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Universidade Estadual de Maringá - UEM

Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CSA


Departamento de Economia - DCO

Stefani Massa
Tharcis Ribeiro de Oliveira

Análise econômica e financeira: Estudo de caso sobre a BRF e JBS nos


anos de 2020 e 2021

Maringá
2022
BRF
Setor de Atuação
A BRF é uma empresa transnacional brasileira do ramo alimentício, fruto
da fusão entre Sadia e Perdigão, duas das principais empresas de alimentos
do Brasil. É uma das maiores empresas globais de alimento e a maior
exportadora de carne de frango do mundo. É muito importante no setor
agrônomo brasileiro, sendo que suas principais marcas Sadia e Perdigão,
praticamente dominam o mercado agropecuário brasileiro.
No Brasil, a companhia tem mais de 30 fábricas e 20 centros de
distribuição. No exterior, opera nove unidades industriais na Argentina, uma no
Reino Unido, uma na Holanda, cinco na Tailândia, uma da Malásia, uma nos
Emirados Árabes Unidos e cinco na Turquia, além de 27 centros de
distribuição.
Produtos

● Aves;

● Suínos e outros;

● Processados;

● Rações.

Hoje, as principais marcas que compõem a BRF são: Sadia, Perdigão,


Qualy, Claybom, Mercato, Banvit; Balance; BioFresh.

Histórico
As origens da BRF remotam à década de 1930, em Videira (SC), onde
as famílias Brandalise e Ponzoni, descendentes de imigrantes italianos,
estabeleceram um pequeno negócio cujo crescimento deu origem a uns dos
maiores complexos agroindustriais do mundo: a Perdigão. Já no início de 1940,
começa a história da Sadia. Fundada em Concórdia (SC) por Attilio Fontana, a
marca conquistou pioneirismo nacionalmente logo na década de 50 ao comprar
seu primeiro avião para atuar no eixo Rio-SP, já que não existiam caminhões
frigoríficos na época, e inaugurar uma sede na cidade de SP.
Em 1964 a Sadia constrói a Frigobras em SP, entrando no mercado de
semiprontos e congelados e, na mesma época, é criado o Conselho de
Administração e começam os contratos para exportação da carne. Em 1974 a
marca lança o Peru Temperado Sadia, seu maior sucesso, e se consolida
como a maior vendedora de carnes de peru no Brasil. No ano seguinte,
começam as exportações de frango para o Oriente Médio e a Sadia assume a
liderança entre os exportadores nacionais.
Em 1975 a Perdigão inicia também suas exportações de frango para a
Arabia Saudita, sendo uma das pioneiras.
Em 1990 a Sadia abre suas portas para o mundo: Tóquio, Milão e
Buenos Aires foram as primeiras e, um ano depois, inova em um novo
mercado: as margarinas. É inaugurado em Paranaguá (PR) a fábrica da Qualy.
Logo em 1994 a marca faz 50 anos e comemora com um faturamento recorde
de US$2,9 bilhões e uma receita de exportação de mais de meio bilhão de
dólares, contando com 32 mil pessoas empregadas.
Em 1997, após o falecimento dos fundadores do Perdigão, a empresa
deixa de ser familiar e abre seu capital, passando a ser societária. Nesse
mesmo ano, a Qualy já é líder de mercado e, um ano depois, é lançada a
primeira pizza congelada, da Perdigão.
Em 1998 a Sadia passa de US$ 1 bilhão de faturamento e garante a
liderança absoluta no mercado de aves. A exportação atinge mais de 40
países.
Em 2000 é aberto o primeiro escritório da BRF fora do Brasil, em
Londres. Nesse ano a marca entra para o pregão das ações listadas na bolsa
de NY e é a primeira empresa brasileira de alimentos presente em Wall Street.
Um ano após, há o primeiro contato entre Sadia e Perdigão: As marcas criam a
BRF Trading, empresa destinada a comercializar produtos avícolas e alimentos
em geral produzidos por ambas as companhias em mercados emergentes.
Em 2005 a Sadia cresce no mercado de bovinos. Há o lançamento Hot
Pocket.
Em 2008 a Perdigão adquire a Eleva, formando um dos maiores
conglomerados alimentícios da América Latina, com forte exportação de carnes
e lácteos.
Em 2009 acontece a União da Sadia e Perdigão, onde a Perdigão passa
a chamar-se BRF Brasil Foods S.A., movendo sua sede social de São Paulo
para Itajaí (SC).
Em 2010 a BRF alcançou a marca de 22,7 bilhões de reais em vendas,
sendo 40% destinadas ao mercado exterior. Ainda, se torna a terceira empresa
exportadora do Brasil, sendo a maior exportadora de aves e líder na produção
global de proteínas, com 9% na comercialização mundial.

Participação de Mercado

Objetivos da Empresa
Segundo a BRF, seu objetivo é o de participar da vida das pessoas,
oferecendo alimentos saborosos, com qualidade, inovação e a preços
acessíveis, em escala mundial.
Dentre as estratégias de negócio, a empresa apresenta objetivos de
ampliar receitas oriundas de inovações no mercado doméstico de 3% para 10%
até 2023, estreitar laços com startups, ampliar o volume de habilitações para
exportações e estudar a viabilidade de acesso a mercados de maior
crescimento com segmentos de nicho de alto valor agregado.

Governança Corporativa
O modelo de gestão adotado pela BRF em sua atuação global adequa
processos e produtos aos diferentes perfis e hábitos dos consumidores,
respeitando as tradições culturais dos locais onde a companhia atua. A BRF
está dividida nos seguintes grupos de gestão:

● Conselho de administração:
o Em linha com as melhores práticas de governança, o presidente
do Conselho de administração não exerce funções executivas.
Definidas no Estatuto Social, as qualificações para integrar o
Conselho de administração incluem aspectos como: ter reputação
ilibada, não ocupar cargos em concorrentes ou representar
interesses conflitantes.
● Comitês:
o São mantidos comitês de assessoramento do Conselho de
Administração desde 2006, que são constituídos por integrantes
do próprio conselho. Em reunião realizada a 28 de abril de 2015,
aprovou a indicação dos membros regulares dos Comitês de
Assessoramento ao Conselho de Administração, quais sejam:
Estratégia, M&As e Mercados; Finanças, Governança e
Sustentabilidade; Pessoas, Organização e Cultura.
● Conselho fiscal:
o Constituído por três membros, sendo um deles especialista
financeiro. Reúne-se mensalmente e, quando necessário,
participa de reuniões com o Conselho de Administração.
● Diretoria executiva:
o Responsável pela gestão dos negócios em total acordo com as
diretrizes estratégicas definidas pelos executivos e aprovadas
pelo Conselho de Administração.
Presidente do Conselho: Marcos Antonio Molina dos Santos
Vice Presidente: Sergio Agapito Rial.

Risco Operacional
Sustentabilidade
O Plano BRF de Sustentabilidade está em sintonia com os objetivos da
empresa e alinhado à sua Política de Sustentabilidade. Para aumentar a
transparência e reforçar as ambições, foi estabelecido compromissos globais e
transversais aos aspectos ESG (do inglês Ambiental, Social e de Governança),
conectados com a Visão da 2030 da BRF, em sinergia com a maior iniciativa
de sustentabilidade corporativa do mundo (Pacto Global da ONU).
Esses compromissos são:

● Bem-estar Animal
o Certificar 100% das unidades fabris em bem-estar animal até
2025.
o Empregar globalmente apenas ovos de galinhas livres de gaiola
em processo industrial de alimentos até 2025.
o Garantir a não realização de castração cirúrgica em 100% dos
suínos machos até 2022.
o Garantir a não utilização de antibióticos promotores de
crescimento na cadeia de criação de animais.
o Garantir o uso de analgesia para 100% dos procedimentos de
corte de cauda de suínos até 2025
o Garantir que 100% das aves do sistema de integração
globalmente sejam livres de gaiolas até 2023.
o Garantir que 100% dos suínos criados na BRF não passem por
corte e desgaste de dentes até 2021.3
o Garantir que 100% dos suínos criados na BRF não sejam
identificados através de mutilações até 2021.
o Implementar 100% de baias de gestação coletiva para matrizes
suínas até 2026.
o Tolerância zero em relação aos maus-tratos dos animais, sejam
por abuso ou negligência.
o Utilizar enriquecimento ambiental em 100% da integração de aves
e suínos de corte até 2025.
● Ciência e Inovação
o Aderência de 100% dos novos projetos de inovação de produto
ao indicador de sustentabilidade da BRF até 2022.
● Commodities
o Garantir rastreabilidade de 100% dos grãos adquiridos da
Amazônia e do Cerrado até 2025.

JBS
Setor de Atuação
A JBS S.A. é uma Companhia de alimentos com mais de 60 anos de
tradição e líder global no processamento de proteína animal. Com operações
em mais de 20 países, a Companhia atende uma base de mais de 275 mil
clientes em aproximadamente 190 países por meio de um variado portfólio de
produtos e marcas.
Com sede no Brasil, a JBS conta com mais de 250 mil colaboradores –
presentes em plataformas de produção e escritórios comerciais pelo mundo. A
estrutura envolve unidades processadoras de bovinos, suínos, ovinos, aves e
couros, além de confinamentos de bovinos e ovinos.
Além do setor de alimentos, a Companhia também atua nos segmentos
relacionados, tais como, couros, produtos de higiene e limpeza, colágeno,
embalagens metálicas, envoltórios, biodiesel, transportes, gestão de resíduos e
reciclagem.
A JBS realiza suas atividades por meio de cinco unidades de negócios
espalhadas pelo mundo, sendo elas:
● JBS Brasil: produção de carne bovina, couros e operações de Novos
Negócios no Brasil.
● Seara: produção de carne de frango, suína e de produtos processados
no Brasil.
● JBS USA Beef: produção de carne bovina e produtos processados nos
Estados Unidos, Austrália e Canadá.
● JBS USA Pork: produção de carne suína e produtos processados nos
Estados Unidos.
● Pilgrim’s Pride: produção de carne de frango, suína e de produtos
processados nos Estados Unidos, Europa e México.
Produtos

● Proteína animal;

● Processados;

● Couros,

● Produtos de limpeza.

Hoje, as principais marcas que compõem a JBS são: Seara, Friboi, Swift,
Maturatta, Rezende, Delícia, Doriana, Primor, Marba e Pilgrim’s

Histórico
A JBS foi a primeira empresa a atuar no ramo frigorífico no Brasil, a
partir de 1953 (POZZOBON, 2008). Iniciou suas atividades em Anápolis, Goiás,
abatendo cinco cabeças por dia. Sua primeira aquisição ocorreu em 1968, em
Planaltina (DF), e a segunda, em 1970, em Luziânia (GO) (JBS, 2011). Nas
décadas seguintes, a expansão continuou por meio de aquisições de plantas
de abate, bem como unidades produtoras de carne. Em 2002, a capacidade
produtiva atingiu 5,8 mil cabeças de gado diárias.
Entre 1993 e 2005, a empresa adquiriu mais 12 firmas de
processamento no Brasil, tornando-se um dos mais importantes produtores do
país (POZZOBON, 2008). Em 2004, de acordo com Lethbridge e Juliboni
(2009), seu faturamento chegou a 1,2 bilhão de dólares e, nos anos seguintes,
em média, a JBS dobrou de tamanho a cada ano. O ano de 2005 foi marcado
por uma série de mudanças na empresa (JBS, 2011). Após o processo de
reestruturação, foi criado o grupo JBS S.A. (até então a empresa era conhecida
como Friboi, que se tornou uma de suas marcas). JBS são as iniciais do
fundador da companhia, José Batista Sobrinho. Além disso, no mesmo ano,
teve início a internacionalização de suas atividades, por meio da compra da
argentina Swift Armour. Nesse sentido, um dos executivos da empresa
declarou que a JBS optou por ter bases em diversos países para não prejudicar
o fornecimento aos clientes caso houvesse algum problema com a exportação
proveniente do Brasil (VALOR ECONÔMICO, 2011).
Em 2006, mais duas unidades foram compradas na Argentina (Venado
Tuerto e Pontevedra), sendo que a capacidade de abate da empresa chegou a
22,6 mil cabeças diárias. No ano seguinte, foram adquiridas as argentinas
Berazategui e Colonia Caroya, bem como a americana Swift Foods Company,
o que transformou a JBS na maior processadora de carne bovina do mundo, de
acordo com Lethbridge e Juliboni (2009). Somado a isso, a aquisição da
empresa italiana Inalca, no mesmo ano, além de garantir o acesso privilegiado
da JBS às principais fontes mundiais de fornecimento de carne bovina,
propiciou o controle global de toda a cadeia de abastecimento da empresa
(POZZOBON, 2008).
Em 2009, a JBS adquiriu mais cinco unidades de abate no Brasil e
entrou no ramo de couros, por meio da criação da JBS Couros Ltda. (JBS,
2011). Além disso, expandiu sua atuação do mercado de frangos ao comprar
parte do capital da Pilgrim’s Pride, sediada nos Estados Unidos. Em setembro
do mesmo ano, foi anunciada a compra do frigorífico brasileiro Bertin, o que
transformou a JBS na maior empresa do setor do mundo (LETHBRIDGE e
JULIBONI, 2009).
Ao longo de sua trajetória, a JBS iniciou um contínuo processo de
diversificação das atividades por meio da aquisição de empresas de outros
setores (SOBRAL, 2011). De acordo com as informações disponibilizadas pela
empresa, o grupo atua nos segmentos de carne bovina, suína, ovina e de aves,
lácteos e derivados, couros, latas, colágeno, biodiesel, transportes e vegetais
(JBS, 2011). Além disso, em março de 2011, a companhia adquiriu o Banco
Matone e estreou no setor de varejo bancário. Meses depois, foi noticiada a
compra da divisão de beleza e higiene do grupo Bertin.
Outro exemplo de atuação em outras linhas de negócios é o projeto de
construção da maior fábrica de celulose de fibra curta do mundo em Mato
Grosso do Sul, iniciada em junho de 2011 (SOBRAL, 2011). Segundo a autora,
quando questionado sobre as razões para investir em segmentos tão distintos,
um dos executivos da empresa declarou que “as oportunidades vão surgindo e
a gente compra”. A intenção do grupo é tornar-se a “Unilever brasileira”, ou
seja, construir uma empresa de bens de consumo tão relevante quanto a JBS
na área de carnes.

Participação de Mercado

Objetivos da Empresa
Segundo a JBS, seus objetivos são: Ser a melhor naquilo que faz, com
foco absoluto em suas atividades, garantindo os melhores produtos e serviços
aos clientes, solidez aos fornecedores, rentabilidade aos acionistas e a
oportunidade de um futuro melhor a todos os nossos colaboradores.
Governança Corporativa
A estrutura de governança estabelecida pela JBS é formada pelo
Conselho de Administração, pela Diretoria Global de Compliance, por um
Conselho Fiscal permanente e por comitês de assessoramento ao Conselho de
Administração que atuam em temas específicos considerados estratégicos pela
empresa: Responsabilidade Sócio-Ambiental; Auditoria Estatutária; Financeiro
e de Gestão de Riscos; Governança, Remuneração e Nomeação; Partes
Relacionadas e Diversidade e Inclusão.
O Conselho de Administração é o mais alto órgão de governança da
Companhia e encerrou 2021 com nove membros, sendo sete independentes,
isto é, detendo a maioria de membros independentes. Os conselheiros, eleitos
em Assembleia Geral de acionistas para mandatos unificados de dois anos,
são responsáveis por, entre outras questões, definir as políticas e diretrizes dos
negócios, assim como compromissos econômicos, sociais e ambientais.
Os cargos de Presidente do Conselho de Administração e de Diretor
Presidente da Companhia não são exercidos pela mesma pessoa. A
remuneração do Diretor Presidente e das demais lideranças da JBS se baseia
em indicadores de desempenho, a fim de incentivar o crescimento sustentável
da organização, em médio e longo prazos, e a conquista de metas de curto
prazo. Os valores são comparados periodicamente com os praticados pelo
mercado, mediante pesquisas e alinhados aos interesses da companhia e de
seus acionistas.
Presidente do Conselho: Jeremiah O’Callaghan.
Vice Presidente: José Batista Sobrinho.

Risco Operacional

Sustentabilidade
A JBS tem duas urgências a enfrentar: frear o aquecimento global e
garantir a segurança alimentar da crescente população mundial. Segundo a
empresa, esses desafios não podem ser enfrentados isoladamente, mas
apenas com a união de todos, e a agropecuária é parte crucial da solução.
Somente a transição para uma produção agropecuária mais sustentável e de
baixo carbono vai permitir a perenidade do negócio, e garantir a segurança
alimentar e preservação do planeta como um todo. As empresas são agentes
de transformação e o foco é ser uma Companhia saudável, com pessoas
saudáveis, num planeta saudável.
Entre as prioridades globais de sustentabilidade da Companhia estão:
gestão ambiental, responsabilidade social, inclusão e diversidade, e bem-estar
animal.
Em março de 2021, A JBS anunciou um compromisso relevante e
pioneiro na sua indústria: ser Net Zero até 2040. A JBS foi a primeira empresa
global do setor de proteína a assumir o compromisso de zerar o balanço líquido
de suas emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE), e está
desenvolvendo um plano de ação, sustentado em metas baseadas na ciência,
consistente com os critérios estabelecidos pela Science-Based Targets
initiative (SBTi). A JBS também participou da campanha Race to Zero da ONU
que tem como objetivo reunir líderes do mundo todo para zerar as emissões
líquidas de gases de efeito estufa.
Nesse sentido, a Swift deu um passo importante: adotará energia solar
em 100% da sua rede de lojas no Brasil. A iniciativa já está em fase avançada
de implementação, com painéis fotovoltaicos funcionando em diversas lojas.
Até o segundo semestre de 2025, toda a rede será abastecida com energia
solar.

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