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ENSINO DE HISTÓRIA NA MODALIDADE EAD E USO DA SALA DE AULA

INVERTIDA

Sidineia Langa de Souza1

RESUMO

O ensino de História, bem como outras áreas específicas, baseia-se em diversas metodologias, uma
delas, considerada ativa e harmônica às tendências da área da educação, baseia-se na inversão da
clássica forma de transmitir conteúdos e desenvolver discussões, intitulada Sala de Aula Invertida. Este
artigo de revisão de bibliografia tem como finalidade analisar artigos que tratam da referida temática,
criando pontes com o ensino na modalidade à distância, para compreender quais são os pontos que
viabilizam tal prática e que limitantes podem ser encontrados. Para este estudo usou-se as bases
indexadoras Google Acadêmico e SciELO, filtrando os artigos através das palavras “EAD” e “ensino de
história” e tendo como critério temporal de inclusão os artigos entre 2012 e 2022. Ao analisar como o
ensino à distância mostra-se uma realidade crescente associada às metodologias ativas e interesse em
ensinar História para desenvolvimento crítico analítico de situações históricas, extraiu-se os pontos
favoráveis e desfavoráveis de acordo com os autores. Desta forma podem-se elencar pontos favoráveis o
desenvolvimento de autonomia discente, aproximação do processo de ensino e aprendizagem com a
família e possibilidade de discussões pluralizadas a partir da perspectiva individual de cada discente. Ao
mesmo tempo, pontos desfavoráveis são vistos, como suporte material, principalmente no acesso às
tecnologias, formação docente, conscientização discente e familiar e ainda organizações de currículos.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de História. EAD. Sala de Aula Invertida. Metodologias. Docência.

1. INTRODUÇÃO

O ensino, aqui estreitado à área de História, pode ser considerado um processo


complexo, que envolve demandas sociais, movimentos históricos, metodologias
aplicadas, modalidade de desenvolvimento das aulas e outras diferentes questões.
Com essa complexidade de variáveis, mostra-se interessante o foco em
questões específicas, para que haja uma articulação de fatores e proposta de
encaminhamentos positivos para que os estudantes tenham o maior aproveitamento
possível.

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E-mail: neialangasouza@gmail.com

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O ensino de História na modalidade EAD pode ser visto como uma tendência da
educação, confirmada pela existência de várias esferas de pós-graduações e ainda a
partir de seu desenvolvimento de forma emergencial durante o período pandêmico.
Nessa tendência, diferentes aspectos positivos podem ser analisados, bem como
negativos, novos e agregados das modalidades clássicas da educação. Desta forma,
mostra-se interessante uma reflexão acerca das formas de tornar o processo mais
completo e efetivo, podendo ser analisadas as metodologias que priorizem a
aprendizagem e desenvolvimento do perfil discente, sobretudo para uma formação
autônoma/independente e pesquisadora.
Assim, a pesquisa desenvolve de forma sucinta como o ensino de História, na
modalidade EAD, pode fazer uso da metodologia Sala de Aula Invertida, sendo
analisados os diferentes aspectos dessa proposta, positivos e limitantes, demonstrando
para quem ler o que se tem feito, quais as dificuldades encontradas, assim como as
possibilidades ao aplicar essa metodologia de ensino.
Para o desenvolvimento do estudo, foi realizada uma análise bibliográfica
qualitativa, com foco em trabalhos publicados no período temporal recente, extraídos
das bases de busca Google Acadêmico e SciELO, relacionados ao ensino de História,
modalidade EAD e metodologias que mostram-se promissoras no processo.
A estruturação das seções de desenvolvimento objetivou proporcionar uma
sequência lógica de discussão, com uma apresentação inicial do processo de ensino de
História e a aspectos da modalidade EAD, definição da metodologia Sala de Aula
Invertida.

2. METODOLOGIA

A partir da definição do problema de pesquisa, que foca na modalidade de


ensino EAD e análise de uma metodologia específica, demonstrada, de forma primária,
interessante, faz-se necessária a definição e descrição dos diferentes procedimentos
metodológicos adotados para esse estudo. Considerando que Mendes (2016) e

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Marconi (2022) definem esse espaço inicial de descrição como uma ferramenta
direcionadora necessária para a facilitação do fazer científico, também sendo um
elemento de validação, segundo Prodanov e Freitas (2013).
Para a prática investigativa, caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica,
pois conforme Mendes (2016), esse tipo de análise que faz uso de estudos já
realizados, contribui para aprimorar ainda mais as discussões sobre o tema focado,
salientado que obras clássicas também foram empregadas para suporte teórico.
Descrito o tipo de pesquisa, para a aquisição das literaturas, inicialmente, leituras
exploratórias foram realizadas, sendo utilizadas as palavras de busca “Modalidades de
ensino”, “Ensino de História EAD” e “Sala de aula Invertida” nas plataformas de busca
Google Acadêmico e SciELO.
Como critérios de inclusão de artigos, foram considerados os artigos entre 2012
– 2022 e artigos que tivessem “EAD” e “ensino de história” em seus títulos ou corpo de
texto, sendo desconsideradas as publicações que divergem de algum dos critérios de
inclusão.
Para o trato dos dados optou-se por uma análise qualitativa, considerando o teor
pedagógico da proposta, sendo realizados fichamentos iniciais para organização de
ideias e referências.
Em suma, para a organização do corpo do artigo, foram divididas seções, sendo
a primeira relacionada ao ensino de História e modalidades de ensino, seguida pelos
diferentes aspectos do ensino na modalidade a distância, finalizada pela apresentação
da metodologia “Sala de Aula Invertida”, sendo explorada sua definição,
desenvolvimento e aspectos positivos e carentes de atenção.

3. ENSINO DE HISTÓRIA E MODALIDADES DE ENSINO

Das diferentes áreas que sofrem alterações e adaptações contínuas de acordo


com processos históricos e demandas da sociedade, a educação pode ser indicada
como uma das que são alteradas de forma substancial.

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Para Guimarães (2012, p. 160):

O espaço acadêmico como produtor de história, formador dos profissionais


encarregados de ensiná-la, frequentemente associado aos interesses do
capital, alia-se à indústria cultural, que paulatinamente participa do debate
acadêmico e aponta rumos para a história/mercadoria ali produzida.

Estreitando essa análise para o ensino de História, é possível destacar que é


uma prática que requer contínua adaptação e adoção de medidas que despertem nos
educandos interesse e significado, direcionando à verificação de necessidades de
inovar em seu campo de saber, metodologias são experimentadas ao longo do tempo
levando o ensino de História a diversos caminhos.
Desses caminhos, observa-se o anseio da ruptura com a pedagogia tradicional.

Na pedagogia tradicional, a atividade de ensinar é centrada no professor, o qual


expõe e interpreta suas aulas como modo de apreensão dos conteúdos. Nessa
tendência, a expressão oral é a mais corrente. Supõe-se que “ouvindo e
fazendo” exercícios repetitivos, os alunos memorizam o conteúdo para
reproduzi-lo, posteriormente, quando questionado pelo professor (SILVA, 2021,
p. 36).

Todavia, de forma prévia à discussão acerca de encaminhamentos


metodológicos e demais norteadores, cabe dar luz a alguns processos históricos que
delineiam o atual cenário da educação em História.
Bittencourt (2018, p. 128) realça que:

Estudos sobre a História nas escolas brasileiras evidenciam que essa disciplina
teve sua trajetória sujeita a confrontos semelhantes aos dos países europeus,
mas, evidentemente, sob condições específicas dadas as problemáticas
decorrentes de uma política educacional complexa que tem mantido a
sociedade brasileira em constante disputa por uma educação que possa se
estender, efetivamente, ao conjunto de crianças e jovens do país.

Segundo Santos (2018), o advento das Tecnologias Digitais da Informação e


Comunicação (TDIC) trouxe consigo uma revolução na sociedade, alterando
significativamente as interações no aspecto pessoal, profissional e ainda educacional.
Silva (2021, p. 29), salienta que a História é:

(...) uma ciência que por séculos foi ensinada num sistema que se restringia às
práticas dogmáticas. Mudanças vieram e a escola as refletem em
concomitância às tecnologias. Não dá mais para fazer a mesmice. O aprendiz
precisa ser participante de sua própria aprendizagem.

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Da concomitância às tecnologias, é possível observar que nas próprias diretrizes
legais da educação há este amparo. Nas normas de modalidades de ensino, a LDB
(2018) aponta que “O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais” e
ainda “A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão
utilizar recursos e tecnologias de educação a distância”.
Assim, pode-se entender que o uso de tecnologias no processo de ensino é
entendido como necessário, justificado em contextos emergenciais ou não, no caso de
formação continuada e afins.
Para Nonato e Pinto (2015, p. 1):

No Brasil, segundo Kátia Siqueira, a evolução histórica do ensino à distância foi


marcada pelo surgimento e disseminação dos meios de comunicação, sendo a
primeira etapa com o ensino por correspondência, a segunda etapa pelo rádio
no Rio de Janeiro com um plano sistemático de utilização da rádio difusão,
como forma de ampliar a educação. Depois veio o uso da TV, e atualmente a
internet é um dos meios que fez mais acelerar esta modalidade de ensino no
Brasil e no mundo.

Com essa ascensão das TDIC, propõe-se a atenção específica à modalidade de


Educação à Distância (EAD), que vai de encontro com as propostas de novos métodos
de ensino, introduzidos nas escolas, que multiplicam-se e transformam-se com a
presença de novos grupos sociais (BITTENCOURT, 2018).

3.1 Diferentes aspectos do ensino EAD

Definindo o ensino EAD, considerando a literalidade do conceito de educar à


distância, pode ser delineado como práticas de ensino que usam de tecnologias globais
de comunicação para desenvolver aulas de forma análoga às presenciais.
Nessa modalidade, além da atenção aos pontos clássicos do processo de ensino
e aprendizagem observados em salas de aula convencionais, há fatores de domínio
tecnológico e formas de oportunizar o educando a expressar-se e estar atento.

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Cabe discutir esses pontos, pois segundo Schneider et al. (2013), a Educação a
Distância é uma das modalidades que mais crescem no Brasil atualmente, conforme
dados do Censo da Educação Superior de 2010.
Ao direcionar a reflexão dessa análise à área do ensino de História, pode-se
vislumbrar uma harmonia entre os objetivos do ensino dessa disciplina e domínios
carecidos para a fluidez do ensino EAD, pois segundo Silva (2021, p. 29):

A disciplina de História é uma ciência que o educador propõe ao educando


pensar, papel fundamental de quem ensina e, ainda, desenvolver as práticas
libertadoras em “aprender a aprender”.

Assim, ao passo em que o estudante estuda História nessa modalidade, adquire


o objetivado senso ativo e autônomo, pois “O professor de História pode ensinar o
aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; o saber fazer, o saber fazer
bem, lançar os germes do histórico” (SCHMIDT, 2017 p. 57).
Para esse alcance, faz-se mister apontar fatores carentes de atenção. Nonato e
Pinto (2015, p. 4), sintetizam que para que o ensino a distância no Brasil torne-se
efetivo e acessível a todos, é preciso que seja desenvolvida:

• Conscientização da população para a importância do ensino em todos os


níveis;
• Qualificação dos profissionais que ministram os cursos em toda modalidade e
incentivo financeiro;
• Continuidade nos cursos que tiver melhor desempenho perante a sociedade;
• Avaliação e exigências pertinentes para a melhoria dos cursos que são
oferecidos como um todo.

Nonato e Pinto (2015) também destacam a motivação dos educandos como fator
importante para o desempenho positivo, pois motivados, passam a vencer certas
barreiras intrínsecas do ensino virtual, contudo, é destacado que tal status de
motivação adquire-se de forma plena quando os tutores possuem conhecimentos
específicos, daí a importância das formações continuadas, para atenderem
necessidades, desenvolver planejamentos e administrar os anseios internos e externos.
Em síntese, desses fatores que perpassam o ensino EAD no Brasil, pode-se
sintetizar que é indispensável que sejam trabalhados dois elementos, que servem de
origem para os aspectos citados e eventuais outros: a metodologia empregada no
processo e a instrumentalização tecnológica.

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4. METODOLOGIA: SALA DE AULA INVERTIDA

Destacada a necessidade de atenção às metodologias no processo de ensino


EAD, cabe investigar as que mostram-se mais interessantes e aplicadas, diretamente
na área do conhecimento aqui focada ou não, pois segundo Freire (1996, p. 29), “Não
há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”.
Das metodologias empregadas nas salas de aulas virtuais, e também
presenciais, como tendência da área da educação, as metodologias ativas vêm se
mostrando interessantes.
Para Silva (2021, p. 37):

As metodologias ativas têm por finalidade o preâmbulo para questionar e fazer


avançar as teorias e práticas pedagógicas em sala de aula. Atualmente, vem
ocorrendo diversas iniciativas pedagógicas que visam promover a autonomia do
aluno (...).

Diferentes estratégias didáticas podem ser desenvolvidas pelos docentes, a fim


de fomentar estímulos em seus estudantes. Dessas estratégias, o uso da “Sala de aula
invertida” será discutido, por ir de encontro com as referidas peculiaridades do ensino
de História e ensino na modalidade EAD.
Conforme Scheneiders (2018), essa metodologia relaciona ações de inversão
das práticas que ocorrem em sala de aula e fora dela. Nela, os docentes passam a
mediar e orientar discussões e desenvolvimento de atividades, considerando
conhecimentos e conteúdos acessados de forma prévia pelos estudantes, ou seja, fora
da sala de aula.
Antes de destacar outras especificidades dessa metodologia, cabe apontar como
e por que foi proposta inicialmente.

A ideia do Flipped Classroom surgiu em escolas do ensino médio americano,


Jonathan Bergman e Aaron Sams precisaram lançar mão de estratégias
diferenciadas para atender alunos que precisavam se ausentar por longo tempo
das aulas regulares para jogos (muitos deles eram atletas). Segundo os
próprios autores, eles passaram a gravar suas aulas e a postá-las para que,

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mesmo longe da sala de aula, os alunos pudessem acompanhar a turma
regular. Assim, depois de assistirem aos vídeos gravados pelos professores,
quando regressassem das viagens estes alunos trariam suas dúvidas e
contribuições, para momentos de discussão e aplicação, em contrapartida a
aulas magnas e teóricas. A partir desta experiência inicial, os professores
resolveram ampliar esta possibilidade para todos os alunos, invertendo a lógica
das aulas: os alunos, por conta própria, nos locais e horários em que eles
mesmos decidirem, assistem aos vídeos, que tem o papel de levar o conteúdo
teórico das disciplinas, apresentado conceitos, autores e diferentes proposições
a respeito do tema de estudo. A partir daí e com o estudo de vários materiais de
apoio os alunos se reúnem com os professores não mais para a aula expositiva,
mas sim para a aplicação do conteúdo explorado nos vídeos e estudado
previamente (...) (SCHNEIDER et al., 2013, p. 71-72).

Ao encontro das diferentes tipologias de métodos ativos, fica claro o uso da “Sala
de Aula Invertida”, ao qual o estudante estuda o conteúdo, posteriormente sana dúvidas
com o professor e finalmente pode colocar em prática o conhecimento com discussões
e estudos de caso (SILVA, 2021).
Para Scheneiders (2018), nessa abordagem ativa, tanto o docente quanto o
discente devem rever sua postura. O discente deixa de ser um mero observador e
absorvedor e passa a atuar como protagonista do seu processo de aprendizagem, já o
docente, proporcionando uma ruptura aos modelos tradicionais de ensino, sai do centro
da sala de aula e passa a agir como um agente mediador do conhecimento.
Do papel docente, para desenvolvimento da Sala de Aula Invertida, de forma
prévia é necessário que seja feita a disponibilização dos materiais em um Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA), considerando ainda as especificidades dos materiais,
como se o texto é curto ou longo e em que tipo de linguagem é desenvolvido, ou vídeo,
se é produzido pelo próprio docente, se possui referências e aspectos relacionados
(SANTOS, 2018).

4.1 Aspectos positivos e carentes de atenção

Na análise de metodologias a serem empregadas em sala de aula, seja virtual ou


não, cabe analisar tanto os pontos positivos, quanto os que podem dificultar sua
execução, para que seja possível existir uma visão difusa e real do processo.

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Considerando o contato dos responsáveis pelos discentes com o ambiente
escolar, algo estimado e há tempos trabalhado para ser atingido de forma categórica,
essa inversão da sala de aula mostra-se interessante, pois contribui para uma maior
abertura das salas de aula, sendo possível, no ambiente familiar, existir acesso a todo
material e atividades disponibilizadas no AVA (SANTOS, 2018).
Além disso, como mencionado, no ensino EAD e trabalho com a Sala de Aula
Invertida, quando trabalhado de forma harmônica, o ensino de História poderá
oportunizar o educando a agir como protagonista de forma crítica, pois Silva (2021, p.
32) destaca que:

No ensino de História, cada aluno, precisa se perceber como um agente


histórico, a fim de que pratique reflexão da própria vida, na escola e para além
dela, pois esta disciplina produz um conhecimento fundamental para a vida do
sujeito enquanto indivíduo, eminentemente, participativo do processo histórico.

Com isso, pode-se perceber que o uso dessa metodologia ativa, de forma
independente da modalidade, mas em especial a EAD, emerge na área da educação,
abrangendo desde os níveis primários quanto os superiores (PEREIRA; SILVA, 2018).
Por outro lado, apesar de oportunizar diferentes questões positivas, o ensino
EAD e uso da metodologia em foco carece de reflexões, que envolvem tanto questões
culturais, políticas, materiais e outras.
Considerando as dificuldades intrínsecas dos estudantes, oriundas de processos
formativos com aproveitamento insuficiente, pode-se destacar que observa-se um
grande número que carece de encaminhamentos pedagógicos e formativos de
recuperação contínua, pois apresentam deficiências nas competências de escrita,
leitura e raciocínio lógico, domínios indispensáveis para o desenvolvimento educacional
mais autônomo, distante dos modelos clássicos guiados continuamente e
prioritariamente pelos docentes (SANTOS; TEZANI, 2018).
Outra dificuldade relaciona questões instrumentais e de organização curricular.
Santos (2018, p. 88) destaca:

(...) a carência no acesso à internet e disponibilidade de computadores aos


alunos, não só na unidade escolar, mas também em suas residências, bem
como na dificuldade dos professores das outras disciplinas em organizar aulas
com o uso das TDIC, situação que pode estar relacionada não só à deficiência
na estrutura física das escolas, situação que persiste principalmente nas

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públicas, mas também ao fato do currículo/material pedagógico não apresentar
situações de aprendizagem envolvendo as TDIC e as deficiências na formação
inicial e continuada dos professores para o uso das mesmas.

Quanto à organização curricular, Santos e Tezani (2018) enfatizam uma


necessidade de urgência acerca das políticas que promovam maiores investimentos em
formação continuada com foco no uso das TDIC e valorização do trabalho docente,
aumentando o tempo para planejamentos e aperfeiçoamento.
Ademais, a conscientização dos alunos para a realização de todas atividades
propostas e o desenvolvimento do letramento informacional também mostra-se
carecida, somada à utilização, por parte dos docentes, de variedades avaliativas
(SANTOS, 2018, p. 52).

5. DISCUSSÕES

Delineadas questões teóricas acerca do ensino de História de forma EAD e da


aplicação da metodologia Sala de Aula Invertida, abre-se espaço para discutir e refletir
variáveis específicas, a fim de conformar a área educacional com as atuais tendências
de integração tecnológica no âmbito educacional, que relacionam aspectos sociais e
capitais contemporâneos (GUIMARÃES, 2012).
Pode-se visualizar que mesmo marcado por processos históricos conturbados, o
ensino de História, atrelado à diversidade de modalidades, tende a desenvolvimentos
positivos e significativos, o que pode-se atribuir aos movimentos educacionais com foco
na melhoria e aperfeiçoamento das práticas pedagógicas, simbolizando uma ruptura
com o tradicional (SILVA, 2021; BITTENCOURT, 2018).
Quanto às TDIC, considerando que também contribuem para esses processos
de mudança, possibilitando o ensino em diferentes contextos (SANTOS, 2018),
visualiza-se sua posição de foco contínuo na área da educação, bem como nas demais,
garantida pelas diferentes normativas legais nacionais, possibilitando amparos
relacionados ao ensino EAD, que corresponde a uma modalidade crescente,

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principalmente no nível superior, e adoção de práticas metodológicas (NONATO;
PINTO, 2015; SCHNEIDER et al., 2013).
Por outro lado, mesmo com a integração do novo, neste caso a tecnologia e
metodologia Sala de Aula Invertida, os velhos dilemas da educação perduram e
integram-se aos novos.
Destacados os dilemas, pode-se sintetizar que relacionam-se à conscientização,
motivação discente, qualificação, demandas sociais constantes e imediatistas,
avaliação de processos, instrumentalização, seja no âmbito familiar ou institucional, e
ainda questões formativas dos discentes, como domínio na escrita, leitura e raciocínio
lógico (NONATO; PINTO, 2015; SANTOS; TEZANI, 2018; SANTOS, 2018)
Diante desses dilemas, cabe considerar que os efeitos benéficos das
metodologias ativas e integração tecnológica justificam a proposta de práticas de
contorno, como descrito por Silva (2021).

6. CONCLUSÃO

Considerando o universo de possibilidades de ensino de História, práticas que


integrem os objetivos de aprendizagem nessa área e metodologias que mostram-se
harmônicas às demandas da sociedade contemporânea podem ser vistas com estima.
Quando analisado o ensino dessa disciplina na modalidade EAD, que mostrou-se
como uma tendência de modalidade de ensino, duas variáveis mostram-se passíveis de
análise: a metodologia empregada e o suporte material disposto.
Disso, pôde-se confirmar que a metodologia Sala de Aula Invertida apresenta
aspectos positivos para aplicação, considerando-a como uma prática aberta de estudo,
que explora positivamente as TDIC, individual e com docente, em que discentes e
docentes precisam rever seus papéis no processo de ensino.
Dos pontos positivos da metodologia focada, foi possível visualizá-la como
instigadora do desenvolvimento crítico e autônomo dos discentes, uma vez que ela seja
uma metodologia ativa, e ainda, na forma EAD, pode contribuir para a fluidez,

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considerando que o contato com o discente pode tornar-se mais pontual, na retirada de
dúvida, realização de sínteses e desenvolvimento de discussões e ainda possíveis
aberturas de contato com responsáveis dos estudantes.
Por outro lado, certos limitantes puderam ser constatados: a formação docente
com amparo no uso de tecnologias digitais no processo de ensino e a disposição
dessas no ambiente escolar e familiar. Além disso, a necessidade de cautela docente
no que tange ao planejamento também foi constatada.
Faz-se necessário, para que a Sala de Aula Invertida surta efeitos positivos no
processo de ensino de História, que existam planejamentos prévios que articulem
conteúdos e afinidades discentes, processos de formação continuada e ainda atenção à
disposição das tecnologias, tanto para acesso dos professores quanto dos estudantes.
Em suma, entendeu-se que quando bem planejado, o uso dessa metodologia na
modalidade em questão há a possibilidade de enriquecer os debates e argumentos
podendo levar o desenvolvimento crítico e o aprendizado significativo dos estudantes.

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