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ORIENTAÇÕES PARA EMPRESAS E AUTÔNOMOS

Estamos passando por um momento complicado, que reflete diretamente no desempenho


financeiro das empresas Sabemos que nossos clientes estão em momentos diferentes de
estruturação financeira: alguns estão ainda em processo de adequação, enquanto outros já
inclusive formaram uma reserva para momentos como esse.

Nosso papel é sempre guiar nossos clientes (e quem mais for possível ao longo do caminho) por
decisões financeiras mais acertadas, conforme as prioridades de cada um. Com esse material,
buscamos auxiliar vocês - pessoas que confiaram no nosso trabalho - em mais esse momento.

Assim, preparamos orientações bem detalhadas, e caso seja possível podemos dar uma olhada
no impacto e prever algumas outras ações juntos.

Essa fase vai passar. E contem com a gente! Seguimos juntos!

Vamos lá?

Bem, em geral, a orientação é olhar detalhadamente para os valores a receber e os valores a


pagar.

(1) Primeiramente olhe para os custos fixos: a ideia é cortar ou renegociar tudo que puder, para
minimizar o impacto nesse momento e também facilitar a retomada assim que tudo passar.

Na prática: tente negociar valores mais altos (como aluguéis), mesmo que a proposta seja um
pagamento parcial no momento, com parcelas para os próximos meses. Tente negociar valores
melhores com empresas de sistemas, telefonia, dentre outros.

Aqui vale o alerta para escolher estrategicamente os pontos de corte nesse momento, cuidado
para não cortar funcionários ou custos que sejam fundamentais para a operação do negócio.
Essa é uma fase complicada, mas ela vai passar e precisaremos estar prontos para atender
nossos clientes à altura.

(2) Sobre Fornecedores e boletos em geral: Não há nenhuma regra em relação a isso. O que
estamos orientando é para fazer contato com as empresas para tentarem renegociar os
prazos de pagamentos. É importante lembrar que todo mundo está passando pela mesma
situação. Levantamos sempre a cautela para tentar negociar com empresas maiores, com
mais possibilidade de caixa e então minimizar o impacto dos pequenos
fornecedores/produtores, que provavelmente estão em uma situação ainda mais delicada.
Na prática: Negocie com todos os fornecedores, mas tente condições melhores com empresas
maiores. Se não for possível negociar o prazo do valor todo, uma proposta de formas de
pagamento mais parciais é uma estratégia.

(3) Em seguida liste as datas de pagamento de cada custo fixo, e também dos boletos em
aberto, e separe por períodos semanais (pelo menos). Liste também todos os valores a
receber, por semana, criando duas categorias: valores de entrada certos (como valores de
cartão de crédito a receber) e valores de entrada incertos (boletos, transferências, etc).

Na prática: Da mesma forma sobre os nossos fornecedores, devemos entrar em contato com
esses clientes, entender qual a previsão real de pagamento e negociar formas mais parceladas,
se for necessário. Para isso, é fundamental já saber por semana os valores que com certeza irão
entrar, e os valores que sabemos que existem de despesas.

Exemplo desse fluxo:

Nesse caso, a diferença do que precisamos receber no mínimo para pagar as contas é:

Vamos supor que tenham 4 clientes que precisam pagar R$400,00 na primeira semana. Uma
ideia é propor (caso eles precisem) que cada um pague R$100,00 na primeira semana e R$100,00
na terceira. Assim cumprimos o fluxo de pagamento.
(Seria possível inclusive propor para um cliente que não conseguisse arcar com R$100,00 na
primeira semana, que o pagamento fosse de R$50,00 na primeira e R$50,00 na segunda.)

Nesse momento o mais importante é ajustar o seu fluxo com negociações nas duas frentes:
com os clientes e com os fornecedores, tentando buscar cenários positivos.

Mas e se não haviam valores certos a serem recebidos? Vamos falar se outras formas de
melhorar o faturamento nos próximos dias:

(4) Se hoje a demanda pelo seu serviço diminuiu (ou simplesmente foi suspensa) pense de que
outras formas você consegue chegar até os seus clientes, fazendo pequenas alterações no
que você já oferece.
Na prática: se o cliente ia até você (ou na sua empresa), não há uma forma de que os seus
produtos e serviços cheguem até o cliente? Pense de que forma você pode adaptar, e quais
produtos e serviços são passíveis de adaptação. Pense em entregar os produtos na casa do
cliente, realizar reuniões e encontros online, ir até ele para prestar serviços mais simples,
etc.

(5) Pense em outros serviços e produtos que podem ser oferecidos com a estrutura que você
já tem.

Uma observação sobre os dois itens acima: mostre para o seu cliente em todas as formas de
contato que você tem com ele (Instagram, WhatsApp, Email) as medidas de higiene e
desinfecção que sua empresa está tomando. Isso traz um pouco mais de tranquilidade e faz
o seu cliente se sentir mais à vontade de consumir e comprar da sua empresa.

(6) Mantenha um relacionamento com o seu cliente nesse momento. Mesmo que você não
consiga fazer nenhuma das duas ações anteriores, mantenha o seu cliente próximo. Quando
tudo passar ele precisará dos seus produtos e serviços, e você precisará dele. Crie uma
relação para que no futuro ele se lembre da sua empresa.

(7) Existe a possibilidade de promover vendas com entrega a prazo, com condições facilitadas:
seja por valores menores ou condições de pagamento facilitadas que preencham a
necessidade de capital do seu fluxo.

Na prática: promova a venda, deixando claro para o seu cliente que assim que tudo se normalizar
vocês acertam a execução do serviço ou a entrega do produto. Se, por exemplo, de acordo com
o fluxo você precisa de R$1.000,00 para quitar os valores em aberto esse mês, promova vendas
com desconto de 10%, com uma entrada de R$200,00 e as demais parceladas, ou na entrega do
serviço/produto. Isso traz clientes que já esperavam comprar de você e agora são convencidos
pelo preço menor ou condição de pagamento mais facilitada.

Uma observação sobre esse assunto: tenha real noção do valor de custo do que você está
oferecendo, entenda se o desconto oferecido é sustentável para o negócio, e se após esse período
você será capaz de atender a todas essas vendas.

Certo. Além disso, o Ministério da Economia divulgou algumas medidas de apoio às empresas,
visando melhorar o seu capital de giro e não descapitalizar os negócios:

(8) Simples Nacional: A medida é o adiamento dos próximos 3 meses (abril, maio e junho) que
serão pagos nos meses de outubro, novembro e dezembro. As guias nem serão geradas,
mas caso seja possível e estratégico, é possível realizar o pagamento, solicitando a geração
antecipada da guia.

Na prática: O imposto sobre o faturamento dos meses de março, abril e maio será pago ao final
do ano, o que aumenta o capital disponível para pagar as demais empresas e preserva o seu
capital de giro (compra de produtos e serviços necessários para continuar rodando). A ressalva
é que após esse período mais turbulento, e havendo clareza da situação, seja feito um bom
planejamento para pagamento desses guias no final do ano, já que nos meses de outubro,
novembro e dezembro serão pagas duas guias por mês.

(9) Adiamento do FGTS dos funcionários: A ideia é similar à do Simples Nacional: prorrogar por
3 meses. Mas os detalhes ainda não foram informados, pois a proposta ainda depende de
aprovação do Senado Federal.
(10) Empréstimos: Alguns bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú, Santander e Bradesco
já oficializaram) deram abertura para o adiamento de parcelas por até 60 dias ou a contratação
de novos empréstimos com taxas reduzidas. Não é uma medida padrão nem automática, é
preciso ser acionada pelo próprio cliente.

Na prática: Deve ser feito o contato com o Banco entendendo a proposta no seu contrato
especificamente e avaliar se é válida para o seu momento. E fique de olho! Esse assunto está
sendo atualizado com muita frequência.

(11) O governo propôs algumas medidas quanto aos funcionários, mas ainda precisam de
aprovação do Congresso. São elas: Possibilidade de pagamento parcial dos salários dos
empregados, sendo proporcional às horas trabalhadas (desde que mantido no mínimo o salário
mínimo nacional), uso do banco de horas, decretação de férias coletivas, antecipação de férias
individuais (ou seja, mesmo quem ainda não tem direito ao período de férias, esse período já é
antecipado) e feriados não religiosos.

Na prática: isso tudo ajudaria a diminuir os custos com mão de obra, mas ainda necessita de
aprovação do Congresso. Para essa ação indicamos a orientação do contador da empresa.

(12) Os sindicatos e associações tem se movimentado muito buscando algumas brechas para
facilitar, principalmente nos setores que estão sofrendo mais. Algumas medidas que já foram
acordadas com alguns são a paralização de contratos de trabalho por 15 dias prorrogável por
mais 15 dias, o decreto de férias para os funcionários com pagamento dividido em 4 parcelas,
entre outros. Vale buscar mais informações no site do seu sindicato para ver outras
possibilidades.

Bem, esperamos que essas ações realmente tragam soluções para cada um de vocês. Conforme
forem sendo divulgadas novas ações, medidas e informações, enviaremos as atualizações. Caso
haja alguma dúvida, ou algum ponto que prefiram discutir caso a caso, estamos disponíveis!

No todo, lembramos sempre que vivem em comunidade, e esse é um momento que nos mostra
o quanto precisamos uns dos outros. Por isso, incentivamos a compra de produtos e comércios
locais (em especial das pequenas empresas) e enfatizamos a importância da preocupação com
a estabilidade do nosso negócio, mas também de nossos fornecedores e clientes.

No mais, estamos aqui torcendo e fazendo a nossa parte pela economia do País, e para que esse
momento atinja o mínimo possível o seu negócio. Conte com a gente!
OBS: Caso a sua empresa não esteja sendo atingida diretamente nesse momento, sugerimos a
aplicação de todas essas medidas na sua empresa de todo modo. Como já dito, vivemos em
comunidade, e o problema no negócio do outro em algum momento atinge o nosso. Assim,
sugerimos muita calma nas decisões, principalmente financeiras. O momento não pode ser de
pânico, mas é de muita atenção.

Goiânia, 20 de março de 2020.

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