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INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO BERÇÁRIO

A atuação do psicopedagogo é muito importante em todas as áreas dos


conhecimentos, em especial na prevenção das dificuldades de aprendizagem. Em
geral, o psicopedagogo é procurado quando as dificuldades já estão presentes, assim,
seu papel é avaliar e estabelecer estratégias de intervenção. Contudo o psicopedagogo
não atua somente na área que atua quando o problema já existe, mas sim ele atua
também na forma de prevenção, no intuito de evitar que os problemas de dificuldades
de aprendizagem se instaurem e nesse caso iremos abordar o papel das brincadeiras no
combate a prevenção das dificuldades de aprendizagem no berçário.

O psicopedagogo atuando no berçário se propõe trabalhar com brincadeiras


dinâmicas na instituição, consequentemente auxiliando no processo ensino
aprendizagem dos bebês.

No entanto, a partir dessa perspectiva preventiva, entendemos que é por meio


das diferentes formas de apresentar as brincadeiras, fazendo com que sejam
preventivas em algumas dificuldades de aprendizagem, relacionadas às habilidades da
criança que são diretamente influenciadas pelo desenvolvimento psicomotor.

Podemos contatar que o atendimento psicopedagógico desenvolve um enorme


desenvolvimento psicomotor, cognitivo, entre outros. Dentre as diversas áreas da
atuação do psicopedagogo, ele desempenha o diagnóstico e a intervenção
psicopedagógica, atuando na prevenção dos problemas e desenvolvendo estudos
relacionados ao papel do desenvolvimento de aprendizagem infantil.

De acordo com BOSSA (2007):

A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de


uma demanda o problema de aprendizagem. Como se preocupa com
esse problema, deve ocupar-se inicialmente do processo de
aprendizagem, estudando assim as características da mesma. É
necessário comentar que a Psicopedagogia é comumente conhecida
como aquela que atende crianças com dificuldades de aprendizagem.
É notório o fato de que as dificuldades, distúrbios ou patologias
podem aparecer em qualquer momento da vida e, portanto, a
Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo para o
atendimento.

Por essa razão a intervenção com bebês foi pensada para que pudesse haver
uma prevenção diante das dificuldades de aprendizagem no atendimento
psicopedagógico na educação infantil, em decorrência de já existir um grande número
de crianças com déficit de aprendizagem, transtornos e outras dificuldades acolhidas.

Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações


diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos
culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser
humano à medida que ele se incorpora a sociedade. (BOSSA,1994,pág 51).

Nesse sentido, buscamos identificar a importância do atendimento do


psicopedagogo com os bebês, diante das brincadeiras como forma de intervenção e
prevenção no processo de dificuldade de aprendizagem, considerando resistências,
birras, lapsos, bloqueios e sentimentos de tolerância.

A psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre


em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em
conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento
em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade
os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos.
(NEVES, 1991 apud BOSSA, 2007, p. 21)

Existe uma forte contribuição do psicopedagogo no trabalho com brincadeiras


lúdicas em seu atendimento psicopedagógico, pois há uma interligação da criança com o
brincar e a aprendizagem, proporcionando a ela estímulo cognitivo, contato e
comunicação com o social e o mundo. Possibilitando assim uma extrema felicidade
aprendendo brincando. Podendo perceber que o brincar e tão quão importante como
estudar, é um ato inato da criança e pode ser também utilizado voltado para o ensino.

A função lúdica na educação: o brinquedo propicia diversão, prazer e até


desprazer, quando escolhido voluntariamente, na função educativa, o brinquedo ensina
qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua
apreensão do mundo. O brincar e jogar é dotado de natureza livre típica de uns
processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar. Essa
e a especificidade do brinquedo educativo. A psicopedagogia através das atividades e
brincadeiras lúdicas exige do aprendente certo raciocínio logico, necessitando que aja
levantamento de hipótese e a solução dos problemas, ou seja, numa brincadeira
espontânea na qual a criança tenha a possibilidade de construir conhecimentos e
enriquecer o seu desenvolvimento intelectual, o psicopedagogo com certeza vai repassar
para criança situações que a criança revive enquanto brincam, situações de afeto, de
alegria, ansiedade, medo, raiva e, em que tais situações favoreçam uma maior
compreensão no aprendizado, diante de alguns conflitos de aprendizagem que possa a
vir passar, desenvolvendo espontaneamente habilidades e competências objetivas pela
verdadeira transformação do trabalho lúdico.

De acordo com Vygotsky (1991, p.70), “a brincadeira é entendida como


atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas são elementos essenciais
para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere”.

Por fim, a influência do ato de brincar no berçário, através da ação do


psicopedagogo, desenvolve na criança atos riquíssimos pra seu desenvolvimento
educacional, para a formação de caráter e para a personalidade da pessoa, além disso, a
importância das brincadeiras na intervenção das dificuldades de aprendizagem na
educação infantil incorpora valores morais e culturas, como criança e como adulto.
Brincando, a criança pode acionar seus pensamentos para resolução de problemas que
lhe são importantes e tem grande significado, e a forma como ela brinca nos revela o
seu mundo interior, proporcionando um perenizado mais satisfatório.
ALGUMAS ATIVIDADES QUE SERÃO TRABALHADAS NO BERÇÁRIO

Estimulação dos sentidos: percepção visual, auditiva, tátil, gustativa, olfativa.

 Carregar a criança de maneira que possa explorar o ambiente, mostrando e


nomeando os projetos;
 Provocar diferentes ruídos, com diferentes objetos, como guiso, chocalhos e
perceber se o bebê se movimenta procurando o som;
 Propiciar momentos de música ambiente calmo e repousante;
 Possibilitar estímulos táteis em diferentes partes do corpo como cócegas,
carícias;
 Oferecer objetos de diferentes texturas, para que possa pegar;
 Tentar alcançar objetos presos no berço, amarrados em um cordão;
 Cantar cantigas infantis, com a criança sentada no colo, de frente a educadora;
 Brincar de serra-serra-serrador;
 Segurar as mãos do bebê e motivá-la a bater palmas;
 Apertar bolas de borracha ou de espuma;
 Unir as mãozinhas ou os pés, ajudado pela educadora;
 Brincar de esconde-esconde usando fraldas,
 Estimular a percepção visual movimentando fitas coloridas, bolas;
 Oferecer objetos para o bebê pegar e levantar;
 Expor o bebê a ambientes de diferentes intensidade luminosa para que perceba o
claro e o escuro;
 Conversar e sorrir para o bebê enquanto é alimentado dizendo-lhe o que vai
comer;
 Realizar massagens suaves no corpinho do bebê, durante o banho e em outras
situações diferentes;
 Permitir que o bebê morda ou apalpe objetos de diferentes consistência;
 Estimular a percepção tátil, passando diferentes texturas nas mãos e nos pés do
bebê;
Estimulação corporal

 Colocar o bebê em diferentes posições, de bruços, de costas, de lado;


 Movimentar as pernas pedalando como bicicleta;
 Movimentar levemente os pés dos bebês, para frente e para trás, de um lado para
outro em movimentos circulares;
 Rolar a criança suavemente com o auxílio de um cobertor ou colchonete;
 Tentar alcançar um objeto, que está a sua frente, na posição de bruços;
 Mantê-la sentada com apoio de almofadas, enquanto manuseia objeto;
 Manter a criança de bruços sobre uma bola grande, segura pelos quadris,
movimentando-a em várias direções;
 Firmar as pernas, mantendo-se em pé, sobre o chão ou colo da educadora;
 Sentar em posição de cavalinho sobre o rolo de espuma, levando-a apoiar os pés
alternadamente no chão;
 Provocar ruídos, para que o bebê movimente o tronco em direção à fonte sonora.

Estimulação oral

 Conversar com o bebê, chamando-o pelo nome;


 Produzir sons variados (imitação de animais, carros) e incentivar o bebê a fazer
o mesmo;
 Realizar jogos verbais de apelo: – dá uma risadinha, – faz biquinho, – dá isso prá
mim…
 Valorizar e ou incentivar estas ações ao serem realizadas;
 Conversar com a criança em frente ao espelho, nomeando e mostrando partes do
corpo, como pés, mãos, boca…

OBS.: oportunizar em todos os momentos, a conversa com o bebê, dizendo-lhe o


que vai acontecer.

Estimulação à socialização

 Promover contato com as crianças maiores do berçário, incentivando-os a


brincarem juntos;
 Promover breves passeios por ambientes diferentes da casa.
2. Bebês que engatinham

Estimulação dos sentidos: percepção visual, auditiva, tátil, gustativa, olfativa

 Realizar massagens suaves no corpinho do bebê, enquanto toma banho ou faz a


troca de roupa;
 Conversar e sorrir com o bebê em todas as situações;
 Dizer sempre a criança, todas as ações que serão realizadas, como: hora de
comer, hora de tomar sol;
 Manusear objetos de diferentes texturas: liso, áspero, macio, duro, mole…
 Brincar com chocalho, guizos, caixas com objetos dentro, explorando os sons;
 Incentivar a bater palma, estalar a língua, bater os pés;
 Observar-se em frente ao espelho junto ao educador que irá mostrando e
nomeando as partes do corpo e num segundo momento, pedir que o bebê mostre
sozinho;
 Cantar para a criança;
 Procurar um objeto retirado subitamente do campo visual;
 Bater um objeto no outro, como brinquedos em caixas de papelão;
 Enrolar um objeto qualquer em um pedaço de pano, e dar para o bebê desenrolar
e encontrar o objeto;
 Esconder objetos dentro de caixas, vasilhas, potes, na frente do bebê para que ele
procure;
 Deixar apertar o interruptor da luz, para perceber o efeito e diga-lhe o que está
acontecendo: – a luz acendeu, a luz apagou;
 Mostrar partes do corpo, solicitadas pelo educador;
 Leitura de expressão fisionômica;
 Levantar fios de cabelos, com a ponta dos dedos;
 Segurar partes do próprio corpo, como cabeça, mãos, olhos;

Estimulação corporal

 Tentar alcançar objetos à sua frente e dos lados, para que o corpo se movimente
em várias direções;
 Locomover-se livre, para que não se prenda muito tempo ao berço, cadeira;
 Ficar na posição em pé, sobre o colo, mesa ou cadeira, com o apoio do educador
e dar pequenos saltos;
 Colocar um brinquedo em cima de uma fralda para que o bebê possa puxa-lo e
alcança-lo;
 Deixar que fique sem roupa, um pouco antes do banho, para que o bebê se
movimente livremente;
 Tirar e colocar objetos variados, dentro de potes ou caixas;
 Segurar o bebê para que ele dê passinhos;
 Rolar a bola em direção ao bebê, e pedir que ele devolva-a ao educador;
 Oferecer condições para que possa se levantar, segurando em móveis;
 Engatinhar entre obstáculos;
 Subir e descer degraus engatinhando;
 Empurrar cadeiras ou bolas engatinhando;
 Fazer movimentos de cabeça de “sim” ou “não”;
 Manter-se alguns momentos em pé, o que deve receber o aplauso dos
educadores;
 Passar por baixo de cordões, ou mesas engatinhando;
 Entrar ou sair de caixa de papelão, ou cabaninhas improvisadas;
 Resolver pequenos problemas como pegar bola debaixo da mesa;
 Passar dentro do minhocão;
 Andar segurando em barra horizontal, que será colocada entre um móvel e outro;

Estimulação oral

 Repetir as sílabas, pronunciadas pelos bebês;


 Obedecer a ordens simples com: “dá”, “vem cá”, dar “tchau”, jogue beijinhos,
bata palminhas;
 Cantar músicas, incentivando a criança a bater palmas, mostrar partes do corpo;
 Contar pequenas histórias e mostrar gravuras;
 Realizar pequenos passeios na casa, mostrando e comentando tudo o que vê;
 Imitar o som que a gravura sugere: carro, cachorro, gato, orientado pelo
educador;
Estimulação à socialização

 Promover o abraço entre amigos;


 Brincar com os amigos;

3. Bebês que andam

Estimulação dos sentidos: percepção visual, auditiva, tátil, gustativa, olfativa

 Brincar com o bebê de cheirar flores, frutas;


 Encontrar a educadora que está escondida atrás de um móvel, chamando o bebê
pelo nome;
 Dançar o ritmo de músicas, imitando os gestos da educadora;
 Participar de brincadeiras de imitação, dançar, marchar, imitar bichos, carros,
pequenas músicas;
 Olhar, amassar, picar folhas de revistas;
 Executar ordens simples como: guardar objetos, trazer objetos, buscar o tênis;
 Pegar objetos de uma caixa, atendendo a solicitação da educadora;
 Usar a colher para tentar comer sozinho;
 Identificar quente e gelado durante as refeições;
 Guardar brinquedos e outros objetos de uso, para formar hábitos de ordem e
arrumação;
 Observar-se no espelho e ir mostrando as partes do corpo, que lhe for solicitada;
 Usar garrafas plásticas, tubos e potes, para que possa torcer, distorcer, para abrir
e fechar;
 Balançar garrafas com objetos ou pedrinhas para produzir sons (seguramente
fechadas) ;
 Brincar com grandes tampas coloridas, colocando-as dentro de caixas ou
retirando-as;
 Pegar bolas ou objetos que estão debaixo de mesas e berços;
 Brincar de rodas, cantando pequenas cantigas;
 Colocar prendedor de roupas, em volta de uma caixa;
 Traçar riscos em grandes pedaços de papel (papel bobina) usando gizão de cera;
 Andar de diferentes formas de quatro, imitando animais, ou em fila imitando
trem;
 Executar ordens como: imitar (pentear cabelos, escovar os dentes, lavar os
dentes, lavar as mãos, tomar banho, soprar velas, cheirar flores, ninar nenê, pular
cordas, etc.;
 Brincar com dominós de figuras, quebra-cabeça com poucas peças;
 Brincar com jogos de encaixe;
 Mostrar peças grandes e pequenas, solicitadas pela educadora;
 Dizer a cor das peças solicitadas;
 Agrupar peças por cores e tamanhos.

Estimulação corporal

 Caminhar livremente pelo espaço, explorando móveis e objetos;


 Fazer atividades como bola: chutar, pegar no ar, jogar para cima, rolar para outra
pessoa, rolar em cima;
 Tentar saltar com dois pés;
 Puxar objetos e carrinhos;
 Brincar de passar por dentro, arrastar/engatinhar/ficar de cócoras e uma caixa de
papelão sem fundo;
 Empurrar caixas, puxar caixas com barbantes, vazias ou com brinquedos;
 Agachar, levantar, correr, marchar, bater palmas, pular com a orientação da
educadora;
 Rolar o bebê no colchonete, de um lado para outro, pedir que rolem sozinhos;
 Engatinhar ou andar em grupos até um ponto determinado; cantinho da sala,
atrás de um berço;
 Brincar no parquinho, explorando os brinquedos;
 Manusear blocos de encaixe;
 Passar embaixo ou por cima de uma corda;
 Brincar de entrar e sair de dentro de caixas, de cabaninhas;
 Guardar um objeto debaixo do berço ou dentro da cabaninha;
 Andar na ponta dos pés; para frente, para trás;
 Engatinhar em grupo, para frente, para trás, de um lado para outro, por todo o
espaço;
 Engatinhar imitando vozes de animais ou barulhos de carros;

Estimulação oral

 Ouvir e reproduzir histórias oralmente;


 Participar das histórias, fazendo gestos e sons;
 Contar histórias a vista de gravuras;
 Identificar-se a si mesmo pelo nome e reconhecer o nome dos colegas;
 Cantar cantigas infantis: “Onde está a Margarida”, “Rolinha voou, voou”,
“Carneirinho carneirão” etc.
 Dizer nomes que pertençam ao mesmo grupo: ex.: frutas, animais, utensílios da
cozinha…;
 Observar e dizer o nome de objetos e sua função, durante passeios feitos com a
educadora pelos espaços internos e externos da casa;
 Participar da hora da novidade, no início do período;
 Fazer exercícios foniátricos como: estalar a língua, mandar beijinhos, encher as
bochechas de ar, passar a língua em volta dos lábios, em volta da arcada
dentária, vibrar os lábios, murmurar com os lábios serrados…;

Estimulação à socialização

 Brincar com os colegas da turma;


 Brincar com as crianças maiores;
 Adquirir hábitos de ordem e cortesia;
 Fazer pequenos passeios pela casa e conversar com crianças e adultos;
 Cumprimentar as pessoas todas as vezes que chegar ou sair dos ambientes da
casa;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da


prática. RS, Artmed, 2007. BRASIL.

_______, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.


Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

Sugestões de Atividades para o Berçário. Pedagogia ao Pé da Letra, 2013.


Disponível em: <https://pedagogiaaopedaletra.com/sugestoes-de-atividades-para-o-
bercario/>. Acesso em: 4 de setembro de 2021.

VYGOTSKY, Lev. S. A Formação Social da Mente. 4ed. São Paulo: Martins


Fontes Editora Ltda, 1991.

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Clarisse Marcos dos Santos


04 de setembro de 2021 – São João de Meriti - RJ

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