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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Prof. Dr. Francisco Prata Gaspar

Estudos dirigidos 2

Raízes do Brasil
“Herança rural”
“O semeador e o ladrilhador”
Trabalho 3 e 4

Kadijha Zoz Daju Dias


RA – 824155
1) Exponha como Sérgio Buarque de Holanda entende a “herança
rural” da época colonial na formação do país.
A "herança rural" é marcada por uma dominação do campo nas
comunidades. As propriedades rurais detêm o poder, enquanto as cidades
dependem totalmente do plantio e são comandadas pelos senhores do
engenho, que possuem autoridade para decidir sobre leis voltadas para seus
próprios interesses. A exploração está diretamente ligada ao benefício da
fazenda, sendo essa a prioridade.
A cultura da cana de açúcar é uma grande influência na herança rural,
trazendo benefícios econômicos. Essa cultura fundamenta-se no trabalho e
produção para a exportação, levando à apropriação de amplos latifúndios
para plantação e exportação. Os lucros resultantes dessa prática contribuem
para o desenvolvimento de uma hierarquização, onde a família patriarcal,
especialmente o senhor de engenho, detém o poder. Escravos africanos são
utilizados para atender às exigências nas fazendas.
Essa hierarquização divide a burguesia rural do restante da comunidade.
Eles permanecem na fazenda, estabelecendo vínculos de fidelidade e
apreço, mantendo, é claro, a base hierárquica. O senhor de engenho é o
topo da hierarquia, com autoridade sobre tudo e todos ao seu redor.
Essa herança rural está profundamente marcada no Brasil colonial,
influenciando não apenas o aspecto social, mas também os âmbitos
político, econômico e cultural. A confiança na família colonial era
direcionada àqueles que podiam oferecer bens, alinhando-se aos interesses
e princípios de união. O domínio do patrimonialismo privado da família
sempre sobrepujava o público, colocando o individualismo e a família
acima do estado. Como mencionado por Buarque de Holanda, "O resultado
era predominarem, em toda a vida social, sentimentos próprios à
comunidade doméstica, naturalmente particularista e antipolítica, uma
invasão do público pelo privado, do Estado pela família." Esse fenômeno
mudou toda a estrutura social da época, deixando a sociedade prejudicada.

2) Defina o “patriarcalismo” brasileiro para Sérgio Buarque de Holanda,


relacionando-o com a “família colonial” e com o “espírito de facção”, e
exponha as suas consequências para a vida política do país.
Patriarcalismo é um arquétipo associado à figura masculina de poder,
especificamente familiar, que sucede ao senhor de engenho, o qual tinha
poderes sobre a sua família colonial. Esse espírito de facção é uma espécie
de "bolha", um grupo de indivíduos que se unem e têm interesses e
finalidades em comum, agrupando-se para adquirir um privilégio
favorecido apenas a eles, assim como o senhor de engenho, que tinha seus
grupos e, sucessivamente, seu poder. É notório que as consequências não
foram boas, pois isso dificultou a democracia, impedindo que outras ideias
fossem exploradas e expressadas. Houve corrupções e interferências de
pessoas do mesmo grupo nas decisões. Podemos notar que esse "espírito de
facção" é uma herança bastante duradoura e mantida nos dias atuais.

3). Descreva em linhas gerais as figuras do semeador e do ladrilhador e


compare as consequências desses dois modos de ocupação territorial para
a formação das Américas portuguesa e espanhola.
Continuando na mesma ideia de dualidade de Holanda, ela vai fazer a
distinção entre semeador e ladrilhador (espanhóis e portugueses). Ele faz
essa diferenciação pela observação das arquiteturas. Enquanto o semeador
(Portuguesa) está ligado ao desleixo, conformados com a sociedade e a sua
urbanização, apegados à ideia de receber mais e trabalhar menos, o que
lembra o modelo do aventureiro, com princípios rápidos e sem esforço. O
seu oposto vai ser o ladrilhador (Espanhol), que se preocupa com a
arquitetura e sua sociedade em volta, que tem uma organização favorável e
estável.
As consequências foram que os portugueses se aproveitaram e
exploraram economicamente a sua própria terra, com o princípio
aventureiro. Eles não conseguiam conduzir a sociedade a fundamentos
políticos e estruturais. Já as consequências espanholas foram a urbanização,
que ficou marcada por ser bem ornamentada, implicando também no meio
político que tinha uma vasta aptidão e estruturação.

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