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Determinação do potencial hídrico da

batata
Utilizando o método gravimétrico

Universidade Católica do Porto, Escola Superior de Biotecnologia,

1º ano de Licenciatura, curso de microbiologia

No âmbito da disciplina de Biologia I

Trabalho realizado no dia 26 de outubro de 2023 e entregue no dia 23 de novembro de 2023

Trabalho realizado por: Célia Maísa Lourenço Batalha, Leonor Maria Amaral Cabral, Rodrigo
Manuel Moreira Campos
Resumo
Este relatório, tem como finalidade calcular o potencial hídrico dos tecidos de
batatas normais e batatas-doces usando o método gravimétrico. Este método é
baseado em medir a mudança de peso que ocorre nos tecidos das batatas.
Sendo assim, confirma-se que, a condição dos tecidos ganhava ou perdia
humidade à medida que o peso mudava.

Para dar início a prática, a turma foi dividida em dois grupos. Cada um destes
grupos está subdividido em 4 grupos. Dois desses grupos realizaram
experiências com batatas normais e os dois grupos restantes fizeram
experiências com batata-doce. Um dos grupos foi responsável por realizar
experimentos com a batata normal para concentrações a partir de 0,1 M e os
0,5 e outros grupos realizaram experimentos em concentrações de 0,6M a
1,0M. O mesmo procedimento é feito para a batata-doce.

Previamente, cortaram-se os dois tipos de batatas em discos efetuou-se a


pesagem dos mesmos (4 discos para cada solução). Após imersão em várias
soluções por 1h15 minutos, tornou-se a pesar os discos e determinou-se a
variação do peso dos discos.

Logo após retirar os dados, foram criadas duas tabelas, e em seguida, foram
gerados gráficos que representavam a variação do peso em função da
concentração de sacarose. A análise da regressão linear desses gráficos,
comprovou que as mudanças de massa no tecido da batata normal nas
concentrações de 0.1, 0.2, 0.3 e 0.6 são positivas e nas 0.4, 0.5, 0.7, 0.8, 0.9 e
1M quando forem adicionadas a concentração de sacarose são negativas.

No que diz respeito à batata-doce, a análise das variações de massa indica


que estas são positivas quando a batata-doce está em contato com soluções
de concentrações iguais ou superiores a 0.6M.

Assim, foi viável estabelecer a concentração da solução isotónica para a


batata-doce 1.844 M e da batata normal 0.43646 M. Concluiu-se que a batata-
doce possui um potencial hídrico maior em comparação com a batata normal.

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Índice
Introdução.................................................................................................................................3
Materiais e Métodos................................................................................................................5
Discussão................................................................................................................................12
Conclusão...............................................................................................................................13

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Introdução
O principal objetivo desta prática é determinar o potencial hídrico da batata-
doce da batata normal. Para dar início, é necessário ter em conta conceitos
importantes para poder ser executada de forma clara e objetiva.
O potencial hídrico representa uma medida do estado de energia da água. É o
potencial hídrico que determina os movimentos dá água, esse processo é
denominado osmose.
A osmose é o processo pela qual a água se difunde através de uma membrana
semipermeável (permeável a água e a solutos). Nesse processo, observa-se a
movimentação da água de um meio menos concentrado em soluto (meio
hipotónico) para um meio mais concentrado em soluto (meio hipertónico). Esse
movimento da água ocorre até que a concentração em ambos lados da
membrana estejam iguais (meio isotónico).
O potencial hídrico representa a energia livre associada as moléculas livres da
água. Embora o potencial hídrico seja a soma de vários componentes, os mais
importantes são o potencial osmótico e o potencial de pressão.
ψw=ψs+ψp
Onde:
ψw- potencial hídrico
ψs- potencial osmótico
ψp- potencial de pressão

O potencial osmótico representa o efeito dos solutos dissolvidos sobre o


potencial hídrico, ou seja, é uma grandeza que determina se as células
ganham ou perdem água.
Sabendo que, o potencial hídrico é igual a 0, a adição de qualquer soluto numa
determinada solução, irá reduzir o potencial osmótico, fazendo com que este
fique mais negativo. Logo, podemos calcular o potencial osmótico pela seguinte
fórmula:
ψw=−ciRT
Onde:
c- Concentração (M)
i- Constante de ionização
R- Constante dos gases (0,082 atm. L. mol. K)
T-temperatura (kelvin)
O potencial de pressão refere-se na pressão da água presente nas paredes
das células. Estando na célula esta pressão pode ser positiva ou negativa.
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Quando colocamos água em um tecido vegetal, a água penetra nas células
devido que o potencial hídrico é maior fora das células, consequência dos
solutos dissolvidos. À medida que a água entra nas células, o potencial hídrico
aumenta, obtendo um equilíbrio quando esse valor se iguala a zero,
semelhante à água pura. Neste caso, diz-se que a célula esta túrgida. De
oposta, se um tecido vegetal for colocado numa solução com elevada
concentração (com ψw muito negativo), a tendência é perder água, através da
diminuição do ψp e consequentemente do ψw. Apresentando essas condições,
dizemos que está célula esta plasmolisada.
Uma vez que está prática foi feita sob condições de pressão atmosférica. Em
circunstâncias normais, a pressão da solução é 0. Portanto, o potencial hídrico
desta solução será igual ao potencial osmótico.
ψw=ψs+ψp
Como já foi referido anteriormente, o método utilizado nesta prática foi o
método gravimétrico. É um método utilizado para medir um elemento de uma
composição individualmente, separado dos demais elementos a serem pesados. Os
resultados são obtidos pesando a amostra, aquecendo-a para evaporar a água e depois
pesando-a novamente para ver a diferença. Ou seja, corresponde em pedir o peso de
uma parte das batatas antes e depois do contacto com a sacarose em concentrações
diferentes e conhecidas. Em seguida, mediu-se novamente as mudanças de peso.
Posteriormente, criou-se um gráfico da variação do peso em função da concentração de
sacarose com dados obtidos anteriormente. Com este gráfico, encontramos o valor em
que a variação do peso é 0 (x=0). Isso significar determinar a concentração de sacarose
na qual os meios estão iguais. Usando este valor, podemos então calcular o potencial
osmótico da solução, visto que é igual ao potencial osmótico da batata. Sob condições
de pressão atmosférica, o potencial hídrico da batata é equivalente ao potencial
osmótico, dado que encontram no mesmo equilíbrio.

Materiais e Métodos
 Materiais

o Batata normal;

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o Batata-doce;
o Papel de alumínio;
o Papel absorvente;
o Furador;
o Bisturi;
o 10 Placas de Petri;
o Soluções de sacarose de 0.1M a 1,0M;
o Régua;
o Balança analítica;
o Pinça;
o Caneta permanente;
o Calculadora;
o Água desionizada;

3 4

5
2

6
7
8

Figura 1-materiais da experiência:1-Água desionizada;2-Batata-doce;3-Papel de alumínio;4-Papel absorvente;5-


Placas de petri;6-Bisturi;7-pinça;8-Régua

 Procedimento
1. Utilizando um furador, foram feitas porções de batata normal e batata-
doce com cerca de 0,5 cm;

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2. Cada conjunto dessas porções foi identificado com a concentração
específica da solução de sacarose a ser usada (0,1M; 0,2M; 0,3M; 0,4M;
0,5M; 0,6M; 0,7M; 0,8M; 1,0M);
3. 5 conjuntos, cada contendo quatro porções de batata, foram pesados, e
o peso inicial (Pi) de cada conjunto foi registado;
4. Os 4 discos de batata foram colocados em placas de Petri;
5. Em cada placa de Petri, foi adicionada uma solução de sacarose,
preenchendo a placa com cerca de 30 ml da solução com diferentes
concentrações;
6. As placas foram deixadas em repouso por aproximadamente 1h15
minutos.
7. Cada conjunto foi retirado da amostra correspondente, e os discos foram
rapidamente secos com papel;
8. Cada conjunto foi pesado novamente, registando o peso final (Pf) de
cada um;
9. A variação de peso dos conjuntos foi calculada usando a fórmula:
∆ P=¿)
10. Foi criada uma tabela, na qual indicava a variação de peso;
11. Um gráfico foi desenhado representando a variação de peso em função
da concentração de sacarose.
12.A pressão osmótica para cada caso foi determinada pela expressão:
ψw=−ciRT
12. Além disso, o potencial hídrico das batatas foi calculado, considerando
ψp=0 resultando em ψw=ψs

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Resultados
Para encontrar a solução de sacarose com o mesmo potencial osmótico e
potencial hídrico da batata, criou-se um quadro com concentrações das
soluções, pesos inicial e final, e a variação percentual de peso.

Inicialmente, registaram-se para ambas as batatas os pesos iniciais (Pi) e finais


(Pf), calculando-se a variação percentual de peso. Depois, criou-se um gráfico
mostrando a variação de peso em relação à concentração de sacarose.

Batata-doce
Tabela 1-Alterações de peso em função das diferentes concentrações molares de soluções de sacarose na batata na
batata-doce

[sac] P(i) P(f) %(pf-pi/pi)


1,669 1,6693−1,6040
0.1M 1,6040 ×100=4,0711%
3 1,6040
1,516 1,5161−1,4250
0.2M 1,4250 × 100=6,3930 %
1 1,4250
1,512 1,5123−1,4700
0.3M 1,4700 ×100=2,8776 %
3 1,4700
1,659 1,6590−1,6317
0.4M 1,6317 ×100=1,6731%
0 1,6317
1,549 1,5498−1,5266
×100=1,5197 %
0.5M 1,5266
8 1,5266
1,656 1,6565−1,5848
0.6M 1,5848 ×100=4,5242 %
5 1,5848
1,571 1,5712−1,5264
0.7M 1,5264 ×100=2,9350 %
2 1,5264
1,729 1,7292−1,6967
0.8M 1,6967 × 100=1,9154 %
2 1,6967
1,568 1,5680−1,5514
0.9M 1,5514 ×100=1 ,07 %
0 1,5514
1,708 1,7087−1,7061
1M 1,7161 × 100=0,1515 %
7 1,7161

Na Tabela 1, fica evidente que, em todas as concentrações, as batatas são


hipertônicas em relação ao meio, pois a variação de peso é positiva, indicando
que a água penetrou nas células.

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variação do peso em funão da concentração de
sacarose
7

5
f(x) = − 4.27625454545455 x + 5.065
4 R² = 0.484373073832842
∆𝑃%

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
[sac]

Gráfico 1-Variação do peso em função da concentração de sacarose da batata-doce

Com o gráfico obtido conseguimos determinar a equação da reta:


𝑦 = -4.2763x+5.065
Para encontrar o potencial osmótico e, por consequência, o potencial
hídrico da batata, é fundamental identificar a concentração de sacarose
que iguala a solução, tornando-a isotónica.

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑦 = 0, 𝑜𝑢 isto é ∆𝑃 = 0%

Cálculos auxiliares:
0=−4 .276 3 x +5.065
( ¿ ) −5.065=−4 . 276 3 x

x=1.84 44

Ou seja, c= 1.8444
O potencial osmótico é expresso pela equação:

ψs = −ciRT

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sendo que c=5.3645; i = 1; R= 0,082 L.atm/mol. K, e
T=23,8ºC+273,15=296,95 K
determina-se o potencial osmótico:
ψs = −1,8444×1×0,082×296,95 = −44,911 J/mol

sendo ψp = 0, nesse caso ψw = ψs, logo ψw −44,911 J/mol

Batata Normal

[sac] P(i) P(f) %(pf-pi/pi)


2.3632−2.1901
0.1M 2,1901 2,3632 × 100=7.9037 %
2.1901
1,8669−1,7759
0.2M 1,7759 1,8669 × 100=5,1242 %
1,7759
1,7448−1,6711
0.3M 1,6711 1,7448 ×100=4,4102 %
1,6711
1,7993−1,8211
0.4M 1,8211 1,7993 ×100=−1,2116 %
1,7993
1,5703−1,6505
0.5M 1,6505 1,5703 ×100=−4,8591 %
1,6505
1,4737−1,2550
0.6M 1,2550 1,4737 ×100=17.4263 %
1,2550
1,1824−1,5456
0.7M 1,5456 1,1824 ×100=−23,4990 %
1,5456
1,3348−1,4236
0.8M 1,4236 1,3348 ×100=−6,2377 %
1,4236
1,2190−1,5540
0.9M 1,5540 1,2190 ×100=−21.5573 %
1,5540
1,3252−1,3978
1M 1,3978 1,3252 × 100=−5,1939 %
1,3978

Tabela 2-Alterações de peso em função das diferentes concentrações molares de soluções de


sacarose na batata normal

Na análise da Tabela 2, observamos que as batatas imersas em soluções de


concentrações 0.1M, 0.2M,0.3M e 0.6M foram consideradas hipertônicas, ou

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seja, apresentam uma concentração de um soluto maior em relação a
outro meio.
Como a variação de peso dessas concentrações é positiva significa que
a água entrou nas células da batata.
Nas restantes concentrações, a batata é hipotónica (tem uma
concentração de solutos menor em comparação com outra solução) em
relação ao meio, pois a diminuição de peso sugere que a água saiu das
células da batata.

Variação do peso em função da concentração de sacarose


20
15
10
5 f(x) = − 24.3918303030303 x + 10.6460866666667
R² = 0.340145366482947
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
∆𝑃%

-5
-10
-15
-20
-25
-30
[sac]

gráfico 2-Variação do peso em função da concentração de sacarose da batata normal

Com o gráfico obtido conseguimos determinar a equação da reta:


𝑦 = -24.392x+10.646
Para encontrar o potencial osmótico e, por consequência, o potencial
hídrico da batata, é fundamental identificar a concentração de sacarose
que iguala a solução, tornando-a isotónica.

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑦 = 0, quer dizer ∆𝑃 = 0%


Cálculos auxiliares:
0=−24 . 392 x +10.646 ⇔
⇔−10.646=−24 .392 x

x=0. 43646

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ou seja, c=0.43646

O potencial osmótico é expresso pela equação:

ψs = −ciRT

sendo que c=0,43646; i = 1; R= 0,082 L.atm/mol. K, e


T=23,8ºC+273,15=296,95 K
determina-se o potencial osmótico:
ψs = −0,43646× 1 × 0,082 × 296,95 = −10,6276 J/mol

sendo ψp = 0, nesse caso ψw = ψs, logo ψw = −10,6276 J/mol

Discussão

Para a realização deste trabalho foi utilizado o método gravimétrico que não
requer a utilização de muito equipamento ou gasto de recursos.
A realização desta experiência permitiu concluir e determinar o potencial
hídrico da batata normal e da batata-doce.
Este método alternativo depende da alteração da densidade da solução de
sacarose que ocorre quando o disco de batata é colocado nessa solução.

Através da recolha de dados como a variação do peso em função da


concentração de sacarose, conseguiu-se determinar o ponto de equilíbrio
osmótico em que a variação do peso é igual a zero, ou seja, é o ponto em que
o movimento da água da batata para a solução e da solução para a batata é
igual, atingindo um equilíbrio osmótico entre ambos os meios.

Este valor de concentração foi usado para determinar o potencial osmótico da


batata. Para a batata normal o potencial osmótico foi de −10,6276 J/mol e para
a batata-doce o potencial osmótico foi de −44,911 J/mol

Conclusão

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A realização deste trabalho experimental permitiu atingir o objetivo
inicial que era determinação do potencial hídrico tanto da batata normal
como da batata-doce. Conclui-se, portanto, que o potencial hídrico da
batata normal é −10,6276 J/mol e o da batata-doce é −44,911 J/mol.

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Referencias
https://web.archive.org/web/20220308174534id_/https://
rce.casadasciencias.org/rceapp/static/docs/artigos/2014-241.pdf

https://fenix.ciencias.ulisboa.pt/downloadFile/1126037345796888/
TP1%20-%20Potencial%20Hidrico%20-%20%202017-2018.pdf

https://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/pdf/
vol_2_num_1_32_art_potencialHidrico.pdf
m)
https://www.toledobrasil.com/blog/como-fazer-a-analise-de-umidade-de-um-
alimento-24

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