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O que é malária?

A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela
fêmea infectada do mosquito Anopheles. Toda pessoa pode contrair a malária. Indivíduos que
tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial,
apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma no caso de uma nova infecção.
No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, nos estados do
Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nas
demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se
observa uma letalidade mais elevada que na região Amazônica.

A malária não é uma doença contagiosa. Uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença
diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor, que no caso é a fêmea do
mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes
mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer.
Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade.
IMPORTANTE: A cura é possível se a doença for tratada em tempo oportuno e de forma adequada.
Contudo, a malária pode evoluir para forma grave e para óbito.

Quais são os sintomas da malária?


Os sintomas da malária são:

 febre alta;
 calafrios;
 tremores;
 sudorese;
 dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica.
Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem
náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

Quais são as complicações da malária?


A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e sintomas:

 prostração;
 alteração da consciência;
 dispnéia ou hiperventilação;
 convulsões;
 hipotensão arterial ou choque;
 hemorragias.
Como é feito o diagnóstico da malária?
O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de
antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, pelos métodos diagnósticos
especificados a seguir:

Gota espessa
Esfregaço delgado
Testes rápidos
Técnicas moleculares
Malária mista

Diagnóstico diferencial da malária


O diagnóstico diferencial da malária é feito com a febre tifoide, febre amarela, leptospirose,
hepatite infecciosa, leishmaniose visceral, doença de Chagas aguda e outros processos febris.
Na fase inicial, principalmente na criança, a malária confunde-se com outras doenças
infecciosas dos tratos respiratório, urinário e digestivo, quer de etiologia viral ou bacteriana.
No período de febre intermitente, as principais doenças que se confundem com a malária são as
infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses septicêmicas, leishmaniose visceral,
endocardite bacteriana e as leucoses. Todas apresentam febre e, em geral, esplenomegalia.
Algumas delas apresentam anemia e hepatomegalia.

Para mais informações, consulte o “Manual de diagnóstico laboratorial da malária” e o


folder "Testes rápidos para o diagnóstico de malária – Pf/Pf/Pv"

Como é feito o tratamento da malária?


No geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime
ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema
Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.

O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a


idade do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além
da gravidade da doença.

IMPORTANTE: Quando realizado de maneira correta, o tratamento da malária garante a cura da


doença.

Objetivos do tratamento contra a malária:


O diagnóstico oportuno seguido, imediatamente, de tratamento correto são os meios mais
adequados para reduzir a gravidade e a letalidade por malária. O tratamento da malária visa
atingir ao parasito em pontos-chave de seu ciclo evolutivo, que podem ser didaticamente
resumidos em:
 a) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações
clínicas da infecção;

 b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P.


vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas tardias;
 c) interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o
desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos).

Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada uma delas agindo de forma
específica para impedir o desenvolvimento do parasito no hospedeiro.

Orientações para o tratamento


É da maior importância que todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento da
malária, desde o auxiliar de saúde da comunidade até o médico, orientem os pacientes,
adequadamente e com uma linguagem compreensível, quanto ao tipo de medicamento que está
sendo oferecido, a forma de ingeri-lo e os respectivos horários. Em diversos lugares, os
responsáveis por distribuir e orientar o uso dos medicamentos utilizam envelopes de cores
diferentes para cada medicamento.

Muitas vezes, os pacientes são pessoas que não dispõem nem mesmo de relógio para verificar
as horas. O uso de expressões mais simples, como manhã, tarde e noite, para a indicação do
momento da ingestão do remédio é recomendável. A expressão de 8 em 8 horas ou de 12 em
12 horas muitas vezes não ajuda o paciente a saber quando deve ingerir os medicamentos.
Sempre que possível, deve-se orientar os acompanhantes ou responsáveis, além dos próprios
pacientes, pois estes geralmente encontram-se desatentos, devido à febre, dor e mal-estar
causados pela doença.

Os medicamentos devem ser ingeridos, preferencialmente às refeições. No caso da


combinação, arteméter e lumefantrina deve ser preferencialmente ingerido com alimentos
gordurosos. Caso surja icterícia durante o tratamento, a primaquina deve ser suspensa.

Sempre que possível, deve-se optar pela supervisão das doses dos medicamentos para garantir
uma melhor adesão ao tratamento.

O paciente deve completar o tratamento conforme a recomendação, mesmo que os sintomas


desapareçam, pois a interrupção do tratamento pode levar a recidiva da doença ou agravamento
do quadro, além de manter o ciclo de transmissão da doença permitindo que outras pessoas
também adoeçam por malária.

Esquemas de tratamento
Para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde das áreas endêmicas e garantir a
padronização dos procedimentos necessários para o tratamento da malária, o Guia Prático de
Tratamento da Malária no Brasil (2010) apresenta tabelas e quadros com todas as orientações
relevantes sobre a indicação e uso dos antimaláricos preconizados no Brasil de acordo com o
grupo etário dos pacientes.

Embora as dosagens constantes nas tabelas levem em consideração o grupo etário do paciente,
é recomendável que, sempre que possível e para garantir boa eficácia e baixa toxicidade no
tratamento da malária, as doses dos medicamentos sejam fundamentalmente ajustadas ao peso
do paciente. Quando uma balança para verificação do peso não estiver disponível, recomenda-
se a utilização da relação peso/idade apresentada nas tabelas.

Malária por P. vivax ou por P. ovale


Malária por P. malariae
Malária por P. falciparum ou malária mista (P. falciparum e P. malariae)
Malária mista (P. falciparum e P. vivax ou P. ovale)
Paciente apresentando apenas gametócitos de P. falciparum
Malária grave e complicada por P. falciparum ou P. vivax
Controle de cura
Recomenda-se o controle de cura, por meio da lâmina de verificação de cura (LVC), para todos
os casos de malária, especialmente os casos de malária por P. falciparum. O controle de cura
tem como objetivo a observação da redução progressiva da parasitemia e da eficácia do
tratamento e a identificação oportuna de recaídas. Recomenda-se a realização de LVC da
seguinte forma:
P. falciparum – em 3, 7, 14, 21, 28 e 42 dias após o início do tratamento.
P. vivax ou mista – em 3, 7, 14, 21, 28, 42 e 63 dias após o início do tratamento.
IMPORTANTE: O dia em que o diagnóstico é realizado e que se inicia o tratamento é considerado
como dia zero (D0). Por exemplo, se o tratamento se iniciou no dia 2 de agosto, este dia é
considerado D0, 3 dias após o início do tratamento será o dia 5 de agosto (D3).

Mais informações sobre o tratamento da malária estão disponíveis no “Guia prático de


tratamento da malária no Brasil”, no folder “Esquemas recomendados para o tratamento da
malária não complicada no Brasil” e no “Manual prático: tratamento da malária grave”.

Doação de sangue e a malária


Em áreas endêmicas de malária, considera-se inapta a doar sangue a:

 1) pessoa que tenha tido malária nos 12 meses que antecedem a doação;
 2) pessoa com febre ou suspeita de malária nos últimos 30 dias;
 3) pessoa que tenha se deslocado ou procedente de área de alto risco (IPA ≥50,0 casos/1.000
habitantes) há menos de 30 dias.
Se a pessoa teve malária por Plasmodium malariae, ela não poderá mais doar sangue. Já para as
outras espécies, depende do tempo entre a doença e a doação de sangue. Os hemocentros
sabem orientar o doador.

Como a malária é transmitida?


A malária é transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por
Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes mosquitos são mais abundantes ao entardecer e ao
amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, em menor
quantidade.
Apenas as fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles são capazes de transmitir a malária.
O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de plasmódio. A malária não
pode ser transmitida pela água.

IMPORTANTE: A malária não é uma doença contagiosa. Ou seja, uma pessoa doente não é capaz
de transmitir a doença diretamente a outra pessoa. É necessário o vetor para realizar a
transmissão.

Como prevenir a malária?


Entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão:

 uso de mosquiteiros;
 roupas que protejam pernas e braços;
 telas em portas e janelas;
 uso de repelentes.
Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são:

 borrifação intradomiciliar;
 uso de mosquiteiros;
 drenagem;
 pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
 aterro;
 limpeza das margens dos criadouros;
 modificação do fluxo da água;
 controle da vegetação aquática;
 melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
 uso racional da terra

Malária
Por Richard D. Pearson, MD, Emeritus Professor of Medicine, University of Virginia
School of Medicine

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Educação para o paciente


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 Protozoários extraintestinais
 Introdução a protozoários extraintestinais
 Tripanossomíase africana
 Babesiose
 Doença de Chagas
 Amebas de vida livre
 Leishmaniose
 Malária
 Toxoplasmose

Malária é uma infecção causada por quaisquer das quatro espécies de Plasmodium. Os
sinais e sintomas incluem febre, que pode ser periódica, calafrios, sudorese, anemia
hemolítica e esplenomegalia. O diagnóstico é feito pela identificação de Plasmodium em
uma amostra de sangue periférico. Tratamento e profilaxia dependem das espécies e da
sensibilidade às drogas e incluem a combinação fixa de atovaquona e proguanil, derivados
de artemisinina, doxiciclina, mefloquina, cloroquina e quinina. Pacientes infectados com P.
vivax e P. ovale também recebem primaquina para evitar recaídas.

A malária é endêmica na África, na maioria do sul e do sudeste da Ásia, nas Coreias do Sul e do
Norte, no México, na América Central, no Haiti, na República Dominicana, América do Sul
(incluindo partes do norte da Argentina), no Oriente Médio (incluindo Turquia, Síria, Irã e
Iraque) e na Ásia Central. Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) têm um
aplicativo de mapa online que mostra dados recentes sobre a prevalência da malária em todo o
mundo; também estão incluídos o tipo de malária, padrões de resistência e profilaxia
recomendada (ver CDC Malaria Map Application).

Há entre 300 e 500 milhões de pessoas infectadas mundialmente e cerca de 655.000 mortes
anualmente, a maioria em crianças com < 5 anos de idade na África. A malária já foi endêmica
nos EUA. Cerca de 1.500 casos/ano ocorrem nos EUA. Quase todos são adquiridos no exterior,
mas um pequeno número resulta de transfusões de sangue ou raramente de transmissão por
mosquitos locais que picam imigrantes infectados.

Fisiopatologia
As quatro espécies de Plasmodium que infectam seres humanos são

 P. falciparum
 P. vivax
 P. ovale
 P. malariae
 P. knowlesi

Infecção concomitante por mais de uma espécie de Plasmodium é incomum.

Além disso, malária símia foi notificada em seres humanos; o P. knowlesi é um patógeno emergente no sudeste
asiático. O grau em que P. knowlesi é transmitido de uma pessoa para outra através do mosquito, sem o
macaco como hospedeiro intermediário natural, está sob estudo.

Os elementos básicos do ciclo de vida são os mesmos para todas Plasmodium sp ( Ciclo de vida
do Plasmodium.). A transmissão se inicia quando uma fêmea do mosquito Anopheles se alimenta em uma
pessoa com malária e ingere sangue contendo gametócitos. Durante 1 a 2 semanas depois, gametócitos dentro
do mosquito se reproduzem sexualmente e produzem esporozoítas infectados. Quando o mosquito se alimenta
de novo em uma pessoa, esporozoítas são inoculados e rapidamente atingem o fígado infectando os
hepatócitos. Os parasitas amadurecem em esquizontes teciduais dentro dos hepatócitos. Cada esquizonte
produz 10.000 a 30.000 merozoítas, que são liberados na circulação sanguínea após 1 a 3 semanas, quando os
hepatócitos se rompem. Cada merozoíta pode invadir um eritrócito e então se transformar em um trofozoíta.
Os trofozoítas evoluem e são chamados de esquizontes eritrocitários, que produzem merozoítas adicionais e 48
a 72 h depois rompem os eritrócitos e são liberados no plasma. Esses merozoítas rapidamente invadem novos
eritrócitos, repetindo o ciclo. Alguns trofozoítas se desenvolvem em gametócitos, os quais são ingeridos pelo
mosquito Anopheles. Unem-se sexualmente no intestino do mosquito, desenvolvem-se em oocistos e liberam
esporozoítas infectados, que migram para as glândulas salivares.

Ciclo de vida do Plasmodium.


1. O ciclo de vida do parasita da malária envolve dois hospedeiros. Ao se alimentar de sangue, uma fêmea do
mosquito Anopheles infectada com malária inocula esporozoítos no hospedeiro humano.
2. Os esporozoítos infectam as células do fígado.
3. Lá, os esporozoítos amadurecem para esquizontes.
4. Os esquizontes se rompem, liberando merozoítos. Essa replicação inicial no fígado é chamada de ciclo
exoeritrocítico.
5. Os merozoítos infectam os eritrócitos. Então, o parasita multiplica-se assexuadamente (o chamado ciclo
eritrocítico). Os merozoítos se desenvolvem em trofozoítos em estágio de anel. Alguns, então, amadurecem
para esquizontes.
6. Os esquizontes se rompem, liberando merozoítos.
7. Alguns trofozoítos se diferenciam em gametócitos.
8. Ao se alimentar de sangue, um mosquito Anopheles ingere os gametócitos masculinos (microgametócitos) e
femininos (macrogametócitos), dando início ao ciclo esporogônico.
9. No estômago do mosquito, os microgametas penetram nos macrogametas, produzindo zigotos.
10. Os zigotos tornam-se móveis e alongados, evoluindo para oocinetes.
11. Os oocinetes invadem a parede do intestino médio do mosquito, onde se desenvolvem em oocistos.
12. Os oocistos crescem, rompem-se e liberam esporozoítos, os quais se deslocam para as glândulas salivares do
mosquito. A inoculação dos esporozoítos em um novo hospedeiro humano perpetua o ciclo de vida da malária.

Esquizontes teciduais no fígado podem persistir como hipnozoítas por anos no caso de P. vivax e P. ovale, mas
não de P. falciparum ou P. malariae. A recidiva do P. ovale ocorreu até 6 anos depois de um episódio de
malária sintomática e a infecção foi transmitida por transfusão de sangue de uma pessoa que foi exposta 7 anos
antes de doar sangue. Essas formas dormentes servem como cápsulas de liberação lenta que induzem a
recaídas e complicam a quimioterapia, porque não são mortas pela maioria das drogas antimalária, as quais
agem tipicamente nos parasitas da corrente sanguínea.
O estágio pré-eritrocítico (hepático) do ciclo de vida da malária é evitado quando a infecção é transmitida por
transfusões de sangue, compartilhamento de agulhas contaminadas, ou congenitamente. Esses modos de
transmissão não produzem doença latente e não provocam recorrências.

A ruptura dos eritrócitos durante a liberação de merozoítas está associada com os sintomas clínicos. Quando
grave, a hemólise produz anemia e icterícia que pioram por fagocitose de eritrócitos infectados no baço. A
anemia pode ser grave em infecção por P. falciparum ou por P. vivaxcrônica, e tende a ser leve em P.
malariae.

Malária falciparum
Ao contrário de outras formas de malária, P. falciparum causa obstrução microvascular porque os eritrócitos
infectados aderem às células vasculares endoteliais. Isquemia se desenvolve, resultando em hipoxia de tecido,
em particular no cérebro, nos rins, nos pulmões e no trato GI. Hipoglicemia e acidose láctica são outras
complicações potenciais.

Resistência à infecção
A maioria dos africanos ocidentais possui resistência completa a P. vivax, porque em seus eritrócitos falta o
grupo sanguíneo Duffy, necessário à invasão de eritrócitos por P. vivax; muitos afro-americanos também
possuem essa resistência. O desenvolvimento de Plasmodium em eritrócitos também é retardado em pacientes
com hemoglobina S, hemoglobina C, talassemia, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), ou
eliptocitose melanésia.

Infecções prévias fornecem imunidade parcial. Quando residentes de áreas hiperendêmicas deixam o local, sua
imunidade adquirida anteriormente dura apenas alguns meses ou anos, podendo ocorrer desenvolvimento de
malária sintomática caso retornem e sejam infectados.

Sinais e sintomas
O período de incubação normalmente é 12 a 17 dias para P. vivax, 9 a 14 dias para P. falciparum, 16 a 18 dias
ou mais para P. ovale e aproximadamente 1 mês (18 a 40 dias) ou muito mais tempo (anos) para P. malariae.
Porém, algumas cepas de P. vivax, em climas temperados, podem não causar doença clínica por um
período > 1 ano após a infecção.

Manifestações comuns a todas as formas de malária incluem

 Febre e rigidez — o paroxismo malárico


 Anemia
 Icterícia
 Esplenomegalia
 Hepatomegalia

O paroxismo malárico coincide com a liberação de merozoítas dos eritrócitos rompidos. O paroxismo clássico
inicia-se com mal-estar, calafrios abruptos e febre subindo de 39 para 41°C, pulso rápido e filiforme, poliúria,
cefaleia, mialgia e náuseas. Após 2 a 6 h, a febre diminui e ocorre sudorese profusa durante 2 a 3 h, seguida
por fadiga extrema. A febre é frequentemente irregular no início da infecção. Em infecções estabelecidas,
paroxismos típicos de malária ocorrem a cada 2 a 3 dias, dependendo da espécie; intervalos não são rígidos.

Esplenomegalia em geral torna-se palpável ao final da primeira semana de doença clínica, mas pode não
ocorrer com P. falciparum. O baço aumentado apresenta consistência frágil e propensão à ruptura traumática.
A esplenomegalia pode diminuir com ataques recorrentes de malária, à medida que uma imunidade funcional
se desenvolve. Após muitos acessos, o baço pode se tornar fibrótico e sólido e, ocasionalmente, aumentar de
forma maciça (esplenomegalia tropical). Hepatomegalia, em geral, acompanha a esplenomegalia.

P. falciparum provoca a doença mais grave por causa de seus efeitos microvasculares. É a única espécie com
probabilidade de provocar doença fatal se não for tratada; pacientes não imunes podem morrer dentro de dias
após o início dos sintomas. Pacientes com malária cerebral podem desenvolver sintomas que variam de
irritabilidade a convulsões e coma. Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), diarreia, icterícia,
sensibilidade epigástrica, hemorragias retinianas, malária álgida (uma síndrome semelhante a choque) e
trombocitopenia grave também podem ocorrer. Insuficiência renal pode ser o resultado de depleção de volume,
obstrução vascular por eritrócitos parasitados ou deposição de imunocomplexos. Hemoglobinemia e
hemoglobinúria, que são os resultados de hemólise intravascular, podem progredir para febre hemoglobinúrica
(“febre da água preta”, assim denominada em razão da urina de cor escura), ou regredir espontaneamente após
o tratamento com quinina. Hipoglicemia é comum e pode ser agravada por tratamento com quinina e
hiperinsulinemia associada. O envolvimento da placenta pode levar a baixo peso no nascimento, aborto
espontâneo, natimortalidade ou infecção congênita.

P. vivax, P. ovale e P. malariae em geral não comprometem órgãos vitais. Mortalidade é rara e principalmente
decorrente de ruptura esplênica ou de hiperparasitemia descontrolada em pacientes com asplenia. A evolução
clínica com P. ovale é semelhante à de P. vivax. Em infecções estabelecidas, picos de temperatura ocorrem em
intervalos de 48 h— um padrão terçã. Infecções de P. malariae na maioria das vezes não causam qualquer
sintoma agudo, mas parasitemia de nível baixo pode persistir durante décadas e conduzir à nefrite mediada por
imunocomplexos ou nefrose ou esplenomegalia tropical; quando sintomática, a febre tende a ocorrer em
intervalos de 72 h—um padrão quartã.

Em pacientes que fazem quimioprofilaxia ( Prevenção de malária), a malária pode ser atípica. O período de
incubação pode se estender semanas a meses após a interrupção da droga. Pessoas infectadas podem
desenvolver cefaleia, dor nas costas e febre irregular, mas parasitas podem ser inicialmente de difícil detecção
em amostras de sangue.

Diagnóstico
 Microscopia óptica do sangue (esfregaços finos ou gota espessa)
 Amostras rápidas de sangue que detectam antígenos Plasmodium ou enzimas

Viajantes ou imigrantes que apresentam febre ao retornarem de uma região endêmica devem ser
imediatamente avaliados com relação à malária. A maioria dos casos ocorre durante os primeiros 6 meses, mas
o início pode levar até 2 anos ou, raramente, mais tempo.

A malária pode ser diagnosticada com a identificação de parasitas em exame microscópico de amostras de
sangue em esfregaços espessos ou finos. As espécies infectantes (que determinam a terapia e o prognóstico)
são identificadas por meio de aspectos característicos nas amostras ( Aspectos diagnósticos de espécies
de Plasmodium em esfregaços de sangue). Amostras de sangue devem ser repetidas em intervalos de 4 a 6 h,
caso o esfregaço inicial seja negativo.

Esfregaços finos de sangue corados com coloração de Giemsa permitem a avaliação da morfologia do parasita
no interior dos eritrócitos, frequentemente especiação, e a determinação do percentual de parasitemia. A gota
espessa é mais sensível, porém, mais difícil de preparar e interpretar à medida que os eritrócitos são lisados
antes da coloração. A sensibilidade e a precisão dos resultados dependem da experiência do examinador.

Amostras rápidas comerciais baseiam-se na presença de certos antígenos ao plasmodium ou atividades


enzimáticas. As amostras podem envolver a detecção de proteína 2 rica em histidina (HRP-2), combinada com
parasitas da malária (principalmente, P. falciparum e P. vivax) e detecção de Plasmodium no teste da
desidrogenase láctica (pDHL). Os testes rápidos são comparáveis em termos de sensibilidade à microscopia na
detecção de baixos níveis de parasitemia; mas eles não diferenciam infecção única de infecção simultânea por
mais de uma espécie de Plasmodium ou permitem a especiação, exceto para o P. falciparum.

Microscopia óptica e testes rápidos são exames complementares e ambos devem ser feitos quando disponíveis.
Eles têm sensibilidade semelhante. Resultados negativos nos dois testes não excluem malária de um paciente
com baixa parasitemia.

PCR e sondas de DNA espécie-específicas podem ser usadas, mas não estão amplamente disponíveis. Como
testes sorológicos podem refletir exposição anterior, eles não são úteis no diagnóstico de malária aguda.

Aspectos diagnósticos de espécies de Plasmodium em esfregaços de sangue


Característica Plasmodium Sp*
Vivax Falciparum Malariae†
Eritrócitos infectados aumentados Sim Não Não
Granulações de Schüffner‡ Sim Não Não
Granulações ou fendas de Maurer Não Sim§ Não
Infecções múltiplas em eritrócitos Raras Sim Não
Anéis com 2 pontos de cromatina Raros Frequentes Não
Gametócitos crescentes Não Sim Não
Trofozoítas em baioneta ou faixa Não Não Sim
Esquizontes presentes em sangue periférico Sim Raros Sim
Número de merozoítas por esquizontes (média 16 (12 – 24) 12 (8 – 24)¶ 8 (6 – 12)
[variação])
*Eritrócitos infectados com P. ovale são fimbriados, ovais e ligeiramente aumentados; os
parasitas, pelo contrário, assemelham-se a P. vivax.

P. knowlesi é morfologicamente semelhante a P. malariae e tem sido confundido com este.

As granulações de Schüffner são mais bem visualizadas quando o esfregaço de sangue é corado
com coloração de Giemsa.
§
Característica nem sempre visível.

Esquizontes são encontrados em vísceras e normalmente não estão presentes em sangue
periférico.

Tratamento
 Medicamentos antimaláricos

Antimaláricos são escolhidos com base nas manifestações clínicas, espécie de Plasmodium infectante, padrões
de resistência conhecida das cepas na região da aquisição, eficácia e efeitos adversos dos medicamentos
disponíveis.
Em algumas áreas endêmicas, um percentual importante dos antimaláricos disponíveis localmente é
falsificado. Assim, alguns médicos aconselham viajantes para áreas remotas de alto risco a levar um ciclo
completo de um regime de tratamento adequado a ser usado se a malária confirmada pelo médico for adquirida
apesar da profilaxia; essa estratégia também evita a depletar os recursos limitados dos medicamentos no país
de destino.

Malária é particularmente perigosa em crianças com < 5 anos de idade (a mortalidade é maior naquelas
com < 2 anos), gestantes e visitantes não expostos previamente a áreas endêmicas. Caso se suspeite de P.
falciparum, a terapia deve ser iniciada imediatamente, até mesmo se a amostra inicial for negativa. P.
falciparum e, mais recentemente, P. vivax tornaram-se progressivamente resistentes a drogas antimaláricas.
Para medicamentos e doses recomendados para o tratamento e prevenção da malária, Tratamento da
malária e Prevenção de malária. Efeitos adversos comuns e contraindicações são listados na Reações adversas
e contraindicações a drogas antimaláricas. Ver também o site do CDC (Malaria Diagnosis and Treatment in the
United States), ou entrar em contato com a malaria hotline em 770-488-7788 (depois do horário comercial, fins
de semana ou feriados, ligar para 770-488-7100) para consulta sobre o tratamento.

No caso de uma doença febril durante uma viagem, em uma região endêmica, é essencial que uma avaliação
médica seja feita prontamente. Quando a avaliação imediata não é possível (p. ex., porque a região é muito
remota), automedicação com artemeter/lumefantrina ou atovaquona/proguanil pode ser considerada
aguardando a avaliação médica. Se os viajantes apresentarem febre depois de voltar de uma região endêmica e
nenhum outro diagnóstico for feito, os médicos devem considerar a administração de tratamento empírico
contra malária sem complicações mesmo quando os esfregaços e/ou o teste rápido diagnóstico de malária seja
negativo.

Tratamento da malária
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
P. falciparum (ou espécies não identificadas adquiridas em regiões com malária, com
exceção daquelas especificadas como resistentes à cloroquina) — drogas orais
Drogas de Atovaquona/proguanilc 4 comprimidos de adulto, 1 < 5 kg: não
escolha vez/dia, durante 3 dias indicado

5 — 8 kg:
2 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias

9 — 10 kg:
3 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias

11 — 20 kg:
1 comprimido de
adulto, 1 vez/dia,
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
durante 3 dias

21 — 30 kg:
2 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias

31 — 40 kg:
3 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias

> 40 kg:
4 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias
ou
Arteméter/lumefantrinad 6 doses 6 doses a
(1 dose =4 comprimidos) intervalos como
durante 3 dias (em 0, 8, 24, para adultos;
36, 48 e 60 h) dose =

5–< 15 kg: 1
comprimido

15—< 25 kg: 2
comprimidos

25—< 35 kg: 3
comprimidos

≥ 35 kg: 4
comprimidos
ou
Sulfato de quinina mais uma solução salina, 650 mg, 3 10 mg de solução
e
das seguintes vezes/dia, durante 3 ou 7 dias salina/kg a cada
8 h, durante 3 ou
7 diase
 Doxiciclinaf 100 mg, 2 vezes/dia, durante 2,2 mg/kg, 2
7 dias vezes/dia,
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
durante 7 dias
f
 Tetraciclina 250 mg, 4 vezes/dia, durante 6,25 mg/kg, 4
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
 Clindamicinag 7 mg/kg, 3 vezes/dia, durante 7 mg/kg, 3
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
Alternativa Mefloquinah solução salina, 750 mg, então 15 mg de solução
(se outras solução salina, 500 mg após 6 salina/kg, então
opções não a 12 h 10 mg de solução
puderem ser salina/kg após 6
usadas) a 12 h
P. falciparum e espécies não identificadas adquiridas em áreas sensíveis à cloroquina
(América Central à oeste do Canal do Panamá, Haiti, República Dominicana, a maior parte
do Oriente Médio) e P. malariae e P. knowlesi em todas as regiões — medicamentos por via
oral
Drogas de Fosfato de cloroquinai,j 1 g (base de 600 mg), então Base de 10
escolha solução salina, 500 mg (base mg/kg (base
de 300 mg) em 6, 24 e 48 h máxima de 600
mg), então base
de 5 mg/kg em 6,
24 e 48 h
ou
Hidroxicloroquinaj solução salina, 800 mg (base 10 mg de
de 600 mg), então solução base/kg,então 5
salina, 400 mg (base de 310 mg/kg em 6, 24 e
mg) em 6, 24 e 48 h 48 h
P. vivax (a menos que em uma área resistente à cloroquina) ou P. ovale—drogas orais
Drogas de Fosfato de cloroquinai,jou
escolha hidroxicloroquinajconforme
doses acima
mais
Primaquinak Base de 30 mg, 1 vez/dia, Base de 0,5
durante 14 dias mg/kg, 1 vez/dia,
durante 14 dias
P. vivax adquirido em áreas conhecidas por abrigar P. vivax cloroquina-resistentel (Papua
Nova Guiné, Indonésia) — drogas orais
Drogas de A. Sulfato de quinina mais solução salina, 650 mg, 3 10 mg de solução
e
escolha uma das seguintes vezes/dia, durante 3 ou 7 dias salina/kg, 3
vezes/dia,
durante 3 ou 7
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
diase
 Doxiciclinaf 100 mg, 2 vezes/dia, durante 2,2 mg/kg, 2
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
 Tetraciclinaf 250 mg, 4 vezes/dia, durante 6,25 mg/kg, 4
7 dias vezes/dia,
durante 7 dias
ou
B. Atovaquona/proguanilc 4 comprimidos de adulto, 1 < 5 kg: não
vez/dia, durante 3 dias indicado

5 — 8 kg:
2 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias

9 — 10 kg:
3 comprimidos
pediátricos, 1
vez/dia, durante
3 dias

11 — 20 kg:
1 comprimido de
adulto, 1 vez/dia,
durante 3 dias

21 — 30 kg:
2 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias

31 — 40 kg:
3 comprimidos
de adulto, 1
vez/dia, durante
3 dias

> 40 kg: 4
comprimidos de
adulto, 1 vez/dia,
durante 3 dias
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
ou
C. Mefloquinah 750 mg de solução salina, 15 mg de solução
então 500 mg, 6 a 12 h mais salina/kg, então
tarde 10 mg/kg 6 a 12
h mais tarde
Esquema A, B ou C mais
Primaquinak Base de 30 mg, 1 vez/dia, Base de 0,5
durante 14 dias mg/kg, 1 vez/dia,
durante 14 dias
Infecção grave, todos os tipos de Plasmodium — drogas parenterais
Drogas de Gluconato de quininammais Dose de ataque de 10 de O mesmo para
escolha uma das seguintes solução salina/kg (máximo de adultos (exceto
conforme dose acima 600 mg) em solução salina que a doxiciclina
normal por 1 h, então infusão e a tetraciclina
 Doxiciclinaf,n contínua de 0,02 mg de não são usadas
f
 Tetraciclina solução salina/kg/min por para crianças)
 Clindamicinag,o pelo menos 24 h

ou

Dose de ataque de 24 mg de
solução salina/kg ao longo de
4 h, então 12 mg de solução
salina/kg infundida em 4 h a
cada 8 h, começando 8 h após
a dose de ataque

Depois que a densidade do


parasita for < 1% e o paciente
puder tomar medicamentos
orais, tratamento completo
com quinina oral conforme
doses acima
ou (experimental)
Artesunatop,q mais uma das Conforme o novo protocolo O mesmo que
seguintes conforme doses de medicamento experimental para os adultos
acima: (entrar em contado com o (exceto que a
CDC para obter informações doxiciclina não é
 Atovaquona- sobre o medicamento e a utilizada para as
proguanilc posologia) crianças)
 Doxiciclinaf,n
 Clindamicinag,o
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab
 Mefloquinah

Prevenção de recorrências: P. vivax e P. ovale somente


Droga de Primaquina Base de 30 mg, VO, 1 Base de 0,5
escolha vez/dia, durante 14 dias mg/kg VO, 1
depois de sair da região vez/dia, durante
endêmica 14 dias depois de
sair da região
endêmica
a
Reações adversas e contraindicações a drogas antimaláricas para reações adversas e
contraindicações. Se a malária se desenvolver durante a terapia medicamentosa profilática, o
mesmo medicamento não deve ser utilizado como parte do esquema terapêutico.
b
A dose pediátrica não deve exceder a dose para adultos.
c
Atovaquona/proguanil está disponível em um único comprimido com dose fixa: comprimidos
de adulto (250 mg de atovaquona/100 mg de proguanil) e comprimidos pediátricos (62,5 mg de
atovaquona/25 mg de proguanil). Para aumentar a absorção, deve ser ingerido com alimentos ou
leite integral. Essa combinação é contraindicada para pacientes com clearance de creatinina < 30
mL/min. Geralmente, não se recomenda essa combinação para gestantes, especialmente durante
o primeiro trimestre, porque não há dados suficientes sobre a segurança; ela pode ser usada se
outras opções não estiverem disponíveis ou não forem toleradas e os benefícios superarem os
riscos. A posologia 2 vezes/dia reduz náuseas e vômitos, quando administrada com alimentos ou
leite. Se os pacientes vomitarem 30 min depois de tomarem uma dose, a dose deve ser repetida.
d
A associação de artemeter/lumefantrina está disponível na dose fixa de 20 mg/120 mg.
Geralmente, não se recomenda essa combinação para uso em gestantes, especialmente durante o
primeiro trimestre, porque não há dados suficientes sobre a segurança; ela pode ser usada se
outras opções não estiverem disponíveis ou não forem toleradas e os benefícios superarem os
riscos. Os pacientes devem tomar o medicamento com alimentos ou leite integral. Se os
pacientes vomitarem 30 min depois de tomarem uma dose, a dose deve ser repetida.
e
Nos EUA, cápsulas de sulfato de quinina contêm 324 mg, assim duas cápsulas são suficientes
para adultos. Para crianças, a posologia pode ser mais difícil porque formas de quinino fora as
cápsulas não estão disponíveis. No Sudeste Asiático, a resistência relativa para quinina
aumentou e o tratamento deve ser continuado durante 7 dias. Em outras regiões, o tratamento é
continuado por apenas 3 dias. Para reduzir os efeitos adversos gastrintestinais, os pacientes
devem tomar quinina com alimentos. A quinina com doxiciclina ou tetraciclina costuma ser
preferida à quinina com clindamicina porque há mais dados sobre a eficácia.
f
O uso de tetraciclinas é contraindicado para gestantes e em crianças < 8 anos de idade. Em
crianças < 8 anos com P. vivax resistente à cloroquina, recomenda-se a mefloquina. Se esses
medicamentos não estão disponíveis ou não são tolerados e se os benefícios do tratamento
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab

superam os riscos, atovaquona/proguanil ou artemeter/lumefantrina podem ser usados em vez


disso.
g
Clindamicina é para ser usada durante a gestação e em crianças < 8 anos de idade.
h
Mefloquina não é recomendada a menos que outras opções não possam ser utilizadas porque a
taxa de reações graves neuropsiquiátricas é maior com mefloquina do que com outras opções.
Mefloquina também não é recomendada para infecções adquiridas no Sudeste Asiático, porque
foi notificada resistência à mefloquina em algumas áreas (p. ex., nas fronteiras de Myanmar com
Tailândia, China e Laos; na fronteira da Tailândia como Camboja; no sul do Vietnã).
i
Para reduzir os riscos dos efeitos gastrintestinais, os pacientes devem tomar fosfato de
cloroquina com os alimentos.
j
Recomenda-se cloroquina ou hidroxicloroquina para infecções sensíveis à cloroquina; mas os
esquemas utilizados para tratar infecções resistentes à cloroquina podem ser usados se são mais
convenientes, ou preferidos, ou se a cloroquina não está disponível.
k
A primaquina é utilizada para erradicar quaisquer hipnozoítos que possam permanecer
dormentes no fígado e, portanto, evitar as recidivas nas infecções por P. vivax e P. ovale. Como
a primaquina pode causar anemia hemolítica em pacientes com deficiência de G6PD, o
rastreamento da deficiência de G6PD deve ser feito antes do início do tratamento com
primaquina. Para pacientes com deficiência de G6PD limítrofe ou como alternativa ao esquema
acima, primaquina 45 mg VO 1 vez/semana pode ser administrada durante 8 semanas; os
médicos devem reunir-se com um especialista em doenças infecciosas e/ou em medicina tropical
se esse esquema alternativo estiver sendo considerado para pacientes deficientes em G6PD.
Primaquina não deve ser usada durante a gestação.
l
Se os pacientes adquirem infecção por P. vivax em regiões em que não se sabe se abrigam
infecção por P. vivaxresistente à cloroquina, o tratamento deve começar com cloroquina. Se eles
não responderem, o tratamento deve ser trocado para um esquema de P. vivax resistente à
cloroquina, e os médicos devem notificar os Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
Malaria Hotline (770-488-7788 ou, depois do horário comercial, fins de semana e feriados, 770-
488-7100).
m
O CDC recomenda que os pacientes com malária grave sejam tratados agressivamente com
quinidina parenteral (IV) iniciada imediatamente com dose de ataque. Se os pacientes receberam
> 40 mg/kg de quinina nas 48 h anteriores ou mefloquina nas últimas 12 h, a dose inicial de
quinina deve ser omitida. É aconselhável consulta com um cardiologista e médico com
experiência no tratamento da malária grave. O monitoramento da PA quanto à hipotensão,
monitoramento cardíaco para o alargamento do complexo QRS ou prolongamento do intervalo
QTc e o monitoramento de glicemia para hipoglicemia são necessários. A malária é considerada
grave quando os pacientes têm ≥ 1 do seguinte: consciência prejudicada, coma ou convulsões,
Preferências Drogaa Dose para adultos Dose pediátricab

anemia normocítica grave, insuficiência renal, edema pulmonar, síndrome de insuficiência


respiratória grave, choque, coagulação intravascular disseminada, hemorragia espontânea,
acidose, hemoglobinúria, icterícia ou parasitemia > 5%. A malária grave é mais frequentemente
causada pelo P. falciparum.
n
Se os pacientes não puderem tomar doxiciclina oral 100 mg são administrados IV a cada 12 h,
alternando então para a administração oral assim que os pacientes puderem deglutir.
Administração IV rápida deve ser evitada. O curso do tratamento é 7 dias.
o
Se os pacientes não puderem tomar clindamicina oral, uma dose de ataque de 10 mg de base/kg
é administrada IV seguida de 5 mg de base/kg a cada 8 h, então alternando para a administração
oral assim que os pacientes puderem degultir. Administração IV rápida deve ser evitada. O curso
do tratamento é 7 dias.
p
Nos EUA, o artesunato para administração IV só está disponível como uma nova droga
experimental (obtida por meio do CDC entrando em contato como o CDC Malaria Hotline [770-
488-7788]).
q
Um dos seguintes (usando doses de tratamento oral) deve ser administrado com artesunato:

 Em adultos: atovaquona/proguanil, doxiciclina, clindamicina (em gestantes) ou


mefloquina.
 j Em crianças: atovaquona/proguanil, clindamicina, ou mefloquina.

G6PD = desidrogenase de glicose-6-fosfato.

Adaptado do Centers for Disease Control and Prevention: Malaria diagnosis & treatment in the
United States. Disponível em http://http://www.cdc.gov/malaria/diagnosis_treatment/in;
acessado pela última vez em 24 de janeiro de 2014.

Reações adversas e contraindicações a drogas antimaláricas


Droga Algumas reações adversas Contraindicações
Arteméter/lumefantrina Cefaleia, anorexia, tonturas, Gestação categoria C (o
astenia (normalmente leve) medicamento só deve ser usado se
os potenciais benefícios justificarem
Com lumefantrina, intervalo o potencial risco ao feto)
QT prolongado
Uso de mefloquina profilática
Artesunato As mesmas do arteméter As mesmas do arteméter
Atovaquona/proguanil Distúrbios gastrintestinais, Gestação categoria C
cefaleia, vertigem, rash
cutâneo, prurido Hipersensibilidade, amamentação*,
Droga Algumas reações adversas Contraindicações
comprometimento renal grave
(clearance de
creatinina <30 mL/min)
Fosfato de cloroquina Distúrbios gastrintestinais, Hipersensibilidade, alterações de
dores de cabeça, vertigem, retina ou de campo visual
Cloreto de cloroquina visão borrada, exantemas ou
pruridos cutâneos, exacerbação
Sulfato de de psoríase, discrasias
hidroxicloroquina sanguíneas, alopecia,
alterações em
eletrocardiograma, retinopatia,
psicose (raro)
Clindamicina Hipotensão, toxicidade de Hipersensibilidade
medula óssea, disfunção renal,
exantemas, icterícia, zumbido,
infecção por Clostridium
difficile(colite
pseudomembranosa)
Doxiciclina Transtorno gastrinstestinal, Gestação, crianças ≤ 8 anos de
fotossensibilidade, candidíase idade
vaginal, infecção por C.
difficile (colite
pseudomembranosa), esofagite
erosiva
Halofantrina Prolongamento de intervalos Defeitos de condução cardíaca,
PR e QT, arritmia cardíaca, prolongamento QT familiar, uso de
hipotensão, transtornos drogas que afetam o intervalo QT,
gastrintestinais, vertigem, hipersensibilidade
alterações mentais, convulsões,
morte súbita Gestação categoria C
Mefloquina Pesadelos, sintomas Hipersensibilidade, história de
neuropsiquiátricos, tonturas, convulsões ou distúrbios
vertigem, confusão, psicose, psiquiátricos, doença ou arritmia
convulsões, bradicardia cardíaca, coadministração de drogas
sinusal, transtornos que possam prolongar a condução
gastrintestinais cardíaca (p. ex., β-bloqueadores,
bloqueadores do canal de cálcio,
quinina, quinidina, halofantrina),
ocupações que requeiram
coordenação fina e discriminação
espacial, nas quais a vertigem pode
ser um risco à vida, primeiro
trimestre da gestação
Droga Algumas reações adversas Contraindicações
Sulfato de quinina Transtornos gastrintestinais, Hipersensibilidade, deficiência de
zumbido, distúrbios visuais, G6PD, neurite óptica, zumbido,
Di-hidrocloreto de reações alérgicas, alterações gestação (contraindicação relativa),
quinina mentais, arritmias, pré-reação adversa à quinina
cardiotoxicidade (recomendado monitoramento
contínuo de eletrocardiograma,
pressão arterial [quando dado por
via intravenosa] e glicose)
Gliconato de quinidina Arritmias, complexo QRS Hipersensibilidade, trombocitopenia
aumentado, intervalo Q-Tc (recomendado monitoramento
prolongado, hipotensão, contínuo de eletrocardiograma,
hipoglicemia pressão arterial e glicose)

Nenhuma dose de ataque em


pacientes que receberam > 40
mg/kg de quinina nas últimas 48 h
ou uma dose de mefloquina nas
útlimas 12 h
Fosfato de primaquina Hemólise intravascular grave Uso concomitante de quinacrina ou
em pessoas com deficiência de agentes potencialmente hemolíticos
G6PD, transtornos ou supressores da medula óssea,
gastrintestinais, leucopenia, deficiência de G6PD, gestação
metemoglobinúria (porque o status da G6PD do feto
não é conhecido)
Pirimetamina/sulfadoxina Eritema multiforme, síndrome Hipersensibilidade, anemia por
de Stevens-Johnson, neurólise deficiência de folato, lactentes
epidérmica tóxica, urticária, com ≤ 2 meses, gestação,
dermatite esfoliativa, doença amamentação
do soro, hepatite, convulsões,
alterações mentais, transtornos
gastrintestinais, estomatite,
pancreatite, toxicidade da
medula óssea, hemólise, febre,
nefrose
*O proguanil é excretado no leite humano; é desconhecido se a atovaquona é excretada no leite
humano. A segurança e a eficácia dessas drogas não foram determinadas em crianças que
pesam < 5 kg.

G6PD = desidrogenase de glicose-6-fosfato.


Calculadora clínica: Correção do intervalo QT (ECG)

Prevenção de recorrências de malária por P. vivax e P. ovale


Hipnozoítas devem ser eliminadas do fígado com primaquina para prevenir recaídas de P. vivax ou P. ovale.
Essa droga pode ser administrada simultaneamente com cloroquina ou em seguida. Algumas cepas de P.
vivax são menos sensíveis, pode ocorrer relapso, requerendo tratamento repetido. Primaquina não é necessária
para P. falciparum ou P. malariae porque essas espécies não têm uma fase hepática persistente. Se a exposição
a P. vivax ou P. ovale foi intensa ou prolongada ou os viajantes são esplênicos, um esquema profilático de 14
dias com fosfato de primaquina, iniciado quando os viajantes retornam, reduz o risco de recorrência. O
principal efeito adverso é hemólise em pessoas com deficiência de desidrogenase da glicose-6-fosfato (G6PD).
Deve-se determinar os níveis de G6PD antes de administrar a primaquina.

A primaquina é contraindicada durante a gestação e o aleitamento, a menos que tenha sido comprovado que a
criança não tem deficiência de G6PD. Em gestantes, a quimioprofilaxia com cloroquina semanal pode ser dada
durante o restante da gestação e, após o parto, as mulheres podem receber primaquina, desde que não tenham
deficiência de G6PD.

Prevenção
Viajantes para áreas endêmicas devem receber quimioprofilaxia ( Prevenção de malária).

Malária durante a gestação é uma ameaça grave à mãe e ao feto. Cloroquina pode ser usada durante a gestação
nas áreas onde Plasmodiumsp são suscetíveis, mas não há nenhum outro esquema profilático seguro e eficaz,
assim as gestantes devem evitar viajar para áreas resistentes à cloroquina sempre que possível. A segurança da
mefloquina durante a gestação não foi documentada, mas experiência limitada sugere sua utilização quando se
julga que os benefícios excedam os riscos. Doxiciclina, atovaquona/proguanil e primaquina não devem ser
usadas durante a gestação.

As artemisinas têm meia-vida curta e não devem ser usadas para profilaxia.

Medidas profiláticas contra mosquitos incluem

 Usar pulverizações de inseticidas residuais de permetrina ou à base de permetrina (com ação


prolongada) nas roupas, casas e edifícios
 Colocar telas nas portas e janelas
 Utilizar mosquiteiro (preferencialmente impregnados com permetrina ou piretrum) em torno das
camas
 Aplicar repelentes de mosquitos como DEET (dietiltoluamida) 25 a 35% à pele exposta
 Usar camisas de manga longa e calças compridas protetoras, especialmente entre o anoitecer e o
amanhecer, quando os mosquitos Anopheles estão ativos

As pessoas que planejam usar repelentes que contêm DEET devem ser instruídas a

 Aplicar repelentes somente à pele exposta, conforme indicado no rótulo e usá-los com moderação ao
redor das orelhas (não devem ser aplicados ou pulverizados nos olhos ou na boca)
 Lavar as mãos após a aplicação
 Não permitir que crianças manuseiem repelentes (adultos devem aplicar o repelente nas mãos
primeiro, então espalhá-los delicadamente sobre a pele da criança)
 Aplicar repelente apenas o suficiente para cobrir a área exposta
 Remover o repelente depois de voltar para ambientes internos
 Lavar as roupas antes de usá-las novamente a menos que indicado do contrário pela etiqueta do
produto
A maioria dos repelentes pode ser usada em bebés e crianças < 2 meses. A Environmental Protection Agency
não recomenda precauções adicionais para a utilização de repelentes registrados para crianças ou gestantes ou
nutrizes.

Estão sendo desenvolvidas vacinas. Um grande ensaio clínico da vacina recombinante RTS,S baseada na
proteína circunsporozoíta do P. falciparum mostrou eficácia moderada, resultando em 46% menos casos de
malária clínica em crianças pequenas que vivem em regiões endêmicas da África. Os resultados são
encorajadores, mas não está claro quando uma vacina provavelmente estará disponível para militares e
viajantes internacionais.

Malaria

INTRODUÇÃO

A Malária é uma doença infecciosa causada pelo parasita protozoário unicelular do gênero
Plasmodium, e transmitida, entre humanos, por meio da picada de mosquitos do gênero Anopheles. A
Malária afeta os homens ao longo de milênios, de modo que, o histórico da doença confunde-se com a
própria história da Medicina.
A Malária provavelmente originou-se no continente africano, na pré-história, atingindo a Europa e
Ásia, com a migração do homem.
Os primeiros indícios de descrição da Malária estão em textos religiosos e médicos da antiguidade
que relacionavam algumas febres sazonais como punição divina, sendo Hipócrates, na Grécia do século
V a.C, o primeiro a descartar superstições, relacionando as doenças febris com a sazonalidade, e locais
freqüentados pelos doentes, e a descrever o quadro clínico e complicações da Malária. No século II
d.C., ocorreram epidemias cíclicas na Grécia, Itália, e outras áreas da Europa, relatadas por médicos
gregos e romanos, denominando-a de "Febre romana". Depois da queda do império romano, pouco foi
acrescentado ao conhecimento da doença. No século XVI, a Malária chega ao Novo Mundo pelas viagens
de colonizadores espanhóis e portugueses. No século XVII, os padres jesuístas observaram o uso de
cascas de árvores nativas pelos indígenas da América, para curar doenças febris, levando-a para a
Europa em forma de pó - o "pó dos jesuítas", recebendo o nome de Cinchona, em 1735, e em 1820, o
seu princípio ativo foi isolado, o Quinino.
No século XVIII, a doença recebeu o nome italiano "mal aire", com a teoria do ar insalubre dos
"miasmas". Em 1880, Charles Alphonse Laveran, médico francês, observou parasitas da Malária em
hemácias humanas, durante seus trabalhos na Argélia. A partir daí, o modo de transmissão, e o ciclo do
parasita foi elucidado até o final do século XIX.
No início do século XX, várias pesquisas foram dedicadas ao controle vetorial, principalmente do
Anopheles gambiae, o mosquito do continente africano. Durante a I Guerra Mundial, pesquisadores
alemães desenvolveram os antimaláricos sintéticos pamaquina, mepacrina e cloroquina. Em 1942, Paul
Muller desenvolveu o inseticida DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) de grande potência e grande
atividade residual e baixo custo.
A partir de 1955, a Assembléia Mundial de Saúde e a OMS lançaram a Campanha Mundial de
Erradicação da Malária, com o intuito de extinguir a doença. Até o final dos anos 70, a campanha livrou
do risco da doença, 53% da população de áreas endêmicas, evitando milhões de mortes, aumentando
desenvolvimento sócio-econômico da Ásia, sul e sudeste Europeu, e Américas. Porém, com os anos 80,
as crises econômicas, o aumento no custo de inseticidas, e a resistência de anofelinos a estes, a
resistência de parasitas às drogas, e a deterioração do programa de controle em países pobres,
levaram a um aumento no número de casos de Malária, de modo que a estratégia mundial de
programas de saúde não é mais a erradicação, e sim, o controle da morbidade/mortalidade.
EPIDEMIOLOGIA

Apesar dos avanços no conhecimento sobre a doença, a Malária continua causar significante
morbidade e mortalidade nas áreas onde é prevalente. Mais de 40% da população mundial vive em
áreas endêmicas, compreendendo 105 países, afetando desproporcionalmente os pobres, onde a
morbidade e mortalidade são maiores, pelo difícil acesso ao tratamento efetivo. Não se sabe os
números exatos, mas há uma estimativa de 300 a 500 milhões de casos e 1,5 a 2,7 milhões de mortes
por ano, decorrentes da Malária. A maioria dos casos (mais de 90%),e das mortes mortes (90%) ocorrem
na África sub-saariana, envolvendo principalmente crianças com menos de 5 anos de idade. Também,
gestantes (principalmente primigestas) e indivíduos não imunes, provenientes de áreas não-endêmicas,
têm risco maior para Malária grave. Todos os grupos etários estão sob risco de adquirir a doença grave,
em caso de epidemias, decorrentes de mudanças ambientais (variações climáticas, projetos agrícolas,
minerações, etc), do aumento da população de anofelinos, ou de migrações populacionais (desastres
naturais, guerras etc), expondo indivíduos não-imunes à infecção. Entre 25 a 30 milhões de pessoas
viajam anualmente para áreas endêmicas, e aproximadamente, entre 10 a 30 mil destes contraem
malária.
No Brasil, a região endêmica para a Malária é a Amazônia Legal, compreendendo os estados do Acre,
Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
No estado de São Paulo, a transmissão natural da doença ocorre em duas regiões geográficas
distintas - a primeira, representada pela região da Serra do Mar, ecossistema de Mata Atlântica,
encontrando-se anofelinos em alta densidade, e a segunda, representada pela Região Oeste do
estado, nas áreas das bacias hidrográficas dos rios Paraná, Paranapanema e São José dos Dourados,
onde há a presença de anofelinos, além do trânsito de portadores da doença provenientes da Região
Amazônica, constituindo-se em ponto de atenção para o controle, uma vez que epidemias podem
ocorrer, ou a área tornar-se endêmica para Malária. Porém, mesmo nestas condições, somente um
pequeno número de casos é detectado a cada ano. Em 1990 foram registrados 1.798 casos, e a partir
de 1996, menos de 300 casos são registrados por ano, sendo que em 2003, ocorreram apenas 242 casos
no estado.

O AGENTE ETIOLÓGICO

Parasitas do gênero Plasmodium são os responsáveis pela Malária. Apenas 4 de 172 espécies de
plasmódios são infectantes para os humanos. A maioria dos casos, e quase todas as mortes, devem-se à
infecção pelo Plasmodium falciparum. Plasmodium vivax, Plasmodium ovale
e Plasmodium malariae causam doença menos grave.
O P. falciparum predomina na África, no Haiti, e na República Dominicana. No México, na América
Central, na América do Sul, no Mediterrâneo, na Ásia e Oceania, tanto o P. falciparum, quanto
o P.vivax são endêmicos. Doença causada pelos P. ovale e P. malariae é relativamente rara.
O agente autóctone do estado de São Paulo é o Plasmodium vivax, produzindo quadros
oligossintomáticos.

VETORES

O inseto transmissor da malária é um culicídeo do gênero Anopheles, dos sub-


gêneros: Anopheles, Cellia, Nyssorhyncus e Kerteszia . É também conhecido como pernilongo,
carapanã,ou mosquito-prego. Há cerca de 400 espécies de mosquitos do gênero Anopheles no mundo,
mas aproximadamente 60 delas são vetoras sob condições naturais, sendo de importância
epidemiológica. No Brasil, a espécie mais importante na transmissão da doença é
o Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi. O Anopheles (Kerteszia) gambiae é considerado a espécie mais
eficaz de transmissão, sendo comum na África.

CICLO DE VIDA DO PLASMÓDIO

O estágio do ciclo de vida do plasmódio no homem é assexuado e começa quando a fêmea do


mosquito Anopheles infectada pica a pele humana, injetando, através da saliva, esporozoítos na
corrente sanguínea. Essa etapa pode ser chamada de fase exoeritrocítica. Quando os esporozoítos
chegam ao fígado, infectando hepatócitos (fase exoeritrocítica tecidual ) por um período ´médio de 4
semanas, ocorre maturação destes para a forma de merozoítas (ou esquizontes). Cada esporozoíta pode
gerar 30.000 a 40.000 merozoítas. Nas infecções por P. vivax e P. ovale apenas, alguns esquizontes
podem permanecer dormentes como hipnozoítas por várias semanas a anos, antes de causar a
"recaída clínica" da doença.
Quando ocorre ruptura dos hepatócitos infectados, ocorre liberação de merozoítas na circulação
sistêmica, com invasão de eritrócitos (fase eritrocítica), iniciando um ciclo de reprodução assexuada.
Cada passa por mudanças morfológicas - os trofozoítas, que se dividirá em mais de 32 novos
merozoítas, com rutura dos eritrócitos e liberação destes, a cada 48 horas (P. vivax e P. ovale) ou 72
horas (P. malariae). Na infecção por P.falciparum, este ciclo é temporalmente errático. É neste
período de rutura dos eritrócitos que ocorrem os sintomas de febre, calafrios e astenia intensa.
Algumas formas sexuadas podem se desenvolver no interior das hemácias- os gametócitos, que são
cruciais para perpetuação do ciclo de vida do plasmódio, uma vez que ao serem ingeridos pelo
mosquito no momento do repasto sanguíneo, passarão pelo ciclo sexuado de reprodução no intestino
médio do vetor, produzindo milhares de esporozoítos, que migrarão para as glândulas salivares ,
prontos para iniciar um outro ciclo de vida.

FORMAS DE TRANSMISSÃO DA MALÁRIA

-Transmissão natural: o plasmódio infecta o homem humano pela picada de uma fêmea de anofelinos
infectada, portadora de formas infectantes (esporozoítas) na glândula salivar.
-Transmissão induzida : é transmissão que ocorre por meio de transfusão de sangue, uso compartilhado
de agulhas e/ou seringas contaminadas, a malária congênita, e através de acidentes de trabalho em
pessoal de laboratório ou hospital.

Período de transmissibilidade: após 8 a 16 dias do repasto sanguíneo com o sangue de uma pessoa
com malária, portando gametócitos do plasmódio, a fêmea do anofelino poderá passar a transmitir a
doença para outras pessoas através de sua picada . Isto ocorre a cada dois ou três dias. A transmissão
da doença pode continuar por toda a vida média do inseto, que é de cerca de 30 dias.

Período de incubação: é o período entre a picada do mosquito infectado, até o aparecimento dos
primeiros sintomas que é, em média, de 15 dias, na maioria dos casos. Podem ocorrer períodos mais
curtos ou mais prolongados, como ocorre na Malária por P. vivax e por P. ovale.

RESPOSTA DO HOSPEDEIRO CONTRA O Plasmodium sp

A resposta humoral exerce papel essencial na imunidade protetora contra o plasmódio da Malária.
Formam-se anticorpos contra esporozoítas, inibindo a invasão dos hepatócitos; anticorpos contra
moléculas expressas na superfície de merozoítos , impedindo a invasão de novas hemácias; anticorpos
contra a PfEMP1 (P.falciparum erythrocyte membrane protein 1) expressa na superfície de hemácias
infectadas, interferindo com a ligação destas às células endoteliais de vasos e da placenta, por meio
de moléculas de adesão como ICAM-1, VCAM-1, CD36, e condroitina sulfato A; e finalmente, anticorpos
contra moléculas expressas em gametócitos, prevenindo disseminação do parasita, pela
contaminação de mosquitos durante o repasto sanguíneo.
Macrófagos exercem importante função efetora ao fagocitar merozoítas, secretando citocinas pró-
inflamatórias, inclusive potentes pirógenos, como IL-1, e o TNF-alfa. Os macrófagos atuam também por
meio do sistema reticuloendotelial hepático ,esplênico, e na medula óssea, fagocitando eritrócitos
infectados.
Células T CD4+ são indispensáveis para a proteção contra o plasmódio no estágio sanguíneo, pelo
suporte à produção de anticorpos pelos linfócitos B e pela secreção de IFN-gama para a ativação de
macrófagos, promovendo o clearance de eritrócitos infectados.
As células T CD8 + exibem citotoxicidade aos hepatócitos, quando ocorre a maturação de
esporozoítas para merozoítas.
Fatores genéticos do hospedeiro como a anemia falciforme, a talassemia, a deficiência de glicose-6-
desidrogenase fosfatase, e a ausência do antígeno Duffy nos glóbulos vermelhos, conferem resistência
natural à Malária.
Apesar de toda a resposta imune do hospedeiro contra o plasmódio, este exibe diversos mecanismos
de escape, responsável pela sua manutenção no meio e impedindo o desenvolvimento de medidas
eficazes para a erradicação da doença, como vacinas. Entre estes mecanismos, incluem-se o próprio
parasitismo intracelular, evitando a ação de anticorpos contra esporozoítos e merozoítos livres, além
de evitar a ação de células T CD8+ contra merozoítos, uma vez que hemácias não exibem MHC na sua
superfície; a aderência a células endoteliais vasculares permite a evasão à fagocitose, que ocorre no
baço e fígado; e o polimorfismo e a variação clonal de antígenos do parasita, escapando da resposta
humoral específica. Recentes evidências de efeitos imunossupressores do plasmódio em alguns modelos
experimentais de Malária têm sido demonstradas, por meio da inibição da maturação de células
apresentadoras de antígenos (APC) a outros antígenos, pela ligação do eritrócito expressando PfEMP1
ao CD36 da APC; altos níveis de IL-10 e TGF-beta, pela mudança de epítopos específicos de células-T,
desviando a sinalização destas para a produção de IL-10 e não IFN-gama, além de o plasmódio ter
moléculas homólogas ao trombospondim e moléculas com matriz metaloprotease que podem ativar o
TGF-beta. Modelos experimentais de camundongos com doença grave pelo plasmódio P.yoelii , cepa
PyL, têm alta letalidade, com baixa resposta imune ao parasita e não específica, pelo aumento da
ativação de células T regulatórias (CD4+/CD25+), que são imunossupressoras.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA

O quadro clínico da Malária é variável, dependendo se o indivíduo é proveniente ou não de áreas


endêmicas, da espécie de plasmódio infectante, uso de medicação profilática, e da resposta imune do
hospedeiro, que envolve fatores genéticos.
Mais de 85% dos viajantes que adquiriram Malária irão apresentar sintomas apenas após o retorno da
área endêmica. Os sintomas usualmente surgem dentro de 8 semanas após o retorno, na infecção
pelo P.falciparum, enquanto que na infecção pelo P. vivax e P. ovale podem surgir após vários meses,
devido à fase tecidual hepática prolongada (hipnozoítos). Contudo, a maioria das infecções será
sintomática dentro de um ano após o retorno, independentemente da espécie infectante. Imigrantes e
visitantes de áreas endêmicas e aqueles que utilizaram quimioprofilaxia podem ter um período de
incubação prolongado e sintomas atenuados. Viajantes em áreas endêmicas para Malária devem
procurar cuidados médicos imediatos, uma vez que subdiagnósticos são comuns, e podem levar a
resultados catastróficos pelo desenvolvimento de Malária grave.
Febre é quase sempre presente, em geral acima de 38?C, de padrão temporal variável (infecções
por P.falciparum), raramente como febre terçã (a cada 48 horas , nas infecções por P.vivax e P. ovale)
ou febre quartã (infecções por P.malariae). A febre coincide com a rutura de hemácias após um ciclo
de reprodução assexuado nos eritrócitos, temporalmente de acordo com a espécie de plasmódio
infectante, com liberação de merozoítos na circulação, levando à resposta imune mediada por
macrófagos com liberação de citocinas inflamatórias. Outros sintomas comuns são calafrios, astenia
intensa, cefaléia, mialgias, tosse e sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarréia ou dor
abdominal. Os achados mais comuns no exame físico são febre, esplenomegalia. Icterícia,
hepatomegalia e dor à palpação do abdomen são menos frequentes. A presença de exantema cutâneo
e linfoadenomegalia devem sugerir um diagnóstico alternativo ou adicional.
Em indivíduos residentes em áreas endêmicas, infecções prévias produzem uma resposta humoral e
celular, que não é completamente protetora, uma vez que o plasmódio tem vários mecanismos de
evasão à resposta imune do hospedeiro, permitindo infecções repetidas. Contudo, a apresentação
clínica entre estes nativos "imunes" é menos severa, com poucos casos graves, com uma significante
proporção ( mais de 80%) de casos com parasitemia oligossintomática ou assintomática. Desse modo, a
febre não é o melhor indicador de Malária em áreas endêmicas, mas deve sempre apontá-la entre os
diagnósticos diferenciais de febre. Cefaléia, sensação de frio, artralgias, anemia, esplenomegalia e
hepatomegalia são comuns.
A Malária grave é definida pela Organização Mundial de Saúde quando o paciente com parasitemia,
tem 1 ou mais dos seguintes parâmetros: prostração (inabilidade de manter-se sentado sem ajuda),
rebaixamento do nível de consciência, edema pulmonar ou síndrome da angústia respiratória aguda
(ARDS), convulsões, choque cardiovascular, sangramento anormal, icterícia, hemoglobinúria, ou anemia
grave (hemoglobina < 50g/L ou hematócrito < 15%). Prostração e alteração da consciência ocorrem
tanto em adultos quanto em crianças; ARDS, convulsões e anemia grave são mais comuns em crianças;
enquanto insuficiência renal e icterícia ocorrem mais frequentemente em adultos. Os indivíduos com
maiores riscos de desenvolver essa forma grave são crianças, gestantes de áreas endêmicas, e
indivíduos provenientes de áreas não-endêmicas.
A ARDS é uma lesão pulmonar imune-mediada, que ocorre frequentemente durante o segundo o
quarto dia de tratamento, mesmo se a parasitemia está decrescendo. Malária grave usualmente ocorre
quando a parasitemia é maior ou igual a 5%, com taxa de mortalidade que excede 20%, mesmo com
tratamento optimizado.
Outras complicações da Malária incluem insuficiência renal aguda, hemólise com anemia grave,
coagulação intravascular disseminada. Uma das mais graves complicações afeta o sistema nervoso
central, a Malária cerebral, decorrente da oclusão da microvasculatura cerebral, com estado mental
alterado, convulsões, e déficits neurológicos focais. A mortalidade é alta (15-25%), e sobreviventes
podem ter seqüelas neurológicas. Hipoglicemia pode ocorrer, devido ao consumo de glicose pela alta
carga parasitária. Acidose metabólica láctica pode ocorrer e é grave. Infecções bacterianas
superajuntadas podem ocorrer, como pneumonia aspirativa por nível de consciência alterado ou
infecções decorrentes de cuidados intensivos.
Apesar dos residentes de áreas endêmicas terem menor propensão à Malária grave, estes
(principalmente crianças) podem ter complicações decorrentes de anemia crônica, esplenomegalia
maciça, causando dor abdominal e disfunção da medula óssea e do sistema imune (esplenonegalia
malárica hiperreativa, e linfomas), e síndrome nefrótica por deposição glomerular de imunocomplexos.

DIAGNÓSTICO E ACHADOS LABORATORIAIS DA MALÁRIA

A alta suspeita clínica e o rápido diagnóstico são importantes para optimizar os resultados do
tratamento da Malária. O padrão-ouro no diagnóstico da infecção continua sendo as colorações de
sangue periférico- "gota espessa", coradas com Giemsa, Wright ou Field . Os esfregaços permitem tanto
a identificação quanto a quantificação da carga parasitária. Malária só pode ser excluída quando há
pelo menos 3 esfregaços negativos dentro de 48 horas de observação da febre. Porém, o
processamento e a interpretação dos esfregaços exigem equipamento e treinamento apropriados ,
fatores que limitam o uso em áreas endêmicas ou não-endêmicas.
Testes rápidos podem superar os problemas dos esfregaços. Os testes reconhecem proteínas do
plasmódio em amostras de gotículas de sangue do paciente, disponíveis apenas para
o P.falciparum e P.vivax. Pela persistência de antigenemia por longos períodos, mesmo após o
tratamento, os testes rápidos não são recomendados para avaliar a cura. A sensibilidade para detectar
a malária por P.falciparum é maior que 90%, mas cai bastante em casos de baixa parasitemia e estes
testes não podem ser usados isoladamente para excluir Malária.
Polymerase chain reaction (PCR) é sensível (mais de 90%) e altamente específica (quase 100%), e
pode detectar níveis muito baixos de parasitas, útil quando o esfregaço é negativo, e é espécie-
específica. Porém, pela inacessibilidade técnica, permanece como instrumento de pesquisa.
Métodos sorológicos como o ELISA e a imunofluorescência indireta não têm papel no diagnóstico da
Malária aguda. Recentes avanços nos testes para diagnóstico são a PCR real-time, extração de DNA, a
coloração com Acridina laranja e a citometria de fluxo.

TRATAMENTO E CONTROLE DA MALÁRIA

A malária quando detectada correta e precocemente é uma doença de tratamento bastante simples.
Para cada espécie do plasmódio é utilizado medicamento ou associações de medicamentos específicos
em dosagens adequadas à situação particular de cada doente, e que deve considerar os padrões de
resistência do plasmódio nas diversas regiões endêmicas do mundo. Quando há retardo no diagnóstico,
em especial em um caso de infecção por Plasmodium falciparum, graves complicações podem surgir,
culminando com o óbito do doente. As drogas utilizadas são a Cloroquina, Atovaquona, Sulfato de
quinino, Quinidina, Doxiciclina, Clindamicina, Mefloquina, Primaquina e as recentes Artemether e
Artesunato.
Os trabalhos de investigação epidemiológica são realizados após o diagnóstico do caso e são
baseados na tomada de informações do paciente para que seja possível identificar o local provável de
infecção, bem como avaliar a possibilidade de aquisição da Malária pela forma não natural de
transmissão. Caso haja a indicação de tratar-se de um caso autóctone no estado de São Paulo, o
controle do foco é competência da SUCEN, que realiza o reconhecimento e delimitação da área de
foco, pesquisas entomológicas para identificar a espécie de anofelino envolvida, a busca ativa de
casos, com coleta de sangue, para exame laboratorial de pessoas que estejam com sintomas da
doença. O uso de inseticidas é avaliado e depende sempre da espécie de vetor, da espécie de
plasmódio e do número de casos registrados. Isto tem possibilitado a aplicação racional destas
substâncias.
Apesar de vários estudos, ainda hoje não existe uma vacina que confira proteção satisfatória contra
a malária, devido aos mecanismos genéticos de escape do parasita, como o polimorfismo e a variação
clonal de antígenos vacinais. Para se obter algum grau de proteção contra a malária, restam as
medidas de ordem pessoal, como a utilização de repelentes químicos sobre a pele, mosquiteiros sobre
as camas ou redes de dormir, telas nas janelas e portas das habitações e evitar a permanência ao ar
livre nos horários em que os mosquitos se apresentam em maior quantidade, como o amanhecer
(crepúsculo matutino) e o anoitecer (crepúsculo vespertino).
A Organização Mundial da Saúde e o C.D.C. dos Estados Unidos recomendam a utilização de
medicamentos profiláticos para evitar a Malária, aos viajantes antes mesmo da chegada e durante a
estadia em áreas malarigênicas. Porém, os medicamentos antimaláricos utilizados para o tratamento
da doença, são aplicados em doses menores, e em intervalos semanais, podendo não evitar a aquisição
da infecção, além de levar à falsa idéia de segurança, aumentando a chance de exposição aos vetores
e, ainda, dificultar a hipótese diagnóstica de malária quando surgirem os sintomas, efeitos colaterais e
o desenvolvimento de resistência às drogas de tratamento.
O "Roll Back Malaria Program ", uma parceria entre a Organização Mundial de Saúde, o Banco
Mundial, o "United Nations Development Programme" e a UNICEF , tem atuado junto aos governos de
países endêmicos, ONGs, setores privados e pesquisadores para controlar a Malária, reduzindo a
morbidade e mortalidade atribuída. Os 4 componentes principais do programa incluem acesso ao
tratamento efetivo, prevenção da Malária durante a gestação, disseminação do uso de mosquiteiros
com inseticidas, prevenindo o contato noturno com os vetores, e ações rápidas e efetivas em caso de
epidemias.O "Malaria Genome Project" tem o objetivo de sequenciar todo o genoma do P.falciparum,
que deverá ser útil para identificar alvos antigênicos para o desenvolvimento de vacinas, testes
diagnósticos e novas drogas antimaláricas.

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INTRODUÇÃO A malária é uma doença parasitária que é causada pelo protozoário do gênero
Plasmodium, que é transmitida ao homem pelo mosquito fêmea do gênero Anopheles. O ciclo
da malária é dividido entre o do inseto vetor e hospedeiro humano. Originada no Continente
Africano, e disseminada pela Europa, Ásia e America, essa patologia antigamente era considerada
um castigo dos Deuses ou maus espíritos (Mal Airi),. Esta doença tem como efeitos febre, calafrios,
dores no corpo, edema de fígado e..

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