Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Matriz 3 8º
Matriz 3 8º
Escola
Para responderes aos itens que se seguem, vais ouvir a apresentação da música “Assobia para o
lado”, de Carlão.
https://tiny.auladigital.leya.com/LN5z0
.
Antes de iniciares a audição, lê as questões. Em seguida, ouve, atentamente, duas vezes, e responde
ao que é pedido.
1. Para cada item, seleciona, com um X, a opção que completa corretamente a frase, de acordo com
o sentido do texto.
1.1. Com esta música, o cantor Carlão quer realçar (3 pontos)
1.2. Segundo Carlão, certos comentários feitos nas redes sociais são situações (3 pontos)
1.3. As pessoas que participam no vídeo da música foram escolhidas porque (3 pontos)
1.4. Com esta música, Carlão procura tocar dois aspetos: (3 pontos)
1. Para cada item, seleciona, com um X, a opção que completa corretamente a frase, de acordo com
o sentido do texto.
1.1. A língua assobiada referida no texto é falada (3 pontos)
(A) numa aldeia turca, acompanhada de uma bateria para se ouvir ao longe.
(B) pelos turcos, numa pequena aldeia, para comunicar com pessoas afastadas.
(C) pelo povo turco, sempre que se comunica com pessoas que estão distantes.
(D) por uma equipa de investigadores alemães que foi ensiná-la aos turcos.
1.3. Um estudo mostra que a linguagem assobiada mobiliza as competências cerebrais (3 pontos)
relacionadas com
(A) a música e o ritmo.
(B) a linguagem e a música.
(C) a audição e a linguagem.
(D) a audição e a visão.
1.4. As descobertas relacionadas com a língua assobiada vêm mostrar que (3 pontos)
(A) as línguas precisam das duas partes do cérebro, ao contrário do que se pensava.
(B) todas as línguas ocorrem no lado esquerdo do cérebro, como se pensava.
(C) tudo o que se relaciona com a linguagem é como se pensava.
(D) nem tudo o que se relaciona com a linguagem é como se pensava.
“Assobiando à vontade”
- O homem, que usava um chapéu coçado e um sobretudo castanho bastante lustroso nas bandas,
- não se sentou propriamente. Enterrou-se no lugar, com as mãos enfiadas pelas algibeiras dentro. Que
- sujeito! Devia ser mais novo do que parecia, por causa do cabelo grisalho e da barba por fazer. A senho-
1
- ra opulenta franziu a testa e remexeu-se no lugar, se assim se pode dizer, como quem procura ocupar
5 menos espaço. Na verdade, apenas se instalou melhor. A sua intenção era fazer o homenzinho reparar
- na inconveniência da atitude que tomara. Mas ele não viu nada disso ou fingiu que não viu. Olhou va -
- gamente as pessoas que tinha na frente, estendeu os lábios e começou a assobiar. A assobiar muito à
- vontade no interior do carro!
- Primeiro, foi um assobio baixinho, pouco seguro, impercetível2 quase. Depois, a pouco e pouco,
10 o sujeitinho entusiasmou-se. E o assobio aumentou de intensidade. Ouvia-se já em todo o elétrico.
- Os passageiros, que tinham recuperado com tanto custo a sua dignidade, fingiam que não davam
- pelo homem nem pelo assobio. E sossegaram quando o condutor se dirigiu ao recém-vindo. Ia acon-
- selhá-lo a calar-se, com certeza. Mas qual! Com o maço dos bilhetes na mão e de alicate espeta-
- do, limitou-se a dizer: “O senhor?” O passageiro tirou a mão da algibeira e, sem deixar de
15 assobiar, estendeu-a com a palma voltada para cima. Esperou que lhe levassem a moeda,
- recebeu o bilhete e tornou a enfiar a mão pela algibeira dentro. Toda a gente seguia a cena,
- interessada. Mas, quando o homem olhou as pessoas, ao acaso, voltaram todas os olhos
- como se ele afinal não existisse.
- O assobio, umas vezes, era baixo, mal se ouvia, outras vezes, alto, muito alto, com tri-
3
20 nados ridículos e irritantes. Ninguém sabia o que ele assobiava. E o homem também não.
- Qualquer coisa que lhe apetecia que fosse assim mesmo. Às vezes repetia os
4
- sons como um estribilho . Outras vezes, porém, a maior parte das vezes,
- passava a novas combinações, ora brandas, ora violentas, sem querer sa-
- ber para nada das que ficavam para trás.
25 As pessoas começavam a olhar umas para as outras à socapa 5. Já se
- tinha visto coisa assim? Um ou outro cavalheiro levantava os olhos do
- jornal, franzia a testa, fitava com dureza o homem do chapéu coçado e
- sobretudo castanho, na esperança de que ele, envergonhado, parasse
6
- com aquilo. A senhora opulenta, no auge do espanto, nem se atrevia a
7
30 olhar para lado nenhum, vexadíssima porque, sem ter culpa nenhuma,
- se encontrava em plena zona do escândalo. A que uma pessoa está
- sujeita!
- E, no silêncio do carro, o assobio aumentava de volume. Talvez, no fun-
8
- do, aquele gorjeio ridículo não fosse desagradável de todo. Simplesmen-
35 te, um elétrico não é o local mais próprio para exibições daquelas. Porque
-
- não interferiria o condutor? O condutor era a autoridade do carro. Porque
- não interferiria? Estava-se a ver. Era tão bom como ele. A verdade, porém,
- é que não se conhecia nenhum regulamento que impedisse os passagei-
40 ros de assobiar. Colados aos vidros do elétrico, havia papéis que
proibiam fumar, cuspir no carro. Era proibido abrir as janelas durante os
meses de
-
-
-
- De repente, uma criança que ia sentada junto duma janela e já se sentia enfastiada 9 de olhar para
45 a rua interessou-se pelo homem. Achava-lhe tanta graça, com o seu chapéu coçado, o seu sobretudo
- castanho, o seu assobio... Era uma criança muito pálida, de cabelos louros e encaracolados, vestida
de azul. Interessou-se tanto pelo homem que começou a bater palmas. Mas uma senhora nova e
bonita, que ia ao lado dela, segurou-lhe as mãos com gentileza e afastou-lhas. Devia ir calada e
quietinha. Era muito feio fazer barulho no elétrico. Uma menina bonita não fazia barulho.
Mário Dionísio, O dia cinzento e outros contos, Publicações Europa-América, 1997, pp. 47-58.
VOCABULÁRIO:
1
opulenta: forte. 2 impercetível: subtil, que não se consegue perceber. 3 trinados: articulação rápida e alternada de duas notas musicais.
4
estribilho: refrão. 5 à socapa: disfarçadamente. 6 auge: apogeu, máximo. 7 vexadíssima: muito envergonhada.8 gorjeio: trinado.
9
enfastiada: aborrecida, entediada.
1. Identifica três traços que caracterizam a atitude do homem do chapéu coçado. (3 pontos)
Coluna A Coluna B
A. senhora opulenta 1. rigoroso(a)/s
B. condutor 2. indiferente(s)
C. passageiros 3. radiante(s)
D. menina 4. envergonho(a)/s
E. mãe 5. incomodado(a)/s
3. “Mas, quando o homem olhou as pessoas, ao acaso, voltaram todas os olhos como se ele afinal
não existisse.” (linhas 17-18)
Justifica a atitude dos passageiros. (6 pontos)
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
4. Explica por que razão o regulamento dos transportes não previa que não se podia assobiar. (5 pontos)
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
2. Associa cada constituinte sublinhado na coluna A à sua função sintática na coluna B. (4 pontos)
Coluna A Coluna B
A. Os passeiros consideraram o homem pouco 1. predicativo do sujeito
oportuno.
2. predicativo do complemento
B. Todos acharam a situação invulgar. direto
3. complemento direto
C. A menina ficou contente.
4. complemento indireto
D. A mãe ralhou com a menina. 5. complemento oblíquo
3. Classifica cada uma das orações subordinadas das frases como substantiva, (6 pontos)
adjetiva ou adverbial.
a. A menina achou que o momento era divertido.
________________________________________________________________________________
b. O condutor, que não queria problemas, continuou a viagem.
________________________________________________________________________________
c. Todos repararam quando ele começou a assobiar.
________________________________________________________________________________
As portas do elétrico fecharam. O homem do chapéu era um passageiro como outro qualquer.
Nem simpático nem antipático. Optava por viver feliz e contente.
a. portas / elétrico
c. simpático / antipático
d. feliz / contente
________________________________________________________________________________
FIM