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Fases da alfabetização e a relação com a escrita

O primeiro contato da criança com o mundo das letras é extremamente importante – e


muitos pais não veem a hora de isso acontecer. Mas, antes de começar a compreender
as palavras, o sistema de escrita alfabética e, claro, os sons, os pequenos passam por
diferentes fases da alfabetização.

Este é um processo de construção necessário, pois é entendendo cada etapa do


processo que poderemos perceber o modelo de pensamento da criança sobre o
processo de leitura e escrita. Pelo menos é o que defendem as pesquisadoras Emília
Ferrero e Ana Teberosky na obra “Psicogênese da Língua Escrita”.

Para elas, a origem e o desenvolvimento dos processos mentais relacionados à língua


escrita estão baseados nos conceitos piagetianos e têm como base o processo de
construção da escrita, sendo a criança a protagonista do seu próprio aprendizado. Não
à toa, embora a leitura e a escrita não dependam exclusivamente da habilidade de
‘somar pedaços de escrita’, é preciso compreender como funciona a estrutura da
língua e a forma como é aplicada na sociedade e em seu dia a dia.

O processo de aquisição da língua escrita pelas crianças e as fases da alfabetização,


aliás, têm sido alvos de debates constantes no círculo acadêmico. Isso porque já se
sabe atualmente que o processo de aprendizagem não acontece em um único
momento, mas de forma gradativa.
Entenda as fases da
alfabetização
Antes de compreender o Sistema de Escrita Alfabética, as crianças passam por
diferentes fases de alfabetização. E entender as características de cada etapa podem
ajudar a tornar o processo ainda mais fluido e eficaz.

De acordo com estudos, de Emilia Ferrero e Ana Teberosky são quatro as fases da
alfabetização, divididas em: nível Pré-Silábico, nível Silábico, nível Silábico-
Alfabético e nível Alfabético. Confira mais abaixo.

Nível Pré-Silábico
Neste nível, a criança representa a escrita de forma não convencional, aleatória, ou
seja, ela mistura números e letras para representar uma escrita.

Uma característica presente no pré-silábico é o fato de a criança não pensar na palavra


falada, pois está presa no realismo nominal. De acordo com Piaget esta é a etapa do
desenvolvimento infantil no qual a criança busca conceber a palavra como parte
integrante do objeto, atribuindo ao signo características do objeto ao qual se refere e
pensa na palavra de acordo com o que ela significa.

Ao criar suas hipóteses de escrita, uma criança pré-silábica traduz nesta escrita as
características presentes no significado da palavra.

Nível Silábico
O nível silábico, por sua vez, representa um salto qualitativo para a criança. Ela deixa
de pensar no objeto em si e suas características e já começa a entender que existe uma
relação entre a fala com a escrita.

É nessa fase que a escrita já apresenta uma estrutura que faça mais sentido: para cada
parte falada (sílaba oral) a criança consegue atribuir uma letra escrita.

Nível Silábico-Alfabético
As crianças que se encontram no nível silábico-alfabético já entendem que as sílabas
podem ser formadas com uma, duas, três ou mais letras.

Nessa fase a criança começa a perceber as unidades sonoras presentes em cada sílaba
e começa representar esses sons com as letras correspondentes. A principal
característica deste nível é que ora a criança percebe os fonemas presentes na sílaba,
ora não percebe. Ela oscila na representação escrita, pois lhe falta uma melhor
percepção destes sons presentes nas sílabas de cada palavra.

Nível Alfabético
Quando falamos em fases da alfabetização, o nível alfabético é a última etapa desta
fase de compreensão do nosso sistema da escrita. Aqui já é possível que a criança
consiga perceber os sons dos fonemas da palavra, porém estes serão representados na
escrita sem comprometimento com a ortografia. A etapa ortográfica deverá ser
trabalhada a partir desta fase na qual a criança já compreendeu o nosso sistema de
escrita alfabética.

Como estimular as crianças


nas fases da alfabetização?

As crianças precisam passar pelas diferentes fases da alfabetização para a construção e


aquisição da escrita. Mas, como em todo processo de aprendizagem, ao percorrer essas
fases, os obstáculos e conflitos cognitivos e conceituais podem ser desafiadores.

É preciso que a criança desenvolva habilidades que possam conduzi-la à compreensão


do sistema de escrita e a chave para esta compreensão está no desenvolvimento das
habilidades fonológicas.
A boa notícia é que é possível tornar esse processo mais divertido e eficiente por meio
de atividades específicas. Uma criança que convive com o estímulo da leitura, por
exemplo, certamente terá mais interesse que outras que não têm esse hábito.

Passar pelas fases da alfabetização também pode ser mais fácil quando metáforas e
jogos, por exemplo, se tornam parte do processo. Afinal, é importante que as crianças
sejam crianças e brinquem – e/ou se divirtam – enquanto aprendem algo novo.

Não se esqueça: o processo de alfabetização deve ser equilibrado nos primeiros anos
de vida. Isso também auxiliará o pleno desenvolvimento das capacidades técnicas e
cognitivas dos pequenos.

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