A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela
fêmea infectada do mosquito Anopheles. Toda pessoa pode contrair a malária. Indivíduos que
tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial,
apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma no caso de uma nova infecção.
No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, nos estados do
Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nas
demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se
observa uma letalidade mais elevada que na região Amazônica.
A malária não é uma doença contagiosa. Uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença
diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor, que no caso é a fêmea do
mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes
mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer.
Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade.
IMPORTANTE: A cura é possível se a doença for tratada em tempo oportuno e de forma adequada.
Contudo, a malária pode evoluir para forma grave e para óbito.
febre alta;
calafrios;
tremores;
sudorese;
dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica.
Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem
náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.
prostração;
alteração da consciência;
dispnéia ou hiperventilação;
convulsões;
hipotensão arterial ou choque;
hemorragias.
Como é feito o diagnóstico da malária?
O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de
antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, pelos métodos diagnósticos
especificados a seguir:
Gota espessa
Esfregaço delgado
Testes rápidos
Técnicas moleculares
Malária mista
Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada uma delas agindo de forma
específica para impedir o desenvolvimento do parasito no hospedeiro.
Muitas vezes, os pacientes são pessoas que não dispõem nem mesmo de relógio para verificar
as horas. O uso de expressões mais simples, como manhã, tarde e noite, para a indicação do
momento da ingestão do remédio é recomendável. A expressão de 8 em 8 horas ou de 12 em
12 horas muitas vezes não ajuda o paciente a saber quando deve ingerir os medicamentos.
Sempre que possível, deve-se orientar os acompanhantes ou responsáveis, além dos próprios
pacientes, pois estes geralmente encontram-se desatentos, devido à febre, dor e mal-estar
causados pela doença.
Sempre que possível, deve-se optar pela supervisão das doses dos medicamentos para garantir
uma melhor adesão ao tratamento.
Esquemas de tratamento
Para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde das áreas endêmicas e garantir a
padronização dos procedimentos necessários para o tratamento da malária, o Guia Prático de
Tratamento da Malária no Brasil (2010) apresenta tabelas e quadros com todas as orientações
relevantes sobre a indicação e uso dos antimaláricos preconizados no Brasil de acordo com o
grupo etário dos pacientes.
Embora as dosagens constantes nas tabelas levem em consideração o grupo etário do paciente,
é recomendável que, sempre que possível e para garantir boa eficácia e baixa toxicidade no
tratamento da malária, as doses dos medicamentos sejam fundamentalmente ajustadas ao peso
do paciente. Quando uma balança para verificação do peso não estiver disponível, recomenda-
se a utilização da relação peso/idade apresentada nas tabelas.
1) pessoa que tenha tido malária nos 12 meses que antecedem a doação;
2) pessoa com febre ou suspeita de malária nos últimos 30 dias;
3) pessoa que tenha se deslocado ou procedente de área de alto risco (IPA ≥50,0 casos/1.000
habitantes) há menos de 30 dias.
Se a pessoa teve malária por Plasmodium malariae, ela não poderá mais doar sangue. Já para as
outras espécies, depende do tempo entre a doença e a doação de sangue. Os hemocentros
sabem orientar o doador.
IMPORTANTE: A malária não é uma doença contagiosa. Ou seja, uma pessoa doente não é capaz
de transmitir a doença diretamente a outra pessoa. É necessário o vetor para realizar a
transmissão.
uso de mosquiteiros;
roupas que protejam pernas e braços;
telas em portas e janelas;
uso de repelentes.
Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são:
borrifação intradomiciliar;
uso de mosquiteiros;
drenagem;
pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
aterro;
limpeza das margens dos criadouros;
modificação do fluxo da água;
controle da vegetação aquática;
melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
uso racional da terra
Malária
Por Richard D. Pearson, MD, Emeritus Professor of Medicine, University of Virginia
School of Medicine
Protozoários extraintestinais
Introdução a protozoários extraintestinais
Tripanossomíase africana
Babesiose
Doença de Chagas
Amebas de vida livre
Leishmaniose
Malária
Toxoplasmose
Malária é uma infecção causada por quaisquer das quatro espécies de Plasmodium. Os
sinais e sintomas incluem febre, que pode ser periódica, calafrios, sudorese, anemia
hemolítica e esplenomegalia. O diagnóstico é feito pela identificação de Plasmodium em
uma amostra de sangue periférico. Tratamento e profilaxia dependem das espécies e da
sensibilidade às drogas e incluem a combinação fixa de atovaquona e proguanil, derivados
de artemisinina, doxiciclina, mefloquina, cloroquina e quinina. Pacientes infectados com P.
vivax e P. ovale também recebem primaquina para evitar recaídas.
A malária é endêmica na África, na maioria do sul e do sudeste da Ásia, nas Coreias do Sul e do
Norte, no México, na América Central, no Haiti, na República Dominicana, América do Sul
(incluindo partes do norte da Argentina), no Oriente Médio (incluindo Turquia, Síria, Irã e
Iraque) e na Ásia Central. Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) têm um
aplicativo de mapa online que mostra dados recentes sobre a prevalência da malária em todo o
mundo; também estão incluídos o tipo de malária, padrões de resistência e profilaxia
recomendada (ver CDC Malaria Map Application).
Há entre 300 e 500 milhões de pessoas infectadas mundialmente e cerca de 655.000 mortes
anualmente, a maioria em crianças com < 5 anos de idade na África. A malária já foi endêmica
nos EUA. Cerca de 1.500 casos/ano ocorrem nos EUA. Quase todos são adquiridos no exterior,
mas um pequeno número resulta de transfusões de sangue ou raramente de transmissão por
mosquitos locais que picam imigrantes infectados.
Fisiopatologia
As quatro espécies de Plasmodium que infectam seres humanos são
P. falciparum
P. vivax
P. ovale
P. malariae
P. knowlesi
Além disso, malária símia foi notificada em seres humanos; o P. knowlesi é um patógeno emergente no sudeste
asiático. O grau em que P. knowlesi é transmitido de uma pessoa para outra através do mosquito, sem o
macaco como hospedeiro intermediário natural, está sob estudo.
Os elementos básicos do ciclo de vida são os mesmos para todas Plasmodium sp ( Ciclo de vida
do Plasmodium.). A transmissão se inicia quando uma fêmea do mosquito Anopheles se alimenta em uma
pessoa com malária e ingere sangue contendo gametócitos. Durante 1 a 2 semanas depois, gametócitos dentro
do mosquito se reproduzem sexualmente e produzem esporozoítas infectados. Quando o mosquito se alimenta
de novo em uma pessoa, esporozoítas são inoculados e rapidamente atingem o fígado infectando os
hepatócitos. Os parasitas amadurecem em esquizontes teciduais dentro dos hepatócitos. Cada esquizonte
produz 10.000 a 30.000 merozoítas, que são liberados na circulação sanguínea após 1 a 3 semanas, quando os
hepatócitos se rompem. Cada merozoíta pode invadir um eritrócito e então se transformar em um trofozoíta.
Os trofozoítas evoluem e são chamados de esquizontes eritrocitários, que produzem merozoítas adicionais e 48
a 72 h depois rompem os eritrócitos e são liberados no plasma. Esses merozoítas rapidamente invadem novos
eritrócitos, repetindo o ciclo. Alguns trofozoítas se desenvolvem em gametócitos, os quais são ingeridos pelo
mosquito Anopheles. Unem-se sexualmente no intestino do mosquito, desenvolvem-se em oocistos e liberam
esporozoítas infectados, que migram para as glândulas salivares.
Esquizontes teciduais no fígado podem persistir como hipnozoítas por anos no caso de P. vivax e P. ovale, mas
não de P. falciparum ou P. malariae. A recidiva do P. ovale ocorreu até 6 anos depois de um episódio de
malária sintomática e a infecção foi transmitida por transfusão de sangue de uma pessoa que foi exposta 7 anos
antes de doar sangue. Essas formas dormentes servem como cápsulas de liberação lenta que induzem a
recaídas e complicam a quimioterapia, porque não são mortas pela maioria das drogas antimalária, as quais
agem tipicamente nos parasitas da corrente sanguínea.
O estágio pré-eritrocítico (hepático) do ciclo de vida da malária é evitado quando a infecção é transmitida por
transfusões de sangue, compartilhamento de agulhas contaminadas, ou congenitamente. Esses modos de
transmissão não produzem doença latente e não provocam recorrências.
A ruptura dos eritrócitos durante a liberação de merozoítas está associada com os sintomas clínicos. Quando
grave, a hemólise produz anemia e icterícia que pioram por fagocitose de eritrócitos infectados no baço. A
anemia pode ser grave em infecção por P. falciparum ou por P. vivaxcrônica, e tende a ser leve em P.
malariae.
Malária falciparum
Ao contrário de outras formas de malária, P. falciparum causa obstrução microvascular porque os eritrócitos
infectados aderem às células vasculares endoteliais. Isquemia se desenvolve, resultando em hipoxia de tecido,
em particular no cérebro, nos rins, nos pulmões e no trato GI. Hipoglicemia e acidose láctica são outras
complicações potenciais.
Resistência à infecção
A maioria dos africanos ocidentais possui resistência completa a P. vivax, porque em seus eritrócitos falta o
grupo sanguíneo Duffy, necessário à invasão de eritrócitos por P. vivax; muitos afro-americanos também
possuem essa resistência. O desenvolvimento de Plasmodium em eritrócitos também é retardado em pacientes
com hemoglobina S, hemoglobina C, talassemia, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), ou
eliptocitose melanésia.
Infecções prévias fornecem imunidade parcial. Quando residentes de áreas hiperendêmicas deixam o local, sua
imunidade adquirida anteriormente dura apenas alguns meses ou anos, podendo ocorrer desenvolvimento de
malária sintomática caso retornem e sejam infectados.
Sinais e sintomas
O período de incubação normalmente é 12 a 17 dias para P. vivax, 9 a 14 dias para P. falciparum, 16 a 18 dias
ou mais para P. ovale e aproximadamente 1 mês (18 a 40 dias) ou muito mais tempo (anos) para P. malariae.
Porém, algumas cepas de P. vivax, em climas temperados, podem não causar doença clínica por um
período > 1 ano após a infecção.
O paroxismo malárico coincide com a liberação de merozoítas dos eritrócitos rompidos. O paroxismo clássico
inicia-se com mal-estar, calafrios abruptos e febre subindo de 39 para 41°C, pulso rápido e filiforme, poliúria,
cefaleia, mialgia e náuseas. Após 2 a 6 h, a febre diminui e ocorre sudorese profusa durante 2 a 3 h, seguida
por fadiga extrema. A febre é frequentemente irregular no início da infecção. Em infecções estabelecidas,
paroxismos típicos de malária ocorrem a cada 2 a 3 dias, dependendo da espécie; intervalos não são rígidos.
Esplenomegalia em geral torna-se palpável ao final da primeira semana de doença clínica, mas pode não
ocorrer com P. falciparum. O baço aumentado apresenta consistência frágil e propensão à ruptura traumática.
A esplenomegalia pode diminuir com ataques recorrentes de malária, à medida que uma imunidade funcional
se desenvolve. Após muitos acessos, o baço pode se tornar fibrótico e sólido e, ocasionalmente, aumentar de
forma maciça (esplenomegalia tropical). Hepatomegalia, em geral, acompanha a esplenomegalia.
P. falciparum provoca a doença mais grave por causa de seus efeitos microvasculares. É a única espécie com
probabilidade de provocar doença fatal se não for tratada; pacientes não imunes podem morrer dentro de dias
após o início dos sintomas. Pacientes com malária cerebral podem desenvolver sintomas que variam de
irritabilidade a convulsões e coma. Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), diarreia, icterícia,
sensibilidade epigástrica, hemorragias retinianas, malária álgida (uma síndrome semelhante a choque) e
trombocitopenia grave também podem ocorrer. Insuficiência renal pode ser o resultado de depleção de volume,
obstrução vascular por eritrócitos parasitados ou deposição de imunocomplexos. Hemoglobinemia e
hemoglobinúria, que são os resultados de hemólise intravascular, podem progredir para febre hemoglobinúrica
(“febre da água preta”, assim denominada em razão da urina de cor escura), ou regredir espontaneamente após
o tratamento com quinina. Hipoglicemia é comum e pode ser agravada por tratamento com quinina e
hiperinsulinemia associada. O envolvimento da placenta pode levar a baixo peso no nascimento, aborto
espontâneo, natimortalidade ou infecção congênita.
P. vivax, P. ovale e P. malariae em geral não comprometem órgãos vitais. Mortalidade é rara e principalmente
decorrente de ruptura esplênica ou de hiperparasitemia descontrolada em pacientes com asplenia. A evolução
clínica com P. ovale é semelhante à de P. vivax. Em infecções estabelecidas, picos de temperatura ocorrem em
intervalos de 48 h— um padrão terçã. Infecções de P. malariae na maioria das vezes não causam qualquer
sintoma agudo, mas parasitemia de nível baixo pode persistir durante décadas e conduzir à nefrite mediada por
imunocomplexos ou nefrose ou esplenomegalia tropical; quando sintomática, a febre tende a ocorrer em
intervalos de 72 h—um padrão quartã.
Em pacientes que fazem quimioprofilaxia ( Prevenção de malária), a malária pode ser atípica. O período de
incubação pode se estender semanas a meses após a interrupção da droga. Pessoas infectadas podem
desenvolver cefaleia, dor nas costas e febre irregular, mas parasitas podem ser inicialmente de difícil detecção
em amostras de sangue.
Diagnóstico
Microscopia óptica do sangue (esfregaços finos ou gota espessa)
Amostras rápidas de sangue que detectam antígenos Plasmodium ou enzimas
Viajantes ou imigrantes que apresentam febre ao retornarem de uma região endêmica devem ser
imediatamente avaliados com relação à malária. A maioria dos casos ocorre durante os primeiros 6 meses, mas
o início pode levar até 2 anos ou, raramente, mais tempo.
A malária pode ser diagnosticada com a identificação de parasitas em exame microscópico de amostras de
sangue em esfregaços espessos ou finos. As espécies infectantes (que determinam a terapia e o prognóstico)
são identificadas por meio de aspectos característicos nas amostras ( Aspectos diagnósticos de espécies
de Plasmodium em esfregaços de sangue). Amostras de sangue devem ser repetidas em intervalos de 4 a 6 h,
caso o esfregaço inicial seja negativo.
Esfregaços finos de sangue corados com coloração de Giemsa permitem a avaliação da morfologia do parasita
no interior dos eritrócitos, frequentemente especiação, e a determinação do percentual de parasitemia. A gota
espessa é mais sensível, porém, mais difícil de preparar e interpretar à medida que os eritrócitos são lisados
antes da coloração. A sensibilidade e a precisão dos resultados dependem da experiência do examinador.
Microscopia óptica e testes rápidos são exames complementares e ambos devem ser feitos quando disponíveis.
Eles têm sensibilidade semelhante. Resultados negativos nos dois testes não excluem malária de um paciente
com baixa parasitemia.
PCR e sondas de DNA espécie-específicas podem ser usadas, mas não estão amplamente disponíveis. Como
testes sorológicos podem refletir exposição anterior, eles não são úteis no diagnóstico de malária aguda.
Tratamento
Medicamentos antimaláricos
Antimaláricos são escolhidos com base nas manifestações clínicas, espécie de Plasmodium infectante, padrões
de resistência conhecida das cepas na região da aquisição, eficácia e efeitos adversos dos medicamentos
disponíveis.
Em algumas áreas endêmicas, um percentual importante dos antimaláricos disponíveis localmente é
falsificado. Assim, alguns médicos aconselham viajantes para áreas remotas de alto risco a levar um ciclo
completo de um regime de tratamento adequado a ser usado se a malária confirmada pelo médico for adquirida
apesar da profilaxia; essa estratégia também evita a depletar os recursos limitados dos medicamentos no país
de destino.
Malária é particularmente perigosa em crianças com < 5 anos de idade (a mortalidade é maior naquelas
com < 2 anos), gestantes e visitantes não expostos previamente a áreas endêmicas. Caso se suspeite de P.
falciparum, a terapia deve ser iniciada imediatamente, até mesmo se a amostra inicial for negativa. P.
falciparum e, mais recentemente, P. vivax tornaram-se progressivamente resistentes a drogas antimaláricas.
Para medicamentos e doses recomendados para o tratamento e prevenção da malária, Tratamento da
malária e Prevenção de malária. Efeitos adversos comuns e contraindicações são listados na Reações adversas
e contraindicações a drogas antimaláricas. Ver também o site do CDC (Malaria Diagnosis and Treatment in the
United States), ou entrar em contato com a malaria hotline em 770-488-7788 (depois do horário comercial, fins
de semana ou feriados, ligar para 770-488-7100) para consulta sobre o tratamento.
No caso de uma doença febril durante uma viagem, em uma região endêmica, é essencial que uma avaliação
médica seja feita prontamente. Quando a avaliação imediata não é possível (p. ex., porque a região é muito
remota), automedicação com artemeter/lumefantrina ou atovaquona/proguanil pode ser considerada
aguardando a avaliação médica. Se os viajantes apresentarem febre depois de voltar de uma região endêmica e
nenhum outro diagnóstico for feito, os médicos devem considerar a administração de tratamento empírico
contra malária sem complicações mesmo quando os esfregaços e/ou o teste rápido diagnóstico de malária seja
negativo.
Tratamento da malária
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
P. falciparum (ou espécies não identificadas adquiridas em regiões com malária, com
exceção daquelas especificadas como resistentes à cloroquina) — drogas orais
Drogas de Atovaquona/proguanilc 4 comprimidos de adulto, 1 < 5 kg: não
escolha vez/dia, durante 3 dias indicado
5 — 8 kg:
2 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias
9 — 10 kg:
3 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias
11 — 20 kg:
1 comprimido de
adulto, 1 vez/dia,
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
durante 3 dias
21 — 30 kg:
2 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias
31 — 40 kg:
3 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias
> 40 kg:
4 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias
ou
Arteméter/lumefantrinad 6 doses 6 doses a
(1 dose =4 comprimidos) intervalos como
durante 3 dias (em 0, 8, 24, para adultos;
36, 48 e 60 h) dose =
5–< 15 kg: 1
comprimido
15—< 25 kg: 2
comprimidos
25—< 35 kg: 3
comprimidos
≥ 35 kg: 4
comprimidos
ou
Sulfato de quinina mais uma solução salina, 650 mg, 3 10 mg de solução
e
das seguintes vezes/dia, durante 3 ou 7 dias salina/kg a cada
8 h, durante 3 ou
7 diase
Doxiciclinaf 100 mg, 2 vezes/dia, durante 2,2 mg/kg, 2
7 dias vezes/dia,
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
durante 7 dias
f
Tetraciclina 250 mg, 4 vezes/dia, durante 6,25 mg/kg, 4
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
Clindamicinag 7 mg/kg, 3 vezes/dia, durante 7 mg/kg, 3
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
Alternativa Mefloquinah solução salina, 750 mg, então 15 mg de solução
(se outras solução salina, 500 mg após 6 salina/kg, então
opções não a 12 h 10 mg de solução
puderem ser salina/kg após 6
usadas) a 12 h
P. falciparum e espécies não identificadas adquiridas em áreas sensíveis à cloroquina
(América Central à oeste do Canal do Panamá, Haiti, República Dominicana, a maior parte
do Oriente Médio) e P. malariae e P. knowlesi em todas as regiões — medicamentos por via
oral
Drogas de Fosfato de cloroquinai,j 1 g (base de 600 mg), então Base de 10
escolha solução salina, 500 mg (base mg/kg (base
de 300 mg) em 6, 24 e 48 h máxima de 600
mg), então base
de 5 mg/kg em 6,
24 e 48 h
ou
Hidroxicloroquinaj solução salina, 800 mg (base 10 mg de
de 600 mg), então solução base/kg,então 5
salina, 400 mg (base de 310 mg/kg em 6, 24 e
mg) em 6, 24 e 48 h 48 h
P. vivax (a menos que em uma área resistente à cloroquina) ou P. ovale—drogas orais
Drogas de Fosfato de cloroquinai,jou
escolha hidroxicloroquinajconforme
doses acima
mais
Primaquinak Base de 30 mg, 1 vez/dia, Base de 0,5
durante 14 dias mg/kg, 1 vez/dia,
durante 14 dias
P. vivax adquirido em áreas conhecidas por abrigar P. vivax cloroquina-resistentel (Papua
Nova Guiné, Indonésia) — drogas orais
Drogas de A. Sulfato de quinina mais solução salina, 650 mg, 3 10 mg de solução
e
escolha uma das seguintes vezes/dia, durante 3 ou 7 dias salina/kg, 3
vezes/dia,
durante 3 ou 7
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
diase
Doxiciclinaf 100 mg, 2 vezes/dia, durante 2,2 mg/kg, 2
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
Tetraciclinaf 250 mg, 4 vezes/dia, durante 6,25 mg/kg, 4
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
ou
B. Atovaquona/proguanilc 4 comprimidos de adulto, 1 < 5 kg: não
vez/dia, durante 3 dias indicado
5 — 8 kg:
2 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias
9 — 10 kg:
3 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias
11 — 20 kg:
1 comprimido de
adulto, 1 vez/dia,
durante 3 dias
21 — 30 kg:
2 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias
31 — 40 kg:
3 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias
> 40 kg: 4
comprimidos de
adulto, 1 vez/dia,
durante 3 dias
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
ou
C. Mefloquinah 750 mg de solução salina, 15 mg de solução
então 500 mg, 6 a 12 h mais salina/kg, então
tarde 10 mg/kg 6 a 12
h mais tarde
Esquema A, B ou C mais
Primaquinak Base de 30 mg, 1 vez/dia, Base de 0,5
durante 14 dias mg/kg, 1 vez/dia,
durante 14 dias
Infecção grave, todos os tipos de Plasmodium — drogas parenterais
Drogas de Gluconato de quininammais Dose de ataque de 10 de O mesmo para
escolha uma das seguintes solução salina/kg (máximo de adultos (exceto
conforme dose acima 600 mg) em solução salina que a doxiciclina
normal por 1 h, então infusão e a tetraciclina
Doxiciclinaf,n contínua de 0,02 mg de não são usadas
f
Tetraciclina solução salina/kg/min por para crianças)
Clindamicinag,o pelo menos 24 h
ou
Dose de ataque de 24 mg de
solução salina/kg ao longo de
4 h, então 12 mg de solução
salina/kg infundida em 4 h a
cada 8 h, começando 8 h após
a dose de ataque
Adaptado do Centers for Disease Control and Prevention: Malaria diagnosis & treatment in the
United States. Disponível em http://http://www.cdc.gov/malaria/diagnosis_treatment/in;
acessado pela última vez em 24 de janeiro de 2014.
A primaquina é contraindicada durante a gestação e o aleitamento, a menos que tenha sido comprovado que a
criança não tem deficiência de G6PD. Em gestantes, a quimioprofilaxia com cloroquina semanal pode ser dada
durante o restante da gestação e, após o parto, as mulheres podem receber primaquina, desde que não tenham
deficiência de G6PD.
Prevenção
Viajantes para áreas endêmicas devem receber quimioprofilaxia ( Prevenção de malária).
Malária durante a gestação é uma ameaça grave à mãe e ao feto. Cloroquina pode ser usada durante a gestação
nas áreas onde Plasmodiumsp são suscetíveis, mas não há nenhum outro esquema profilático seguro e eficaz,
assim as gestantes devem evitar viajar para áreas resistentes à cloroquina sempre que possível. A segurança da
mefloquina durante a gestação não foi documentada, mas experiência limitada sugere sua utilização quando se
julga que os benefícios excedam os riscos. Doxiciclina, atovaquona/proguanil e primaquina não devem ser
usadas durante a gestação.
As artemisinas têm meia-vida curta e não devem ser usadas para profilaxia.
As pessoas que planejam usar repelentes que contêm DEET devem ser instruídas a
Aplicar repelentes somente à pele exposta, conforme indicado no rótulo e usá-los com moderação ao
redor das orelhas (não devem ser aplicados ou pulverizados nos olhos ou na boca)
Lavar as mãos após a aplicação
Não permitir que crianças manuseiem repelentes (adultos devem aplicar o repelente nas mãos
primeiro, então espalhá-los delicadamente sobre a pele da criança)
Aplicar repelente apenas o suficiente para cobrir a área exposta
Remover o repelente depois de voltar para ambientes internos
Lavar as roupas antes de usá-las novamente a menos que indicado do contrário pela etiqueta do
produto
A maioria dos repelentes pode ser usada em bebés e crianças < 2 meses. A Environmental Protection Agency
não recomenda precauções adicionais para a utilização de repelentes registrados para crianças ou gestantes ou
nutrizes.
Estão sendo desenvolvidas vacinas. Um grande ensaio clínico da vacina recombinante RTS,S baseada na
proteína circunsporozoíta do P. falciparum mostrou eficácia moderada, resultando em 46% menos casos de
malária clínica em crianças pequenas que vivem em regiões endêmicas da África. Os resultados são
encorajadores, mas não está claro quando uma vacina provavelmente estará disponível para militares e
viajantes internacionais.
Malaria
INTRODUÇÃO
A Malária é uma doença infecciosa causada pelo parasita protozoário unicelular do gênero
Plasmodium, e transmitida, entre humanos, por meio da picada de mosquitos do gênero Anopheles. A
Malária afeta os homens ao longo de milênios, de modo que, o histórico da doença confunde-se com a
própria história da Medicina.
A Malária provavelmente originou-se no continente africano, na pré-história, atingindo a Europa e
Ásia, com a migração do homem.
Os primeiros indícios de descrição da Malária estão em textos religiosos e médicos da antiguidade
que relacionavam algumas febres sazonais como punição divina, sendo Hipócrates, na Grécia do século
V a.C, o primeiro a descartar superstições, relacionando as doenças febris com a sazonalidade, e locais
freqüentados pelos doentes, e a descrever o quadro clínico e complicações da Malária. No século II
d.C., ocorreram epidemias cíclicas na Grécia, Itália, e outras áreas da Europa, relatadas por médicos
gregos e romanos, denominando-a de "Febre romana". Depois da queda do império romano, pouco foi
acrescentado ao conhecimento da doença. No século XVI, a Malária chega ao Novo Mundo pelas viagens
de colonizadores espanhóis e portugueses. No século XVII, os padres jesuístas observaram o uso de
cascas de árvores nativas pelos indígenas da América, para curar doenças febris, levando-a para a
Europa em forma de pó - o "pó dos jesuítas", recebendo o nome de Cinchona, em 1735, e em 1820, o
seu princípio ativo foi isolado, o Quinino.
No século XVIII, a doença recebeu o nome italiano "mal aire", com a teoria do ar insalubre dos
"miasmas". Em 1880, Charles Alphonse Laveran, médico francês, observou parasitas da Malária em
hemácias humanas, durante seus trabalhos na Argélia. A partir daí, o modo de transmissão, e o ciclo do
parasita foi elucidado até o final do século XIX.
No início do século XX, várias pesquisas foram dedicadas ao controle vetorial, principalmente do
Anopheles gambiae, o mosquito do continente africano. Durante a I Guerra Mundial, pesquisadores
alemães desenvolveram os antimaláricos sintéticos pamaquina, mepacrina e cloroquina. Em 1942, Paul
Muller desenvolveu o inseticida DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) de grande potência e grande
atividade residual e baixo custo.
A partir de 1955, a Assembléia Mundial de Saúde e a OMS lançaram a Campanha Mundial de
Erradicação da Malária, com o intuito de extinguir a doença. Até o final dos anos 70, a campanha livrou
do risco da doença, 53% da população de áreas endêmicas, evitando milhões de mortes, aumentando
desenvolvimento sócio-econômico da Ásia, sul e sudeste Europeu, e Américas. Porém, com os anos 80,
as crises econômicas, o aumento no custo de inseticidas, e a resistência de anofelinos a estes, a
resistência de parasitas às drogas, e a deterioração do programa de controle em países pobres,
levaram a um aumento no número de casos de Malária, de modo que a estratégia mundial de
programas de saúde não é mais a erradicação, e sim, o controle da morbidade/mortalidade.
EPIDEMIOLOGIA
Apesar dos avanços no conhecimento sobre a doença, a Malária continua causar significante
morbidade e mortalidade nas áreas onde é prevalente. Mais de 40% da população mundial vive em
áreas endêmicas, compreendendo 105 países, afetando desproporcionalmente os pobres, onde a
morbidade e mortalidade são maiores, pelo difícil acesso ao tratamento efetivo. Não se sabe os
números exatos, mas há uma estimativa de 300 a 500 milhões de casos e 1,5 a 2,7 milhões de mortes
por ano, decorrentes da Malária. A maioria dos casos (mais de 90%),e das mortes mortes (90%) ocorrem
na África sub-saariana, envolvendo principalmente crianças com menos de 5 anos de idade. Também,
gestantes (principalmente primigestas) e indivíduos não imunes, provenientes de áreas não-endêmicas,
têm risco maior para Malária grave. Todos os grupos etários estão sob risco de adquirir a doença grave,
em caso de epidemias, decorrentes de mudanças ambientais (variações climáticas, projetos agrícolas,
minerações, etc), do aumento da população de anofelinos, ou de migrações populacionais (desastres
naturais, guerras etc), expondo indivíduos não-imunes à infecção. Entre 25 a 30 milhões de pessoas
viajam anualmente para áreas endêmicas, e aproximadamente, entre 10 a 30 mil destes contraem
malária.
No Brasil, a região endêmica para a Malária é a Amazônia Legal, compreendendo os estados do Acre,
Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
No estado de São Paulo, a transmissão natural da doença ocorre em duas regiões geográficas
distintas - a primeira, representada pela região da Serra do Mar, ecossistema de Mata Atlântica,
encontrando-se anofelinos em alta densidade, e a segunda, representada pela Região Oeste do
estado, nas áreas das bacias hidrográficas dos rios Paraná, Paranapanema e São José dos Dourados,
onde há a presença de anofelinos, além do trânsito de portadores da doença provenientes da Região
Amazônica, constituindo-se em ponto de atenção para o controle, uma vez que epidemias podem
ocorrer, ou a área tornar-se endêmica para Malária. Porém, mesmo nestas condições, somente um
pequeno número de casos é detectado a cada ano. Em 1990 foram registrados 1.798 casos, e a partir
de 1996, menos de 300 casos são registrados por ano, sendo que em 2003, ocorreram apenas 242 casos
no estado.
O AGENTE ETIOLÓGICO
Parasitas do gênero Plasmodium são os responsáveis pela Malária. Apenas 4 de 172 espécies de
plasmódios são infectantes para os humanos. A maioria dos casos, e quase todas as mortes, devem-se à
infecção pelo Plasmodium falciparum. Plasmodium vivax, Plasmodium ovale
e Plasmodium malariae causam doença menos grave.
O P. falciparum predomina na África, no Haiti, e na República Dominicana. No México, na América
Central, na América do Sul, no Mediterrâneo, na Ásia e Oceania, tanto o P. falciparum, quanto
o P.vivax são endêmicos. Doença causada pelos P. ovale e P. malariae é relativamente rara.
O agente autóctone do estado de São Paulo é o Plasmodium vivax, produzindo quadros
oligossintomáticos.
VETORES
-Transmissão natural: o plasmódio infecta o homem humano pela picada de uma fêmea de anofelinos
infectada, portadora de formas infectantes (esporozoítas) na glândula salivar.
-Transmissão induzida : é transmissão que ocorre por meio de transfusão de sangue, uso compartilhado
de agulhas e/ou seringas contaminadas, a malária congênita, e através de acidentes de trabalho em
pessoal de laboratório ou hospital.
Período de transmissibilidade: após 8 a 16 dias do repasto sanguíneo com o sangue de uma pessoa
com malária, portando gametócitos do plasmódio, a fêmea do anofelino poderá passar a transmitir a
doença para outras pessoas através de sua picada . Isto ocorre a cada dois ou três dias. A transmissão
da doença pode continuar por toda a vida média do inseto, que é de cerca de 30 dias.
Período de incubação: é o período entre a picada do mosquito infectado, até o aparecimento dos
primeiros sintomas que é, em média, de 15 dias, na maioria dos casos. Podem ocorrer períodos mais
curtos ou mais prolongados, como ocorre na Malária por P. vivax e por P. ovale.
A resposta humoral exerce papel essencial na imunidade protetora contra o plasmódio da Malária.
Formam-se anticorpos contra esporozoítas, inibindo a invasão dos hepatócitos; anticorpos contra
moléculas expressas na superfície de merozoítos , impedindo a invasão de novas hemácias; anticorpos
contra a PfEMP1 (P.falciparum erythrocyte membrane protein 1) expressa na superfície de hemácias
infectadas, interferindo com a ligação destas às células endoteliais de vasos e da placenta, por meio
de moléculas de adesão como ICAM-1, VCAM-1, CD36, e condroitina sulfato A; e finalmente, anticorpos
contra moléculas expressas em gametócitos, prevenindo disseminação do parasita, pela
contaminação de mosquitos durante o repasto sanguíneo.
Macrófagos exercem importante função efetora ao fagocitar merozoítas, secretando citocinas pró-
inflamatórias, inclusive potentes pirógenos, como IL-1, e o TNF-alfa. Os macrófagos atuam também por
meio do sistema reticuloendotelial hepático ,esplênico, e na medula óssea, fagocitando eritrócitos
infectados.
Células T CD4+ são indispensáveis para a proteção contra o plasmódio no estágio sanguíneo, pelo
suporte à produção de anticorpos pelos linfócitos B e pela secreção de IFN-gama para a ativação de
macrófagos, promovendo o clearance de eritrócitos infectados.
As células T CD8 + exibem citotoxicidade aos hepatócitos, quando ocorre a maturação de
esporozoítas para merozoítas.
Fatores genéticos do hospedeiro como a anemia falciforme, a talassemia, a deficiência de glicose-6-
desidrogenase fosfatase, e a ausência do antígeno Duffy nos glóbulos vermelhos, conferem resistência
natural à Malária.
Apesar de toda a resposta imune do hospedeiro contra o plasmódio, este exibe diversos mecanismos
de escape, responsável pela sua manutenção no meio e impedindo o desenvolvimento de medidas
eficazes para a erradicação da doença, como vacinas. Entre estes mecanismos, incluem-se o próprio
parasitismo intracelular, evitando a ação de anticorpos contra esporozoítos e merozoítos livres, além
de evitar a ação de células T CD8+ contra merozoítos, uma vez que hemácias não exibem MHC na sua
superfície; a aderência a células endoteliais vasculares permite a evasão à fagocitose, que ocorre no
baço e fígado; e o polimorfismo e a variação clonal de antígenos do parasita, escapando da resposta
humoral específica. Recentes evidências de efeitos imunossupressores do plasmódio em alguns modelos
experimentais de Malária têm sido demonstradas, por meio da inibição da maturação de células
apresentadoras de antígenos (APC) a outros antígenos, pela ligação do eritrócito expressando PfEMP1
ao CD36 da APC; altos níveis de IL-10 e TGF-beta, pela mudança de epítopos específicos de células-T,
desviando a sinalização destas para a produção de IL-10 e não IFN-gama, além de o plasmódio ter
moléculas homólogas ao trombospondim e moléculas com matriz metaloprotease que podem ativar o
TGF-beta. Modelos experimentais de camundongos com doença grave pelo plasmódio P.yoelii , cepa
PyL, têm alta letalidade, com baixa resposta imune ao parasita e não específica, pelo aumento da
ativação de células T regulatórias (CD4+/CD25+), que são imunossupressoras.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
A alta suspeita clínica e o rápido diagnóstico são importantes para optimizar os resultados do
tratamento da Malária. O padrão-ouro no diagnóstico da infecção continua sendo as colorações de
sangue periférico- "gota espessa", coradas com Giemsa, Wright ou Field . Os esfregaços permitem tanto
a identificação quanto a quantificação da carga parasitária. Malária só pode ser excluída quando há
pelo menos 3 esfregaços negativos dentro de 48 horas de observação da febre. Porém, o
processamento e a interpretação dos esfregaços exigem equipamento e treinamento apropriados ,
fatores que limitam o uso em áreas endêmicas ou não-endêmicas.
Testes rápidos podem superar os problemas dos esfregaços. Os testes reconhecem proteínas do
plasmódio em amostras de gotículas de sangue do paciente, disponíveis apenas para
o P.falciparum e P.vivax. Pela persistência de antigenemia por longos períodos, mesmo após o
tratamento, os testes rápidos não são recomendados para avaliar a cura. A sensibilidade para detectar
a malária por P.falciparum é maior que 90%, mas cai bastante em casos de baixa parasitemia e estes
testes não podem ser usados isoladamente para excluir Malária.
Polymerase chain reaction (PCR) é sensível (mais de 90%) e altamente específica (quase 100%), e
pode detectar níveis muito baixos de parasitas, útil quando o esfregaço é negativo, e é espécie-
específica. Porém, pela inacessibilidade técnica, permanece como instrumento de pesquisa.
Métodos sorológicos como o ELISA e a imunofluorescência indireta não têm papel no diagnóstico da
Malária aguda. Recentes avanços nos testes para diagnóstico são a PCR real-time, extração de DNA, a
coloração com Acridina laranja e a citometria de fluxo.
A malária quando detectada correta e precocemente é uma doença de tratamento bastante simples.
Para cada espécie do plasmódio é utilizado medicamento ou associações de medicamentos específicos
em dosagens adequadas à situação particular de cada doente, e que deve considerar os padrões de
resistência do plasmódio nas diversas regiões endêmicas do mundo. Quando há retardo no diagnóstico,
em especial em um caso de infecção por Plasmodium falciparum, graves complicações podem surgir,
culminando com o óbito do doente. As drogas utilizadas são a Cloroquina, Atovaquona, Sulfato de
quinino, Quinidina, Doxiciclina, Clindamicina, Mefloquina, Primaquina e as recentes Artemether e
Artesunato.
Os trabalhos de investigação epidemiológica são realizados após o diagnóstico do caso e são
baseados na tomada de informações do paciente para que seja possível identificar o local provável de
infecção, bem como avaliar a possibilidade de aquisição da Malária pela forma não natural de
transmissão. Caso haja a indicação de tratar-se de um caso autóctone no estado de São Paulo, o
controle do foco é competência da SUCEN, que realiza o reconhecimento e delimitação da área de
foco, pesquisas entomológicas para identificar a espécie de anofelino envolvida, a busca ativa de
casos, com coleta de sangue, para exame laboratorial de pessoas que estejam com sintomas da
doença. O uso de inseticidas é avaliado e depende sempre da espécie de vetor, da espécie de
plasmódio e do número de casos registrados. Isto tem possibilitado a aplicação racional destas
substâncias.
Apesar de vários estudos, ainda hoje não existe uma vacina que confira proteção satisfatória contra
a malária, devido aos mecanismos genéticos de escape do parasita, como o polimorfismo e a variação
clonal de antígenos vacinais. Para se obter algum grau de proteção contra a malária, restam as
medidas de ordem pessoal, como a utilização de repelentes químicos sobre a pele, mosquiteiros sobre
as camas ou redes de dormir, telas nas janelas e portas das habitações e evitar a permanência ao ar
livre nos horários em que os mosquitos se apresentam em maior quantidade, como o amanhecer
(crepúsculo matutino) e o anoitecer (crepúsculo vespertino).
A Organização Mundial da Saúde e o C.D.C. dos Estados Unidos recomendam a utilização de
medicamentos profiláticos para evitar a Malária, aos viajantes antes mesmo da chegada e durante a
estadia em áreas malarigênicas. Porém, os medicamentos antimaláricos utilizados para o tratamento
da doença, são aplicados em doses menores, e em intervalos semanais, podendo não evitar a aquisição
da infecção, além de levar à falsa idéia de segurança, aumentando a chance de exposição aos vetores
e, ainda, dificultar a hipótese diagnóstica de malária quando surgirem os sintomas, efeitos colaterais e
o desenvolvimento de resistência às drogas de tratamento.
O "Roll Back Malaria Program ", uma parceria entre a Organização Mundial de Saúde, o Banco
Mundial, o "United Nations Development Programme" e a UNICEF , tem atuado junto aos governos de
países endêmicos, ONGs, setores privados e pesquisadores para controlar a Malária, reduzindo a
morbidade e mortalidade atribuída. Os 4 componentes principais do programa incluem acesso ao
tratamento efetivo, prevenção da Malária durante a gestação, disseminação do uso de mosquiteiros
com inseticidas, prevenindo o contato noturno com os vetores, e ações rápidas e efetivas em caso de
epidemias.O "Malaria Genome Project" tem o objetivo de sequenciar todo o genoma do P.falciparum,
que deverá ser útil para identificar alvos antigênicos para o desenvolvimento de vacinas, testes
diagnósticos e novas drogas antimaláricas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO A malária é uma doença parasitária que é causada pelo protozoário do gênero
Plasmodium, que é transmitida ao homem pelo mosquito fêmea do gênero Anopheles. O ciclo
da malária é dividido entre o do inseto vetor e hospedeiro humano. Originada no Continente
Africano, e disseminada pela Europa, Ásia e America, essa patologia antigamente era considerada
um castigo dos Deuses ou maus espíritos (Mal Airi),. Esta doença tem como efeitos febre, calafrios,
dores no corpo, edema de fígado e..