o último rolo, paralelos a estes. Os intervalos entre os levantada através de ressaltos em madeira (6), sendo depois
rolos não devem ser superiores a metade do raio do rolo. chanfradas as travessas de espaçamento.

Deve ser utilizada uma travessa de travamento dupla, conforme


indicado na figura supra, sempre que forem utilizadas duas vigas
de suporte atrás e/ou na frente de uma plataforma plana
convencional para absorver as forças aplicadas ao painel de
proteção frontal ou ao painel traseiro. Se o painel de proteção
da cabina ou o painel traseiro (painel traseiro, taipal traseiro ou
porta traseira) se destinarem a absorver forças longitudinais
distribuídas uniformemente ao longo de toda a largura da
plataforma de carga, deve ser utilizada uma travessa de

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

travamento tripla (com três travessas de espaçamento). É Se existir qualquer possibilidade de contato entre partes
necessário ter em atenção que as travessas de travamento devem metálicas, deve ser colocada uma divisória de carga entre a carga
ser fixadas lateralmente, a menos que a plataforma esteja e a plataforma para aumentar o atrito.
equipada com painéis laterais e as travessas transversais abranjam
toda a largura da plataforma. São aplicadas de modo simétrico, lateral e longitudinalmente,
quatro amarrações (1), feitas com correntes ou outro equipamento
Para cargas de elevada densidade, é particularmente importante de amarração adequado, entre as fixações do volume e os bordos
ter em consideração a distribuição da carga. da plataforma.

Cargas Suspensas
As cargas suspensas, por exemplo,
carcaças, devem ser
adequadamente acondicionadas
a fim de evitar as oscilações ou
qualquer tipo de deslocamento
inaceitável no interior do veículo.
Se este deslocamento ocorrer, o
O volume é colocado dos dois lados dos dispositivos extensíveis
centro de gravidade da carga e do
de travamento (2) com uma base (3) e cunhas de apoio (7) em
veículo deslocar-se-á, afetando a dinâmica de condução do veículo,
madeira e também com travessas transversais (8) que transmitem
o que a torna instável ao ponto de se tornar incontrolável e
a força lateral ao bordo da plataforma. A base deve estar situada
provocar um acidente, por exemplo, o capotamento do veículo.
cerca de 5 mm acima da travessa transversal (em aço) para evitar
o contato de aço com aço. Cada dispositivo extensível deve possuir
Se não forem bem acondicionadas, as cargas suspensas começam
uma resistência adequada, de preferência com uma margem de
a oscilar longitudinalmente em resultado da aceleração ou de-
segurança aceitável.
saceleração do veículo e continuarão a oscilar na mesma direção,
mesmo que o veículo mude de direção. Isto significa que, depois
Pressupõe-se que o volume e o bordo da plataforma conseguem
de o veículo ter efetuado uma viragem de 90°, a carga pendente
suportar cargas elevadas. Se não for o caso, o número de
oscilará transversalmente; esta situação é obviamente indesejável,
dispositivos extensíveis deve ser aumentado, a que corresponderá
uma vez que pode provocar o descontrolo do veículo ou mesmo o
uma força menor. Se forem utilizados mais do que 2 dispositivos,
seu capotamento.
então todas as camadas base devem ser fixadas longitudinal-
mente, na medida em que com 3 ou mais dispositivos a situação
Os veículos utilizados no transporte de carcaças animais devem
da carga estática é indeterminada (a carga poderia assentar
estar equipados com calhas e ganchos deslizantes. As calhas
apenas em alguns dos dispositivos instalados).
devem estar equipadas com charneiras fixas de ‘calço’, com
intervalos de 1 a 1,5 m, para impedir a ondulação ou o
O volume deve ser fixado longitudinalmente por meio de travessas
deslizamento das carcaças devido ao movimento do veículo ou
de travamento à frente (4) e atrás (5), concebidas para a força de
a uma travagem. Ao carregar o veículo, as carcaças devem ser
pressão calculada. As escoras posteriores (9), presas à plataforma,
distribuídas uniformemente em todas as calhas e os calços devem
devem ter a resistência adequada.
estar aplicados. Se houver lugar a descarga parcial, a carga
restante deve ser redistribuída uniformemente e os ‘calços’ devem
A grande secção de carga acima apenas pode ser colocada
ser aplicados novamente.
diretamente numa plataforma plana se uma das superfícies de
contato for em madeira ou num material com propriedades de
O chão do veículo deve estar sempre livre de qualquer risco de
atrito equivalentes.
deslizamento, tal como sangue ou outra substância escorregadia.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Cargas líquidas a granel possível de modo a obter a melhor estabilidade possível quando
o veículo trava, acelera ou muda de direção. As mercadorias
Com cargas líquidas ou cargas com um comportamento idêntico ao pesadas, em particular, devem ser colocadas o mais baixo e o mais
dos líquidos (por exemplo, grão ou farinha, muitas vezes perto possível do centro da plataforma do veículo. As cargas axiais
transportados em tanques), é provável que ocorram os problemas também devem ser tidas em consideração.
de movimento aplicáveis às cargas suspensas (consultar secção
6.13). Se os tanques, ou outras unidades de transportes similares, RESISTÊNCIA DA EMBALAGEM
estiverem parcialmente cheios, a carga mover-se-á se o veículo A carga com embalagem pouco resistente é geralmente leve. Por
acelerar, desacelerar ou mudar de direção. Este fato altera o este motivo, as cargas com embalagens mais frágeis podem ser
Centro de Gravidade (CdG) da carga e de todo o veículo e/ou normalmente colocadas nas camadas superiores sem criar
inicia um processo de oscilação (ou seja, uma mudança contínua problemas de distribuição de peso. Se tal não for possível, a carga
do CdG) da carga. O comportamento dinâmico do veículo é afetado deve ser separada em diferentes secções de carga.
e pode tornar-se instável ao ponto de ficar incontrolável e causar
um acidente como, por exemplo, o capotamento do veículo. TRAVAMENTO
Utilizando uma combinação adequada de vários tamanhos de
Sempre que possível, os tanques devem estar quase totalmente embalagens retangulares, é possível obter com facilidade um
cheios com líquido ou vazios (requisitos ADR: mais de 80% sistema de travamento satisfatório contra o painel de proteção da
ou menos de 20% para tanques com capacidade superior a cabina, os painéis laterais e o painel traseiro.
7.500 litros) para evitar os efeitos acima referidos. Sempre que
necessário, devem ser adoptadas medidas adicionais para evitar os MATERIAL DE ENCHIMENTO
movimentos das cargas em tanques parcialmente cheios como, por Os espaços vazios que possam resultar das diferenças de tamanho
exemplo, a utilização de tanques equipados com divisórias. e de forma das unidades de carga devem ser preenchidos a fim de
proporcionar sustentação e estabilidade suficientes à carga.
É necessário ter em atenção que as questões relativas ao
acondicionamento de cargas líquidas ou a granel não são PALETIZAÇÃO
abrangidas na sua totalidade nas presentes orientações. As paletes permitem que partes individuais da carga e mercadorias
de dimensões e natureza idênticas possam constituir unidades de
carga. A carga em paletes pode ser manuseada mais facilmente
Requisitos para cargas especificas por meios mecânicos, o que reduz o esforço necessário para a
manusear e transportar. As mercadorias em paletes devem ser
Quando são estivados vários tipos de carga em porta cargas, as acondicionadas cuidadosamente na palete.
dificuldades resultam principalmente das diferenças de peso e de
forma das unidades de carga. As diferenças entre a resistência das
embalagens e as caraterísticas das mercadorias podem apresentar Cargas de madeira
riscos, individualmente ou em conjunto com outras, e constituem
motivos suficientes para uma atenção cuidada. As mercadorias A presente secção destina-se a fornecer orientações gerais sobre
perigosas podem também fazer parte da carga e estas obrigam a as medidas necessárias para o transporte seguro de madeira, a
especial cuidado. granel ou de serração. A madeira é uma mercadoria “instável”, o
que pode conduzir a movimentos independentes de partes da
Esta área específica do acondicionamento de carga é bastante carga se a retenção não for adequada. É essencial que a madeira
abrangente, com variadas combinações, o que torna difícil uma não seja carregada em altura ou de modo a provocar a
abordagem em termos de dados quantificáveis. No entanto, são instabilidade do veículo ou da carga.
apresentadas, a seguir, algumas orientações gerais.
Como qualquer outro tipo de carga, é importante verificar se,
DISTRIBUIÇÃO DO PESO sempre que possível, a carga é colocada contra o painel de
Sempre que se procede à estiva de unidades de carga no proteção da cabina ou outro dispositivo fixo de retenção idêntico.
porta cargas, o centro de gravidade deve ser tão baixo quanto Se tal não for possível, então a retenção necessária deve ser obtida
através de amarrações.
21
SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Madeira de serração Não se recomenda o transporte de toros empilhados


transversalmente (dispostos através do veículo) e suportados pelo
A madeira de serração é geralmente transportada em embalagens painel de proteção da cabina e pelo suporte traseiro
homologadas que cumprem os requisitos da norma ISO4472 (chumaceira); é mais seguro transportá-los longitudinalmente
e outras normas equivalentes. É necessário ter em conta que (dispostos ao longo do comprimento do veículo) em várias pilhas,
qualquer cobertura de plástico colocada sobre a madeira reduzirá suportadas individualmente por suportes verticais (escoras).
o coeficiente de atrito, o que obrigará à utilização de mais
dispositivos de amarração. Estes volumes são geralmente atados TOROS EMPILHADOS LONGITUDINALMENTE
com correias ou presos com fios metálicos nas extremidades e, Cada toro ou peça de madeira saliente devem ser travados por, no
antes de serem carregados, é necessário verificar as correias para mínimo, dois suportes verticais (escoras) que devem ter a
efeitos de segurança. Se as correias estiverem danificadas ou resistência suficiente ou estar dotados de correntes de topo para
pouco firmes, é necessário verificar com particular atenção se a impedir que a carga se espalhe. Os toros inferiores à distância
totalidade da carga se encontra acondicionada adequadamente no entre dois suportes verticais devem ser colocados no centro da
veículo. carga; os toros salientes devem, de preferência, ser carregados
com o topo para a frente e para trás alternadamente, de modo
a assegurar uma distribuição uniforme da carga. Se um toro for
suportado por duas escoras verticais, as extremidades devem
prolongar-se, no mínimo, 300 mm para além das escoras.

O centro de qualquer toro saliente do topo não deve estar mais


elevado do que a escora. O toro central do topo deve estar mais
alto do que os toros laterais para ‘coroar’ a carga e permitir que
esta seja tensionada corretamente pelas amarrações, conforme
As embalagens normalizadas deste tipo devem, preferencialmente, ilustrado abaixo:
ser estivadas em plataformas planas equipadas com escoras
centrais ou taipais laterais e fixadas com amarrações de topo.

O veículo deve estar equipado com um painel de proteção da


cabina, em conformidade com a norma EN12642 e a carga não
Toros de madeira deve estar a uma altura superior ao painel de proteção.

Os princípios gerais de distribuição da carga devem ser respeitados As amarrações de topo (1) devem ser apertadas sobre cada uma
e é importante assegurar que, sempre que possível, a carga é das secções de carga (pilha de toros) nas seguintes quantidades:
colocada contra o painel de proteção da cabina ou equipamento a) No mínimo, uma, se a secção da carga for constituída por toros
de retenção idêntico. É recomendada a utilização de correntes ou ainda com casca, ate um comprimento máximo de 3,3 m.
cintas de amarração e todas as amarrações devem ser capazes de b) No mínimo, duas, se a secção da carga exceder 3,3 m ou,
ser apertadas com uma cavilha ou um tensor de fixação. A carga independentemente do comprimento, a casca tiver sido removida.
e as amarrações devem ser inspecionadas antes da passagem de
uma estrada florestal para uma estrada nacional e inspecionadas
com intervalos regulares durante a viagem e, se necessário, serem
apertadas novamente.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

As amarrações de topo devem ser colocadas transversalmente Contentores de grandes dimensões ou


entre os pares frontais e traseiros de escoras laterais de cada
secção da carga. A utilização de uma única corrente esticada entre volumes pesados e grandes
os suportes verticais, mesmo que bem fixada, não constitui um
sistema de retenção suficiente. Os contentores ISO e os porta cargas idênticos com pontos de
ancoragem para fechos rotativos ou mecanismos de travamento
idênticos devem, preferencialmente, ser sempre transportados
em plataformas de carga equipadas com sistemas de travamento
de contentores. No entanto, os contentores de grandes dimensões
destinados ao transporte rodoviário, com ou sem carga, com uma
TOROS EMPILHADOS TRANSVERSALMENTE massa total inferior a 5,5 toneladas, podem, em alternativa, ser
Os toros empilhados transversal- acondicionados conforme recomendado para uma caixa única, mas
mente ao longo de um veículo com travessas de madeira adicionais em combinação com
de caixa aberta não podem ser amarrações de topo em cada extremidade do contentor (ver
acondicionados adequadamente instruções infra). Se o comprimento da travessa de madeira for
através de sistemas de retenção inferior ao comprimento total do contentor, a travessa deverá ter
convencionais. A passagem um comprimento mínimo de 0,25 m por tonelada da massa do
transversal de cintas ou correntes contentor. Ao contrário das cargas formadas por caixas normais,
a partir da frente do veículo ao que distribuem a respetiva massa por uma grande superfície, os
longo do topo dos toros até à traseira não constitui um sistema de contentores são concebidos para serem assentes sobre os suportes
retenção de carga aceitável. Se os toros forem transportados com fechos rotativos ou pés salientes em cada canto. No caso
transversalmente, devem ser utilizadas barreiras laterais de contentores de grandes dimensões, este sistema gera pontos
adequadas e a altura da carga não deve exceder estas barreiras. de carga elevados que podem esforçar demasiado uma base de
plataforma comum.
Troncos inteiros Os volumes pesados e grandes
podem ser acondicionados através
O transporte de troncos inteiros é uma área muito especializada de amarrações de topo, conforme
do sector de transporte de madeiras e é normalmente efetuado recomendado para caixas. Por
utilizando atrelados ou veículos nos quais os toros são fixados forma a manter a estabilidade
numa das extremidades de um apoio acoplado. Os veículos devem do veículo, o volume deve estar
estar equipados com chumaceiras e escoras com resistência colocado na posição especificada
suficiente para reter a carga. A carga deve ser fixada por meio de ao longo da plataforma. As folgas
correntes ou cintas de fibra sintética, sendo geralmente utilizadas, entre o volume e os taipais frontal
no mínimo, três correntes ou cintas, uma das quais deve prender e traseiro podem ser preenchidas
as extremidades dos toros salientes ou o centro de uma carga com com material de travamento adequado, de modo a obter o
formas irregulares. acondicionamento adequado.
Deve ser possível fixar as amarrações utilizando uma cavilha ou A maioria dos contentores utilizados é construída em conformidade
um tensor de fixação. com as normas internacionais (ISO 1496). Estes contentores estão
normalmente equipados com cantoneiras especiais que, quando
utilizadas em conjunto com fechos rotativos correspondentes
instalados no veículo, constituem um sistema de retenção simples
e eficaz.

Os contentores ISO carregados com peso inferior a 5,5 toneladas


devem ser transportados apenas em veículos equipados com fechos

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

rotativos. Desde que todos os fechos rotativos estejam totalmente Contentores amovíveis
engatados e travados na posição correta, o contentor está
devidamente acondicionado e não são necessários sistemas de Os contentores amovíveis, quando carregados no veículo de trans-
retenção adicionais. Os fechos rotativos devem ser mantidos em porte, devem ser devidamente acondicionados a fim de impedir
boas condições de funcionamento e devem ser utilizados, no o seu deslocamento quando são sujeitos às forças encontradas
mínimo, quatro por cada contentor transportado. durante a circulação do veículo. Os braços de suspensão devem
estar na posição de viagem correta e as correntes de carga devem
ser estivadas adequadamente antes de o veículo circular.

Os contentores amovíveis podem, em alternativa, ser transpor-


tados em veículos, desde que acondicionados em segurança com
correntes ou cintas de fibra sintética adequadas. Podem ocorrer
Contentor vazio sobre plataforma vazia sem fechos rotativos
problemas com contentores amovíveis devido ao fato de o
mas equipada com taipais laterais condutor não ter qualquer controlo sobre a forma como o
contentor foi enchido ou sobre o seu conteúdo.

No entanto, quando o contentor amovível é aceite para


carregamento, o condutor deve assumir a responsabilidade pelo
transporte seguro do contentor e do seu conteúdo. Deve ser
utilizada uma lona ou uma rede se existir risco de queda do
conteúdo do contentor ou deslocamento do mesmo a partir do topo
do compartimento de carga por ação de turbulência do ar.

Contentor vazio sobre plataforma sem fechos rotativos ou taipais laterais

Caixas móveis sem sistemas de travamento


de contentores
As caixas móveis que não possuem cantoneiras ISO podem estar
equipadas com placas de fixação ou anéis de amarração especiais.
Contentor amovível sobre uma plataforma plana com braço de suspensão
Deste modo, os sistemas seguros de fixação deste tipo de
contentores variam de acordo com o tipo de carga transportada,
mas o sistema de retenção utilizado deve cumprir os requisitos de
segurança da carga.

As amarrações ou outros dispositivos de acondicionamento apenas


devem ser fixados a pontos do contentor concebidos para este
efeito ou para manuseamento mecânico quando carregados, tais
como anéis de amarração ou placas de fixação especiais. Os pontos
de fixação no contentor devem ser inspecionados para garantir que
estão em boas condições de funcionamento; devem ser
utilizados todos os pontos de fixação para acondicionar o contentor
na plataforma do veículo.
Contentor amovível sobre uma plataforma plana com braço de suspensão

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Estiva de mercadorias em contentores É necessário verificar sempre se as portas estão fechadas e os


mecanismos de fecho estão a funcionar corretamente.
Os contentores ISO normalizados e os contentores similares
possuem normalmente dispositivos de suporte suficientes para
fixar a carga em várias direções. Normalmente, apenas são
necessários enchimentos com madeira ou almofadas de ar nos
lados e na frente. Devem ser tomadas as medidas adequadas para
garantir que a carga e os eventuais dispositivos de travamento não
tombem quando as portas forem abertas. Tambores soltos em pilha dupla num contentor, duas camadas de quatro filas

O carregamento incorreto de um contentor pode provocar


situações perigosas quando o contentor é manuseado ou Tambores de aço, estivados em
pilha dupla e fixados com cintas
transportado e pode afetar de forma negativa a estabilidade do
tensionáveis.
veículo. Além disso, pode provocar danos graves na carga.
Contentor de 20 pés: 80 barris de aço
soltos acondicionados através de cintas
Em muitas situações, o condutor não tem controlo sobre o tensionáveis fixadas na estrutura do
acondicionamento de um contentor nem tem possibilidade de contentor
inspecionar o seu conteúdo quando o aceita para transporte. No
entanto, se existirem suspeitas de que não foi carregado com
segurança, o contentor deve ser recusado.
Cargas a granel soltas
Devem ser sempre observadas as seguintes regras gerais de estiva,
importantes para a segurança rodoviária: As cargas a granel soltas podem ser descritas genericamente
a) A carga não deve exceder a carga útil autorizada do contentor; como cargas que não se adaptam facilmente a qualquer forma
b) A carga deve ser distribuída uniformemente na superfície do de embalagem, por exemplo, areia, balastro, agregados, etc.
contentor. Nunca deve existir mais do que 60% da massa total da Para facilitar o carregamento, são normalmente transportadas
carga concentrada numa metade do comprimento do contentor. Se em veículos de caixa aberta. Os contentores amovíveis, utilizados
for o caso, pode ocorrer sobrecarga de um dos eixos; normalmente para o transporte de resíduos, também são
c) As mercadorias mais pesadas não devem ser estivadas sobre englobados nesta categoria.
mercadorias mais leves e, sempre que possível, o centro de
gravidade do contentor carregado deve estar situado abaixo do A queda de cargas a granel soltas tem maiores probabilidades de
ponto médio da sua altura; ocorrer sob a forma de pequenas quantidades de materiais que
d) A carga deve ser protegida no contentor contra quaisquer forcas caem através de folgas na carroçaria ou que são levantadas por
que possam razoavelmente ocorrer durante a viagem. Uma carga turbulências do ar a partir do topo do compartimento da carga.
cuidadosamente embalada tem menos tendência a deslocar-se do
que uma carga com folgas entre as suas secções. O compartimento da carga deve ser mantido em boas condições
para minimizar o risco de fuga.
Depois de concluída a embalagem do contentor, devem ser
adoptadas medidas, se necessário, para garantir que a carga e as Deve ser prestada especial atenção à existência de danos ou
madeiras de estiva não tombem quando as portas forem abertas. deformações nos taipais laterais e traseiros, que pode levar
As cintas ou redes de amarração são normalmente adequadas facilmente à perda de parte da carga através de pequenas folgas.
para este efeito; em alternativa, pode ser construída uma barreira Todos os taipais traseiros e laterais devem ficar instalados
metálica ou em madeira. corretamente, de modo a evitar o derramamento de areias,
cascalho ou outras cargas soltas transportadas.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Todos os pontos de fixação da carroçaria ao chassis, bem como • Os painéis são inclinados contra os cavaletes tipo A e amarrados
os acessórios da carroçaria, tais como gonzos e placas de fixação, com amarrações de topo.
mecanismos de fecho dos taipais traseiros, tensores dos taipais • Se necessário, o espaço entre as secções deve ser travado com
laterais, etc., devem estar em boas condições de funcionamento. material de enchimento adequado.

As partes laterais da carroçaria devem ser suficientemente altas,


não só para conter completamente a carga quando é carregada,
Máquinas de estaleiro / Equipamentos de
como também para reduzir o risco de queda ou de descarga sobre construção / máquinas móveis
o bordo de pequenas partes da carga que possam ter-se movido
durante a viagem. A secção seguinte fornece orientações sobre as medidas
necessárias para o transporte seguro de máquinas de estaleiro
O compartimento da carga deve ser coberto se existir risco de com lagartas e com rodas em veículos conformes com a Diretiva
queda ou de deslocamento para o exterior de parte da carga. O 96/53/87 CE (veículos sem restrições de circulação no espaço
tipo de cobertura utilizada depende da natureza da carga da UE). Não aborda o transporte de máquinas de grande porte,
transportada. etc., em veículos para fins especiais cuja utilização nas estradas
é restringida por autorizações. No entanto, as orientações gerais
Materiais como areia seca, cinza e limalha de ferro são contidas na presente secção aplicam-se a um grande número de
particularmente suscetíveis ao vento e devem ser cobertos casos.
adequadamente. A cobertura com uma rede pode, por vezes, reter
adequadamente cargas constituídas por peças grandes, tais como Recomenda-se que os fabricantes de máquinas de estaleiro
sucata metálica e resíduos de construção. Se for utilizada uma instalem pontos de amarração ou indiquem um sistema de
rede, o tamanho da malha deve ser inferior à peça mais pequena amarração recomendado para cada um dos seus veículos. No caso
transportada e a rede deve ser resistência suficiente para impedir das máquinas de estaleiro equipadas com pontos de amarração
a fuga de qualquer peça transportada. exclusivos para utilização em transporte, esses pontos devem
ser utilizados e o veículo protegido de acordo com as instruções
do fabricante. No caso de não existirem instruções do fabricante
Painéis estivados numa plataforma disponíveis, as amarrações ou os dispositivos de fixação apenas
com cavaletes tipo A devem ser fixados nos componentes da máquina de estaleiro que
possuam resistência suficiente para suportar os esforços que lhes
Painéis em betão, vidro ou serão impostos.
madeira, etc., podem ser
estivados numa plataforma As máquinas de estaleiro pesadas são transportadas em veículos
plana, utilizando cavaletes tipo construídos para o efeito, concebidos especialmente para facilitar
A. Os cavaletes devem, por sua as operações de carga e descarga e que são normalmente dotados
vez, ser fixados na plataforma de pontos de ancoragem adequados para fixar as amarrações. As
de carga. máquinas de estaleiro mais leves podem, em algumas
circunstâncias, ser transportadas em veículos normais. No entanto,
A secção dianteira é travada contra o taipal dianteiro e o espaço nestes casos, o sistema utilizado para fixar a carga deve
entre as secções da carga é travado com material de enchimento proporcionar um nível de segurança idêntico ao obtido com um
adequado. veículo construído especialmente.

• Se a carga não for estivada contra o painel de proteção da As cargas elevadas podem danificar pontes, etc., sobre as estradas,
cabina, é necessário efetuar um travamento a frente através de por isso, quando são transportadas, é essencial que o condutor
material de enchimento ou cintas de canto. saiba exatamente a altura da carga e a largura da mesma a essa
• Em alguns casos, é necessário efetuar travamento à altura.
retaguarda através de enchimento, travessas de travamento ou
cintas de canto.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Além disso, as cargas com centro de gravidade elevado podem o manuseamento seguro do veículo não seja prejudicado. O espaço
afetar seriamente a estabilidade do veículo, pelo que tais livre entre as partes inferiores dos veículos de carga baixos e a
componentes de máquinas de estaleiro apenas devem ser superfície da via deve ser verificado antes de iniciar o
transportados em veículos com uma altura baixa da plataforma. movimento, de modo a determinar se existe espaço livre suficiente
para impedir que o veículo bata no chão.
Um veículo com lagartas ou rodas deve ser amarrado na posição
correta no veículo de transporte, com o travão de As máquinas com rodas e as máquinas ligeiras com lagartas
estacionamento acionado. A eficácia do travão de estacionamento, devem ser fixadas, de modo a que o efeito de solavanco causado
por si, é limitada pela resistência de atrito entre o veículo e a pelos ressaltos no solo transmitido pelo veículo de transporte e
plataforma do veículo de transporte; mesmo em condições de amplificado pelos pneus ou unidades de suspensão da máquina
condução normais, este atrito é inadequado e deve ser aplicado seja minimizado. Sempre que possível, a unidade de suspensão da
um sistema de retenção adicional ao veículo. Este sistema deve máquina deve ser travada e o movimento vertical limitado por
consistir num sistema de amarração com equipamento adicional amarrações ou outro sistema de retenção. Caso contrário, a
que impeça a carga de se deslocar para a frente ou para trás, estrutura da máquina ou o chassis devem ser apoiados em calços.
através de um dispositivo de travamento fixado firmemente no A menos que a máquina esteja apoiada, a área total de contato
veículo. Estes equipamentos devem ser fixados nas rodas ou das lagartas ou dos cilindros e, no mínimo, metade da largura do
lagartas ou noutra parte do equipamento transportado. pneu, devem ficar apoiados na plataforma do veículo de
transporte.
Todos os sistemas móveis tais como gruas, suportes, plataformas
telescópicas e cabinas, etc., devem ser deixados na posição de Se as lagartas excederem a estrutura do veículo de transporte, a
transporte recomendada pelo fabricante e ser fixados de modo a estrutura ou chassis da máquina deve ser apoiada.
impedir o movimento em relação ao corpo principal da máquina. A máquina deve ser fixada contra deslocamentos para a frente,
para trás ou laterais através de correntes ou cintas de fixação
Antes da colocação da máquina no reboque, devem ser removidos fixadas nos pontos de ancoragem do veículo. Todas as amarrações
os materiais estranhos que possam desprender-se e obstruir a via devem incorporar um dispositivo de tensionamento.
ou danificar outros veículos. A rampa, os pneus da máquina e a
plataforma do próprio reboque não devem conter óleo, gordura, Ao decidir o número de pontos de ancoragem a utilizar ao aplicar
gelo, etc., para evitar o deslizamento das máquinas. Depois de um sistema de retenção, devem ser considerados os fatores
a máquina estar estivada e com o motor parado, a pressão do seguintes:
sistema hidráulico deve ser aliviada, movendo todos os manípulos a. A necessidade de posicionar a maquina para obter a distribuição
de controlo ao longo das respetivas posições. Esta operação deve correta da carga para cumprir os requisitos legais de carga por
ser efetuada, no mínimo, duas vezes. Os controlos devem ser eixo e garantir que o manuseamento do veiculo não e prejudicado.
regulados de modo a impedir o movimento de dispositivos b. A existência de outras funcionalidades de retenção da carga no
auxiliares durante o percurso. Sacos, conjuntos de ferramentas ou desenho do veiculo.
outros objetos pesados não devem ser deixados soltos na cabina do c. Se a maquina tem rodas, lagartas ou cilindros.
operador da máquina transportada; todos os dispositivos removi- d. O peso da maquina a transportar.
dos da máquina, tais como baldes, garras, lâminas, pás e dispositi- e. Devem ser utilizados, no mínimo, quatro pontos de ancoragem
vos de suspensão, devem ser amarrados à plataforma do veículo. separados.

A máquina deve ser posicionada na plataforma do veículo de As orientações seguintes são aplicáveis a máquinas de estaleiro
transporte de modo a que o movimento para a frente seja travado móveis – veículos equipados com guindastes, plataformas de
por parte da carroçaria do veículo, por exemplo, pescoço de ganso trabalho, patolas, etc.
ou painel de proteção da cabina, ou por um membro transversal a. As cargas elevadas podem danificar as pontes e e essencial que
acoplado fixado à estrutura do chassis do veículo através da o condutor saiba a altura do veiculo e a tenha afixada no interior
plataforma. Além disso, a máquina de estaleiro e qualquer dos da cabina.
seus componentes removidos devem ser acondicionados de modo a b. Todos os componentes amovíveis devem ser colocados em
que os pesos máximos por eixo autorizados não sejam excedidos e posição e travados, sempre que possível, de acordo com as

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

recomendações do respetivo fabricante para as operações de Veículos


transporte.
Os veículos e reboques apenas devem ser transportados em
Além dos dispositivos de fixação especializados, a seleção de veículos adequados para o efeito. Estes veículos devem possuir
materiais a utilizar nos planos de amarração para máquinas de pontos de amarração adequados em termos de número, posição
estaleiro será limitada a correntes, cabos de aço, cintas e aos e resistência. Em geral, os dispositivos de fixação devem seguir
dispositivos associados de tensionamento e acoplamento. os mesmos princípios básicos sugeridos para o transporte de
máquinas de estaleiro, mas também devem ser considerados os
Se for utilizada uma viga transversal (lado a lado) como sistema seguintes pontos adicionais:
de retenção, esta deve ser solidamente fixada, de modo a que • O veículo ou reboque deve ser transportado com o travão de
todas as cargas nela exercidas sejam transmitidas à estrutura do estacionamento acionado;
chassis do veículo de transporte. Se forem utilizados calços ou • A direção deve estar travada e, preferencialmente, com as rodas
blocos para bloquear rodas ou cilindros individuais, estes devem bloqueadas;
ser suficientemente robustos para resistir ao esmagamento e • Se aplicável, a transmissão deve estar engrenada na velocidade
serem solidamente fixados à plataforma do veículo, sempre que mais baixa possível;
possível. • Se possível, os calços devem estar solidamente fixados à
plataforma do veículo de transporte.
As amarrações ou os dispositivos de fixação devem ser fixados
apenas nos componentes da máquina de estaleiro que possuam O veículo ou reboque transportado deve estar posicionado de
resistência suficiente para suportar os esforços que lhes serão modo a que o seu peso seja totalmente suportado pelo veículo de
impostos. Se as máquinas de estaleiro estiverem equipadas com transporte. Se necessário, devem ser utilizadas placas de
pontos de amarração específicos para serem utilizados quando distribuição para evitar concentrações elevadas de carga
são transportadas, esses pontos devem ser utilizados e o veículo provocadas, por exemplo, pelas patolas de um semireboque.
deve ser fixado em conformidade com as instruções do fabricante.
É necessário prestar especial atenção às amarrações em pontos de A retenção proporcionada pelo atrito entre os pneus e a
suspensão, uma vez que estes poderão não ser adequados para plataforma com o travão de estacionamento ativado não é
efeitos de retenção. suficiente para impedir o movimento. O veículo ou reboque
transportado deve ser amarrado ao veículo transportador por meio
A máquina carregada deve ser inspecionada depois de o veículo de equipamento de amarração adequado. Deve ser utilizado um
ter percorrido um pequena distância, de modo a verificar se não dispositivo de tensionamento em cada amarração e as amarrações
ocorreu qualquer deslocamento da carga e se os dispositivos de utilizadas para fixar os movimentos longitudinais devem estar
retenção estão solidamente fixados. Devem ser efetuadas posicionadas num ângulo inferior a 60° do plano horizontal a
inspeções periódicas durante o percurso. fim de obter a eficácia máxima. As amarrações devem ser sujeitas
a ensaios da tensão adequada depois de o veículo ter percorrido
alguns quilómetros e regularmente durante a viagem, devendo ser
novamente tensionadas se necessário.

As amarrações devem ser efetuadas nas partes dos eixos ou dos


chassis dos veículos ou reboques que sejam adequadas para o
efeito. Devem ser adoptadas medidas para não deformar ou
danificar os outros componentes do veículo, tais como as tubagens
dos travões, mangueiras, cabos elétricos, etc., por ação de
amarrações sobre estes ou na sua proximidade.

Veículo com rodas, amarrado transversalmente ao reboque da maquina a partir O transporte de veículos carregados não é recomendado mas, se
dos pontos de fixação assinalados com ‘x’ for necessário, deve ser prestada atenção suplementar ao

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

consequente centro de gravidade elevado do veículo estes devem ser posicionados à frente das duas rodas traseiras,
transportado e à provável perda de estabilidade ao efetuar que também devem ser amarradas.
manobras de viragem ou travagens. Poderá igualmente ser
necessário colocar amarrações adicionais no chassis do veículo
ou do reboque transportado para o pressionar sobre as próprias
molas e, assim, evitar uma carga instável.

Todos os equipamentos soltos nos veículos ou reboques


transportados, bem como no veículo de transporte, devem ser Se o veículo for transportado numa plataforma com um ângulo
solidamente estivados. superior a 10° na direção da frente do veículo de transporte,
devem ser colocados dois calços à frente do par de rodas mais
Se for transportado mais do que um reboque ‘às cavalitas’, cada avançado e dois atrás do último par de rodas. As amarrações
reboque deve ser amarrado ao reboque no qual fica apoiado e, devem ser aplicadas às rodas dianteiras e traseiras.
em seguida, todos os reboques devem ser amarrados ao veículo de
transporte (ver figura abaixo).

Se não for possível posicionar calços à frente das rodas mais


avançadas, os calços podem, em alternativa, ser posicionados à
frente das rodas traseiras.
Reboques transportados num reboque

Transporte de automóveis, furgões e


pequenos reboques
Estes veículos devem preferencialmente ser fixados através de uma
combinação de sistemas de amarração e de travamento. Se o veículo for transportado numa plataforma com um ângulo
superior a 10° na direção da retaguarda, devem ser utilizados
Se um veículo for transportado numa plataforma horizontal ou calços. Os calços devem ser posicionados à frente das rodas mais
com uma inclinação máxima de 10° (ou seja, 1/6) na direção avançadas do veículo transportado. As amarrações devem ser
da frente, devem ser utilizados calços. Devem ser colocados dois aplicadas nas rodas que foram calçadas.
calços à frente das rodas dianteiras e dois atrás de qualquer par
de rodas. As amarrações devem ser aplicadas no par de rodas mais
avançado.

Se o peso total dos veículos exceder 3.500 daN, as amarrações


devem ser aplicadas nas rodas dianteiras e traseiras. Devem
igualmente ser colocados calços à frente e atrás de todas as rodas.
Se forem transportados reboques, a barra de reboque deve ser O travamento do movimento através do veículo de transporte deve
fixada adequadamente no dispositivo de acoplamento ou o mais ser efetuado através de flanges, calços, barras ou dispositivos
perto possível deste. idênticos solidamente fixados, apoiados firmemente nos lados das
rodas do veículo transportado até uma altura mínima de 5 cm.
Se não for possível colocar os calços à frente das rodas dianteiras,

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Se o veículo de transporte for especialmente concebido para o veículos, pode ser transportado sem ser amarrado. Mesmo se as
transporte de automóveis e reboques e se a plataforma de carga amarrações forem consideradas desnecessárias, o veículo deve
estiver equipada com calhas, limitadas por flanges com uma altura sempre ser sujeito a travamento.
mínima de 5 cm, permitindo um deslocamento livre máximo de
30 cm no veículo de transporte, serão cumpridos os requisitos de Para ser considerada uma plataforma de carga envolvida
travamento. lateralmente e por cima, o espaço da carga deve ser limitado pela
estrutura ou equipamento idêntico concebidos de modo a que o
Os calços ou cunhas utilizados veículo não possa razoavelmente abandonar o espaço em qualquer
para impedir o deslocamento direção.
longitudinal devem,
preferencialmente, ser
posicionados contra os pneus
Transporte de placas de vidro
dos veículos transportados.
O transporte de vidro por grosso deve normalmente ser efetuado
Os calços de travamento devem preferencialmente ter uma altura
em veículos construídos para o efeito, conforme descrito na secção
correspondente a um terço do raio da roda calçada e devem ser
seguinte. No entanto, se forem transportadas placas ou chapas
solidamente fixados para impedir o deslocamento ao longo da
de vidro em grades ou em paletes de madeira, serão aplicados os
plataforma do veículo de transporte.
sistemas de retenção aplicáveis às cargas em geral.
O travamento deve ser efetuado de acordo com a ilustração à
As carroçarias deste tipo de transporte possuem normalmente
direita.
estruturas tipo A externas e internas dispostas longitudinalmente
e integradas na substrutura do piso, de modo a constituírem duas
Sempre que possível, as
caixas externas. Os lados das caixas devem ter uma inclinação
amarrações devem estar
compreendida entre 3° e 5°. As operações de carga e descarga
posicionadas de modo a que
devem ser efetuadas com o veículo colocado sobre uma base sólida
o veículo seja puxado direta-
nivelada. Devem ser adoptadas medidas para garantir o equilíbrio
mente na direção do piso da
lateral e longitudinal dos pesos, de modo a que o veículo viaje
plataforma (a amarração deve
sobre uma estrutura equilibrada e os pesos máximos legais não
estar tão perto quanto possível
sejam excedidos.
para formar um ângulo reto
com o piso do veículo
Se for transportada no exterior de um veículo, recomenda-se que
transportador). A amarração
a placa de vidro seja coberta para evitar o desprendimento de
total para um par de rodas deve ser suficientemente forte para
fragmentos em caso de quebra do vidro durante a viagem.
resistir a uma força de 2 x Q daN exercida na direção vertical. Em
alternativa à aplicação da amarração na roda, é possível fixar as
Antes da remoção dos sistemas de retenção, deve ser prestada
amarrações aos eixos. Se a amarração puder ser posicionada de
atenção à curvatura da estrada. Se existirem probabilidades de
modo a não deslizar ao longo do eixo e tiver resistência suficiente,
ocorrência de condições inseguras, devem ser adoptadas medidas
é aceitável a utilização de uma amarração por eixo.
seguras para descarregar as caixas seguras, ou seja, a mais
interna e a mais externa, quando o veículo está na posição de
Q = massa do veículo em kg.
movimento para a frente. Para descarregar as duas caixas
restantes, é necessário virar o veículo.
A superfície da plataforma de carga dos veículos de transporte
deve ter uma resistência elevada para ajudar a impedir o
O transporte de pequenas quantidades de placas de vidro é
deslizamento do veículo transportado.
normalmente efetuado por furgões com painéis normalizados
convertidos por especialistas em carroçarias que adicionam caixas
Se o veículo estiver envolvido por todos os lados (incluindo por
internas e externas.
cima) pela estrutura do veículo de transporte ou por outros

30
SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Os acessórios externos devem ser preferencialmente construídos do veículo ou do contentor. A carga pode ser protegida por meio,
em metal em vez de madeira e a fixação ao camião deve ser por exemplo, de cintas fixadas nas paredes laterais, de travessas
efetuada o mais perto possível dos elementos dos painéis laterais corrediças e de suportes reguláveis, sacos insufláveis e de
e da estrutura do tejadilho. As eventuais estruturas externas de dispositivos de ferrolho antideslizantes. A carga está também
transporte devem ser concebidas para proteger os peões em caso suficientemente protegida, na aceção do primeiro parágrafo, se
de colisão. Todas as partes da caixa, etc., que entrem em contato todo o espaço de carregamento estiver, em cada camada,
com o vidro devem possuir faces de borracha ou material idêntico. completamente preenchido por volumes.
O lado saliente não deve nunca exceder 100 mm e a largura
máxima autorizada do veículo não deve nunca ser excedida.
2. 10 - Técnicas de colocação de calços e
Embora não se trate de um requisito legal, a prática de instalar acondicionamento
placas de marcação à frente e atrás nas caixas exteriores constitui
uma boa funcionalidade de segurança. Estas placas são amovíveis
e marcadas com faixas diagonais vermelhas/brancas.
Escoras
As escoras para cargas de tipo cilíndrico devem proporcionar um
O fabrico das caixas, particularmente as que são utilizadas no
travamento transversal às forças exercidas pelas embalagens
exterior do furgão, deve incluir escoras de fixação vertical de vidro
cilíndricas. Devem ser concebidas de modo a que, em conjunto,
concebidas para o efeito, com a opção de pontos de ancoragem ao
possam suportar uma força lateral equivalente a 50% do peso
longo do comprimento das caixas para acomodar várias placas de
máximo da carga a meio da altura desta (A/2), acima da base da
vidro. Não é suficiente confiar nas amarrações como único meio de
plataforma do veículo rodoviário.
acondicionamento do vidro a uma estrutura quando em trânsito.
As escoras para cargas de tipo não cilíndrico devem ser concebidas
Mercadorias perigosas de modo a que, em conjunto, possam suportar uma força lateral
equivalente a 30% do peso máximo da carga a meio da altura
Em contraste com o transporte de outras cargas, existem desta (A/2), acima da base da plataforma do veículo rodoviário.
disposições legais europeias no que respeita ao transporte de
mercadorias perigosas. O transporte rodoviário de mercadorias
perigosas é abrangido pelo Acordo UNECE, Acordo Europeu relativo
ao transporte rodoviário internacional de mercadorias perigosas
(ADR)3, alterado.
P=0,5 × carga máxima
A Diretiva Europeia 94/55/CE4 (a chamada “diretiva-quadro do
ADR”) estabelece as disposições do ADR aplicáveis uniformemente
ao transporte rodoviário nacional e internacional no interior da
Sistemas de retenção da carga
União Europeia.
Os principais sistemas de retenção são os seguintes:
• travamento
O ADR estabelece disposições específicas no que respeita ao
• bloqueio
transporte de mercadorias perigosas, uma vez que podem existir
• amarração direta
riscos adicionais para a segurança e para o ambiente durante o
• amarração de topo
transporte de tais mercadorias.
• combinações destes sistemas
• em conjunto com o atrito.
Os diferentes elementos de um carregamento que compreenda
mercadorias perigosas devem ser convenientemente estivados no
Os sistemas de retenção utilizados devem ser capazes de suportar
veículo ou no contentor e ficar seguros por meios apropriados, de
as diferentes condições climáticas (temperatura, humidade...) que
modo a evitar qualquer deslocamento significativo desses
poderão ser encontradas durante a viagem.
elementos, uns em relação aos outros e em relação às paredes

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Travamento ou bloqueio folga pode ser preenchida com, por exemplo, este tipo de paletes
colocadas na parte posterior, de modo a que a carga fique
adequadamente imobilizada. Se o espaço livre junto aos painéis
laterais de qualquer lado da secção de carga for inferior à altura
de uma EURO palete, então a folga do painel lateral pode ser
preenchida com material de enchimento adequado, por exemplo,
pranchas de madeira.

ALMOFADAS DE AR
As almofadas de ar insufláveis
Travamento ou contraventamento significa que a carga é estão disponíveis como artigos
acondicionada nivelada contra estruturas fixas ou elementos do descartáveis ou produtos
porta cargas. Estes podem ter a forma de painéis de proteção da recicláveis. As almofadas são fáceis
cabina, painéis laterais, taipais laterais ou escoras. A carga pode de instalar e são insufláveis com
ser acondicionada direta ou indiretamente (utilizando material de ar comprimido, muitas vezes,
enchimento) contra os dispositivos de travamento fixos através de um orifício no sistema
instalados no porta cargas, de modo a evitar o seu deslocamento de ar comprimido do camião. Os
horizontal. Em termos práticos, é difícil conseguir que a carga fornecedores de almofadas de ar
fique firme contra os dispositivos de travamento, permanecendo devem disponibilizar as instruções e as recomendações relativas à
geralmente uma pequena folga. As folgas devem ser mínimas, capacidade de carga e à pressão de ar adequadas. É importante
especialmente as que dizem respeito ao painel de proteção da evitar danos nas almofadas de ar devido ao desgaste e a
cabina. A carga deve ser imobilizada diretamente contra o painel eventuais rasgos. As almofadas de ar nunca devem ser utilizadas
de proteção da cabina ou através da colocação de material de como material de enchimento contra portas ou superfícies ou
enchimento entre esta e o painel. partes não rígidas.

TRAVESSAS DE TRAVAMENTO
Travamento com material de enchimento Se existirem folgas muito grandes entre a carga e os dispositivos
de travamento, e forças de contraventamento elevadas, é, muitas
Um acondicionamento eficaz da carga através de um sistema de vezes, adequado utilizar travessas de travamento equipadas com
travamento obriga a uma arrumação compata dos volumes contra separadores de madeira suficientemente forte. É importante que
os dispositivos de travamento do porta cargas e entre os volumes as travessas de travamento sejam instaladas de modo a que os
individuais. Se a carga não ocupar os espaços entre os painéis separadores fiquem sempre perpendiculares à carga que está a ser
traseiros e laterais e não for fixada de outro modo, as folgas calçada. Deste modo, as travessas de travamento são mais eficazes
devem ser preenchidas com material de enchimento a fim de criar a resistir às forças exercidas pela carga.
forças compressivas que proporcionem uma imobilização
satisfatória da carga. Essas forças compressivas devem ser
proporcionais ao peso total da carga.
São indicados, a seguir, alguns materiais de enchimento.

PALETES DE CARGA
As paletes de carga constituem
frequentemente uma forma
adequada de material de
enchimento. Se o espaço livre junto
dos dispositivos de travamento
for superior à altura de uma Euro
palete (cerca de 15 cm), então a

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

TRAVESSAS DIAGONAIS E TRANSVERSAIS Se for utilizado travamento em


O travamento longitudinal por meio de travessas diagonais ou altura ou travamento com painel
transversais constitui um sistema de travamento direto adequado na retaguarda, no mínimo,
especificamente aos contentores, cujas vigas de canto rígidas e duas secções da camada inferior
verticais são utilizadas como apoio. devem situar-se atrás da secção
de travamento.
As travessas de travamento são utilizadas para travamento
longitudinal na base da carga, mas podem ser igualmente
utilizadas como material de enchimento.
Travessas de madeira cravadas
na plataforma de carga
Nos porta cargas que possuem plataformas de madeira robustas,
o travamento na base da carga pode ser conseguido com travessas
de madeira cravadas diretamente no piso da plataforma.

Calços e calços de apoio


Os calços pontiagudos (aperto de cunha por ponto) e os calços de
travamento (aperto de cunha por bloqueio) podem ser utilizados
para evitar o deslocamento de objetos cilíndricos ao longo da
Travamento em altura e travamento plataforma de carga (ver figura abaixo).
com painel
Os calços de travamento devem ter uma altura mínima de R/3
Se existir uma diferença de altura entre várias camadas, é possível (um terço do raio do cilindro) se não existir amarração de topo.
utilizar um sistema de travamento em altura ou de travamento Se forem utilizados em conjunto com amarração de topo, a altura
com painel, para travar a base da camada mais elevada da carga máxima obrigatória é de 200 mm. O ângulo do calço deve ser de
contra a camada mais baixa. aproximadamente 45°, como indicado abaixo.

Ao utilizar um tipo de material de suporte como, por exemplo,


paletes de carga, a secção de carga é elevada de modo a formar
uma elevação e a camada mais elevada da carga fica imobilizada
longitudinalmente na base.

Se os calços em madeira forem cravados no piso, é necessário


verificar se a sua força não ficou reduzida.

Os calços pontiagudos, normalmente com um ângulo de 15°, não


possuem capacidade de fixação da carga e a sua principal função
Se os volumes não forem suficientemente rígidos e estáveis para é a de manter as mercadorias com forma cilíndrica imobilizadas
o travamento em altura, é possível conseguir um travamento durante as operações de carga e de descarga. O pequeno ângulo
idêntico com painéis que consistam em pranchas ou paletes de do calço é normalmente suficiente para travar o deslizamento.
carga dispostas do modo abaixo indicado. Dependendo da rigidez
dos volumes de carga, é possível criar uma estrutura de Os calços de travamento (aproximadamente 45°) são utilizados
travamento, de modo a proporcionar uma grande ou pequena como blocos para evitar o deslocamento de colunas de mercadorias
superfície de travamento. com forma cilíndrica e devem ser, por sua vez, imobilizados contra

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

dispositivos de travamento adequados do porta cargas. Os Mesmo que o atrito evite o deslizamento da carga, as vibrações e
cilindros devem ser igualmente amarrados na plataforma com os choques durante o transporte podem provocar o seu
uma cantoneira e é necessária amarração de topo nos rolos da deslocamento. Esta situação torna a amarração de topo necessária
retaguarda. mesmo quando o atrito é elevado.

CALÇO DE APOIO
Os dois calços mais longos devem ser mantidos em posição através
de um travamento cruzado regulável, por exemplo, cavilhas ou
correntes. O travamento cruzado deve ser efetuado de modo
a conseguir um espaço mínimo de 20 mm entre o cilindro e a
plataforma, a fim de garantir que o calço de apoio não se desloca
lateralmente
Amarração em laço
A altura dos calços deve ser de:
• no mínimo, R/3 (terço do raio do cilindro) se não existir A amarração em laço é uma
amarração de topo ou forma de amarração da carga
• no máximo, 200 mm em conjunto com amarração de topo. com linga a um dos lados da
carroçaria do veículo, a fim de
evitar o deslizamento da carga
2. 11 - Utilização de precintas de para o lado oposto. De modo a
conseguir uma amarração com
acondicionamento dupla ação, os laços de
amarração devem ser utilizados aos pares, o que também evita a
Amarração queda da carga. São necessários dois pares de laços de amarração
para evitar a torção longitudinal da carga.
A amarração consiste num dispositivo de retenção, por exemplo,
cintas, correntes ou cabos de aço que amarram a carga ou mantêm A capacidade do laço de amarração para suportar a tração
a carga em contato com a plataforma ou qualquer outro necessária depende da resistência dos pontos de amarração, entre
dispositivo de travamento. As amarrações devem ser feitas de outros aspetos.
modo a ficarem exclusivamente em contato com a carga a fixar e/ Para evitar o deslocamento da
ou com os pontos de fixação. Não devem ser efetuadas por cima de carga na direção longitudinal,
elementos flexíveis, portas laterais, etc. os laços de amarração devem
ser utilizados em conjunto com o
travamento na base. O laço ape-
Amarração de topo nas proporciona uma retenção
lateral, isto é, na direção lateral.
A amarração de topo consiste
num sistema de fixação em que
as amarrações são posiciona- Amarração com lançantes
das por cima da parte superior
das mercadorias a fim de evitar A amarração com lançantes pode ser utilizada para prevenir a
o deslizamento ou a inclinação inclinação e/ou o deslizamento para a frente e para trás.
da carga. Se não existir qualquer tipo de travamento lateral na A utilização da amarração com lançantes combinada com o
parte inferior, a amarração de topo pode ser utilizada, por travamento na base para a frente ou para trás é um sistema de
exemplo, para pressionar a carga contra a plataforma. retenção que consiste numa linga (amarra) ao longo do canto
Contrariamente ao travamento, a amarração de topo força da camada da carga e duas amarras diagonais, a fim de evitar
a carga contra a plataforma de carga.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

o deslizamento e a inclinação da camada de carga. A amarração Amarração direta


com lançantes pode consistir também numa única linga redonda,
colocada ao longo da aresta da camada da carga e amarrada com Se a carga estiver equipada com olhais de amarração compatíveis
uma amarração diagonal em cada lado. O ângulo da superfície com a resistência da amarração, é possível amarrar diretamente
da carga é medido na direção longitudinal e recomenda-se que o entre os olhais de amarração e os pontos de amarração do veículo.
ângulo não seja superior a 45°.

Uma amarração diagonal com cinta de canto deve ser calculada


tendo em conta o ângulo, o atrito e a capacidade de amarração
(CA) indicada no rótulo das amarras, em conformidade com a
norma EN12195. Dois pares opostos de amarras diagonais com
cintas de canto podem ser igualmente utilizados como alternativa
a uma amarração envolvente.
Equipamento de amarração
A escolha dos melhores sistemas de acondicionamento de uma
carga num veículo dependerá do tipo e da composição da carga a
transportar. Os operadores devem equipar o veículo com
equipamento de fixação adequado para os tipos de carga que
geralmente transportam. Se for transportada carga geral, devem
estar disponíveis vários tipos de equipamento de fixação.

As cintas são utilizadas frequentemente para amarração de topo


(de atrito), mas também podem ser utilizadas para amarração
Amarração envolvente direta (especialmente quando são utilizadas amarrações de
grandes dimensões).
A amarração envolvente constitui, combinada com outras formas
de acondicionamento, um sistema para prender vários volumes. No caso de mercadorias com arestas pontiagudas e de mercadorias
pesadas, tais como maquinaria, aço, betão, equipamento militar,
A amarração envolvente horizontal da carga consiste em prender etc., podem ser utilizadas correntes de amarração. As correntes
vários volumes em secções de carga para, deste modo, reduzir o devem, normalmente, ser utilizadas para amarração direta.
risco de queda da carga.
Os cabos de aço são adequados para cargas como a malha de aço
A amarração envolvente vertical é utilizada para prender vários utilizada para reforçar betão e alguns tipos de cargas de madeira,
artigos a fim de estabilizar a secção de carga e aumentar a por exemplo toros redondos empilhados longitudinalmente.
pressão vertical entre as camadas. Deste modo, o risco de
deslizamento interno é reduzido. As cintas plásticas ou metálicas No acondicionamento da carga, diferentes tipos de amarrações são
(ver 1.3.4.5) são geralmente utilizadas na amarração envolvente. utilizados com diferentes fins.

As cintas de amarração feitas de fibras sintéticas (normalmente


poliéster) (consultar norma EN12195-2), as correntes de amarração
(consultar norma EN12195-3) ou os cabos de amarração em aço
(consultar norma EN12195-4) são normalmente utilizados como
dispositivos de amarração. Possuem um rótulo com a especificação
da Capacidade de Amarração (CA) em deca-Newtons (daN: a
unidade de força oficial em vez do quilograma) e a força de tensão

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

padrão para a qual o equipamento foi concebido. A força manual As cintas simples não são
máxima que deve ser aplicada às amarrações é de 50 daN. abrangidas por nenhuma norma,
sendo importante verificar se
NOTA: Não utilizar dispositivos mecânicos como, por exemplo, possuem caraterísticas idênticas
alavancas, trancas, etc., exceto se o dispositivo de tensionamento às cintas normalizadas.
for especificamente concebido para ser utilizado com tais
dispositivos. A força de tensão que pode ser
atingida por uma força manual de 50 daN deve ser indicada no
Apenas devem ser utilizados equipamentos de amarração com rótulo como a força de tensão padrão do sistema de cintas
marcações e rótulos legíveis. (Capacidade de Amarração CA, Força Manual Padrão FMP, Força de
Tensão Padrão FTP)
Os dispositivos de amarração podem ser ligados em conjunto, mas
as combinações utilizadas em paralelo devem ter a mesma Estão disponíveis cintas feitas em poliéster, poliamida ou
marcação. Podem ser ligados para formar combinações polipropileno. O poliéster perde um pouco de resistência quando
envolventes ou ser dotados de acessórios terminais para fixação húmido e é muito resistente a ácidos moderados, mas pode
em dispositivos fixos do porta cargas, tais como argolas, ganchos, ser danificado por álcalis. A poliamida pode perder até 15% de
entalhes, etc. No caso de amarrações de topo com cintas de fibra resistência quando húmida e é muito resistente a álcalis, mas pode
sintética, o dispositivo de tensionamento – um roquete – deve ser danificada por ácidos moderados. O polipropileno é útil quando
atingir uma força de pré tensão de, no mínimo, 10% da é necessária resistência química. As cintas em poliéster estão
capacidade de amarração (CA), com uma força manual de 50 daN. disponíveis em vários tamanhos, devendo as suas propriedades
A força máxima de pré tensão autorizada, para uma força manual estar claramente marcadas, em conformidade com a norma
de 50 daN, é de 50% da capacidade de amarração (CA) para todos EN12195-2.
os equipamentos de amarração.
Antes da utilização, é necessário verificar se as partes metálicas
Todos os equipamentos utilizados para acondicionamento de do arnês não estão corroídas ou danificadas, se a cinta não está
cargas devem ser inspecionados periodicamente no que respeita a cortada ou puída e se todas as costuras estão em boas condições.
desgaste ou danos. Os procedimentos de inspeção e de Se forem encontrados danos, o fabricante ou os fornecedores
manutenção devem estar em conformidade com as instruções do devem ser avisados.
fabricante. Deve ser prestada especial atenção a cabos e cintas
para garantir que não existem defeitos visíveis como, por As cintas de poliéster reutilizáveis de 50 mm de largura, com
exemplo, o desgaste dos fios. Estes dispositivos devem ser 2.000 daN CA, são normalmente utilizadas em veículos pesados. O
igualmente inspecionados para garantir que não sofreram cortes alongamento máximo é de 7% na CA. As cintas com CA até
ou danos resultantes de utilização incorreta. Consulte o fabricante 20.000 daN são utilizadas no transporte de máquinas pesadas.
ou os fornecedores dos dispositivos de amarração se tiver dúvidas
quanto à necessidade de reparação.
Amarração com correntes
Sistemas de cintas A resistência de uma corrente é determinada por duas
propriedades: a espessura dos elos e a qualidade do metal
Os sistemas de cintas são adequados para o acondicionamento utilizado. A norma EN12195-3 – Sistemas de retenção da carga nos
de vários tipos de cargas. São normalmente constituídos por veículos rodoviários – Segurança; Parte 3: Correntes de
uma cinta com acessórios terminais e possuem um dispositivo de amarração – estabelece os requisitos para correntes de
tensionamento incorporado. amarração (ver detalhes no Anexo 8.4). As correntes utilizadas
devem ser compatíveis com os requisitos da carga transportada.
Recomenda-se vivamente a utilização de sistemas montados em Se necessário, devem ser utilizadas embalagens rígidas ou secções
conformidade com a norma EN12195-2 ou equivalente. oblíquas nos cantos ou arestas pontiagudas, o que evita danos
para as correntes e também para o raio em torno do qual se

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

processa a inclinação, aumentando, deste modo, a resistência ser utilizados cabos isolados para amarração, uma vez que não é
efetiva. possível avaliar facilmente o seu bom funcionamento e qualquer
falha implicará a falha total da retenção.

A resistência dos cabos diminui se forem dobrados sobre as


arestas, em função do diâmetro de dobragem.

Para que um cabo mantenha toda a sua resistência mecânica,


o diâmetro da dobragem deve ser, no mínimo, 6 vezes superior
ao diâmetro do cabo. Como regra prática, para um diâmetro de
dobragem pequeno, a resistência é reduzida em 10% para cada
Escavadora amarrada diagonalmente com correntes unidade abaixo de 6 (por exemplo, se o diâmetro de dobragem for
igual ao quádruplo do diâmetro do cabo, a resistência do cabo é
Nunca devem ser utilizadas correntes de amarração com nós ou reduzida em 20%; assim, a resistência residual representa 80% do
ligadas com uma cavilha ou parafusos. valor nominal).

As correntes de amarração e as arestas das cargas devem ser Em qualquer caso, deve considerar-se que os cabos colocados
protegidas contra abrasão e danos, utilizando capas protetoras sobre arestas pontiagudas mantêm apenas 25% da sua resistência
e/ou protetores de canto. As correntes de amarração que normal.
apresentem sinais de danos devem ser substituídas ou devolvidas
ao fabricante para reparação. Além disso, os olhais dos cabos devem estar apertados com, no
mínimo, 4 ganchos. Com menos ganchos, a resistência diminui
Seguem-se alguns sinais de danos que requerem a substituição dos proporcionalmente. O lado aberto do olhal deve ficar sempre
componentes defeituosos: oposto aos parafusos. Como regra prática, o cabo deve estar
– nas correntes: fissuras superficiais, alongamento superior a apertado em metade do seu diâmetro.
3%, desgaste superior a 10% do diâmetro nominal, deformações
visíveis; Os fios e os cabos de aço, bem como todos os componentes de
– nos componentes de ligação e dispositivos de tensionamento: ligação, devem ser examinados regularmente por uma pessoa
deformações, fendas, sinais pronunciados de desgaste, sinais de qualificada. Alguns exemplos de sinais de danos:
corrosão. – fraturas localizadas; redução, por abrasão, do diâmetro da
ponteira em mais do que 5%;
As reparações apenas devem ser efetuadas pelo fabricante ou – danos numa ponteira ou numa junção;
pelos seus agentes. Após a reparação, o fabricante deve – fraturas visíveis do cabo em mais do que 4 filamentos num
garantir que o desempenho original das correntes de amarração comprimento de 3d, mais do que 6 filamentos num comprimento
foi restaurado. de 6d ou mais do que 16 filamentos num comprimento de 30d;
(d=diâmetro do cabo);
Os elos de ligação das correntes devem ser inspecionados antes – desgaste ou abrasão notório do cabo em mais do que 10% do
de cada utilização. As correntes apenas devem ser utilizadas em diâmetro nominal (valor médio de duas medições em ângulos
conjunto com tensionadores e esticadores adequados com uma retos);
carga útil compatível com a da corrente. – esmagamento do cabo em mais de 15%, falhas e dobras;
– nos componentes de ligação e dispositivos de tensionamento:
deformações, fendas, sinais pronunciados de desgaste, sinais de
Amarração com cabo de aço corrosão;
– defeitos visíveis nas maxilas da pole do cabo.
Os cabos de aço são adequados para a amarração da carga
quando são utilizados de modo idêntico às correntes. Nunca devem
Os cabos de aço com cordões partidos não devem ser utilizados.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Os cabos de aço devem ser utilizados apenas a temperaturas máxima autorizada para estas cordas. Nós e voltas apertadas
compreendidas entre -40°C e +100°C. Sob temperaturas inferiores diminuem a resistência de uma corda. As cordas molhadas devem
a 0°C, eliminar eventuais formações de gelo no cabo de travagem secar naturalmente.
e de tração dos elementos de tensionamento (guinchos, guindas-
tes). Devem ser tomadas precauções para que os cabos de aço não
sejam danificados por possíveis arestas pontiagudas da carga.
Cintas de aço
Nunca devem ser utilizadas cintas de aço para acondicionar cargas
Esticadores em plataformas de carga abertas.

Os esticadores são normalmente utilizados em correntes e em


cabos de aço (ver norma EN12195-4) dotados de um dedal em
Fixar calhas para dispositivos e
cada olhal e um mínimo de três ou quatro parafusos em U para amarrações em taipais laterais
aperto de cabos de aço de cada lado, em conformidade com a
norma EN13411-5. Devem estar protegidos contra desprendimento Os taipais laterais podem ter calhas longitudinais com pontos de
e devem estar posicionados de modo a evitar inclinação. ancoragem, sendo cada ponto geralmente concebido para suportar
uma carga de 2 toneladas na direção longitudinal. As amarrações
e os dispositivos com terminações adequadas podem ser fixados
rapidamente e proporcionar um travamento eficaz. Este é um
método extremamente eficaz para efetuar o travamento
posterior das embalagens restantes após uma descarga parcial,
mas é necessário evitar a concentração de peso junto aos pontos
de fixação.

Painéis de travamentos intermédios


Esticador com cabo curto para evitar sobrecargas superiores a 50 daN de força
manual (a tensão atingida não deve exceder 50% da CA).L - open – L - aberto
Os painéis de travamento intermédios são utilizados
frequentemente para o acondicionamento da carga à retaguarda,
especialmente para acondicionar carga em veículos parcialmente
Cordas carregados. Os painéis de travamento intermédios devem ser
montados em travessas longitudinais normais ou em painéis
A utilização de cordas como meio de acondicionamento da carga é
pendentes de reboques com cortinas laterais ou com cobertura
muito questionável. Se forem utilizadas cordas para acondicionar
rígida/não rígida. A capacidade de carga máxima deve ser
uma carga, devem ser preferencialmente fabricadas em
confirmada na informação do fabricante. Normalmente, os painéis
polipropileno ou em poliéster.
de travamento intermédios podem suportar cargas até um máximo
de cerca de 350 daN se forem montados em travessas de madeira
As cordas de poliamida (nylon) não são adequadas, uma vez que
e de 220 daN em travessas de alumínio.
tendem a esticar com o peso. As cordas de sisal ou de manila
também não são adequadas, uma vez que a sua resistência
diminui por saturação de água. Contentores
As cordas devem ser feitas com 3 fios e devem ter um diâmetro Os contentores, tais como contentores ISO, caixas móveis, etc., com
nominal mínimo de 10 mm. As extremidades das cordas devem uma massa superior a 5,5 toneladas, apenas devem ser trans-
ser entrançadas ou tratadas de qualquer outra forma para evitar portados em veículos equipados com fechos rotativos. Desde que
o desgaste. As cordas devem ser seleccionadas tendo em conta a os fechos rotativos estejam totalmente engatados e travados na
força máxima que será aplicada em cada amarração. posição correta, o contentor está acondicionado adequadamente
O fabricante deve indicar, num rótulo ou numa manga, a carga e não serão necessárias retenções adicionais. Os fechos rotativos

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

devem ser mantidos em boas condições de funcionamento e devem Estes materiais são utilizados em conjunto com outros sistemas de
ser utilizados, no mínimo, quatro por cada contentor transportado fixação. Os tapetes devem ter atrito, resistência e espessura
(A norma ISO 1161 abrange a especificação das peças de canto em proporção com a carga (peso, superfície, etc.). Devem ter
para contentores ISO da série 1). propriedades adequadas (tais como atrito, resistência, espessura,
granularidade, etc.) proporcionais à carga (peso, superfície, etc.)
e às condições ambientais (temperatura, humidade, etc.) que
poderão ser encontradas durante a viagem. Estes aspetos devem
ser confirmados junto do fabricante.

A utilização de materiais antiderra-


pantes permite reduzir o número
de amarrações necessário. Os
materiais são frequentemente
utilizados como peças quadradas
Na maioria dos casos, os fechos rotativos são instalados nos veícu- cortadas em tiras de 5 a 20 m e
los durante o fabrico mas, se forem montados numa fase posterior, 150, 200 ou 250 mm de largura. A
devem ser efetuadas modificações no chassis ou na estrutura, em espessura varia entre 3 e 10 mm.
conformidade com as recomendações do fabricante do veículo. Os Se utilizadas cuidadosamente, estas peças podem ser reutilizadas
fechos rotativos devem ser inspecionados com regularidade no que até dez vezes, mas não podem desempenhar a sua função se
respeita a desgaste, danos e defeitos de funcionamento. ficarem gordurosas. A carga deve ser baixada para a respetiva
posição sobre estes materiais, uma vez que não é possível fazê-la
Deve ser prestada especial atenção aos dispositivos de bloqueio deslizar.
destinados a impedir o movimento das alavancas durante a
viagem.
Divisórias de carga
Combinação de sistemas de retenção Os painéis separadores, também denominados divisórias de carga,
são utilizados como estabilizadores para camadas de carga. São
A combinação de dois ou mais sistemas de retenção constitui normalmente painéis de contraplacado com aproximadamente 20
normalmente a forma mais prática e rentável de acondicionar a mm de espessura, embora os restos de madeira serrada também
carga de forma eficaz. Por exemplo, a amarração superior pode sejam frequentemente utilizados.
ser combinada com o travamento na base.
Os painéis são colocados entre as várias camadas da carga. Os
Deve ter-se em conta o fato de as forças de retenção dos sistemas painéis separadores são particularmente úteis quando as filas
combinados serem aplicadas simultaneamente e não uma a uma. verticais são carregadas em várias camadas.
Cada sistema de retenção pode ser insuficiente para acondicionar a
carga com segurança se atuar independentemente do(s) outro(s).
Esteiras de madeira
Materiais de atrito As secções de carga com muitas filas e camadas como, por
exemplo, madeira serrada, precisam frequentemente de ser
Os materiais da base e os separadores feitos de materiais de atrito estabilizadas por meio de contraventamento transversal.
elevado podem ser utilizados para aumentar o atrito entre a base
da plataforma e a carga, bem como entre as camadas da carga
quando necessário. Existem diferentes tipos de materiais de atrito
elevado, por exemplo, carpetes, tapetes de borracha e folhas de
papel (folhas de cartão) cobertos com materiais de atrito.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

As esteiras de madeira de secção transversal quadrada não são As cintas de aço de utilização única que tiverem sido cortadas e
adequadas, uma vez que tendem a rodar em funcionamento. permaneçam no chão representam um perigo cortante. Quando
A relação largura/altura da secção transversal deve ser, no são utilizadas cintas de amarração para fixar cargas ligadas com
mínimo, 2:1. cintas de aço, é necessário confirmar com particular cuidado que
as cintas de aço não podem cortar as cintas de amarração.
Película extensível e película retrátil Em veículos de carga abertos, a utilização de cintas de aço é causa
frequente de lesões, uma vez que as pontas soltas das cintas
As embalagens pequenas podem
podem exceder os lados do veículo durante o transporte.
ser acondicionadas de modo
simples e eficaz nas paletes de
carga através de película
extensível. As películas extensíveis 2. 12 - Verificação dos dispositivos de
são fáceis de aplicar e a rigidez
de forma pretendida para toda a palete é conseguida através da
acondicionamento e utilização dos meios de
utilização de um número adequado de “voltas”. manutenção
Com película retrátil, é colocada uma cobertura de plástico sobre Quando se movimenta o veículo provoca vibrações e oscilações que
a carga da palete enrolada, que é depois aquecida para provocar podem vir a folgar ou inutilizar os meios de acondicionamento da
o encolhimento do plástico e, assim, tornar a carga mais rígida. A carga.
palete pode ser considerada como uma unidade de carga estável
se for capaz de suportar um ângulo de inclinação mínimo de 26° A verificação inicial do acondicionamento da carga não é
sem deformações significativas. suficiente.

O enrolamento de película retrátil e película extensível não é Sempre que possível, é aconselhável inspecionar periodicamente o
geralmente adequado para cargas de paletes pesadas ou cargas acondicionamento da carga durante a viagem. A primeira inspeção
com cantos pontiagudos, que podem danificar a película. deve ser feita, de preferência, depois de percorridos alguns
quilómetros, num local de paragem seguro.
Cintas de aço ou de plástico Além disso, o acondicionamento da carga deve ser inspecionado
após uma travagem de emergência ou qualquer outra situação
As cintas de aço ou de plástico são
anormal que ocorra durante o percurso. Deve ser igualmente
adequadas para fixar mercadorias
inspecionado após qualquer operação de carga ou descarga
pesadas e rígidas, tais como produ-
adicional durante a viagem.
tos de ferro e de aço, numa palete.
Requerem tensionadores especiais
Sempre que forem efetuadas operações de carga e de descarga
e não podem ser reapertadas.
gerais, como acontece frequentemente nos transportes de
distribuição, é necessário repor o travamento das restantes
Podem ser utilizadas cintas de aço descartáveis (adequadas para
mercadorias.
uma utilização, devido ao seu único funcionamento) para
acondicionar cargas em paletes. As paletes e a carga devem ser
Este travamento pode ser reposto através de dispositivos de
igualmente fixadas ao veículo, por travamento ou por amarração.
amarração ou por meio de barras de travamento amovíveis. É
necessário ter em atenção que o número de barras de travamento
Estas cintas de utilização única não são adequadas para a fixação
deve corresponder à carga a fixar.
direta das cargas no veículo, uma vez que podem criar-se tensões
internas na fixação ao veículo e nos vedantes durante a viagem,
tornando a remoção das cintas de aço numa operação perigosa.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

2. 13 - Utilização de meios de manutenção/ Protetores de extremidades para evitar


proteção danos na carga e no
O condutor deve ter presente que a viatura em movimento tem
equipamento de amarração
uma dinâmica diferente de quando está imobilizada. Vibra, Oscila
Os protetores de extremidades feitos de madeira, plástico, liga
e dobra. Como tal deve ter-se o cuidado de proteger a mercadoria,
de metal leve ou outro material adequado são utilizados para
sobretudo quando se trata de vários volumes colocados próximos
distribuir a força de amarração de modo a impedir que as
uns dos outros.
amarrações cortem a carga e também para unir pequenas
Dispõe para o efeito de alguns meios e técnicas.
extremidades. As vigas de bordadura proporcionam a mesma
proteção ou uma proteção mais eficaz, mas possuem uma
Vigas de bordadura estrutura rígida e, por esse motivo, distribuem a força das
amarrações. Para esse efeito, é essencial que os protetores de
As vigas de bordadura de apoio são concebidas para serem extremidades tenham propriedades de atrito reduzidas na face de
estruturalmente rígidas (reforçadas contra dobragem) e possuem amarração, de modo a que as cintas possam deslizar facilmente
um perfil perpendicular. São utilizadas para distribuir as forças das e distribuir a força de amarração. Por outro lado, por vezes é
amarrações de topo para as secções da carga e podem ser feitas de aconselhável utilizar protetores de extremidades com muito atrito
madeira, alumínio ou material idêntico com resistência suficiente. para reduzir o risco de inclinação.

Separadores de proteção
Se a carga puder ser danificada por
arestas pontiagudas, é necessário
utilizar um material de proteção.

Anilhas dentadas
As anilhas dentadas de dupla face são adequadas para manter
juntas várias camadas de uma carga.

O travamento das várias camadas


Protetores anti desgaste para pode ser conseguido através de
anilhas dentadas, em vez de
cintas de fibra sintética esteiras. Estão disponíveis anilhas
dentadas de diferentes tamanhos.
Os protetores anti desgaste para
Estas anilhas apenas devem ser
cintas de fibra sintética são
utilizadas com materiais macios (madeira, etc.) e devem penetrar
aplicados entre a carga e as cintas
completamente no material.
de amarração quando existe risco
das cintas ficarem danificadas.
NOTA: Uma vez que as anilhas dentadas não são visíveis
Estes protetores podem ser feitos
quando são cobertas pela carga, a sua função não é controlável.
de materiais diferentes, por
É necessário ter igualmente em atenção que as anilhas dentadas
exemplo, poliéster e poliuretano, e funcionam como apoios para
podem danificar a superfície da plataforma e a carga. É preferível
hastes ou grampos.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

utilizar materiais de atrito em vez de anilhas dentadas. O tamanho da malha da rede deve ser inferior ao da mais
pequena parte da carga.
As anilhas dentadas nunca devem ser utilizadas em conjunto com
substâncias perigosas. A colocação e retirada de redes e toldos requer uma precaução
especial, nomeadamente se estiver vento. Esta operação de ser
As anilhas dentadas possuem normalmente um formato redondo, realizada, sempre que possível, por pelo menos duas pessoas.
com um diâmetro de 48, 62 ou 75 mm (o diâmetro de 95 mm
raramente é utilizado).
3. Condução Defensiva
Não existe uma norma para as anilhas dentadas, mas são
apresentados alguns valores práticos de referência no Anexo 8.3. 3. 1 - O sistema de circulação rodoviária
Devem ser utilizadas, no mínimo, duas anilhas dentadas. Para
penetrar na madeira, é necessária uma força mínima de 180 daN
em cada anilha dentada. Não utilizar demasiadas anilhas Os princípios fundamentais que regem a livre circulação rodoviária
dentadas! são os de FLUIDEZ e SEGURANÇA. Mas como fluidez significa uma
circulação ordenada, cómoda e económica, podemos dizer que os
Os materiais de atrito podem constituir uma alternativa às anilhas princípios básicos são:
dentadas.
- SEGURANÇA - - COMODIDADE - - ECONOMIA -

Ainda que por vezes resulte difícil a conjugação de todos estes


2. 14 - Colocação e retirada de redes e toldos princípios, pois é natural que a segurança se oponha à fluidez, a
comodidade à segurança, e a segurança à economia, se se
As redes utilizadas no acondi-
conseguir que estes princípios influenciem simultaneamente a
cionamento ou retenção de
circulação obter-se-á uma circulação ordenada.
determinados tipos de carga
podem ser fabricadas com
Quando falamos de trânsito ou de circulação rodoviária estamos
cintas ou cordas de fibra
em presença de um sistema complexo cujo estudo foi possível pelo
natural ou sintética ou fio de
contributo da teoria sistémica.
aço. As redes de fixação são
normalmente utilizadas como barreiras para dividir o espaço de
Os principais elementos deste sistema são:
carga em compartimentos. As redes em corda ou em cordão fino
podem ser utilizadas para fixar cargas a paletes ou diretamente ao
veículo como um sistema primário de retenção. HOMEM

As redes mais leves podem ser MEIO


utilizadas para cobrir veículos AMBIENTE
abertos e pequenos
contentores quando o tipo de VEÍCULO VIA
carga não requer um toldo.
Devem ser adoptadas medidas
Define-se VEÍCULO o elemento móvel destinado ao transporte
para assegurar que as partes metálicas das redes não são
terrestre de pessoas ou mercadorias, que se desloca sob o controle
corroídas ou danificadas, que as cintas não estão cortadas e que
humano.
todas as costuras estão em boas condições. As redes em corda ou
cordão fino devem ser inspecionadas para deteção de cortes ou
Define-se VIA o elemento fixo do sistema de circulação por onde se
outros danos nas fibras. Se necessário, devem ser efetuadas repa-
deslocam pessoas, animais ou veículos.
rações por uma pessoa competente antes da utilização da rede.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Por HOMEM entende-se o elemento que é utente (utilizador) pública é fundamental para a fluidez e segurança do trânsito que
das vias públicas quer seja peão ou equiparado, passageiro de se deseja obter.
qualquer veículo ou condutor. Como veremos mais à frente este é o
elemento mais importante do Sistema de Circulação Rodoviária. A utilização em simultâneo das vias públicas, leva, naturalmente,
ao aparecimento de confrontos entre os seus utentes, que
Para além destes temos a considerar também um elemento conduzem ao caos caso não existam normas de conduta,
importante no sistema de circulação rodoviária. O elemento MEIO circulação.
AMBIENTE, enquanto envolvente e condicionante de todos os outros
elementos (vias, veículos e homens). A liberdade de trânsito implica pois, a sua regulamentação, de
modo a proibir tudo o que possa impedir ou embaraçar o trânsito
Se olharmos para a circulação rodoviária enquanto um siste- e comprometer a segurança e comodidade dos utentes das vias,
ma, constituído pelo VEÍCULO, pelo CONDUTOR, pela VIA e pelo bem como a necessidade de autorização para atos que possam
AMBIENTE, temos que analisar os acidentes como um sinal do mau afetar o trânsito normal, nomeadamente transportes especiais,
funcionamento desse sistema e olhar para o elemento humano cortejos, provas desportivas, manifestações públicas, festividades
com redobrada atenção. ou obras nas vias públicas

Se o sistema não funciona, então importa identificar os elementos Por outro lado, ao condutor cumpre evitar tudo o que possa
perturbadores. Em regra não existe uma única causa de acidente comprometer a sua saúde, a sua acuidade intelectual, a rapidez
mas sim, um conjunto de diferentes fatores que determinam a sua dos seus reflexos, ou seja, não deve conduzir em quaisquer
ocorrência. condições físicas ou psíquicas. Deverá, pois procurar manter-se
sempre em condições de resolver automática e rapidamente os
Podemos no entanto afirmar que enquanto alguns desses fatores inúmeros problemas que lhe surjam na estrada: presença de
são estáveis e nalguns casos imutáveis, existe um que, pela sua peões ou condutores desatentos, crianças descuidadas, obstáculos
mobilidade e imprevisibilidade, contribui, não só, para a inesperados, etc..
ocorrência do acidente, mas também para a sua gravidade. Este
elemento é: O CONDUTOR Não procedendo desse modo, o condutor revela-se imprudente,
omite voluntariamente o dever geral de diligência que consiste em
O condutor deve ser capaz de a cada momento, dar resposta a três evitar comprometer a segurança e comodidade dos utentes das
perguntas simples, mas ao mesmo tempo complicadas: vias.
1. Estão as suas habilidades como condutor em consonância com o
veículo que conduz?
2. Considera o seu nível de condução à altura de dar resposta
3. 2 - Condução defensiva
exigida pelas estradas de hoje?
A condução defensiva consiste em conduzir de modo a prevenir
3. Considera-se preparado para fazer face ao eventual risco de um
acidentes, evitando cometer erros e tendo em conta os erros dos
acidente?
outros e as condições de condução desfavoráveis.
As respostas a estas três questões estão centradas no condutor.
A condução defensiva é, assim, uma atitude do condutor, que lhe
Será, assim, do seu comportamento que dependerá a sua
permite prever o comportamento dos outros condutores e reagir
condução, ou seja, o seu “estar” na via pública.
em conformidade com cada situação. A segurança nas vias
públicas depende do comportamento dos utentes. Simplesmente
Vivendo os homens em sociedade, estão sujeitos a uma série
nem sempre as mesmas são cumpridas, e os acidentes não
de normas de conduta, de modo a que os direitos de uns sejam
ocorrem só com aqueles que não cumprem.
compatíveis com os direitos dos outros, sem que haja atropelos à
convivência social, que se quer pacifica e ordenada.
Qualquer um pode, sem nada ter contribuído para tal, ver-se
envolvido num acidente. Não o provocou, mas também não o
Na circulação rodoviária, a conduta do homem como utente da via
evitou. Há situações em que se torna praticamente impossível

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

evitar um acidente. Mas se o condutor jogar na antecipação • Barras laterais nas portas
tentando prever o comportamento dos outros, certamente • Encosto de cabeça ativo
conseguirá evitar muitos acidentes.
Em suma, o que distingue a segurança ativa da segurança passiva
A condução requer habilidade e inteligência, tornando-se, por é o momento do acidente:
isso, numa tarefa que permite por em jogo a compreensão e a - Antes do acidente: Elementos de segurança ativa
solidariedade que temos para com os nossos semelhantes. Muitos - Após o acidente: Elementos de segurança passiva
acidentes que ocorrem nas estradas são motivados por determina-
dos condutores surpreenderem, nas suas manobras, outros utentes,
impedindo estes de poderem reagir antecipadamente.
3. 4 - A velocidade
Apontada por uns como “a mãe de todos os acidentes” e apelidado
Esta antecipação passa por percebermos a intenção dos outros,
de bode expiatório por outros, o excesso de velocidade
mesmo sem falar com eles. O condutor defensivo coloca a si
desempenha, indubitavelmente, um papel preponderante na
mesmo todas as questões relativas ao comportamento dos outros e
mortalidade rodoviária e marca a diferença entre a sobrevivência,
procura resposta para todas as situações.
ou não, dos sinistrados.

3. 3 - Elementos de segurança passiva e As escolas de condução, ensinam as regras de bem conduzir e


alertam insistentemente os futuros condutores para as
ativa consequências do desrespeito pelos limites de velocidade. No
entanto, verifica-se que são cada vez menos os condutores que
Entende-se por elemento de segurança ativa todo o elemento que
respeitam os limites de velocidade impostos após a obtenção do
contribui para evitar a ocorrência de um acidente.
título de condução.
Alguns exemplos:
• Sistema de travagem (incluindo ABS)
A melhoria da qualidade das vias de comunicação, o conforto
• Pneumáticos
com que os construtores de automóveis mimam os condutores e a
• Suspensão
publicidade apelativa às sensações fortes da potência dos motores
• Sistema de limpeza do pára-brisas
e de sistemas de segurança “milagrosamente” eficazes, conduzem
• Sistema de iluminação
a uma falsa sensação de ausência de risco. E quanto maior for a
• Sistema de controlo de estabilidade (ESP)
sensação de segurança, tanto maior será a tendência para aumen-
• Sistema de controlo de tração (ASR)
tar os comportamentos de risco. Constata-se que toda a evolução
• Sistema de assistência na travagem
tecnológica desenvolvida no sentido de aumentar a segurança
• Sistema de repartição electrónica da travagem
ativa e passiva dos veículos e das vias está, afinal, a ter um efeito
negativo nas atitudes e nos comportamentos dos condutores.
Estes e outros elementos do veículo devem ser mantidos em bom
estado de conservação, pelo que se recomenda a sua regular
À velocidade de 150 km/h, o veículo percorre cerca de 42 metros
manutenção.
por segundo (tempo médio de reação). Ou seja, a esta velocidade,
geralmente considerada como aceitável nas autoestradas, caso
Entende-se por elemento de segurança Passiva todo o elemento
o condutor aviste um obstáculo percorrerá, até colocar o pé no
que contribui para minimizar as consequências, após a ocorrência
travão, metade de um campo de futebol! Depois... a imobilização
de um acidente. Alguns exemplos:
do veículo! Para esta ... poderá ser tarde demais!
• Airbag
• Capacete
Existe a tendência para se considerar que é nas autoestradas onde
• Cintos de segurança
se desrespeitam os limites de velocidade com maior frequência.
• Pré-tensores dos cintos de segurança
No entanto, é dentro das localidades que tal se verifica. A vida das
• Limitadores de força dos cintos de segurança
pessoas desenvolve-se cada vez mais nos meios urbanos, a um
• Chassis (estruturas de deformação programável)
ritmo marcado pela pressa e pela velocidade.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Para tudo há urgência e o tempo é sempre escasso. A condução atenta e segura, além de contribuir para a redução do
índice de sinistralidade, minimiza os desgastes mecânicos.
Os condutores devem interiorizar que a velocidade aumenta o
risco de acidente e agrava as consequências em caso de acidente. Para que possa conduzir bem e com prazer, o condutor deve
Um pequeno aumento da velocidade pode anular o acréscimo de sentir-se confortável ao volante e ser capaz de alcançar todos os
segurança de um veículo. comandos necessários à condução. Numa boa posição de condução,
os braços estão ligeiramente fletidos e as pernas ligeiramente
abertas e fletida.

CONDUÇÃO URBANA
A condução em vias urbanas tem particularidades específicas, que
a distinguem da efetuada, nas restantes vias públicas. Conduzir
dentro ou a atravessar uma localidade é substancialmente
diferente, de conduzir em estrada ou em autoestrada, pois as
dificuldades e o ritmo de circulação são muito mais elevados:
• Existe muito mais tráfego e são frequentes os
engarrafamentos provocados pelo excesso de veículos, que
Quando a velocidade duplica, a distância de travagem quadruplica, pretendem utilizar, simultaneamente, a mesma via;
quadruplicando a violência do embate. A probabilidade de morte • A circulação é muito mais variada, pois para as localidades
ou invalidez aumenta 8 a 16 vezes. confluem todos os tipos de veículos e utentes da via;
• Existe uma constante sucessão de cruzamentos e
Em caso de atropelamento, a sobrevivência do peão depende entroncamentos, que se podem tornar em zonas de conflito;
fundamentalmente da velocidade a que se der o impato. Note-se • O número de sinais luminosos e gráficos, verticais ou
que a redução da velocidade não se distribui uniformemente ao horizontais, é muito grande.
longo da travagem. É na fase final da travagem que se verifica a • Por todas estas razões os condutores devem circular a
grande desaceleração. Assim, mesmo que o embate se verifique na velocidades reduzidas e com maior atenção, para poderem fazer
fase final da travagem ainda será muito violento. face ás muitas situações, que se lhe deparam.

CONDUÇÃO NÃO URBANA (EM ESTRADA)


3. 5 - Adaptação da condução às As principais caraterísticas da condução não urbana são:
caraterísticas do veículo, da via e das • Menor densidade de circulação;
• Menor quantidade de sinalização, e normalmente pior
condições atmosféricas qualidade desta;
• Maior velocidade;
Para conduzir bem e conseguir prever o comportamento dos
• Maior duração de viagem.
outros, é fundamental que o condutor conheça perfeitamente o
Código da Estrada. Para antecipar e evitar situações de perigo, é
Sendo a circulação em zonas não urbanas menos densa existe a
fundamental que o condutor domine perfeitamente o veículo que
tendência para descurar a atenção, o que, aliado à maior
conduz, de forma que em situações extremas consiga adoptar um
velocidade a que se circula, provoca acidentes de grande
determinado comportamento e consiga pô-lo em prática.
gravidade.
O condutor tem de ter a certeza que é ele a dominar o veículo e
Todo o condutor deve, pois, ter sempre presente que os aspetos
não o veículo a dominá-lo a si.
atrás referidos, tornam certas manobras mais perigosas,
requerendo por isso cuidados especiais.
Além de se sentir à vontade, o condutor deve transmitir aos seus
passageiros uma atmosfera de conforto e uma sensação de calma
e confiança.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

Interessa aqui referir, como fator de grande importância para a em calcular a distância a que se encontra e, no caso de veículos
fluidez e consequentemente para a segurança da circulação, que transitando em sentido contrário, a velocidade a que se deslocam.
os condutores de veículos pesados devem facilitar as manobras aos
restantes veículos nunca deixando formar “comboio” de veículos Torna-se pois necessário, ajustar a velocidade do veículo às
pesados, o que provoca obviamente, problemas aos outros utentes. condições de visibilidade da via e às luzes do veículo, já que uns
condutores vêem melhor que os outros, umas vias estão melhor
CONDUÇÃO EM AUTOESTRADA iluminadas que outras e alguns faróis iluminam melhor que
As autoestradas são vias destinadas a trânsito rápido, com outros.
separação física de faixas de rodagem, sem cruzamentos de nível
nem acessos a propriedades marginais, com acessos condicionados Existem, pois, uma série de fatores que condicionam o tipo de
e sinalizada como tal. condução e regras de segurança a utilizar durante a noite:
• Encandeamento pelas luzes de outros veículos;
Apesar da velocidade mínima ser de apenas 50 km/h, a circulação • Encadeamento pelo sol (aurora e crepúsculo)
a baixas velocidades pode colocar em risco a segurança do • Visibilidade inferior à diurna;
condutor e dos outros utentes. • Menor campo visual (perda da visão periférica);
• Maior quantidade de “riscos invisíveis”;
Perante a elevada velocidade a que se circula nestas vias, o • Apreciação mais difícil das distâncias;
condutor deve aumentar a distância de segurança e utilizar • Dificuldade de identificação de obstáculos não diferenciáveis do
regularmente os espelhos retrovisores. fundo escuro;
• Aumenta o cansaço/fadiga
A condução nestas vias tende a ser monótona, uma vez que
existem menos índices. Em viagens de longa duração o condutor É de notar que estes fatores condicionantes assumem uma maior
deve parar de 2 em 2 horas, a fim de minimizar os efeitos do sono importância quando, ao fato de se conduzir de noite, se juntarem
e da fadiga. as más condições atmosféricas, já que então teremos a visibilidade
substancialmente reduzida e um aumento da possibilidade de
Ao entrar na autoestrada é fundamental que o condutor aumente encandeamento, quer pela reflexão da luz dos outros veículos no
a sua velocidade, utilizando a via de aceleração, até que circule a pavimento molhado, quer pela existência de gotas de água no
uma velocidade semelhante à dos veículos que já circulam naquela pára-brisas que podem amplificar a intensidade da luz que nelas
via. A entrada na autoestrada a velocidade baixa é um fator de venha a incidir.
risco muito elevado.
CONDUÇÃO COM CHUVA
Ao sair da autoestrada o condutor deve reduzir a velocidade Os fatores mais condicionantes na condução com chuva são:
utilizando as vias de desaceleração e adaptar-se a um ritmo de • Visibilidade;
condução mais lento. É habitual os condutores perderem a noção • Estado do piso;
da velocidade a que circulam e despistarem-se à saída destas vias, • Deslizamento dos pneus na superfície molhada (aquaplaning);
fenómeno designado por hipnose da velocidade. • Diminuição de eficiência dos travões;
• Diminuição da aderência ao pavimento.
CONDUÇÃO NOTURNA
De noite, existe tendência para se circular mais depressa, com o Se travar sobre uma faixa de rodagem molhada, a distância de
pretexto de que há menos trânsito, esquecendo-se a visibilidade travagem é muito maior do que sobre um pavimento seco, porque
limitada de que se dispõe. a aderência ao solo diminui substancialmente.

Alguns condutores, julgam mais sensato conduzir à noite, alegan- Para não correr riscos desnecessários, o condutor deve moderar a
do que vêm melhor as luzes dos outros veículos que, durante o dia, velocidade, especialmente, quando se aproxima de um
não seriam visíveis. Contudo, durante a noite, o condutor tem difi- cruzamento, entroncamento ou em qualquer outra circunstância,
culdade em ver a superfície da via, os obstáculos mal iluminados, em que seja previsível a necessidade de travar.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

É necessário, ainda, moderar a marcha e tomar particular atenção, consequentemente, uma derrapagem. Por outro, porque depois de
á aproximação de curvas, pois o veículo derrapa muito mais num ter passado por um charco, os travões podem ficar molhados
piso deslizante. deixando de funcionar, momentaneamente. As poças de água
podem igualmente esconder buracos de grandes dimensões, que
Quando o piso está muito molhado, um dos riscos que corre o podem provocar danos nos veículo e/ou perda da direção do
condutor é o do chamado “aquaplaning” ou “hidroplanagem”. veículo.

A situação de “aquaplaning” dá-se quando o asfalto está coberto Outro risco que se corre com a chuva, é no momento de cruzar
com uma quantidade de água apreciável e se circula a uma com outro veículo, sobretudo com veículos pesados, que, lançam,
velocidade elevada ou se dispõe de pneumáticos com piso muito sobre o pára-brisas autênticos jorros de água e por vezes lama,
gasto. Isto acontece porque os pneumáticos perdem a capacidade tirando completamente a visibilidade, durante uns instantes. Este
de escoamento da água que se interpõe entre estes e a estrada, problema pode ser minorado, se o condutor reduzir a velocidade e
favorecendo um fenómeno muito semelhante ao esqui aquático. O acionar o limpador para uma velocidade mais rápida.
veículo passa a levitar sobre a água.
O mesmo acontece, ao circular atrás de outro veículo que se
Para se sair de uma situação destas, ou seja, para que a roda pretende ultrapassar ou, tenha acabado de nos ultrapassar.
deixe de ser um esqui, não se deve acelerar, pois se o fizer a
roda ganha rotação e ainda plana mais. Por outro lado, se travar, Em todas as situações atrás focadas devemos proceder do seguinte
porque a roda não tem qualquer aderência bloqueia, provocando modo:
o seu deslizamento imediato, o que leva ao agravamento da • Diminuir a velocidade;
situação. • Aumentar a distância de segurança;
• Evitar executar manobras bruscas;
O que há a fazer nestas situações restringe-se apenas em não • Nunca travar bruscamente;
acelerar e manter a direção fixa até as rodas começarem a escoar • Levantar o pé do acelerador sem travar, logo que sentir o carro
a água e assim ganharem tração. Há quem opte por desembraiar deslizar
o carro, pois deste modo a interferência nas rodas ainda é menor, • Evitar embaciamentos dos vidros, regulando o sistema de
permitindo retomar o escoamento da água de uma forma mais aquecimento por forma a fazer desaparecer o vapor dos vidros, o
rápida. mais rapidamente possível ou abrir ligeiramente as janelas.
• Dedicar particular atenção aos condutores de veículos de duas
Ao conduzir por uma via molhada, quando o condutor sentir a rodas e aos peões.
direção muito leve, quer dizer que as rodas dianteiras não estão • Tentar circular a uma velocidade, que permita conservar sempre
a tocar no piso, pelo que deve, imediatamente, levantar o pé do e em quaisquer circunstâncias o controle sobre o veículo.
acelerador sem travar. • Acender as luzes de presença, ou de cruzamento para melhor
ser visto.
Outra das consequências do pavimento molhado ocorre, quando
caem as primeiras chuvas que, juntando-se ao pó existente sobre CONDUÇÃO COM NEVE E GELO
o pavimento, e sem chegar a lavar a sua superfície, formam uma Na circulação sobre neve ou sobre gelo, a aderência do pneu pode
lama tornando o piso mais deslizante. Este momento é tanto mais chegar a ser nula, caso em que o veículo desliza sobre o piso sem
perigoso, porque quando começa a chover, a generalidade dos que a ação do condutor (direção, acelerador ou travão) possa
condutores têm tendência a não moderar a velocidade. evitá-lo.

Também os charcos de água podem colocar em perigo a segurança Quando começa a nevar, ou a capa de neve é fina, o condutor é
dos veículos. Por um lado, porque aquando do choque que se levado a crer que não corre mais risco do que circulasse sobre piso
produz com a água, ao entrar no charco a certa velocidade, a água molhado. Porém, se travar, verificará que as rodas ficam
que é projetada para cima vai exercer uma prisão no veículo o que bloqueadas, por falta de aderência ao solo, e o veículo desliza
origina naturalmente um desequilíbrio na direção e como se, sobre gelo estivesse.

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SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

A melhor solução para conduzir, em tais condições atmosféricas, Podemos assim dizer que os fatores que condicionam a condução
é fazê-lo lentamente e, quando se note a direção do veículo muito com gelo ou neve são:
leve, reduzir progressivamente, com a caixa de velocidades, sem • A perda de aderência;
tocar no travão, levantando, suavemente, o pé do acelerador. Se • A diminuição de visibilidade.
o veículo começa a patinar, o condutor deve tentar dirigi-lo para
a zona pretendida, corrigindo a direção muito levemente sem Nestas condições devemos proceder do seguinte modo:
movimento bruscos. • Informarmo-nos antecipadamente das condições de tráfego;
• Nunca travar bruscamente;
Por vezes, só se formam placas de gelo em determinadas zonas, • Conduzir sempre a velocidades mais baixas;
o que é mais perigoso. Tal acontece, normalmente nos locais mais • Aumentar a distância que nos separa do condutor da frente;
húmidos, sombrios e frios. Também pode formar-se nos vales, • Nunca fazer qualquer manobra bruscamente;
pontes, troços de via orientados a norte ou á saída de núcleos • Respeitar a sinalização;
urbanos. Nalgumas ocasiões, a sua presença anuncia-se por um • Nunca forçar a continuação da viagem, quando sentir que as
brilho especial sobre a estrada ou pela cor esbranquiçada do piso. condições atmosféricas começam a piorar;
• Nunca esquecer que a ação do sol sobre o gelo ou neve
Alguns condutores crêem que se melhora a aderência sobre o gelo depositados, podem tomar a via muito perigosa.
e neve, baixando a pressão dos pneus, o que é um erro. Melhor
aderência obtém-se com os pneus á pressão adequada. CONDUÇÃO COM NEVOEIRO
O nevoeiro são pequenas gotas de chuva suspensas no ar, que
Há pneus especiais, com pregos, que melhoram a aderência sobre reduzem drasticamente a visibilidade do condutor.
o gelo ou neve, mas no nosso país, o seu uso não está divulgado,
nem se justifica a sua necessidade. Caso, porém, se usem estes A perda de visibilidade a curta distância é o fator de maior
pneus, os pregos deverão ser circulares, e não podem sobressair da importância na condução com nevoeiro. O condutor nada mais vê
superfície do pneu mais do que dois milímetros. que uma espécie de lençol branco estendido á sua frente e poucos
metros de faixa de rodagem.
Também existem “sprays” que aplicados sobre a superfície dos
pneus sobretudo sobre as rodas motoras, melhoram momentan- Além da falta de visibilidade, há que contar com o risco de derra-
eamente a aderência, mas o seu efeito é temporal e não são tão pagem, pois muitas vezes a estrada está molhada ou até gelada.
seguros como os pregos ou as correntes.
Outra agravante do nevoeiro, refere-se ao pára-brisas, que tende
As correntes, são uns dispositivos que se ajustam sobre os pneus a perder a transparência, sendo necessário acionar o limpador e
das rodas motoras, conseguindo desta forma, que não resvalem colocar o ar quente na sua direção. Se isso não bastar, o condutor
sobre gelo e a neve. Existem muitos tipos de correntes de fácil e deve limpá-lo, de vez em quando, com um pano ou camurça.
rápida instalação. Quando o veículo disponha deste acessório, é
conveniente que o condutor não se distraia, quanto à oportunidade Todos estes fatores reunidos tornam a condução com nevoeiro,
da sua colocação, pois o frio a neve e o gelo, não facilitam a muito cansativa, a viagem muito pesada, pelo que,
tarefa. inconscientemente, o condutor tende a circular mais depressa, por
uma falsa sensação de confiança em si mesmo.
Por vezes, quando neva, os limpa pára-brisas não são
suficientemente eficazes para limpar a neve do pára-brisas, pelo Nestas situações procede-se do seguinte modo:
que, neste caso, o melhor é interromper a viagem. • Reduzir imediatamente a velocidade aos primeiros sinais de
existência de nevoeiro;
Finalmente, convém realçar que a neve impede a visão das marcas • Tentar ver e ser visto, utilizando as luzes adequadas para tais
rodoviárias e, se o nevão é muito forte, dos próprios símbolos situações;
inseridos nos sinais verticais. • Aumentar, consideravelmente a distância de segurança;

48
SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

• Em caso de perda quase total de visibilidade, parar Por esse fato, o condutor pode ter a sensação que, ao cruzar com
convenientemente e tentar manter-se sinalizado; um veículo pesado, é empurrado para esse veículo. Porém, na ver-
• Evitar acender os máximos, pois as gotas de água dade, o que acontece, é que o veículo pesado o abrigou do vento
comportam-se como um espelho e refletem a luz encandeando o contra o qual o condutor vinha mantendo fortemente a direção.
condutor;
• Se existirem marcas rodoviárias no pavimento, pode o condutor Assim, o condutor deve:
guiar-se por elas. Contudo, as marcas não sinalizam os possíveis • Tentar prever com antecedência os locais onde é possível
obstáculos e o condutor não vê os sinais verticais, nem outras existirem ventos fortes;
indicações; • No cruzamento com outros veículos e principalmente pesados,
• Seguir outro veículo com o nevoeiro, pode ajudar o condutor, reduzir a velocidade e encostar o mais possível á berma;
que se guiará pelas suas luzes traseiras. Porém, o condutor não se • Reduzir a velocidade ao mínimo sinal de existência de ventos
deve esquecer que, ao fazê-lo, não vê a estrada nem os obstáculos fortes.
que se encontram diante do veículo que segue e, sobretudo, que o
condutor da frente pode necessitar de fazer uma travagem
repentina, correndo o risco de colidir na sua retaguarda.
3. 6 - Distâncias
• Com o nevoeiro, é necessário aumentar a separação do veículo
precedente, pois não se pode prever as diminuições de velocidade,
nem as travagens, somente se vêm as luzes de presença traseiras.
Assim, é necessário manter uma maior distância, para, caso o
veículo da frente faça alguma manobra ou derrape, ser possível
evitar a colisão. Já vimos que, de dia e com más condições
atmosféricas é obrigatório acender as luzes.
TEMPO DE REAÇÃO (TR) – Período de tempo que medeia o
• Para que o condutor seja visto por trás, deve assegurar-se de
momento em que o condutor deteta o obstáculo, até ao momento
que as luzes de nevoeiro à retaguarda funcionam corretamente e
em que reage. O tempo de reação é influenciado pelos fatores
estão limpas.
internos ao condutor (ex: álcool, drogas, medicamentos, fadiga,
• Se o veículo possuir luzes dianteiras de nevoeiro, é bom usá-las,
doença, idade, etc). O tempo de reação é, em média, de 1
pois tornam o veículo mais visível e, como são mais baixas, dão
segundo.
melhor visão.
DISTÂNCIA DE REAÇÃO (DR) – Distância percorrida pelo veículo
CONDUÇÃO COM VENTO
durante o tempo de reação. Ou a distância percorrida pelo veículo
O vento forte pode fazer perder o controlo da direção. Os desvios
desde o momento em que o condutor deteta o obstáculo, até
na trajetória da direção provocadas pelo vento, acorrem,
ao momento em que reage. É afetada pelos fatores internos ao
normalmente, quando o condutor é surpreendido à saída de um
condutor e pela velocidade.
troço abrigado, como, por exemplo, de um conjunto de edifícios,
de um bosque, depois de ter cruzado ou ultrapassado um veículo
DISTÂNCIA DE TRAVAGEM (DT) – Distância percorrida pelo veículo
de grandes dimensões, ou á entrada de uma ponte. Quanto maior
desde o momento em que o condutor reage (aciona o travão), até
for a velocidade maior é o risco.
ao momento em que o veículo se imobiliza. É afetada por fatores
externos ao condutor (veículo, via, ambiente) e pela velocidade.
Os veículos pesados estão especialmente expostos a este efeito,
devido à grande superfície lateral.
DISTÂNCIA DE PARAGEM (DP) – É a soma da distância de reação
(DR) com a distância de travagem (DT). Ou seja, é a distância
Também se pode dar o efeito contrário ao chegar a um lugar
percorrida pelo veículo desde o momento em que o condutor
abrigado, quando, para contrabalançar a força, o condutor vira
deteta o obstáculo, até ao momento em que o veículo de imobiliza.
o volante para o lado contrário do vento. Ao chegar a uma zona
É afetada por fatores internos e externos ao condutor (veículo, via,
onde o vento deixa de soprar, a mesma atuação do condutor, sobre
ambiente) e pela velocidade.
o volante, pode fazê-lo perder o controlo do veículo.

49
SEGURANÇA RODOVIÁRIA ECO CONDUÇÃO

DISTÂNCIA DE SEGURANÇA (DS) – Distância que o condutor deve


manter em relação ao veículo da frente, que lhe permita
imobilizar o veículo sem colidir. O condutor deve aumentar
distância de segurança quando aumenta a velocidade, ou quando
pioram as condições de aderência (chuva, neve, lama, etc).

INTERVALO DE SEGURANÇA (IS) – Intervalo de tempo a que deve


corresponder uma distância de segurança. Considerando que não é
fácil a um condutor aferir, em metros, a distância a que circula do
veículo da frente, deve utilizar uma medida de tempo. Para
calcular o IS o condutor deve começar a contar (ex: 1001, 1002,
1003, etc) no momento em que o veículo da frente passa junto
a um ponto de referência fixo (ex: um poste). O condutor deverá
demorar, pelo menos, 2 segundos a passar pelo mesmo ponto de
referência. Esta análise é muito simples e funciona a qualquer
velocidade. Em condições de menor aderência (chuva) deve
aumentar o IS para 3 segundos.

CONTEÚDO FORNECIDO POR:


ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade

50
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS

1. Tipologia dos acidentes de trabalho no sector dos transportes


envolvendo veículos pesados de mercadoria
1. 1 - Introdução este se faça em veículo da entidade empregadora, quer se faça em
veículos particulares.
No sector dos transportes, englobam-se os que se efetuam por via:
• terrestre: rodoviários e ferroviários Os acidentes rodoviários em missão dizem respeito àqueles que
• marítima e fluvial ocorrem durante o exercício da atividade laboral, neles se
• aérea distinguindo duas categorias:
- acidentes, quando estão em circulação (como condutores ou
A todos eles estão associados acidentes de natureza diversa, cujas sendo transportados em serviço);
consequências acarretam custos significativos para os - acidentes, quando se encontram no estaleiro, no local de destino
intervenientes, empresas, seguradoras, com repercussões na da mercadoria ou ainda em parques de estacionamento ou áreas
economia e finanças dos países. de serviço.

Segundo os elementos estatísticos recolhidos, verifica-se que, em Os acidentes rodoviários em trabalho, sejam de trajeto ou em
todo o mundo, os meios de transporte aéreo e ferroviário são os missão, atingem condutores e outros funcionários de veículos
mais seguros, sendo os transportes rodoviários os que apresentam ligeiros e pesados de transporte de passageiros, de transporte de
um maior nível de insegurança. mercadorias, de veículos de emergência médica, de bombeiros, das
entidades de fiscalização, de máquinas agrícolas e industriais, de
Nos acidentes resultantes do transporte de mercadorias veículos de duas rodas.
enquadram-se obviamente acidentes de trabalho, isto é, acidentes
associados ao exercício de uma atividade profissional, nos quais,
de acordo com a legislação portuguesa, se enquadram os acidentes 1. 3 - Fatores de risco de acidentes em
rodoviários em trabalho. trabalho
1. 2 - Acidentes de trabalho no sector dos A atividade laboral dos condutores de veículos pesados de
mercadorias envolve uma grande diversidade de riscos,
transportes rodoviários nomeadamente riscos associados à condução do veículo, riscos
físicos, riscos químicos, riscos biológicos, riscos ligados a fatores
Decorrente do acima exposto, conclui-se que o sector dos ergonómicos e psicossociais, nomeadamente:
transportes é muito vasto, nele se inserindo os diferentes meios e - longos períodos de condução (particularmente acentuados no
modos de transporte. Destinando-se este Manual a motoristas de transporte de longa distância, como é o caso dos transportes
transportes rodoviários, designadamente de veículos pesados de internacionais);
mercadorias, nele se referirão e analisarão apenas os acidentes - tempos de descanso reduzidos;
mais caraterísticos que ocorrem no âmbito da atividade laboral - condução noturna e condução sob condições atmosféricas
destes profissionais. adversas;
- trânsito intenso, monotonia da estrada e do ambiente rodoviário;
Os motoristas de veículos pesados de mercadorias podem estar - deficiências ao nível do traçado, conservação e sinalização das
envolvidos em acidentes: vias;
- “in itinere” ou de trajeto; - perturbações digestivas causadas por horários de refeições
- em missão. irregulares, maus hábitos alimentares;
- ingestão de bebidas alcoólicas, drogas e medicamentos que
Os acidentes “in itinere” ou de trajeto são acidentes rodoviários afetam as competências da função condução;
que se registam nas deslocações que o trabalhador efetua de e - fadiga e sonolência;
para o local de trabalho, ou seja, os percursos casa-trabalho, quer - stress;

51
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
- uso do telemóvel durante a condução; - Quedas em altura no decurso de operações de carga e descarga;
- deficiências ao nível da manutenção e equipamentos do veículo; - Escorregamentos, tropeções e quedas da cabina do veículo, do
- imperativos de cumprimento de horários e prazos de entrega, apoio de pés ou do reboque;
bem como existência de sistemas de prémios de desempenho que - Embates contra partes ou elementos rígidos do veículo ou da
incentivam a prática de velocidades mais elevadas e de menores carga;
tempos de descanso. - Esmagamento de mãos, de braços, de pés ou da cabeça no
decurso do fecho ou abaixamento do elevador;
- Ferimentos nas mãos e dedos resultantes de carga e descarga
1. 4 - Fatores de risco de automóveis manual ou com recurso a contentores rolantes;
pesados de mercadorias - Esmagamentos e contusões resultantes do capotamento dos
contentores rolantes;
Os veículos pesados apresentam alguns fatores de risco inerentes à - Lesões e dores musculares provocadas pelo esforço de empurrar e
sua própria conceção, designadamente: movimentar um contentor carregado;
- Grande massa (traduz-se num aumento da gravidade das - Ferimentos no rosto causados pela utilização de correias;
consequências do acidente em caso de colisão. - Escoriações, fraturas e entorses resultantes do fato de o
- Carga transportada projetada para a frente, em caso de condutor deixar-se escorregar ou saltar para o chão, ao sair da
acidente, ferindo ou matando os ocupantes, sendo a violência cabina;
dependente da massa do conjunto veículo/carga e da velocidade - Entalamento do pé entre o elevador e o veículo;
do veículo (por exemplo, numa colisão a 50 km/h, o peso da - Queda do elevador, na sequência de escorregamento,
carga acelerada torna-se 20 vezes maior – fazer simulações em desequilíbrio ou deslocamento da carga;
www.velocidade.prp.pt) - Queda na subida ou descida ao cimo das cisternas;
- Grandes dimensões (dificultam a convivência com outros utentes, - Explosões, queimaduras químicas, intoxicações agudas,
podendo gerar acidentes, sobretudo em vias estreitas ou perturbações visuais, associadas ao transporte de mercadorias
cruzamentos apertados); perigosas (explosivos, matérias inflamáveis, matérias
- Menor velocidade na realização de ultrapassagens; pulverulentas, reagentes, produtos tóxicos);
- Ângulos mortos maiores (podem impedir a deteção de outros - Incêndio provocados por fugas ou escapes acidentais de produtos
veículos, em especial os 2 rodas). inflamáveis (líquidos transportados em cisternas) suscetíveis de
se inflamarem, quer em contato com chamas e superfícies com
temperaturas elevadas, quer por efeito de descargas elétricas ou
1. 5 - Tipos de acidentes em estaleiro eletrostáticas, quer ainda devido a choques mecânicos, em caso de
colisão, de tombo do veículo, etc.;
Para além dos acidentes que ocorrem durante a condução, existe
- Intoxicações agudas por gases de escape (monóxido de carbono);
outro tipo de acidentes, não relacionados com a condução do
- Acidentes resultantes da utilização de ferramentas (martelos,
veículo, e que atingem os condutores de pesados de mercadorias.
chaves de parafusos, etc.) ao realizar trabalhos de manutenção ou
A título de exemplo, referem-se os seguintes:
de reparação;
- Acidentes durante a atrelagem e desatrelagem de reboques
(perigo de esmagamento entre o trator e o reboque ou entre os
reboques); 1. 6 - Tipos de acidentes rodoviários em
- Acidentes causados pelo mau acondicionamento ou distribuição
da carga, que pode:
missão envolvendo veículos pesados de
• Deslizar e abater-se sobre a parte da frente do veículo em caso mercadorias
de paragem ou travagem súbita;
• Oscilar em consequência de alterações de velocidade, mudanças De acordo com a sua natureza, os acidentes rodoviários com
de direção, depressões ou saliências no pavimento, vento forte; veículos pesados de mercadorias traduzem-se fundamentalmente
• Cair sobre o condutor, quando este abre as portas, o toldo ou as em colisões, despistes e atropelamentos.
cortinas laterais no momento da descarga do veículo;
• Provocar o capotamento do veículo.

52
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
1. 6. 1 - Colisões dos travões do veículo, mas também de outras condições, como a
carga do veículo e a aderência.
Em 2008, registaram-se 1114 colisões, envolvendo veículos pesados
de mercadorias. É o tipo de acidente em que os veículos pesados O condutor precisa de adequar a sua velocidade às caraterísticas
estão mais implicados. do trânsito e da via em que circula, e ainda às condições
atmosféricas e à distância de visibilidade.
As colisões podem ocorrer com:
- veículos circulando no mesmo sentido (com o veículo da frente e COLISÃO COM O VEÍCULO DE TRÁS
com o veículo de trás); Embora, em geral, se diga que quem bate por trás é que tem a
- veículo que circula em sentido contrário; culpa, a verdade é que, o condutor que vai à frente, tem respon-
- veículo em interseções (cruzamentos, entroncamentos); sabilidades muito sérias para com o condutor que segue atrás.
- veículo ao ultrapassar e ao ser ultrapassado.
Devem-se geralmente a travagens súbitas, ultrapassagens e
Analisemos, a seguir, os principais fatores de acidente relativos a mudanças de fila ou de direção sem sinalização prévia ou sem
cada uma dessas situações e o modo de os evitar: verificar a proximidade de veículos atrás, por parte do condutor da
frente.
COLISÃO COM O VEÍCULO DA FRENTE
Este tipo de acidente ocorre normalmente, porque os condutores, Portanto, para evitar a colisão com o veículo de trás, o condutor
que circulam na mesma fila de trânsito, não deixam entre si um que segue à frente, deve:
espaço (distância) suficiente. - Sinalizar com antecedência sempre que for parar, mudar de
direção ou mudar de via de trânsito, porque o condutor, que segue
Para evitar a colisão com o veículo da frente, o condutor que segue atrás, deve ser informado de todas as manobras do veículo da
atrás deve: frente, para ter tempo suficiente de tomar providências.
- Guardar distância de segurança, ou seja a distância ao veículo - Reduzir a velocidade gradualmente, para não surpreender o
que o precede, que depende evidentemente da velocidade a que condutor de trás. Só em casos muito especiais (p. exemplo, o
se circula, bem como das condições de aderência, de visibilidade, aparecimento súbito de obstáculos na faixa de rodagem) é que
de circulação. (Esta distância deve corresponder à distância que o poderá ter de travar mais bruscamente. Normalmente, isto não
veículo percorre durante um lapso de tempo de 2 segundos. Fora será necessário, se seguir as regras para evitar colisões com o
das localidades, os pesados devem deixar entre si uma distância veículo da frente, de que acabámos de falar.
de 50 metros). - Parar o veículo suavemente.
- Procurar ver e analisar o ambiente rodoviário, bem como os - Evitar que os condutores à retaguarda sigam “colados” ao seu
veículos que circulam na frente daquele que o precede, a fim de veículo, se necessário, dando-lhes mesmo a passagem. Para isso,
detetar situações que possam forçar o condutor da frente a fazer deverá encostar-se à direita, para que o condutor do veículo que
uma manobra brusca, o que seria também uma ameaça à segue atrás o ultrapasse ou reduza igualmente a marcha, caso não
segurança do condutor que segue atrás; possa ultrapassar.
- Observar o comportamento do condutor à sua frente, em
particular os seus sinais, que indicam o que este pretende fazer. Momento a momento, o condutor deve observar através dos
- Reduzir a velocidade, se surgir uma situação potencialmente espelhos retrovisores o comportamento do veículo que segue atrás
perigosa. de si. Só, assim, poderá compreender os seus movimentos para
saber também como proceder para a segurança de ambos.
Como referido, as colisões com o veículo da frente são
fundamentalmente resultantes da não manutenção de uma COLISÃO COM O VEÍCULO EM SENTIDO CONTRÁRIO
distância que permita ao condutor, que segue atrás, parar sem A colisão de dois veículos frente com frente ocorre quando um ou
colidir, mesmo que o veículo da frente pare bruscamente. ambos os veículos passam a ocupar total ou parcialmente a via de
trânsito destinada à circulação em sentido contrário. As situações
Este processo depende, fundamentalmente, da duração do tempo em que ocorrem este tipo de colisões, são, de uma maneira geral,
de reação do condutor, da velocidade, da diferença da eficiência as seguintes:

53
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
- Ultrapassagens indevidas deve-se afastar o veículo do eixo da via, de forma a sair da curva
- Mudança de direção para a esquerda encostado ao lado direito.
- Execução de curvas de forma inadequada
- Obstáculos na via COLISÃO COM VEÍCULOS EM CRUZAMENTOS
- Distração, fadiga e álcool Os cruzamentos são os pontos em que ocorrem grande parte dos
conflitos de trânsito, dado que os condutores nem sempre são
A gravidade dos danos resultantes das colisões frontais está claros nas suas intenções e nem sempre fazem as manobras mais
infalivelmente dependente da velocidade a que se circula. corretas. Por outro lado, num cruzamento, os veículos que provêm
das vias laterais podem encontrar-se, fora do campo de visão do
Uma das situações que frequentemente dá origem a colisões condutor, que só os vê, quando estes já estão a entrar na
frontais resulta da prática de velocidades excessivas durante a interseção.
execução de curvas, uma vez que o condutor não consegue manter
o veículo na trajetória desejada, transpõe o eixo da via e vai As colisões num cruzamento podem ser evitadas, se o condutor:
ocupar a via destinada ao trânsito em sentido contrário. - Mover constantemente o olhar para todos os pontos do seu campo
visual.
Ao curvar, o condutor deve adaptar a velocidade ao estado do piso - Decidir com antecedência a direção em que quer seguir.
e ao raio da curva. - Sinalizar as suas intenções.
- Reduzir a velocidade.
Se necessário, deve travar, antes de entrar na curva, mantendo a - Respeitar a regra da cedência de passagem.
velocidade dentro da curva. Deve evitar travar dentro da curva Se - Prosseguir a marcha, de forma segura e sem hesitações.
o fizer, o veículo pode sair para fora da estrada ou “fugir” para
a via destinada ao trânsito em sentido contrário. Caso precise de É o não cumprimento destes procedimentos que provoca acidentes
travar, deve fazê-lo suavemente. nestes locais. Mas, é fundamentalmente, o desrespeito pela regra
de cedência de passagem, a principal causa. Esta regra determina
Quando a aderência é baixa – chuva, areia...-, o risco de derrapar que, nos cruzamentos e entroncamentos, o condutor deve ceder
aumenta. Deve, por isso, antes de iniciar a curva, ajustar a a passagem aos veículos motorizados que se apresentem pela
velocidade ao traçado e condições da via que vai percorrer. direita, se não houver sinalização em contrário.

Qual é, portanto, a melhor maneira de fazer uma curva? Para evitar situações de conflito, é necessário que o condutor, antes
de entrar num cruzamento, se aperceba claramente das intenções
As curvas para a direita devem iniciar- se dos condutores que se encontram no cruzamento, de forma a obter
com o veículo junto ao eixo da faixa uma visão de “conjunto”.
de rodagem, abrandando a velocidade
antes de entrar na curva. Ao entrar na Num cruzamento, o condutor pode fazer três manobras: seguir em
curva, o condutor deve acelerar frente, mudar de direção à direita ou mudar de direção à
suavemente e descrever uma trajetória esquerda.
cada vez mais próxima da direita da
faixa de rodagem, de modo a que, ao entrar na reta seguinte, o Para seguir em frente num cruzamento, sem sinalização luminosa,
veículo esteja bem junto à berma direita. o condutor deve:
- reduzir a velocidade
A entrada nas curvas para a esquerda - observar o trânsito
deve ser feita com o veículo encostado - avançar, de acordo com as regras de cedência de passagem
à direita, curvando em seguida progres-
sivamente para o lado esquerdo até ao Na mudança de direção à direita, as situações mais problemáticas
ponto médio da curva, onde as rodas são:
esquerdas devem estar próximas do eixo - Colisões com veículos que, circulando mais à direita do veículo
da via, sem contudo o tocar. Depois, que muda de direção, seguem em frente no cruzamento;

54
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
- Colisões com veículos que mudam de direção ao mesmo tempo, - com o veículo que se ultrapassa, por erro de cálculo das
se um deles invadir a via de trânsito do outro. distâncias ou necessidade de fuga a uma colisão frontal. Além
- Colisões com veículos que, vindos da esquerda, não respeitam a disso, um embate lateral pode “atirar” com um veículo para fora
cedência de passagem da estrada.
- Colisões com peões que atravessam à entrada da via que o - com um veículo que esteja a ultrapassar.
condutor vai tomar.
Estas colisões resultam de:
Para mudar de direção à direita, o - não sinalização da manobra;
condutor deve: - realização da manobra sem se verificar previamente se há
- Observar o trânsito à retaguarda e à veículos à retaguarda também a ultrapassar;
sua direita (neste caso, para se certificar - deficiente cálculo da distância e velocidade do veículo em sentido
de que pode encostar-se à direita, se contrário, bem como da velocidade do veículo a ultrapassar e do
tiver de mudar de via de trânsito); espaço existente à frente deste;
- Sinalizar a manobra com antecedência, ligando o indicador de - realização da manobra em locais proibidos e em desrespeito pela
mudança de direção à direita; sinalização existente;
- Colocar-se com bastante antecedência na via de trânsito situada
mais à direita; As tarefas de uma ultrapassagem segura são:
- Iniciar a viragem depois de observar as regras da cedência de - Manter uma distância de segurança.
passagem. - Verificar o trânsito e o espaço livre à sua frente.
- Verificar o trânsito à retaguarda.
À entrada da nova via, deve ceder passagem aos peões que - Fazer sinal com o indicador de mudança de direção à esquerda.
estejam a atravessar a faixa de rodagem, mesmo que não exista - Verificar se pode iniciar a manobra sem pôr em risco a segurança
passadeira marcada no pavimento. do trânsito à frente e atrás.
- Tomar a via de trânsito à esquerda.
Na mudança de direção à esquerda, o - Fazer sinal de luzes ou buzinar (neste caso, só fora das
condutor corre o risco de: localidades)
- Colidir com o veículo que segue à sua - Acelerar.
retaguarda, no momento em que sai da - Fazer sinal com o indicador de mudança de direção à direita.
sua via de trânsito para tomar a via mais - Verificar se pode iniciar a manobra sem pôr em risco a segurança
à esquerda; do trânsito à frente e atrás, nomeadamente quanto ao veículo
- Colidir, dentro do cruzamento, com o veículo que circula em ultrapassado (verificar se este é visível no retrovisor).
sentido contrário, por não lhe ceder passagem ou com um que se - Regressar à via de trânsito da direita.
apresente na via em que vai entrar; - Retomar a velocidade normal de marcha.
- Colidir com peões que estejam a atravessar a faixa de rodagem à
entrada da rua que vai tomar. Existem certos locais em que as ultrapassagens são proibidas,
porque o espaço visível à frente do veículo que pretende
Para executar a manobra em segurança, o condutor, com ultrapassar é insuficiente para nele se poder executar toda a
antecedência suficiente, deverá: manobra, sem obrigar, quer os veículos que circulam em sentido
- Encostar-se ao eixo da via nas ruas com dois sentidos de trânsito; contrário, quer os que circulam no mesmo sentido, a reduzir a
- Encostar-se o mais à esquerda possível, nas vias de sentido único. velocidade ou alterar a sua trajetória.

COLISÃO COM O VEÍCULO NA ULTRAPASSAGEM Junto de passagens de nível todo o condutor está proibido de
A colisão durante uma ultrapassagem é extremamente perigosa, iniciar uma ultrapassagem.
pelo que a conveniência da realização da manobra deve ser bem Também junto de cruzamentos e curvas de visibilidade reduzida,
ponderada. A colisão ao ultrapassar pode ocorrer: os condutores não podem realizar ultrapassagens.
- frontalmente com um veículo que circule em sentido contrário;
- lateralmente com o veículo com que se cruza, por insuficiência de Nas lombas, tal como nas passagens de nível, a manobra de
espaço; ultrapassagem é igualmente proibida. Exceto, assim como para as

55
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
situações anteriores, quando houver, no mesmo sentido, mais de consequentemente a perda de controlo do veículo.
uma via de trânsito e não seja necessário usar as vias de - Vento forte, que poderá originar desvios de trajetória
trânsito destinadas à circulação em sentido contrário. - Sinuosidade da via (existência de curvas), em que a incorreta
execução da curva poderá também causar desvio de trajetória.
Quando um condutor executa muitas ultrapassagens, deve - Existência de lombas. Nesta situação, o condutor não sabe o que
ponderar se a velocidade que pratica não é demasiado alta em vai encontrar para lá da uma lomba. Se a abordar a velocidade
face da velocidade média do fluxo do trânsito onde circula, e se excessiva, poderá não ter tempo de controlar o veículo, caso
os eventuais ganhos em tempo, sempre pequenos em distâncias tenha de se desviar doutro veículo, obstáculo ou peão.
curtas, são suficientes para equilibrarem o acréscimo dos riscos de - Diminuição das capacidades psicofísicas do condutor devido a
acidente associados ao aumento de ultrapassagens. cansaço, níveis de álcool no sangue elevados, muitas horas de
condução, condições adversas de condução, (noite, chuva,
COLISÃO AO SER ULTRAPASSADO nevoeiro, etc.)
Os perigos que existem resultantes da colisão ao ser ultrapassado - Monotonia da estrada (pouco movimento de veículos)
são fundamentalmente os embates ou abalroamentos laterais.
Existe ainda o perigo de ser empurrado para fora da estrada, por Para evitar este tipo de acidentes (com intervenção de um só
insistência do veículo que vai ultrapassá-lo. veículo), os condutores devem essencialmente regular a velocidade
em função das caraterísticas do pavimento, do traçado da via,
As colisões desta natureza poderão ser evitadas, se o condutor: das condições atmosféricas e de visibilidade, de modo a poderem
- Reduzir a velocidade para facilitar a ultrapassagem descrever as trajetórias desejadas em segurança.
- Facilitar a passagem ao veículo que quer ultrapassá-lo,
encostando-se à direita
- Se necessário, ajudar com sinais manuais.
1. 6. 3 - Atropelamentos
Os peões representam um dos mais vulneráveis grupos de utentes
Quando o condutor observa que muitos outros o ultrapassam, deve
da estrada, uma vez que as colisões com peões (atropelamentos)
verificar se não vai a circular com uma velocidade muito baixa
acarretam quase sempre consequências corporais muito graves.
para o fluxo de trânsito, o que causa igualmente perigo.
Os acidentes envolvendo peões ocorrem, quando estes:
Ao circular na via pública todo o condutor deve condicionar a sua
- atravessam a faixa de rodagem (seja dentro ou fora das
velocidade em função da velocidade do fluxo do trânsito, porque
passagens assinaladas para esse efeito)
se transitar muito devagar, está a fazer com que o trânsito se acu-
- circulam ao longo da faixa de rodagem (muitas vezes
mule e se congestione à sua retaguarda, provocando um aumento
incorretamente, porque caminham pelo lado direito, ficando de
do risco de acidente, devido ao aumento de ultrapassagens.
costas para o trânsito, não circulam em fila e, de noite, não usam
meios de se tornarem visíveis).
1. 6. 2 - Despistes
Os atropelamentos representam o 3º tipo de acidente rodoviário
Os despistes são acidentes em que há intervenção de um só em que os pesados de mercadorias mais estão envolvidos.
veículo. Estão fortemente associados à prática de velocidades
inadequadas e deles resultam normalmente consequências muito Para evitar acidentes com peões, os condutores devem:
graves. - reduzir a velocidade na aproximação de passadeiras para peões;
- não ultrapassar imediatamente antes e nas passagens para
Em 2008, os despistes corresponderam a 205 acidentes com peões;
pesados de mercadorias, constituindo o 2º tipo de acidentes em - moderar a velocidade ao circular em locais onde a circulação de
que os pesados de mercadorias mais se envolvem. peões seja intensa;
- estar atentos, quando circulam junto de veículos estacionados ou
A ocorrência destes acidentes pode ser potenciada, entre outros, obstáculos, pois estes impedem-nos de ver os peões que
por: eventualmente atravessem a faixa de rodagem nesses locais;
- Deficientes condições da via (piso molhado, enlameado ou com - estar atentos aos peões que circulam ao longo da faixa de
óleo) que podem provocar diminuição de aderência e
56
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
rodagem, particularmente à noite ou em condições atmosféricas A análise da tabela nº 1 e do gráfico nº 1 permite verificar uma
em que a visibilidade reduzida não permita avistar os peões a redução sustentada da sinistralidade rodoviária grave em Portugal
tempo de evitar acidentes ( esta situação é agravada pelo fato de nos últimos 20 anos.
os peões não usarem roupas claras nem material retrorrefletor que
os torne visíveis a maior distância). Na primeira década, de 1988 a 1998, registou-se um aumento
muito significativo do parque automóvel, cerca de 112%. Tal fato
Os condutores devem também ser particularmente cautelosos com contribuiu para um aumento da sinistralidade leve: os acidentes
as crianças, idosos ou utentes portadores de deficiência. com vítimas aumentaram 13% e os feridos leves aumentaram 19%.
Na verdade, devem ter presente que as crianças têm caraterísticas No entanto, houve uma redução significativa nas consequências
que as levam a atravessar a rua a correr e sem olhar para os dos acidentes: menos 34% dos feridos graves e menos 21% das
lados, para ver se se aproximam veículos. vítimas mortais.

Por outro lado, os idosos deslocam-se mais lentamente, precisando Na segunda década, de 1999 a 2008, o parque automóvel
de mais tempo para atravessar a faixa de rodagem. Têm também aumentou apenas 35%, com tendência para estabilizar, e
outras limitações (p. ex. falta de visão, falta de ouvido, falta de verificou-se uma redução de 32% nos acidentes com vítimas e 29%
atenção, reflexos mais lentos, mais lentidão no processamento da nos feridos leves. A redução da sinistralidade grave foi ainda mais
informação e tomada das decisões) que os levam a avaliar acentuada: menos 68% de feridos graves e menos 58% nas vítimas
deficientemente as situações de trânsito, expondo-se a mais riscos. mortais.

2. Sinistralidade Rodoviária A redução significativa da sinistralidade na segunda década


coincidiu com as medidas de segurança rodoviária implementadas
em Portugal, nomeadamente:
2. 1 - Sinistralidade Geral em Portugal • Em 1992, foi implementada a obrigatoriedade das inspeções
periódicas, que contribuíram para uma melhor qualidade do
estado dos veículos, nomeadamente no que se refere aos sistemas
de segurança, travões, pneumáticos, etc.
• Em 1994, as alterações no Código da Estrada tornam
obrigatório o uso do cinto de segurança dentro das localidades,
nos bancos traseiros dos veículos ligeiros e o limite de velocidade
dentro das localidades passou de 60 km/h para 50 km/h. Estas
medidas contribuíram para a redução da gravidade dos acidentes.
• Em 1995, tornou-se obrigatório o uso de sistemas de retenção
para crianças e, em 2001, surge o agravamento das sanções
pecuniárias.
• Em 2003, foi lançado o Plano Nacional de Prevenção Rodoviária
(PNPR) que, através de um conjunto de medidas e ações, visava
uma redução de 50% do número de vítimas mortais e feridos
graves. Para que tal se tornasse realidade era necessário reduzir
a sinistralidade grave, nomeadamente dos peões, utentes de
duas rodas a motor e utentes acidentados dentro das localidades,
em 60%, até ao ano de 2010, tendo por referência a média da
sinistralidade dos anos de 1998 a 2000.
• Em 2005, entraram em vigor novas alterações ao Código da
Estrada, nomeadamente: a obrigatoriedade do uso do colete
retrorrefletor para os condutores, as coimas passaram a ser pagas
no momento e as coimas por excesso de velocidade passaram a ser
mais diferenciadas.

57
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
• Em 2005, entraram em vigor novas alterações ao Código da 2. 3 - Taxa de implicação em acidentes com
Estrada, nomeadamente: a obrigatoriedade do uso do colete retror-
refletor para os condutores, o pagamento voluntário da coima no vítimas
ato da verificação da contraordenação e as coimas por excesso de
velocidade passaram a ser mais diferenciadas. A fim de conhecer a implicação das várias categorias de veículos
nos acidentes rodoviários, cruzaram-se os dados referentes ao
parque automóvel e os dados referentes ao número de veículos
intervenientes em acidentes (ver tabela nº 5 e gráfico nº5).

A taxa de implicação calculou-se da seguinte forma:


Nº de veículos envolvidos em
acidentes com vítimas
Estas medidas, associadas à evolução do parque automóvel, à Taxa de implicação = x1000
qualidade das vias e às alterações de atitudes e comportamentos Nº total de veículos
dos utentes que se têm vindo a verificar, contribuíram para a
redução significativa da sinistralidade, em Portugal, nestas duas
últimas décadas.

2. 2 - Caraterização da mortalidade
rodoviária em Portugal segundo o tipo de
utente de 2004 a 2008

Verifica-se que cerca de metade das vítimas mortais foram utentes


de veículo ligeiros e um quarto utilizadores de veículos de duas Conforme se pode verificar no gráfico nº 5, houve uma redução na
rodas. taxa de implicação de todas as categorias de veículos. No entanto,
foram os motociclos que registaram a maior redução: 41,1%.
Igualmente preocupante é a mortalidade dos peões que
representaram um quinto das vítimas mortais, no período entre Apesar de ter havido uma redução significativa na taxa de
2004 e 2008. implicação dos veículos pesados, 32,9%, estes veículos ainda
apresentaram uma taxa de implicação superior ao dobro da taxa
Os utentes de veículos pesados representaram, apenas, 2,7% das de implicação dos veículos ligeiros, que reduziu 34,4%.
vítimas mortais no mesmo período.

58
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
2. 3. 1 - Taxa de implicação dos veículos As tabelas 7 e 8 permitem verificar que, para o conjunto dos 5
anos, os veículos pesados de mercadorias envolveram-se em 4,5%
pesados de mercadorias do total dos acidentes com vítimas, dos quais resultaram 6,3% de
feridos graves e 11,9% de vítimas mortais.

Pode-se assim comprovar que as consequências dos acidentes


envolvendo veículos pesados é muito superior às consequências
dos acidentes que não envolvem este tipo de veículos.

2. 5 - Distribuição dos acidentes com vítimas,


vítimas mortais e feridos graves envolvendo
os veículos pesados de mercadorias de 2004
a 2008

2. 4 - Acidentes com vítimas, envolvendo


A tabela nº 9 permite comparar a localização e a gravidade dos
pelo menos 1 veículo pesado de acidentes envolvendo veículos pesados de mercadorias, com a
mercadorias, de 2004 a 2008 sinistralidade em geral.

Pode-se verificar que contrariamente à sinistralidade geral, a


sinistralidade dos veículos pesados de mercadorias ocorreu
maioritariamente fora das localidades.

Salienta-se igualmente que a gravidade dos acidentes envolvendo


os veículos pesados de mercadorias, dentro e fora das localidades,
foi superior à gravidade dos acidentes dos veículos em geral.

Por cada 100 acidentes com vítimas, dentro das localidades,


envolvendo veículos pesados de mercadorias, resultaram 11.5
feridos graves e 4.7 vítimas mortais, comparativamente aos 8.2
feridos graves e 1.6 vítimas mortais por cada 100 acidentes
relativamente a sinistralidade em geral.

Fora das localidades, ainda que o índice de gravidade seja


superior, a diferença não é tão acentuada. Por cada 100 acidentes
envolvendo veículos pesados de mercadorias, resultaram 15.0
feridos graves e 8.9 vítimas mortais, comparativamente aos 12.6
feridos graves e 4.9 vítimas mortais por cada 100 acidentes,
relativamente à sinistralidade em geral.

59
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
A gravidade dos acidentes está associada à velocidade de impato pesados de mercadorias.
dos veículos. É essa a razão pela qual o índice de gravidade média
é sempre superior fora das localidades. Nas colisões, os veículos pesados de mercadorias apresentam um
índice de gravidade de 6,7 e 3,4 vítimas mortais por cada 100
colisões, respetivamente.
2. 6 - Acidentes com vítimas e vítimas
graves, envolvendo pelo menos 1 veículo Verifica-se, assim, maior gravidade nos atropelamentos e nas
colisões dos veículos pesados de mercadorias, pelo fato destes
pesado de mercadorias, por natureza, de acidentes provocarem vítimas, sobretudo, nos utentes dos outros
2004 a 2008 veículos ou nos peões.

Os acidentes resultantes de despistes apresentam o índice de


gravidade mais baixo das três tipologias apresentadas, para os
veículos pesados de mercadorias, com 4,9 de vítimas mortais e
9,4 feridos graves por cada 100 despistes, pois nestes acidentes as
vítimas são exclusivamente utentes dos próprios veículos pesados.

Pode-se verificar que, nos acidentes envolvendo os veículos pesados


de mercadorias, 5.4% dos acidentes foram atropelamentos, que
deram origem a 8.2% dos feridos graves e 12.4% das vítimas
mortais, comprovando-se assim a gravidade dos atropelamentos
face aos outros tipos de acidente.

As colisões são o tipo de acidente mais frequente nos veículos


2. 7 - Acidentes e vítimas segundo a hora
pesados de mercadorias, verifica- se que representaram 79.9% do dia, envolvendo as várias categorias de
dos acidentes com vítimas, dos quais resultaram 77,2% de feridos
graves e 81,4% de vítimas mortais.
veículos de 2004 a 2008

2. 6. 1 - Índice de gravidade dos acidentes


envolvendo veículos pesados de mercadorias
de 2004 a 2008
Por cada 100 atropelamentos envolvendo veículos pesados,
resultaram 16,1 vítimas mortais nos atropelamentos com veículos

60
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
Verifica-se que os períodos com maior número de acidentes Os acidentes com índice de gravidade mais elevado ocorreram no
coincidem com os períodos de maior volume de tráfego período horário das 03h às 06h00, com 6,5 vítimas mortais e 15,9
feridos graves, por cada 100 acidentes, período onde em cada
acidente verificado se tem cerca de 3,5 vezes mais probabilidade
de se morrer do que num acidente verificado entre as 09h00 e as
15h00, e entre 2,5 e 3 vezes do que num acidente verificado entre
as 15h00 e as 21h00.

2. 7. 1 - Vítimas mortais e feridos graves por


horas do dia referentes a veículos pesados
de mercadorias

O horário onde se verificou uma maior incidência de acidentes com


vítimas dos veículos pesados de mercadorias situou-se entre as
6h00 e as 18h00.

No entanto, foi no período compreendido entre as 21h00 e as


6h00 que se verificou o índice de gravidade mais elevado dos
acidentes, envolvendo esta categoria de veículos.
Pode concluir-se que no período horário das 21h00 às 06h00, os
índices de gravidade são mais elevados relativamente a todas as
categorias de veículos.
Destes dados, verifica-se que os períodos com menor volume de
trânsito e menor número de acidentes, são os que apresentam
maior gravidade nos acidentes verificados, como se pode constatar
3. Sinistralidade Rodoviária
na tabela 13.
3. 1 - Consequências a nível humano
A nível humano, as consequências dos acidentes têm impato a três
grandes níveis: físico, psicológico e social.

Assim, as consequências dos acidentes abrangem diferentes


domínios, que vão desde o sofrimento físico e psicológico, na
própria vítima, derivado das lesões que sofreu por perda ou
limitação de órgãos, até à alteração do aspeto exterior e limitação

61
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
de movimentos. Para além disso, as consequências dos acidentes As incapacidades temporárias ou definitivas são fonte de
também afetam as pessoas, principalmente os familiares com sofrimento para a vítima, familiares, amigos e colegas.
quem a vítima convive.
Assim, podem afetar gravemente as vítimas e com diferentes
A avaliação objetiva é difícil, pelo que nem sempre é calculada, percentagens de invalidez, a nível pessoal e profissional, ficando
embora possa ascender a valores elevados. dependentes da ajuda e colaboração de outros.

Quando se procede à sua avaliação, recorre-se, para isso, às Para além disso, a acessibilidade a edifícios públicos, deslocações
indemnizações das seguradoras, às sentenças dos tribunais e à a pé e em transportes, ficam igualmente comprometidos devido à
avaliação da disponibilidade para pagar, obtida através de utilização de próteses, deslocação em cadeiras de rodas ou outros
questionários destinados a avaliar a quantia, que os membros de dispositivos auxiliares de marcha.
um determinado estrato populacional estão dispostos a entregar
para evitar morrer ou a ficar incapacitados.
3. 2 - Consequências a nível material
As consequências dos acidentes a nível humano têm implicações
As consequências dos acidentes a nível material abrangem
diferentes conforme se trate de morte, lesões físicas não mortais,
prejuízos essencialmente nas componentes veículo e
incapacidade temporária ou permanente.
infraestrutura.
MORTE
Veículo – A sua destruição parcial ou total, dá origem à sua
A morte é a mais grave consequência humana dos acidentes, uma
reparação ou à sua substituição, permanente ou temporária, e
vez que a vítima fica privada da concretização das suas
igualmente a percas de oportunidade de negócios devido à
expectativas de vida, de realização pessoal e profissional, de
indisponibilidade dos veículos acidentados.
usufruir dos benefícios que a sociedade põe à sua disposição.
Os danos nos veículos obrigam a reparações a dois níveis:
Por outro lado, acarreta sofrimento psicológico e, eventualmente,
mecânico e carroçaria. Para além disso, obrigam à substituição
físico, a todos os que com a vítima conviviam, em especial aos
dos elementos de segurança passiva, que não são passíveis de ser
mais próximos - familiares e amigos.
reparados, como por exemplo: airbag e pre-tensores dos cintos de
segurança.
Tal fato acontece porque a família, amigos e sociedade ficam
privados da convivência, dos bens e dos recursos que a vítima
Os custos com os veículos constituem uma parcela significativa do
produzia e ainda iria produzir no futuro.
custo económico e social dos acidentes rodoviários.
FERIMENTOS GRAVES E LIGEIROS
Pavimento - As consequências dos acidentes a nível da
Durante o tratamento e reabilitação, as vítimas sofrem de dor
infraestrutura verificam-se em primeiro lugar na zona da faixa
física, mais ou menos intensa, bem como, eventualmente,
de rodagem, que pode ficar danificada no revestimento pela
perturbações do domínio afetivo, de intensidade e duração
erosão provocada pelo deslocamento dos veículos acidentados que
variável, que para além da redução na qualidade de vida dos
tombam no pavimento.
próprios, induzem perturbações de natureza material e/ou
afetiva naqueles que com ele convivem.
Para além disso, é necessário proceder à remoção dos destroços
e outros detritos que ficam no pavimento, a fim de não impedir a
INCAPACIDADE TOTAL OU PARCIAL, TEMPORÁRIA OU DEFINITIVA
normal circulação.
Muitas das vítimas ficam com sequelas físicas a nível dos
sentidos, motricidade, aparência e a nível psicológico, mais ou
No que diz respeito aos derrames de combustíveis ou lubrificantes
menos intensas, que limitam a autonomia, capacidade de
da carga transportada, é imprescindível eliminá-los o mais
realização e bem-estar.
rapidamente possível, uma vez que a sua dispersão no pavimento
tem consequências muito graves, dado a eventual libertação de
substâncias agressivas.

62
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
Sinalização - A sinalização vertical e luminosa pode ficar Poluição visual – Os veículos acidentados e respetivos destroços
danificada pela deformação ou arrancamento dos seus suportes. quando não são de imediato retirados dos locais dos acidentes,
ainda que por um curto período de tempo, provocam poluição
Equipamentos de segurança - Os equipamentos de segurança, visual.
como as guardas e barreiras de segurança, são frequentemente
deformados ou arrancados, sendo necessária a sua substituição Poluição química – é toda a agressão onde se verifiquem reações
o mais rapidamente possível, pois uma vez deformados não são químicas.
capazes de cumprir as suas funções.
Incêndios e/ou explosão – os acidentes rodoviários, bem como
Obras de arte - As obras de arte: pontes, viadutos, aquedutos os acidentes de carga e descarga envolvendo veículos pesados de
e túneis podem ser atingidas de diversas formas podendo ficar mercadorias, em especial os de transporte de matérias facilmente
instáveis quando são atingidas nos seus componentes essenciais, combustíveis, podem dar origem a incêndios ou explosões que
como, por exemplo, os pilares. podem ser catastróficos se ocorrerem em zonas habitadas e de
gravidade ainda mais elevada se ocorrerem em zonas urbanas,
Postes - Os suportes da iluminação pública, bem como do pelo que devem sempre respeitar as norma de circulação destes
transporte de energia elétrica ou de telefone e ainda diverso veículos.
mobiliário urbano, como quiosques, bancos, floreiras, cabinas
telefónicas ou painéis de informação são outros elementos da Propriedades adjacentes - Os danos causados nas propriedades,
infraestrutura que podem ficar danificados ou mesmo destruídos. edificações, plantas e animais existentes nos terrenos adjacentes
às vias podem ser afetados de várias formas e com diferentes
Congestionamento - A nível da infraestrutura, é necessário levar intensidades.
em consideração o congestionamento provocado pelos veículos
imobilizados na sequência dos acidentes, a perda de tempo que
induz, a poluição sonora proveniente dos veículos parados, com
3. 3 - Consequências a nível financeiro
motor a trabalhar ou a circular com velocidades mais baixas.
É, geralmente aceite que, para países com o nível de
desenvolvimento de Portugal, os acidentes rodoviários importam
Poluição – A queda da carga, na sequência de acidentes
em cerca de dois por cento do Produto Nacional Bruto, o qual,
rodoviários ou durante a carga e descarga, em especial nos
para 2009, está estimado em 164.000 milhões de Euros. Ou seja,
veículos pesados de mercadorias, pode dar origem a danos ou
em 2009 o custo económico e social dos acidentes na estrada terá
destruição, as quais são particularmente preocupantes no caso de
importado em cerca de 3.300 milhões de Euros.
mercadorias perigosas.
A despesa financeira com os acidentes de trânsito reparte-se em
A carga, ao cair no pavimento, pode sofrer deformação, fratura
diversas parcelas e estas estão agrupadas por custos por vítima e
ou perfuração das embalagens ou recetáculos e a consequente-
custos por acidente.
mente disseminação nas áreas envolventes à zona da ocorrência
dos acidentes, do seu conteúdo sólido ou fluido, que pelas suas
CUSTOS POR VÍTIMA
caraterísticas físicas e/ou químicas pode ser incómodo, venenoso
e/ou corrosivo, nauseabundo, podendo dar origem a impatos
Os custos por vítima incluem os seguintes itens:
ambientais.
Custos com o socorro e transporte – nesta rubrica estão agrupados
o custo da deslocação do veículo de transporte, e eventualmente, o
Os impatos ambientais podem afetar o ambiente de várias ma-
custo de reanimação, (terrestre ou aéreo), os custos das
neiras, quer na atmosfera, quer no terreno e, principalmente, em
remunerações e outras prestações com o pessoal da sua guarnição,
lençóis de água, em especial nos subterrâneos utilizados para rega
bem como as despesas com meios de tratamento utilizados.
e/ou abastecimento humano ou animal.
Custos de tratamento médico – referem-se às intervenções em
Poluição física é provocada por fenómenos físicos onde intervêm
estabelecimento de saúde com internamento ou em ambulatório
partículas (poeiras, areias, etc.).
e engloba o custo dos atos médicos, de enfermagem e de pessoal

63
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
auxiliar e administrativo, dos medicamentos, dos meios auxiliares materiais, e superiores, aos dos acidentes com vítimas não
de diagnóstico, do alojamento e/ou das despesas de deslocação da mortais.
vítima. • Os custos dos tribunais, que incluem honorários de advogados,
custos judiciais dos processos e a despesa de funcionamento dos
No caso dos mortos, o valor é residual, enquanto que nos feridos tribunais na proporção dos processos relativos aos acidentes
graves representa cerca de um décimo do custo total e, nos feridos rodoviários.
ligeiros, situa-se à volta de 40%. • Os custos com a manutenção de uma estrutura de prevenção
fiscalização policial, apenas na parte que deriva da possibilidade
Custos de reabilitação – referem-se às despesas com tratamentos da ocorrência de acidentes.
de fisioterapia e adaptação, custos de próteses e adaptação de • O custo da administração da atividade seguradora nas áreas
espaços e equipamentos nas residências, adaptação ou aquisição dos seguros vida e não vida, na proporção dos sinistros
de veículos adequados às limitações da vítima. rodoviários.
• O custo da montagem e manutenção dos serviços de socorro e
Custos de perda de produção – Esta rubrica refere-se, no caso dos dos bombeiros, em função do trabalho realizado pelos acidentes
óbitos, ao que a pessoa deixou de produzir, medido a partir do da estrada.
seu rendimento futuro devidamente atualizado, por ter morrido
antecipadamente, e equivale praticamente ao custo de um morto.
Bibliografia
No que se refere aos feridos graves, há duas parcelas. A primeira
é relativa à incapacidade permanente e é, tendo em conta o tempo
Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) –
de incapacidade, objeto de tratamento idêntico ao levado a cabo
Observatório de Segurança Rodoviária, 2004 a 2008
com os mortos.
Comité de pilotage pour la prévention du risque routier
A segunda parcela refere-se à incapacidade temporária e é tratada
proféssionel.- “Programme d’ation 2006-2009”. França
de maneira semelhante ao anteriormente dito, com a diferença
de que cada dia de trabalho é ajustado através de um fator que
European Commission – Diretorate – General “Transport” - Alfaro,
exprime o grau de incapacidade.
J-L; Chapuis, M; Fabre, F.- Cost 313 – “Socio-economic cost of road
accidents”, Final report of the ation, Luxemburgo, 1994
O valor da perda de produção, no caso de lesões graves, situa-se
entre 70 e 90% do custo total de um ferido grave, enquanto nos
European Road Safety Federation (ERSF), “Road Safety
feridos ligeiros situa-se entre 30 e 40% do valor perdido com um
Management Manual - Passenger Road Transport. Bruxelas,1998.
ferido ligeiro.
European Road Safety Federation (ERSF), “Road Safety
CUSTOS POR ACIDENTE
Management Manual – Goods Road Transport. Bruxelas, 1998.
Nesta parcela estão agrupados os custos que não é possível
European Transport Safety Council (ETSC), “Assessing risk and
imputar a uma vítima específica, pelo que são calculados em bloco
setting targets in transport safety programmes ”, Bruxelas, 2003.
e divididos equitativamente por cada acidente e distribuem-se da
seguinte forma:
European Transport Safety Council (ETSC), “Transport safety
• Custo com danos materiais - Esta rubrica abordada em detalhe
performance in the EU – a statistical overview”, Bruxelas, 2003.
no tema II.2 “Consequências a Nível Material”.
Os valores dos danos materiais, por ocorrência, são mais elevados
Institut National de Recherche et de Sécurité pour la prévention
nos acidentes só com danos materiais, porque neste caso há mais
des accidents du travail et des maladies proféssionnelles INRS - “Le
20% veículos envolvidos de que nos acidentes com vítimas. Os
risque routier en mission. Guide d’évaluation des risques ”. França,
acidentes mortais, embora sendo mais violentos, por
Setembro de 2006.
envolverem menos veículos por acidente apresentam valores de
danos materiais inferiores aos dos acidentes só com danos
Instituto Nacional de Estatística (INE)

64
SINISTRALIDADE DE VEÍCULOS PESADOS DE MERCADORIAS
INRS - Institut National de Recherche et de Sécurité pour la a um período de hospitalização superior a 24 horas.
prévention des accidents du travail et des maladies
proféssionnelles - “Transport routier de marchandises. Vigilant à Ferido leve – vítima de acidente que não seja considerada ferida
l’arrêt comme au volant ”. França, Outubro de 2000. grave.

Organização Mundial de Saúde (OMS), “Global Status Report on Índice de gravidade – número de mortos por 100 acidentes com
Road Safety”. 2008. vítimas.

Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) -“ Manual de segurança Morto ou vítima mortal - vítima de acidente cujo óbito ocorra no
rodoviária”, 2009. local do evento ou no seu percurso até à unidade de saúde. Até ao
final do ano de 2009 e para poder comparar as vítimas mortais
Richez, Jean-Paul ; Tissot, Claire - “Le risque routier”. Cahiers de Portugal com os outros países da União Europeia, mortos a 30
de notes documentaires - Hygiène et sécurité des systèmes. dias, aplicava-se a este valor, um coeficiente um valor de 1,14.
França.2002. A partir de Janeiro de 2010, Portugal contabiliza as vítimas de
acidente rodoviário que venham a falecer no hospital até 30 dias
Santé, Famille, Retraite, Services - “Conduire, c’est travailler. Avant após o acidente.
de prendre le volant, je m’organise”. França, Junho de 2005.
Passageiro – pessoa afeta a um veículo na via pública a pé e que
Silveira, Alberto, - “Análise de acidentes rodoviários em trabalho. não seja condutora.
Perspectivas de integração na gestão do risco profissional”.
7º Congresso Internacional de Segurança, Higiene e Saúde no Peão – pessoa que transita na via pública a pé e em locais sujeitos
Trabalho. Porto, 31 de Maio e 1 de Junho de 2007. à legislação rodoviária. Consideram-se ainda peões, todas as
pessoas que conduzam à mão velocípedes ou ciclomotores de duas
rodas sem carro atrelado ou carros de crianças ou de deficientes
Glossário físicos.

Acidente rodoviário – ocorrência na via pública ou que nela tenha Vítima – ser humano que em consequência de acidente sofra
origem envolvendo pelo menos um veículo, do conhecimento das danos corporais
entidades das entidades fiscalizadoras e da qual resultem vítimas
e/ou danos materiais. Acidente de trabalho - todo o acontecimento inesperado e
imprevisto, incluindo atos derivados do trabalho ou com ele
Acidentes com vítimas – acidentes do qual resulte pelo menos uma relacionados, do qual resulte uma lesão corporal, uma doença ou
vítima. a morte de um ou vários trabalhadores. São também considerados
acidentes de trabalho os acidentes de viagem, de transporte ou
Acidente mortal – acidente do qual resulte pelo menos um morto circulação, nos quais os trabalhadores ficam lesionados e que
ocorrem por causa, ou no decurso do trabalho, isto é, quando
Acidentes com feridos leves – acidente do qual resulte pelo menos exercem uma atividade económica, ou estão a trabalhar, ou a
um ferido leve e em que não se tenham registado mortos nem realizar tarefas do empregador.
feridos graves.
Acidente de trabalho mortal – um acidente de que resulte a morte
Acidente com feridos graves – acidente do qual resulte pelo menos da vítima num período de uma não (após o dia) da sua ocorrência.
um ferido grave, não tendo ocorrido qualquer morte.
Dias de trabalho perdidos – são referentes a dias de calendário.
Condutor – pessoa que detém o comando de um veículo ou animal
na via pública. Taxa de implicação – total de veículos envolvidos em acidentes
vezes 1 000 pelo número de veículos em circulação.
Ferido grave – vítima de acidente cujos danos corporais obriguem
CONTEÚDO FORNECIDO POR:
Prevenção Rodoviária Portuguesa

65
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR

1. Conhecer a regulamentação relativa ao transporte de mercadorias


1. 1 - Regulamentação nacional e organismo dependente de uma autoridade pública, quer seja
dotado de personalidade jurídica própria quer dependa de uma
internacional autoridade dotada dessa personalidade, que efetue o transporte
de passageiros, ou uma pessoa singular ou colectiva que efetue o
O Regulamento 1071/2009 estabelece regras comuns no que se
transporte de mercadorias com fins comerciais;
refere aos requisitos para acesso à atividade de transportador
- «Gestor de transportes», uma pessoa singular empregada por
rodoviário e o seu exercício, aplicando-se a todas as empresas
uma empresa ou, se a empresa for uma pessoa singular, a própria
estabelecidas na Comunidade que exercem a atividade de
pessoa ou, no caso de estar prevista essa possibilidade, outra
transportador rodoviário. É igualmente aplicável às empresas que
pessoa singular designada por contrato por essa empresa, que
tencionem exercer a atividade de transportador rodoviário.
dirige de forma efetiva e permanente a atividade de transportes
da empresa;
Não é aplicável:
- «Autorização de exercício da atividade de transportador
- Às empresas que exerçam a atividade de transportador
rodoviário», uma decisão administrativa que autoriza uma
rodoviário de mercadorias exclusivamente por meio de veículos a
empresa que preenche os requisitos previstos no presente
motor ou de conjuntos de veículos cujo peso em carga admissível
regulamento a exercer a atividade de transportador rodoviário;
não exceda 3,5 toneladas. Todavia, os Estados-Membros podem
- «Autoridade competente», a autoridade de um Estado-Membro,
reduzir este limite para a totalidade ou parte das categorias de
a nível nacional, regional ou local, que, para autorizar o exercício
transportes rodoviários;
da atividade de transportador rodoviário, verifica se a empresa
- Às empresas que efetuem exclusivamente serviços de
preenche os requisitos previstos no presente regulamento, e que
transporte rodoviário de passageiros com fins não comerciais, ou
está habilitada a conceder, suspender ou retirar a autorização de
cuja atividade principal não seja a de transportador rodoviário de
exercício da atividade de transportador rodoviário;
passageiros;
- «Estado-Membro de estabelecimento», o Estado-Membro em que
- Às empresas que exerçam a atividade de transportador
uma empresa está estabelecida, quer o seu gestor de transportes
rodoviário exclusivamente por meio de veículos a motor cuja
provenha ou não de outro país.
velocidade máxima autorizada não exceda 40 km/h.
As empresas que exercem a atividade de transportador rodoviário
Entende-se por:
devem:
- «Atividade de transportador rodoviário de mercadorias», a
- Dispor de um estabelecimento efetivo e estável num
atividade das empresas que efetuam transportes de mercadorias
Estado-Membro;
por conta de outrem por meio de veículos a motor ou de conjuntos
- Ser idóneas;
de veículos;
- Ter a capacidade financeira apropriada; e
- «Atividade de transportador rodoviário de passageiros», a
- Ter a capacidade profissional exigida.
atividade das empresas que efetuam transportes de passageiros,
oferecidos ao público ou a certas categorias de utentes contra
Os Estados-Membros podem impor requisitos suplementares, que
um preço pago pela pessoa transportada ou pelo organizador do
devem ser proporcionados e não discriminatórios, a preencher
transporte, por meio de veículos automóveis que, pelo seu tipo de
pelas empresas para serem autorizadas a exercer a atividade de
construção e equipamento, sejam aptos para o transporte de mais
transportador rodoviário.
de nove pessoas, incluído o condutor, e se encontrem afetos a essa
utilização;
As empresas que exercem a atividade de transportador rodoviário
- «Atividade de transportador rodoviário», a atividade de
devem designar pelo menos uma pessoa singular, o gestor de
transportador rodoviário de passageiros ou de transportador
transportes e que:
rodoviário de mercadorias;
- Dirija efetiva e permanentemente a atividade de transportes da
- «Empresa», uma pessoa singular, uma pessoa colectiva, com ou
empresa;
sem fins lucrativos, uma associação ou agrupamento de pessoas
- Tenha um vínculo genuíno com a empresa, como por exemplo ser
sem personalidade jurídica, com ou sem fins lucrativos, ou um

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
empregado, administrador, proprietário ou acionista, ou - Uma vez concedida a autorização, dispor de um ou mais veículos,
administrá-la, ou, se a empresa for uma pessoa singular, ser a matriculados ou colocados em circulação em conformidade com
própria pessoa; e a legislação desse Estado-Membro, detidos em propriedade plena
- Resida na Comunidade. ou detidos, por exemplo, em virtude de um contrato de aluguer
com opção de compra ou de um contrato de aluguer ou de locação
Se uma empresa não preencher o requisito de capacidade financeira;
profissional a autoridade competente pode autorizá-la a exercer a - Efetuar efetiva e permanentemente, com os equipamentos
atividade de transportador rodoviário, sem um gestor de administrativos necessários, as suas operações relativas aos
transportes, desde que: veículos, e com os equipamentos e serviços técnicos adequados,
- A empresa designe uma pessoa singular residente na num centro de exploração localizado nesse Estado-Membro.
Comunidade que preencha os requisitos estabelecidos, e que esteja
habilitada por contrato a desempenhar as funções de gestor de Para determinarem se uma empresa preenche esse requisito,
transportes por conta da empresa; os Estados-Membros devem ter em conta a conduta da empresa,
- O contrato que vincula a empresa e a pessoa especifique as dos seus gestores de transportes e de quaisquer outras pessoas
funções a desempenhar de forma efetiva e permanente por essa pertinentes que o Estado-Membro indique. Todas as referências no
pessoa e indique as suas responsabilidades enquanto gestor de presente artigo a condenações, sanções ou infrações incluem as
transportes. As funções a especificar devem compreender, condenações, sanções ou infrações da própria empresa, dos seus
nomeadamente, as relacionadas com a gestão da manutenção e gestores de transportes e de quaisquer outras pessoas pertinentes
reparação dos veículos, a verificação dos contratos e dos que o Estado-Membro indique.
documentos de transporte, a contabilidade básica, a distribuição
dos carregamentos ou dos serviços pelos motoristas e pelos Para preencher o requisito previsto de capacidade financeira,
veículos, e a verificação dos procedimentos de segurança; a empresa deve poder cumprir em qualquer momento as suas
- A pessoa possa gerir, na qualidade de gestor de transportes, as obrigações financeiras no decurso do exercício contabilístico anual.
atividades de transporte de quatro empresas distintas, no máximo, Para esse efeito, a empresa deve demonstrar, com base nas contas
efetuadas com uma frota total máxima combinada de 50 veículos. anuais, depois de certificadas por um auditor ou por outra pessoa
Os Estados-Membros podem reduzir o número de devidamente acreditada, que dispõe anualmente de um capital e
empresas e/ou a frota total de veículos que essa pessoa pode de reservas de valor que totalizem pelo menos 9 000 EUR, no caso
gerir; e de ser utilizado um único veículo, e 5 000 EUR por cada veículo
- A pessoa efetue as tarefas especificadas exclusivamente no adicional utilizado.
interesse da empresa e as suas responsabilidades sejam exercidas
independentemente de quaisquer empresas para as quais a Para preencher o requisito de capacidade profissional, a pessoa ou
empresa realiza operações de transporte. as pessoas em causa devem possuir os conhecimentos
correspondentes ao nível previsto na Parte I do anexo I deste
Os Estados-Membros podem decidir que um gestor de transportes Regulamento, nas matérias nela enumeradas. Esses conhecimentos
designado possa apenas ser designado em relação a um número devem ser demonstrados mediante um exame escrito obrigatório
limitado de empresas ou a uma frota de veículos. A empresa deve: que, se o Estado-Membro assim o decidir, pode ser completado com
- Dispor de um estabelecimento, localizado nesse um exame oral. Os exames devem ser organizados de acordo com
Estado-Membro, com instalações onde conserva os principais o disposto na Parte II do anexo I deste regulamento. Para esse
documentos da empresa, nomeadamente os documentos con- efeito, os Estados-Membros podem decidir impor uma formação
tabilísticos, os documentos de gestão do pessoal, os documentos antes do exame.
que contenham dados relativos aos tempos de condução e repouso,
e qualquer outro documento a que a autoridade competente deva Os interessados devem ser examinados no Estado-Membro que
poder ter acesso para verificar o preenchimento dos requisitos corresponde à sua residência habitual ou no Estado-Membro em
previstos no presente regulamento. Os Estados-Membros podem que trabalham.
exigir que os estabelecimentos localizados no seu território
também tenham outros documentos à disposição nas suas Por residência habitual, entende-se o local onde a pessoa vive
instalações a qualquer momento; habitualmente, ou seja, pelo menos, 185 dias em cada ano civil,

67
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
em consequência de vínculos pessoais indiciadores da existência de das empresas de transporte rodoviário autorizadas a exercer a
uma relação estreita entre a pessoa e o local onde vive. atividade de transportador rodoviário por uma autoridade
competente por ele designada. O tratamento dos dados contidos
Todavia, a residência normal de uma pessoa cujos vínculos nesse registo deve ser efetuado sob o controlo da autoridade
profissionais se situem num lugar diferente do lugar onde possui pública designada para o efeito. Os dados relevantes contidos no
os seus vínculos pessoais e que, por esse fato, viva alternadamente registo electrónico nacional devem ser acessíveis a todas as
em lugares distintos situados em dois ou mais autoridades competentes do Estado-Membro em causa.
Estados-Membros, considera-se como estando situada no lugar dos
seus vínculos pessoais, desde que aí se desloque regularmente. O Regulamento 1072/2009 estabelece regras comuns para o
Esta última condição não é exigida, nas situações em que a pessoa acesso ao mercado do transporte internacional rodoviário de
em causa viva num Estado-Membro para cumprir uma missão de mercadorias por conta de outrem em trajetos efetuados no
duração determinada. A frequência de uma universidade ou de território da Comunidade.
uma escola não implica a mudança da residência normal.
No caso de transportes com origem num Estado-Membro e com
Os Estados-Membros podem decidir dispensar do exame as pessoas destino a um país terceiro, e vice-versa, o presente regulamento
que comprovem ter dirigido de forma contínua uma empresa de é aplicável ao trajeto efetuado no território dos Estados-Membros
transportes rodoviários de mercadorias ou de passageiros num ou atravessados em trânsito. Não é aplicável ao trajeto efetuado no
mais Estados-Membros durante o período de 10 anos anterior a 4 território do Estado-Membro de carga ou de descarga, enquanto
de Dezembro de 2009. não tiver sido celebrado o necessário acordo entre a Comunidade e
o país terceiro em causa.
Cada Estado-Membro designa uma ou várias autoridades
competentes encarregadas de assegurar a correta aplicação do Este regulamento é aplicável aos transportes nacionais rodoviários
presente regulamento. Essas autoridades competentes devem estar de mercadorias efetuados a título temporário por transportadores
habilitadas a: não residentes.
- Analisar os pedidos apresentados pelas empresas;
- Autorizar o exercício da atividade de transportador rodoviário e Os seguintes tipos de transportes e de deslocações sem carga
suspender ou retirar as autorizações; relacionadas com esses transportes não necessitam de licença
- Declarar uma pessoa singular inapta para dirigir, na qualidade comunitária e estão dispensados de autorização de transporte:
de gestor de transportes, a atividade de transportes de uma - Transportes postais efetuados em regime de serviço universal;
empresa; - Transportes de veículos danificados ou avariados;
- Proceder aos controlos necessários para verificar se as empresas - Transportes de mercadorias em veículos cujo peso total em carga
preenchem os requisitos autorizada, incluindo a dos reboques, não exceda 3,5 toneladas;
- Transportes de mercadorias em veículos, desde que sejam
As autoridades competentes publicam todas as condições preenchidas as seguintes condições:
estabelecidas no presente regulamento, quaisquer outras • as mercadorias transportadas pertencerem à empresa ou
disposições nacionais, os procedimentos que os candidatos por ela terem sido vendidas, compradas, dadas ou tomadas de
interessados devem seguir e as notas explicativas correspondentes. aluguer, produzidas, extraídas, transformadas ou reparadas, o
transporte servir para encaminhar as mercadorias da ou para a
Sempre que um gestor de transportes deixe de ser considerado empresa ou para as deslocar, quer no interior da empresa, quer
idóneo a autoridade competente declara-o inapto para dirigir as no seu exterior, para satisfazer necessidades próprias desta, os
atividades de transportes de uma empresa. Enquanto não for veículos a motor utilizados nestes transportes serem conduzidos
aplicada uma medida de reabilitação nos termos das disposições por pessoal próprio da empresa ou por pessoal ao serviço da
legais nacionais aplicáveis, o certificado de capacidade profissional empresa nos termos de uma obrigação contratual, os veículos que
do gestor de transportes declarado inapto deixa de ser válido em transportem as mercadorias pertencerem à empresa ou terem sido
todos os Estados-Membros. por ela comprados a crédito ou alugados, desde que, neste último
caso, preencham as condições previstas na Diretiva 2006/1/CE
Cada Estado-Membro deve manter um registo electrónico nacional do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Janeiro de 2006,

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
relativa à utilização de veículos de aluguer sem condutor no da idoneidade e/ou a retirada temporária ou definitiva de uma
transporte rodoviário de mercadorias o transporte constituir licença comunitária.
meramente uma atividade acessória do conjunto das atividades da
empresa; Os transportes internacionais são efetuados a coberto de uma
- Transportes de medicamentos, aparelhos e equipamento médicos, licença comunitária, em conjugação com um certificado de
bem como de outros artigos necessários em caso de socorro motorista caso o motorista seja nacional de um país terceiro.
urgente, nomeadamente no caso de catástrofes naturais.
A licença comunitária é emitida por um Estado-Membro, nos
Entende-se por: termos do presente regulamento, aos transportadores rodoviários
«Veículo»: um veículo a motor matriculado num Estado-Membro de mercadorias por conta de outrem que:
ou um conjunto de veículos acoplados, dos quais pelo menos o - Estejam estabelecidos nesse Estado-Membro nos termos da
veículo a motor está matriculado num Estado-Membro, destinados legislação comunitária e da legislação desse Estado-Membro; e
exclusivamente ao transporte de mercadorias; - Estejam autorizados a efetuar no Estado-Membro de
estabelecimento, nos termos da legislação comunitária e da
«Transportes internacionais»: legislação desse Estado-Membro em matéria de acesso à
- As deslocações em carga de um veículo cujos pontos de partida atividade de transportador, transportes rodoviários internacionais
e de chegada se situam em dois Estados-Membros diferentes, de mercadorias.
com ou sem trânsito por um ou vários Estados-Membros ou países
terceiros; A licença comunitária é emitida pelas autoridades competentes do
- As deslocações em carga de um veículo com origem num Estado-Membro de estabelecimento por períodos renováveis que
Estado-Membro com destino a um país terceiro, e vice-versa, com não podem exceder dez anos.
ou sem trânsito por um ou vários Estados-Membros ou países
terceiros; O Estado-Membro de estabelecimento entrega ao titular o original
- As deslocações em carga de um veículo entre países terceiros, da licença comunitária, que deve ser conservado pelo
atravessando em trânsito o território de um ou mais transportador, e o número de cópias certificadas correspondente ao
Estados-Membros; número de veículos de que o titular da licença comunitária dispõe,
- As deslocações sem carga relacionadas com os transportes acima quer em propriedade plena quer a outro título, por exemplo em
indicados. virtude de um contrato de compra a prestações, de aluguer ou de
locação financeira.
«Estado-Membro de acolhimento»: um Estado-Membro em que
opera um transportador, distinto do Estado-Membro de A licença comunitária é emitida em nome do transportador e não
estabelecimento do transportador; é transmissível. Cada um dos veículos do transportador deve ter a
bordo uma cópia certificada da licença comunitária, que deve ser
«Transportador não residente»: uma empresa de transporte apresentada sempre que for solicitada pelos agentes responsáveis
rodoviário de mercadorias que opera num Estado-Membro de pelo controlo.
acolhimento;
No caso de um conjunto de veículos acoplados, a cópia certificada
«Motorista»: qualquer pessoa que conduza o veículo, mesmo por da licença deve acompanhar o veículo trator. Esta cópia deve
um curto período, ou que siga num veículo no âmbito das suas abranger o conjunto dos veículos acoplados, mesmo que o reboque
funções para assegurar a sua condução, caso seja necessário; ou semirreboque não esteja matriculado ou autorizado a circular
em nome do titular da licença ou esteja matriculado ou autorizado
«Operações de cabotagem»: transportes nacionais por conta de a circular noutro Estado-Membro.
outrem efetuados a título temporário num Estado-Membro de
acolhimento, de acordo com o presente regulamento; O certificado de motorista é emitido por um Estado-Membro, nos
termos do presente regulamento, a qualquer transportador que:
«Infração grave à legislação comunitária no domínio do - Seja titular de uma licença comunitária; e
transporte rodoviário»: uma infração que pode acarretar a perda - No referido Estado-Membro, empregue legalmente um motorista

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
que não seja nacional nem residente de longa duração, na aceção Uma vez efetuada a entrega das mercadorias transportadas à
da Diretiva 2003/109/CE do Conselho, de 25 de Novembro chegada de um transporte internacional com origem num
de 2003, relativa ao estatuto dos nacionais de países terceiros Estado-Membro ou de um país terceiro e com destino ao
residentes de longa duração, de um Estado-Membro, ou utilize Estado-Membro de acolhimento, os transportadores ficam
legalmente os serviços de um motorista que não seja nacional nem autorizados a efetuar, com o mesmo veículo ou, tratando-se de
residente de longa duração, na aceção da mesma diretiva, de um um conjunto de veículos acoplados, com o veículo trator desse
Estado-Membro, e que esteja ao serviço desse transportador de mesmo conjunto, o máximo de três operações de cabotagem na
acordo com as condições de trabalho e formação profissional de sequência do referido transporte internacional. A última operação
motoristas fixadas nesse mesmo Estado-Membro: de descarga no quadro de uma operação de cabotagem, antes da
em disposições legais, regulamentares ou administrativas e, se saída do Estado-Membro de acolhimento, deve ter lugar no prazo
for caso disso, em convenções colectivas, de acordo com as regras de sete dias a contar da última operação de descarga realizada no
aplicáveis nesse Estado-Membro. Estado-Membro de acolhimento no quadro do transporte
internacional com destino a este último.
O certificado de motorista deve ostentar o carimbo da autoridade
emissora, bem como uma assinatura e um número de série. O No prazo indicado no parágrafo anterior, os transportadores
número de série do certificado de motorista pode ser inscrito no rodoviários podem efetuar uma parte ou a totalidade das
registo electrónico nacional das empresas de transporte rodoviário operações de cabotagem autorizadas nos termos do referido
enquanto parte integrante dos dados do transportador que parágrafo em qualquer Estado- Membro, na condição de se
disponibiliza o certificado ao motorista nele identificado. limitarem a uma operação de cabotagem por Estado-Membro no
prazo de três dias a contar da entrada sem carga no território
O certificado de motorista é propriedade do transportador, que o desse Estado-Membro.
deve entregar ao motorista nele identificado quando este tenha de
conduzir um veículo a coberto de uma licença comunitária de que Os serviços nacionais de transporte rodoviário de mercadorias
o transportador seja titular. O transportador deve conservar nas efetuados no Estado-Membro de acolhimento por um
suas instalações uma cópia certificada do certificado de motorista transportador não residente só são considerados conformes com o
emitida pelas autoridades competentes do Estado-Membro de presente regulamento se o transportador puder apresentar provas
estabelecimento do transportador. O certificado de motorista claras da realização do transporte internacional com destino a este
deve ser apresentado sempre que for solicitado pelos agentes último e de cada uma das operações consecutivas de cabotagem
responsáveis pelo controlo. efetuadas.

O certificado de motorista é emitido por um período a fixar pelo As provas referidas no primeiro parágrafo devem incluir,
Estado-Membro emissor, não devendo a sua validade exceder relativamente a cada operação, os dados seguintes:
cinco anos. Os certificados de motorista emitidos antes da data de - Nome, endereço e assinatura do expedidor;
aplicação do presente regulamento permanecem válidos até ao - Nome, endereço e assinatura do transportador;
termo do seu prazo de validade. - Nome e endereço do destinatário, bem como a sua assinatura e a
data de entrega efetiva das mercadorias;
O certificado de motorista é válido apenas enquanto as condições - Local e data da recepção das mercadorias e local previsto para a
em que foi emitido estiverem preenchidas. Os Estados-Membros entrega;
tomam as medidas adequadas para assegurar que os certificados - Descrição comum da natureza das mercadorias e do método de
sejam devolvidos pelo transportador à autoridade emissora logo embalagem e, caso se trate de mercadorias perigosas, a sua
que essas condições deixem de estar preenchidas. descrição geralmente reconhecida, bem como o número de
volumes e as suas marcações e números especiais;
Os transportadores rodoviários de mercadorias por conta de - Peso bruto das mercadorias ou quantidade expressa de outra
outrem que sejam titulares de uma licença comunitária e cujos forma;
motoristas, quando nacionais de país terceiro, sejam titulares de - Matrícula do veículo trator e do reboque.
certificados de motorista, ficam autorizados, nas condições fixadas
no presente capítulo, a efetuar operações de cabotagem.

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
A realização de operações de cabotagem está sujeita, salvo Regulamentação nacional
disposição em contrário da legislação comunitária, às disposições
legislativas, regulamentares e administrativas em vigor no O Decreto-Lei nº 257/2007, alterado pelo Decreto-Lei
Estado-Membro de acolhimento no que se refere: nº 136/2009, regulamenta a atividade de transporte rodoviário
- Às condições do contrato de transporte; de mercadorias por conta de outrem, nacional ou internacional,
- Aos pesos e dimensões dos veículos rodoviários; por meio de veículos de peso bruto igual ou superior a 2500 kg.
- Aos requisitos relativos ao transporte de determinadas categorias Esta atividade só pode ser exercida por sociedades comerciais ou
de mercadorias, nomeadamente mercadorias perigosas, géneros cooperativas, licenciadas pelo IMT.
perecíveis e animais vivos;
- Ao tempo de condução e aos períodos de repouso; A referida licença consubstancia -se num alvará ou licença
- Ao imposto sobre o valor acrescentado (IVA) aplicável aos serviços comunitária, a qual é intransmissível, sendo emitida por um prazo
de transporte. não superior a cinco anos, renovável por igual período, mediante
comprovação de que se mantêm os requisitos de acesso e de
Em caso de perturbação grave do mercado de transportes exercício de atividade.
nacionais numa zona geográfica determinada devido à atividade
de cabotagem ou por ela agravada, os Estados-Membros podem Ao IMT compete organizar registo de todas as empresas que real-
pedir à Comissão que tome medidas de salvaguarda, izem transportes de mercadorias por conta de outrem.
fornecendo-lhe as informações necessárias e notificando-a das
medidas que tencionam tomar em relação aos transportadores Não estão abrangidos pelo regime de licenciamento na atividade:
residentes. a) Os transportes de produtos ou mercadorias diretamente ligados
à gestão agrícola ou dela provenientes efetuados por meio de
Entende-se por: reboques atrelados aos respetivos tratores agrícolas;
«perturbação grave do mercado de transportes nacionais numa b) Os transportes de envios postais realizados no âmbito da
zona geográfica determinada»: o surgimento, nesse mercado, atividade de prestador de serviços postais;
de problemas específicos do mesmo, que possam originar um c) A circulação de veículos aos quais estejam ligados, de forma
excedente grave, suscetível de persistir, da oferta em relação à permanente e exclusiva, equipamentos ou máquinas.
procura, implicando uma ameaça para o equilíbrio financeiro e a
sobrevivência de um número significativo de transportadores, Os veículos utilizados no transporte rodoviário de mercadorias por
conta de outrem estão sujeitos a licença a emitir pelo IMT, quer
«zona geográfica»: uma zona que englobe uma parte ou a sejam da propriedade do transportador, objeto de contrato de
totalidade do território de um Estado-Membro ou se estenda a uma locação financeira ou contrato de aluguer sem condutor.
parte ou à totalidade do território de outros Estados-Membros.
A idade média da frota de automóveis da empresa não pode
Os Estados-Membros asseguram que as infrações graves à exceder 10 anos, sendo determinada a idade de cada veículo pela
legislação comunitária no domínio do transporte rodoviário data da primeira matrícula.
cometidas por transportadores estabelecidos no respetivo ter-
ritório, que tenham conduzido à aplicação de uma sanção por Os veículos automóveis licenciados para o
um Estado-Membro, bem como a eventual retirada temporária transporte rodoviário de mercadorias por
ou definitiva da licença comunitária ou de uma cópia certificada conta de outrem devem ostentar distintivos
desta, sejam inscritas no registo electrónico nacional das empresas de identificação.
de transporte rodoviário. Os dados inscritos no registo relacionados
com a retirada temporária ou definitiva de uma licença Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMT, os transportes de
comunitária devem permanecer na base de dados por um período carácter excepcional realizados por veículos afetos ao
de dois anos a contar do termo do período de retirada, em caso de transporte por conta própria cujo peso bruto exceda 2500 kg em
retirada temporária, ou da data da retirada, em caso de retirada que, cumulativamente:
definitiva. a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo
proprietário;

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
b) O transporte seja efetuado sem fins lucrativos por a) Os objetos indivisíveis transportados tenham as mesmas
colectividades de utilidade pública ou outras agremiações caraterísticas;
filantrópicas, desportivas ou recreativas; b) Os objetos indivisíveis tenham dimensões e peso iguais ou
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins inferiores aos que constam da autorização;
das entidades que efetuam o transporte; c) O transporte se realize no mesmo itinerário, em qualquer dos
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que sentidos;
realiza o transporte, de algum dos seus associados ou cedidos a d) O veículo ou conjunto que realiza o transporte seja o mesmo.
título gratuito por outras entidades.
SUGERE-SE A CONSULTA INTEGRAL DO DL 257/2007 - (ANEXO II)
Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem a A Lei nº 10/90 estabeleceu a Lei de Bases do Sistema de
realizar por transportadores não residentes sediados fora do Transportes Terrestres.
território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir
pelo IMT, a qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade. Considera-se transportes públicos, ou por conta de outrem, os
efetuados por empresas habilitadas a explorar a atividade de
Os transportes especiais dependem de uma autorização especial prestação de serviços de transportes, com ou sem carácter de
de trânsito, nomeadamente o trânsito na via pública de veículos ou regularidade, e destinados a satisfazer, mediante remuneração,
conjuntos de veículos matriculados nos termos do artigo 117º do as necessidades dos utentes, e por transportes particulares, ou por
Código da Estrada: conta própria, os efetuados por pessoas singulares ou colectivas
a) Com pesos e ou dimensões que excedam os limites para viabilizar a satisfação das suas necessidades ou
regulamentares; complementar o exercício da sua atividade específica ou principal.
b) Que transportem objetos indivisíveis que excedam os limites da
respetiva caixa ou a altura de 4 m; Quanto ao objeto da deslocação, distinguem-se os transportes de
c) Cujo peso bruto ou pesos por eixo, em virtude do transporte de pessoas, ou de passageiros, dos de mercadorias, ou de carga, e dos
objetos indivisíveis, excedam os limites regulamentares. mistos.

O trânsito de veículos ou conjuntos de veículos está sujeito a Quanto ao âmbito espacial da deslocação, consideram-se:
autorização anual sempre que estes transportem objetos a) Transportes internacionais, os que, implicando atravessamento
indivisíveis cujas dimensões excedam os limites das respetivas de fronteiras, se desenvolvam parcialmente em território
caixas de carga ou a altura de 4 m a contar do solo. português;
b) Transportes internos, os que se desenvolvam exclusivamente em
Os veículos excepcionais estão sujeitos a autorização anual quando território nacional, dentro dos quais se consideram as seguintes
não ultrapassarem as dimensões máximas fixadas para este tipo subcategorias:
de autorização, ainda que dos respetivos documentos de 1) Transportes interurbanos, os que visam satisfazer as
identificação conste a exigência de autorização caso a caso. necessidades de deslocação entre diferentes municípios não
integrados numa mesma região metropolitana de transportes;
O trânsito de veículos está sujeito a autorização ocasional sempre 2) Transportes regionais, os transportes interurbanos que se
que: realizam no interior de uma dada região, designadamente de uma
a) As dimensões do veículo ou do conjunto excedam os limites região autónoma;
máximos permitidos para emissão de 3) Transportes locais, os que visam satisfazer as necessidades de
autorização anual, quando se trate de veículo excepcional; deslocação dentro de um município ou de uma região
b) As dimensões totais e ou o peso bruto do veículo ou do conjunto metropolitana de transportes;
excedam os limites máximos permitidos para emissão de 4) Transportes urbanos, os que visam satisfazer as necessidades
autorização anual. de deslocação em meio urbano, como tal se entendendo o que
é abrangido pelos limites de uma área de transportes urbanos
Para os veículos ou conjuntos de veículos sujeitos a autorização ou pelos de uma área urbana de uma região metropolitana de
ocasional podem ser emitidas autorizações de curta duração (até 6 transportes.
meses) quando:

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
1. 2 - Títulos para o exercício da atividade de outrem, nacional ou internacional, por meio de veículos de peso
bruto igual ou superior a 2500 kg só pode ser exercida por
transporte sociedades comerciais ou cooperativas, licenciadas pelo IMT.

Os transportes internacionais são efetuados a coberto de uma A referida licença consubstancia -se num alvará ou licença
licença comunitária, em conjugação com um certificado de comunitária, a qual é intransmissível, sendo emitida por um prazo
motorista caso o motorista seja nacional de um país terceiro. não superior a cinco anos, renovável por igual período, mediante
comprovação de que se mantêm os requisitos de acesso e de
A licença comunitária é emitida por um Estado-Membro, nos exercício de atividade.
termos do presente regulamento, aos transportadores rodoviários Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMT, os transportes de
de mercadorias por conta de outrem que: carácter excepcional realizados por veículos afetos ao
- Estejam estabelecidos nesse Estado-Membro nos termos da transporte por conta própria cujo peso bruto exceda 2500 kg em
legislação comunitária e da legislação desse Estado-Membro; e que, cumulativamente:
- Estejam autorizados a efetuar no Estado-Membro de a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo
estabelecimento, nos termos da legislação comunitária e da proprietário;
legislação desse Estado-Membro em matéria de acesso à b) O transporte seja efetuado sem fins lucrativos por
atividade de transportador, transportes rodoviários internacionais colectividades de utilidade pública ou outras agremiações
de mercadorias. filantrópicas, desportivas ou recreativas;
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins
A licença comunitária é emitida pelas autoridades competentes do das entidades que efetuam o transporte;
Estado-Membro de estabelecimento por períodos renováveis que d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que
não podem exceder dez anos. realiza o transporte, de algum dos seus associados ou cedidos a
título gratuito por outras entidades.
O certificado de motorista é emitido por um Estado-Membro, nos
termos do presente regulamento, a qualquer transportador que: Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem a
- Seja titular de uma licença comunitária; e realizar por transportadores não residentes sediados fora do
- No referido Estado-Membro, empregue legalmente um território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir
motorista que não seja nacional nem residente de longa duração, pelo IMT, a qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade.
na aceção da Diretiva 2003/109/CE do Conselho, de 25 de
Novembro de 2003, relativa ao estatuto dos nacionais de países Os transportes internacionais a realizar por transportadores
terceiros residentes de longa duração, de um Estado-Membro, ou residentes, entre o território português e o território de países não
utilize legalmente os serviços de um motorista que não seja nacio- membros da União Europeia, com quem o Estado Português haja
nal nem residente de longa duração, na aceção da mesma diretiva, celebrado um acordo bilateral ou multilateral sobre transportes
de um Estado-Membro, e que esteja ao serviço desse transportador rodoviários, estão sujeitos a autorização a emitir pelo IMT dentro
de acordo com as condições de trabalho e formação profissional de dos limites quantitativos resultantes desses acordos ou convenções.
motoristas fixadas nesse mesmo Estado-Membro:
em disposições legais, regulamentares ou administrativas e, se São autorizados os transportes de cabotagem efetuados por
for caso disso, em convenções colectivas, de acordo com as regras transportadores da União Europeia e do espaço económico
aplicáveis nesse Estado-Membro. europeu desde que sejam efetuados na sequência de um
transporte internacional com o mesmo veículo ou, tratando-se
Os transportadores rodoviários de mercadorias por conta de de um conjunto de veículos acoplados, com o veículo trator desse
outrem que sejam titulares de uma licença comunitária e cujos mesmo conjunto, e não excedam três operações de cabotagem,
motoristas, quando nacionais de país terceiro, sejam titulares de durante um prazo de sete dias a contar da data de descarga das
certificados de motorista, ficam autorizados, nas condições fixadas mercadorias objeto do transporte internacional.
no presente capítulo, a efetuar operações de cabotagem.
Os transportes especiais dependem de uma autorização especial
A atividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta de de trânsito, nomeadamente o trânsito na via pública de veículos ou

73
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
conjuntos de veículos matriculados nos termos do artigo 117º do c) O transporte se realize no mesmo itinerário, em qualquer dos
Código da Estrada: sentidos;
a) Com pesos e ou dimensões que excedam os limites d) O veículo ou conjunto que realiza o transporte seja o mesmo.
regulamentares;
b) Que transportem objetos indivisíveis que excedam os limites da
respetiva caixa ou a altura de 4 m;
1. 3 - Obrigações dos contratos-modelo de
c) Cujo peso bruto ou pesos por eixo, em virtude do transporte de transporte de mercadorias
objetos indivisíveis, excedam os limites regulamentares.
O Decreto-Lei nº 239/2003, alterado pelo Decreto-Lei 145/2008,
O trânsito de veículos ou conjuntos de veículos está sujeito a estabelece o regime jurídico do contrato de transporte rodoviário
autorização anual sempre que estes transportem objetos nacional de mercadorias.
indivisíveis cujas dimensões excedam os limites das respetivas
caixas de carga ou a altura de 4 m a contar do solo. O contrato de transporte rodoviário nacional de mercadorias é o
celebrado entre transportador e expedidor nos termos do qual o
Os veículos excepcionais estão sujeitos a autorização anual quando primeiro se obriga a deslocar mercadorias, por meio de
não ultrapassarem as dimensões máximas fixadas para este tipo veículos rodoviários, entre locais situados no território nacional e a
de autorização, ainda que dos respetivos documentos de entregá-las ao destinatário.
identificação conste a exigência de autorização caso a caso.
Transportador é a empresa regularmente constituída para o
O trânsito de máquinas matriculadas está sujeito a autorização transporte público ou por conta de outrem de mercadorias e
anual sempre que o respetivo peso bruto seja igual ou inferior a expedidor é o proprietário, possuidor ou mero detentor das
60 t e excedam qualquer das seguintes dimensões: mercadorias.
a) Em comprimento, 20 m;
b) Em largura, 3 m; Quando, ao abrigo de um único contrato, as mercadorias sejam
c) Em altura, 4,60 m a contar do solo. transportadas em parte por meio rodoviário e em parte por meio
aéreo, ferroviário, marítimo ou fluvial, aplica-se à parte rodoviária
O trânsito de máquinas agrícolas, florestais e industriais não o regime jurídico constante deste diploma.
matriculadas está sujeito a autorização anual, salvo se
excederem o peso bruto de 40 t ou qualquer das dimensões A guia de transporte faz prova da celebração, termos e condições
fixadas no número anterior. do contrato de transporte. A falta, irregularidade ou perda da
guia não prejudicam a existência nem a validade do contrato de
O trânsito de veículos está sujeito a autorização ocasional sempre transporte.
que:
a) As dimensões do veículo ou do conjunto excedam os limites Quando a mercadoria a transportar for carregada em mais de um
máximos permitidos para emissão de autorização anual, quando veículo ou se trate de diversas espécies de mercadorias ou de lotes
se trate de veículo excepcional; distintos, o expedidor ou o transportador podem exigir que sejam
b) As dimensões totais e ou o peso bruto do veículo ou do conjunto preenchidas tantas guias quantos os veículos a utilizar ou quantas
excedam os limites máximos permitidos para emissão de as espécies ou lotes de mercadorias.
autorização anual.
A guia de transporte deve ser emitida em triplicado, assinada pelo
Para os veículos ou conjuntos de veículos sujeitos a autorização expedidor e pelo transportador ou aceite por forma escrita, por
ocasional podem ser emitidas autorizações de curta duração (até 6 meio de carta, telegrama, telefax ou outros meios informáticos
meses) quando: equivalentes, e conter os seguintes elementos:
a) Os objetos indivisíveis transportados tenham as mesmas a) Lugar e data em que é preenchida;
caraterísticas; b) Nome e endereço do transportador, do expedidor e do
b) Os objetos indivisíveis tenham dimensões e peso iguais ou destinatário;
inferiores aos que constam da autorização; c) Lugar e data do carregamento da mercadoria e local previsto

74
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
para a entrega; razoáveis de verificar a exatidão das indicações constantes da guia
d) Denominação corrente da mercadoria e tipo de embalagem de transporte.
e, quando se trate de mercadorias perigosas ou de outras que
careçam de precauções especiais, a sua denominação nos termos Sempre que o transportador cumpra o contrato de transporte por
da legislação especial aplicável; meio de terceiros mantém para com o expedidor a sua originária
e) Peso bruto da mercadoria, número de volumes ou quantidade qualidade e assume para com o terceiro a qualidade de expedidor.
expressa de outro modo.
Se ao abrigo de um único contrato o transporte for executado por
Quando for caso disso, a guia deve conter também as seguintes transportadores rodoviários sucessivos, o contrato produz efeitos
indicações: relativamente ao segundo e a cada um dos seguintes
a) Prazo para a realização do transporte; transportadores a partir do momento da aceitação da mercadoria
b) Declaração de valor da mercadoria; e da guia de transporte. O transportador que aceitar a
c) Declaração de interesse especial na entrega; mercadoria do transportador precedente deve entregar recibo
d) Entrega mediante reembolso. datado e assinado, indicar o seu nome e morada na guia de
transporte e, se entender necessário, formular reservas.
As partes podem ainda inscrever na guia de transporte outras
menções, nomeadamente o preço e outras despesas relativas ao O cumprimento da prestação do transportador ocorre com a
transporte, lista de documentos entregues ao transportador e entrega da mercadoria ao destinatário. Em caso de vício aparente
instruções do expedidor ou do destinatário. da mercadoria ou defeito da embalagem, o destinatário deve,
no momento da aceitação, formular reservas que indiquem a
O expedidor pode exigir que o transportador verifique o peso bruto natureza da perda ou avaria. Em caso de vício não aparente, o
da mercadoria ou a sua quantidade expressa de outro modo, bem destinatário dispõe de oito dias a contar da data da aceitação da
como o número ou o conteúdo dos volumes, devendo mencionar mercadoria para formular reservas escritas devidamente
na guia de transporte o resultado da verificação. fundamentadas e para as comunicar ao transportador.

Salvo convenção em contrário, o expedidor pode, durante a Se o destinatário receber a mercadoria sem verificar o seu estado
execução do contrato, fazer suspender o transporte, modificar o contraditoriamente com o transportador, ou sem formular as
lugar previsto para a entrega da mercadoria ou designar reservas a que se referem os números anteriores, presume-se,
destinatário diferente do indicado na guia de transporte. salvo prova em contrário, que as mercadorias se encontravam
em boas condições. Para efeitos de verificação da mercadoria, o
O expedidor pode, mediante o pagamento de um suplemento de transportador e o destinatário devem conceder reciprocamente as
preço a convencionar, declarar na guia de transporte o valor da facilidades consideradas razoáveis.
mercadoria.
No caso de impossibilidade de cumprimento do contrato de
O expedidor pode, mediante o pagamento de um suplemento de transporte nas condições acordadas, o transportador deve pedir
preço a convencionar, declarar na guia de transporte o valor do instruções ao expedidor ou, se tal estiver convencionado, ao
interesse especial na entrega da mercadoria, para o caso de perda, destinatário.
avaria ou incumprimento do prazo convencionado.
Caso o transportador não possa obter em tempo útil as instruções
Sempre que da guia de transporte conste a cláusula de entrega a que se refere o número anterior e não seja possível a devolução
mediante reembolso e a mercadoria seja entregue ao destinatário das mercadorias ao expedidor, deve tomar as medidas mais ade-
sem cobrança, o transportador fica obrigado a indemnizar o quadas à sua conservação. Tratando-se de mercadorias perecíveis,
expedidor até esse valor, sem prejuízo do direito de regresso. o transportador pode vendê-las, devendo o produto da venda ser
posto à disposição do expedidor, sem prejuízo do número seguinte.
O transportador pode formular reservas se, no momento da
recepção da mercadoria, constatar que esta ou a embalagem O transportador tem direito ao reembolso das despesas causadas
apresentam defeito aparente, bem como quando não tiver meios pelo pedido de instruções ou pela sua execução, bem como das

75
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
ocasionadas pela devolução, pelas medidas de conservação ou RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR
venda das mercadorias, a não ser que estas despesas sejam O transportador é responsável pela perda total ou parcial das
consequência de falta do transportador. mercadorias ou pela avaria que se produzir entre o momento
do carregamento e o da entrega, assim como pela demora na
Presume-se que não é possível a devolução da mercadoria ao entrega.
expedidor quando o tempo necessário para o efeito puder provocar O transportador responde, como se fossem cometidos por ele
uma depreciação na mercadoria de, pelo menos, 30% do próprio, pelos atos e omissões dos seus empregados, agentes,
respetivo valor, se este estiver determinado, ou do valor calculado representantes ou outras pessoas a quem recorra para a execução
nos termos do artigo 23º. do contrato. A responsabilidade do transportador fica excluída se
a perda, avaria ou demora se dever à natureza ou vício próprio
O transportador goza do direito de retenção sobre as mercadorias da mercadoria, a culpa do expedidor ou do destinatário, a caso
transportadas como garantia de pagamento de créditos vencidos fortuito ou de força maior.
de que seja titular relativamente a serviços de transporte
prestados. A responsabilidade do transportador fica ainda excluída quando
a perda ou avaria resultar dos riscos inerentes a qualquer dos
Sempre que exercer o direito de retenção, o transportador deve seguintes fatos:
notificar o destinatário e o expedidor, se um e outro forem pessoas a) Falta ou defeito da embalagem relativamente às mercadorias
diversas, dentro dos três dias imediatos à data prevista para a que, pela sua natureza, estão sujeitas a perdas ou avarias quando
entrega da mercadoria. No exercício do direito de retenção, o não estão devidamente embaladas;
transportador deve propor a competente ação judicial dentro dos b) Manutenção, carga, arrumação ou descarga da mercadoria
20 dias subsequentes à notificação referida no número anterior. pelo expedidor ou pelo destinatário ou por pessoas que atuem por
As despesas com a conservação das mercadorias, efetuadas no conta destes;
exercício do direito de retenção, ficam a cargo do devedor. c) Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos símbolos dos
volumes. O transportador não pode invocar defeitos do veículo que
O transportador goza de privilégio pelos créditos resultantes do utiliza no transporte para excluir a sua responsabilidade.
contrato de transporte sobre as mercadorias transportadas. Este
privilégio cessa com a entrega das mercadorias ao destinatário. Há demora na entrega quando a mercadoria não for entregue ao
Sendo muitos os transportadores, o último exercerá o direito por destinatário no prazo convencionado ou, não havendo prazo, nos
todos os outros. sete dias seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador.
Quando a mercadoria não for entregue nos sete dias seguintes ao
RESPONSABILIDADE DO EXPEDIDOR termo do prazo convencionado ou, não havendo prazo, nos 15 dias
O expedidor responde por todas as despesas e prejuízos seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador, conside-
resultantes da inexatidão ou insuficiência das indicações contidas ra-se que há perda total.
na guia de transporte relativas às mercadorias e ao destinatário,
bem como pelas despesas de verificação da mercadoria. O valor da indemnização devida por perda ou avaria não pode
ultrapassar 10 euros por quilograma de peso bruto de mercadoria
O expedidor responde pelos danos causados por defeito da em falta. A indemnização por demora na entrega não pode ser
mercadoria ou da embalagem, salvo se o transportador, sendo o superior ao preço do transporte e só é devida quando o interes-
defeito aparente ou dele tendo tido conhecimento no momento sado demonstrar que dela resultou prejuízo, salvo quando exista
em que recebeu a mercadoria, não tiver formulado as devidas declaração de interesse especial na entrega, caso em que pode
reservas. ainda ser exigida indemnização por lucros cessantes de que seja
apresentada prova.
Quando o contrato tiver por objeto o transporte de mercadorias
perigosas, ou outras que careçam de precauções especiais nos Sempre que a perda, avaria ou demora resultem de atuação
termos de legislação especial aplicável, o expedidor deve assinalar dolosa do transportador, este não pode prevalecer-se das
com exatidão a sua natureza, sendo responsável por todas as disposições que excluem ou limitam a sua responsabilidade.
despesas e prejuízos, em caso de omissão.

76
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS TRANSPORTADORES Quando for caso disso, a guia deve conter também as seguintes
SUCESSIVOS indicações:
No transporte sucessivo, verificando-se a ocorrência de danos e não a) Prazo para a realização do transporte;
podendo determinar-se o transportador responsável por aqueles, b) Declaração de valor da mercadoria;
todos os transportadores são solidariamente responsáveis pelas c) Declaração de interesse especial na entrega;
indemnizações que sejam devidas. Na situação prevista no número d) Entrega mediante reembolso.
anterior e em caso de insolvência de um ou mais transportadores,
a parte da indemnização que lhes for imputável será suportada As partes podem ainda inscrever na guia de transporte outras
pelos demais, na proporção das suas remunerações. menções, nomeadamente o preço e outras despesas relativas ao
transporte, lista de documentos entregues ao transportador e
Em caso de perda total ou parcial, ou depreciação, quando não instruções do expedidor ou do destinatário.
esteja determinado o valor da mercadoria, este é calculado
segundo o preço corrente no mercado relevante para mercadorias
da mesma natureza e qualidade.
Exemplo
O direito à indemnização por danos decorrentes de
responsabilidade do transportador prescreve no prazo de um ano.
O prazo referido no número anterior conta-se a partir da data
da entrega da mercadoria ao destinatário ou da sua devolução
ao expedidor ou, em caso de perda total, do 30º dia posterior à
aceitação da mercadoria pelo transportador.

1. 4 - Redação dos documentos que


constituem o contrato de transporte
A guia de transporte faz prova da celebração, termos e condições
do contrato de transporte. A falta, irregularidade ou perda da
guia não prejudicam a existência nem a validade do contrato de
transporte.

A guia de transporte deve ser emitida em triplicado, assinada pelo


expedidor e pelo transportador ou aceite por forma escrita, por
meio de carta, telegrama, telefax ou outros meios informáticos
equivalentes, e conter os seguintes elementos:
1. 5 - Autorizações de transporte
a) Lugar e data em que é preenchida; internacional
b) Nome e endereço do transportador, do expedidor e do
destinatário; Os transportes internacionais são efetuados a coberto de uma
c) Lugar e data do carregamento da mercadoria e local previsto licença comunitária, em conjugação com um certificado de
para a entrega; motorista caso o motorista seja nacional de um país terceiro.
d) Denominação corrente da mercadoria e tipo de embalagem
e, quando se trate de mercadorias perigosas ou de outras que A licença comunitária é emitida por um Estado-Membro, nos
careçam de precauções especiais, a sua denominação nos termos termos do presente regulamento, aos transportadores rodoviários
da legislação especial aplicável; de mercadorias por conta de outrem que:
e) Peso bruto da mercadoria, número de volumes ou quantidade - Estejam estabelecidos nesse Estado-Membro nos termos da
expressa de outro modo. legislação comunitária e da legislação desse Estado-Membro; e
- Estejam autorizados a efetuar no Estado-Membro de

77
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
estabelecimento, nos termos da legislação comunitária e da No caso das autorizações CEMT, os veículos a utilizar no transporte
legislação desse Estado-Membro em matéria de acesso à devem ser, pelo menos, EURO 1. Contudo, a partir de 1 de Janeiro
atividade de transportador, transportes rodoviários internacionais de 2009, só os veículos de categorias EURO 3, 4 e 5 podem realizar
de mercadorias. transportes a coberto destas autorizações.

A licença comunitária é emitida pelas autoridades competentes do Semestralmente, os transportadores deverão remeter ao IMT os
Estado-Membro de estabelecimento por períodos renováveis que impressos descritivos respeitantes às viagens realizadas.
não podem exceder dez anos.

O certificado de motorista é emitido por um Estado-Membro, nos


1. 6 - Obrigações da Convenção relativa
termos do presente regulamento, a qualquer transportador que: ao contrato de transporte internacional de
- Seja titular de uma licença comunitária; e
- No referido Estado-Membro, empregue legalmente um motorista
mercadorias por estrada (CMR)
que não seja nacional nem residente de longa duração, na aceção
A Convenção CMR (Cargo Movement Requirement, relativa ao
da Diretiva 2003/109/CE do Conselho, de 25 de Novembro
Contrato de Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada,
de 2003, relativa ao estatuto dos nacionais de países terceiros
regulamenta o transporte de bens de todos os tipos por veículos
residentes de longa duração, de um Estado-Membro, ou utilize
pesados de mercadorias. É aplicável quando o local de carga dos
legalmente os serviços de um motorista que não seja nacional nem
bens e o local de descarga dos bens se encontram em países
residente de longa duração, na aceção da mesma diretiva, de um
diferentes, sendo pelo menos um dos países signatário da CMR.
Estado-Membro, e que esteja ao serviço desse transportador de
acordo com as condições de trabalho e formação profissional de
A convenção é aplicável independentemente do domicílio ou
motoristas fixadas nesse mesmo Estado-Membro: em disposições
nacionalidade das partes. A convenção é válida em todos os
legais, regulamentares ou administrativas e, se for caso disso, em
Estados-Membros da União Europeia e em alguns outros países.
convenções colectivas, de acordo com as regras aplicáveis nesse
Caso uma determinada situação não esteja suficientemente
Estado-Membro.
regulamentada pela CMR, aplica-se o direito nacional nas partes
omissas.
Os transportadores rodoviários de mercadorias por conta de
outrem que sejam titulares de uma licença comunitária e cujos
Esta convenção teve como principal objetivo regular de maneira
motoristas, quando nacionais de país terceiro, sejam titulares de
uniforme as condições do contrato de transporte internacional de
certificados de motorista, ficam autorizados, nas condições fixadas
mercadorias por estrada, em particular no que diz respeito aos
no presente capítulo, a efetuar operações de cabotagem.
documentos utilizados para este transporte e à responsabilidade
do transportador.
As autorizações bilaterais, são válidas entre dois países, em função
de acordos que Portugal tenha concluído com certos países não
A Convenção não se aplica:
comunitários.
a) Aos transportes efetuados ao abrigo de convenções postais
internacionais;
As autorizações CEMT são multilaterais, permitindo livremente o
b) Aos transportes funerários;
transporte de mercadorias dentro do território de todos os países
c) Aos transportes de mobiliário por mudança de domicílio.
que fazem parte da Conferência Europeia dos Ministros de
Transportes. No intuito de melhorar o meio ambiente, a CEMT
O contrato de transporte estabelece-se por meio de uma declaração
estipulou regras de distribuição destas autorizações pelos países
de expedição. A declaração de expedição estabelece-se em três
membros, em função do desempenho ambiental.
exemplares originais assinados pelo expedidor e pelo
transportador. O primeiro exemplar é entregue ao expedidor, o
Podem requerer autorizações bilaterais ou CEMT, necessárias para
segundo acompanha a mercadoria e o terceiro fica em poder do
realizar transportes internacionais de mercadorias de ou para
transportador.
países não-comunitários, as empresas titulares de licença
comunitária emitida pelo IMT.
Quando a mercadoria a transportar é carregada em veículos

78
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
diferentes, ou quando se trata de diversas espécies de mercadorias 1. 7 - Redação da declaração de expedição
ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador têm o direito
de exigir que sejam preenchidas tantas declarações de expedição A declaração de expedição estabelece-se em três exemplares
quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou lotes de originais assinados pelo expedidor e pelo transportador, podendo
mercadorias. estas assinaturas ser impressas ou substituídas pelas chancelas
do expedidor e do transportador, se a legislação do país onde se
A declaração de expedição deve conter as seguintes indicações: preenche a declaração de expedição o permite.
a) Lugar e data em que é preenchida; O primeiro exemplar é entregue ao expedidor, o segundo
b) Nome e endereço do expedidor; acompanha a mercadoria e o terceiro fica em poder do
c) Nome e endereço do transportador; transportador.
d) Lugar e data do carregamento da mercadoria e lugar previsto
de entrega; Quando a mercadoria a transportar é carregada em veículos
e) Nome e endereço do destinatário; diferentes, ou quando se trata de diversas espécies de mercadorias
f) Denominação corrente da natureza da mercadoria e modo de ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador têm o direito
embalagem e, quando se trate de mercadorias perigosas, sua de exigir que sejam preenchidas tantas declarações de expedição
denominação geralmente aceite; quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou lotes de
g) Número de volumes, marcas especiais e números; mercadorias.
h) Peso bruto da mercadoria ou quantidade expressa de outro
modo; A declaração de expedição deve conter as indicações seguintes:
i) Despesas relativas ao transporte (preço do transporte, despesas a) Lugar e data em que é preenchida;
acessórias, direitos aduaneiros e outras despesas que venham a b) Nome e endereço do expedidor;
surgir a partir da conclusão do contrato até à entrega); c) Nome e endereço do transportador;
j) Instruções exigidas para as formalidades aduaneiras e outras; d) Lugar e data do carregamento da mercadoria e lugar previsto
k) Indicação de que o transporte fica sujeito ao regime de entrega;
estabelecido por esta Convenção, a despeito de qualquer cláusula e) Nome e endereço do destinatário;
em contrário. f) Denominação corrente da natureza da mercadoria e modo de
embalagem e, quando se trate de mercadorias perigosas, sua
Quando seja caso disso, a declaração de expedição deve conter denominação geralmente aceite;
também as seguintes indicações: g) Número de volumes, marcas especiais e números;
a) Proibição de transbordo; h) Peso bruto da mercadoria ou quantidade expressa de outro
b) Despesas que o expedidor toma a seu cargo; modo;
c) Valor da quantia a receber no momento da entrega da i) Despesas relativas ao transporte (preço do transporte, despesas
mercadoria; acessórias, direitos aduaneiros e outras despesas que venham a
d) Valor declarado da mercadoria e quantia que representa o surgir a partir da conclusão do contrato até à entrega);
interesse especial na entrega; j) Instruções exigidas para as formalidades aduaneiras e outras;
e) Instruções do expedidor ao transportador no que se refere ao k) Indicação de que o transporte fica sujeito ao regime estabe-
seguro da mercadoria; lecido por esta Convenção, a despeito de qualquer cláusula em
f) Prazo combinado, dentro do qual deve efetuar-se o transporte; contrário.
g) Lista dos documentos entregues ao transportador.
Quando seja caso disso, a declaração de expedição deve conter
Ao tomar conta da mercadoria, o transportador tem o dever de também as seguintes indicações:
verificar a exatidão das indicações da declaração de expedição a) Proibição de transbordo;
acerca do número de volumes, marcas e números, bem como o b) Despesas que o expedidor toma a seu cargo;
estado aparente da mercadoria e da sua embalagem. c) Valor da quantia a receber no momento da entrega da
mercadoria;
Sugere-se a consulta integral da Convenção CMR - (anexo I) d) Valor declarado da mercadoria e quantia que representa o
interesse especial na entrega;

79
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
e) Instruções do expedidor ao transportador no que se refere ao deslocar para todos os outros países da EU sem terem de cumprir
seguro da mercadoria; quaisquer formalidades especiais. Basta serem portadores de um
f) Prazo combinado, dentro do qual deve efetuar-se o transporte; passaporte ou bilhete de identidade válido. O seu direito de viajar
g) Lista dos documentos entregues ao transportador. só pode ser restringido por motivos de ordem pública, segurança
pública ou saúde pública. Deste modo, o seu direito de viajar não
As partes podem mencionar na declaração de expedição qualquer depende das circunstâncias pessoais: quer seja por razões
outra indicação que considerem útil. profissionais ou privadas, têm o direito de viajar para qualquer
parte da União Europeia.
1. 8 - Passagem das fronteiras Se é cidadão comunitário, já não tem de mostrar o seu passaporte
ao cruzar as fronteiras entre os Estados Membros de Schengen.
O acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus
Contudo, os Estados-Membros de Schengen mantiveram o direito,
sobre uma política de livre circulação de pessoas no espaço
com base nas respetivas legislações nacionais, de proceder a
geográfico da Europa. São 24 nações da União Europeia (Bulgária,
controlos de identidade nos seus territórios, no exercício das suas
Roménia e Chipre aguardam a implementação) e mais outros
funções de polícia judiciária. A legislação nacional define se o
quatro países europeus membros da EFTA (Islândia, Noruega e
cidadão deve fazer se acompanhar por um bilhete de identidade
Suíça; Liechenstein aguarda implementação).
ou passaporte válido.
O Espaço Schengen permite a
Qualquer cidadão na posse de um visto Schengen pode entrar num
livre circulação de pessoas dentro
país e viajar livremente em todo o Espaço Schengen, já que deixou
dos países signatários, sem a
de haver controlos nas fronteiras internas.
necessidade de apresentação de
passaporte nas fronteiras. Porém,
Se pretender visitar apenas um Estado Membro signatário de
é necessário ser portador de um
Schengen, deve pedir o visto na Embaixada ou Consulado desse
documento legal como, por exemplo, o Bilhete de Identidade. Além
Estado Membro. Se pretender visitar diversos países do Espaço
do mais, o Espaço Schengen não se relaciona com a livre circulação
Schengen, deve pedir o visto na Embaixada ou Consulado do país
de mercadorias (embargos, etc.) cuja entidade mediadora é a
que constitui o seu destino principal. Se pretender visitar diversos
União Europeia e os outros membros fora do bloco económico.
países do Espaço Schengen mas não tiver um destino principal,
deve pedir o visto na Embaixada ou Consulado do país no qual
entrar em primeiro lugar.

Se alguns dos membros da sua família forem nacionais de um país


terceiro, deve pedir os vistos de entrada necessários.

Transporte internacional - TIR


Uma típica fronteira Schengen sem nenhum posto de controle.
Na foto, fronteira entre Áustria e Alemanha.
Em Novembro de 1975, a Comissão Económica para Europa das
Para as pessoas, o impato mais visível da existência do Espaço Nações Unidas, promoveu a convenção TIR (Customs Convention on
Schengen é o fato de terem deixado de exibir o passaporte the International Transporto of Goods), que rapidamente se tornou
quando atravessam as fronteiras entre os Estados Membros de a mais bem sucedida convenção de transportes internacionais.
Schengen. Tal não significa, porém, que viajar no Espaço Schengen
seja o mesmo que viajar dentro de um determinado Estado Até esta data assinaram esta convenção 68 países, incluindo a
Membro no que diz respeito à posse de um documento de viagem Europa, norte de África, e médio Oriente.
ou de identidade. A lei de cada Estado Membro determina se uma
pessoa precisa ou não de ter consigo esses documentos. Até hoje a convenção sofreu 28 emendas, adaptando-se às novas
realidades e necessidades.
Os nacionais dos Estados Membros da União têm o direito de se

80
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
VANTAGENS medidas especiais de controlo baseadas na análise de risco e
O objetivo da convenção é facilitar o movimento de mercadorias, denúncias.
harmonizando os procedimentos de controlo alfandegário,
mantendo-se a segurança e garantias. As vantagens para as transportadoras são óbvias. As mercadorias
podem atravessar fronteiras com interferência mínima das
Para o efeito, as regras não devem ser demasiado facilitadoras, autoridades alfandegárias. Desta forma há um encorajamento
nem demasiado complexas para os agentes transportadores. É ao transporte internacional. A redução do tempo de espera nas
fundamental encontrar o equilíbrio entre as exigências fronteiras reflete-se numa redução dos custos.
alfandegárias e dos operadores do transporte.
A Convenção TIR também fornece, através da sua corrente
Tradicionalmente quando uma mercadoria atravessava fronteiras internacional, acesso simples às necessárias garantias, sem as
rodoviárias, as autoridades alfandegárias em cada Estado quais o transporte não é possível.
aplicavam as normas e procedimentos nacionais, os quais
variavam de Estado para Estado, mas que frequentemente Desta forma, os importadores e exportadores passam a dispor de
envolviam a inspeção da carga em cada fronteira e a imposição mais escolha para o movimento da sua mercadoria.
de procedimentos de segurança. Estas medidas aplicadas em cada
país em trânsito levavam a consideráveis despesas e atrasos e PRINCÍPIOS
interferência no trânsito internacional. A fim de garantir que a mercadoria circula com o mínimo de
interferências e garantir a segurança para as autoridades
No sentido de se reduzir estas dificuldades dos transportadores e, alfandegárias, a convenção TIR contém cinco requisitos básicos:
ao mesmo tempo, oferecer um sistema internacional de controlo 1. As mercadorias têm de ser transportadas em veículos seguros
que substituísse os tradicionais procedimentos nacionais, foi criado ou em contentores, garantindo-se que não é possível o acesso
o sistema TIR. à mercadoria após a selagem, ou sendo o caso, seja facilmente
detetável;
No que respeita ao controlo alfandegário, o sistema TIR tem 2. Ao longo da viagem, as taxas em risco devem ser cobertas por
claras vantagens para as administrações alfandegárias, uma vez garantias válidas internacionalmente;
que reduz as habituais exigências transitárias. Ao mesmo tempo 3. As mercadorias devem ser acompanhadas por um documento
o sistema TIR evita a necessidade (dispendiosa em instalações (caderneta TIR) internacionalmente aceite, aberta no país de
e mão-de-obra) da inspeção física nos países transitários, pela origem e servindo de documento de controlo alfandegários nos
simples verificação de selos e das condições externas do países de origem, trânsito e destino;
compartimento de carga ou contentor. Também dispensa a 4. As medidas de controlo alfandegário têm de ser aceites em
necessidade de garantias nacionais e sistemas nacionais de todos os países de trânsito e destino;
documentação. 5. Acesso aos procedimentos TIR limitado às associações nacionais
e utilizadores das cadernetas TIR, de forma a salvaguardar o
O transporte internacional passa a necessitar de um único sistema de atividades fraudulentas.
documento de trânsito, a caderneta TIR, que reduz o risco de
se apresentar informação incorreta ou insuficiente aos serviços Este sistema tem provado ser um sistema de trânsito alfandegário
alfandegários. eficiente e tem vindo a desempenhar um papel importantíssimo na
simplificação das trocas de mercadorias, primeiro na Europa, mas
Em caso de dúvida, as autoridades alfandegárias têm o direito a mais recentemente nas áreas vizinhas.
inspecionar as mercadorias seladas e, se necessário, interromper
o transporte TIR e/ou adoptar as medidas necessárias de acordo A CADERNETA TIR
com a legislação nacional. Estas situações deverão ocorrer apenas A Caderneta TIR pode ser emitida no país onde o titular está
a título excepcional. sedeado/reside ou no país de partida.

Desta forma, as autoridades conseguem reduzir procedimentos A Caderneta TIR é impressa em francês, à excepção da página 1
administrativos e dirigir os seus escassos recursos humanos para (capa) onde a informação é impressa também em inglês.

81
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
A Caderneta TIR é válida até à forma que seja facilmente legível em todas as folhas. Folhas
conclusão do transporte TIR na ilegíveis não serão aceites pelas autoridades alfandegárias.
alfândega de destino.
Podem ser acrescentadas folhas separadas ao manifesto que
No caso de transporte em contenham a informação necessária.
“comboio de viaturas” ou em
dois contentores numa viatura, Quando a caderneta contém informação relativa a vários veículos
basta apresentar uma única ou contentores, a informação tem de ser separada em
Caderneta TIR conformidade.

Cada Caderneta TIR pode Caso existam várias alfândegas de partida ou de chegada, deve
envolver várias alfândegas na separar-se a informação respeitante a cada serviço alfandegário.
partida e no destino, até ao
limite de quatro. A Caderneta Todos os vouchers têm de ser assinados e datados pelo portador da
apenas poderá ser apresentada caderneta ou seu agente.
na alfândega de destino, caso
todas as alfândegas de partida a tenham aceite.
Existem várias alfândegas de partida quando o veículo recolhe
1. 9 - Transitários
mercadoria em mais de um país ao longo da sua viagem. Existem
Nos portos e fronteiras terrestres não há só formalidades para as
várias alfândegas de destino quando o veículo descarrega
mercadorias que saem ou entram nesse país. As mercadorias que
mercadoria em mais de um país ao longo da sua viagem.
passam nesses pontos e não procedem, ou se destinam, a esse país
também têm formalidades.
Quando existe apenas uma alfândega de partida e uma alfândega
de destino, a Caderneta TIR tem de possuir, pelo menos, 2 folhas
Essas formalidades são chamadas de “trânsito”. Esse trânsito pode
para o país de origem, 2 folhas para o país de destino e 2 folhas
verificar-se atravessando o país, portanto por via terrestre, ou
por cada país em trânsito. Por cada alfândega extra de partida.
unicamente estacionando num porto ou aeroporto.
Será necessário acrescentar 2 folhas extra.
Fundamentalmente o “trânsito” é uma entrada num país sem
pagar direitos para a sua rápida saída para o estrangeiro.
A Caderneta TIR tem de ser apresentada juntamente com o veículo,
combinação de veículos ou de contentores em cada alfândega de
Antigamente esse “trânsito” fazia-se, duma maneira geral,
partida, de trânsito e de destino. Na última alfândega, o
caucionando os direitos de entrada dessa mercadoria, caução que
responsável deverá assinar e datar a caderneta.
era cancelada quando ela saía.
Não é permitido apagar ou escrever por cima de informação exis-
Quando as empresas ferroviárias fizeram combinações, ou acordos
tente na caderneta. As correções são feitas cortando a informação
de tarifas, de forma a evitar reexpedições, podendo utilizar-se um
incorreta e acrescentando a nova informação, se necessário. As
único contrato de transporte para todo o percurso iniciou-se esta
correções devem ser rubricadas pela pessoa que as efetuou.
modalidade entre países limítrofes.
Quando a legislação nacional não imponha registo dos reboques
Quando se pretendeu estender esta modalidade a um outro país
e semirreboques, deve apresentar o nº do construtor em vez do nº
começaram a surgir as dificuldades para a travessia do país que
de chassis.
estava de permeio. Então o expedidor tinha que socorrer-se de
alguém que, na fronteira de entrada nesse país a ser atravessado,
O manifesto é preenchido na língua do país de partida, exceto
se ocupasse dessas formalidades e prestasse a caução dos direitos.
se as autoridades alfandegárias autorizarem outra. As entidades
No ponto de saída desse país outras formalidades haviam a
alfandegárias dos países de trânsito podem exigir a tradução da
cumprir. Como se resolveu este problema?
informação.
Pois bem as empresas ferroviárias dos diversos países fizeram uma
A informação do manifesto deve ser escrita à máquina ou de

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
convenção internacional, reconhecida pelos seus respetivos países, E não é por mero acaso que os países em que o número de
que não só as ligava perante o expedidor, por um único contrato Transitários, relativamente às outras especialidades profissionais,
de transporte, mas também eram elas que, com determinadas é proporcionalmente maior são justamente aqueles em são mais
medidas de segurança e garantias, asseguravam o seguimento das desenvolvidas, mais agressivas e mais eficientes as atividades
remessas sem retenção. ligadas ao Comércio Internacional.

Passou a fazer-se, mais tarde, o atravessamento dos países, no A atividade do Transitário reveste-se da maior importância e
tráfego ferroviário, ao abrigo de uma convenção internacional complexidade, não apenas como serviço especializado e
– TIF – baseada numa outra convenção internacional relativa ao autónomo, mas como poderoso suporte e insubstituível estímulo
transporte de mercadorias por Caminho-de-ferro – CIM. dos ramos da Economia do país direta ou indiretamente
Mais tarde, por estrada, o trânsito processava-se da mesma forma dependentes ou relacionados com o Comércio Internacional.
com caução dos direitos. Posteriormente esse trânsito na Europa
fez-se também ao abrigo de Convenções Internacionais: A atividade transitária é uma função legal como mandatários
• T.I.R. – Convenção relativa ao transporte internacional de prevista no Código Comercial, sendo considerada uma missão de
mercadorias a coberto de “Caderneta TIR”; confiança. Além disso esta função encontra-se também
• Convenção aduaneira sobre a Importação Temporária de regulamentada pelas Condições Gerais de Prestação destes
veículos rodoviários comerciais; Serviços da Associação Portuguesa dos Agentes Transitários (APTA)
• Convenção relativa ao contrato de transporte internacional de e pela Federação Internacional (FIATA).
mercadorias por estrada – CMR.
É nesta regulamentação que vamos encontrar o conceito de
A AtIVIDADE TRANSITÁRIA Transitário - por outras palavras:
A atuação dos transitários como consultores, coordenadores e/ou
promotores de transportes internacionais reveste-se de uma alta Transitário é a entidade a quem são confiadas, por um terceiro,
importância, principalmente nas circunstâncias atuais em que a mercadorias para se ocupar da recepção, da manutenção, do
crescente diversidade dos meios e modalidades de transporte e das armazenamento, da reexpedição, do contrato de frete para
formalidades e operações inerentes à movimentação internacional expedição, seja na exportação, seja na importação (segundo o
de mercadorias se torna cada vez maior. caso) e, perante o qual terceiro, que é o Cliente, o Transitário
responde pela boa conservação da mercadoria por todo o tempo
Na verdade os estudos teóricos que possam aconselhar em que tem a mercadoria à sua guarda ou sob sua gestão.
determinadas opções têm de ser confirmados e corrigidos pelas
experiências vividas em abundantes casos anteriores e
assegurados com a disponibilidade de adequados meios de ação -
1. 10 - Documentos especiais de
humanos, materiais e de organização - que realisticamente acompanhamento da mercadoria
conduzam à solução mais conveniente para o Exportador ou
Importador português, dentro do contexto da Economia Nacional, A Guia de Transporte é o documento legal emitido pelo
em que, necessariamente, tem que se inserir. transportador para acompanhar a mercadoria durante o transporte
em território português.
Aliás, a adesão de Portugal à EU implica existência de estruturas e
know how ao nível dos restantes membros daquela união. A Guia de Transporte assume no nosso ordenamento jurídico uma
dupla função CONTRATUAL (expressa as condições do contrato de
Daí que as funções desempenhadas pelos Transitários sejam transporte celebrado entre Transportador e Expedidor,) e
imprescindíveis ao Comércio Internacional, e efetivamente se FISCALIZADORA (Fiscalizadora - permite facilitar a atividade de
traduzam num precioso apoio, não apenas aos Transportadores, fiscalização quanto ao cumprimento das regras de acesso e
Seguradores, Entidades Portuárias e Aduaneiras dos diversos organização de mercado).
países, mas também, e principalmente, aos Importadores,
Exportadores e Agentes Comerciais que pretendam projetar para
além das fronteiras o exercício ou o objeto das suas atividades.

83
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Documentos sobre Transporte Internacional quer a nível de documentos necessários, quer no que respeita à
responsabilidade inerente.
Os principais documentos utilizados no transporte rodoviário
internacional (intra e extracomunitário) são: Na medida em que hoje, naturalmente, não existem transportes
“unimodais”, sendo o recurso a vários “modos” (transporte
“Declaração de Expedição”, “Carta de Porte Rodoviário CMR/TIR” combinado) muito utilizado, já existe um conjunto de regras
ou “CMR” (“Convention Relative au Contrat de Transport uniformes e consensualmente aceites a nível internacional
International de Marchandise par Route”) – é o documento aplicáveis a esta situação para suprir a lacuna da falta de
comprovativo do contrato de transporte rodoviário entre o Convenção e embora sem a sua força vinculativa. Estas regras
transportador e a empresa e regula o transporte internacional foram aprovadas pela Câmara de Comércio Internacional (CCI),
rodoviário entre dois países desde que, pelo menos um deles tenha representada em Portugal pela Delegação Portuguesa da CCI e
ratificado a Convenção CMR. Evidencia as instruções fornecidas ao pela Associação Comercial de Lisboa.
transportador e tem que acompanhar o envio da mercadoria.
O documento a utilizar nestes casos, chamado “FIATA FDL” ou
Nas relações entre os transitários e os seus clientes utilizam-se os “Conhecimento de Embarque Multimodal”, regula o transporte
seguintes documentos: internacional em regime “multimodal” organizado sob a
• FBL (“Forwarder Bill of Lading”) ou “Conhecimento Particular responsabilidade de transitários que pertençam à FIATA
do Transitário” – é o documento que comprova o contrato de (Federação Internacional de Transitários), cujo membro português
transporte entre o transitário e o seu cliente relativamente aos é a APAT – Associação de Transitários de Portugal e cujas
tráfegos de “grupagem” que utilizam mais de um modo de coordenadas constam dos Contatos Úteis deste documento.
transporte.
• FCR (“Forwarder Certificate of Receipt”) ou “Certificado de A Associação dos Transitários de Portugal recomenda moderação
Recepção do Transitário” – é o documento emitido pelo transitário na emissão deste documento por envolver um substancial
a pedido do seu cliente que atesta que o primeiro recebeu do acréscimo de responsabilidades para as quais, nem sempre os
segundo uma determinada mercadoria destinada a envio transitários dispõem de seguros adequados.
internacional e que, simultaneamente, recebeu ordens irrevogáveis
deste para a fazer chegar a um destinatário identificado nesse OUTROS DOCUMENTOS
documento ou de a ter à disposição desse destinatário. Naturalmente que outros documentos poderão ser necessários:
É um documento muito importante, na medida em que permite • Apólice de Frete – contrato de transporte marítimo no âmbito
ao seu detentor (a empresa) negociar o “crédito documentário” de um regime de contratação livre cuja finalidade é o transporte
aberto num banco pelo destinatário da mercadoria a seu favor. de grandes volumes de mercadoria em navios completos.
• FCT (“Forwarder Certificate of Transport”) ou “Certificado de • Apólice de Seguro – Contrato de Seguro mediante o qual, a
Transporte do Transitário” – é o documento de transporte empresa seguradora se obriga, contra cobrança de um prémio,
emitido pelo transitário ao seu cliente, no que concerne a cargas a indemnizar um dano sofrido pelo segurado ou a satisfazer um
de “grupagem” que utilizem um só modo de transporte. É emitido capital, renda ou outras prestações convencionadas.
antes de o transitário celebrar o contrato de transporte da unidade
completa com o transportador efetivo da mercadoria. De referir, neste contexto, que se o exportador solicitar ao
transitário que este se encarregue de contratar os seguros
Existe uma Convenção de Transporte Multimodal (“United Nations marítimos, terrestres e aéreos dos produtos, esse serviço será
Convention on International Multimodal Transport of Goods”), de prestado, eventualmente até em condições mais vantajosas do
24 de Maio de 1980, que prevê uma responsabilidade única para que se o exportador recorrer a uma companhia de seguros, por
toda a cadeia de transporte, através do recurso a um só si próprio. De fato, muitos transitários dispõem de “apólices
documento a utilizar em todos os “modos”. Contudo, esta flutuantes”, o que, frequentemente, lhes permite a obtenção de
Convenção ainda não está em vigor no ordenamento jurídico condições mais favoráveis junto destas entidades.
internacional pois carece das necessárias ratificações. Assim,
continua a ser aplicada a regra de cada “modo” de transporte,

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR

2. Ambiente social do transporte rodoviário e a sua regulamentação


2. 1 - Durações máximas do trabalho Se a parte do período de repouso diário abrangida pelo período de
24 horas tiver mais de 9 horas mas menos de 11 horas, o período
específicas para os transportes de repouso diário em questão será considerado como um período
de repouso diário reduzido.
O tempo diário de condução não deve exceder 9 horas. No entanto,
não mais de duas vezes por semana, o tempo diário de condução O período de repouso diário pode ser alargado para perfazer um
pode ser alargado até um máximo de 10 horas. período de repouso semanal regular ou um período de repouso
semanal reduzido.

O condutor pode fazer, no máximo, três períodos de repouso diário


reduzido entre cada dois períodos de repouso semanal.

O condutor de um veículo com tripulação múltipla deve gozar um


novo período de repouso diário de pelo menos 9 horas nas 30
horas que se sigam ao termo de um período de repouso diário ou
semanal.

O condutor deve gozar um período


O tempo semanal de condução não pode exceder 56 horas. O de repouso semanal mínimo de
tempo de condução total acumulado por cada período de duas 45h consecutivas, com
semanas consecutivas não deve possibilidade de redução para 36h
exceder 90 horas. se for no domicílio.
Os tempos de condução diários e semanais devem incluir a Em cada período de duas semanas consecutivas, o condutor deve
totalidade dos tempos de condução no território da Comunidade ou gozar pelo menos:
de países terceiros. - dois períodos de repouso semanal regular, ou
- um período de repouso semanal regular e um período de repouso
Após um período de condução de semanal reduzido de, no mínimo, 24 horas — todavia, a redução
quatro horas e meia, o condutor deve ser compensada mediante um período de repouso
gozará uma pausa ininterrupta de equivalente, gozado de uma só vez, antes do final da terceira
pelo menos 45 minutos, a não ser semana a contar da semana em questão.
que goze um período de repouso.
Esta pausa pode ser substituída por uma pausa de pelo menos O período de repouso semanal deve começar o mais tardar no fim
15 minutos seguida de uma pausa de pelo menos 30 minutos de seis períodos de 24 horas a contar do fim do período de repouso
repartidos pelo período de modo a dar cumprimento ao disposto semanal anterior.
no primeiro parágrafo.
Qualquer período de repouso gozado a título de compensação de
O condutor deve gozar períodos de repouso diários e semanais. um período de repouso semanal reduzido deve ser ligado a outro
período de repouso de, pelo menos, 9 horas.
O condutor deve gozar um novo
período de repouso diário mínimo Caso o condutor assim o deseje, os períodos de repouso diário e os
de 11 horas consecutivas dentro de períodos de repouso semanal reduzido fora do local de afetação
cada período de 24 horas após o podem ser gozados no veículo, desde que este esteja equipado
final do período de repouso diário com instalações de dormida adequadas para cada condutor e não
ou semanal precedente. se encontre em andamento.

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Um período de repouso semanal que recaia sobre duas semanas
pode ser contabilizado em qualquer uma delas, mas não em
ambas.

No caso de o condutor acompanhar um veículo transportado em


transbordador (ferry) ou em comboio e gozar um período de
repouso diário regular, este período pode ser interrompido, no
máximo duas vezes, por outras atividades que, no total, não
ultrapassem uma hora. Durante o referido período de repouso
diário regular, o condutor deve dispor de uma cama ou beliche.

O tempo gasto pelo condutor para se deslocar para ou de um


veículo abrangido pelo presente regulamento que não esteja junto
à residência do condutor ou junto à empresa onde o condutor está
normalmente baseado não será contado como repouso nem como
pausa, a menos que o condutor se encontre num transbordador
(ferry) ou comboio e tenha acesso a um beliche ou cama.

O tempo gasto por um condutor que viaje como condutor de um


veículo não abrangido pelo presente regulamento para se deslocar
para ou de um veículo abrangido pelo presente regulamento que
não esteja junto à residência do condutor ou junto à empresa onde
o condutor está normalmente baseado será contado como “outro
trabalho”.
Resumos
2. 2 - Princípios, aplicação e consequências
Tempo Máximo de condução continuo 4:30h
0:45h que podem ser fracionáveis em dois dos Regulamentos (CEE) nº 561/2006 e
Interrupção mínima de condução
contínua (pausa)
períodos de 0:15h + 0:30h cada, intercala-
dos nas 4:30h nº 3821/85
Não é contabilizada uma pausa inferior a
0:15h consecutivos. Os regulamentos nº 3821/85 e 561/2006 do Parlamento Europeu
Tempo máximo de condução diária
9h que poderá ser 10h no máximo de duas e do Conselho, vieram proceder à harmonização de determinadas
vezes por semana
disposições em matéria social no domínio dos transportes
Período máximo de condução
consecutiva numa semana
6 dias / 48horas rodoviários, através da implementação de um aparelho de
controlo, designado por tacógrafo.
Período máximo de condução
12 dias / 90 horas
consecutiva em duas semanas
11 horas consecutivas com possibilidade de Estes regulamentos estabelecem as situações de obrigatoriedade
redução para 9 h duas vezes por semana de instalação de tacógrafo e dispensas, assim como as condições
Repouso diário em cada período com compensação antes do final da semana de utilização.
de 24 horas seguinte
Ou 12h com fracionamento em dois perío-
dos, um de 3 horas e outro de 9h Pretende-se com estas medidas:
45h consecutivas com possibilidade de - Harmonizar as condições de concorrência entre modos de
redução para 36h se for no domicilio 24h transporte terrestre, principalmente no que se refere ao sector
fora do domicilio
Descanso semanal mínimo Nestas situações terá de haver uma
rodoviário
compensação correspondente gozada em - Melhorar as condições de trabalho
bloco antes do fim da 3a semana seguinte á - Melhorar a segurança rodoviária
semana em causa

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
O Regulamento 561/2006 estabelece regras em matéria de Para efeitos do regulamento, entende-se por:
tempos de condução, pausas e períodos de repouso para os a) “Transporte rodoviário”: qualquer deslocação de um veículo
condutores envolvidos no transporte rodoviário de mercadorias e utilizado para o transporte de passageiros ou de mercadorias
de passageiros. efetuada total ou parcialmente por estradas abertas ao público,
em vazio ou em carga;
Aplica-se ao transporte rodoviário: b) “Veículos”: veículos automóveis, tratores, reboques e
a) De mercadorias, em que a massa máxima autorizada dos semirreboques, ou conjuntos desses veículos, conforme as
veículos, incluindo reboques ou semirreboques, seja superior a 3,5 seguintes definições:
toneladas, ou - “veículo automóvel”: veículo provido de um dispositivo de
b) De passageiros, em veículos construídos ou adaptados de forma propulsão, que circule na estrada pelos seus próprios meios, que
permanente para transportar mais de nove pessoas, incluindo o não se desloque permanentemente sobre carris e que sirva
condutor, e destinados a essa finalidade. normalmente para o transporte de passageiros ou de mercadorias;
- “trator”: veículo provido de um dispositivo de propulsão, que
Independentemente do país de matrícula do veículo, o circule na estrada pelos seus próprios meios, que não se desloque
regulamento aplica-se aos transportes rodoviários efetuados: permanentemente sobre carris e que esteja especialmente
a) Exclusivamente no interior da Comunidade; e concebido para puxar, empurrar ou acionar reboques,
b) Entre a Comunidade, a Suíça e os países signatários do Acordo semirreboques, alfaias ou máquinas;
sobre o Espaço Económico Europeu - “reboque”: veículo de transporte destinado a ser atrelado a um
veículo automóvel ou a um trator;
O regulamento não se aplica aos transportes rodoviários - “semirreboque”: reboque sem eixo dianteiro, acoplado de tal
efetuados por meio de: modo que uma parte considerável do seu peso e da sua carga seja
a) Veículos afetos ao serviço regular de transporte de passageiros, suportada pelo trator ou pelo veículo automóvel;
cujo percurso de linha não ultrapasse 50 quilómetros; c) “Condutor”: qualquer pessoa que conduza o veículo, mesmo
b) Veículos cuja velocidade máxima autorizada não ultrapasse durante um curto período, ou que, no contexto da atividade que
40 km/hora; exerce, esteja a bordo de um veículo para poder eventualmente
c) Veículos que sejam propriedade das forças armadas, da conduzir;
proteção civil, dos bombeiros ou das forças policiais ou alugados d) “Pausa”: período durante o qual o condutor não pode efetuar
sem condutor por estes serviços, quando o transporte for efetuado nenhum trabalho de condução ou outro e que é exclusivamente
em resultado das funções atribuídas a estes serviços e estiver sob o utilizado para recuperação;
controlo destes; e) “Outro trabalho”: todas as atividades definidas como tempo de
d) Veículos, incluindo aqueles utilizados em operações não trabalho na alínea a) do artigo 3º da Diretiva 2002/15/CE, com
comerciais de transporte de ajuda humanitária, utilizados em excepção da “condução”, bem como qualquer trabalho prestado
situações de emergência ou operações de salvamento; ao mesmo ou a outro empregador dentro ou fora do sector dos
e) Veículos especializados afetos a serviços médicos; transportes;
f) Veículos especializados de pronto-socorro circulando num raio de f) “Repouso”: período ininterrupto durante o qual o condutor pode
100 km a partir do local de afetação; dispor livremente do seu tempo;
g) Veículos que estejam a ser submetidos a ensaios rodoviários g) “Período de repouso diário”: período diário durante o qual o
para fins de aperfeiçoamento técnico, reparação ou manutenção, condutor pode dispor livremente do seu tempo e que compreende
e veículos novos ou transformados que ainda não tenham sido um “período de repouso diário regular” ou um “período de
postos em circulação; repouso diário reduzido”:
h) Veículos ou conjuntos de veículos com massa máxima - “período de repouso diário regular”: período de repouso de,
autorizada não superior a 7,5 toneladas, utilizados em transportes pelo menos, 11 horas. Em alternativa, este período de repouso
não comerciais de mercadorias; diário regular pode ser gozado em dois períodos, o primeiro dos
i) Veículos comerciais com estatuto histórico de acordo com a quais deve ser um período ininterrupto de, pelo menos, 3 horas e o
legislação do Estado-Membro em que são conduzidos, que sejam segundo um período ininterrupto de, pelo menos, 9 horas;
utilizados para o transporte não comercial de passageiros ou de - “período de repouso diário reduzido”: período de repouso de,
mercadorias. pelo menos, 9 horas, mas menos de 11 horas;

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
h) “Período de repouso semanal”: período semanal durante um período de repouso ou uma pausa, até gozar um período de
o qual o condutor pode dispor livremente do seu tempo e que repouso ou uma pausa. O período de condução pode ser contínuo
compreende um “período de repouso semanal regular” ou um ou não.
“período de repouso semanal reduzido”:
- “período de repouso semanal regular”: período de repouso de, RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
pelo menos, 45 horas; É proibido remunerar os condutores assalariados, mesmo sob a
- “período de repouso semanal reduzido”: período de repouso forma de concessão de prémios ou de suplementos de salário, em
de menos de 45 horas, que pode, nas condições previstas no nº 6 função das distâncias percorridas e/ou do volume das mercadorias
do artigo 8º, ser reduzido para um mínimo de 24 horas transportadas, se essa remuneração for de natureza tal que
consecutivas; comprometa a segurança rodoviária e/ou favoreça a violação do
i) “Semana”: período entre as 00h00 de segunda-feira e as 24h00 presente regulamento.
de domingo;
j) “Tempo de condução”: tempo de condução registado: As empresas de transportes devem organizar o trabalho dos
- de forma automática ou semiautomática pelo aparelho de condutores de modo a que estes possam cumprir as regras
controlo a que se referem os anexos I e IB do Regulamento (CEE) referentes aos períodos de repouso e trabalho.
nº 3821/85; ou
- manualmente, nos termos do nº 2 do artigo 16º do As empresas de transportes são responsáveis por qualquer infração
Regulamento (CEE) nº 3821/85. cometida pelos condutores da empresa, ainda que essa infração
k) “Tempo diário de condução”: total acumulado dos períodos de tenha sido cometida no território de outro
condução entre o final de um período de repouso diário e o início Estado-Membro ou de um país terceiro.
do período de repouso diário seguinte ou entre um período de
repouso diário e um período de repouso semanal; As empresas de transportes, os expedidores, transitários,
l) “Tempo semanal de condução”: total acumulado dos períodos de operadores turísticos, contratantes principais, subcontratantes e
condução durante uma semana; agências de emprego de condutores garantirão que os calendários
m) “Massa máxima autorizada”: massa máxima admissível do aprovados contratualmente em matéria de tempo de transporte
veículo carregado, em ordem de marcha; obedecem ao disposto no regulamento 561/2006.
n) “Serviços regulares de passageiros”: os transportes nacionais e
internacionais, definidos no artigo 2º do Regulamento (CEE) Uma empresa de transportes que utilize veículos dotados de
nº 684/92 do Conselho, de 16 de Março de 1992, que estabelece tacógrafos digitais deve:
regras comuns para os transportes internacionais de passageiros a) garantir que todos os dados sejam descarregados da unidade
em autocarro [10]; instalada no veículo e do cartão de condutor com a regularidade
o) “Tripulação múltipla”: a situação que se verifica quando, prevista pelo Estado-Membro. A empresa de transportes deve, se
durante qualquer período de condução efetuado entre dois necessário, descarregar os dados relevantes com maior frequência,
períodos consecutivos de repouso diário ou entre um período de por forma a assegurar que todos os dados relativos às atividades
repouso diário e um período de repouso semanal, há pelo menos realizadas por ou para essa empresa sejam descarregados;
dois condutores no veículo para conduzir. A presença de outro b) garantir que todos os dados descarregados da unidade
ou outros condutores é facultativa durante a primeira hora de instalada no veículo e do cartão de condutor sejam conservados
tripulação múltipla, mas obrigatória no resto do período; durante pelo menos doze meses após o registo e, caso um agente
p) “Empresa transportadora” ou “empresa de transportes”: encarregado do controlo o exija, sejam acessíveis, diretamente ou
entidade que se dedica ao transporte rodoviário e que pode ser à distância, a partir das suas instalações.
uma pessoa singular ou colectiva, uma associação ou um grupo de
pessoas sem personalidade jurídica, com ou sem fins lucrativos, No caso de o veículo não estar equipado com tacógrafo, aplicam-se
ou um organismo oficial, com personalidade jurídica própria ou aos seguintes serviços:
dependente de uma autoridade com personalidade jurídica, que a) Serviços de transporte nacional regular de passageiros; e
age por conta de outrem ou por conta própria; b) Serviços de transporte internacional regular de passageiros
q) “Período de condução”: o período de condução acumulado a cujos terminais se situem a uma distância não superior a 50 km,
partir do momento em que o condutor começa a conduzir após em linha reta, da fronteira entre dois Estados-Membros e cuja
extensão total não exceda 100 quilómetros.

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
As empresas de transportes devem estabelecer um horário e uma fundamental conhecer o significado da comutação e a identificação
escala de serviço, indicando, para cada condutor, o nome, o local dos diferentes grupos de tempo.
a que está afeto e o horário previamente fixado para os diferentes
períodos de condução, outros tipos de trabalho, pausas e
disponibilidade. Cada condutor afeto a um serviço deve ser
portador de um extrato da escala de serviço e de uma cópia do
horário de serviço.

A escala de serviço deve:


a) Incluir todos os dados acima referidos relativamente a um
período mínimo que abranja os 28 dias anteriores; estes dados Relativamente ao tacógrafo analógico devem ser asseguradas as
devem ser regularmente atualizados, com uma periodicidade seguintes condições:
máxima de um mês; - Verificações periódicas;
b) Ser assinada pelo chefe da empresa de transportes ou por uma - Inviolabilidade das selagens e mecanismos de registo;
pessoa com poderes para o representar; - Não abertura durante o período diário de trabalho, exceto em
c) Ser conservada pela empresa de transportes durante um ano caso de mudança de viatura ou a pedido das autoridades de
após o termo do período abrangido. A empresa fornecerá um controlo.
extrato da escala aos condutores interessados que o solicitarem; e
d) Ser apresentada e entregue, a pedido, aos agentes
encarregados do controlo.

O tacógrafo é o equipamento instalado a bordo dos veículos


rodoviários para indicação, registo e armazenamento dos dados
sobre a marcha desses veículos (distância percorrida,
velocidade...), assim como sobre certos períodos de trabalho
dos condutores (condução, pausas/repouso, outros trabalhos e
disponibilidade).
A folha de registo (disco) a colocar no tacógrafo foi concebida para
Atualmente existem dois tipos de tacógrafos em uso: o tacógrafo receber e fixar os registos. Sobre a folha de registo os
analógico e o tacógrafo digital, sendo que este último substituirá dispositivos de marcação do tacógrafo inscrevem de forma
na totalidade o primeiro. contínua os diagramas a registar.
• Válido por um período de 24 horas (a contar da colocação do
diagrama no interior do tacógrafo)
O tacógrafo analógico • Cada folha diz respeito a um único motorista (caso o motorista
mude de viatura deve fazer-se acompanhar dos seus diagramas
O tacógrafo analógico standart/
manual é o aparelho no qual é
A partir do momento em que o diagrama é introduzido no
necessário acionar o comutador
tacógrafo, não pode ser retirado até ao fim do período de trabalho
para todos os tipos de tempo,
diário naquela viatura.
mesmo o da condução.
O motorista deve retirar o diagrama quando termina o seu período
O tacógrafo analógico automático
de trabalho e a viatura vai ser usada por outro motorista.
Regista apenas de forma
Não pode utilizar diagramas sujos ou danificados, pelo que tem de
automática o tempo de condução,
os proteger de forma adequada sem os dobrar, riscar ou amolgar.
pelo que é necessário que o motorista assegure a comutação do
No caso de danificar um diagrama que contenha registos tem que
aparelho para que os restantes registos se façam corretamente.
juntar o diagrama danificado a um outro diagrama para
substituição.
Para que o tacógrafo faça os registos de forma correta, é

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Tem que utilizar o diagrama sempre que conduz, a partir do O tacógrafo digital
momento que toma a viatura a seu cargo. Não pode retirar o
diagrama antes do fim do serviço diário, a menos que haja troca O tacógrafo digital deve ser instalado e utilizado nos veículos
de viatura. Não pode utilizar o mesmo diagrama na mesma afetos ao transporte rodoviário de passageiros ou de mercadorias,
viatura, por um período superior a 24 horas. matriculados em Portugal a partir de Maio de 2006.
Quando toma a viatura a seu cargo o motorista deve efetuar os Também têm de instalar tacógrafo digital, os veículos afetos ao
seguintes registos: transporte rodoviário, com data de primeira matrícula posterior a
a) Nome e apelido 1 de Janeiro de 1996, cujo tacógrafo (analógico) sofra avaria ou
b) Data e local do inicio da utilização da viatura. mau funcionamento, irreparáveis, que implique a sua substituição.
c) Matricula da viatura.
d) Kms da viatura Não precisam de aparelho de controlo ou tacógrafo digital os
transportes efetuados por meio de:
Durante o período de serviço o motorista deve acionar os dispositi- a) Veículos afetos ao transporte de mercadorias e cujo peso
vos de comutação correspondente à atividade a desempenhar. máximo autorizado, incluindo o dos reboques ou dos
semirreboques, não ultrapasse 3,5 toneladas;
Quando terminar o serviço o motorista deve registar no diagrama: b) Veículos afetos ao transporte de passageiros que, de acordo com
a) Data e local do fim do serviço. o seu tipo de construção e o seu equipamento, estejam aptos a
b) Kms da Viatura. transportar um número máximo de nove pessoas, incluindo o
c) Kms percorridos, (conferir visualmente com os kms registados condutor e se destinem a esse efeito;
no diagrama, erro máximo 4%) c) Veículos afetos ao serviço regular de passageiros, cujo percurso
d) Verificar a concordância entre a marcação horária no diagrama da linha não ultrapasse 50 quilómetros. No caso de transportes
e a hora real. regulares de passageiros internacionais, aqueles cujos terminais
e) Verificar se existe algum empeno na agulha do tacógrafo, e da linha se encontram a uma distância de 50 quilómetros em linha
se for caso disso, efetuar o preenchimento da comunicação de reta de uma fronteira entre dois Estados-membros, e cuja linha
avarias. não ultrapasse um percurso de 100 quilómetros.
d) Veículos cuja velocidade máxima autorizada não ultrapasse
O motorista deve apresentar às autoridades fiscalizadoras, os 30 km/hora;
diagramas da semana em curso e os diagramas referentes aos e) Veículos ao serviço ou sob o comando das forças armadas, da
últimos 15 dias consecutivos. proteção civil, dos bombeiros, das forças policiais;
f) Veículos afetos aos serviços de esgotos, de proteção contra
O motorista deve informar a entidade patronal, por escrito, inundações, serviços de água, gás e electricidade, manutenção da
quaisquer avarias ou funcionamento deficiente do tacógrafo. rede viária, recolha de lixo, telégrafos e telefones, correios,
radiodifusão, televisão e deteção de emissores ou recetores de
A entidade patronal deve entregar aos condutores o nº suficiente televisão ou rádio;
de diagramas de tacógrafo e assegurar que o motorista se faz g) Veículos utilizados em situações de urgência ou em operações
acompanhar dos diagramas exigidos por Lei, não lhe solicitando de salvamento;
que os entregue antes dessa data. h) Veículos especializados afetos a serviços médicos;
i) Veículos que transportem material de circo ou de feira;
Em caso de avaria ou de funcionamento deficiente do tacógrafo j) Veículos de pronto-socorro;
deve, assim que as circunstâncias o permitam, proceder à sua l) Veículos submetidos a testes rodoviários para fins de aperfeiçoa-
reparação por entidades qualificadas. mento técnico, reparação ou manutenção e veículos novos ou
transformados que, ainda, não tenham sido postos em circulação;
A empresa é obrigada a guardar os diagramas durante o período m) Veículos utilizados em transportes não comerciais de bens para
de um ano e de os apresentar às autoridades fiscalizadoras fins privados;
quando lhes for solicitado. n) Veículos utilizados na recolha de leite nas quintas ou na
devolução às quintas de contentores para leite ou laticínios

90
destinados à alimentação do gado. O aparelho de controlo tem a função de registar, memorizar,
exibir, imprimir e transmitir (ou dar saída para meios externos) os
De acordo com o disposto na Portaria 222/2008 os veículos afetos dados relativos às atividades do condutor.
à instrução e a exames de condução encontram-se isentos das
disposições relativas aos tempos de condução/repouso e A instalação, ativação, verificação, calibração, inspeção e
dispensados da obrigação de instalar e ou utilizar o aparelho de reparação do tacógrafo digital só pode ser efetuada por entidades
controlo (tacógrafo). devidamente certificadas pelo Instituto Português da Qualidade -
IPQ.
O tacógrafo digital ou aparelho de controlo é um equipamento
completo destinado a ser instalado a bordo dos veículos A ativação de um aparelho de controlo é feita por intermédio de
rodoviários para indicação, registo e memorização automática ou um cartão de centro de ensaio, com introdução do correspondente
semi- automática de dados sobre a marcha desses veículos, assim código de identificação (PIN code).
como sobre tempos de condução e de repouso dos condutores.
O aparelho de controlo ou tacógrafo digital está sujeito a
inspeções para verificação sobre o seu funcionamento e precisão
dos seus registos e leituras.

Há lugar a inspeção:
- após qualquer reparação do aparelho;
- sempre que se verifique alteração do coeficiente caraterístico do
veículo ou do perímetro efetivo dos pneus das rodas;
- quando a hora (UTC) do aparelho de controlo apresentar
desfasamentos superiores a 20 minutos;
Os aparelhos de controlo têm as funções de visualização da - quando a matrícula do veículo (VRN) for alterada.
velocidade e de indicação das distâncias percorridas incorporadas.
As inspeções periódicas terão lugar pelo menos uma vez no prazo
CARATERÍSTICAS GERAIS TACÓGRAFO DIGITAL de dois anos (24 meses) após a última inspeção.
É constituído pela unidade-veículo (UV), cabos de ligação e um
sensor de movimentos: - a unidade- veículo inclui uma unidade de CARTÕES TACOGRÁFICOS
processamento, uma memória de dados, um relógio de tempo real, O cartão tacográfico é um cartão inteligente (com um chip
duas interfaces para cartões inteligentes (condutor e ajudante), incorporado) que comporta uma aplicação destinada à sua
uma impressora, um visor (ecrã de visualização), um alerta visual, utilização com o aparelho de controlo e que permite determinar
um conector de calibração/descarregamento e os instrumentos a identidade (ou o grupo identificativo) do titular, bem como a
para a introdução de dados por parte do utilizador; transferência e a memorização de dados.

Pode ser ligado a outros dispositivos por intermédio de conectores A inobservância das normas relativas à utilização do tacógrafo
adicionais (porém a inclusão de funções ou dispositivos, digital está sujeita às penalidades estabelecidas no regime
homologados ou não, no aparelho de controlo, ou a sua ligação sancionatório previsto para as infrações em matéria de tempos de
a ele, não devem interferir, real ou potencialmente, com o seu condução e repouso e de utilização do aparelho de controlo.
funcionamento correto).

Os utilizadores identificam-se relativamente ao aparelho de


controlo por intermédio de cartões tacográficos;

Proporciona o direito de acesso selectivo aos dados e funções em


conformidade com o tipo e/ou a identidade do utilizador. Regista
e memoriza dados na sua memória e em cartões tacográficos.

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92
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Guarda Nacional Republicana e à Polícia de Segurança Pública. Falta de aparelho de controlo,
tacógrafo analógico ou digital,
em veículo afeto ao transporte
Estas entidades podem proceder, junto das pessoas singulares ou rodoviário de passageiros ou de
colectivas que efetuem transportes rodoviários, a todas as mercadorias, em que tal seja
investigações e verificações necessárias para o exercício da sua obrigatório;
Manipulação do aparelho de
competência fiscalizadora. controlo ou a instalação no
veículo de quaisquer dispositivos de Recusa de sujeição a controlo;
Os funcionários do IMT, I. P., com competência na área da manipulação mecânicos, electrónicos Condução de veículo equipado com
ou de outra natureza, que falseiem tacógrafo sem estar inserido a folha
fiscalização e no exercício das suas funções, desde que os dados ou alterem o correto e de registo, no caso de tacógrafo
devidamente credenciados, têm livre acesso aos locais destinados normalfuncionamento do tacógrafo, analógico, ou o cartão de condutor,
ao exercício da atividade das empresas. sem prejuízo da responsabilidade no caso de tacógrafo digital;
criminal; Falta de cartão de condutor ou
Utilização de veículo com tacógrafo utilização de cartão caducado
O processamento das contraordenações e aplicação das coimas avariado ou a funcionar defeituosa- porqualquer dos membros da tripu-
compete ao IMT, I. P., e observa o regime geral das mente; lação afetos à condução de veículo
Destruição ou a supressão de quais- equipado com tacógrafo digital;
contraordenações. O IMT, I. P., organiza o registo das infrações quer dados registados no aparelho Utilização de cartão de condutor
cometidas. de controlo ou no cartão tacográfico por pessoa diferente do seu titular,
do condutor sem prejuízo da responsabilidade
Falta de conservação de dados criminal;
As infrações são classificadas de acordo com o seu grau de transferidos do cartão do condutor Utilização de cartão de condutor
gravidade em: Leves, Graves e Muito Graves. e dotacógrafo, pelas empresas pro- originário, quando este tenha sido
Muito prietárias ou locatárias de veículos substituído;
Leve Grave Muito grave grave equipados com tacógrafo digital Utilização de cartão de condutor
Pess. singular: 100 a 300 € Pess. singular: 400 a 1200 € Pess. singular: 1200 a 3600 € durante 365 dias a contar da data falsificado ou obtido por meio de
Empresa do seu registo; falsas declarações, sem prejuízo da
Pess. colectiva: 100 a 300 € Pess. colectiva: 400 a 2000 € Pess. colectiva: 1200 a 6000 €
Utilização de tacógrafo, analógico responsabilidade criminal;
Motorista 100 a 300€ 200 a 600€ 600 a 1800€
ou digital, não homologado, não Manipulação do cartão de condutor
verificado ou não ativado; ou das folhas de registo, que falseie
Utilização de aparelho de controlo os dados ou altere o seu correto

Contraordenações - Tipologia que tenha sido instalado, verificado


ou reparado por entidade não
e normal funcionamento, sem pre-
juízo da responsabilidade criminal;
reconhecida; Utilização de cartão de condutor ou
Utilização de tacógrafo, analógico folha de registo deteriorado ou dani-
Empresa Motorista ou digital, instalado por entidade ficado, em caso de dados ilegíveis;
Insuficiência de papel de reconhecida, em que falte a marca Não comunicação formal da
impressão, no caso dos tacógrafos do instalador ou reparador nas perda, furto ou roubo do cartão de
Utilização de cartão de condutor ou
digitais; selagens, assim como a falta de condutoràsautoridades competentes
folhas de registo sujos ou
Leve Inobservância da transmissão de selagem obrigatória, o documento do local onde tal ocorreu;
danificados, ainda que com dados
dados, sem a respetiva perda, nos comprovativo da selagem, a chapa Utilização incorreta de folhas de
legíveis
prazos e situações referidas nos de instalação ou a não justificação registo ou cartão de condutor
pontos 5 e 6. da abertura das selagens, nos casos
permitidos;
Utilização de cartão de condutor
Inobservância de transferência de
Falta de verificação do tacógrafo deteriorado ou danificado, em caso
dados do cartão tacográfico de con-
Utilizaçãodefolhaderegistonãocon- de dados legíveis;
dutor e do aparelho de controlo nos
forme com o modelo homologado; Utilização do cartão tacográfico,
prazos e situações a que se referem
Utilização de tacógrafo analógico em quando tenha havido alteração dos
os pontos 5 e 6, quando haja perda
veículo sujeito a tacógrafo digital; dados relativos ao titular do mesmo,
de dados.
Utilização de tacógrafo que se sem que tenha sido requerida
Grave tenha avariado durante o percurso substituição nos 30 dias seguintes
ou se tenha verificado funciona- àdataemseproduziuacausadetermi- A tentativa e a negligência são puníveis, sendo, nesse caso,
mento defeituoso, se o regresso às nante da alteração;
instalações da empresa for superior Incumprimento da obrigação de
reduzido para metade os limites mínimos e máximos referidos nos
a uma semana; requerer, no prazo de sete dias, a números anteriores.
Falta de folhas de registo de dados substituição do cartão de condutor,
no caso do tacógrafo analógico. em caso de danificação, mau funcio-
namento, extravio, furto ou roubo.
MEDIDAS CAUTELARES
Os cartões tacográficos serão apreendidos sempre que:
• Haja indícios de falsificação;

94
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
• O condutor utilize um cartão de que não é titular; 2. 4 - Conhecimento do ambiente social do
• O cartão seja substituído e não devolvido;
• O cartão seja obtido com falsas declarações. transporte rodoviário (direitos e obrigações
dos motoristas em matéria de qualificação
Os documentos do veículo serão apreendidos sempre que se
verifique a prática de manipulação do aparelho de controlo ou a inicial e de formação contínua)
instalação no veículo de quaisquer dispositivos de manipulação
mecânicos, electrónicos ou de outra natureza, que falseiem os A Diretiva nº 2003/59/CE, do Parlamento Europeu e do
dados ou alterem o correto e normal funcionamento do tacógrafo, Conselho, de 15 de Julho, alterada pela Diretiva nº 2004/66/CE,
sem prejuízo da responsabilidade criminal. Neste caso são do Conselho, de 26 de Abril, e pela Diretiva nº 2006/103/CE, do
aplicáveis as regras do Código da Estrada sobre a apreensão de Conselho, de 20 de Novembro, veio impor um sistema de
documentos de identificação de veículo. qualificação inicial e formação contínua dos condutores de
determinados veículos rodoviários de mercadorias e de
Se o infrator não for domiciliado em Portugal e não pretender passageiros.
efetuar o pagamento voluntário da coima, deve proceder ao
depósito de quantia igual ao valor mínimo da coima prevista para Em Portugal esta Diretiva foi transposta pelo Decreto-Lei
a contraordenação praticada. nº 126/2009.

O pagamento voluntário ou o depósito devem ser efetuados no Até há pouco tempo, o desempenho da função de motorista exigia
ato da verificação da contraordenação, destinando-se o depósito a apenas a titularidade de carta de condução da respetiva
garantir o pagamento da coima em que o infrator possa vir a ser categoria. Com a publicação desta regulamentação, passa a
condenado, bem como das despesas legais a que houver lugar. exigir-se aos profissionais do transporte uma qualificação
Se o infrator declarar que pretende pagar a coima ou efetuar o profissional, garantindo-se mais conhecimentos e competências.
depósito e não puder fazê-lo no ato da verificação da contra-
ordenação, é-lhe concedido um prazo para o efeito, sendo-lhe Aos motoristas titulares de carta de condução válida para veículos
apreendidos os documentos do veículo e o cartão tacográfico de das categorias C e C+E e subcategorias C1 e C1+E e das categorias
condutor até à efetivação do pagamento ou do depósito. D e D+E e subcategorias D1 e D1+E passa a ser exigida uma carta
de qualificação de motorista, emitida pelo Instituto da Mobilidade
A falta de pagamento ou do depósito implica a apreensão do e dos Transportes Terrestres, I. P. (IMT, I. P.), pelo período máximo
veículo, que se mantém até ao pagamento ou depósito ou à de cinco anos.
decisão absolutória.
Não é exigida certificação aos motoristas dos seguintes veículos:
O veículo apreendido responde nos mesmos termos que o depósito a) Cuja velocidade máxima autorizada não ultrapasse 45 km/h;
pelo pagamento das quantias devidas. b) Ao serviço ou sob o controlo das forças armadas, das forças de
segurança, dos bombeiros ou da proteção civil;
Sempre que da apreensão de um veículo resultem danos, para as c) Submetidos a ensaios de estrada para fins de aperfeiçoamento
pessoas ou bens transportados ou para o próprio veículo, cabe à técnico, reparação ou manutenção;
pessoa singular ou colectiva que realiza o transporte a d) Novos ou transformados que ainda não tenham sido postos em
responsabilidade por esses danos. circulação;
e) Utilizados em situações de emergência ou afetos a missões de
SUGERE-SE A CONSULTA DA LEI Nº27/2010 (ANEXO III), QUE salvamento;
ESTABELECE O REGIME SANCIONATÓRIO APLICÁVEL À VIOLAÇÃO f) Utilizados nas aulas de condução automóvel, com vista à
DAS NORMAS RESPEITANTES AOS TEMPOS DE CONDUÇÃO, PAUSAS obtenção da carta de condução ou do certificado de aptidão para
E TEMPOS DE REPOUSO E AO CONTROLO DA UTILIZAÇÃO DOS motorista (CAM), a que se refere o nº 2 do artigo 4º;
TACÓGRAFOS. g) Com lotação até 14 lugares, incluindo o condutor, utilizados
para o transporte não comercial de passageiros para fins privados;
h) Com peso bruto até 7500 kg, utilizados para o transporte não

95
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
comercial de bens, para fins privados; Os motoristas possuidores de capacidade profissional para o
i) Que transportem materiais ou equipamentos para o exercício da transporte rodoviário de mercadorias ou de capacidade
profissão do condutor, desde que a condução do veículo não seja a profissional para o transporte rodoviário de passageiros em
sua atividade principal. autocarro que pretendam adquirir a qualificação inicial prevista
no presente decreto -lei ficam dispensados da frequência e exame
A emissão de carta de qualificação de motorista depende da posse das matérias comuns às duas formações. Neste caso, a duração da
de um Certificado de Aptidão de Motorista (CAM). formação inicial é de setenta horas, no cãs de qualificação inicial
comum, ou de trinta e cinco horas, no caso da qualificação inicial
O CAM comprova a qualificação inicial ou a formação contínua do acelerada.
motorista A emissão do CAM depende de aprovação em exame,
após frequência da formação inicial ou da obtenção de A formação é ministrada por entidades formadoras licenciadas
aproveitamento na formação contínua. pelo IMT, sendo titulado por alvará, emitido pelo prazo de cinco
anos, renovável mediante a comprovação de que se mantêm os
A qualificação comprovada pelo CAM é válida pelo período de requisitos previstos no artigo seguinte. Antes de se inscrever numa
cinco anos, contados a partir da data do exame ou da conclusão da ação de formação o motorista ou candidato a motorista deve
formação contínua, consoante o caso. informar-se junto do IMT se a entidade se encontra devidamente
licenciada.
O CAM obtido na sequência da formação de qualificação inicial
permite a obtenção de carta de condução para veículos das As entidades formadoras dispõem de centros de formação. As
categorias C e C+E e subcategorias C1 e C1+E, a partir dos 18 anos escolas de condução podem funcionar como centros de formação,
de idade, conforme previsto na alínea c) do nº 2 do artigo 126º do desde que preencham os requisitos.
Código da Estrada, sem prejuízo das demais exigências legais.
Os cursos de formação carecem de homologação prévia pelo IMT,
O CAM é emitido pelo IMT, I. P., podendo esta competência ser a qual é emitida pelo prazo de cinco anos, renovável mediante a
delegada por despacho do presidente do conselho diretivo do IMT, comprovação de que se mantêm os requisitos necessários ao seu
I. P. funcionamento.

O exercício da profissão de motorista sem a carta de qualificação


Formação contínua de motorista (CQM) constitui contraordenação punível com coima
de € 1000 a € 3000. Se o motorista possui CQM, mas não a tiver
A formação contínua é obrigatória de cinco em cinco anos, antes
em sua posse também comete uma contraordenação, sancionada
do fim da validade do CAM, e tem a duração de trinta e cinco horas
com coima de € 50 a € 150.
leccionadas por períodos de pelo menos sete horas.
Se o infrator não pretender efetuar o pagamento voluntário, deve
Em caso de caducidade, o CAM pode ser renovado mediante
proceder ao depósito de quantia igual ao valor mínimo da coima
formação contínua.
prevista para a contra–ordenação praticada.
A formação contínua tem como objetivo a atualização dos
O pagamento voluntário ou o depósito referidos no número
conhecimentos fundamentais para a atividade do motorista, com
anterior devem ser efetuados no ato de verificação da
especial destaque para a segurança rodoviária e a racionalização
contraordenação, destinando -se o depósito a garantir o
do consumo de combustível.
pagamento da coima em que o infrator possa vir a ser condenado,
bem como das despesas legais a que houver lugar.
Os motoristas de veículos de mercadorias que pretendam conduzir
veículos de passageiros, apenas são obrigados à frequência e
Se o infrator declarar que pretende pagar a coima ou efetuar o
exame das matérias específicas ao transporte de passageiros. Os
depósito e não puder fazê-lo no ato da verificação da contraorde-
motoristas de veículos de passageiros que pretendam conduzir
nação, devem ser apreendidos a carta de condução e o livrete e
veículos de mercadorias, apenas são obrigados à frequência e
título de registo de propriedade ou o certificado de matrícula do
exame das matérias específicas ao transporte de mercadorias.

96
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
veículo até à efetivação do pagamento ou do depósito. A carta de qualificação de motorista tem o seguinte modelo
comunitário:
No caso previsto no número anterior devem ser emitidas guias
de substituição dos documentos apreendidos com validade não
superior a 90 dias, renovável.

A falta de pagamento ou do depósito nos termos dos números


anteriores implica a apreensão do veículo, que se mantém até ao
pagamento ou depósito ou à decisão absolutória.
Alguns Estados Membros optaram por averbar na carta de
O veículo apreendido responde nos mesmos termos que o depósito condução o código (restrição) 95. Desta forma o motorista precisa
pelo pagamento das quantias devidas. de se fazer acompanhar apenas da carta de condução. Tanto
uma situação como a outra são válidas e têm de ser aceites pelos
Sempre que da imobilização de um veículo resultem danos para restantes Estados Membros.
os passageiros, as mercadorias transportadas ou para o próprio
veículo cabe à pessoa singular ou colectiva que realiza o transporte
a responsabilidade por esses danos, sem prejuízo do direito de
2. 5 - Igualdade de oportunidades e
regresso. regulamentação aplicável
Estão isentos da obrigação de qualificação inicial os motoristas: Os Estados Membros podem optar por registar a certificação na
a) Titulares de carta de condução das categorias D e D+E e carta de condução (código 95) ou por emitir um documento de
subcategorias D1 e D1+E, emitida até 9 de Setembro de 2008; modelo uniformizado (Diretiva 2003/59). Qualquer das situações
b) Titulares de carta de condução das categorias C e C+E e tem de ser reconhecida mutuamente pelos Estados Membros.
subcategorias C1 e C1+E, emitida até 9 de Setembro de 2009. O condutor pode optar por frequentar o curso de atualização no
Os motoristas referidos na alínea a) do número anterior devem país onde reside ou no país onde se encontra sediada a empresa
obter a formação contínua e os correspondentes CAM e carta de para a qual trabalha.
qualificação de motorista, nos seguintes termos:
a) Até 10 de Setembro de 2011, os que nesta data tiverem idade A formação que recebeu, assim como a Carta de Qualificação de
não superior a 30 anos; Motorista é válida para trabalhar em qualquer Estado Membro.
b) Até 10 de Setembro de 2012, os que nesta data tiverem idade Nenhum trabalhador pode ser impedido de trabalhar noutro
compreendida entre 31 e 40 anos; Estado Membro, pelo fato de ser oriundo de outro Estado
c) Até 10 de Setembro de 2013, os que nesta data tiverem idade Membro, nem lhe podem vir a ser exigidos requisitos que não o
compreendida entre 41 e 50 anos; sejam para os trabalhadores locais.
d) Até 10 de Setembro de 2015, os que nesta data tiverem idade
superior a 50 anos. Contudo, nesta fase inicial de implementação têm vindo a surgir
alguns problemas, nomeadamente quando a carta de condução
Os motoristas referidos na alínea b) do nº 1 devem obter a foi emitida em país que optou por averbar a certificação na carta
formação contínua e os correspondentes CAM e carta de de condução (código 95), mas realizou o curso em país diferente.
qualificação de motorista, nos seguintes termos: Neste caso, o país emissor da carta de condução pode não recon-
a) Até 10 de Setembro de 2012, os que nesta data tiverem idade hecer o certificado de formação emitido pela entidade formadora e
não superior a 30 anos; não proceder ao averbamento do código 95.
b) Até 10 de Setembro de 2013, os que nesta data tiverem idade
compreendida entre 31 e 40 anos; Ex: Na Holanda optaram por averbar a certificação na carta de
c) Até 10 de Setembro de 2014, os que nesta data tiverem idade condução (código 95). Se o condutor apresentar um certificado a
compreendida entre 41 e 50 anos; comprovar que realizou o curso na Alemanha, ou na França, este
d) Até 10 de Setembro de 2016, os que nesta data tiverem idade não é aceite pelas autoridades holandesas, pelo que não lhe será
superior a 50 anos. averbada a certificação na carta de condução. Espera-se que esta

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
situação seja ultrapassada rapidamente. CAPÍTULO I
(Âmbito de Aplicação)
A situação pode ser ainda mais complicada se o condutor realizar Artigo 1º
metade da formação em cada um daqueles países. A legislação 1. A presente convenção aplica-se a todos os contratos de
permite que a formação se realize em períodos de 7 horas transporte de mercadorias por estrada a título oneroso por meio
distribuídas por 5 anos. Nada impede que esses períodos de de veículos, quando o lugar do carregamento da mercadoria e o
formação ocorram em diferentes Estados-Membros. No momento lugar da entrega previsto, tais como são indicados no contrato,
de averbar a certificação podem surgir alguns problemas na estão situados em dois países diferentes, sendo um destes, pelo
validação da formação. Para evitar problemas os motoristas devem menos, país contratante e independentemente do domicílio e
iniciar e concluir o curso no mesmo local. nacionalidade das partes.
2. Para a aplicação da presente Convenção, devem entender-se
Uma vez que o condutor pode optar se quer realizar o curso no por “veículos” os automóveis, os veículos articulados, os
país onde reside, ou no país onde trabalha, deve ter a preocupação reboques e semirreboques, tais como estão definidos pelo artigo 4
de se informar sobre os sistemas de certificação em ambos os da Convenção da circulação rodoviária de 19 de Setembro de 1949.
países e optar por realizar a formação onde lhe for mais 3. A presente Convenção também se aplica quando os transportes
conveniente. abrangidos pelo seu âmbito de aplicação são efetuados por
Estados ou por instituições ou organizações governamentais.
Têm acesso à qualificação inicial os seguintes motoristas 4. A presente Convenção não se aplica:
estrangeiros: a) Aos transportes efetuados ao abrigo de convenções postais
a) Nacionais de outro Estado membro da União Europeia que internacionais;
tenham residência habitual no território nacional; b) Aos transportes funerários;
b) Nacionais de um país terceiro que sejam detentores de c) Aos transportes de mobiliário por mudança de domicílio.
autorização de permanência ou de residência no território 5. As Partes Contratantes comprometem-se a não fazer nenhuma
nacional. modificação à presente Convenção, por meio de acordos
particulares estabelecidos entre duas ou mais delas, salvo para a
Têm acesso à formação contínua, os motoristas estrangeiros com tornar inaplicável ao seu tráfego fronteiriço ou para autorizar a
residência habitual ou que trabalhem no território nacional. utilização, nos transportes efetuados inteiramente dentro do seu
território, da declaração de expedição representativa da
mercadoria.
Anexo I
CONVENÇÃO RELATIVA AO CONTRATO DE TRANSPORTE
Artigo 2º
INTERNACIONAL DE MERCADORIAS POR ESTRADA(CMR)
1. Se o veículo que contém as mercadorias for transportado, em
parte do percurso, por mar, caminho de ferro, via navegável
(assinada em 19 de Maio de 1956 em Geneve - aprovada em
interior ou pelo ar e as mercadorias, salvo se forem aplicáveis as
Portugal pelo Decreto Lei no 46 235, de 18 de Março de 1965,
disposições do artigo 14, dele não forem descarregadas, a presente
entrou em vigor em 21 de Dezembro de 1969 - Aviso da
Convenção aplicar-se-á, no entanto, ao conjunto do transporte.
Direção Geral dos Negócios Económicos, DG no 129, 2ª Série de
Todavia, na medida em que se provar que qualquer perda, avaria
03.06.1970 - e foi objeto de alteração através do Protocolo de
ou demora de entrega da mercadoria, que tenham ocorrido
Emenda, aprovado pelo Decreto no 28/88, de 6 de Setembro)
durante o transporte por qualquer via que não seja a estrada,
não foi causada por qualquer ato ou omissão do transportador
PREÂMBULO
rodoviário, e provém de fato que só pode dar-se durante e em
As Partes Contratantes, tendo reconhecido a utilidade de regular
virtude do transporte não rodoviário, a responsabilidade do
de maneira uniforme as condições do contrato de transporte
transportador rodoviário será determinada, não pela presente
internacional de mercadorias por estrada, em particular no que
Convenção, mas sim pela forma como a responsabilidade do
diz respeito aos documentos utilizados para este transporte e à
transportador não rodoviário teria sido determinada se se tivesse
responsabilidade do transportador, convencionaram o seguinte:
firmado um contrato de transporte entre o expedidor e o
transportador não rodoviário apenas para o transporte da

98
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
mercadoria em conformidade com as disposições imperativas da d) Lugar e data do carregamento da mercadoria e lugar previsto
lei relativa ao transporte de mercadorias por outra via de de entrega;
transporte que não seja a estrada. Contudo, na falta de tais e) Nome e endereço do destinatário;
disposições, a responsabilidade do transportador rodoviário será f) Denominação corrente da natureza da mercadoria e modo
determinada pela presente Convenção. de embalagem e, quando se trate de mercadorias perigosas, sua
2. Se o transportador rodoviário for ao mesmo tempo o denominação geralmente aceite;
transportador não rodoviário, a sua responsabilidade será também g) Número de volumes, marcas especiais e números;
determinada pelo parágrafo 1, como se a sua função de h) Peso bruto da mercadoria ou quantidade expressa de outro
transportador rodoviário e a de transportador não rodoviário modo;
fossem exercidas por duas pessoas diferentes. i) Despesas relativas ao transporte (preço do transporte,
despesas acessórias, direitos aduaneiros e outras despesas que
CAPÍTULO II venham a surgir a partir da conclusão do contrato até à entrega);
(Pessoas pelas quais o transportador é responsável) j) Instruções exigidas para as formalidades aduaneiras e outras;
Artigo 3º k) Indicação de que o transporte fica sujeito ao regime
Para a aplicação da presente Convenção, o transportador estabelecido por esta Convenção, a despeito de qualquer cláusula
responde, como se fossem cometidos por ele próprio, pelos atos em contrário.
e omissões dos seus agentes e de todas as outras pessoas a cujos 2. Quando seja caso disso, a declaração de expedição deve conter
serviços recorre para a execução do transporte, quando esses também as seguintes indicações:
agentes ou essas pessoas atuam no exercício das suas funções. a) Proibição de transbordo;
b) Despesas que o expedidor toma a seu cargo;
CAPÍTULO III c) Valor da quantia a receber no momento da entrega da
(Conclusão e execução do contrato de transporte) mercadoria;
Artigo 4º d) Valor declarado da mercadoria e quantia que representa o
O contrato de transporte estabelece-se por meio de uma declaração interesse especial na entrega;
de expedição. A falta, irregularidade ou perda da declaração de e) Instruções do expedidor ao transportador no que se refere ao
expedição não prejudicam nem a existência nem a validade do seguro da mercadoria;
contrato de transporte, que continua sujeito às disposições da f) Prazo combinado, dentro do qual deve efetuar-se o
presente Convenção. transporte;
Artigo 5º g) Lista dos documentos entregues ao transportador.
1. A declaração de expedição estabelece-se em três exemplares 3. As partes podem mencionar na declaração de expedição
originais assinados pelo expedidor e pelo transportador, podendo qualquer outra indicação que considerem útil.
estas assinaturas ser impressas ou substituídas pelas chancelas
do expedidor e do transportador, se a legislação do país onde se Artigo 7º
preenche a declaração de expedição o permite. O primeiro 1. O expedidor responde por todas as despesas, perdas e danos
exemplar é entregue ao expedidor, o segundo acompanha a que o transportador sofra em virtude da inexatidão ou
mercadoria e o terceiro fica em poder do transportador. insuficiência:
2. Quando a mercadoria a transportar é carregada em veículos a) Das indicações mencionadas no artigo 6, parágrafo 1, b), d),
diferentes, ou quando se trata de diversas espécies de mercadorias e), f), g), h) e j);
ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador têm o direito b) Das indicações mencionadas no artigo 6, parágrafo 2;
de exigir que sejam preenchidas tantas declarações de expedição c) De quaisquer outras indicações ou instruções que dê para o
quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou lotes de preenchimento da declaração de expedição ou para incluir nesta.
mercadorias. 2. Se o transportador, a pedido do expedidor, inscrever na
declaração de expedição as indicações mencionadas no parágrafo
Artigo 6º 1 do presente artigo, considerar-se-á, até prova em contrário, que
1. A declaração de expedição deve conter as indicações seguintes: atua em nome do expedidor.
a) Lugar e data em que é preenchida; 3. Se a declaração de expedição não contiver a menção prevista
b) Nome e endereço do expedidor; no artigo 6, parágrafo 1, k, o transportador será responsável por
c) Nome e endereço do transportador; todas as despesas, perdas e danos sofridos pela pessoa que tem

99
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
direito à mercadoria em virtude desta omissão. 2. O transportador não tem obrigação de verificar se esses
documentos e informações são exatos ou suficientes. O expedidor
Artigo 8º é responsável para com o transportador por todos os danos que
1. Ao tomar conta da mercadoria, o transportador tem o dever de resultem da falta, insuficiência ou irregularidade desses
verificar: documentos e informações, salvo no caso de falta do
a) A exatidão das indicações da declaração de expedição acerca transportador.
do número de volumes, marcas e números; 3. O transportador é responsável como se fosse agente pelas
b) O estado aparente da mercadoria e da sua embalagem. consequências da perda ou da utilização inexata dos documentos
2. Se o transportador não tiver meios razoáveis de verificar a mencionados na declaração de expedição e que a acompanhem
exatidão das indicações mencionadas no parágrafo 1, a), do ou lhe sejam entregues; no entanto, a indemnização a que fica
presente artigo, inscreverá na declaração de expedição reservas obrigado não será superior à que seria devida no caso
que devem ser fundamentadas. Do mesmo modo, deverá de perda da mercadoria.
fundamentar todas as reservas que fizer acerca do estado aparente
da mercadoria e da sua embalagem. Estas reservas não obrigam Artigo 12º
o expedidor se este as não tiver aceitado expressamente na 1. O expedidor tem o direito de dispor da mercadoria, em especial
declaração de expedição. pedindo ao transportador que suspenda o transporte desta, de
3. O expedidor tem o direito de exigir que o transportador modificar o lugar previsto para a entrega e de entregar a
verifique o peso bruto da mercadoria ou sua quantidade expressa mercadoria a um destinatário diferente do indicado na declaração
de outro modo. Pode também exigir a verificação do conteúdo dos de expedição.
volumes. O transportador pode reclamar o pagamento das 2. Este direito cessa quando o segundo exemplar da declaração de
despesas de verificação. O resultado das verificações será expedição é entregue ao destinatário ou este faz valer o direito
mencionado na declaração de expedição. previsto no artigo 13º, parágrafo 1; a partir desse momento o
transportador tem de conformar-se com as ordens do destinatário.
Artigo 9º 3. O direito de disposição pertence, todavia, ao destinatário a
1. A declaração de expedição, até prova em contrário, faz fé das partir do preenchimento da declaração de expedição se o
condições do contrato e da recepção da mercadoria pelo expedidor inscrever tal indicação na referida nota.
transportador. 4. Se o destinatário, no exercício do seu direito de disposição,
2. Na falta de indicações de reservas motivadas do transportador ordenar a entrega da mercadoria a outra pessoa, esta não poderá
na declaração de expedição, presume-se que a mercadoria e designar outros destinatários.
embalagem estavam em bom estado aparente no momento em 5. O exercício do direito de disposição fica sujeito às seguintes
que o transportador as tomou a seu cargo, e que o número de condições:
volumes, as marcas e os números estavam em conformidade com a) O expedidor, ou, no caso mencionado no parágrafo 3 do
as indicações da declaração de expedição. presente artigo, o destinatário que quiser exercer este direito, tem
de apresentar o primeiro exemplar da declaração de expedição, no
Artigo 10º qual devem estar inscritas as novas instruções dadas ao trans-
O expedidor é responsável para com o transportador por danos a portador e de indemnizar o transportador pelas despesas e pelo
pessoas, material ou outras mercadorias, assim como por despesas prejuízo causado pela execução destas instruções;
originadas por defeito da embalagem da mercadoria, a não ser b) Esta execução deve ser possível no momento em que as
que o transportador, sendo o defeito aparente ou tendo instruções chegam à pessoa que deve executá-las, e não deve
conhecimento dele no momento em que se tornou conta da dificultar a exploração normal da empresa do transportador, nem
mercadoria, não tenha feito reservas a seu respeito. prejudicar os expedidores ou destinatários de outras remessas;
c) As instruções nunca devem provocar a divisão da remessa.
Artigo 11º 6. Quando o transportador, em virtude das disposições indicadas
1. Para o cumprimento das formalidades aduaneiras e outras a no parágrafo 5, b), do presente artigo, não puder executar as
observar até à entrega da mercadoria, o expedidor deve juntar à instruções que receber, deve avisar imediatamente disso a pessoa
declaração de expedição, ou pôr à disposição do transportador, que deu essas instruções.
os documentos necessários e prestar-lhe todas as informações 7. O transportador que não executar as instruções dadas nas
pedidas. condições previstas no presente artigo, ou que se tenha

100
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
conformado com essas instruções sem ter exigido a parágrafo 3, o destinatário substitui o expedidor e a referida outra
apresentação do primeiro exemplar da declaração de expedição, pessoa substitui o destinatário para a aplicação dos parágrafos 1 e
será responsável perante o interessado pelo prejuízo causado por 2 acima.
esse fato.
Artigo 16º
Artigo 13º 1. O transportador tem direito ao reembolso das despesas que lhe
1. Depois da chegada da mercadoria ao lugar previsto para a causar o pedido de instruções ou a execução destas, a não ser que
entrega, o destinatário tem o direito de pedir que o segundo estas despesas sejam consequência da falta sua.
exemplar da declaração de expedição e a mercadoria lhe sejam 2. Nos casos previstos no artigo 14º, parágrafo 1, e no artigo 15º,
entregues, tudo contra o documento de recepção. Se se verifica o transportador pode descarregar imediatamente a mercadoria por
perda da mercadoria, ou se esta não chegou até ao termo do prazo conta do interessado; depois da descarga, o transporte
previsto no artigo 19º, o destinatário fica autorizado a fazer valer considera-se terminado. O transportador passa então a ter a
em seu próprio nome, para com o transportador, os direitos que mercadoria à sua guarda. Pode, no entanto, confiar a mercadoria
resultam do contrato de transporte. a um terceiro e então só é responsável pela escolha judiciosa desse
2. O destinatário que usa dos direitos que lhe são conferidos nos terceiro. A mercadoria continua onerada com os créditos resul-
termos do parágrafo 1 do presente artigo é obrigado a pagar o tantes da declaração de expedição e de todas as outras despesas.
valor dos créditos resultantes da declaração de expedição. Em caso 3. O transportador pode promover a venda da mercadoria sem
de contestação a este respeito, o transportador só é obrigado a esperar instruções do interessado, quando a natureza deteriorável
efetuar a entrega da mercadoria se o destinatário lhe prestar uma ou o estado da mercadoria o justifiquem ou quando as despesas
caução. de guarda estão desproporcionadas com o valor da mercadoria.
Nos outros casos, pode também promover a venda quando não
Artigo 14º tenha recebido do interessado, em prazo razoável, instruções em
1. Se por qualquer motivo a execução do contrato nas condições contrário cuja execução possa ser equitativamente exigida.
previstas na declaração de expedição é ou se torna impossível 4. Se a mercadoria tiver sido vendida segundo este artigo, o
antes da chegada da mercadoria ao lugar previsto para a entrega, produto da venda deve ser posto à disposição do interessado,
o transportador tem de pedir instruções à pessoa que tem o direito depois de deduzidas as despesas que onerem a mercadoria. Se
de dispor da mercadoria em conformidade com o artigo 12º. estas despesas forem superiores ao produto da venda, o
2. No entanto, se as circunstâncias permitirem a execução do transportador tem direito à diferença.
transporte em condições diferentes das previstas na declaração 5. A maneira de proceder em caso de venda é determinada pela lei
de expedição e se o transportador não pode obter a tempo as ou pelos usos do lugar onde se encontrar a mercadoria.
instruções da pessoa que tem o direito de dispor da mercadoria
em conformidade com o artigo 12, tomará as medidas que se lhe CAPÍTULO IV
afigurarem melhores para o interesse da pessoa que tem o direito (Responsabilidade do transportador)
de dispor da mercadoria. Artigo 17º
1. O transportador é responsável pela perda total ou parcial, ou
Artigo 15º pela avaria que se produzir entre o momento do carregamento da
1. Quando houver impedimentos à entrega, depois da chegada da mercadoria e o da entrega, assim como pela demora na entrega.
mercadoria ao lugar de destino, o transportador pedirá instruções 2. O transportador fica desobrigado desta responsabilidade se a
ao expedidor. Se o destinatário recusar a mercadoria, o expedidor perda, avaria ou demora teve por causa uma falta do interessado,
terá o direito de dispor desta sem ter de apresentar o primeiro uma ordem deste que não resulte de falta do transportador, um
exemplar da declaração de expedição. vício próprio da mercadoria, ou circunstâncias que o transportador
2. Mesmo que tenha recusado a mercadoria, o destinatário pode não podia evitar e a cujas consequências não podia obviar.
sempre pedir a entrega desta, enquanto o transportador não tiver 3. O transportador não pode alegar, para se desobrigar da sua
recebido instruções em contrário do expedidor. responsabilidade, nem defeitos do veículo de que se serve para
3. Se o impedimento à entrega surgir depois de o destinatário efetuar o transporte, nem faltas da pessoa a quem alugou o
ter dado ordem de entregar a mercadoria a outra pessoa, em veículo ou dos agentes desta.
conformidade com o direito que lhe cabe em virtude do artigo 12, 4. Tendo em conta o artigo 18º, parágrafos 2 a 5, o transportador

101
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
fica isento da sua responsabilidade quando a perda ou avaria 5. O transportador só poderá invocar o benefício do artigo 17º,
resultar dos riscos particulares inerentes a um ou mais dos fatos parágrafo 4, f), se apresentar prova de que, tendo em conta as
seguintes: circunstâncias, foram tomadas todas as medidas que normalmente
a) Uso de veículos abertos e não cobertos com encerado, quando lhe competiam e acatou as instruções especiais que lhe possam ter
este uso foi ajustado de maneira expressa e mencionado na sido dadas.
declaração de expedição;
b) Falta ou defeito da embalagem quanto às mercadorias que, Artigo 19º
pela sua natureza, estão sujeitas a perdas ou avarias quando não Há demora na entrega quando a mercadoria não foi entregue no
estão embaladas ou são mal embaladas; prazo convencionado, ou, se não foi convencionado prazo, quando
c) Manutenção, carga, arrumação ou descarga da mercadoria a duração efetiva do transporte, tendo em conta as circunstâncias,
pelo expedidor ou pelo destinatário ou por pessoas que atuem por e em especial, no caso de um carregamento parcial, o tempo
conta do expedidor ou do destinatário; necessário para juntar um carregamento completo em condições
d) Natureza de certas mercadorias, sujeitas, por causas normais, ultrapassar o tempo que é razoável atribuir a transportes
inerentes a essa própria natureza, quer a perda total ou parcial, diligentes.
quer a avaria, especialmente por fratura, ferrugem, deterioração
interna e espontânea, secagem, derramamento, quebra normal ou Artigo 20º
ação de bicharia e dos roedores; 1. O interessado, sem ter de apresentar outras provas, poderá
e) Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos números dos considerar a mercadoria como perdida quando esta não tiver sido
volumes; entregue dentro dos 30 dias seguintes ao termo do prazo
f) Transporte de animais vivos. convencionado, ou, se não foi convencionado prazo, dentro dos 60
5. Se o transportador, por virtude do presente artigo, não dias seguintes à entrega da mercadoria ao cuidado do
responder por alguns dos fatores que causaram o estrago, a sua transportador.
responsabilidade só fica envolvida na proporção em que tiverem 2. O interessado, ao receber o pagamento da indemnização pela
contribuído para o estrago os fatores pelos quais responde em mercadoria perdida, poderá pedir por escrito que seja avisado
virtude do presente artigo. imediatamente se a mercadoria aparecer no decurso do ano
seguinte ao pagamento da indemnização. Ser-lhe-á acusada por
Artigo 18º escrito a recepção desse pedido.
1. Compete ao transportador fazer prova de que a perda, avaria 3. Dentro dos 30 dias seguintes à recepção desse aviso, o
ou demora teve por causa um dos fatos previstos no artigo 17º, interessado poderá exigir que a mercadoria lhe seja entregue
parágrafo 2. contra pagamento dos créditos resultantes da declaração de
2. Quando o transportador provar que a perda ou avaria, tendo expedição e contra a restituição da indemnização que recebeu,
em conta as circunstâncias de fato, resultou de um ou mais dos sendo eventualmente deduzidas as despesas incluídas nessa
riscos particulares previstos no artigo 17º, parágrafo 4, haverá indemnização, e com reserva de todos os direitos a indemnização
presunção de que aquela resultou destes. O interessado poderá, no por demora na entrega prevista no artigo 23, e, se for caso disso,
entanto, provar que o prejuízo não teve por causa total ou parcial no artigo 26.
um desses riscos. 4. Na falta quer do pedido previsto no parágrafo 2, quer de
3. A presunção acima referida não é aplicável no caso previsto no instruções dadas no prazo de 30 dias previsto no parágrafo 3, ou
artigo 17º, parágrafo 4, a), se houver falta de uma importância ainda no caso de a mercadoria dó aparecer depois de mais de um
anormal ou perda de volume. ano após o pagamento da indemnização, o transportador disporá
4. Se o transporte for efetuado por meio de um veículo equipado dela em conformidade com a lei do lugar onde se encontra a
de maneira a subtrair as mercadorias à influência do calor, frio, mercadoria.
variações de temperatura ou humidade do ar, o transportador não
poderá invocar o benefício do artigo 17º, parágrafo 4, d), a não Artigo 21º
ser que apresente prova de que, tendo em conta as circunstâncias, Se a mercadoria for entregue ao destinatário sem cobrança do
foram tomadas todas as medidas que lhe competiam quanto à reembolso que deveria ter sido percebido pelo transportador em
escolha, manutenção e uso daqueles equipamentos e que acatou virtude das disposições do contrato de transporte, o transportador
as instruções especiais que lhe tiverem sido dadas. tem de indemnizar o expedidor até ao valor do reembolso, salvo
se proceder contra o destinatário.

102
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Artigo 22º julgamento ou numa data adoptada de comum acordo pelas
1. Se o expedidor entregar ao transportador mercadorias partes. O valor, em direito de saque especial, da moeda nacional
perigosas, assinar-lhe-á a natureza exata do perigo que estas de um Estado que seja membro do Fundo Monetário Internacional
apresentam e indicar-lhe-á eventualmente as precauções a tomar. é calculado segundo o método de avaliação que o Fundo Monetário
No caso de este aviso não ser mencionado na declaração de Internacional esteja à data a aplicar nas suas próprias operações
expedição, competirá ao expedidor ou ao destinatário apresentar e transações. O valor, em direito de saque especial, da moeda
prova, por quaisquer outros meios, de que o transportador teve nacional de um Estado que não seja membro do Fundo Monetário
conhecimento da natureza exata do perigo que apresentava o Internacional é calculado da forma determinada por esse mesmo
transporte das referidas mercadorias. Estado.
2. As mercadorias perigosas, de cujo perigo o transportador não 8. (no aditado pelo Protocolo de Emenda) Todavia, um Estado
tenha tido conhecimento nas condições previstas no parágrafo que não seja membro do Fundo Monetário Internacional e cuja
1 do presente artigo, podem ser descarregadas, destruídas ou legislação não permita que sejam aplicadas as disposições do no 7
tornadas inofensivas pelo transportador, em qualquer momento e do presente artigo poderá, no momento da ratificação do
lugar, sem nenhuma indemnização; o expedidor, além disso, será Protocolo à CMR ou da adesão ao mesmo, ou em qualquer
responsável por todas as despesas e prejuízos resultantes de terem momento ulterior, declarar que fixa em 25 unidades monetárias
sido entregues para transporte ou do seu transporte. o limite da responsabilidade prevista no no 3 do presente artigo
e aplicável no seu território. A unidade monetária referida no
Artigo 23º presente número corresponde a 10/31 gramas de ouro ao título
1. Quando for debitada ao transportador uma indemnização por de 0,900 de finura. A conversão em moeda nacional do montante
perda total ou parcial da mercadoria, em virtude das disposições indicado no presente número efetuar-se-á em conformidade com a
da presente Convenção, essa indemnização será calculada segundo legislação do Estado em questão.
o valor da mercadoria no lugar e época em que for aceite para 9. (no aditado pelo Protocolo de Emenda) O cálculo referido no
transporte. último período do no 7, bem como a conversão referida no no 8 do
2. O valor da mercadoria será determinado pela cotação na bolsa, presente artigo, deverão ser efetuados de modo a expressarem em
ou, na falta desta, pelo preço corrente no mercado, ou, na falta moeda nacional do Estado, tanto quanto possível, o mesmo valor
de ambas, pelo valor usual das mercadorias da mesma natureza e real que o expresso em unidades de conta no no 3 do presente
qualidade. artigo. Aquando do depósito de qualquer instrumento nos termos
3. (na redação dada pelo Protocolo de Emenda) A indemnização do artigo 3º do Protocolo à CMR e sempre que ocorra uma
não poderá, porém, ultrapassar 8,33 unidades de conta por modificação nos seus métodos de cálculo ou no valor da sua
quilograma de peso bruto em falta. moeda nacional relativamente à unidade de conta ou à unidade
4. Além disso, serão reembolsados o preço do transporte, os monetária, os Estados deverão comunicar ao Secretário-Geral da
direitos aduaneiros e as outras despesas provenientes do Organização das Nações Unidas no seu método de cálculo, em
transporte da mercadoria, na totalidade no caso de perda total e conformidade com o no 7 do presente artigo, ou os resultados
em proporção no caso de perda parcial; não serão devidas outras da conversão, em conformidade com o no 8 do presente artigo,
indemnizações de perdas e danos. consoante os casos.
5. No caso de demora, se o interessado provar que disso resultou
prejuízo, o transportador terá de pagar por esse prejuízo uma Artigo 24º
indemnização que não poderá ultrapassar o preço do transporte. O expedidor poderá mencionar na declaração de expedição, contra
6. Só poderão exigir-se indemnizações mais elevadas no caso pagamento de um suplemento de preço a convencionar, um valor
de declaração do valor da mercadoria ou de declaração de juro da mercadoria que exceda o limite mencionado no parágrafo 3 do
especial na entrega, em conformidade com os artigos 24 e 26. artigo 23o, e nesse caso o valor declarado substitui esse limite.
7. (no aditado pelo Protocolo de Emenda) A unidade de conta
referida na presente Convenção é o direito de saque especial, tal Artigo 25º
como definido pelo Fundo Monetário Internacional. O montante a 1. Em caso de avaria, o transportador paga o valor da depreciação
que se refere o no 3 do presente artigo é convertido na moeda calculada segundo o valor da mercadoria determinado em
nacional do Estado onde se situe o tribunal encarregado da conformidade com o artigo 23º, parágrafos 1, 2 e 4.
resolução do litígio com base no valor dessa moeda à data do 2. No entanto, a indemnização não poderá ultrapassar:

103
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
a) O valor que atingira no caso de perda total, se toda a equivalente ao dolo.
expedição se depreciou com a avaria; 2. Sucede o mesmo se o dolo ou a falta for ato dos agentes do
b) O valor que atingiria no caso de perda da parte depreciada, transportador ou de quaisquer outras pessoas a cujos serviços
se apenas parte da expedição se depreciou com a avaria. aquele recorre para a execução do transporte, quando esses
agentes ou essas outras pessoas atuarem no exercício das suas
Artigo 26º funções. Neste caso, esses agentes ou essas outras pessoas
1. O expedidor pode fixar, mencionando-o na declaração de também não têm o direito de aproveitar-se, quanto à sua
expedição e contra pagamento de um suplemento de preço a responsabilidade pessoal, das disposições do presente capítulo
convencionar, o valor de um juro especial na entrega para o caso indicadas no parágrafo 1.
de perda ou avaria e para o de ultrapassagem do prazo
convencionado. CAPÍTULO V
2. Se houver declaração de juro da especial na especial na entrega, (Reclamações e Ações)
pode ser exigida, independentemente das indemnizações previstas Artigo 30º
nos artigos 23º, 24º e 25º e até ao valor do juro declarado, uma 1. Se o destinatário receber a mercadoria sem verificar
indemnização igual ao dano suplementar de que seja apresentada contraditoriamente o seu estado com o transportador, ou sem ter
prova. formulado reservas a este que indiquem a natureza geral da perda
ou avaria, o mais tardar no momento da entrega se se tratar de
Artigo 27º perdas ou avarias aparentes, ou dentro de sete dias a contar da
1. O interessado pode pedir os juros da indemnização. Estes juros, entrega, não incluindo domingos e dias feriados, quando se tratar
calculados à taxa de 5 por cento ao ano, contam-se desde o dia em de perdas ou avarias não aparentes, presumir-se-á, até prova
que a reclamação for dirigida por escrito ao transportador, ou, se em contrário, que a mercadoria foi recebida no estado descrito
não houve reclamação, desde o dia em que intentou ação judicial. na declaração de expedição. As reservas indicadas acima devem
2. Quando os elementos que servem de base para o cálculo da ser feitas por escrito quando se tratar de perdas ou avarias não
indemnização não são expressos na moeda do país onde é exigido aparentes.
o pagamento, a conversão é feita pela cotação do dia e lugar do 2. Quando o estado da mercadoria foi verificado
pagamento da indemnização. contraditoriamente pelo destinatário e pelo transportador, a prova
em contrário do resultado desta verificação só poderá fazer-se se
Artigo 28º se tratar de perdas ou avarias não aparentes e se o destinatário
1. Quando, segundo a lei aplicável, a perda, avaria ou demora tiver apresentado ao transportador reservas por escrito dentro dos
ocorridas durante um transporte sujeito à presente Convenção sete dias, domingos e dias feriados não incluídos, a contar dessa
possa dar lugar a uma reclamação extracontratual, o verificação. 3. Uma demora na entrega só pode dar origem a
transportador poderá aproveitar- se das disposições da presente indemnização se tiver formulada uma reserva por escrito no prazo
Convenção que excluem a sua responsabilidade ou que de 21 dias, a contar da colocação da mercadoria à disposição do
determinam ou limitam as indemnizações devidas. destinatário. 4. A data da entrega, ou, segundo o caso, a da
2. Quando a responsabilidade extracontratual, por perda, avaria verificação ou da colocação da mercadoria à disposição, não é
ou demora, de uma das pessoas pelas quais o transportador contada nos prazos previstos no presente artigo.
responde nos termos do artigo 3º é posta em causa, essa pessoa 5. O transportador e o destinatário darão um ao outro,
poderá também aproveitar-se das disposições da presente reciprocamente, todas as felicidades razoáveis para as observações
Convenção que excluem a responsabilidade do transportador ou e verificações necessárias.
que determinam ou limitam as indemnizações devidas.
Artigo 31º
Artigo 29º 1. Para todos os litígios provocados pelos transportes sujeitos à
1. O transportador não tem o direito de aproveitar-se das presente Convenção, o autor poderá recorrer, além das jurisdições
disposições do presente capítulo que excluem ou limitam a sua dos países contratantes designados de comum acordo pelas parte,
responsabilidade ou que transferem o encargo da prova se o dano para a jurisdição do país no território do qual:
provier de dolo seu ou de falta que lhe seja imputável e que, a) O réu tiver a sua residência habitual, a sua sede principal
segundo a lei da jurisdição que julgar o caso, seja considerada ou sucursal ou agência por intermédio da qual se estabeleceu o

104
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
contrato de transporte, ou documentos que a esta se juntaram. No caso de aceitação parcial
b) Estiver situado o lugar do carregamento da mercadoria ou o da reclamação, a prescrição só retoma o seu curso para a parte
lugar do carregamento da mercadoria ou o lugar previsto para a da reclamação que continuar litigiosa. A prova da recepção da
entrega, e só poderá recorrer a essas jurisdições. reclamação ou da resposta e restituição dos documentos compete à
2. Quando num litígio previsto no parágrafo 1 do presente artigo parte que invoca este fato. As reclamações ulteriores com a mesma
estiver em instância uma ação numa jurisdição competente nos finalidade não suspendem a prescrição.
termos desse parágrafo, ou quando tal jurisdição pronunciar 3. Salvas as disposições do parágrafo 2 acima, a suspensão da
sentença em tal litígio, não poderá ser intentada mais nenhuma prescrição regulas e pela lei da jurisdição a que se recorreu. O
ação pela mesma causa entre as mesmas partes, a não ser que a mesmo acontece quanto à interrupção da prescrição.
decisão da jurisdição perante a qual foi intentada a primeira ação 4. A ação que prescreveu não pode mais ser exercida, mesmo sob
não possa ser executada no país onde é intentada a nova ação. a forma de reconvenção ou excepção.
3. Quando num litígio previsto no parágrafo 1 do presente
artigo uma sentença pronunciada por uma jurisdição de um país Artigo 33º
contratante se tornou executória nesse país, torna-se também O contrato de transporte pode conter uma cláusula que atribua
executória em cada um dos outros países contratantes competência a um tribunal arbitral, desde que essa cláusula
imediatamente após o cumprimento das formalidades prescritas estipule que o tribunal arbitral aplicará a presente Convenção.
para esse efeito no país interessado. Essas formalidades não
podem comportar nenhuma revisão do caso. CAPÍTULO VI
4. As disposições do parágrafo 3 do presente artigo aplicam-se (Disposições relativas ao transporte efetuado
às sentenças contraditórias, às sentenças omissas e às transações por transportadores sucessivos)
judiciais, mas não se aplicam às sentenças somente executórias Artigo 34º
por provisão nem às condenações em perdas e danos que venham Se um transporte regulado por um contrato único for executado
a ser impostas além das despesas contra um queixoso em virtude por transportadores rodoviários sucessivos, cada um destes assume
da rejeição total ou parcial da sua queixa. a responsabilidade da execução do transporte total, e o segundo e
5. Não pode ser exigida caução a nacionais de países contratantes, cada um dos seguintes transportadores, ao aceitarem a mercadoria
com domicílio ou estabelecimento num destes países, para garantir e a declaração de expedição, tornam-se partes no contrato nas
o pagamento das despesas causadas por ações judiciais originadas condições da declaração da expedição.
pelos transportes sujeitos à presente Convenção.
Artigo 35º
Artigo 32º 1. O transportador que aceitar a mercadoria do transportador
1. As ações que podem ser originadas pelos transportes sujeitos à precedente dar-lhe-á recibo datado e assinado. Deverá indicar o
presente Convenção prescrevem no prazo de um ano. No entanto, seu nome e morada no segundo exemplar da declaração de
a prescrição é de três anos no caso de dolo, ou de falta que a lei expedição. Se for caso disso, indicará neste exemplar, assim como
da jurisdição a que se recorreu considere equivalente ao dolo. O no recibo, reservas análogas às previstas no artigo 8º,
prazo de prescrição é contado: parágrafo 2.
a) A partir do dia em que a mercadoria foi entregue, no caso de 2. As disposições do artigo 9º aplicam-se às relações entre
perda parcial, avaria ou demora; transportadores sucessivos.
b) No caso de perda total, a partir do 30º dia após a expiração
do prazo convencionado, ou, se não tiver sido convencionado Artigo 36º
prazo, a partir do 60º dia após a entrega da mercadoria ao A não ser que se trate de reconvenção ou de excepção posta em
cuidado do transportador; relação a um pedido fundado no mesmo contrato de transporte,
c) Em todos os outros casos, a partir do termo de um prazo a ação de responsabilidade por perda, avaria ou demora só pode
de três meses, a contar da conclusão do contrato de transporte. ser posta contra o primeiro transportador, o último transportador
O dia indicado acima como ponto de partida da prescrição não é ou transportador que executava a parte do transporte na qual se
compreendido no prazo. produziu o fato que causou a perda, avaria ou demora; a ação
2. Uma reclamação escrita suspende a prescrição até ao dia em pode ser posta simultaneamente contra vários destes
que o transportador rejeitar a reclamação por escrito e restituir os transportadores.

105
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Artigo 37º Artigo 40º
O transportador que tiver pago uma indemnização segundo as Os transportadores poderão convencionar entre si disposições
disposições da presente Convenção terá o direito de intentar diferentes das dos artigos 37º e 38º.
recurso quanto ao principal, juros e despesas contra os
transportadores que participaram na execução do contrato de CAPÍTULO VII
transporte, em conformidade com as disposições seguintes: (Nulidade das estipulações contrárias à Convenção)
a) O transportador que causou o dano é o único que deve suportar Artigo 41º
a indemnização, quer ele próprio a tenha pago, quer tenha sido 1. Salvas as disposições do artigo 40º, é nula e sem efeito
paga por outro transportador; qualquer estipulação que, direta ou indiretamente, modifique as
b) Quando o dano foi causado por dois ou mais transportadores, disposições da presente Convenção. A nulidade de tais estipulações
cada um deve pagar uma quantia proporcional à sua parte de não implica a nulidade das outras disposições do contrato.
responsabilidade se for impossível a avaliação das partes de 2. Em especial, seria nula qualquer cláusula pela qual o
responsabilidade, cada um é responsável proporcionalmente à transportador se atribuísse o benefício do seguro da mercadoria
parte de remuneração do transporte que lhe competir; ou qualquer outra cláusula análoga, assim como qualquer cláusula
c) Se não puderem determinar-se os transportadores aos quais que transfira o encargo da prova.
deve atribuir-se a responsabilidade, o encargo da indemnização
será distribuído por todos os transportadores, na proporção fixada CAPÍTULO VIII
em b). (Disposições Finais)
Artigo 42º
Artigo 38º 1. A presente Convenção fica patente à assinatura ou adesão dos
Se um dos transportadores for insolvente, a parte que lhe cabe e países membros da Comissão Económica para a Europa e dos
não foi paga será distribuída por todos os outros transportadores, países admitidos na Comissão a título consultivo, em conformidade
proporcionalmente às suas remunerações. com o parágrafo 8 do mandato desta Comissão.
2. Os países que podem tomar parte em certos trabalhos da
Artigo 39º Comissão Económica para a Europa, segundo o parágrafo 11 do
1. O transportador contra o qual tiver sido posto um dos recursos mandato desta Comissão, poderão tornar-se Partes Contratantes
previstos nos artigos 37º e 38º não poderá contestar o fundamento da presente Convenção, aderindo a esta depois da sua entrada em
do pagamento efetuado pelo transportador que intentar o vigor.
recurso, quando a indemnização tiver sido fixada por decisão 3. A Convenção estará patente à assinatura até 31 de Agosto de
judicial, desde que tenha sido devidamente informado do processo 1956, inclusive. Depois desta data, ficará patente à adesão.
e tenha tido possibilidade de nele intervir. 4. A presente Convenção será ratificada.
2. O transportador que quiser intentar o seu recurso poderá 5. A ratificação ou a adesão efetuar-se-á pelo depósito de um
apresentá-lo no tribunal competente do país no qual um dos trans- instrumento junto do Secretário-Geral da Organização das Nações
portadores interessados tiver residência habitual, sede principal ou Unidas.
sucursal ou agência por intermédio da qual foi efetuado o contrato
de transporte. O recurso poderá ser intentado numa só e mesma Artigo 43º
instância contra todos os transportadores interessados. 1. A presente Convenção entrará em vigor no 90º dia depois de
3. As disposições do artigo 31º, parágrafos 3 e 4, aplicar-se-ão às cinco países mencionados no parágrafo 1 do artigo 42º terem
sentenças pronunciadas nos recursos previstos nos artigos 37º e depositado os seus instrumentos de ratificação ou adesão.
38º. 2. Para cada país que a ratificar ou a ela aderir, depois de cinco
4. As disposições do artigo 32º são aplicáveis aos recursos entre países terem depositado os seus instrumentos de ratificação ou
transportadores. No entanto o prazo de prescrição é contado quer adesão, a presente Convenção entrará em vigor no 90º dia que
a partir do dia de uma decisão judicial definitiva que fixe a se seguir ao depósito do instrumento de ratificação ou adesão do
indemnização a pagar em virtude em virtude das disposições da referido país.
presente Convenção, quer, no caso de não ter havido tal decisão, a
partir do pagamento efetivo.

106
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Artigo 44º Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
1. Qualquer Parte Contratante poderá denunciar a presente 3. Não se admitirá nenhuma outra reserva à presente Convenção.
Convenção por notificação dirigida ao Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas. Artigo 49º
2. A denúncia produz efeito doze meses depois da data em que o 1. Depois de a presente Convenção ter estado em vigor durante
Secretário-Geral dela tiver recebido notificação. três anos, qualquer Parte Contratante, por meio de notificação
dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas,
Artigo 45º poderá pedir a convocação de uma conferência destinada a rever
Se depois da entrada em vigor da presente Convenção o número a presente Convenção. O Secretário-Geral comunicará este pedido
das Partes Contratantes ficar reduzido a menos de cinco, em a todas as Partes Contratantes e convocará uma conferência de
consequência de denúncias, a presente Convenção deixará de estar revisão se, no prazo de quatro meses, a contar da comunicação
em vigor a partir da data em que produzir efeito a última dessas enviada, pelo menos um quarto das Partes Contratantes lhe
denúncias. comunicar o seu assentimento a esse pedido.
2. Se for convocada uma conferência em conformidade com o
Artigo 46º parágrafo precedente, o Secretário-Geral avisará do fato todas as
1. Qualquer país, ao depositar o seu instrumento de ratificação ou Partes Contratantes e convidá-las-á a apresentar, no prazo de três
adesão ou em qualquer outro momento ulterior, poderá declarar, meses, as propostas que desejariam que fossem examinadas pela
por notificação ao Secretário-Geral da Organização das Nações conferência. O Secretário-Geral comunicará a todas as Partes
Unidas, que a presente Convenção se aplica à totalidade ou à parte Contratantes a ordem do dia provisória da conferência e o texto
dos territórios que representa no plano internacional. A Convenção dessas propostas, pelo menos três meses antes da data de
será aplicável ao território ou territórios mencionados na abertura da conferência.
notificação a partir do 90º dia depois da recepção desta notificação 3. O Secretário-Geral convidará para qualquer conferência,
pelo Secretário-Geral, ou, se nesse dia a Convenção ainda não tiver convocada em conformidade com o presente artigo, todos os países
entrado em vigor, a contar da data da sua entrada em vigor. indicados no parágrafo 1 do artigo 42º e todos os países que se
2. Qualquer país que tenha feito, em conformidade com o tiverem tornado Partes Contratantes pela aplicação do parágrafo 2
parágrafo precedente, uma declaração com o efeito de tornar a do artigo 42º.
presente Convenção aplicável a um território que represente no
plano internacional, poderá, em conformidade com o artigo 44º, Artigo 50º
denunciar a Convenção no que diz respeito ao referido território. Além das notificações previstas no artigo 49º, o Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas comunicará aos países indicados
Artigo 47º no parágrafo 1 do artigo 42º e aos países que se tiverem tornado
Qualquer litígio entre duas ou mais Partes Contratantes acerca da Partes Contratantes pela aplicação do parágrafo 2 do artigo 42º:
interpretação ou aplicação da presente Convenção, que as Parte a) As ratificações e adesões em virtude do artigo 42;
não possam resolver por meio da negociação ou outro modo de b) As datas em que a presente Convenção entrar em vigor em
solução, poderá ser submetido à decisão do Tribunal Internacional conformidade com o artigo 43º;
de Justiça, a pedido de qualquer das Partes Contratantes c) As denúncias em virtude do artigo 44º;
interessadas. d) A ab-rogação da presente Convenção em conformidade com o
artigo 45º;
Artigo 48º e) As notificações recebidas em conformidade com o artigo 46º;
1. Qualquer Parte Contratante, no momento de assinar ou ratificar f) As declarações e notificações recebidas em conformidade com os
a presente Convenção ou de a esta aderir, poderá declarar que parágrafos 1 e 2 do artigo 48.
não se considera ligada pelo artigo 47º da Convenção. As outras
Partes Contratantes não ficarão ligadas pelo artigo 47º para com Artigo 51º
qualquer Parte Contratante que tenha formulado tal reserva. Depois de 31 de Agosto de 1956, o original da presente Convenção
2. Qualquer Parte Contratante que tenha formulado uma será depositado junto do Secretário- Geral da Organização das
reserva em conformidade com o parágrafo 1 poderá em qualquer Nações Unidas, que dele transmitirá cópias devidamente
momento retirar essa reserva por meio de notificação dirigida ao certificadas a cada um dos países indicados nos parágrafos 1

107
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
e 2 do artigo 42º. Em fé do que os abaixo assinados, para isso para o sector, incluindo matérias relacionadas com a própria
devidamente autorizados, assinaram a presente Convenção. Feito atividade do transporte rodoviário de mercadorias, segurança
em Genebra, aos dezanove de Maio de mil novecentos e cinquenta rodoviária, ou proteção do ambiente.
e seis, num só exemplar, nas línguas inglesa e francesa, ambos os
textos fazendo fé. Procurando contribuir de uma forma mais ativa para a proteção do
ambiente, são estabelecidas regras condicionantes do
licenciamento de veículos que tenderão a promover a renovação
Anexo II das frotas automóveis e, consequentemente, o abatimento dos
DECRETO-LEI Nº 257/2007
veículos mais antigos, ou seja, os mais poluentes. Formulou-se um
(com a redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei 136/2009)
regime sancionatório mais ajustado e dissuasor, designadamente
O regime jurídico da atividade de transporte rodoviário
no que respeita à aplicação de sanção acessória por excesso de
de mercadorias
carga, que passa a poder ser aplicada quer a transportadores por
conta de outrem quer por conta própria. Foi também
O regime jurídico da atividade de transporte rodoviário de
introduzida a punição, até aqui inexistente, pela falta de
mercadorias, adoptado no direito interno em consonância com as
certificado de motorista, exigido aos motoristas nacionais de países
Diretivas nº 96/26/CE, do Conselho, de 29 de Abril, e 98/76/CE,
terceiros pelo Regulamento (CE) nº 484/2002, do Parlamento
do Conselho, de 1 de Outubro, em vigor desde 1999, veio demon-
Europeu e do Conselho, que alterou o Regulamento (CEE) nº
strar, pela experiência adquirida com a sua aplicação, a necessi-
881/92, também do Parlamento Europeu e do Conselho.
dade de introduzir alguns ajustamentos.
ASSIM: No uso da autorização legislativa concedida pela
Lei nº 1/2007, de 11 de Janeiro, e nos termos das alíneas a) e
Constatou -se ser aconselhável proceder a alterações ao regime de
b) do nº 1 do artigo 198º da Constituição, o Governo decreta o
acesso à atividade, bem como ao regime de organização do
seguinte:
mercado do transporte rodoviário de mercadorias, as quais
promovam a melhoria das condições de prestação de serviços e
CAPÍTULO I
melhorem a capacidade competitiva das empresas operando nesse
Disposições gerais
mercado.
Artigo 1º - Âmbito
1. O presente decreto -lei aplica -se ao transporte rodoviário de
Considerando que se tem verificado uma tendência de
mercadorias efetuado por meio de veículos automóveis ou
crescimento de empresas que, com recurso exclusivo a veículos
conjuntos de veículos de mercadorias, com peso bruto igual ou
ligeiros de mercadorias, efetuam transportes públicos ou por conta
superior a 2500 kg.
de outrem, sem que tenham de se sujeitar a quaisquer condições
2 — Não estão abrangidos pelo regime de licenciamento na
de acesso à atividade ou de mercado, o que subverte as condições
atividade a que se refere o presente decreto-lei:
de concorrência, mostra -se aconselhável que estes transportes
a) Os transportes de produtos ou mercadorias diretamente
sejam submetidos a regras idênticas às aplicáveis aos restantes
ligados à gestão agrícola ou dela provenientes efetuados por meio
transportes já submetidos a licenciamento. Ficam, no entanto,
de reboques atrelados aos respetivos tratores agrícolas;
excluídos deste regime os transportes efetuados em veículos de
b) Os transportes de envios postais realizados no âmbito da
mercadorias de peso bruto inferior a 2500 kg, pela irrelevância da
atividade de prestador de serviços postais;
sua capacidade de carga.
c) A circulação de veículos aos quais estejam ligados, de forma
permanente e exclusiva, equipamentos ou máquinas.
No que se refere ao acesso à atividade, foram adequadas as
regras relativas ao requisito de capacidade profissional, de forma
Artigo 2º
a garantir que cada empresa seja efetivamente gerida pelo titular
Definições
do certificado de capacidade profissional e, ao mesmo tempo,
Para efeitos do disposto no presente decreto-lei e legislação
fomentar a obtenção ou consolidação de melhores e mais
complementar, considera -se:
atualizadas competências técnicas. Neste sentido, foi condicionada
a) «Transporte rodoviário de mercadorias» a atividade de natureza
a validade do certificado de capacidade profissional do responsável
logística e operacional que envolve a deslocação física de
da empresa a uma avaliação da sua gestão com boas práticas, que
mercadorias em veículos automóveis ou conjuntos de veículos,
terá em conta o número de infrações à regulamentação relevante

108
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
podendo envolver ainda operações de manuseamento dessas veículo trator seja propriedade da empresa expedidora, objeto de
mercadorias, designadamente grupagem, contrato de locação financeira ou de aluguer sem condutor e seja
triagem, recepção, armazenamento e distribuição; conduzido pelo proprietário, locatário ou pessoal ao seu serviço,
b) «Transporte por conta de outrem ou público» o transporte de mesmo que o reboque esteja matriculado ou tenha sido alugado
mercadorias realizado mediante contrato, que não se enquadre pela empresa destinatária, ou vice -versa, no caso dos percursos
nas condições definidas na alínea seguinte; rodoviários terminais;
c) «Transporte por conta própria ou particular» o transporte n) «Transportes em regime de carga completa» os transportes por
realizado por pessoas singulares ou colectivas em que se conta de outrem em que o veículo é utilizado no conjunto da sua
verifiquem cumulativamente as seguintes condições: capacidade de carga por um único expedidor;
i) As mercadorias transportadas sejam da sua propriedade, ou o) «Transporte em regime de carga fracionada» os transportes por
tenham sido vendidas, compradas, dadas ou tomadas de aluguer, conta de outrem em que o veículo é utilizado por fração da sua
produzidas, extraídas, transformadas ou reparadas pela entidade capacidade de carga por vários expedidores;
que realiza o transporte e que este constitua uma atividade p) «Guia de transporte» o documento descritivo dos elementos
acessória no conjunto das suas atividades; essenciais da operação de transporte e que estabelece as condições
ii) Os veículos utilizados sejam da sua propriedade, objeto de de realização do contrato entre o transportador e o expedidor;
contrato de locação financeira ou alugados em regime de aluguer q) «Expedidor» a pessoa que contrata com o transportador a
sem condutor; deslocação das mercadorias.
iii) Os veículos sejam, em qualquer caso, conduzidos pelo
proprietário ou locatário ou por pessoal ao seu serviço; CAPÍTULO II
d) «Mercadorias» toda a espécie de produtos ou objetos, com ou Acesso à atividade
sem valor comercial, que possam ser transportados em veículos Artigo 3º
automóveis ou conjuntos de veículos; Licenciamento da atividade
e) «Transporte nacional» o transporte que se efetua totalmente em 1. A atividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta
território nacional; de outrem, nacional ou internacional, por meio de veículos de
f) «Transporte internacional» o transporte que implica o peso bruto igual ou superior a 2500 kg, só pode ser exercida por
atravessamento de fronteiras e se desenvolve parcialmente em sociedades comerciais ou cooperativas, licenciadas pelo Instituto da
território nacional; Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I. P. (IMT).
g) «Transporte combinado» o transporte de mercadorias em que, 2. A licença a que se refere o número anterior consubstancia-se
na parte inicial ou final do trajeto, se utiliza o modo rodoviário e, num alvará ou licença comunitária, a qual é intransmissível,
na outra parte, o modo ferroviário, o modo aéreo, a via fluvial ou sendo emitida por um prazo não superior a cinco anos, renovável
a via marítima; por igual período, mediante comprovação de que se mantêm os
h) «Transportador residente» qualquer empresa estabelecida em requisitos de acesso e de exercício de atividade.
território nacional habilitada a exercer a atividade 3. O IMT procede ao registo, nos termos da lei em vigor, de todas
transportadora; as empresas que realizem transportes de mercadorias por conta de
i) «Transportador não residente» qualquer empresa estabelecida outrem.
num país estrangeiro habilitada a exercer a atividade nos termos Artigo 4º
da regulamentação desse país; Requisitos de acesso e exercício da atividade
j) «Cabotagem» a realização de transporte nacional por 1. São requisitos de acesso e exercício da atividade a idoneidade, a
transportadores não residentes; capacidade técnica e profissional e a capacidade financeira.
l) «Transportes especiais» os transportes que, designadamente 2 . É ainda requisito de exercício da atividade que a empresa tenha
pela natureza ou dimensão das mercadorias transportadas, devem a sua situação contributiva regularizada perante a
obedecer a condições técnicas ou a medidas de segurança administração fiscal e a segurança social.
especiais;
m) «Transportes equiparados a transportes por conta própria» os Artigo 5º
que integrem um transporte combinado e se desenvolvam nos Idoneidade
percursos rodoviários iniciais ou terminais, desde que seja 1. A idoneidade é aferida pela inexistência de impedimentos
cumprida a condição prevista na subalínea i) da alínea c) e o legais, nomeadamente a condenação por determinados ilícitos

109
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
praticados pelos administradores, diretores ou gerentes. Artigo 7º
2. São consideradas idóneas as pessoas relativamente às quais não Certificado de capacidade profissional
se verifique algum dos seguintes impedimentos: 1. O certificado de capacidade profissional para transportes
a) Proibição legal para o exercício do comércio; rodoviários de mercadorias, nacionais ou internacionais, consoante
b) Condenação com pena de prisão efetiva igual ou superior a o caso, é emitido pelo IMT a pessoas que:
2 anos, transitada em julgado, por crime contra o património, por a) Tenham frequentado ação de formação sobre as matérias
tráfico de estupefacientes, por branqueamento de capitais, por referidas na lista constante do anexo I ao presente decreto-lei e
fraude fiscal ou aduaneira; que dele faz parte integrante e obtenham aprovação em exame,
c) Condenação, com trânsito em julgado, na medida de realizado de acordo com as regras constantes do anexo II ao
segurança de interdição do exercício da profissão de transportador, presente decreto-lei e que dele faz parte integrante; ou
independentemente da natureza do crime; b) Comprovem curricularmente ter, pelo menos, cinco anos de
d) Condenação, com trânsito em julgado, por infrações graves experiência prática ao nível de direção numa empresa licenciada
à regulamentação sobre os tempos de condução e de repouso ou para transportes rodoviários de mercadorias, nacionais ou
à regulamentação sobre a segurança rodoviária, nos casos em internacionais, e obtenham aprovação em exame específico de
que tenha sido decretada a interdição do exercício da profissão de controlo.
transportador; 2. As pessoas diplomadas com curso do ensino superior ou com
e) Condenação, com trânsito em julgado, por infrações curso reconhecido oficialmente, que implique bom conhecimento
cometidas às normas relativas ao regime das prestações de de alguma ou algumas matérias referidas na lista do anexo I,
natureza retributiva ou às condições de higiene e segurança no podem ser dispensadas da formação e do exame relativamente a
trabalho, à proteção do ambiente e à responsabilidade essa ou a essas matérias.
profissional, nos casos em que tenha sido decretada a interdição 3. Os titulares de certificado de capacidade profissional, a que se
do exercício da profissão de transportador. refere o artigo 6º do Decreto -Lei n.º 3/2001, de 10 de Janeiro,
3. Para efeitos do presente decreto -lei, quando seja decretada a ficam abrangidos pela dispensa a que se refere o número anterior,
sanção acessória de interdição do exercício da atividade, os relativamente às matérias de avaliação comuns.
administradores, diretores ou gerentes em funções à data da 4. O IMT reconhece os certificados de capacidade profissional para
infração que originou a sanção acessória deixam de preencher o transportes rodoviários de mercadorias, emitidos pelas entidades
requisito de idoneidade durante o período de interdição fixado na competentes de outros Estados membros da União Europeia, nos
decisão condenatória. termos da Diretiva nº 96/26/CE, do Conselho, de 29 de Abril,
modificada pela Diretiva nº 98/76/CE, do Conselho, de 1 de
Artigo 6º Outubro.
Capacidade profissional 5. A validade do certificado profissional do responsável da
1. A capacidade profissional deve ser preenchida por pessoa que, empresa, por período superior a cinco anos, fica dependente do
sendo titular do certificado de capacidade profissional a que se exercício da profissão com boas práticas, tendo em conta as
refere o artigo 7º, detenha poderes para obrigar a empresa, infrações às normas relativas à atividade transportadora, à
isolada ou conjuntamente, e a dirija em permanência e regulamentação social de transportes, à segurança rodoviária e à
efetividade. proteção do ambiente, bem como a formação profissional.
2. Para efeitos do cumprimento do requisito de capacidade 6. A comprovação da frequência da formação e as condições de
profissional, a pessoa que assegura este requisito deve fazer prova realização de exames, a que se referem as alíneas a) e b) do nº1,
da sua inscrição na segurança social, na qualidade de quadro de assim como as condições de validade do certificado de capacidade
direção da empresa. profissional, por período superior a cinco, são definidas por
3. A mesma pessoa não pode assegurar o requisito de capacidade portaria do membro do Governo responsável pelos transportes.
profissional a mais de uma empresa, salvo se pelo menos 50 % do
capital social de cada uma das empresas por ela dirigidas Artigo 8º
pertencer ao mesmo sócio, pessoa singular ou colectiva. Capacidade técnica
A capacidade técnica consiste na existência de meios técnicos e
humanos adequados à dimensão das empresas transportadoras,
de acordo com os critérios a definir por portaria.

110
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Artigo 9º adicional de um ano, desde que a situação económica da empresa
Capacidade financeira o justifique e mediante a apresentação de um plano financeiro.
1. A capacidade financeira consiste na posse de recursos
financeiros necessários para garantir o início da atividade e a boa Artigo 13º
gestão da empresa. Renovação e caducidade do alvará ou licença comunitária
2. Para efeitos de início de atividade, as empresas devem dispor 1. Os pedidos de renovação de alvará ou da licença comunitária
de um capital social mínimo de € 125 000 ou de € 50 000, no devem ser requeridos no IMT com a antecedência mínima de 60
caso de exercício da atividade exclusivamente por meio de veículos dias relativamente ao termo do respetivo prazo de validade.
ligeiros. 2. A licença para o exercício da atividade, alvará ou licença
3. Durante o exercício da atividade, o montante de capital e comunitária caduca:
reservas não pode ser inferior a € 9000 pelo primeiro veículo a) Decorridos os prazos a que se refere o artigo anterior sem
automóvel licenciado e € 5000 ou € 1500 por cada veículo que a falta seja suprida;
automóvel adicional, consoante se trate de veículo pesado ou b) Se durante um ano a contar da data da emissão do alvará ou
ligeiro. 4. A comprovação do disposto nos números anteriores é licença comunitária a empresa não tiver
feita por certidão do registo comercial da qual conste o capital licenciado nenhum veículo automóvel.
social e por duplicado ou cópia autenticada do último balanço 3. Com a caducidade da licença para o exercício da atividade
apresentado para efeitos de imposto sobre o rendimento das caducam todas as licenças dos veículos automóveis ou cópias
pessoas colectivas (IRC) ou por garantia bancária. certificadas da licença comunitária que tenham sido emitidas à
5. A certidão do registo comercial pode ser fornecida mediante empresa.
a disponibilização do código de acesso à certidão permanente
de registo comercial, ou, em alternativa, mediante a entrega da CAPÍTULO III
certidão em papel. Acesso e organização do mercado
Artigo 14º
Artigo 10º Licenciamento de veículos automóveis
Cumprimento das obrigações fiscais 1. Os veículos automóveis afetos ao transporte rodoviário de
A comprovação da situação contributiva da empresa perante a mercadorias por conta de outrem estão sujeitos a licença a emitir
administração fiscal e a segurança social é exigível no momento pelo IMT, quer sejam da propriedade do transportador, objeto
da renovação do alvará e no licenciamento de veículos. de contrato de locação financeira, ou contrato de aluguer sem
condutor.
Artigo 11º 2. Até que a soma dos pesos brutos dos veículos da empresa
Dever de informação ultrapasse 40 t, os veículos automóveis a licenciar após a obtenção
1. Os requisitos de acesso e exercício da atividade são de do alvará ou da licença comunitária, a que se refere o nº 2 do
verificação permanente, devendo as empresas comprovar o seu artigo 3º, devem necessariamente ser novos, considerando-se que
cumprimento sempre que lhes seja solicitado. satisfazem esta condição os veículos que não tenham mais de um
2. As empresas têm o dever de comunicar ao IMT as alterações ano de fabrico contado a partir da data de primeira matrícula.
ao pato social, designadamente modificações na administração, 3. São condições de emissão de licença que a idade média da frota
direção ou gerência, bem como mudanças de sede, no prazo de 30 de automóveis da empresa não exceda 10 anos, sendo
dias a contar da data da sua ocorrência. determinada a idade de cada veículo pela data da primeira
matrícula.
Artigo 12º 4. As licenças dos veículos caducam no caso de
Falta superveniente de requisitos transmissão da propriedade ou da posse do veículo e sempre que
1. A falta superveniente de qualquer um dos requisitos de se verifique a caducidade do alvará ou da licença comunitária.
idoneidade, capacidade profissional e capacidade financeira deve
ser suprida no prazo de um ano a contar da data da sua Artigo 15º
ocorrência. Identificação de veículos
2. Para efeitos de suprimento do requisito de capacidade Os veículos automóveis licenciados para o transporte rodoviário
financeira de exercício da atividade pode ser concedido o prazo de mercadorias por conta de outrem devem ostentar distintivos de
identificação.

111
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Artigo 16º ser definidos por despacho do presidente do conselho diretivo do
Transportes de carácter excepcional IMT.
Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMT, os transportes de
carácter excepcional realizados por veículos afetos ao transporte Artigo 20º
por conta própria, cujo peso bruto exceda 2500 kg, em que, Documentos que devem estar a bordo do veículo
cumulativamente: Durante a realização dos transportes a que se refere o presente
a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo decreto -lei, devem estar a bordo do veículo e ser apresentados à
proprietário; entidade fiscalizadora sempre que solicitado a cópia certificada da
b) O transporte seja efetuado sem fins lucrativos por licença comunitária bem como as licenças e autorizações previstas
colectividades de utilidade pública ou outras nos artigos 14º, 16º e 17º e, no caso de transporte internacional
agremiações filantrópicas, desportivas ou recreativas; em que o veículo é conduzido por um motorista nacional de país
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins terceiro, o respetivo certificado.
das entidades que efetuam o
transporte; CAPÍTULO IV
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que Fiscalização e regime sancionatório
realiza o transporte, de algum dos seus Artigo 21º
associados ou cedidos a título gratuito por outras entidades. Fiscalização
1. A fiscalização do cumprimento do disposto no presente decreto
Artigo 17º -lei compete às seguintes entidades:
Transportes internacionais e de cabotagem a) Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I. P.;
1. Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem b) Guarda Nacional Republicana;
a realizar por transportadores não residentes sediados fora do c) Polícia de Segurança Pública.
território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir 2. As entidades referidas no número anterior podem proceder,
pelo IMT, a qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade. junto das pessoas singulares ou colectivas que efetuem
2. Os transportes internacionais a realizar por transportadores transportes rodoviário de mercadorias, a todas as investigações
residentes, entre o território português e o território de países não e verificações necessárias para o exercício da sua competência
membros da União Europeia, com quem o Estado Português haja fiscalizadora.
celebrado um acordo bilateral ou multilateral sobre transportes 3. Os funcionários do IMT com competência na área da
rodoviários, estão sujeitos a autorização a emitir pelo IMT dentro fiscalização e no exercício de funções, desde que devidamente
dos limites quantitativos resultantes desses acordos ou convenções. credenciados, têm livre acesso aos locais destinados ao exercício da
3. Não estão abrangidos pelo regime de autorização previsto atividade das empresas.
neste artigo os transportes que, por convenção multilateral ou por
acordo bilateral, tenham sido liberalizados. Artigo 22º
4. No caso de transportes realizados por meio de conjuntos de Contraordenações
veículos, a autorização só é exigida ao veículo automóvel. 1. As infrações ao disposto no presente decreto–lei constituem
contraordenações, nos termos dos artigos 23º a 34º
Artigo 18º 2. A tentativa e a negligência são puníveis, sendo os limites
Transportes especiais máximo e mínimo da coima reduzidos para metade.
Os transportes especiais são objeto de regulamentação específica.
Artigo 23º
Realização de transportes por entidade não licenciada
Artigo 19º 1. A realização de transportes rodoviários de mercadorias por
Guia de transporte conta de outrem, por meio de veículos automóveis com peso bruto
1. Os transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem igual ou superior a 2500 kg, por entidade que não seja titular do
são descritos numa guia de transporte, que deve acompanhar as alvará a que se refere o artigo 3º, é punível com coima de € 1250
mercadorias transportadas. a € 3740 ou de € 5000 a € 15 000, consoante se trate de pessoa
2. A guia de transporte deve conter os elementos que vierem a singular ou colectiva.

112
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
2. Os transportes por conta de outrem internacionais e de de outrem, por meio de veículo automóvel sem a licença a que se
cabotagem referidos nos Regulamentos CEE nº 881/92, do refere o artigo 14º, é punível com coima de € 750 a € 2250.
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Março, e 3118/93,
do Conselho, de 25 de Outubro, quando efetuados sem a cópia Artigo 28º
certificada da licença comunitária, consideram-se realizados por Falta de distintivos
entidade não licenciada, sendo aplicáveis as coimas previstas no 1. A realização de transportes sem os distintivos a que se refere o
número anterior. artigo 15º, ou quando estes estejam colocados em veículo au-
tomóvel não licenciado, é punível com coima de € 100 a € 300. 2.
Artigo 24º A ostentação dos distintivos do transporte por conta de outrem em
Falta de certificado de motorista nacional de país terceiro veículos não licenciados para o efeito é punível com coima de
A realização de transportes internacionais a coberto de uma € 1250 a € 3740.
licença comunitária, em que o veículo seja conduzido por motorista
nacional de um país terceiro, sem o certificado exigido pelo artigo Artigo 29º
3º do Regulamento (CEE) nº 881/92, do Parlamento Europeu e do Transportes sem autorização
Conselho, de 26 de Março, com a redação que lhe foi dada pelo 1. A realização de transportes de carácter excepcional a que se
Regulamento (CE) nº 484/2002, do Parlamento Europeu e do refere o artigo 16º, sem autorização, é punível com coima de
Conselho, de 19 de Março, é punível com coima de € 750 a € 1250 a € 3740 ou de € 3500 a € 10 500, consoante se trate de
€ 2250. pessoa singular ou colectiva.
2. A realização de transportes internacionais ou de cabotagem sem
Artigo 25º as autorizações a que se refere o artigo 17º é punível com coima
Transportes efetuados por entidade diversa do titular do de € 1000 a € 3000.
alvará ou da licença comunitária
1. A realização de transportes por entidade diversa do titular do Artigo 30º
alvará ou da licença comunitária a que se refere o artigo 3º é Falta ou vícios da guia de transporte
punível: 1. A falta da guia de transporte é punível com coima de € 250 a
a) Relativamente ao titular do alvará ou da licença comunitária, € 750.
com a coima de € 1250 a € 3740 e de € 5000 a € 15 000, 2. O preenchimento incorreto ou incompleto da guia de
consoante se trate de pessoa singular ou colectiva; transporte, da responsabilidade do expedidor ou do transportador,
b) Relativamente à pessoa que efetua o transporte, com a coima consoante a respetiva obrigação de preenchimento, é punível com
de € 500 a € 1500 e de € 1500 a € 4500, consoante se trate de coima de € 100 a € 300.
pessoa singular ou colectiva.
2. São considerados como efetuados por entidade diversa do titular Artigo 31º
do alvará os transportes em que se verifique alguma das seguintes Excesso de carga
situações: 1. A realização de transportes com excesso de carga é punível com
a) Prestação do serviço de transporte com faturação ou recibo coima de € 500 a € 1500, sem prejuízo do disposto nos números
em regime de atividade liberal; seguintes.
b) Existência de contrato para utilização do veículo entre a 2.Sempre que o excesso de carga seja igual ou superior a 25 % do
empresa titular do alvará e um terceiro. peso bruto do veículo, a infração é punível com coima de € 1250 a
€ 3740.
Artigo 26º 3. No caso da infração a que se refere o número anterior, a
Falta de comunicação entidade fiscalizadora pode ordenar a imobilização do veículo até
A falta de comunicação prevista no nº 2 do artigo 11º é punível que a carga em excesso seja transferida, podendo ainda ordenar
com coima de € 250 a € 750. a deslocação e acompanhar o veículo até local apropriado para a
descarga, recaindo sobre o infrator o ónus com as operações de
Artigo 27º descarga ou transbordo da mercadoria.
Realização de transportes em veículos sem licença 4. Sempre que o excesso de carga se verifique no decurso de um
A realização de transportes rodoviários de mercadorias por conta transporte em regime de carga completa, a infração é imputável

113
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
ao expedidor e ao transportador, em comparticipação. Artigo 35º
5. Nenhum condutor se pode escusar a levar o veículo à pesagem Infratores não domiciliados em Portugal
nas balanças ao serviço das entidades fiscalizadoras, que se 1. Se o infrator não for domiciliado em Portugal e não pretender
encontrem num raio de 5 km do local onde se verifique a efetuar o pagamento voluntário, deve proceder ao depósito de
intervenção das mesmas, sendo punível tal conduta com a coima quantia igual ao valor máximo da coima prevista para a
referida no nº 2 deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade contraordenação praticada.
criminal a que houver lugar. 2. O pagamento voluntário ou o depósito referidos no número
anterior devem ser efetuados no ato da verificação da
Artigo 32º contraordenação, destinando-se o depósito a garantir o pagamento
Falta de apresentação de documentos da coima em que o infrator possa vir a ser condenado, bem como
A não apresentação dos documentos a que se refere o artigo 20º das despesas legais a que houver lugar.
no ato de fiscalização é punível com as coimas previstas, caso a 3. Se o infrator declarar que pretende pagar a coima ou efetuar o
caso, no presente decreto -lei, salvo se o documento em falta for depósito e não puder fazê-lo no ato da verificação da
apresentado no prazo de oito dias à autoridade indicada pelo contraordenação, deve ser apreendida a documentação do veículo
agente de fiscalização, caso em que a coima é de € 50 a € 150. até à efetivação do pagamento ou do depósito.
4. No caso previsto no número anterior devem ser emitidas guias
Artigo 33º de substituição dos documentos apreendidos com validade até ao
Imputabilidade das infrações 1º dia útil posterior ao dia da infração.
Sem prejuízo do disposto no artigo 25º, no nº 2 do artigo 30º e no 5. A falta de pagamento ou do depósito nos termos dos números
nº 4 do artigo 31º, as infrações ao disposto no presente anteriores implica a apreensão do veículo, que se mantém até ao
decreto -lei são da responsabilidade da pessoa singular ou pagamento ou depósito ou à decisão absolutória.
colectiva que efetua o transporte. 6. O veículo apreendido responde nos mesmos termos que o
depósito pelo pagamento das quantias devidas.
Artigo 34º
Sanções acessórias Artigo 36º
1. Com a aplicação da coima por infração ao nº 2 do artigo 31º Imobilização do veículo
pode ser decretada a sanção acessória de suspensão da licença ou 1. Sempre que da imobilização de um veículo resultem danos para
de apreensão do certificado de matrícula do veículo automóvel, as mercadorias transportadas ou para o próprio veículo, cabe à
consoante se trate de transporte por conta de outrem ou transporte pessoa singular ou colectiva que realiza o transporte a
por conta própria, se o transportador tiver praticado três infrações responsabilidade por esses danos, sem prejuízo do direito de
da mesma natureza, com decisão definitiva, e estas tiverem regresso.
ocorrido no decurso dos dois anos anteriores à data da prática da 2.São igualmente da responsabilidade da pessoa que realiza o
infração que está a ser decidida. transporte os encargos que resultem da transferência para outro
2. Com a aplicação da coima pela infração prevista na alínea a) do veículo no caso de excesso de carga, sem prejuízo do direito de
nº1 do artigo 25º pode ser decretada a sanção acessória de regresso.
interdição do exercício da atividade, desde que tenha havido
anterior condenação pela prática da mesma infração. Artigo 37º
3. A interdição do exercício da atividade, a suspensão da licença do Processamento das contraordenações
veículo ou a apreensão do certificado de matrícula, previstas nos 1. O processamento das contraordenações previstas neste
números anteriores, têm a duração máxima de dois anos. decreto -lei compete ao IMT.
4. A aplicação da sanção acessória de interdição do exercício da 2. A aplicação das coimas é da competência do presidente do
atividade implica necessariamente a suspensão e conselho diretivo do IMT.
consequentemente o depósito no IMT das licenças de que a 3. O IMT organiza o registo das infrações cometidas nos termos da
empresa infratora seja titular. legislação em vigor.
5. Durante o período de duração da sanção acessória, aplicada
nos termos do nº 1, a licença ou o certificado de matrícula ficam
depositados no IMT.

114
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
Artigo 38º que, preenchendo as restantes condições de licenciamento, o
Produto das coimas requeiram nos primeiros seis meses após a data de entrada em
O produto das coimas é distribuído da seguinte forma: vigor do presente decreto-lei.
a) 20 % para o IMT, constituindo receita própria;
b) 20 % para a entidade fiscalizadora; Artigo 42º
c) 60 % para o Estado. Entrada em vigor
1. O presente decreto -lei entra em vigor 30 dias após a sua
CAPÍTULO V publicação, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
Disposições finais e transitórias 2. As empresas titulares de alvará para transporte rodoviário de
Artigo 39º mercadorias à data de entrada em vigor do presente decreto-lei
Modelos das autorizações e distintivos só ficam sujeitas ao disposto no nº2 do artigo 9º, no que respeita
Os modelos dos alvarás, licenças, autorizações e distintivos à capacidade financeira de acesso à atividade, a partir de 1 de
referidos no presente decreto-lei, que não estejam previstos em Janeiro de 2008.
regulamentação comunitária ou decorram de acordos bilaterais ou
convenções multilaterais, são definidos e aprovados por despacho Artigo 43º
do presidente do conselho diretivo do IMT. Norma revogatória
1. É revogado o Decreto -Lei nº 38/99, de 6 de Fevereiro.
Artigo 40º 2. Enquanto não for publicada a regulamentação a que se refere o
Afetação de receitas presente decreto-lei, mantém -se em vigor a Portaria nº 1099/99,
Constituem receita própria do IMT os montantes que venham a ser de 21 de Dezembro, que regula os exames para obtenção do
fixados por despacho conjunto dos Ministros de Estado e das certificado de capacidade profissional, bem como os despachos
Finanças e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, nº 21 994, de 19 de Outubro de 1999, e 14 576/2000, de 30 de
para as inscrições no exame a que se refere o artigo 7º e para a Junho de 2000, relativos à guia de transporte e aos dísticos.
emissão de certificados, dos alvarás, licenças, certificados,
autorizações e distintivos referidos no presente decreto-lei. ANEXO I
Lista das matérias referidas no artigo 7º
Artigo 41º Os conhecimentos a tomar em consideração para a comprovação
Disposições finais e transitórias da capacidade profissional devem incidir, pelo menos, nas
1. As pessoas singulares ou colectivas que à data de entrada em matérias mencionadas na lista. Os transportadores rodoviários
vigor do presente decreto-lei efetuem transportes de mercadorias candidatos devem possuir o nível de conhecimentos e aptidões
por conta de outrem exclusivamente por meio de veículos ligeiros, práticas necessários para dirigir uma empresa de transportes. O
com peso bruto igual ou superior a 2500 kg, dispõem do prazo de nível mínimo de conhecimentos, a seguir indicado, não pode ser
18 meses para se conformarem com os requisitos exigidos para o inferior ao nível 3 da estrutura dos níveis de formação previsto no
licenciamento da atividade, a contar da data de entrada em vigor anexo à Decisão nº 85/368/CEE, isto é, uma formação adquirida
do presente decreto-lei. com a escolaridade obrigatória complementada por formação
2. Durante o período a que se refere o número anterior, os veículos profissional ou formação técnica complementar, ou por formação
ligeiros de mercadorias não carecem da licença prevista no artigo técnica escolar ou de outro tipo de nível secundário.
14º para a realização de transportes de mercadorias por conta de
outrem. As matérias sobre as quais incide essa formação e a graduação
3. As empresas que, à data de entrada em vigor do presente indicativa do nível de conhecimentos exigíveis constam da lista
decreto-lei, sejam titulares de alvará emitido pelo IMT para seguinte, com referência, nomeadamente, aos temas que o
atividades de transporte ou para a atividade transitária podem candidato deve conhecer ou ser capaz de interpretar, negociar ou
licenciar veículos ligeiros para transporte de mercadorias, não avaliar.
carecendo de alvará a que se refere o artigo 3º
4. O alvará para o transporte de mercadorias em veículos ligeiros, A) ELEMENTOS DE DIREITO CIVIL:
a que se refere o artigo 4º, pode ser concedido com dispensa do 1) Conhecer os principais contratos correntemente utilizados
requisito de capacidade profissional às sociedades ou cooperativas nas atividades de transporte rodoviário, bem como os direitos e

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
obrigações deles decorrentes; ou métodos de pagamento;
2) Ser capaz de negociar um contrato de transporte juridicamente 2) Conhecer as formas de crédito (bancário, documentário, fianças,
válido, nomeadamente no que respeita às condições de transporte; hipotecas, locação financeira, aluguer, faturação, etc.), bem como
3) Ser capaz de analisar uma reclamação do cliente relativa a os respetivos encargos e obrigações delas decorrentes;
danos resultantes quer de perdas ou avarias da mercadoria em 3) Saber o que é o balanço, modo como se apresenta e capacidade
curso de transporte quer do atraso na entrega, bem como os de o interpretar;
efeitos dessa reclamação, quanto à sua responsabilidade 4) Ser capaz de ler e interpretar uma conta de ganhos e perdas;
contratual; 5) Ser capaz de analisar a situação financeira e rentabilidade da
4) Conhecer as regras e obrigações decorrentes da Convenção empresa, nomeadamente com base nos coeficientes financeiros;
CMR relativa ao contrato de transporte internacional rodoviário de 6) Ser capaz de preparar um orçamento;
mercadorias. 7) Conhecer as diferentes componentes dos seus preços de custo
(custos fixos, custos variáveis, fundos de exploração, amortizações,
B) ELEMENTOS DE DIREITO COMERCIAL: etc.) e ser capaz de calcular por veículo, ao quilómetro, à viagem
1) Conhecer as condições e formalidades necessárias para exercer ou à tonelada;
o comércio e as obrigações gerais dos comerciantes (registo, livros 8) Ser capaz de elaborar um organigrama e organizar planos
comerciais, etc.), bem como as consequências da falência; (relativos a todo o pessoal da empresa, planos de trabalho, etc.);
2) Possuir conhecimentos suficientes sobre sociedades comerciais, 9) Conhecer os princípios de estudos de mercado (marketing),
formas e regras de constituição e funcionamento. promoção de venda dos serviços de transporte, elaboração de
ficheiros de clientes, publicidade, relações públicas, etc.;
C) ELEMENTOS DE DIREITO SOCIAL: 10) Conhecer os diferentes tipos de seguros próprios dos
1) Conhecer o papel e o funcionamento das diferentes instituições transportadores rodoviários (seguros de responsabilidade), bem
sociais que intervêm no sector do transporte rodoviário (sindicatos, como garantias, e as obrigações daí decorrentes;
comissões de trabalhadores, delegados do pessoal, inspeção do 11) Conhecer as aplicações telemáticas no domínio do transporte
trabalho, etc.); rodoviário;
2) Conhecer as obrigações das entidades patronais em matéria de 12) Ser capaz de aplicar regras relativas à faturação dos serviços
segurança social; de transporte rodoviário de mercadorias e conhecer o significado e
3) Conhecer as regras aplicáveis aos contratos de trabalho os efeitos dos incoterms;
relativos às diferentes categorias de trabalhadores das empresas 13) Conhecer as diferentes categorias de auxiliares de transporte,
de transporte rodoviário (forma dos contratos, obrigações das o seu papel, as suas funções e o seu eventual estatuto.
partes, condições e tempo de trabalho, férias pagas, remuneração,
rescisão do contrato, etc.); F) ACESSO À ATIVIDADE E AO MERCADO:
4) Conhecer as disposições do Regulamento (CE) nº 561/2006, 1) Conhecer a regulamentação sobre transportes rodoviários por
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Março, e do conta de outrem, para a locação de veículos industriais, para a
Regulamento (CEE) nº 3821/85, bem como as respetivas medidas subcontratação, nomeadamente as regras relativas à organização
práticas de aplicação. oficial da profissão, ao acesso à mesma, às autorizações para os
transportes rodoviários intracomunitários e extracomunitários, ao
D) ELEMENTOS DE DIREITO FISCAL: controlo e às sanções;
1) Ao IVA aplicável aos serviços de transporte; 2) Conhecer a regulamentação relativa ao estabelecimento de uma
2) Ao imposto de circulação dos veículos; empresa de transporte rodoviário;
3) Aos impostos sobre certos veículos utilizados para o transporte 3) Conhecer os diferentes documentos exigidos para a execução
rodoviário de mercadorias, bem como às portagens e direitos de dos serviços de transporte rodoviário e relativos ao veículo, ao
utilização cobrados pela utilização de certas infraestruturas; motorista ou à mercadoria;
4) Aos impostos sobre rendimento. 4) Conhecer as regras relativas à organização do mercado dos
transportes rodoviários de mercadorias, ao tratamento
E) GESTÃO COMERCIAL E FINANCEIRA DA EMPRESA: administrativo da carga e à logística;
1) Conhecer as disposições legais e práticas relativas à utilização 5) Conhecer as formalidades de passagem das fronteiras, o papel
de cheques, letras, promissórias, cartões de crédito e outros meios e o âmbito dos documentos T e das cadernetas TIR, bem como as

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
obrigações e responsabilidades que a sua utilização implica. estado do material de transporte, do equipamento e da carga e à
condução preventiva;
G) NORMAS TÉCNICAS E DE EXPLORAÇÃO: 4) Ser capaz de instaurar procedimentos de conduta em caso de
1) Conhecer as regras relativas aos pesos e às dimensões dos acidente e de aplicar os procedimentos adequados para evitar a
veículos nos Estados membros, bem como os procedimentos repetição de acidentes e infrações graves.
relativos aos transportes excepcionais que constituem derrogações
a essas regras; ANEXO II
2) Ser capaz de escolher em função das necessidades da empresa Organização do exame para obtenção de capacidade profissional
os veículos e os seus elementos (quadro, motor, órgãos de 1. O exame para obtenção de capacidade profissional é constituído
transmissão, sistemas de travagem, etc.); por um exame escrito obrigatório, que poderá ser completado por
3) Conhecer as formalidades relativas à recepção, matrícula e um exame oral para verificar se os candidatos a
controlo técnico dos veículos; transportadores rodoviários possuem o nível de conhecimentos
4) Ser capaz de estudar as medidas a tomar contra a poluição do exigidos nas matérias indicadas no anexo I.
ar pelas emissões dos veículos a motor e contra o ruído; 2. O exame escrito obrigatório é constituído pelas duas provas
5) Ser capaz de elaborar planos de manutenção periódica dos seguintes:
veículos e do seu equipamento; 2.1. Perguntas de escolha múltipla com quatro respostas
6) Conhecer os diferentes tipos de dispositivos de movimentação possíveis, perguntas de resposta direta, ou uma combinação dos
e de carregamento (plataformas traseiras, contentores, paletas, dois sistemas;
etc.), procedimentos e instruções relativos às operações de carga e 2.2. Exercícios escritos/análise de casos. A duração mínima de
descarga das mercadorias (distribuição da carga, empilhamento, cada uma das duas provas é de duas horas.
estiva, fixação, etc.); 3. No caso de ser organizado um exame oral, a participação nesse
7) Conhecer técnicas do transporte combinado (rodo-ferroviário ou exame fica subordinada a aprovação nas provas escritas.
ro -ro); 4. A atribuição de pontos a cada prova fica subordinada aos
8) Ser capaz de pôr em prática os procedimentos destinados a dar seguintes critérios:
cumprimento às regras relativas ao transporte de mercadorias 4.1. Se o exame incluir uma prova oral, a cada uma das três
perigosas e de resíduos, procedimentos destinados a dar provas não poderá ser atribuído menos de 25 % do total dos
cumprimento às regras decorrentes das Diretivas nº 94/55/CE, e pontos do exame, nem mais de 40 %;
96/35/CE e do Regulamento (CEE) nº259/93; 4.2. Se for organizado apenas um exame escrito, a cada prova
9) Ser capaz de aplicar os procedimentos destinados a dar não poderá ser atribuído menos de 40 % do total dos pontos de
cumprimento, nomeadamente, às regras decorrentes do acordo exame, nem mais de 60 %.
relativo aos transportes internacionais de produtos alimentares 5. No conjunto das provas, os candidatos devem obter, pelo menos,
perecíveis e aos equipamentos especializados a utilizar nestes uma média de 60 % do total dos pontos do exame. A pontuação
transportes (ATP); obtida em cada prova não pode ser inferior a 50 % dos pontos
10) Ser capaz de aplicar os procedimentos destinados a dar atribuídos à mesma, podendo, contudo, ser reduzida a 40 % numa
cumprimento à regulamentação relativa ao transporte de animais única prova.
vivos.

H) SEGURANÇA RODOVIÁRIA:
ANEXO III
Lei nº 27/2010
1) Conhecer as qualificações exigidas aos condutores (carta de
condução, certificados médicos, atestados de capacidade, etc.);
Estabelece o regime sancionatório aplicável à violação das
2) Ser capaz de realizar ações para se certificar de que os
normas respeitantes aos tempos de condução, pausas e tempos
condutores respeitam as regras, as proibições e as restrições de
de repouso e ao controlo da utilização de tacógrafos, na atividade
circulação em vigor nos diferentes Estados membros (limites de
de transporte rodoviário, transpondo a Diretiva nº 2006/22/CE,
velocidade, prioridades, paragem e estacionamento, utilização das
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Março, alterada
luzes, sinalização rodoviária, etc.);
pelas Diretivas nº 2009/4/CE, da Comissão, de 23 de Janeiro,
3) Ser capaz de elaborar instruções destinadas aos condutores
e 2009/5/CE, da Comissão, de 30 de Janeiro. A Assembleia da
respeitantes à verificação das normas de segurança relativas ao

117
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161º da membro da União Europeia nem Parte Contratante do AETR, não
Constituição, o seguinte: equipado com tacógrafo conforme à legislação comunitária ou
ao AETR, deve registar manualmente em folha diária de modelo
CAPÍTULO I análogo à utilizada nos termos desse Acordo, o seguinte:
Disposições gerais Artigo 1º a) Os tempos de condução;
Objeto b) Os tempos de outras atividades profissionais além da
1. A presente lei transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva condução;
nº 2006/22/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de c) As pausas e os tempos de repouso.
Março, alterada pelas Diretivas nº 2009/4/CE, da Comissão, de 23
de Janeiro, e 2009/5/CE, da Comissão, de 30 de Janeiro, na parte SECÇÃO II
respeitante a: Controlo da aplicação das disposições sociais
a) Regime sancionatório da violação, no território nacional, das comunitárias e do AETR
disposições sociais constantes do Regulamento (CE) nº 561/2006, Artigo 4º
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Março; Modalidades de controlo
b) Controlo, no território nacional, da instalação e utilização 1. Os controlos da aplicação das disposições sociais comunitárias e
de tacógrafos de acordo com o Regulamento (CE) nº 3821/85, do AETR são realizados na estrada e nas instalações das empresas.
do Conselho, de 20 de Dezembro, e da aplicação das disposições 2. Os controlos devem incidir sobre, pelo menos, 3 % dos dias de
sociais constantes do regulamento referido na alínea anterior. trabalho dos condutores abrangidos pelos regulamentos referidos
2. A presente lei regula, ainda, o regime sancionatório da violação no artigo 1º
das disposições sociais constantes do Acordo Europeu Relativo ao 3. Dos dias de trabalho controlados, um mínimo de 30 % deve
Trabalho das Tripulações dos Veículos que Efetuem Transportes corresponder a controlos na estrada e um mínimo de 50 % deve
Internacionais Rodoviários (AETR). corresponder a controlos nas instalações das empresas.
3. O regime estabelecido no capítulo III é também aplicável a 4. Os controlos efetuados nas instalações das autoridades
infrações cometidas no território de outro Estado que sejam competentes, com base em dados solicitados às empresas,
detetadas em território nacional, desde que não tenham dado equivalem a controlos efetuados nas instalações destas.
lugar à aplicação de uma sanção.
Artigo 5º
CAPÍTULO II Controlo na estrada
Aplicação e controlo das disposições sociais comunitárias 1. Os controlos na estrada devem ocorrer em diferentes locais e a
no domínio dos transportes rodoviários e do AETR qualquer hora, abrangendo uma parte da rede rodoviária com a
SECÇÃO I - Aplicação das disposições sociais comunitárias e do AETR extensão necessária, com vista a prevenir que as entidades
Artigo 2º - Aplicação da regulamentação nacional controladas evitem os locais de controlo.
1. Em caso de transporte efetuado inteiramente em território 2. Os controlos são efetuados através de rotação aleatória que
português, o condutor ao serviço de empresa neste estabelecida tenha em vista um equilíbrio geográfico adequado, sendo
está sujeito à regulamentação colectiva de trabalho aplicável que instalados pontos de controlo em número suficiente nas estradas
preveja tempos máximos de condução menos elevados ou pausas ou na sua proximidade, nomeadamente em estações de serviço e
ou períodos de repouso mais elevados do que os estabelecidos na locais seguros nas autoestradas.
regulamentação comunitária ou no AETR. 3. Os controlos na estrada são realizados em simultâneo com as
2. Na situação prevista no número anterior, o incumprimento de autoridades de controlo transfronteiriças, pelo menos seis vezes
normas aplicáveis da regulamentação nacional que corresponda por ano, mediante coordenação nos termos da alínea a) do
simultaneamente a infração ao disposto em norma dos artigos 19º artigo 10º
a 21º é sancionado nos termos da presente lei. 4. Os controlos incidem sobre todos ou parte dos elementos
referidos na parte A do anexo à presente lei, de que faz parte
Artigo 3º integrante.
Registo manual por condutor de veículo matriculado 5. Sem prejuízo do disposto no nº 3 do artigo 7º, os controlos são
em país terceiro realizados sem discriminação, nomeadamente, em razão:
O condutor de veículo pesado matriculado em Estado que não seja a) Do país de matrícula do veículo;

118
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
b) Do país de residência do condutor; Artigo 7º
c) Do país de estabelecimento da empresa; Sistema de classificação de riscos
d) Da origem e destino da viagem; 1. Os membros do Governo responsáveis pelas áreas a que
e) Do tipo de tacógrafo, analógico ou digital. pertencem as autoridades encarregadas da fiscalização
6. Os agentes encarregados da fiscalização devem dispor de: estabelecem, por portaria conjunta, um sistema de classificação de
a) Uma lista dos principais elementos a controlar, nos termos da riscos.
parte A do anexo à presente lei; 2. O sistema referido no número anterior estabelece o grau de
b) Um equipamento normalizado de controlo que permita risco das empresas, tendo em consideração o número e a
descarregar dados da unidade do veículo e do cartão de condutor gravidade das infrações previstas na presente lei, cometidas pelas
a partir do tacógrafo digital, ler e analisar dados ou transmiti-los a empresas, e de acordo com a regulamentação comunitária sobre a
uma base central para análise, e controlar as folhas do tacógrafo. matéria.
7. Sempre que o controlo efetuado na estrada a condutor de 3. O rigor e a frequência do controlo dependem do grau de risco
veículo registado noutro Estado membro indicie infração para cuja em que as empresas sejam classificadas.
prova sejam necessários outros elementos além dos transportados
no veículo, é solicitada a informação em falta ao organismo Artigo 8º
referido no artigo 10º, o qual providencia junto do organismo Conservação de documentos
congénere do Estado membro em causa a obtenção da informação A empresa deve conservar, pelo menos durante um ano, os
pertinente. documentos, os registos dos resultados e outros dados relevantes
relativos aos controlos efetuados nas suas instalações ou na estra-
Artigo 6º da, fornecidos por agentes encarregados da fiscalização.
Controlos nas instalações das empresas
1. Os controlos nas instalações das empresas são programados por Artigo 9º
cada uma das autoridades encarregadas dessa fiscalização, tendo Fiscalização
em conta os diferentes tipos de transporte e de empresas, e têm A fiscalização do cumprimento das disposições sociais comunitárias
lugar sempre que sejam detetadas nos controlos de estrada no domínio dos transportes rodoviários e do AETR é assegurada, no
infrações graves ou muito graves aos regulamentos referidos no âmbito das respetivas atribuições, pelas seguintes entidades:
artigo 1º a) Autoridade para as Condições do Trabalho;
2. Os controlos nas instalações das empresas incidem sobre os b) Guarda Nacional Republicana;
elementos referidos no anexo à presente lei. c) Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I. P. (IMT, I.
3. Os agentes encarregados da fiscalização devem dispor de: P.);
a) Uma lista dos principais elementos a controlar, de acordo d) Polícia de Segurança Pública.
com o disposto no anexo à presente lei;
b) Um equipamento normalizado referido na alínea Artigo 10º
b) do nº 6 do artigo anterior; Organismo de coordenação e ligação
c) Um equipamento específico, dotado de software que permita 1. Compete ao IMT, I. P., enquanto organismo de coordenação e
verificar e confirmar a assinatura digital associada aos dados e ligação:
estabelecer o perfil de velocidade do veículo previamente à a) Assegurar a coordenação das ações efetuadas ao abrigo
inspeção do tacógrafo. do nº 3 do artigo 5º, com os organismos congéneres dos outros
4. Os agentes encarregados da fiscalização têm em conta, durante Estados membros;
todas as fases do processo de controlo e fiscalização, todas as b) Transmitir à Comissão Europeia os elementos estatísticos
informações respeitantes às atividades da empresa noutros Estados bienais, nos termos dos nº 1 e 2 do artigo 17º do Regulamento
membros que tenham sido prestadas pelos organismos de ligação (CE) nº 561/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15
desses Estados membros. de Março;
5. Aos controlos efetuados nas instalações das autoridades c) Assegurar a disponibilização de informações nos termos do
competentes aplica-se o disposto nos números anteriores. artigo 11º
2. O IMT, I. P., disponibiliza aos organismos de coordenação e
ligação dos outros Estados membros as informações referidas no

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
nº 3 do artigo 19º do Regulamento (CEE) nº 3821/85, do condutor, ainda que fora do território nacional.
Conselho, de 20 de Dezembro, e no nº 2 do artigo 22º do 2. A responsabilidade da empresa é excluída se esta demonstrar
Regulamento (CE) nº 561/2006, do Parlamento Europeu e do que organizou o trabalho de modo a que o condutor possa cumprir
Conselho, de 15 de Março, pelo menos de seis em seis meses e em o disposto no Regulamento (CEE) n.º 3821/85, do Conselho, de 20
caso de pedido específico. de Dezembro, e no capítulo II do Regulamento (CE) nº 561/2006,
3. O IMT, I. P., promove, pelo menos uma vez por ano, em do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Março.
conjunto com os organismos de coordenação e ligação dos outros 3. O condutor é responsável pela infração na situação a que se
Estados membros: refere o número anterior ou quando esteja em causa a violação do
a) Programas de formação sobre melhores práticas para os disposto no artigo 22º
agentes encarregados da fiscalização; 4. A responsabilidade de outros intervenientes na atividade de
b) Intercâmbio entre o seu pessoal e o dos organismos de transporte, nomeadamente expedidores, transitários ou
coordenação e ligação dos outros Estados membros. operadores turísticos, pela prática da infração é punida a título de
comparticipação, nos termos do regime geral das
Artigo 11º contraordenações.
Recolha e divulgação de dados estatísticos
1. As entidades responsáveis pela fiscalização recolhem, organizam Artigo 14º
e remetem anualmente ao IMT, I. P., em formato digital, os dados Valores das coimas
respeitantes a essa atividade, designadamente os seguintes: 1. A cada escalão de gravidade das contraordenações laborais
a) No que respeita ao controlo na estrada: corresponde uma coima variável em função do grau da culpa do
i) O tipo de via pública, nomeadamente autoestrada, estrada infrator, salvo o disposto no artigo 555º do Código do Trabalho.
nacional ou estrada secundária, em que foi realizado o controlo; 2. Os limites mínimo e máximo das coimas correspondentes a
ii) O país de matrícula do veículo controlado; contraordenação leve são os seguintes:
iii) O tipo de tacógrafo, analógico ou digital utilizado; a) De 2 UC a 9 UC em caso de negligência;
b) No que respeita ao controlo nas instalações das empresas: b) De 6 UC a 15 UC em caso de dolo.
i) O tipo de atividade de transporte, nomeadamente 3. Os limites mínimo e máximo das coimas correspondentes a
internacional ou nacional, de passageiros ou de carga, por conta contraordenação grave são os seguintes:
própria ou por conta de outrem; a) De 6 UC a 40 UC em caso de negligência;
ii) A dimensão da frota da empresa; b) De 13 UC a 95 UC em caso de dolo.
iii) O tipo de tacógrafo, analógico ou digital utilizado. 4. Os limites mínimo e máximo das coimas correspondentes a
2. O IMT, I. P., publicita os dados estatísticos recolhidos de acordo contraordenação muito grave são os seguintes:
com o número anterior e transmite-os à Comissão Europeia, de a) De 20 UC a 300 UC em caso de negligência;
dois em dois anos. b) De 45 UC a 600 UC em caso de dolo.
5. A sigla UC corresponde à unidade de conta processual, definida
CAPÍTULO III nos termos do Regulamento das Custas Processuais.
Responsabilidade contra-ordenacional 6. Em caso de transporte de mercadorias perigosas ou de
SECÇÃO I - Regime geral transporte pesado de passageiros, os limites mínimos e máximos
Artigo 12º da coima aplicável são agravados em 30 %.
Regime geral da responsabilidade contra-ordenacional
1. O regime dos artigos 548º a 565º do Código do Trabalho é Artigo 15º
aplicável às contraordenações previstas na presente lei, com as Destino das coimas
adaptações previstas no artigo 14º 2 — O regime do procedimento 1. O produto das coimas aplicadas reverte para as seguintes
das contraordenações laborais e de segurança social é aplicável às entidades:
contraordenações previstas na presente lei. a) 50 % para a Autoridade para as Condições do Trabalho;
b) 25 % para o Fundo de Acidentes de Trabalho;
Artigo 13º c) 15 % para a entidade autuante;
Responsabilidade pelas contraordenações d) 10 % para o IMT, I. P. 2 — No caso em que a Autoridade para
1. A empresa é responsável por qualquer infração cometida pelo as Condições do Trabalho seja a entidade autuante, o valor a que

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ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DO SECTOR
se refere a alínea c) do número anterior reverte para o Fundo de 112 horas e 30 minutos;
Acidentes de Trabalho. c) Muito grave, sendo igual ou superior a 112 horas e 30
minutos.
Artigo 16º
Apreensão de folhas de registo Artigo 19º
As folhas de registo de tacógrafo ou de livrete individual de Tempo de condução ininterrupta
controlo que indiciem a existência de qualquer infração prevista na 1. O período de condução ininterrupta que exceda o previsto
presente lei devem ser apreendidas pelo autuante e juntas ao auto na regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui
de notícia correspondente. contraordenação classificada como:
a) Leve, sendo inferior a cinco horas;
SECÇÃO II b) Grave, sendo igual ou superior a cinco horas e inferior a seis
Contraordenações em especial horas;
Artigo 17º c) Muito grave, sendo igual ou superior a seis horas.
Idade mínima 2. O incumprimento da pausa de modo a que esta seja inferior aos
Constitui contraordenação grave o exercício da atividade de limites mínimos de duração previstos na regulamentação
condutor ou de ajudante de condutor por quem não tenha comunitária aplicável ou no AETR constitui contraordenação
completado a idade mínima prevista na regulamentação classificada como:
comunitária aplicável ou no AETR. a) Leve, sendo a diferença até 10 %;
b) Grave, sendo a diferença igual ou superior a 10 % e inferior
Artigo 18º a 30 %;
Tempo de condução c) Muito grave, sendo a diferença igual ou superior a 30 %.
1. O tempo diário de condução que exceda o previsto na
regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui Artigo 20º
contraordenação classificada como: Períodos de repouso
a) Leve, sendo inferior a dez horas; 1. O período de repouso diário regular inferior ao previsto na
b) Grave, sendo igual ou superior a dez horas e inferior a onze regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui
horas; contraordenação classificada como:
c) Muito grave, sendo igual ou superior a onze horas. a) Leve, sendo igual ou superior a dez horas e inferior a onze
2. O tempo diário de condução alargado que exceda o previsto horas;
na regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui b) Grave, sendo igual ou superior a oito horas e trinta minutos e
contraordenação classificada como: inferior a dez horas;
a) Leve, sendo inferior a onze horas; c) Muito grave, sendo inferior a oito horas e trinta minutos.
b) Grave, sendo igual ou superior a onze horas e inferior a doze 2. O período de repouso diário reduzido inferior ao previsto
horas; na regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui
c) Muito grave, sendo igual ou superior a doze horas. contraordenação classificada como:
3. O tempo semanal de condução que exceda o previsto na a) Leve, sendo igual ou superior a oito horas e inferior a nove
regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui horas;
contraordenação classificada como: b) Grave, sendo igual ou superior a sete horas e inferior a oito
a) Leve, sendo inferior a 60 horas; horas;
b) Grave, sendo igual ou superior a 60 horas e inferior a 70 c) Muito grave, sendo inferior a sete horas.
horas; 3. Caso o período de repouso diário regular seja gozado em dois
c) Muito grave, sendo igual ou superior a 70 horas. períodos e um ou ambos sejam inferiores ao previsto na
4. O tempo de condução total acumulado que exceda o previsto regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui
na regulamentação comunitária aplicável ou no AETR constitui contraordenação classificada como:
contraordenação classificada como: a) Leve, sendo a duração em falta inferior a uma hora;
a) Leve, sendo inferior a 100 horas; b) Grave, sendo a duração em falta igual ou superior a uma
b) Grave, sendo igual ou superior a 100 horas e inferior a hora e inferior a duas horas;

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c) Muito grave, sendo a duração em falta igual ou superior a
duas horas.
4. O disposto no nº 2 é aplicável caso o período de repouso diário
do condutor de veículo com tripulação múltipla que se deve seguir
ao termo de um período de repouso diário ou
o

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