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Malária e Hematologia

Investigando as Alterações nas Células Sanguíneas

Ana Patricia Saraiva Oliveira Ramos.


Curso: Medicina Tradicional Chinesa.
Ano lectivo: 2023/2024- 2º ano.
Disciplina:Análises Clínicas.
Orientador: DR.Ana Gonçalves.
1. Introdução

A Malária é uma doença parasitária que constitui uma das mais significativas
ameaças à saúde pública em todo o mundo
É uma doença debilitante, causada por parasitas do gênero Plasmodium e transmitida pela
picada do mosquito Anopheles.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a África Subsaariana é


responsável por mais de 90% dos casos de Malária relatados a nível global.
A incidência é particularmente alta em países como Nigéria, República Democrática do
Congo, Uganda e Moçambique.
Em muitas dessas nações, a Malária é a principal causa de morbidade e mortalidade,
afetando principalmente crianças com menos de cinco anos e mulheres grávidas.

Com números alarmantes de casos e óbitos relatados anualmente, esta doença


representa um grande desafio para os sistemas de saúde africanos e exerce um impacto
gigante sobre as comunidades mais vulneráveis. Os custos associados ao diagnóstico e
tratamento da Malária, bem como as consequências socioeconômicas da doença, são
onerosos para os indivíduos, famílias e sistemas de saúde nacionais.
A morbidade resultante leva a uma diminuição da força de trabalho e, em última instância,
prejudica o crescimento econômico das nações africanas.

Este trabalho tem como objetivo aprofundar a compreensão das implicações da


Malária, com um enfoque particular nas alterações que ela provoca nas células sanguíneas.
À medida que exploramos os efeitos da malária nas células do sangue, espera-se contribuir
para uma visão mais abrangente da doença e das suas complexidades, com a esperança
de que esse conhecimento possa ser útil na prevenção, diagnóstico e tratamento da
doença.
2.Desenvolvimento da patologia

A malária é uma patologia que começa nos humildes mosquitos Anopheles,


portadores do parasita Plasmodium.
Estes mosquitos, frequentemente encontrados em regiões quentes e úmidas, tornam-se
involuntários agentes da transmissão do parasita. Quando um mosquito Anopheles
infectado pousa num humano para se alimentar, ele inocula os parasitas da malária na
corrente sanguínea, iniciando um ciclo de infecção.

Dentro do corpo humano, os parasitas Plasmodium embarcam numa jornada


complexa.
Primeiro infectam o fígado, onde se multiplicam silenciosamente antes de serem libertados
na corrente sanguínea.
Os parasitas invadem então os eritrócitos ou glóbulos vermelhos, as células sanguíneas
responsáveis pelo transporte de oxigênio por todo o corpo.

1ª fase: Hemólise
Os parasitas multiplicam-se dentro dos eritrócitos, levando à sua destruição e consequente
libertação de toxinas e produtos de degradação, causando hemólise.

2ª fase: Anemia
A hemólise massiva resulta em anemia, caracterizada por uma redução significativa na
contagem de eritrócitos e, consequentemente, na capacidade de transporte de oxigênio.

Forma alterada:
Os eritrócitos infectados frequentemente assumem uma forma anormal, tornando-se mais
rígidos e aderem às paredes dos vasos sanguíneos, o que pode causar obstruções e
comprometer o fluxo sanguíneo.

3ª fase: Ativação das células endoteliais


Os parasitas da malária podem ativar as células endoteliais que revestem o interior dos
vasos sanguíneos, contribuindo para a formação de coágulos, desregulando o sistema de
coagulação e resultando em níveis anormais de proteínas coagulantes.

Em alguns casos, a malária pode levar a uma diminuição do número de plaquetas, o que
aumenta o risco de sangramento, mas também pode causar agregação plaquetária nas
áreas afetadas.
3.Técnicas laboratoriais e estratégias terapêuticas na
Malária

2.1 Microscopia de Esfregaço de Sangue

A Microscopia de Esfregaço de Sangue é considerada o padrão-ouro para o


diagnóstico de malária devido à sua precisão e capacidade de identificar a presença de
parasitas Plasmodium nos glóbulos vermelhos.
Este método laboratorial tradicional é amplamente utilizado em áreas onde os recursos de
diagnóstico são limitados.

1 fase: coleta de amostra:


A técnica começa com a coleta de uma pequena quantidade de sangue do paciente,
geralmente por meio de uma picada no dedo. Essa amostra de sangue é cuidadosamente
preparada para criação de um esfregaço.

2ªfase:preparação do esfregaço:
Uma gota de sangue é colocada numa lâmina de microscópio e espalhada
delicadamente numa camada fina, criando um esfregaço. Em seguida, o esfregaço é
deixado secar e fixado com uma solução..

3ª fase: corante Giemsa


O próximo passo envolve a coloração do esfregaço com um corante, o Giemsa.
Esse corante realça a estrutura dos glóbulos vermelhos e dos parasitas, tornando-os mais
visíveis sob o microscópio.

4ª fase: exame Microscópico


Uma vez corado, o esfregaço de sangue é examinado sob um microscópio de alta
potência. O técnico treinado observa cuidadosamente os glóbulos vermelhos para identificar
a presença de parasitas Plasmodium. A identificação das espécies de Plasmodium também
é possível com base na morfologia dos parasitas.

A Microscopia de Esfregaço de Sangue é altamente sensível e específica quando


realizada corretamente, permitindo a detecção de até mesmo baixas cargas parasitárias. No
entanto, é uma técnica que requer treinamento e habilidade por parte do microscopista, pois
a interpretação precisa depende da observação meticulosa das amostras.

Embora seja altamente eficaz, a Microscopia de Esfregaço de Sangue possui


algumas limitações, como a dependência de técnicos qualificados, a possibilidade de erros
de interpretação e a falta de capacidade de fornecer resultados imediatos.
2.2 Testes Rápidos de Malária (TRM)

Os Testes Rápidos de Malária (TRM) representam uma inovação significativa no


diagnóstico da malária, especialmente em áreas com recursos limitados.
Esta ferramenta de diagnóstico oferece vantagens cruciais, como a rapidez, a
simplicidade e a acessibilidade.

Baseados em princípios imunocromatográficos, utilizam anticorpos específicos que


se ligam aos antígenos presentes na superfície dos parasitas Plasmodium. Quando o
sangue do paciente é aplicado ao teste, qualquer antígeno do Plasmodium presente irá
interagir com os anticorpos marcados, resultando numa uma reação visível.

Este teste não requer equipamentos de laboratório sofisticados nem treinamento


técnico extenso. Qualquer pessoa treinada, incluindo profissionais de saúde em áreas
remotas, pode realizar o teste, sendo os resultados quase imediatos e permitindo um
tratamento mais rápido.

Existem várias versões de TRM disponíveis, incluindo aqueles que detectam


antígenos específicos das diferentes espécies de Plasmodium, mas apesar das suas
vantagens, os TRM não são tão sensíveis quanto a Microscopia de Esfregaço de Sangue
ou testes de biologia molecular como a PCR., podendo não detectar infecções com baixas
cargas parasitárias, levando a falsos negativos.

Mesmo com as limitações, Os TRM desempenham um papel significativo no


combate à malária, permitindo um diagnóstico e tratamento rápidos e eficazes.

4.Monitoramento das Alterações Sanguíneas

O acompanhamento das alterações sanguíneas desencadeadas pela malária


desempenha um papel fundamental no tratamento eficaz da doença.
Duas abordagens essenciais são a Hematologia Clínica e a Microscopia de Sangue
Periférico.

3.1 Hematologia Clínica


As análises hematológicas de rotina, bem como a contagem de glóbulos vermelhos,
plaquetas e hematócrito, fornecem informações vitais sobre a condição do sistema
sanguíneo do paciente. Através destas medições, os profissionais de saúde podem avaliar
a gravidade da anemia induzida pela destruição dos glóbulos vermelhos pelos
A monitorização da anemia ajuda a determinar a necessidade de intervenções como
transfusões de sangue, para restaurar a capacidade do sangue de transportar oxigênio
adequadamente.

3.2 Microscopia de Sangue Periférico


Além de seu papel diagnóstico, a análise morfológica de eritrócitos sob microscópio oferece
informações valiosas para o tratamento da malária, permitindo a identificação direta de
parasitas Plasmodium nos glóbulos vermelhos, auxiliando na confirmação da infecção e na
determinação das espécies de Plasmodium envolvidas.
Além disso, a observação das alterações na morfologia dos eritrócitos, como a presença de
eritrócitos parasitados ou eritrocitoses, ajuda a caracterizar a infecção e avaliar sua
gravidade.
5. Conclusão

A malária permanece como um desafio de saúde global, com um impacto gigante


em muitas regiões do mundo, particularmente na África.

As análises clínicas, como a Hematologia Clínica e a Microscopia de Sangue Periférico, são


ferramentas cruciais para entender as alterações sanguíneas associadas à malária.
O diagnóstico preciso e o acompanhamento adequado das alterações sanguíneas não
apenas salvam vidas, mas desempenham também um papel fundamental na redução da
morbidade associada a esta patologia.
Para além disso, a pesquisa contínua e o desenvolvimento de novas técnicas
laboratoriais continuam a aprimorar a capacidade dos sistemas de saúde de enfrentar esta
patologia.

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