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NEUROFARMACOLOGIA

Fármacos Sedativos, Hipnóticos


e Anticonvulsivantes

Professor:
Antônio Wilton Cavalcante Fernandes
MSc Farmacêutico
Hipnóticos, Sedativos e Farmacologia da Epilepsia 2

Plano de Aula
 Estados da Atividade Cerebral – Sono
I. Tipos de Sono
II. Teorias Básicas do Sono

 Fármacos HIPNÓTICOS e SEDATIVOS

 Estados da Atividade Cerebral – Epilepsia


I. Tipos de Epilepsia

 FARMACOLOGIA DA EPILEPSIA – Anticonvulsivantes


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Estados da Atividade Cerebral – SONO


SONO

É definido como o estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser


despertada por estímulo sensorial ou outro fator.
(Guyton & Hall, 2011)

 Função: restaurar o balanço natural entre os centros neurais.

 Tipos:
I. Sono de Ondas Lentas;

II. Movimentos Rápidos dos Olhos (REM).


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Tipos de SONO (analogia do “trem”)

Sono REM
Sono de Ondas
Lentas
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SONO de Ondas Lentas


Profundo e Restaurador

 Fases (grande amplitude e baixa frequência - Eletroencefalograma)

Vigília Estado de consciência – atividade perceptivo-


sensorial
Fase 1 Sonolência – baixa atividade muscular
Sono Leve – Diminuição da frequência cardíaca e
Fase 2
respiratória, bem como da temperatura do corpo
Fase 3 Início do Sono Profundo – Ondas cerebrais lentas e
sincronizadas
Fase 4 Sono Profundo – Redução da frequência Cardíaca e
Pressão arterial
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Movimentos Rápidos dos Olhos (REM)


Sono Paradoxal ou Sono Dessincronizado

 Possui curta duração, sendo caracterizado com movimentos rápidos dos


olhos, apesar da pessoa ainda estar dormindo.

 Os sonhos, por sua vez, são associados a maior atividade muscular


corporal

REM Movimento Rápido dos Olhos – ondas cerebrais


rápidas – Músculos relaxam e batimentos cardíacos
aumentam

Vigília Estado de consciência – atividade perceptivo-


sensorial
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Hypnograma – Ciclos de SONO e Vigília

Breves episódios do “acordar”


Vigília
REM
Fase 1
Fase 2 Sono de
Ondas
Fase 3 Lentas

Fase 4

Obs. BDZ – prolongam o tempo do sono neste estágio


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Teorias Básicas do SONO - I


Processo Inibitório Ativo

 Teoria Passiva do Sono

Áreas excitatórias da parte superior


do tronco cerebral (Sistema ativador
Reticular Ascendente – SARA)
simplesmente se fadigavam durante
o dia de vigília, tornando-se inativas.
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Teorias Básicas do SONO - II


Centros Neurais,
Substâncias Neuro-
humorais – Possível papel
da Serotonina (5-HT)

Lesões em centros
promotores de Sono
podem causar vigília
intensa (Insônia)

Obs. Sono REM


(papel da Acetilcolina)
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Fármacos Sedativos - Hipnóticos

Fármacos capazes de deprimir a


função do SNC e produzir calma
e sonolência (sedação).

 Efeito depressor: dependente


de dose.

 Produz sedação banda, coma


e, até mesmo a morte.
(Goodman & Gilman, 2012)
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Fármacos Sedativos – Hipnóticos (Diferença)


Fármaco SEDATIVO (Goodman & Gilman, 2012)

Diminui a atividade, modera a excitação e acalma a pessoa que o recebe.


Em termos farmacológicos produz sedação (com alívio concomitante da
ansiedade) ou induz o SONO com diminuição das funções psicomotoras e
cognitivas

Fármaco HIPNÓTICO

Produz sonolência (hipnose farmacológica) e facilita o início e a


manutenção do sono que se assemelha ao natural em suas características
eletroencefalográficas e do qual o indivíduo pode ser facilmente acordado
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Histórico...
 Bebidas alcoólicas e poções contendo Láudano (“vinho de ópio”) e
várias ervas foram utilizadas para induzir o sono

 Brometo, Hidrato de coral, Paraldeído, Uretano e Sulfonal foram


introduzidos como sedativo-hipnótico, na metade do século XIX

 1912 – surgimento do Fenobarbital


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Histórico...
1950 – Clorpromazina e o 1950 – Síntese do Clordiazepóxido
Meprobomato – capacidade por Sternbach
de “amansar” animais

1961 – Introdução do Clordiazepóxido na


medicina clínica:
INÍCIO DA ERA DOS
BENZODIAZEPÍNICOS
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Fármacos Sedativos – Hipnóticos


Principais Classes

I. Benzodiazepínicos;

II. Outros agonistas do receptor


Benzodiazepínico (“Compostos Z”);

III. Barbitúricos;
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Benzodiazepínicos (BDZ)
São uma das classes de medicamentos utilizados como moduladores dos
receptores Gabaérgicos gerando uma ação depressora do SNC
potencializando a ação do neurotransmissor inibitório γ-aminobutírico
(GABA)
(Goodman & Gilman, 2012)

Mecanismo de Ação:

Ligação alostérica (subunidade α) aos


receptores de GABA do subtipo GABAA
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BDZ – Relação Estrutura Atividade


(Goodman & Gilman, 2012)

A – Anel Benzeno
B – Anel diazepínico de 7 membros
C – Substituinte 5-arila
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Benxodiazepínicos
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BDZ – Propriedades Farmacológicas


Principais Efeitos Agonistas: Obs. Grande parte dos efeitos
produzidos pelos BDZ são
I. Sedação; revertidas ou prevenidas pelo
II. Hipnose (diminui o tempo de Antagonista FLUMAZENIL
vigília);
III. Ansiolítico;
IV. Amnésia (doses pré-anestésicas);
V. Anticonvulsivante (meia vida
longa);
VI. Relaxamento Muscular (bloqueio
neuromuscular – doses altas);
VII. Vasodilatação coronariana
(Administração coronariana).
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“Compostos Z”
Atuam como agonista do sítio do BDZ no receptor GABAérgico.

 Tratamento da Insônia;

 POUCA ação: anticonvulsivante, como relaxante


muscular ou mesmo possibilidade de causar
dependência.

I. Zolpidem – (suficiente para durar as 8h de sono)

II. Zalaplona
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Congênere da Melatonina
Ramelteona (comprimido de 8 mg 30 min antes de dormir)

 Análogo tricíclico da Melatonina


 Utilizado no tratamento da Insônia

Promoção do
início do sono
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Absorção, Distribuição e Excreção


 Possuem alto coeficiente de distribuição lipídeo-água na sua forma não-
ionizada;
 Todos são completamente absorvidos (exceto o Clorazepato);

Categorias:
 Ação Ultrarrápida;
 Ação Curta (T1/2 6h – Triazolam/ Zolpidem/ Zopiclona);
 Ação Intermediária (T1/2 6-24h – Estazolam/ Temazepam);
 Ação Longa (T1/2 > 24h – Flurazepam/ Diazepam/ Quazepam).

 Metabolismo Hepático
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Principais relações metabólicas dos BDZ

(Goodman & Gilman, 2012)


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BDZ – Efeitos Adversos


Doses hipnóticas dos BDZ podem
causar:

I. Graus variáveis de delírio;


II. Fadiga;
III. Aumento dos tempos de reação;
IV. Falta de Coordenação Motora;
V. Comprometimento das funções Obs. Todos esses efeitos podem
mentais; comprometer a capacidade de
VI. Amnésia; conduzir veículos e outras
VII. Sonolência diurna; habilidades psicomotoras,
VIII.Náuseas, Vômito e diarreia; especialmente quando
combinados aos efeitos do etanol.
IX. Dependência e uso abusivo.
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http://super.abril.com.br/saude/nacao-rivotril/
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Barbitúricos
São uma classe de medicamentos que reduzem a excitabilidade neuronal
basicamente ao aumentar a inibição mediada pelo GABA através dos
receptores GABAA.

(Goodman & Gilman, 2012)

Mecanismo de ação

Intensificar a eficácia do GABA ao


aumentar o tempo de abertura dos
canais de Cl-
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Barbitúricos - Relação Estrutura Atividade


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Barbitúricos – Propriedades Farmacológicas


 Promovem depressão reversível do SNC - A intensificação da inibição
ocorre, principalmente, nas sinapses onde a neurotransmissão é
mediada pelo GABA;

 Em concentrações subanestésicas podem reduzir as


despolarizações produzidas pelo Glutamato (AMPA);

 Em concentrações mais altas produzem anestesia;

 Atividade anticonvulsivante (Fenobarbital e Mefobarbital).


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Barbitúricos – Absorção, Distribuição e Excreção

 São altamente lipossolúveis e atravessam a placenta;

 Rápida redistribuição pelos tecidos

 Metabolização hepática por processos e oxidação e N-glicosilação

Obs. INDUÇÃO do sistema metabolizador microssomal de fármacos

 A sua excreção pode ser aumentada por diurese osmótica e/ou pela
alcalinização da urina
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BDZ versus Barbitúricos


 Correntes de Cloreto (Cl-) (Golan, 2014)
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Estados da Atividade Cerebral – Epilepsia


EPILEPSIA

Estado convulsivo – caracterizada por atividade excessiva


descontrolada de qualquer parte ou de todo Sistema Nervoso Central
(SNC)
(Guyton & Hall, 2011)

 Tipos:

I. Grande Mal
II. Pequeno Mal
III. Focal
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Tipos de EPILEPSIA
(Guyton & Hall, 2011)

Grande Mal Alta Voltagem e frequência - extremas em todas


as áreas do encéfalo – Consequências: Cianose,
100 μV micção, defecação – Obs. Pentilenotetrazol –
Interrupção inibição ativa/fadiga neuronal

Pequeno Mal Padrão Ponta-Onda - Sistema Ativador


Talomocortical – Caracterizada por contração dos
50 μV músculos da cabeça e aumento da frequência de
piscar os olhos – Origem neurônios Inibitórios e
Excitatórios

Focal Lesões orgânicas – tecido cicatricial/Tumor –


(Psicomotor) confinado em uma só área do cérebro –
50 μV Caracterizada por um curto período de amnésia,
raiva, ansiedade, medo
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Farmacologia da Epilepsia
 Mecanismo de ação dos fármacos Anticonvulsivantes:

I. Reduzir as deflagrações repetitivas e


persistentes dos neurônios (efeito mediado pela
inativação dos canais de Na+ mediados por
voltagem);

II. Aumento da inibição (pré ou pós) sináptica


mediada pelo GABA;

III.Inibição dos Canais para Ca+2 ativados por voltagem.


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New drug classes for the


treatment of partial onset
epilepsy: focus on
perampanel

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3711947/pdf/tcrm-9-285.pdf
34
Hipnóticos, Sedativos e Farmacologia da Epilepsia
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4729003/pdf/tp-04-04-271.pdf
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Referências
 GOODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica.
Hardman Lee E. Limbird eds, 12ª edição Mc Graw Hill, 2012.

 GOLAN, D. E. et al. Princípios de farmacologia: a base


fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.

 HALL, J. E. GUYTON & Hall: Tratado de Fisiologia Médica, 12ª ed.,


Ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2011.

 RANG, H.P., DALE, M.M., RITTER, J.M., FLOWER, R.J., HENDERSON,


G. Farmacologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
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OBRIGADO!
Email: awcf23@gmail.com
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